Chosen Blood
Escrito por G. K. Hawk | Revisado por Luba
Prólogo
Durante as primeiras horas de um sábado, Harry Potter descansa tranquilamente em seu quarto na rua dos Alfeneiros número 4. Se alguém pudesse observá-lo naquele instante, poderia jurar que o garoto teria uma boa noite de sono. Contudo, aquela tranquilidade logo desapareceria. O motivo era simples; longe da rua dos Alfeneiros, no povoado de Little Hangleton, Franco Bryce estava prestes a descobrir que meter o nariz onde não é chamado tem grandes consequências.
Na antiga residência dos Riddle, Voldemort se encontrava acomodado em uma poltrona velha. Dois convidados o acompanhavam e, junto a eles, um par de olhos curiosos observavam os intrusos silenciosamente.
— Me leve para mais perto do fogo, Rabicho. — Franco escutou uma voz tímida e temerosa e logo em seguida viu de relance um homenzinho. De costas para porta, ele empurrava a poltrona conforme lhe pediram.
— Onde foi Nagini? — a voz sibilou de maneira fria.
— N...não sei, milorde — o homenzinho balbuciou, nervosamente. — Saiu para explorar casa, acho…
— Você vai ordenhá-la antes de nos recolhermos, Rabicho! — disse a primeira voz e, nesse momento, uma terceira se fez presente. Franco notou um caminhar sutil até a lareira.
— Se me permite, Milorde — a voz era feminina e um sotaque que Franco não conseguiu definir. Contudo, o jardineiro percebeu que aquela voz não demonstrava nem um terço de medo quanto o homenzinho que empurrou a poltrona. — Rabicho não se dá bem com a cobra. Deixaria metade do veneno de Nagini inutilizável.
— Ah, minha criança — sussurrou. — Venha cá. — A garota se aproximou da poltrona, sentando-se ao chão. — Você está certa. Confiarei essa tarefa à você. Vou precisar me alimentar durante a noite. A viagem me deu uma enorme canseira.
De testa franzida, Franco inclinou o ouvido mais perto da porta entreaberta para, assim, escutar melhor. Houve uma pausa e, em seguida, o homem chamado Rabicho tornou a falar.
— Milorde, posso perguntar quanto tempo ficaremos aqui?
— Uma semana — disse a voz fria. — Talvez mais. Ainda não podemos dar seguimento ao plano. Seria tolice agir antes da Copa Mundial de quadribol. Contudo… — frisou. —, creio que já está na hora de nossa garota sair de Durmstrang.
— Milorde! Não entendo a necessidade de utilizar a garota. — Rabicho tremeu ao ser observado subitamente por ela.
— Estranho, Rabicho — a voz na poltrona sussurrou. — Se eu não lhe conhecesse, acharia que está tentando deixar que ela fique no seu lugar. Essa seria uma tentativa de me abandonar?
— Não! Minha devoção a milorde…
— Sua devoção não passa de covardia — a garota soltou uma gargalhada tão sombria quanto a voz do homem na poltrona. — O Lorde das trevas não está pedindo que você aja sozinho, monte de petulância — persistiu. — Apenas faça sua parte que, até lá, o servo mais fiel de meu senhor terá se reunido a nós.
— Insolente! Eu sou um servo fiel — disse Rabicho, com um levíssimo traço de aborrecimento na voz.
— O que você disse? — a garota agora tornou a se levantar bradando algo comprido em mãos.
— Basta, os dois! — sibilou e tanto Rabicho quanto a garota calaram-se. — Acho que ouvi Nagini. — Nesse momento, Franco sentiu seu sangue congelar. Tanto o homenzinho quanto a garota agora estavam virados para a porta, e o terceiro emitia ruídos que o jardineiro jamais ouviu na vida. Ao notar um movimento vindo pelas costas, virou-se e viu uma coisa deslizando em sua direção. Levou alguns segundos para descobrir o que era, se enchendo de terror ao ver que se tratava de uma cobra. Uma cobra gigantesca. E então, para sua surpresa, a cobra passou reto por ele.
— Nagini trouxe notícias interessantes. — Os dois olharam para a poltrona. — Segundo ela, tem um velho trouxa parado do lado de fora do quarto. Escutando cada palavra que dizemos.
Franco não teve a menor chance de se esconder. Ouviu passos e em seguida a porta do quarto se escancarou, relevando grandes olhos negros de uma mocinha.
— Convide-o para entrar, criança — a voz da poltrona tornou-se a falar. A garota deu um passo para trás e fez sinal para Franco entrar. Apesar do medo, Franco seguiu em frente.
— Você ouviu tudo, trouxa? — perguntou a voz fria.
— Do que foi que o senhor me chamou? — Franco perguntou desafiando-o.
— Trouxa. Significa que não é bruxo — murmurou a garota que se escorava sobre a porta.
— Eu continuo sem saber o que significa. — Olhou para a garota. — O que sei é que já ouvi o suficiente para despertar o interesse da polícia.
— O que vamos fazer com ele, senhor? O que vamos fazer? — Rabicho tornava a falar dando pulinhos. A garota arqueou a sobrancelha.
— Tenho algumas ideias em mente, Rabicho — sibilou. — Mas primeiro, venha virar minha poltrona. Seria rude não encarar o convidado.
Franco havia perdido sua total coragem quando viu o que havia na poltrona. Voldemort sorriu largo.
— Satisfeito, trouxa? — Franco tremia. — Agora, que tal se divertir um pouco, Nagini?
A imagem que Franco teve foi a mais amedrontadora possível. A cobra que havia visto antes vinha em disparada em sua frente. Mas antes que pudesse reagir, um relâmpago de luz verde se aproximou e Franco Bryce desabou. Aprendendo de uma vez por todas que quem muito procura, acha.
E assim, a quilômetros de distância, Harry Potter acordou sentindo uma dor alucinante em sua antiga cicatriz.
Capítulo I — A copa mundial de quadribol
Eileen Malfoy era uma bruxa genuína. Com apenas 14 anos de idade, já tinha em seu currículo feitos extraordinários. Esses feitos, contudo, se dariam por causa de uma educação rigorosa. Quando a garota tinha idade suficiente para frequentar a escola de magia, seu tio Lúcio Malfoy tivera uma conversa com um antigo amigo. Igor Karkaroff, o diretor Durmstrang. Lúcio fez com que Karkaroff aceitasse de bom grado sua sobrinha como uma exceção na sua escola para garotos. O diretor, é claro, jamais diria não para uma oportunidade tão digna de ser recompensado. Embora certamente não esperasse que a garota fosse tão brilhante. Ela se destacava em inúmeras disciplinas, como por exemplo, aula de poções e artes das trevas. É claro que a pequena Malfoy tinha de quem herdar tais talentos.
encontrava-se em frente à mansão na qual passou grande parte de sua infância. Localizada em Wiltshire, ao sudeste da Inglaterra, a mansão era uma casa antiga e nobre, na qual viveram gerações e mais gerações de Malfoys. Aproximou-se da porta e, ao abri-la, estranhou o fato do elfo doméstico não estar de prontidão para pegar suas malas. No lugar dele estava sua tia, Narcisa Malfoy.
— Bem-vinda,querida — a mulher falou abraçando a sobrinha, que retribuiu sem muito grado.
— Onde está Dobby? — o sotaque búlgaro da garota não passou despercebido por Narcisa, que arqueou a sobrancelha, antes de falar o que havia acontecido com o elfo doméstico da família. — Me admira que tio Lúcio tenha caído em um truque rídiculo.
— Sim, querida, mas com tudo que seu tio teve na cabeça... — Narcisa tornou a dizer. — Recheado de frustrações. Jamais imaginaria que o filho dos Potters teria tamanha audácia.
— Compreendo. — Pegou as malas e seguiu para a escadaria da mansão. — Creio que meu quarto continua intacto?
— Perfeitamente — a mais velha respondeu e a subiu para o outro andar.
Antes de chegar no seu quarto antigo, vacilou em frente a uma porta. O quarto de Draco. A garota parou por uns segundos e, antes que tivesse a audácia de abrir a porta, uma voz no andar de baixo chamo-lhe atenção.
— Chegamos, mamãe. — A voz do primo era incomparável e então passos vinham rápido pelo escadas. escorou-se na parede, preparada com seu sorriso mais malicioso. Os passos estavam cada vez mais próximos e quando os pés finalmente chegaram ao topo, Draco vacilou. Merda, pensou o garoto.
— O que você está fazendo aqui? — O loiro piscou algumas vezes antes de perceber quem estava no corredor. Já fazia um tempo que não via a prima. Desde de sua partida, havia permanecido em Durmstrang até mesmo durante suas férias, e Draco tinha que confessar; a prima estava um tanto diferente.
— É assim que você me dá as boas-vindas? — A garota se aproximou do primo e Draco permaneceu estático. Mas antes que pudesse falar ou fazer qualquer coisa, notou que outra pessoa subia a escada. — Tio Lúcio! — A garota se desvencilhou do primo e apressou-se para abraçar o tio. A garota nutria um carinho enorme pelo homem, que só não era maior daquele que sentia por seu pai; Severo Snape.
— Vejo que aceitou meu convite para a Copa Mundial — Lúcio falou e não deixou de notar a cara de espanto que seu filho fez ao ouvir tais palavras.
— E teria como recusar? — Piscou ao se afastar do abraço do tio. — Agora vou para meu quarto. Creio que ainda tenho algumas horas antes de irmos, certo?
— Corretíssima — Lúcio falou, mas a garota já lhe havia dado as costas e voltava a andar pelo corredor.
— A propósito. — Virou-se para trás e Draco não pode deixar de reparar mais ainda na garota. Seu cabelo crescera bastante desde a última vez e seu olhar estava cada vez mais marcante. Se é que isso era possível. Lúcio, por sua vez, jurava ter visto o fantasma de sua irmã naquele momento. — Foi absolutamente estúpido perder Dobby daquela maneira — falou e virou-se de volta. Draco avermelhou-se, como a garota ousava falar assim com seu pai? A garota, porém, não se intimidava fácil, tampouco se importava em falar severamente com qualquer pessoa. E, claro, não admitiria que gostava do elfo.
(...)
— Lugares de primeira! — exclamou a bruxa do Ministério ao portão quando verificou as entradas do Sr. Wesley. — Camarote de honra. Suba direto, Arthur, o mais alto possível.
O grupo do Sr. Wesley subia as arquibancadas do estádio cada vez mais alto, até chegarem ao topo da escada, onde havia um pequeno camarote armado no ponto mais alto do estádio, era situado exatamente entre duas balizas de ouro.
— Olhem só isso — Harry dizia a Rony e Hermione, extasiado e apontando para a quantidade de pessoas ali presente. Nunca estivera em uma Copa Mundial antes, tampouco presenciou um jogo de quadribol em um estádio tão grande. Naquele momento, o quadribol em Hogwarts havia até perdido a graça.
Fred e Jorge pulavam e se agitavam, empolgados. Eles, juntamente a Hermione e Gina, torciam para a Irlanda. Já Harry e Rony esperavam ansiosos a chegada de Krum, o apanhador da Bulgária.
O camarote foi-se enchendo gradualmente. Sr Wesley não parava de apertar a mão de bruxos, que obviamente eram muito importantes, e então Cornélio Fudge apareceu. Fudge cumprimentou Harry como se fosse um velho amigo, perguntou como ele estava e apresentou-o aos bruxos de um lado e de outro. Feito isso, o Ministro da Magia voltou para um bruxo búlgaro e engataram uma conversa empolgada. Falavam, é claro, sobre Harry.
— Não sou muito bom com línguas — disse Fudge a Harry ao insinuar sobre a conversa com o búlgaro. — Normalmente, preciso de Bartô Crouch nesses momentos. — Dava tapinhas no ombro de Harry. — Ah, vejo que o elfo doméstico está guardando o lugar dele e… ah, aí vem Lúcio!
Harry, Rony e Hermione se viraram depressa. Avançando vagarosamente pela segunda fila, em direção a quatro lugares ainda vazios, bem atrás dos Wesley, vinham nada mais nada menos que Lúcio Malfoy e seu filho Draco, que estava com uma expressão que Harry nunca havia visto antes. Atrás deles vinha uma mulher que Harry supôs ser sua mãe, e uma garota com cabelos tão loiros quantos os de Draco e Lúcio. Ao olhar mais atento para menina, Harry sentiu sua cicatriz arder. Hermione e Rony notaram a reação de Potter no mesmo instante e quando viraram para ver o que Harry observava, ficaram completamente confusos. Draco tinha uma irmã? A garota, contudo, não aparentava ter o mesmo olhar quanto os dos outros Malfoy. Não! Seus olhos não eram claros como os demais. Os olhos da garota eram tão escuros quanto breu, e quando ela os voltou para Harry, ele pode jurar que já havia presenciado aquilo antes.
— Ah, Fudge — disse o Sr. Malfoy, estendendo a mão em cumprimento ao chegar mais próximo. — Como vai? Acho que você não conhece minha mulher, Narcisa e em nosso filho, Draco. — Apontou para seus acompanhantes.
— Como estão, como estão? — disse Fudge se curvando a Sra. Malfoy. — E essa deve ser… — Aproximou-se da garota.
— Eileen Malfoy — dessa vez outro bruxo búlgaro falou. — É um prazer revê-la. — Fez reverência a garota, e ao julgar pela expressão de surpresa que Fudge mostrou, certamente ela era importante. — Desculpem minha intromissão, é claro. Sou Obalonsk, Ministro da Magia da Bulgária — cumprimetou Lúcio. — Reconheceria esse rosto em qualquer lugar. Fico feliz que a nossa seleção tenha um bruxa como você na torcida. — A garota tornou a rir.
— Obrigada, senhor. — Apertou a mão do ministro.
— Mas é claro que o senhor conhece minha sobrinha. — Agora foi a vez de Lúcio falar diretamente para Fudge. — Filha da minha falecida irmã, Kathrina. — A Sr. Wesley foi o próximo a arregalar os olhos.
— Mas é claro! — A Ministro apertou a mão da garota, que deu um sorriso de lado. — E vejamos quem mais. Você conhece Arthur Wesley, imagino?
Foi um momento tenso. Sr. Wesley e Sr. Malfoy se entreolharam e Harry se lembrou da última vez que os vira juntos. Fudge, que não estava prestando atenção nos olhares de ambos, então comentou:
— Lúcio acabou de fazer uma generosa contribuição para o Hospital St. Mungus. Está aqui como meu convidado.
— Que bom — Sr. Wesley disse com um sorriso muito forçado.
Os olhos de Lúcio se voltaram para Hermione, que corou de leve mas retribui o olhar. Harry sabia exatamente o que Lúcio pensava. Ele acenou com desdém para o Sr. Wesley e continuou a avançar em direção aos lugares vazios. Então, o que Harry menos esperava, aconteceu.
— Por Merlim, Wesley — disse Draco baixinho quando veio em sua direção. — Que foi que seu pai teve que vender para comprar lugares no camarote? — disse com desdém e Rony estava prestes a avançar no garoto, até que mãos femininas tocaram os ombros de Draco.
— Que tipo de educação você anda tendo, priminho? — falou tão arrogante quanto o primo e os outros puderam perceber que a garota tinha um leve sotaque. Búlgaro. Draco, entretanto, ficou tão vermelho quanto os cabelos de Rony quando a garota falou. — Sou Malfoy. É um prazer conhecê-los. — Olhava fixo a Harry. — Acredito que os senhores devem ser Potter, Wesley e é claro, Granger. Meu primo falou muito sobre vocês — pontuou enquanto olhava de um para outro. — Espero que curtam o jogo — e saiu levando seu primo consigo.
— Babacas nojentos — murmurou Rony, quando ele, Harry e Hermione tornaram a virar para o campo. Naquela altura, os três tiveram certeza de que o jogo seria maravilhoso e no outro no instante, Ludo Bagman adentrou ao camarote de honra. Bagman direcionou a palavra para o ministro que lhe deu carta branca. Em instantes, Ludo puxou a varinha, apontou para a garganta e disse “Sonorus!”. E então, um “boas-vindas” em uma voz alta e clara ecoou em cada canto das arquibancadas, apresentando os mascotes de cada time e finalmente os jogadores de cada. Começando pelos os da Irlanda. Potter, Granger e os Wesley pularam de alegria. Harry e Rony ficaram mais atentos ainda quando começou a ser anunciando o time nacional de quadribol da Bulgária.
— Por ordem de entrada: Dimitrov! Ivanova! Zograf! Levski! Vulchanov! Volkov! e, — colocou suspense na voz. — Krum!
Um vulto vermelho montado em uma vassoura apareceu. Ele voava tão veloz que se um deles piscasse, o jogador viraria um borrão. Krum disparou pelo campo e um aplauso frenético dos torcedores da Bulgária foi ouvido. Todos gritavam alto “Krum...Krum….Krum..”
— É ele, é ele. — berrou Rony a Harry e ambos acompanharam Krum com o onióculo que ganharam. E, de repente, Krum se aproximou tão rápido da arquibancada onde os dois estavam, que Harry e Rony piscaram algumas vezes até entender o que estava acontecendo. Quando perceberam, os cabelos loiros da garota Malfoy estavam no meio dos dois. O que aconteceu a seguir foi o mais estranho ainda. Rony estava tão estático por Krum estar parado tão próximo, que se um deles esticasse a mão, o alcançaria. E então, a garota Malfoy se apoiou na proteção da arquibancada e saltou para Krum, que a pegou com agilidade em sua vassoura. A torcida urrava em alegria. Ambos sobrevoam o campo acenando, Harry olhou para trás e identificou os Malfoy sorrindo para a garota. Draco entretanto, permanecia fechado. Os outros jogadores da bulgária se aproximaram de Krum e da garota e agradeceram juntos o entusiasmo dos torcedores. Ron não parava de dizer o quanto a garota tinha sorte, e Hermione perguntou para o Sr. Wesley se aquilo era normal de acontecer.
— Não exatamente, querida — Sr. Wesley falava gritando para que Hermione entendesse. — Mas se essa garota for quem eu penso que é, ela é tão boa apanhadora quanto Viktor Krum. — Ron virou-se para o seu pai.
— Impossível — sussurrou.
— Não, não é — Fudge intrometeu-se. — estaria jogando na seleção da Bulgária agora, se não fosse o fato da garota morar aqui — continuou. — A pequena Malfoy é uma das únicas meninas a estudar em Durmstrang — pontuou. — Os búlgaros estão extasiados dessa forma pois sabem quem ela é e o que ela faz. Agora vamos, vamos! O jogo já vai começar.
E assim, após Krum trazer a garota, a voz de Bagman ecoou pela arquibancada novamente em um belíssimo “Começou”.
(...)
