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“Como é que diz?” “Obrigada.”
Aposto dois reais que você já ouviu um pai ou uma mãe dizer isso para a criança deles. Agradecer é uma das primeiras coisas que aprendemos a fazer socialmente. Se alguém te faz um favor, você agradece. Se alguém te elogia, você diz “obrigado”.
Ou seria “obrigada”?
Antes de responder a pergunta, já perceberam que das línguas indo-europeias, o português é o único que usa essa expressão? Inicialmente era usada apenas como o particípio de obrigar e tinha uma ideia intrínseca de obrigação. Muitas das cartas terminavam com a frase “Muito Venerador e Obrigado a Vossa Mercê” e só com o tempo perdeu o peso semântico de obrigatoriedade e tornou-se uma expressão fixa. Os primeiros registros de “obrigado” como agradecimento vêm do século XIX, então podemos dizer que é bem nova para a história da nossa língua.
Você deve estar pensando “ok, entendi, mas qual é a diferença de obrigado e obrigada?” Simples: qual é o gênero que a pessoa que fala se identifica? Se é com o gênero masculino, ele falará “obrigado”. Se for feminino, ela dirá “obrigada”. Independente do gênero de quem conversa junto com a pessoa, ela sempre falará a mesma coisa.
Um exemplo prático:
Paula recebeu um presente caro de João. Ela sorriu e disse “obrigada”. Porém, a filha dela, que se chama Daniela, deu uma cartinha. Paula se emocionou com o gesto e disse “muito obrigada”.
Paula fala “obrigada” não importa o gênero do interlocutor; o que importa realmente é o gênero de quem fala.
Em resumo:
Quem está agradecendo se identifica com o gênero feminino?
É “obrigada”.
Quem está agradecendo na verdade se vê como gênero masculino?
Ele dirá “obrigado”.
Espero que a coluna tenha ajudado você nesse detalhe da língua portuguesa.
É isso, até mais!
Coluna por Maraíza Santos