Ao final do jogo, os Wesley, Harry e Hermione voltaram para o acampamento. Fred e Jorge comemoravam animados a vitória dos Irlandeses. Ron continuava a afirmar que a vitória foi injusta e a cada três frases ditas por ele, uma era sobre Viktor Krum e seu talento. Gina e Hermione pareciam indiferentes com os meninos. E quando Harry ria com a reação de Ron e dos gêmeos que pegavam em seu pé, um tumulto estranho acompanhando de vários gritos se formou do lado de fora da barraca. Sr Wesley ficou atento.
— Os irlandeses estão empolgados com a vitória — Jorge comentou.
— Shiu. — Sr. Wesley pediu silêncio aos garotos. — Não são os irlandeses.
As sequência de fatos a seguir foi amedrontadora. Sr. Wesley deu instruções claras aos filhos e amigos. Ambos deveriam voltar para a chave de portal, os gêmeos se encarregaram de cuidar de Gina e corriam mais a frente dos outros três. Era um tamanho tumulto, pessoas correndo de um lado e de outro, barracas pegando fogo e estranhos bruxos com máscara e encapuzados vinham murmurando palavras que o grupo não conseguiu identificar. Alguém esbarrou em Harry e o fez cair no chão, perdendo a consciência e o restante do grupo. Quando Harry acordou, o acampamento estava vazio. Apavorado, Harry tentou se esconder dos encapuzados, atitude essa que foi certeira, pois logo em seguida que o garoto se escondeu, um dos bruxos conjurou um feitiço que fez uma cobra gigantesca em forma de fumaça verde aparecer no céu. Saía da boca de uma grande caveira. A cicatriz de Harry doía freneticamente e, tendo mais sorte do que nunca, os encapuzados se foram. Quando Harry estava sentindo que não havia mais chances, uma voz conhecida gritava seu nome.
— Harry! Harry. — Hermione vinha em sua direção juntamente a Rony. Os três amigos se abraçaram forte. — Estávamos tão preocupados.
— Estou bem — Harry falava abafado pelos braços. — Quem eram aquelas pessoas?
— Harry, aqueles eram… — Ron estava prestes a falar, até que quase foram atingidos por raios vermelhos. E membros do ministério avançavam para eles gritando:
— Estupefaça!
Por sorte, Sr. Wesley chegou para intervir.
— PAREM! SÃO MEUS FILHOS — gritou o ruivo desesperado se enfiando frente aos colegas de trabalho. — SÃO APENAS CRIANÇAS!
— Quem conjurou aquela marca? — Bartolomeu Crouch apontava a varinha para os três bruxos. Depois daí, muitas coisas tiveram que ser explicadas.
(...)
verificava pela última vez se havia pego todas as coisas da lista da escola nova. Vestiu suas vestes, pegou seu malão e assobiou para , sua coruja. A coruja então pousou agilmente em seu ombro. Um barulho na porta do quarto foi ouvido e a Malfoy virou-se.
— Entre — falou e a porta se abriu revelando duas pessoas.
— Pegou tudo? — Snape encontrava-se parado na porta junto de Tom, o dono do Caldeirão Furado.
— Sim, senhor. — aproximou-se de seu pai trazendo as malas consigo. — Obrigada pela hospedagem — agradeceu a Tom.
— Deixe me ajudá-la, senhorita. — Tom apressou-se para segurar a mala da garota, escapando por pouco de uma bicada da coruja e seguiu pelo corretor. fechou a porta atrás de si e tornou a andar junto de seu pai.
— Seu tio nos espera lá embaixo. — Pousou a mão sobre o ombro da garota, aquele que a coruja não ocupava. — Creio que você não vai querer utilizar o expresso Hogwarts, correto?
— Corretíssimo. Prefiro o jeito que estou acostumada. — Sorriu para o pai.
Quando a dupla foi ao andar de baixo, a figura do segundo Malfoy foi vista. Lúcio se aproximou da sombria que soltou , segurou firme o malão que Tom trouxera e tanto Severo quanto Lucio seguravam firme os ombros da menina.
— Pronta? — Snape perguntou a garota.
— Como nunca — disse com sorrindo. E então os três aparataram.
Hogwarts era maior que Durmstrang, tinha que admitir. O castelo estava centralizado em cima de montes de terras e rochedos. Tinha terrenos vastos, um lago e pode jurar que uma das mais densas florestas que ela já vira.
Todos os outros alunos do escola já haviam chegado e, pelas instruções de seu pai, se encontravam no Salão Principal. Um homem magricela, de cabelos cinzas e uma pele o tanto quanto pálida, junto de uma gata horrenda, se encontrava frente a uma grande porta de carvalho. Porta essa que descobriu ser, mais tarde, do Salão Principal. Snape se direcionou até o homem e falou algo em seu ouvido. O homem então se apressou a para entrar no Salão e em segundos seu pai já havia voltado a se posicionar ao seu lado, junto de seu tio.
Dentro do Salão, Potter e seus amigos escutavam atentos às palavras do diretor:
— Atenção todos por favor… antes de darmos início ao banquete, gostaria de dizer algumas palavras. Não é muito comum as escolas de magia fazerem transferência. Contudo, devido a alguns fatos envolvidos, tenho o prazer de receber uma nova aluna. Filha de nosso querido professor de poções, Severo Snape, por favor recebam a senhorita Eileen Malfoy.
Todos os alunos ficaram surpresos. Ouvia-se vários comentários engraçados: “Quem teve coragem de ter um filho com Snape?” “A garota deve ser tão chata quanto o pai” “Imagina como ela deve se aparecer” “Malfoy, por que Malfoy?”. Contudo, o trio da grifinória estava estático em seus lugares, mais confusos do que nunca. Sabiam que a garota era prima de Malfoy, mas filha de Severo Snape? Aquilo era no mínimo estranho. Mas não tiveram muito tempo para agir, pois logo as grandes portas de carvalho foram abertas; Lúcio Malfoy, Severo Snape e vinham pelo corredor do Salão Principal.
A primeira coisa que Harry notou foi o olhar que a garota posou sobre ele. Era confuso, Harry então se tocou de onde reconhecera o olhar da garota antes. Ele era igual ao do pai.
Draco, por sua vez, se irritou com as piadinhas de seus amigos a respeito da prima. Mas não deixou de se perguntar que diabos a garota fazia ali.
prestava atenção em todos e em tudo. E apesar de não admitir, ela havia se admirado com as milhares de velas que iluminavam o lugar. Os demais alunos permaneciam sentados na mesa de cada casa e, bem ao centro, embaixo da mesa que notou ser dos professores, se encontrava um chapéu velho, roxo e surrado.
O chapéu seletor.
Capítulo II - A garota de Drumstrang
No fim a cerimônia de seleção não demorou, considerando que os alunos do primeiro ano já havia sido selecionados para suas casas quando chegou ao salão principal.
Não houveram surpresas quando o chapéu seletor declarou em alto e bom tom que a casa de destino da garota seria a Sonserina. O que surpreendeu a todos havia sido o tempo que o objeto tomou para escolher a casa. Analisou as características da garota e sequer contestou uma palavra do chapéu mágico - nem mesmo quando, por um breve momento, ele considerou a Grifinória.
sabia qual era sua casa de destino. Sonserina era a casa de seu pai e de sua mãe, bem como de toda a família Malfoy. Não havia para ela outro lugar que não aquele e aquela era sua certeza.
Os olhos negros da menina pousaram em seu primo, Draco, que tentava de todo modo esconder sua surpresa em tê-la ali - falha tentativa, devemos pontuar - e ela seguiu seu caminho até ele, sem sequer olhar para o trio, que na mesa do outro lado do salão a encarava de modo curioso.
A garota tomou seu lugar ao lado de Draco, enquanto Dumbledore proferia mais meia dúzia de palavras para recepcionar os alunos naquele novo ano. Observou o pai à mesa dos professores. Tinha a mesma feição a longos minutos. A feição neutra que todos os alunos de Hogwarts bem conheciam, mas que para não era tão familiar. Diferente do que ocorria nos corredores da escola, com a filha, Severo tinha feições mais brandas. Sorrisos eram raros, isso era um fato, mas ainda era a pessoa em todo o mundo que mais havia visto o homem sorrir. E para a menina era no mínimo incomum ver o pai daquele modo.
- Mas o que, pelas barbas de Merlin, você está fazendo aqui? - Draco tinha a voz baixa, já que não precisa que todo o grande salão soubesse que ele não estava informado sobre os planos da família Malfoy.
- Ora priminho, achei que tivesse escutado. Eu fui transferida e… - não houve tempo de finalizar sua frase, com um tom especial de sarcasmo, porque Draco a interrompeu.
- Isso eu entendi, mas por que você foi transferida para cá? - questionou de maneira impaciente. Conhecia a prima muito bem para saber que um de seus passatempos favoritos era irritar Draco sempre que possível. O que não era difícil, já que ele estava sempre predisposto a irritação com seu ego frágil.
- Essa não é uma conversa para termos aqui, priminho. Se é que você entende o que quero dizer. - A garota se virou para pegar um bolinho e ouviu o garoto bufar frustrado.
- E como é que chegou aqui afinal? Tenho certeza que não estava no trem. - A menina deu de ombros encarando o que tinha em mãos em uma tentativa de decifrar de que sabor era.
- Aparatação - respondeu simples e Draco franziu o cenho.
- É claro que não. Não é permitido aparatar em Hogwarts - Draco começou a se sentir feliz por ter a chance de desbancar a prima, mas quando viu o sorriso lateral em seu rosto ele soube que não gostaria da resposta.
- Eu tenho meus privilégios, Draco. Dumbledore permitiu. - Nesse momento fez questão de encarar o rapaz só para vê-lo ficar vermelho de raiva, e isso não demorou muito a acontecer.
Tornou a olhar para frente e dessa vez notou os olhos de Potter sobre ela. Arqueou-lhe uma sobrancelha, fazendo o garoto perceber que havia sido pego.
Hermione, que se encontrava ao lado do garoto, o cutucou fazendo-o soltar um murmúrio insatisfeito.
- Pare de encará-la. Snape está de olho em você - Mione usou o tom mais baixo que pôde, mas poderia ter gritado, já que Harry se virou sem descrição alguma para encarar o professor, que tinha os olhos repousados sobre Potter. Houve uma pequena alteração em sua feição, mas aquela pequena alteração deu a Snape ainda mais cara de insatisfeito com o que Harry fazia.
O garoto se virou para frente, encarando Rony, que comia como se a qualquer momento a comida do mundo pudesse acabar.
- Maldito, Potter - a voz de Draco ecoou ao lado de e ela encarou o primo - Se dependesse de mim, nem ele e nem aquela escória que está sempre com ele estariam aqui. - As bochechas de Draco agora tomavam tons de rosado, indicando toda a raiva que o garoto sentia. revirou os olhos e a ação não fugiu aos olhos do garoto Malfoy - O que foi? Vai me dizer que foi com a cara do Potter e de seu bando de sangues ruins? - Draco tinha deboche em sua voz, e fez com que Crabbe e Goyle, os capachos de Draco, rissem baixo por medo de que os escutasse. Definitivamente, os olhos negros da garota causam arrepios na coluna de ambos.
- Eu só acho que você se importa demais com eles e com o que fazem ou deixam de fazer. Talvez se você se ocupasse um pouco mais em melhorar no quadribol não teria tanto tempo livre para se preocupar com eles, priminho - a resposta de claramente não agradou Draco, nem o fato de que ela fez algumas pessoas rirem dele, mas acabou por ser provocação suficiente para uma noite entre os primos.
- Atenção alunos! - a voz de Dumbledore ressoou por todo o salão e aos poucos o silêncio tomou conta do local para que todos pudessem escutar o que o bruxo de longos cabelos e barba branca tinha a dizer - Obrigado.
Dumbledore tinha um pequeno sorriso que parecia empolgado em seus lábios e o olhar entregava que o tinha a dizer a seguir era, com certeza, algo que animaria os alunos. Porém, seu aviso de que a floresta proibida, era - para a surpresa de nenhum aluno do que já tivesse passado do seu primeiro ano - proibida, não condizia com sua animação. Então aguardou atenta o anúncio de Dumbledore.
- Esse ano não realizaremos a copa de quadribol entre as casas. - Os murmúrios descontentes se seguiram por todo o salão, mas o bruxo mais velho apenas os ignorou, dando continuidade à fala. - Isso se deve ao fato de que em outubro um evento muito especial terá início, e se seguirá por todo o ano letivo, demandando muito de nossos professores, mas garanto que vão apreciá-lo tanto quanto à copa. Quero anunciar que esse ano, Hogwarts vai… - e não houve tempo para que terminasse sua fala.
Ao mesmo tempo que as portas do salão se abriram, uma forte trovoada foi ouvida e depois de mais um clarão, conseguiu ver quem era o homem parado à porta.
O desconforto tomou conta da garota. Ela sabia da chegada dele, porém não notou que seria mais cedo que o esperado.
- Aquele é o Moody? Olho-tonto-Moody? - ouviu alguém questionar pouco mais a frente na mesa, mas não notou quem era, estava concentrada demais no recém-chegado.
Durante todo seu caminho até aonde Alvo se encontrava, Alastor teve a atenção de , que se dividia entre o desconforto e repúdio. Que não gostava dele, era um fato que estava claro para qualquer um disposto a ver, e a garota tinha suas boas razões para aquilo, afinal. Em dado momento, depois de trocar duas ou três palavras com Dumbledore, Olho Tonto se dirigiu à mesa dos professores e ao se virar ambos os olhos focaram na garota. Um sorriso torto se formou nos lábios dele, mas não era felicidade, era uma mistura entre o sarcasmo e o desgosto, deixando claro que os maus sentimentos eram mútuos entre eles.
- Como eu ia dizendo… - retomou Dumbledore tendo novamente a atenção dos alunos. - Esse ano Hogwarts vai sediar um evento que a muito não acontecia. Tenho o prazer de informar, que este ano realizaremos o torneio tribruxo em nossa escola - dito aquilo, as conversas retomaram. Houveram urros empolgados e conversinhas sobre o que era o citado torneio. Todos pareciam muito empolgados e não podia negar que também estava.
Dumbledore iniciou uma explicação detalhada sobre o que era o torneio, para todos aqueles que não estivessem informados, e atenção de foi novamente ao recém-chegado sentado a mesa dos professores no exato momento que ele abria um pequeno cantil e tomava de seu conteúdo, seguido de uma careta. poderia apostar todos seus galeões que aquilo não era suco de abóbora.
Os olhos dele tornaram a pousar sobre a garota e ele estendeu o cantil com um sorriso sarcástico nos lábios, ao que a garota apenas respondeu com um revirar de olhos, levando os mesmos a seu pai. Snape olhava a filha com atenção tentando desvendar o olhar que a filha tinha. Não sabia da falta de simpatia de por Olho Tonto, ou deveria chamá-lo de Bartô Crouch Jr? Mas se Snape soubesse quem realmente era o sujeito, não culparia a filha, Crouch era realmente desprezível e o próprio Snape não tinha apreço algum pelo homem.
Severo lançou um breve aceno de cabeça para - tentando amenizar o que ele achava ser apenas um nervosismo do primeiro dia - e ela entendeu no mesmo instante. “Mantenha a calma, está tudo bem” era o que queria dizer, e apesar da inexistência das palavras, ela acreditou.
Haviam finalmente terminado o banquete e foram informados que era hora de seguirem para suas salas comunais. que odiava multidões de adolescentes empolgados com coisas bobas, como o que haviam feito em suas férias, apenas aguardou que ela diminuísse e quando aquilo ocorreu ela se levantou, seguindo para fora do salão.
Seguiu uma aluna mais velha da Sonserina por escadas e corredores, até que em um piscar de olhos a perdeu de vista se sentindo estúpida por aquilo, afinal o lugar já estava vazio. Como havia sido capaz de perder alguém em um lugar vazio?
Deu mais três passos e virou em um corredor, mas não havia prestado tanta atenção e acabou por bater de frente com um rapaz, e por ele ser consideravelmente mais alto e corpulento, acabou no chão.
- Ah, eu sinto muito. Deixe-me ajudar - ele se ofereceu e ela não recusou. Diferente de grande parte dos Malfoy, não era tão orgulhosa e arrogante ao ponto de berrar com um estranho por conta de algo que claramente havia acontecido sem intenção de machucá-la.
Assim que se levantou encarou o rapaz a sua frente. Era alto, de pele estupidamente clara, cabelos castanhos e olhos de um tom acinzentado que lembraram a os dias nublados em Durmstrang. Usava vestes pretas com detalhes em amarelo e o emblema com um texugo no peito.
- Você está bem? - o rapaz questionou após notar a cara de e garota assentiu, parando de analisá-lo.
- Sim, estou sim. Obrigada - informou e ele sorriu de modo simpático.
- Você é a garota que veio de Durmstrang, não é? A filha do professor Snape? - sorriu do mesmo modo que o garoto, porque notou que a cara fechada lhe tomava todo o rosto.
- Sim, meu nome é . Eileen Malfoy. - Ela estendeu a mão e ele franziu o cenho ao mesmo tempo que a apertava.
- Malfoy? Então você é realmente prima do Draco? - riu um pouco por conta da expressão do garoto. Sentia que a veria por mais algumas vezes quando se apresentasse.
- Sim, sou sim e se ele lhe fez algo, já peço desculpas de antemão. É um garoto genioso, você sabe - informou e Cedrico abriu um sorriso um pouco maior. Afinal, a garota Malfoy não era como o primo. Parecia muito mais simpática e menos estúpida que o primo e o tio, ao qual ele havia tido o desgosto de conhecer na copa mundial. O achava um sujeito asqueroso, porém não via necessidade em dizer aquilo a ela.
- Nada que eu já não esperasse. Está tudo bem - informou e assentiu.
- Ainda não me disse seu nome - ela o lembrou.
- Cedrico. Cedrico Diggory.
- Eu conheci um Diggory na copa mundial de quadribol - informou e Cedrico assentiu. Ele havia visto de longe. Na verdade todos haviam a visto. Afinal, Krum havia a tomado na vassoura e a exibido para todo a plateia que estava presente naquele dia.
- Era o meu pai - respondeu simples e ela assentiu sorrindo fraco.
- Eu preciso ir, ainda preciso encontrar o caminho para a sala comunal da Sonserina - ela comentou. - Foi um prazer, Diggory. - Ela acenou com a cabeça iniciando seu caminho, por mais que não soubesse aonde deveria ir.
- A sala comunal da Sonserina fica para lá. - Cedrico apontou o lado oposto ao que a garota seguia e ela se virou nos próprios calcanhares. vendo que ele ria um pouco por sua confusão - Vamos lá, Malfoy. Eu te acompanho. - Ele acenou com a cabeça.
- Não precisa, eu posso…
- Vamos logo. Eu te levo até lá e depois volto. É melhor do que você se perder por aé sozinha. Acredite quando digo que há muitas coisas estranhas que você pode encontrar por Hogwarts durante a noite. - riu de modo leve negando com a cabeça.
- Vamos lá então, Diggory. - Juntou-se ao rapaz em uma caminhada sem pressa.
- Pode me chamar de Cedrico - informou e assentiu.
- Tudo bem, Diggory. - Encarou o rapaz e ele riu com a provocação da menina. Afinal, havia características dos Malfoy nela. Porém ele podia lidar com aquilo. Definitivamente podia.
Capítulo III - O início em Hogwarts
Caminhar com Cedrico Diggory pelos corredores de Hogwarts não era nada mal. não tinha ideia de como ele sabia onde ficava a entrada da sala comunal de sua casa, mas aquilo seria algo a ser discutido depois. O importante era que a conversa até ali tinha sido um tanto quanto agradável. Cedrico estava em seu sexto ano em Hogwarts e, assim como a garota, nutria um grande amor pelo quadribol. Aquilo a fez lembrar de quando conheceu Krum, por esse motivo a mocinha devia admitir que Diggory lhe parecia ser um cara legal. Após um lance de corredores, logo os dois chegaram a um andar mais isolado de Hogwarts.
— Bem, aqui estamos. As masmorras. — Fez um gesto com as mãos indicando o lugar. — Infelizmente não sei onde fica o exato local da entrada — apontou — Nenhum aluno de outra casa é capaz de saber. — Coçou a nuca. — Por isso é aqui que deixo você, Malfoy.
— Não se preocupe. Você já me ajudou o suficiente. — Sorriu. — Sendo assim, lhe devo agradecimentos. — Estendeu a mão para o garoto.
— Nem pensar! — Ignorou a mão da garota. — Já ganhei o dia só pelo fato de ter ajudado uma Malfoy. — Coçou a nuca. — Sabe, agora eu já posso tirar isso da minha lista de desejos de afazeres antes de morrer — frisou e os dois tornaram a gargalhar.
— Você não presta, Diggory. — A garota tinha a mão sobre a barriga. — Mas confesso que essa foi boa! Obrigada. — Encarou o rapaz, que sorriu agradecido.
— Não há de que, Malfoy. — Balançou a cabeça e começou a se distanciar da garota. — Até a próxima.
permaneceu observando curiosa o garoto que seguia para direção oposta em que ela. No final de tudo, Diggory lhe havia sido útil.
Agora só tinha um problema: Descobrir onde era a entrada da sala comunal. Ela analisou cada parte da masmorra... observou quadros, estátuas, enfeites, mas nada da entrada — o jeito era esperar. A Malfoy se escorou em uma parede de pedras fria e úmida, torcendo para que não morresse congelada ali mesmo. Nunca em Durmstrang havia ficado em um lugar tão gelado quanto aquele e a única coisa que podia pensar era; como havia sido capaz de se perder? Fechou os olhos por um momento e sentiu as pedras que ela estava se moverem. Rapidamente se afastou.
— Por Merlim! — Deu um pulo ao perceber que a parede havia se transformado em um abertura, afinal a entrada apareceu. Mas para a alegria da Malfoy, seu primo era quem saía dela. A abertura se fechou logo em seguida.
— Onde você estava? — Draco disse rudemente à prima, que franziu o cenho.
— Oi? — Cruzou os braços. — Desde quando isso interessa a você?
— Desde que você sumiu depois do jantar — pontuou e se virou para a parede. — Cabeça de serpente. — A passagem tornou a abrir e Draco entrou seguido por sua prima. — Você não veio junto com o monitor — frisou. — Como conseguiu chegar até aqui? Me admira não ter ficado perdida. Ou pior, aquele velho asqueroso do Filch podia tê-la pego. — O Malfoy não olhava para trás, com medo que a garota percebesse a sua preocupação. Entretanto, não percebeu os olhares curiosos dos colegas sobre ele e a prima. — Sinceramente, , o que você tinha na cabeça? — suspirou e cometeu o erro de chamada-la pelo apelido que a garota odiava, aquilo foi a gota d’água para ela. Odiava ser tratada como criança.
— Ok Draco, você venceu! — gritou levantando as mãos em rendição. E os colegas estavam cada vez mais interessados nos dois. — Mas quero que saiba, EU sei me cuidar muito bem sozinha! — apontou e agora os dois Malfoys estavam parados frente a frente, de modo tão idêntico que pareciam ser uma pessoa só. — E se você quer mesmo saber, eu demorei esse tempo porque estava acompanhada — mentiu. A Malfoy jamais admitiria ao primo que havia se perdido.
E assim, a loira girou os calcanhares e tornou a andar pela sala batendo os pés, decidida a encontrar seu dormitório sozinha. Draco nunca havia se sentido tão irritado. Afinal, com que a garota estava? Crabbe e Goyle olharam sério para Draco, que parecia mais bravo do que nunca.
— O que vocês estão olhando? — rugiu e seguiu batendo os pés também.
Depois do episódio com Draco, estava decidida a ignorá-lo pelo resto do trimestre. Saiu resmungando até encontrar seu dormitório, o que não havia sido difícil já que suas malas e coruja lhe aguardavam sobre uma cama que obviamente era sua. No quarto haviam duas garotas, uma loira e uma morena, que perceberam a presença da Malfoy instantaneamente. A garota tornou a olhá-las de maneira pouco amigável e tratou de arrumar suas coisas. Não gostava de colegas de quarto, ainda mais quando elas resolviam lhe olhar enquanto cochichavam.
— Vocês precisam de alguma coisa? — Virou-se irritada para as duas. A morena desceu da cama e se aproximou da Malfoy.
— Você é mesmo prima do Draco? — Olhou sugestiva para a garota, que cruzou os braços.
— Sim — respondeu sem muito grado. — Devo lhe perguntar porque quer saber?
— Ah! — berreu de empolgação e a outra garota se aproximou das duas. — Isso vai ser ótimo! Eu sou Pansy Parkinson e ela Daphne Greengrass. Puro sangues! — falou rápido demais. — Sabe… — sentou na cama da Malfoy, que não estava gostando nada daquele papo. — Eu e Draco, somos, bem… quase namorados. Não é, Daph?
— Sim, sim. Claro! — respondeu quase tão animada quanto a amiga.
— Viu? E vai ser ótimo ter a prima dele conosco e pod.... — falava animadamente até ser interrompida por .
— Deixem eu ser clara com vocês — sibilou e as duas se calaram. — Eu não pretendo e tão pouco me importo com os relacionamentos de Draco — olhou séria. —, muito menos pretendo fazer novas amizades. Então, façam o favor pra mim; parem com tudo isso e me deixem ficar em paz — gesticulou e as duas garotas se levantaram rapidamente.
— Que rude! — Pansy bufou e a Malfoy se segurou para não a azarar ali mesmo, mas aquela noite já havia sido tumultuada o suficiente.
No outro dia, teve sorte de acordar sem as tietes de Draco ao lado. Levantou, tomou um banho e colocou as vestes novas da sonserina. Pelo seus cálculos — e horário — após o café, teria aula de poções e logo após Trato de criaturas mágicas com a grifinória.
Quando a garota chegou ao salão comunal, finalmente pode observar a beleza do lugar; repleto de tapeçarias antigas e quadros de bruxos. O lar dos sonserinos fica localizado nas masmorras ao lado do Lago Negro, por isso o salão era todo banhado por uma luz esverdeada. Fascinante, pensou . Havia também um quadro de anotações que chamou atenção da garota, onde tinha avisos e, inclusive, a senha de entrada do salão.
O caminho de volta para o salão principal estava muito mais fácil agora, já que seguia os passos de ontem a noite com precisão. Graças a Diggory, seria muito mais fácil andar pelos corredores de Hogwarts. virou um corredor, outro, desceu escadas e quando estava virando o último corredor, acabou colidindo com algo que a derrubou no chão, e o que inicialmente era invisível, tomou forma de um rapaz. Só que diferente do que havia acontecido com Diggory, dessa vez, os dois foram ao chão.
— Tenho que parar de fazer isso — murmurou com a mão na testa onde havia batido. Um pouco cega pelo ocorrido, mal percebeu quem estava à sua frente. se levantou cambaleando e foi em direção ao garoto, que aparentava estar tão atordoado quanto ela. — Me desculpe. Ainda não estou familiarizada com o lugar. — Estendeu a mão para ajudar ele levantar, mas recuou logo em seguida ao notar quem era. Harry Potter.
— Está tudo bem. Eu também me atrapalho as vezes. — Sentou sozinho esfregando seus olhos. Ele ainda não a havia reconhecido. — Por acaso você viu algum óculos? — perguntou com os olhos espremidos. — Acho que perdi o meu quando caímos. — procurou o objeto.
— Espere um pouco. — Tateou o chão. — Aqui. — Entregou para o garoto. — Mas acho que está quebrado.
— Ah, obrigado. — Colocou os óculos e se levantou arrumando as vestes. — Sabe, eu sempre os quebro. Normalmente minha amiga Hermione os arruma com um feitiço — falou rapidamente antes de focar os olhos em brava. Franziu o cenho quando notou quem estava em sua frente. Não dava para descrever quem estava mais constrangido.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou Harry.
— O que você está fazendo aqui? — arqueou a sobrancelha.
Harry estava prestes a responder quando ouviram o sinal tocar, os dois bufaram juntos. Como se não bastasse terem tombado um com o outro, agora haviam perdido o café da manhã. Rapidamente um multidão de alunos saiu do salão principal.
— Malfoy? — uma voz conhecida murmurou atrás da garota. se virou as pressas. — Você está bem? — Diggory soou preocupado. voltou a olhar para frente antes de responder o garoto e vislumbrou Potter saindo em direção a seus amigos.
— Diggory! Está tudo bem sim — respondeu ao voltar a ficar de frente ao garoto. — Mas me parece que perdi o café.
— Não se preocupe. — O garoto tornou a mexer nos bolsos. — Aqui. — Estendeu a mão. — São tortinhas de abóbora. Não sei se tinha em Durmstrang, mas são deliciosas! — afirmou logo após a um sorriso largo.
— Obrigada. Mas por que você anda com tortinhas no bolso? — riu pegando as tortinhas.
— Quando não vi você essa manhã, pedi para que separassem as tortinhas para a viagem, e torci para achar você. E bem, acho que deu certo.
— Muito prestativo, Diggory — sorriu e mordeu uma, arregalando os olhos em seguida. — Isso aqui é realmente bom! As de Durmstrang não eram assim.
— Wow, fico feliz que tenha gostado! — sorriu largo. — Agora tenho que ir. Não coma tudo de uma voz só, Malfoy.
— Não prometo nada! — A garota piscou e os dois gargalharam.
Nenhum dos dois percebeu, contudo, olhares atentos sobre eles. No fim, acabaram por seguir seus caminhos até a aula.
apressou-se para seguir seus colegas de casa na primeira aula do dia, preparo de poções, com seu pai e a corvinal. Quando a garota estava prestes a entrar na sala de aula, foi barrada por seu primo.
— Era com o Diggory que você estava ontem? — Segurou o braço da prima, que desvilhenciou rápido. — , por favor — suplicou.
— Não estou falando com você. — A garota fixou os olhos em Draco. O primo bufou.
— Eu nunca vou entender essa sua mania de se misturar com esse tipo de gente — sibilou e mordeu o lábio inferior, irritada.
— Não tem nada a ver com… — a garota bufou quando porta foi aberta e Snape saiu dela.
— Devo dar o ar da graça dos dois em minha aula, ou vocês pretendem perder pontos para a sonserina? — murmurou e os Malfoy seguiram caminho para a sala, sentando-se o mais longe possível um do outro.
A aula parecia ser infinita. conseguiu uma dupla que considerou ser medíocre e ela provavelmente reclamaria com seu pai mais tarde, já que executou cada poção com sucesso e totalmente sozinha. Estava entediada com a aula e não tinha nada que fizesse para mudar isso. A não ser… olhou para frente e viu que seu primo estava com problemas na execução da poção. Levantou a mão.
— Com licença, professor Snape…
— Sim, senhorita Malfoy? — Snape perguntou de costas para filha.
— Já que eu… — revirou os olhos. — Quero dizer... nós terminamos a tarefa, poderíamos ajudar os alunos com problemas? — Snape virou para a filha com os olhos curiosos e ela apontou com a cabeça para Draco. Severo assentiu.
— É claro — soou indiferente e se levantou indo em direção ao primo.
— Você vai explodir isso — sussurrou por trás de Draco, que revirou os olhos.
— Ah é, sabichona? — sibilou e deu um leve sorriso cínico. — Por que você não vem aqui e faz então?
— Chega pra lá. — deu de ombros e se enfiou no meio de Draco e Goyle. O loiro estava vermelho. Odiava que a prima fosse tão sabichona.
Quando um som ressonante indicou o fim da aula, a turma se separou. Os sonserinos seguiram para fora do castelo, descendo o jardim rumo à cabana de madeira de Hagrid, onde já se encontravam os alunos da grifinória.
permaneceu observando o ambiente um pouco mais afastada do que os demais. Observavam alguns caixotes.
— Acabaram de sair da casca — informou o professor orgulhoso —, por isso vocês vão poder criar os bichinhos pessoalmente! Achei que podíamos fazer uma pesquisa sobre eles.
— E por que nós íamos querer criar esses bichos? — perguntou Draco com uma voz fria. rolou os olhos. Houve alguma discussão sobre a “tal importância” dos bichinhos e a garota decididamente não queria se meter naquilo. A aula com Hagrid foi longa e cheia de mordidas, queimaduras e picadas. A Malfoy estava faminta e com o dedo queimado, mas decidiu que iria na enfermaria mais tarde, primeiro se sentaria e comeria tranquilamente junto com os demais colegas.
Quando ela chegou ao saguão de entrada — que estava lotado com alunos fazendo fila — percebeu um tumulto no fim da fila. E para a surpresa da garota, quem estava no meio dele era novamente seu primo — o garoto gostava de encrenca, tinha que admitir. Ela se aproximou dele e do grupinho formado por Granger e Potter segurando as vestes do Wesley que estava prestes a ir pra cima de seu primo. se aproximou ainda mais e percebeu o rosto pálido de Draco corar levemente por algo que Potter havia falado. Ele mal percebeu a presença da prima.
— Não se atreva a ofender minha mãe, Potter.
— Então vê se cala esse bocão — disse Harry dando as costas ao colega.
E então, algo que nem imaginava aconteceu. Draco havia tentado lançar um feitiço contra Harry, mas foi interrompido por um feixe de luz que o acertou em cheio. se virou furiosa a procura de quem havia feito aquilo, mas antes que chegasse a uma conclusão, ouviu um segundo estampido e um berro que ecoou pelo saguão de entrada.
— AH, NÃO VAI NÃO, GAROTO!
percebeu o professor Moody descendo as escadas com a varinha em mãos apontada diretamente para uma doninha que tremia no piso de lajotas, exatamente no lugar onde seu primo estava. Fez-se um silêncio aterrorizado no saguão. contava desesperadamente até 10 para não agir ali mesmo e acabar com seu disfarce, mas com Alastor Moody — ou não — agindo daquela maneira, não era nada fácil.
— Ele mordeu você? — rosnou o professor. Sua voz era baixa e áspera.
— Não — respondeu Potter.
— DEIXE-O! — berrou Moody, mas não para Harry. Apontou o polegar para Crabbe, que acabara de congelar em meio a um gesto para recolher a doninha branca.
Tentou fugir pelas masmorras, mas Moody foi mais rápido apontando com a varinha, a doninha subiu uns três metros no ar. tremia de raiva a cada palavra que Moody sibilava, e a gota d’água para ela foi ver Moody fazer fez a doninha cair com um baque úmido no chão, quicando de novo pra cima com as pernas e cauda sacudindo descontroladamente. sacou sua varinha e com todos a observando, berrou.
— NÃO OUSE CONTINUAR COM ISSO! — avançava decididamente contra o professor, que a ignorava. — PROFESSOR MOODY, PARE! — berrou novamente e o cara continuou a ignorá-la, fazendo a garota bufar, — Não diga que não avisei. Estupefaça!
Assim, indo contra tudo que Hogwarts aceitava, pegou o professor desprevenido e jogou para longe depois de estuporar-lo.Os alunos estavam estáticos.
— Senhorita Malfoy! — Professora McGonagall descia as escadarias com os braços carregados de livros. — O que pensa que está fazendo? — disse chocada.
Capítulo IV - Fawkes e as Maldições Imperdoáveis
A sala não parecia assustadora para . Muito pelo contrário, haviam itens mágicos que despertaram a curiosidade da jovem bruxa e faziam ela esquecer de quem ela esperava ali: Alvo Dumbledore.
Depois de a professora McGonagall lhe levar até lá com todas as repreensões possíveis, a bruxa a deixou na sala a espera do diretor. já havia olhado a sala quase que inteira, até que encontrou um ser que não havia notado antes.
Um pássaro grande e vermelho pendurado sobre um poleiro chamava a atenção de . A ave fixava seu olhar ao da garota e parecia chamar ela para mais perto. teve uma sensação estranha, era como se aquele pássaro a hipnotizasse e isso não acontecia nem mesmo com Nagini, por mais que ela a entendesse. levantou a mão e calmamente se aproximava da ave.
— Essa é Fawkes, senhorita Snape — a voz rouca do velho bruxo ecoou e recolheu sua mão em um susto. — Fawkes é uma fênix, por isso as cinzas no poleiro dela — o professor explicou e franziu o cenho em clara confusão. — Sabe o que é uma fênix, criança? — Dumbledore seguiu a passos lentos para perto de e a garota se manteve estática onde estava.
— Não, senhor. — Apesar do medo que sentia, a voz saiu firme, o que fez um pequeno sorriso surgir no rosto de Alvo.
— A fênix é uma ave. Geralmente grande e em tons escarlates. Um ser espetacular, se é que me permite dizer. — Dumbledore pareceu divagar por um momento em alguma lembrança, mas então se virou para Fawkes sorrindo fraco. — Quando renascem depois do dia da queima são apenas pequenos filhotes inofensivos, mas depois de um tempo, ficam grandes e esplendorosas novamente. — Alvo parecia se animar com o assunto. — Não são animais domesticados de um modo geral, apenas duas são conhecidas por terem sido domesticadas, e Fawkes é uma delas. É sempre muito fiel a seu dono e quando ele morre ela entoa cantos melancólicos e por fim morre uma última vez, sem retornar das cinzas, mas eu sinto que a minha querida Fawkes não morrerá junto comigo. — Dumbledore soltou um sorriso para o pássaro enquanto a mente de girava por um momento.
— Renascer? Dia da queima? O que isso quer dizer, senhor? — questionou em pura curiosidade, se aproximando um passo, o que fez Dumbledore sorrir.
— As fênix são pássaros que, quando estão muito velhos, queimam em seu próprio fogo. Viram cinzas e renascem de suas próprias cinzas. Vê? — questionou e se apressou em concordar com cabeça e dito isso lançou um último sorriso à ave, para então se virar repentinamente e começar a caminhar em direção a sua cadeira, dando um susto em . — Mas não é pela minha ave que está aqui, senhorita. Presumo que tenha algo a me contar, não? — engoliu em seco se lembrando repentinamente a razão de estar naquela sala.
— Professora McGonagall não contou? — questionou tomando o assento à frente do diretor.
— Sim, ela contou, mas tenho a impressão de que "ser uma garotinha insolente" não foi a sua razão para lançar um feitiço contra Alastor. — Alvo juntou as mãos cruzando os dedos e o encarou com curiosidade. Ele iria escutá-la? Não a puniria sem deixar que se explicasse? Aquilo era alguma brincadeira de mal gosto? De todo modo, permaneceu alerta.
— Ele transformou Draco em uma doninha, senhor — começou e Dumbledore permaneceu com seu olhar sobre ela.
— Mas Draco quase lançou um feitiço as costas de Harry, não? — Dumbledore explicou como se não soubesse de nada, mas na verdade sabia.
— Não estou dizendo que Draco estava certo, professor. Meu primo pode ser meio explosivo às vezes e isso o faz ser meio burro também, e isso claramente não é uma justificativa, mas um simples expelliarmus resolveria o assunto — justificou de modo simples e um pequeno e breve sorriso surgiu nos lábios de Alvo.
— A ação de Alastor também não foi correta, , mas não posso simplesmente deixar que o que fez passe em branco — Dumbledore informou e mordeu o lábio.
— Vai me expulsar? — ela questionou e Dumbledore pareceu pensar por um momento.
— Não, senhorita Snape, porém serão menos cinquenta pontos para a sonserina e devo avisar que, se voltar a fazer algo assim, terei de expulsá-la. — assentiu meio murcha porém mais animada do que antes. — Eu entendo que Draco é seu primo e que queria protegê-lo. Admiro sua lealdade, , mas se houver uma próxima vez, relate o acontecido a mim. Eu irei falar com Alastor e ele terá sua devida punição também. — apenas assentiu, por mais que estivesse contrariada. — Agora pode ir, creio que tenha uma aula da qual participar. — Acenou com as mãos enrugadas indicando que a garota tinha de se retirar e ela se levantou.
— Obrigada professor — e dito isso caminhou até a porta parando antes de abri-la. — Professor, posso perguntar uma coisa? É sobre Fawkes. — Dumbledore sorriu.
— Claro. — sorriu fraco.
— Onde o senhor a arranjou? — Dumbledore se recostou na cadeira.
— Fênix não são como corujas, . Você não vai ao empório e escolhe uma. São animais selvagens que vivem por aí — explicou com calma. — Ouso dizer que eu sequer a escolhi. Foi ela quem me escolheu. — sorriu assentindo.
— Entendo. Obrigada de todo modo senhor — e se virando para a porta, tomou o rumo da sala de sua próxima aula.
Tomou o caminho pelo mesmo corredor que havia vindo e, conforme passava por alguns alunos, ouvia murmúrios sobre o que havia feito mais cedo.
— Tomara que ela seja expulsa, é uma Malfoy a menos para termos que lidar. — Ouviu alguém que com certeza não conhecia comentar e virou o rosto encarando um aluno da Corvinal, que se assustou com seu olhar.
— Tudo bem, vamos para a aula, pequena Malfoy — a voz conhecida de Cedrico foi a que ecoou daquela vez enquanto ele apoiava ambas as mãos nos ombros de , apertando de leve o local e a empurrando de modo gentil para que saíssem dali.
— Eu vou… — tentou protestar, mas Cedrico continuou a empurrá-la.
— Você vai para a sua aula, já se meteu em confusão suficiente por um dia. — Cedrico tinha um tom calmo e delicado, como se entendesse o fato de se sentir daquele modo, porém sentia a necessidade de não deixar a garota fazer mais nenhuma besteira.
apenas desistiu de protestar, afinal, sabia que Diggory estava certo e que havia muito em jogo para que ela apenas colocasse tudo a perder por motivos bobos.
— Vamos, se anime. Eu vou te acompanhar até a sua sala. — Cedrico apertou os ombros de e a garota sentiu um arrepio lhe correr a espinha ao mesmo tempo em que ela ria.
— E por que eu deveria me animar com a sua presença? — o tom de brincadeira de era claro e fez Cedrico rir.
— Então agora você decidiu mostrar o seu lado Malfoy, hum? — questionou no mesmo tom e riu. Aquilo afinal era fácil com Cedrico.
— Prefere que eu mostre o lado Snape? — Ela virou brevemente a cabeça com uma sobrancelha arqueada e Cedrico ergueu ambas as mãos em rendição.
— Não, obrigado. O lado Snape com certeza é de botar medo — ele começou a caminhar ao seu lado enquanto ria. — Prefiro o lado — finalizou e o encarou com o cenho franzido.
— E como seria o lado ? — Ela tinha um sorriso esperto nos lábios e Cedrico sorria de canto de forma terna.
— Vejamos… uma garota de modo geral gentil, bem humorada, que ri de qualquer coisa, inteligente e que protege aqueles que ama. — Ele deu de ombros e se sentiu corar por um momento. — Ah, e as bochechas rosadas, não vamos esquecer as bochechas rosadas — ele apontou e tornou a rir, murmurou as palavras “você é completamente ridículo”, porém dessa vez completamente sem jeito.
Pararam em frente a uma porta de madeira e soube que era sua sala. Não queria ter que se separar de Cedrico, porém não diria aquilo.
— Eu fico por aqui — indicou a porta e Cedrico olhou brevemente o objeto, para depois retornar seu olhar para com um sorriso lateral nos lábios. Ele molhou os lábios com a língua e desviou o olhar, fazendo o rapaz rir.
— Nós vemos mais tarde, . — O apelido era novidade, mas não achou de todo o mal.
— Até, Diggory. — O garoto que já se afastava riu.
— Sabe, você bem que podia me arranjar um apelido também. — Ele deu de ombros e negou com a cabeça enquanto ria.
— Vou pensar em algo — e dito isso, ela abriu a porta da sala adentrando o local. Estava vazio, já que todos os alunos estavam em seu almoço, mas mesmo assim se sentou em uma cadeira e esperou pela aula. O que ela não esperava era que seus pensamentos fossem levados a Cedrico Diggory.
acordou de repente com seu primo cutucando-a, mal se lembrava de qual havia sido seu último pensamento antes de adormecer na sala de aula. Olhou ao redor e viu que a sala se enchia gradativamente com alunos da sonserina.
— Não deveria dormir em público. Você se baba toda — Draco sussurrou e rolou os olhos se preparando para responder o primo, mas parou quando notou que ele se ajeitava para se sentar ao seu lado. O que raios estava fazendo?
— O que você está fazendo? — Olhou de canto para o primo.
— Sentando ao seu lado. Não está vendo? — Deu de ombros arrumando o pergaminho e a pena.
— Isso eu entendi, idiota — resmungou irritada, sabia que aquela reação não era normal ao primo. —, mas por que você está sentando ao meu lado?
— Porque você foi legal comigo hoje. — Focou os olhos cinzas ao negros da prima, e foi exatamente ali que desconfiou de Draco. Contato visual não era de seu feitio e gratidão não era algo comum entre os Malfoy. juntou seus pertences antes de se levantar e começar a caminhar a passos largos para o fundo da sala, longe de seu primo.
Os colegas observavam cada passo da garota, não deixando de demonstrar a certa curiosidade sobre os Malfoy. Draco bufou, se apressando até a prima, gostaria de saber de quem ela herdou esse lado encrenqueiro e teimoso de ser. Pousou as mãos sobre o ombro da menina e a girou rapidamente para ficar de frente a ele.
— Por Merlin, Draco! — sibilou. — O que você quer?
— Será que dá pra ser menos vovô xas e se sentar comigo? — suplicou e a menina franziu o cenho.
— Você é completamente insano em me comparar com o vovô — murmuro para o mais velho e ele rolou os olhos. Era evidente que conseguia ser tão ranzinza quanto o velho xas quando queria. Mas se era difícil, Draco era mais ainda. Sem dar muita bola para o que a prima dizia, a pegou pelo braço sorrateiramente sem se importar em como o puniria, tratou de guiar a garota até a mesa de antes.
Afinal, ele ainda era o mais velho e, mesmo que ela não gostasse, tinha que ouvi-lo.
— O qu…
— Não reclame — Draco disparou interrompendo a prima. — Provavelmente você não se deu conta do nosso horário. Essa aula será com Moody — resmungou e parou de xingá-lo no mesmo instante. Não havia se lembrado daquilo e era tudo culpa de Cedrico. — O que você fez foi incrível. Mas extremamente maluco também. — rolou os olhos enquanto os dois se sentavam. — Moody não vai deixar barato e eu não quero me sentir culpado por ter te metido nisso.
— Ahá! Aí está — disparou e Draco deu um pequeno pulo, surpreendido. — Eu sabia que sua atitude era suspeita. Você só não quer admitir que eu ajudei você.
— Que seja, . — Deu de ombros e mostrou a língua, segundos antes de Harry e outros grifinorianos entrarem em sala.
Os olhos verdes de Potter pararam sobre . Rony — como todos na sala — apostaria galeões para descobrir o que Harry pensava. Contudo, não teve tempo de descobrir, pois Alastor Moody adentrou a sala, fixando automaticamente seus olhos em Malfoy.
— Sentem-se — anunciou em voz bruta e rapidamente todos os alunos estavam em seus lugares. — Muito bem. Sou Alastor Moody — falava de costas para a classe escrevendo seu próprio nome com giz no quadro. —, ex-auror e o seu novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Estou aqui porque Dumbledore me pediu, fim da história — falava rapidamente. — Agora, alguém consegue me dizer quantas Maldições Imperdoáveis existem?
— Três, senhor. São três — Granger respondeu rapidamente e rolou os olhos. A garota era exatamente como pensava. Moody permanência de costas para a classe.
— Muito bem. E por que elas se chamam assim?
— Porque elas são imperdoáveis. E se alguém for pego fazendo alguma delas…
— Vai ganhar uma passagem só de ida para Azkaban. — Moody olhou para a turma novamente, recebendo alguns olhares curiosos e assustados. — Correto. O ministério argumenta que são jovens demais para compreender tais maldições, mas eu discordo! Vocês precisam saber o que vão enfrentar, precisam estar preparados! E precisa encontrar outro lugar para colocar o seu chiclete senão embaixo da carteira, senhor Finnigan — ele aumentou seu tom de voz.
— Ah, não é possível, ele pode ver por trás da cabeça! — resmungou.
— E também posso te ouvir! — ele disse, lançando um giz contra o aluno, que desviou. observava atenta o professor, e ela não era a única.
— Então… qual falaremos primeiro? — Um silêncio se fez na sala e Moody voltou seu olhar a Ron. — Weasley? — Ronny ergueu os olhos assustado. Sentiu um calafrio percorrer ao seu corpo. Não sabia o que mais deixava-o apavorado, Alastor ou falar sobre as maldições.
— Bem, senhor… — respondeu tímido se levantando. — Uma vez o meu pai comentou sobre uma… a Imperius.
— Ah, é verdade. Seu pai sabe tudo sobre essa! Deu um grande trabalho ao mistério a alguns anos atrás. — Aproximou-se novamente de sua mesa e, quando os alunos perceberam, estava com um inseto e a varinha em mãos. — Imperius!
Alastor manobrava sua varinha fazendo o inseto se mexer conforme ele quisesse. Era claro que ele estava completamente sobre o controle de Moody. O professor jogava o inseto sobre a cabeça de alguns alunos, e todos os outros riam. Draco gargalhou dos colegas antes de Moody, com um balançar da varinha, direcionar o inseto até sua cabeça, como se quisesse lhe dar uma lição ou provocar quem estava ao seu lado.
Ao contrário do primo, não se desesperou, permanecia séria encarando o falso professor, jurando que se estivessem sozinhos estuporar aquele cara não seria suficiente. Ele estava provocando , mas ela não entraria tão fácil no seu joguinho.
— Muitos bruxos e bruxas alegaram que só obedeceram às ordens de você-sabe-quem porquê eram controlados pela maldição Imperius, mas tem um problema. — respirou fundo. Os alunos não riam mais, agora escutavam atentos. — Bobagem, eu lhes digo! Então, como descobrimos os mentirosos? Outra. Outra!...
Todos os alunos levantaram a mão, mas apenas um deles era do seu interesse.
— Longbottom? — O professor foi até a primeira carteira, onde Neville respirou fundo ao ter a atenção de Moody sobre si. Neville hesitava. Ele sabia o que deveria dizer, mas todo o seu corpo se arrepiava só de pensar naquela maldição. Engoliu seco antes de se levantar cabisbaixo.
— A Cruciatus, senhor — Neville respondeu e Moody lançou a maldição sobre o inseto. Ele gemia agonizante, de forma que toda a sala pudesse ouvir um pouco de seus gritinhos. O peito de descia e subia rapidamente, mostrando sua irritação ao ver Neville ser severamente afetado pela reação do bicho. Olhou para Hermione notando que a expressão da garota era muito parecida com a dela. Os olhos de Hermione encontraram os de , que, com uma expressão zangada se levantou, batendo sobre a mesa.
— Pare! — exigiu. — Não vê que está machucando ele?!
O professor tirou sua varinha da frente do inseto. Neville respirou fundo e procurou sua carteira ainda afetado pelo o que aconteceu em sua frente e em passos largos, Moody se aproximou da mesa dos Malfoy, levando o inseto consigo.
— Talvez, srta. Malfoy, possa nos dizer a última maldição. — sabia onde ele queria chegar. Ele conhecia a garota mais que qualquer um ali dentro e sabia exatamente como irritá-la.
— Não — ela negou e todos os alunos ficaram em silêncio. Moody permaneceu o contato visual com , tentava decifrar o que ela faria a seguir e adorava desafiá-la. Draco ruborizou a lado da prima e lançou um olhar severo a Moody.
— A maldição da morte — Hermione citou, sem se levantar da carteira. Todos os olhos da sala pararam na garota. — Sinto muito senhor, mas não temos permissão de citar esse feitiço dentro da sala.
— Avada Kedavra — ele enunciou quase como se estivesse acostumado. O raio verde se lançou e envolveu o inseto, e então, o mesmo caiu ao chão. No mesmo instante, o sinal soou indicando o fim da aula. pegou suas coisas irritada e saiu da sala sem nem olhar pra trás. Draco levantou-se rapidamente da carteira indo atrás da prima, mas antes de alcançá-la, parou frente ao professor.
— Você não faz ideia de quem resolveu irritar.
E assim, saiu ao encalço da outra Malfoy.
Capítulo V - O ínicio do torneio e um jogo de quadribol
A noite já havia caído sobre Hogwarts e todos os alunos se encontravam no salão principal. O jantar naquela noite era especial e se encontrava empolgada. Os alunos de Durmstrang chegariam naquela noite e consequentemente Viktor Krum estaria lá, e por aquela razão a garota Malfoy se encontrava em um estado de euforia interno muito grande.
não podia negar que estava acostumada com sua missão em Hogwarts, isso era um fato, mas sentia constantemente a falta de Durmstrang. Muitos alunos eram mal encarados — bem como certos professores —, porém ela sentia falta dos amigos e dentre todos eles o que mais sentia falta era de Krum. Ele e eram ótimos parceiros de quadribol, viviam juntos pelos corredores da escola treinando seus feitiços e brincando como bons amigos, e aquilo era algo que não podia negar ser grande parte do que ela sentia falta.
Mas agora Krum estaria ali e talvez, mesmo com o torneio tribruxo em andamento, ela pudesse ter algum tempo com o amigo de novo.
Os alunos haviam chegado mais cedo naquele mesmo dia, porém por conta da detenção — que a professora McGonagall havia lhe aplicado por conta de sua última breve discussão com um aluno da Corvinal — não conseguiu ver a chegada dos outros alunos.
— Afinal, o que é que você tanto pensa? — a voz de Draco foi sussurrada ao seu lado e encarou o primo com certo incômodo em sua feição.
— Não é nada — informou entediada e viu um sorriso esperto surgir no rosto de Draco.
— Aposto que está pensando no Krum — Draco soltou em tom de zombaria — Ah Krum, meu amado Krum — ele zombou fazendo com que Crabbe e Goyle rissem junto a mais alguns na mesa.
— Está com saudade de ser uma doninha, priminho? Seria um prazer ser expulsa apenas para te transformar de novo — dito isso as pessoas voltaram a rir e Draco fechou sua feição para .
— Você não faria — ele rosnou e pegou a varinha, a apontando para Draco.
— Diga apenas que duvida. — Draco engoliu em seco e empurrou a varinha da prima. riu, junto a mais alguns sonserinos, e guardou sua varinha novamente.
Naquele momento os alunos de Durmstrang e Beauxbatons irromperam pelas portas do salão. As garotas de azul tinha echarpes e xales, enquanto os garotos de expressões fechadas usavam casacos pesados de pele.
Krum passava os olhos pelo salão e o encarava rindo. Sempre fora péssimo em localizá-la mesmo que a garota tivesse traços inconfundíveis, e ela se perguntava como não havia a perdido diversas vezes durante os jogos de quadribol. Com um assobio fino e estridente foi que ela chamou a atenção do búlgaro, que abriu um largo sorriso ao vê-la e seguiu junto a outros três rapazes até sua mesa.
— Eileen! — a voz grave de Krum ecoou pelo salão fazendo alguns olhares se voltarem para ele. Era o único que chamava pelo segundo nome que havia herdado da avó paterna.
Os olhares de Rony, Hermione e Harry tramitavam confusos entre si, tentando entender com quem Krum falava. De modo instintivo os olhos de Diggory foram em direção a garota, já que sabia qual era o segundo nome de . Não tinha nenhum apreço pela presença de Krum ali, por mais que racionalmente não soubesse explicar suas razões. Não sabia muito sobre a relação de e Krum, apenas o que havia visto na copa mundial de quadribol. A princípio aquilo não lhe fez diferença, mas naquele momento o incomodava intensamente.
— Vitor! — ela soltou animada e assim que ele chegou ao seu lado, se colocou de pé o abraçando e sentindo os braços de Krum a envolverem cheios de carinho.
— Sua pirralha. Como estão as coisas por aqui? — questionou curioso assim que a colocou no chão.
— Tudo vai bem. E por Durmstrang? Por favor, me diga que não deixaram o Hawley entrar no meu lugar no time. — Os olhos suplicantes e implicantes de encararam um dos garotos que se encontravam atrás de Viktor, e ele riu.
— A mesma implicante de sempre, não é Malfoy? — Hawley questionou e riu.
— O que seria de você se eu não fosse? — o tom convencido da garota os fez rir e Hawley a envolveu em abraço.
— Estamos com saudades, Durmstrang perde a graça sem você. E o garotão aqui — apontou para Krum. — Não há uma frase que ele não fale sem te por no meio. É um saco.
— Sempre soube que você era apaixonado por mim — brincou e Krum deu de ombros rindo.
— Esse é seu primo Draco? — Ele apontou sobre o ombro de e ela olhou vendo Draco a encarando com uma mistura de admiração e ciúmes. Não entendia metade das coisas que o trio falava, mas mesmo assim seus olhos estavam focados neles.
— O que o entregou? Os cabelos ou a cara de bobão? — Viktor riu. Apesar da implicância o garoto sabia o quanto se importava com Draco, mas se divertia com as provocações.
— Ora Eileen, não seja assim — ele soltou tentando se conter enquanto via Draco revirar os olhos com o comentário da prima.
— Venham, se sentem conosco — os chamou rindo e logo estavam todos à mesa.
Enquanto Krum contava sobre a viagem à garota — já que era inútil tentar falar com os outros da mesa sem pronunciar uma palavra errado —, sentiu um certo par de olhos castanhos sobre si e se virou por um momento encontrando Cedrico a encarando. O rapaz tinha as bochechas vermelhas e se virou rapidamente de volta a sua mesa. estranhou a ação, porém apenas se limitou a voltar a atenção para Viktor, que parecia bem servido, tanto de comida quanto de atenção por parte das garotas que se encontravam à mesa. Nada havia mudado, definitivamente Krum era o centro das atenções por onde ia.
— Boa noite senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes. — A voz de Dumbledore irrompeu pelo lugar fazendo com que todos se silenciassem e lhe dessem toda sua atenção. — Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos. Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa. — O diretor olhava com certo orgulho para o grande salão. — O torneio será oficialmente aberto no fim do banquete – disse Dumbledore. — Agora, convido todos a comer, beber e se fazer em casa! — anunciou por fim tomando seu lugar a mesa dos professores e no mesmo instante Karkaroff se inclinou iniciando uma conversa com o professor. Do mesmo modo Viktor e os rapazes de Durmstrang voltaram a falar sobre times de quadribol.
Do outro lado do salão, notou o dono de uma cabeleira ruiva com os olhos em sua mesa. Não, não sobre ela, sobre Viktor. Era Rony Weasley, e podia jurar que a qualquer minuto ele poderia começar a babar. Teve vontade de rir, porque Weasley definitivamente tinha feições engraçadas naquele momento, mas assim que seu olhar focou em Hermione a vontade se esvaiu.
Mione olhava como encarava um professor quando uma nova lição estava sendo ensinada. Com curiosidade e afinco para entender o que se passava. Afinal de contas, havia se mostrado determinada e corajosa desde os primeiros momentos em Hogwarts, mas o fato de não conseguir responder o nome da terceira maldição para o professor Moody causou curiosidade em Granger.
Hermione tinha certeza que sabia o nome da maldição, mas a razão pela qual não respondeu ainda era nebulosa. No momento em que foi perguntada sobre ela, pareceu — pelo menos aos olhos de Hermione — receosa. Na verdade, arriscava dizer que havia um pouco do olhar de Neville no momento em que Alastor lançou a maldição Cruciatus na aranha, nos olhos de . Talvez não tão assustados e agonizantes, mas definitivamente havia uma história ali e Mione estava curiosa por ela.
— Afinal, o que é que aquela sangue-ruim perdeu por aqui? — a voz de Draco era sussurrada e tirou seus olhos dela para encarar o primo.
— Está fazendo o que todos os outros estão fazendo. Babando pelo Krum — declarou, por mais que soubesse que aquilo era mentira. Voldemort estava certo, deveria ficar atenta à garota.
— Duvido muito. Granger não é desse tipo. A menos que Viktor tenha um livro de poções no lugar do rosto, eu não acredito que ela esteja realmente o olhando. — Draco riu e revirou os olhos.
— Deixe isso pra lá — ela murmurou voltando sua atenção a Krum, que naquele momento ela percebeu ter os olhos sobre si. Ele sorriu e fez o mesmo.
— É bom estar aqui — comentou baixo.
— Sabemos que estava morrendo de saudade, Krum, mas ao menos tente disfarçar — ela brincou e Viktor tomou um gole de seja lá o que estava em seu copo sorrindo de canto para ela em seguida.
— Vou tentar — e dizendo isso um arrepio percorreu a espinha de . Aquilo havia sido sério? Ela não sabia definir exatamente, então apenas sorriu fraco e voltou sua atenção para o purê em seu prato.
— Você vai realmente se candidatar para isso? — questionou enquanto caminhava ao lado de Krum em direção ao saguão onde o cálice se encontrava naquela manhã.
— Com medo por mim, Eileen? — o tom de zombaria de Krum e seu olhar atravessado para a fizeram revirar os olhos.
— Não. Só não faz sentido para mim. Afinal de contas, pra que é que você quer a glória eterna? — Krum riu. Admirava o fato de certas coisas tão cobiçadas por todos não surtirem efeito sob o ego da garota.
— Não é pela glória eterna, — começou a encarando — É apenas pela diversão. — Ele piscou e ela revirou os olhos.
— Ótimo jeito de se divertir — ela murmurou insatisfeita.
— Não se candidataria se pudesse, senhorita Malfoy? — a voz de Igor Karkaroff ecoou ao lado de Krum indicando que ele havia se juntado a eles.
— Não. Meu nível de interesse nesse torneio é nulo. Para mim parece apenas uma grande tentativa de reafirmação de egos. — Karkaroff soltou uma risada exagerada e apenas revirou os olhos.
— Sempre uma garota de forte opinião, não é, senhorita Malfoy? — questionou, porém se contentou a revirar os olhos. Não estava disposta a dar corda para os excessivos elogios de Igor.
Atravessaram as portas do saguão onde alunos riam e no chão dois velhos se encontravam em uma briga. Todos pararam assim que os três recém chegados foram notados. se apoiou no portal da porta cruzando os braços e se manteve ali enquanto Viktor adentrava o local com seu pedaço de pergaminho em mãos para colocar no cálice.
deu um pouco mais de atenção e notou serem os gêmeos Weasley. Poção para envelhecer, disso ela tinha certeza. Realmente acharam que Dumbledore seria amador com a linha etária? O pensamentos fez rir fraco.
Levantou os olhos e viu Cedrico vindo em sua direção com um pequeno sorriso nos lábios e ela retribuiu o ato.
— Como vai, Malfoy? — questionou assim que parou ao seu lado e ela o encarou.
— Muito bem Diggory. E você como está? — questionou com os olhos fixos no saguão.
— Vou indo bem. — Ela podia ouvir o sorriso em sua voz, apesar de não olhá-lo.
— Se inscreveu para isso também? — Ela apontou com a cabeça enquanto notava Krum vir em sua direção, mas não sem antes trocar um olhar com Hermione Granger, que ruborizou no mesmo instante voltando sua atenção para seu livro.
— Claro que sim — respondeu orgulhoso e bufou.
— Não deveria estar orgulhoso disso — murmurou ao mesmo tempo que Krum parava a sua frente com a feição fechada. — Bom, vamos as apresentações por aqui. Viktor, esse é Cedrico Diggory, ou meu maior fã em Hogwarts como é popularmente conhecido — ela brincou e Cedrico riu.
— Engraçadinha.
— E Cedrico, esse é Viktor Krum. Um búlgaro mal encarado que eu adotei em meus anos em Durmstrang. — Krum sorriu de canto.
— Se bem me lembro foi ao contrário — murmurou a fazendo rir e Cedrico franzir o cenho sem entendê-lo direito.
— É um prazer conhecê-lo. — Cedrico estendeu a mão de modo gentil e Viktor a apertou do mesmo modo. Mesmo que ambos estivessem enciumados naquele momento, não eram trogloditas sem modos.
— O prazer é todo meu — tentou pronunciar da melhor forma possível e soltaram suas mãos. Houve um momento de silêncio e então Viktor respirou fundo.
— Então, Eileen, vamos nos preparar para o jogo desta tarde? Vai ser bom assistir só para variar. — o encarou e assentiu sorrindo.
— Vamos. — Viktor sorriu satisfeito e indicou o lado de fora do saguão, encarou Cedrico, que não estava nada satisfeito com a ida da garota, muito menos acompanhada de Krum — Nos vemos no jogo? — questionou Cedrico e ele assentiu.
— Claro, claro! — ele assentiu e ela fez o mesmo.
— Tudo bem, nos vemos mais tarde então… Ced — ela soltou o apelido de modo seguro, porém dentro de si havia receio. Receio esse que sumiu quando um sorriso se formou no rosto de Cedrico e o rapaz mordeu o lábio rapidamente, enquanto Krum revirava os olhos. Mas que diabos estava acontecendo ali?
— Até mais tarde, . — Ela sorriu balançando com a cabeça e seguiu para perto de Krum, que já havia se afastado alguns passos.
— Ced? — Krum questionou com um sorriso presunçoso nos lábios.
— Não precisa expor seu ciúmes. Eu te chamo de Krum de modo carinhoso. — provocou e Viktor revirou os olhos novamente. estava longe e ele estava sendo “trocado” afinal.
— Hogwarts definitivamente tem te deixado mais folgada que nunca — declarou e recebeu um empurrão fraco como resposta coisa que o fez rir assim como a ela.
estava sentada nas arquibancadas da Sonserina junto a Viktor e mais alguns colegas de sua antiga escola. O jogo naquela tarde — que era apenas um tipo de amistoso, apenas para passar o tempo enquanto as tais vinte e quatro horas para os alunos colocarem o nome no cálice acabassem — seria um clássico entre grifinória e sonserina.
Se havia algo do qual estava sentindo falta, aquilo eram os jogos de quadribol. Artilheira nata — coisa que o pai vivia lhe dizendo que havia puxado da mãe —, não perdia um jogo sequer em Durmstrang. Ela e Krum eram vistos como um tipo de time dos sonhos na escola búlgara e todos juravam que, quando tivesse idade, se juntaria a seleção junto a Viktor. Porém isso havia sido antes de ela ir para Hogwarts e as suas obrigações como escolhida de você-sabe-quem começarem.
Draco era o apanhador de sua casa e aquilo deveria ser uma das poucas coisas as quais invejava com afinco do primo. O sonho da garota era ser apanhadora, porém desde sempre havia ocupado a posição de artilheira. Não sabia definir exatamente porque nunca havia tentado tomar a posição dos sonhos para si, talvez quisesse homenagear a mãe de alguma forma, ou achava que ser apanhadora, a deixaria distraída demais dos seus verdadeiros planos. Contudo, a garota vivia ouvindo de Krum que a tentativa seria certeira.
O jogo já se desenvolvia a algum tempo. Draco e Potter perseguiam o pomo a todo custo e apenas sabia segui-los com os olhos traçando estratégias em sua mente para pegar a pequena bola dourada.
Draco rasgava o ar com sua vassoura e sentia a empolgação crescer em seu peito. Porém o que veio a seguir aconteceu tão rápido quanto piscar os olhos. Draco estava inclinado sob a vassoura milimetros a frente de Harry para pegar o pomo quando Fred Weasley irrompeu ao lado do Malfoy batendo sua vassoura na dele. Em segundos Draco vacilou na vassoura que fez seu caminho para o chão.
se levantou da arquibancada e desceu de maneira acelerada até o campo. Ao chegar lá em baixo, encontrou Draco encolhido segurando seu próprio pulso enquanto gemia de dor. Ela correu até ele e poucos passos antes de alcançá-lo viu Fred pousar no chão. Marchando firme, seguiu até ele.
— Está maluco por acaso, Weasley? — esbravejou vendo o rapaz encara-la.
— Não o derrubei de propósito, estava tentando apenas atrapalha-lo — justificou e logo estava parada à sua frente com as feições de alguém que seria capaz de matar Fred bem ali mesmo.
— Se a sua casa não consegue ganhar de forma honesta seria melhor nem terem entrado no jogo. — Fred soltou um riso debochado.
— Isso é muito engraçado vindo de você, Malfoy. — Aquilo fez o sangue de ferver e subir para as bochechas em pura raiva.
— ! — a voz de Draco irrompeu na discussão e ela se virou de uma vez para o primo, claramente nervosa.
— Já chega de discussões por aqui — madame Hooch ordenou. — Não temos um substituto para Draco. Vamos ter de encerrar o jogo — informou e quase bufou de raiva. Jogos de quadribol mexiam com seu humor mais que o normal.
— Não, madame Hooch. Nós temos um substituto — Draco informou segurando o braço da bruxa e ela o encarou de cenho franzido, bem como todos os outros ali.
— Quem, senhor Malfoy? — madame Hooch questionou e sem uma palavra Draco encarou a prima diretamente. franziu o cenho e olhou em volta em busca de alguém, porém ela era a única ali que poderia ser uma opção. Pensou em protestar, mas o olhar do primo quase lhe suplicava para que ela deixasse de ser teimosa.
cogitou por um instante. Aquilo era uma péssima ideia. Não tinha nenhuma prática como apanhadora e com certeza perderia o pomo para Potter. Os alunos de sua casa a condenariam por aquilo com certeza. Porém os olhos de Draco em si lhe passavam confiança, como quem diz acreditar nela.
Exceto por Krum, Draco era o único a saber do sonho de e sempre o ouvia dizer o quanto achava que ela seria ótima por sua determinação. E sabendo que o primo acreditava nela, foi que ela bufou e revirou os olhos.
— Só pode ser brincadeira — e dizendo isso ela se virou e correu em direção a vassoura de Draco.
Em um rápido movimento ela estava em cima dela irrompendo pelo campo de quadribol junto a gritos empolgados dos alunos da sonserina. Encarando a arquibancada ela encontrou Krum comemorando, mas não foi nele que o olhar de repousou, foi em um homem esguio e pálido que a encarava com um sorriso orgulhoso nos lábios. Seu pai. A garota sorriu assim que o viu sibilar “você consegue, ” e aquilo fez crescer confiança em seu coração.
— Malfoy substitui Draco como a apanhadora da sonserina! — a voz de Lino Jordan irrompeu pelo campo fazendo novos urros de empolgação serem ouvidos e sorriu lateralmente.
Enquanto os jogadores se posicionavam gradativamente pelo campo de quadribol, olhou de soslaio para o time grifinório. Era nítido que todos demonstravam certo desconforto ao ver aquela troca, afinal, conheciam Draco e suas habilidades, mas tudo sobre a outra Malfoy era novo e aquilo não os agradava nem um pouco.
Em um movimento rápido, Flint repousou sua vassoura ao lado da garota e todo o resto do time fez o mesmo.
— Você sabe o que está fazendo, Malfoy? — Cassius Warrington, o artilheiro da sonserina, perguntou ríspido, mas se limitou apenas a rolar os olhos em resposta.
— Deixe-a Warrington — o capitão do time falou sem muito grato. O tom de sua voz transmitia desconfiança e por mais que toda a torcida estivesse empolgada com aquela troca, Flint ainda tinha dúvidas ela era realmente capaz, ele só não falaria aquilo a . — Precisamos de uma apanhadora de qualquer forma. — deu de ombros. — Se posicionem!
Todo o time sonserino, assim como o seu rival, ficaram de prontidão esperando o som do apito de Madame Hooch irromper o lugar. Aquilo podia ser apenas um amistoso, mas a rivalidade que havia entre aquelas duas casas fazia com que todo aquele jogo se tornasse algo muito mais sério.
Fred Wesley resmungou algo ao seu irmão e se ajeitou melhor em sua vassoura quando o apitou anunciou o recomeço do jogo, no alto flutuando com sua vassoura, Harry Potter só conseguia prestar atenção em uma coisa, e não era no pomo de ouro.
— A partida recomeçou com a sonserina na posse da goles. O artilheiro Cassius mergulhou com sua vassoura, escapando por pouco de um dos balaços arremessados pelos gêmeos Wesley, difícil dizer quem agora — Lino Jordan continuou narrando o jogo com excelência, não deixando nenhum movimento escapar de seus olhos. — está cada vez mais perto das baliz... ESPEREM AI. Katia Bell capturou a goles de Cassius, é isso mesmo.
A narração de Lino era algo extasiante, todos os torcedores seguiram com afinco todo o caminho percorrido pela artilheira Bell com Peregrin e Lucian ao seu encalço. observava toda a partida posicionada com a Nimbus 2001 de seu primo, o início do jogo a havia deixado com raiva e, do alto fixada em sua vassoura, lembrou de mais tarde acabar com Cassius por ter duvidado dela e ter feito uma artilharia ridícula daquelas.
— Os batedores da sonserina alcançaram Katia e, SEUS TRAPACEIROS DESGRAÇ — Lino resmungava antes ser repreendido pelo olhar de Minerva. — Desculpem — resmungou e voltou seus olhos para o jogo. — Pois bem, depois dessa falta clara... Madame Hooch deu lance livre à grifinória. — A essa altura a casa sonserina sibilava com raiva. — É a vez de Johson ter a posse da goles. Ela tem o caminho livre à sua frente, desviando com agilidade dos balaços e indo direto ao encontro com as balizas e… PONTO PARA GRIFINÓRIA!
Enquanto toda a grifinória comemorava, a torcida sonserina murmurava todos os tipos possíveis de xingamento e naquele instante os olhos de Cedrico Diggory pousaram-se sobre Malfoy. Mesmo a vendo de longe, tanto ele quanto Krum sabiam que a garota estava severamente irritada e toda aquela irritação certamente seria lançada em alguém mais tarde ou quem sabe não demoraria tanto assim. estava prestes a ir em direção a Cassius e lhe dizer poucas e boas quando seus olhos se fixaram em algo muito mais interessante.
— Bell está novamente com a posse da goles e… Flint bloqueou a garota em chei... Esperem aí, aquilo seria o pomo? — Jordan anunciava bem a tempo de todas as casas evidenciarem Malfoy e Potter saírem a disparada atrás da pequena bola dourada.
Quanto mais perto do pomo de ouro a Malfoy chegava, mais seu coração palpitava e Potter podia jurar que sentia o mesmo. Ele rasgava o vento montado em sua firebolt, mas não se dava por vencida e ia tão rápido quando o outro garoto.
Naquele momento, todas as casas estavam levantadas. A metade urrava o nome de Potter enquanto a outra metade se concentrava no grande borrão branco que era , evidenciando que a garota realmente era rápida e não brincava quando o negócio era quadribol. Fred nunca se sentiu tão arrependido por ter derrubado Draco. Tanto Potter quanto a Malfoy desviaram com agilidade dos balaços jogados pelos adversários e esplendidamente voavam chegando cada vez mais perto do pomo, que ao centro de ambos demonstrava que o único obstáculo que tinham era um ao outro.
— Potter e Malfoy estão muito próximos do pomo de ouro agora — Lino falava rápido tomado de ansiedade. Ele está bem no centro dos dois apanhadores. Potter está centímetros a frente, mas se recupera rápido, rápido até demais… OH NÃO! Se os dois continuarem assim, vão acabar se chocando.
não precisava entender o que Lino Jordan falava para saber o que estava prestes a acontecer, porém, ela não recuaria. O pomo parecia entender o que acontecia também, pois ainda permanecia parado ao centro dos dois jogadores. Se ela e Harry continuassem naquela velocidade, iriam acabar no chão, quebrados e sem o pomo de ouro para si.
Então, o pomo subiu rapidamente fazendo com que os dois pararem a centímetros um do outro, mas tão rápido quanto o pomo subiu, ele começou a descer e em um movimento certeiro, os dois mergulharam com suas vassouras logo atrás dele. Lado a lado, Harry e se entreolharam enquanto todos os outros estudantes e professores os observavam com os olhos arregalados tão ansiosos quanto os próprios apanhadores.
— Os batedores de ambas as casas tentam em vão despistar e Harry. Os dois estão muito próximos do pomo agora e... POR MERLIM! Malfoy literalmente se equilibra em pé em sua vassoura e está com o braço esticado para o pomo. Ela está tão próximo e… Potter e se chocam e estão vindo juntos direto ao chão…
Tudo havia sido muito rápido, o momento em que decidiu se colocar de pé na vassoura, a aproximação de Potter e o baque dos dois. Porém, em câmera lenta era que ela e Potter seguiam rumo ao chão. sentia a resistência do ar contra seu corpo, e a sensação do oxigênio deixando seus pulmões por conta do susto era quase desesperadora.
Em um baque seus corpos se chocaram contra o chão e rolaram juntos pelo terreno arenoso. sabia que havia se machucado apenas pelo barulho que alguns de seus ossos haviam feito e a dor que seu pé. O silêncio no campo se tornou quase ensurdecedor. Era possível ouvir o vento e os passo de Krum, Hermione, Cedrico e Ron descendo as escadas de suas respectivas arquibancadas. sentia o coração bater nos ouvidos e a adrenalina correr por suas veias. Abrindo os olhos ela encarou Potter, que estava ao seu lado já sentado.
Acompanhando o movimento do garoto, se sentou com os olhos de Potter sobre si como quem lhe pergunta o que houve. Ela sorriu esperta e levantando sua mão mostrou a quem quisesse ver a pequena bola dourada que segurava.
— ABRA MALFOY CAPTUROU O POMO DE OURO! Sonserina é a vendedora! — Jordan falava rapidamente enquanto toda a sonserina urrava de alegria.
comemorava rindo ainda sobre o chão, Potter desviou seu olhar de seu braço dolorido para a garota que ria. O que ela havia feito foi incrível e por mais que ele tenha perdido, por um minuto a frase “se apaixonar por uma sonserina” passou pela sua cabeça.
— Você está bem? — questionou o rapaz, que balançou a cabeça espantando os pensamentos para longe de si.
— Sim, apenas um braço machucado. — Potter sorriu com simpatia e fez o mesmo, enquanto se colocava de pé. Harry estava prestes a se levantar e parabenizar a colega, mas tão rápido quanto aquela vontade veio, ela se foi quando Potter notou a garota se jogar aos braços de Krum.
Viktor girava a garota com alegria antes de toda a casa sonserina irromper a quadra e vir a urros de alegria comemorar junto garota. Na arquibancada, Cedrico Diggory estava parado ao pé do último degrau, com os olhos focados em Krum com em seus braços e naquele momento Diggory descobriu, pela primeira vez, como era sensação de sentir ciúmes de alguém.
Capítulo VI — A seleção dos campeões
Após o jogo e muitas comemorações por parte da sonserina para a apanhadora, a noite recaiu sobre Hogwarts. estava em seu dormitório se preparando para o jantar daquela noite, que para muitos alunos seria algo especial, porém para ela era apenas uma perda de tempo. Eles não se davam conta que estavam comemorando possíveis mortes? Para ela aquilo não fazia sentido, e não participaria do jantar se pudesse, porém não podia.
Sozinha no dormitório, enquanto arrumava os longos cabelos, ela encarava o pedaço de pergaminho com o nome já conhecido em todo o mundo bruxo. Harry Potter. Respirando fundo ela deixou de lado sua escova de cabelos e pegou o pedaço de pergaminho mal cortado o colocando no bolso de suas vestes e seguiu a passos acelerados para fora do dormitório.
Quando alcançou o salão comunal de sua casa baixou o olhar evitando o contado visual para que não fosse parada. Por conta do ocorrido daquela tarde, recebia alguns cumprimentos esporádicos em seu caminho, porém entregava apenas alguns acenos de cabeça como resposta.
Assim que alcançou a saída do salão comunal, encontrou Draco. Ele estava sozinho e parecia apressado para algo, tanto quanto sua prima.
— Onde vai? — ele questionou franzindo o cenho.
— Encontrar Dumbledore — informou de maneira ríspida.
— Ah, , o que você fez dessa vez? — Draco estava preocupado de modo que sequer deu atenção a rispidez da prima.
— Nada, não fiz nada, Dumbledore apenas quer falar comigo. Deve ser sobre o jogo. — Ela deu de ombros — Preciso ir, ainda tenho que me apresentar ao jantar — e dizendo isso ela se afastou, respirando fundo assim que deu as costas a Draco.
Os passos tornaram a se apressar e enquanto fazia o seu caminho até o saguão onde o cálice se encontrava, sua mente girava.
Flashback on
Era noite no pequeno povoado de Little Hangleton, ainda conseguia sentir o ar fúnebre que a sala havia tomado após a morte de Franco. Rabicho havia ficado encarregado de dar fim ao corpo do trouxa, enquanto se mantinha com Nagini e o lorde da trevas na sala.
Nagini estava entrelaçada ao pescoço de , enquanto de modo contido ela acariciava o cabeça gelada da cobra.
— Milorde, mas eu ainda não entendo, o que o senhor quer que faça naquela escola? — a garota questionou de maneira despretensiosa.
— Você precisa colocar o nome de Harry Potter dentro do cálice de fogo, criança. — Ela franziu o cenho.
— Mas milorde, por que não Bartô? — Havia um questão que a constante audácia de lhe fazia esquecer: Voldemort não dava explicações. Suas ordens, eram suas ordens, e deviam ser seguidas sem serem questionadas.
— Nagini — e com o simples chamado do nome da cobra, ela apertou seu aperto em volta do pescoço de assustando a garota, que segurou o corpo dela em uma tentativa de desfazer o aperto. — Criança, não se esqueça de quem eu sou. Sou seu lorde e não devo ser questionado como se fosse algum tipo de sangue ruim digno de dúvidas ou questionamentos por ser incapaz. — A garota assentiu assustada. — Espero que não precise tornar a te lembrar isso, criança. — novamente assentiu. Seus sentidos já ficavam confusos, a visão escurecia e o ar lhe faltava, ao mesmo tempo que sua força se esvaía. — Deixe-a, Nagini — e então o aperto da cobra afrouxou fazendo cair no chão com as mãos no pescoço.
Sabia que nem Voldemort, nem Nagini eram algo como sua família ou seus amigos, porém sempre se impressionava com a capacidade do milorde de lhe punir e a de Nagini de obedecer suas ordens sem sequer pestanejar. Ela se colocou de pé, mesmo com dificuldade. A fraqueza não lhe era uma opção.
— Milorde, mas não acha que o velho irá fazer algo para impedir que alunos mais novos coloquem seus nomes no cálice? — questionou com um pouco de receio em seu tom. Por mais que fingisse que não, tinha certo medo das punições de Voldemort, porque nada estava fora dos limites para o Lorde das trevas.
— Ele irá. Porém, criança, eu conheço mais feitiços do que Dumbledore jamais sonhou — a arrogância sempre presente continuava ali. —, não se preocupe. Eu já tenho tudo planejado — e com aquilo, decidiu que era hora de cessar suas perguntas.
Flashback off
Ela alcançou o saguão de maneira rápida e logo o cálice brilhava a sua frente. O objeto reluzia em tons claros de azul, e precisou admitir para si mesma que era de fato um belo artefato, mas o objetivo dele era o que não lhe fazia sentido. Se aproximou com cautela da linha etária e sentiu o coração acelerar.
Se fosse pega teria que explicar o porquê de estar ali com o nome de Potter escrito em um pergaminho em seu bolso e tinha certeza que não inventaria uma mentira boa suficiente para convencer Dumbledore, mesmo que soubesse que seu pai provavelmente daria jeito naquilo.
Os passos eram lentos e quase incertos, a respiração era funda e falhada, o coração batia descompassado e desse modo foi que seguiu até estar a um passo da linha. Puxando um último bocado de ar foi que ela a atravessou. Olhou ao redor em busca de algum tipo de perigo, mas não o viu. Colocou o pergaminho dentro do cálice e o viu queimar de um modo quase hipnótico.
Em passos cautelosos ela se afastou esperando que algo acontecesse, porém nada aconteceu e, por conta disso, ela se retirou dali o mais depressa que conseguiu.
Quando chegou às escadas próximas ao salão principal os alunos desciam para o jantar, e junto a um grupo da sonserina ela seguiu até a mesa de sua casa, onde Draco e Krum já estavam sentados. Passou os olhos pelo salão em busca de Diggory, porém não o encontrou.
— Malfoy. — Ouviu a voz característica de Potter atrás de si e seu corpo gelou. Ela demorou a se virar e quando o fez viu uma expressão quase neutra no rosto de Harry.
— Potter. — Apesar de estar nervosa, a voz saiu firme. Ela viu um pequeno sorriso tímido surgir no rosto de Potter.
— Parabéns pelo jogo de hoje — Harry cumprimentou e franziu o cenho. — Foi muito corajosa em subir na vassoura daquele modo, ainda mais por ser a primeira vez que jogou como apanhadora. — permaneceu de cenho franzido.
— Como sabe que foi a primeira vez? — e com essa pergunta, viu as bochechas de Harry tomarem tons de rosa.
— Hum… Bem… Fred foi quem me disse que você era artilheira em Durmstrang — ele comentou simples e sorriu de canto.
— É muito bom saber que sou assunto na sala comunal da Grifinória — ela soltou em um tom de brincadeira que por um momento deixou Harry em dúvida, mas depois o fez rir.
— Certo, Malfoy. Certo — ele assentiu e prendeu uma risada.
— Obrigada, Potter. Você também jogou muito bem. — Harry sorriu e por um momento eles se encaram.
Os olhos de Harry eram de um verde que não se lembrava de ter visto em toda sua vida, os cabelos longos faziam alguns fios caírem seus olhos e pelo vão de um fio e outro ela notou a tão conhecida cicatriz em formato de raio.
Harry por sua vez olhou fundo nos olhos negros de . Ele quase não conseguia notar suas pupilas, e realmente seus olhos eram semelhantes aos de Snape, porém havia um brilho nos olhos de que não existia nos olhos do pai. Se perguntou por um momento como deveria ter sido a mãe de . Será que ela se parecia com Katrina?
— Harry, ai está você. — Hermione surgiu ao lado de Harry e só então encarou — Ah, desculpe, eu não queria interromper. Oi — ela cumprimentou do modo mais gentil que conseguia e foi suficiente.
— Granger. — sorriu. — E está tudo bem, eu já estava indo para a minha mesa. Se me dão licença. — Ela acenou com a cabeça recebendo acenos de volta enquanto se retirava.
Viu Draco a encarar com o cenho franzido e assim se manteve até que ela e sentasse ao seu lado. Krum se sentava na ponta da mesa, cercado por alunos que estavam interessados em conversar com ele sobre qualquer que fosse o assunto, e apesar de haver um lugar vago ao seu lado, seguiu para perto do primo. Não estava disposta a lutar pela atenção de Viktor.
— Por que Potter estava falando com você? — Draco questionou em tom de clara insatisfação.
— Apenas queria me desejar os parabéns pelo jogo. Não cause uma confusão por isso, priminho. — Ela pegou um pão a sua frente e o mordeu. — Como está o braço? — ela questionou e Draco franziu o cenho.
— O que? — questionou confuso e quando franziu o cenho ele notou do que ela falava — Ah sim, muito melhor. Muito melhor. — Draco era um péssimo mentiroso, porque sempre esquecia das mentiras que havia contado e sabia daquilo, e sabendo daquilo ela abriu a boca.
— Você fingiu que havia se machucado? — ela questionou baixo e Draco se virou para frente — Por que fez isso? — ela tornou a questionar e Draco fingiu sequer ouvir.
— Não sei do que está falando, — ele soltou com um riso preso no canto da boca.
Fato era que Draco sabia da vontade da prima de ser apanhadora, e aquele jogo lhe pareceu um momento propício. Fred o acertou de fato, mas não com força suficiente para que caísse da vassoura, e quando Draco viu aquela lhe pareceu uma boa oportunidade de ver a prima jogar na posição tão sonhada por ela.
Antes que pudesse contestar sentiu um corpo tomar o assento ao seu lado e se virou encontrando Krum.
— Como está senhorita apanhadora? — questionou e sorriu fraco.
— Bem, e você senhor atração principal entre as garotas? — ela arqueou uma sobrancelha e Krum sorriu de canto. Um sorriso que tirava o fôlego de muitas garotas.
— Ciúmes não fazem o seu tipo, Eileen. — Ela revirou os olhos.
— Mais respeito, Krum. Mais respeito. — Ele riu negando com a cabeça e mantendo seu olhar sobre .
O jantar teve seu início e todos na mesa conversavam sobre frivolidades. Por todo o lugar as pessoas conversavam, e durante uma pausa em sua conversa os olhos de seguiram para a mesa da Lufa-lufa e encontraram Cedrico conversava com Zacarias Smith enquanto ria. não havia falado com o rapaz desde quando se viram no saguão principal.
Como se sentisse o olhar de sobre si, Cedrico virou seu olhar na direção da garota e paralisou por um momento ao nota-lá encarando-o. Geralmente, quem fazia aquilo era ele, e ter com seus olhos negros sobre ele, juntamente a um sorriso nos lábios fez seu estômago girar.
Porém, depois de um momento os olhos dele focaram em Krum e o estômago afundou o fazendo se virar para a garota ao seu lado em busca de assunto, sem sequer sorrir de volta para .
A garota não teve tempo de processar a reação de Cedrico pois o silêncio reinou no salão ao mesmo tempo que Dumbledore se erguia em seu lugar.
— Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir — a voz de Dumbledore soou por todo o lugar — Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado, onde receberão as primeiras instruções. — Dumbledore indicou a porta atrás da mesa dos professores.
Com um gesto em sua varinha, todas as velas se apagaram, exceto as que estavam acesas dentro das abóboras cortadas, deixando o salão principal em uma penumbra. Naquela luz o cálice — que a pouco havia sido trazido — brilhava ainda mais intenso em sua luz azulada, o que quase fazia os olhos de doerem.
No salão, todos os alunos pareciam ansiosos pelo momento em que algo aconteceria. estava apenas ansiosa por não ser descoberta.
Krum estava animado ao lado de , porém sabia o quanto a garota detestava aquilo e por isso se continha.
As chamas do cálice tomaram tons avermelhados e naquele momento um pedaço de pergaminho foi expelido pelo objeto fazendo todos os alunos prenderem suas respirações.
— O campeão de Durmstrang... — Dumbledore anunciou alto. Fez-se suspense — Será nada mais, nada menos que Viktor Krum! — e com isso os alunos de todo o lugar gritaram, inclusive Krum.
O rapaz soltou um urro em animação e se virou para vendo a garota o encarar, algo entre o medo por ele ser o campeão, e o contágio por sua animação. Krum não soube dizer, porém sua reação seguinte foi inesperada tanto para ele quanto para .
Suas mãos grandes seguraram o rosto delicado de e ele a puxou de modo rápido e gentil para si. Os lábios dos dois se tocaram com de olhos abertos e assustados, em choque processando o que acontecia e então por um momento, ela apenas pensou em como entendia a razão para as garotas quererem beijá-lo. Seus lábios eram macios, muito macios, de um modo que ela não esperava que fossem para alguém como Krum. O toque dele lhe causou um breve arrepio e quando ele se afastou alguns segundos depois, ele sorriu para ela mordendo seu próprio lábio e então se levantou.
ficou parada ali e sentiu suas bochechas queimarem quando Krum se foi e ela sentiu os olhares divididos entre ela e Krum caminhando para a câmara onde Dumbledore havia o mandado ir. Ela se virou para frente, sem jeito, e no mesmo instante seus olhos procuraram Diggory. O maxilar do garoto estava travado e ele estava vermelho como , porém diferente de , Cedrico tinha sua vermelhidão por conta do ciúmes. Havia visto o beijo, e preferia não tê-lo feito.
resolveu permanecer em seu local, quieta. Evitando o máximo contato visual com seu pai e até mesmo Draco, que ela sabia que se encontrava tão em choque quanto ela.
O cálice tornou a expelir um novo pedaço de pergaminho que novamente Dumbledore capturou no ar. Ele encarou o papel e por cima das lentes de meia lua encarou os alunos.
— O campeão de Beauxbatons é... Fleur Delacour! — Dumbledore soou retumbante.
Fleur se colocou de pé com graciosidade, enquanto duas garotas de sua escola começavam um choro sofrido por não serem as escolhidas. Sem muita enrolação ela adentrou a sala onde Krum a pouco havia entrado.
Novamente o cálice jogou um pedaço de pergaminho para fora e dessa vez, com um sorriso quase imperceptível Dumbledore encarou o papel. teve um mau presságio e seus olhos tornaram a encontrar os de Cedrico.
— O campeão de Hogwarts é... Cedrico Diggory — e aquelas palavras fizeram o coração de palpitar.
Ela e Cedrico se encaravam fixamente e ela negou com a cabeça sussurrando um “não”. Cedrico riu, desacreditado e se levantou seguindo para o local onde Fleur e Viktor havia ido momentos antes.
sentia o coração pesando no peito e o ar lhe faltou por um momento. O que estava acontecendo afinal?
— , está tudo bem? — Draco questionou tocando o braço de e ela se virou o encarando.
— Sim. Está. — Draco sabia que havia algo errado, mas não queria demonstrar. Então quando ela colocou sua mão no banco, longe do campo de visão dos outros, Draco tocou a mão de , a segurando. A garota o encarou logo após olharem suas mãos e apesar de Draco manter uma expressão neutra, ela sabia o que ele queria dizer. Estava ali para ela.
não entendia, era para Potter ser o escolhido, não Cedrico, o que estava acontecendo afinal?
– Excelente! – exclamou Dumbledore quando todos os alunos finalmente fizeram silêncio. – Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem. Torcendo pelo seus campeões, vocês contribuirão de maneira muito real…
No meio de sua frase o diretor de Hogwarts foi interrompido. O cálice de fogo voltava a tomar tons avermelhados intensos. Muito mais intensos do que momentos antes. Ele soltava faíscas de maneira intensa o que fez Dumbledore colocar suas mãos em frente aos olhos. Em novas chamas o cálice de fogo fez rodopiar pelos ares um pedaço de pergaminho.
Em um ato quase que automático, Dumbledore levantou sua mão pegando o papel e o colocou à frente dos olhos para que pudesse vê-lo melhor. Os olhos se arregalaram ao nome que leu, e se virou de uma vez encarando os alunos. Houve uma pausa longa enquanto os olhos do velho buscavam um rosto em específico em meio a multidão.
— Harry Potter! — e ao gritar aquele nome, todos fizeram silêncio e os olhares no salão se voltaram para apenas um garoto. Exceto por , que encarava a porta da câmara, com seus pensamentos indo de Krum para Cedrico.
Os alunos foram dispensados para seus dormitórios. Porém ficou escondida em uma das estátuas esperando.
Após o nome de Potter ser chamado ele foi levado para a câmara às pressas e os demais alunos foram dispensados. O modo assustado como eles fizeram aquilo entregava a que Potter estava encrencado e ela quase sentiu pena.
Muitos minutos haviam se passado quando as portas do salão se abriram e de lá Krum e Fleur saíram acompanhados de seus diretores. se manteve escondida. Por hora havia decidido fugir de Krum. Primeiro queria entender o que exatamente havia acontecido consigo depois daquele beijo. Eles subiram as escadas e minutos depois saindo do salão estavam Harry e DIggory sozinhos. Eles caminhavam em silêncio lado a lado e foi então que se apressou a alcançá-los.
— Cedrico — o chamou e viu o rapaz se virar juntamente a Harry. — Podemos conversar? — pediu e Cedrico a encarou por alguns momentos pedindo licença a Potter, que acenou subindo sozinho as escadas e os deixando ali.
— O que quer, ? — questionou de modo rispido e estranhou.
— Saber como você está — informou e ele respirou fundo.
— Bem. Já não deveria estar em seu quarto? — respondeu simplesmente. queria entender por qual razão ele estava daquele modo, porém não entendia.
— O que está acontecendo? Por que está estranho? — perguntou, Cedrico desviou o olhar dela.
— Eu estou igual, Malfoy. — bufou.
— Não, não está, você não me chama de Malfoy a não ser que seja por brincadeira. E está cheio de olhares estranhos e risadas irônicas. — Ela respirou fundo novamente. — Eu estou preocupada com você nesse torneio. Não era para você estar nele — e com aquela frase Cedrico a encarou desacreditado. Aquilo pareceu o estopim para aquilo que lhe borbulhava o peito.
— Por que? Por que não sou bom para competir com seu namorado? — ele questionou desgosto ao citar a última palavra. — Já sou bem grandinho e sei me cuidar. Sou muito melhor que seu querido Krum, se é que quer saber, e muito pelo contrário do que pensa, sou capaz de ganhar esse torneio — soltou de uma vez e franziu o cenho.
— Do que está falando? Eu não duvido da sua capacidade, Diggory. Nem contra Krum, nem contra ninguém. Eu acredito na sua capacidade, mas não quero que se machuque. Por que está insinuando isso? — a declaração de fez Cedrico vacilar por um momento, e ela só precisou daquilo para entender o porquê do desdém em sua voz ao falar de Viktor. — Está com ciúmes, Ced? — ela não zombava, apenas tentava entender o que estava acontecendo.
— O quê? — a voz do rapaz estava vacilante e por um momento quis sorrir. — Está maluca, . É isso que está. Só não gosto que duvidem de mim por seus favoritos. — revirou os olhos bufando.
— Não sei da onde tirou isso — retrucou.
— Talvez da sua cara depois que o Krum a beijou — antes que pudesse conter as palavras elas saíram fazendo arquear uma sobrancelha para Diggory.
— Não sabia que fazia o tipo ciumento, Ced — ela provocou tentando amenizar aquela briga sem sentido, mas apenas pareceu deixá-lo ainda mais nervoso. As bochechas tomavam tons rosados e ele apenas respirou fundo.
— Ótimo, haja como uma criança. Eu estou indo para o meu dormitório, você sabe onde é o seu e caso não saiba pode chamar o Krum para te ajudar a encontrar o caminho. Afinal, desde que ele chegou, as atenções são todas dele — ele não falava das atenções gerais, ele fala da atenção de , porém naquele momento o que ela entendeu era que Cedrico estava falando de todas as garotas da escola.
Enquanto ele subia as escadas ficava ali parada, o sangue fervendo em pura raiva e o coração lhe apresentando um novo sentimento que ela jamais admitirá sentir.
Naquele momento, parada a escada, Eileen Malfoy era invadida pela primeira vez em toda a sua vida por ciúmes. Ciúmes de Cedrico Diggory.
Capítulo VII - Confusão entre Dragões e coração
Quando acordou naquela manhã, levou alguns segundos para lembrar de todas das coisas que antecederam aquele dia e quando as lembranças finalmente encontraram sua cabeça, corou. A Malfoy não sabia que uma pessoa podia se sentir tão preocupada e envergonhada quanto ela estava naquele momento, afinal, seu melhor amigo havia beijado-a e o pior de tudo era que ela havia retribuído.
olhou para o lado e encontrou as camas de Pansy e Daphne vazias como o de costume, então se levantou, trocou de roupa e tratou de ir tomar café. Quando estava prestes a entrar no salão principal, contudo, foi surpreendida por uma enxurrada de aplausos, mas nenhum deles eram para ela. se escorou sobre a grande porta de madeira e observou cada passo de Potter, ele realmente estava sendo enaltecido por seus colegas de casa, como se ele fosse espécie de herói.
— Coitados, se soubessem da verdade — murmurou ríspida.
— Que verdade? — franziu o cenho ao notar a voz do primo ao seu lado. Draco sabia ser sorrateiro quando queria, ela deveria admitir.
— Não é da sua conta — respondeu virando-se de frente para o primo.
— Quem sabe seja do Krum, não é mesmo? — a simples menção do sobrenome do amigo fez corar. Ela ainda não havia o visto desde o beijo e era claro que não sabia como deveria reagir quando o visse. Draco sorriu com a reação da prima. — Vamos lá, . Parece que seu casinho está te esperando em nossa mesa.
olhou de relance para a mesa da sua casa e encontrou Krum distraído ao lado de Crabble e Goyle. Sentiu seu corpo arrepiar, ela precisava dar o fora dali, sem dúvidas. rapidamente voltou seu olhar para o primo.
— Ciúmes não combina com você, priminho. — Draco notou certo vacilo na resposta da prima, já que ela evitava contato visual e ele sabia que ela raramente fazia aquilo. Não precisava ser um gênio para entender que estava nervosa. Draco viu-a morder o lábio inferior e a xingou mentalmente por fazer aquilo, ele sempre estremecia quando ela fazia aquele gesto e Draco a odiava por as vezes fazê-lo se sentir tão afetado em sua presença. O Malfoy respirou fundo e ao voltar seu olhar novamente para a prima, notou ela girar nos calcanhares dar meia volta daquele lugar, dando completamente as costas para ele.
— Pra onde você vai, sua maluca? — perguntou indo atrás. se virou rapidamente para ele.
— Vou encontrar Hagrid — disse ao continuar andando. Draco permaneceu em seu lugar sem entender — como o de costume — de como a prima vivia cercada de péssimas companhias e em um piscar de olhos, o garoto pode observar as mechas brancas do cabelo de se distanciando cada vez mais dele. O Malfoy resmungou voltando a passos firmes para o salão principal. Quando chegou em sua mesa, os olhos de Krum pousaram-se sobre ele surpreso.
— Onde Eileen se meteu?
Era domingo, quase a véspera dos jogos do torneio tribruxo e enquanto andava de volta para o castelo, pensou se em algum momento as coisas iriam melhorar de uma vez. Nos últimos dias, ela havia se sentindo mais cansada que nunca e não era como se sua missão fosse algo difícil, mesmo assim, já fazia algum tempo que a Malfoy se sentia indisposta e acabava pegando no sono tão fácil quanto se esquecia de como havia chego até ali. Pensar no que deveria falar com Krum também não estava ajudando, por isso que a garota estava-o evitando a dias e suas visitas a cabana de Hagrid se resumiam em biscoitos duros, chás quentinhos e discussões longas da parte da menina do porquê ela e Krum não deveriam ficar juntos. No fim das contas, Hagrid era um ótimo ouvinte.
Quando estava próxima a porta de entrada do castelo, sentiu que alguém a observava e então sua mão automaticamente foi parar em suas vestes a procura de sua varinha. sacou-a e virou rapidamente para um pilar ao seu lado.
— Quem está aí? — perguntou preparada para usar sua varinha.
A Malfoy, ouviu um respirar assustado e de repente um garoto loiro, magricela com vestes da grifinória e uma câmera saiu de trás do pilar. Seus olhos estavam arregalados e franziu o cenho.
— Você podia ter se machucado, sabia? — murmurou guardando a varinha. — Por que está me seguindo?
— An, tudo bem, ? Sou… Colin Creevey — disse o menino sem fôlego. — Não estava seguindo. Bem, não de propósito. Só que me pediram para tirar uma foto sua. — Ergueu a máquina esperançoso. — Para o profeta, sabe? — acrescentou.
— Garoto, você está aí! — uma voz feminina irrompeu o lugar, e Colin rapidamente viraram para trás. olhou para o garoto e percebeu que ele a olhava um pouco sem graça antes de voltar seu olhar para a mulher que vinha em sua direção. fez o mesmo. Seus cabelos estavam arrumados em cachos caprichosos e curiosamente rígidos que contrastavam estranhamente com seu rosto e queixo volumoso e ela também usava óculos com aros de pedrinhas. A desconhecida parou em frente a Colin. — Conseguiu a foto?
A Malfoy cruzou os braços sem muita paciência para entender o que estava acontecendo ali, a voz da mulher falando com o outro garoto a irritava e azarou mentalmente quando a mulher se virou para ela a fim de se apresentar.
— Ah, senhorita Eileen Malfoy! — segurou a mão da garota e começou a balançá-la freneticamente. não estava gostando nem um pouco daquilo e se segurava para não fazer nada que estragasse seus planos. — Sou Rita Skeeter, repórter do Profeta Diário — acrescentou ainda de mãos dadas. — Estou escrevendo um pequeno artigo sobre o torneio. Já entrevistei alguns dos campeões e seria muito interessante entrevistar a amiga íntima de Krum. — corou. O que aquela mulher estava falando?
— Ei, deixa-a em paz! — Os três se viraram para trás dando de cara com Potter vindo de passos largos em sua direção e para o espanto de , ele não parecia estar “feliz” como o de costume. — Já vou avisando, a Malfoy não irá cair no seu joguinho sujo de distorcer as palavras como fez comigo — resmungou e pela primeira vez, percebeu o movimentar de uma pena enfeitiçada sobre um pergaminho ao lado de Skeeter. — Portanto, deixa em paz!
Tão rápido quanto Potter falou aquilo, ele segurou a mão de e a puxou fortemente, a carregando a passos largos para longe da repórter. Será que ele estava ficando maluco? pensou, mas se suas opções eram seguir Potter ou continuar com a dupla tagarela, ela preferia andar com Harry. Já de longe, os dois puderam ouvir Skeeter resmungar com Colin.
— Tire, tire agora! — Ouviram antes dos dois começarem a correr para fugir dos cliques.
Não demorou muito para os dois ficarem sem fôlego e quando estavam próximo ao corujal pararam simultaneamente, segurando os joelhos e respirando fundo. Não sabiam quanto tempo tinham corrido, mas perceberam que haviam conseguido escapar da repórter maluca. O sentimento da dupla era conflitante e por um breve momento, nenhum dos dois pronunciou sequer uma palavra, ignoravam todos os olhares de alguns colegas curiosos sobre si e depois de uma breve enchida de ar no pulsões, Potter se virou para encarar quem estava ao seu lado.
— Quanto suco de abóbora você bebeu hoje, Potter? — sussurrou encarando Harry perto o suficiente para que ele sentisse seu corpo inteiro ruborizar.
— Como é que é? — Potter tentou encarar a Malfoy.
— Ah, qual é Harry — cruzou os braços. —, você só pode estar passando mal pra querer me ajudar.
— Bem…
Harry virou a cabeça em direção à loira e tentou achar uma resposta coerente para dar a ela.
— Na verdade, eu só achei que você não merecia se encrencar por causa daquela mulher.
A garota arregalou os olhos, mantendo um olhar surpreso sobre ele.
— Pensei que não gostasse de mim, Potter. — Mordeu o lábio e percebeu Harry novamente ruborizar. riu, ele conseguia se constranger mais facilmente do que Draco. — Bem, já que estamos aqui aproveitarei para visitar .
deu de ombros e começou a se distanciar indo em direção à torre do corujal. Harry resmungou alguma coisa que não soube identificar e seguiu ao seu encalço. acelerou os passos, tentando se distanciar do garoto e rapidamente adentrou no corujal. Harry continuou avançando sem dar muita importância no que a garota pensava, afinal, ele também iria ver Edwiges, já que esse era seu propósito inicial antes mesmo de ter que “salvar” a Malfoy, mas quando subiu as escadas do corujal, se surpreendeu ao encontrar garota na companhia de duas corujas.
— Edwiges? — Harry observou sua coruja apoiada sobre o ombro direito da Malfoy, ela fazia carinho em suas penas. Do lado esquerdo, encontrava-se uma coruja muito parecida com Edwiges, porém, no lugar da sua penugem branca, aquela era coberta de penas pretas.
— Ela é sua? — a garota perguntou e Harry afirmou com a cabeça, deu de ombros e continuou a acariciar e Edwiges. — Atrapalhado, lerdo e um tanto quanto burro. Você está em boas mãos, Edwiges.
As duas corujas piavam como se concordassem e tornou a rir.
— Golpe sujo, Malfoy. — o garoto respondeu. — Como conseguiu se aproximar dela?
— Eu não tenho nada a ver com isso — respondeu dando impulso com os ombros para que as duas corujas voassem. — Sua coruja gorducha que é interesseira, ela gosta dos biscoitos que trago escondido para .
— Então essa é sua? — perguntou Harry. As duas corujas que antes estavam com , voaram em direção a ele, Harry levantou os braços para as que duas pousassem. Edwiges acariciou seu rosto no dono enquanto a coruja de permanecia com os olhos amarelos vidrados em Harry.
— , e se você quer… — tentou advertir Potter tarde demais. Sua coruja já havia bicado-o. rolou os olhos e assobiou para , que rapidamente bateu asas e foi em direção ao seu ninho. — Desculpe por isso, ela foi ensinada de uma forma um tanto quanto peculiar.
— Não se preocupe. — Harry levou seu dedo até a boca e se aproximou.
— Obrigada por antes — murmurou. — Boa sorte com os jogos.
deu as costas para o colega que a viu se distar pouco a pouco em direção ao castelo. E mais uma vez ele havia se surpreendido com a Malfoy.
— Então você anda me traindo, não é Edwiges? — a coruja piou para Harry. — É, eu também gosto dela.
Eileen Malfoy, prima de Draco Lucius Malfoy e namorada Viktor Krum (o campeão da escola Durmstrang no torneio Tribuxo) é uma mocinha um tanto quanto sorrateira. Após minha primeira tentativa de entrevistá-la , para saber como estava apoiando o namorado, presenciei a Malfoy fugir sorrateiramente com ninguém menos que Harry Thiago Potter ( outro campeão do torneio tribruxo).
Depois desse episódio, muitas especulações surgiram, inclusive sobre os dois colegas terem algo a esconder... Quem sabe Viktor Krum não seja o campeão favorito de . Bem, mas quem pode culpá-la, não é mesmo? Qualquer garota ficaria dividida entre o famoso Potter e o querido Krum.
querida, estamos ansiosos para as cenas dos próximos capítulos…
— Por Merlim! Como permitem que uma mulher dessas ainda trabalhe? — respirou fundo e rasgou O Profeta Diário em pedacinhos. Quando a garota acordou na manhã de terça-feira — a manhã do início dos jogos -, pensou que sua única incomodação seria sua dupla na aula de poções.
O problema é que agora ela estava ali, sentada na arquibancada de sua casa rodeada de seus colegas, que observavam em silêncio não ousando falar qualquer coisa sobre o artigo de Rita Skeeter. Parte porque sabiam da índole da repórter e parte porque estavam com medo da reação da garota.
bufou novamente, arrancando outra cópia do jornal que seu primo segurava e resmungou ajeitando as vestes. Draco arqueou a sobrancelha. O que aquela louca faria?
— Vou achar essa Skeeter. Me de licença. — Ela olhou para a barraca que abrigava os campeões e desceu as escadas da arquibancada, passando como um furacão pelos outros espectadores.
Draco arregalou os olhos, se engasgando com o ar. Era só o que faltava. Pensou em impedi-la, mas ele conhecia a prima e sabia que não a conseguiria fazer mudar de ideia. Dos Malfoy, a prima certamente era a mais cabeça dura. Então ele rolou os olhos e respirou fundo pensando seriamente em contar aquilo para seu pai, talvez assim Lúcio pudesse impedir que a garota tomasse mais decisões como aquela. Draco sabia que a prima sempre considerava o que o Malfoy mais velho falava.
já estava próximo da barraca dos campeões quando notou a presença da professora Mcgonagall, ela saia da local. A Malfoy então se moveu rapidamente e se escondeu em um dos pilares que sustentavam a barraca, se Mcgonagall a visse, ela certamente a impediria de acertar as contas com Skeeter. esperou escondida por alguns segundos até que Minerva estivesse longe o suficiente para que ela pudesse sair daquele lugar e quando finalmente o fez, deu de cara com Granger.
— Você? — falaram em uníssono. cruzou os braços e Hermione franziu o cenho observando a Malfoy dos pés a cabeça. — O que você está fazendo o aqui? — o som saiu em conjunto novamente e as duas rolaram os olhos. — Eu? Você! — apontaram.
— Você veio ver o Krum? — Hermione perguntou quebrando a uníssono das duas. piscou algumas vezes, antes de se dar por nota no que Granger dizia. O artigo de Skeeter a havia deixado suficientemente cega ao ponto de esquecer completamente de Krum.
— Não exatamente — respondeu, se escorando em uma árvore. Krum já deveria estar na barraca e a Malfoy sabia, mas apesar de ainda não ter respostas para o que havia acontecido entre eles, ela sabia que não podia ignorá-lo para sempre. As garotas ouviram uma movimentação do lado de dentro da barraca e ficaram atentas. — Vá em frente.
Granger olhou para Malfoy rapidamente e se voltou para a barraca em busca de seu colega. observava atenta, esperaria até a repórter aparecer.
— Psiu. Harry, é você? — Hermione sussurrou com certo nervosismo na voz. rolou os olhos, só o que faltava era ter que ouvir aqueles dois resmungarem. Patético, pensou.
— Sim? — a voz inconfundível de Potter irrompeu.
— Como está se sentindo? Está bem? — perguntou entre soluços. — A chave é se concentrar Harry. Depois disso, é só…
— Lutar contra um dragão — Harry completou a frase, no mesmo instante em que Hermione atravessou a abertura da barraca, abraçando o garoto em seguida.
— Ah, o amor juvenil — a voz de Rita Skeeter irrompeu o lugar. Harry e Hermione separaram-se na hora e aproveitando a deixa, entrou na barraca. — E temos mais uma, que comovente! Talvez vocês saiam na primeira página — Skeeter dizia empolgada quando avançou até ela, parando apenas quando observou Krum.
— Não tem nada para fazer aqui — Krum respondeu a Skeeter, antes de cravar seus olhos em , que também não tirava os olhos dele. — Essa barraca é para campeões. E amigos.
— Você o ouviu — sibilou e Krum veio até seu lado. O garoto estranhou a postura da amiga e então pousou seus olhos sobre as vestes de , notando que ela segurava sua varinha. A velha e explosiva . Krum levou sua mão direita próxima a dela e a segurou levemente. A Malfoy olhou para o búlgaro e ele retribuiu o olhar para ela, entendeu perfeitamente o que ele aquele gesto dizia. — Vá embora, antes que eu resolva dar o troco pela matéria suja de antes.
— Não importa — Skeeter respondeu se virando para seu fotógrafo. — Já conseguimos o que queríamos.
Tão sorrateiramente quanto entrou na barraca dos campeões, Skeeter saiu e, graças a Krum, não fez nada a respeito disso. Certas pessoas despertavam o lado sensato garota e sem dúvidas, Krum era uma delas.
— Obrigada — sussurrou, levantando seu olhar até o búlgaro. Krum se virou, permitindo que os dois ficassem frente a frente pela primeira vez em muito tempo, a Malfoy sentiu que todo o peso que havia sentido a dias sumir de seu corpo naquele momento. Ela era uma verdadeira estúpida se achava que ignorá-lo para sempre seria a melhor forma de encarar os fatos. — Krum…
— Eu sei que há algumas coisas sobre as quais precisamos falar. — Viktor sorriu, passando gentilmente as costas de sua mão no rosto da Malfoy. fechou os olhos, permitindo-se sentir cada parte do toque de Viktor. — Podemos conversar antes do jantar. Só me deixe abraçá-la mais um pouco agora. — concordou com a cabeça e Krum depositou um beijo em sua testa, enrolando-a em seus braços.
— Tudo bem. — Abriu os olhos em seguida, a tempo de notar que Diggory os observava. franziu o cenho quando viu o garoto desviar seu olhar do dela. O que estava acontecendo com Cedrico, afinal? A Malfoy sorriu para Krum pedindo licença, e então foi em direção a Ced. Ela iria resolver aquilo com Diggory quer ele gostasse ou não, mas conforme ia avançando até o garoto, ouviu passos em direção da barraca. Todos os seis, incluindo Hermione e , se voltaram para a abertura de entrada ao qual saia Dumbledore e Bartô Crouch.
— Bom dia campeões — Dumbledore dizia em som alto e claro. — Juntem-se por favor. — Todos acataram às ordens do diretor e rapidamente estavam reunidos em um quase círculo. — Agora, vocês esperaram, imaginaram e enfim, esse momento chegou. Um momento do qual só vocês quatro puderam desfrut... — pausou assim que visualizou as duas intrusas. — O que estão fazendo aqui, senhoritas Granger e Malfoy?
— Desculpe, senhor — e Hermione falaram em uníssono.
— Viemos desejar boa sorte — Hermione murmurou. — Mas já estamos de saída.
As duas bruxas saíram da barraca rapidamente pelo mesmo lugar que entraram, entretanto, não deixou de lançar um olhar piedoso a Diggory antes de sair. A Malfoy não suportava o fato de que ele estava se arriscando tanto por uma taça estúpida qualquer, mas o que mais odiava era não poder alertá-lo das reais intenções daquele torneio. bufou e cruzou os braços se escorando em um pilar.
— Você não vai? — Granger perguntou. olho-a de soslaio e balançou a cabeça em negação. Hermione cruzou os braços resmungando. — Então vou ficar com você.
— Como é?
— Não vou deixar que fique sozinha aqui — Granger respondeu ao se sentar ao lado de uma árvore. — E não pense que vai conseguir que eu saia.
deu de ombros. Não se importava com a opinião de Granger, mas a garota certamente estava ali em uma tentativa ridícula de evitar que a Malfoy fizesse alguma coisa contra Potter, mal sabia Hermione que já havia feito.
— Tanto faz — respondeu se abaixando e colocando a orelha contra a barraca, para que pudesse escutar o que se passava lá dentro.
— Bom, agora que estamos todos aqui, é hora de dar a vocês informações mais detalhadas — Bartô dizia animado. — Quando os espectadores acabarem de chegar, vou oferecer a cada um de vocês este saco. — franziu o cenho, do que o bruxo estava falando? —, do qual vocês irão tirar uma miniatura da coisa que terão que enfrentar! — Miniatura? Miniatura do que? — São diferentes… hum... as variedades, entendem. E preciso dizer mais uma coisa… ah, sim… sua tarefa será apanhar o ovo de ouro!
olhou em volta e acenou para Granger se aproximar. A garota se juntou ao seu lado logo em seguida.
— O que foi?
— O que mesmo você e o cicatriz estavam falando? — sussurrou.
— Não o chame assim! — advertiu em sussurro, rolou os olhos. — Mas se quer saber, a primeira tarefa deles será enfrentar um dragão.
— Um dragão?! — sibilou e Hermione rapidamente tapou sua boca. As duas permaneceram em silêncio ouvindo cada palavra que Crouch dizia.
— Bom, então está decidido! — disse. — Cada um de vocês sorteou o dragão que irá enfrentar e a ordem que cada um fará isso, entendem? Agora, vou precisar deixá-los por um momento. Sr. Diggory, o senhor é o primeiro, só o que tem que fazer é entrar no cercado quando ouvir o apito, certo?
congelou no lugar. Por que tinha que ser justo Cedrico a começar? A garota queria ter tido mais tempo com ele antes da prova, e ainda assim, não gostaria que ele fosse o primeiro a começar. achou que nunca sentiria a sensação de impotência e medo, mas naquele momento, era tudo isso que ela estava sentindo. Medo por Cedrico, medo porque apesar de saber o bruxo extraordinário que ele era, ela se sentia tão pequena no meio de tudo aquilo e o pior é que diferentemente com Krum, ela não conseguiria fazer nada a respeito daquilo. respirou fundo e se levantou, verificando que Dumbledore ainda estava na barraca. Bufou.
— Vamos — disse. Granger se levantou em seguida. — Me desculpe por não conseguir chegar até você — sussurrou, colocando seu último olhar na barraca.
As duas garotas pouco a pouco se distanciaram dos campeões. E quando estavam próximo das arquibancadas, um apito soou alto, e Granger então saíram em disparada para os seus lugares, tomando o máximo de cuidado para que ninguém as visse juntas. rapidamente tomou seu lugar ao lado do primo.
— Sua cara está péssima — provocou.
— Me deixa em paz, Draco — a garota sibilou enquanto uma multidão gritava, urrava, exclamava o nome de Diggory como se fossem uma entidade única de muitas cabeças, enquanto Cedrico fazia seu melhor contra o dragão focinho curto sueco.
O coração de apertava no peito e a mão repousava na varinha, preparada a tomar uma atitude caso algo ocorresse. Cedrico corria de um canto para outro da arena, o dragão disparando rajadas de fogo para todo lado a fim de acertá-lo.
Bagman narrando o momento apenas a deixava mais aflita. Cedrico rolava para lá e para cá, e sequer parecia pestanejar as investidas do dragão.
Foram os quinze minutos mais longos e torturantes da vida de , porém em dado momento após lançar um feitiço contra o dragão, Cedrico se jogou em direção ao ovo dourado o pegando e um urro do dragão foi ouvido por todo o lugar.
Ele estava bem. Havia pegado o maldito ovo e estava bem. suspirou aliviada com os olhos fixos no rapaz. Cedrico por sua vez levantou os olhos para a multidão com um sorriso vitorioso nos lábios, e então seus olhos pousaram em e seu sorriso sumiu por alguns segundos até que ele se virou para outro canto levantando o ovo e depois se retirou.
sentia um misto de coisas. Divagava entre o alívio, a raiva e a confusão. Alívio porque Diggory estava a salvo e bem, raiva porque ele continuava agindo como um idiota que fingia que ela não existia e confusão porque queria entender suas estúpidas razões para agir de tal modo.
Fleur, assim como Cedrico, sobreviveu a seu dragão. Um verde-galês robusto. Apesar de em alguns momentos ter causado aflição em todos — e isso incluía — a garota se saiu bem e também pegou o ovo.
Quando Viktor adentrou o cercado se sentiu aflita novamente. Sabia que Krum sabia se cuidar, afinal era um bruxo esforçado e muito mais inteligente do que muitos achavam, porém aquilo não a acalmava. Por que aqueles dois haviam entrado naquela droga de torneio? passava a odiar cada segundo mais aquela competição idiota.
Quando o meteoro-chinês vermelho adentrou o local, viu um sorriso desafiador surgir nos lábios de Krum. A coragem do jovem bruxo era algo que costumava admirar, porém, naquele momento ela só esperava que ele fosse cuidadoso.
Porém, pelo contrário dos desejos da jovem Malfoy, Krum se lançou em direção ao dragão com sua varinha estendida. Feitiços eram lançados, e junto a eles feixes de luzes poderosos. E durante a tarefa de Viktor, jurou que poderia petrificar o senhor Bagman por não conter sua língua dentro da boca.
Provavelmente Krum havia sido o que realizou a prova em menos tempo, e quando ele voou no ovo, dando uma cambalhota no chão e depois se colocando de pé, a plateia gritou seu nome de maneira positiva.
Os olhos de Viktor encontraram e ele levantou o ovo em sua direção com um meio sorriso e ela negou com a cabeça enquanto suspirava em alívio. Ele estava bem. Graças a Merlin ele estava bem.
— Se acalme priminha, seu namorado é provavelmente o único capaz de sobreviver a esse torneio — Draco implicou. — Quero dizer, pelo menos um dos seus namorados. Qual deles é seu preferido a propósito? Krum ou Diggory? — encarou o primo com uma feição brava, tentando, com sucesso, disfarçar o quão sem jeito estava por dentro.
— Eu deveria ter te deixado como uma doninha, seria bem menos irritante desse modo — murmurou e Draco riu satisfeito com o que havia causado em .
Ela tornou a se virar para frente fingindo prestar atenção a tarefa de Potter, mas seus pensamentos estavam em outros dois campeões e nas conversas que precisaria ter naquela noite.
Capítulo VIII - Uma conversa com um búlgaro e uma dança improvável
continuou espiando o pequeno frasco que segurava entre os dedos, seu líquido tinha um aspecto um tanto quanto peculiar e a cor dourada predominava, fazendo que a poção se parecesse muito com ouro derretido. Naquele frasquinho continha o que os bruxos chamam de “sorte líquida”, um tanto complicada de se fazer, deveria admitir, mas ainda assim admirável. A Malfoy sabia exatamente onde o seu pai a guardava, exposta sutilmente em sua sala de aula como um tipo lembrança do dia em que a garota, por pura e espontânea curiosidade, dominou o preparo dela. Afinal, like father, like daughter.
— Escolha interessante de poção. É dessa forma que pretende resolver seus problemas? — a voz ríspida de Severo preencheu a sala. girou a cadeira para ficar de frente com seu pai.
— Então você já sabe — a garota suspirou. Snape se aproximou da filha, que fechou os olhos e apoiou a cabeça sobre o pai.
— Difícil não saber, depois do showzinho que o búlgaro deu na seleção dos campeões — respondeu e rolou os olhos.
— Krum, pai. Viktor Krum.
— Não me importo com o nome dele. Mas ele deveria se preocupar com o seu e lembrar de quem você é filha. — arqueou a sobrancelha virando-se para o pai.
— O quê? Pretende amaldiçoá-lo agora? — Severo sorriu.
— Não. Mas talvez eu peça para que seu tio faça, já que ele me mandou um berrador insuportável na semana passada falando do quanto você era jovem demais para namorar. — corou. Não havia sequer cogitado a possibilidade de Lúcio saber de Krum.
— Aquela doninha trapaceira — resmungou. Snape riu.
— Vá com calma com seu primo. Ele ainda acha que você precisa de proteção.
— Draco já deveria saber que sei resolver meus problemas muito bem sozinha. — A loira respirou fundo cruzando os braços, essa era uma das coisas que ela menos suportava no primo.
— Você tem certeza disso? Porque esse frasco de Felix Felicis diz outra coisa. — respirou fundo para conter suas palavras com pai e bufou após se dar por vencida. 99% por cento das coisas que seu pai falava estavam certas e foi por isso que a garota se inclinou colocando o frasco sobre a mesa. Não precisaria de sorte para falar com Krum, só precisava ser sincera.
— Jogo sujo, Severo — tentou provocar o pai, que apenas riu com a reação da filha. Poucas coisas a faziam lembrar de sua mãe, e chamá-lo daquela forma era uma delas.
— Você sabe que não precisa disso — respondeu se distanciando da garota. — Mas, eu já sei do que precisa. — observou seu pai se virar e começar a remexer o armário atrás do dois. Com cuidado, Snape retirou do armário um grande pacote dourado que não combinava nem um pouco com ele. — Tome.
— O que é isso? — perguntou pegando a caixa. se apressou para abri-la e ao fazer, se surpreendeu ao verificar o conteúdo da caixa. — Não sabia que um cara sombrio como você tinha bom gosto com vestidos. — Analisava o tecido delicado em suas mãos, o tom de vermelho vinho do vestido contrastava com a pele branca da garota.
— Gostou? — perguntou.
— Mas é claro que sim! — respondeu alegre. — Onde você o conseguiu? Ele parece antigo, mas não tem a cara de ter sido da mamãe.
— E não era — Severo respondeu fechando o armário atrás de si. — Digamos que a pessoa que era dona gostaria muito que você usasse.
— Tudo bem. Eu só preciso saber de uma coisa, talvez duas. — sorriu. — Quem era “a dona” e em qual ocasião eu o usaria?
fixou os seus olhos no pai, tentava de uma maneira nada sutil fazer com que ele lhe dissesse alguma coisa sobre isso. Porém, seu pai já era veterano em seus truques de convencimento e quando a garota estava prestes a desistir, alguém irrompeu o lugar.
— Ah esse vestido... Se bem me lembro, sua madrinha arrasou corações no baile em que usou ele. — se virou rapidamente dando de cara com Dumbledore. Seu semblante transmitia certa curiosidade, enquanto o de demonstrava um pouco de confusão.
— Desculpe, senhor, mas minha o quê? — olhou confusamente de Dumbledore para seu pai.
— Creio que isso Severo deverá respondê-la. — Caminhou pela sala vindo na direção da janela. — Agora, acredito que um jovem búlgaro aguarda a senhorita no salão principal. Devo dizer que seria rude fazê-lo esperar.
corou. Como Dumbledore sabia que Krum a esperava? Se a garota achava que Durmstrang era um lugar repleto de enxeridos é porque ela ainda não havia conhecido Hogwarts. A Malfoy rolou os olhos, depositando o pacote do vestido sobre a mesa do professor, então rapidamente se levantou da cadeira de seu pai e foi a passos largos até a porta da sala.
— Não pensem que escaparam tão fácil. Vejo vocês dois mais tarde! — murmurou antes de se dispensar da sala.
Dumbledore e Snape riram com a reação da garota. Contudo, ainda tinham muito o que conversar e isso incluía falar sobre a jovem bruxinha sonserina.
chegou ofegante ao topo da escada. Krum esperava-a escorado em uma coluna de braços cruzados e havia algo que ninguém, nem mesmo , poderia negar: era uma bela visão a dele.
Ela parou a frente do rapaz com as mãos atrás do corpo. sentia o corpo prestes a explodir em ansiedade. Porque ela sabia o que queria com Krum, e não envolvia beijá-lo por toda a escola.
— Você parece mais nervosa que eu e olha que sou eu quem pode ser amaldiçoado ao fim disso aqui. — Ele apontou os dois com um meio sorriso e riu negando com a cabeça.
Houve um momento de silêncio enquanto alguns alunos passavam pelos dois e Krum respirou fundo. O olhar curioso parecia sequer tentar ser escondido pelos alunos. Aguardavam com ansiedade o começo do casal, já que para todos era curioso como Viktor Krum havia se envolvido com , já que haviam muitas outras garotas interessadas nele. Muitas outras que os alunos julgavam mais bonitas e… maduras que . Se é que entende o que quero dizer.
— Venha, vamos andar até um lugar mais vazio. As pessoas parecem loucas para ouvir o que temos a resolver aqui e eu não quero ninguém olhando quando eu receber uma surra de você. — riu e acompanhou Krum escada a baixo. Em silêncio seguiram por alguns corredores até chegarem ao corujal. sabia que estaria vazio, e por algum motivo, ter por perto a fazia sentir um tanto mais calma.
Como quem sente a presença da dona se aproximando, soltou um pio e assim que surgiu a entrada do corujal ela voou, circundando a dona e o amigo já conhecido, voltando a seu poleiro em seguida.
— Parece que ela fez uma amiga — Krum sussurrou olhando na direção de . E ao lado dela repousava Edwiges, a coruja branca como a neve de Potter.
— Ela se enturma bem com outras corujas. Só com corujas, é claro. — caminhou até a grande abertura na rocha do corujal. Ali havia uma vista para o lago, onde o sol começava a se pôr no horizonte dando tons de laranja a todo o céu.
— Está brava comigo? — Krum questionou cauteloso encarando , que mantinha o olhar firme no lago a sua frente.
— Não. Brava não é a palavra. Apenas não entendo o que aconteceu. Nós somos amigos a anos, e de repente… aquilo acontece. Sempre brincamos sobre esse tipo de coisa, mas nunca pensei que aconteceria. — Ela respirou fundo. — O que houve? — Dessa vez pousou os olhos em Krum e ele se sentiu estremecer. Os olhos negros de eram tão intensos que sempre que ela o olhava daquele modo ele sentia que algo completamente inesperado poderia acontecer. Não tinha medo, como alguns outros demonstravam ter. Jamais teria medo da pequena Snape porque a conhecia, e apesar da fácil irritabilidade, sabia que ela não causaria mal a ninguém. Pelo menos era o que pensava e a ideia que criava em sua mente.
— Eileen, sabe que tenho muito carinho por você, não é? — Apesar do coração acelerado, se manteve como sempre: firme como um rocha. Ninguém leria a sua mente afinal, e esconder o que pensava era um de seus maiores trunfos. Krum respirou fundo na esperança de organizar as palavras que surgiam repentinamente em sua cabeça. — Eu passei cinco anos da minha vida ao teu lado. Você sabe o quão longos eles foram. Sabe que nós dois éramos inseparáveis e sabe que um sempre fazíamos de tudo pelo outro. Quantas vezes implorei aos meus pais para passar o natal com você em Durmstrang? — Krum riu de forma sutil como se lembrasse de algo e a garota também sorriu com a lembrança dos dois jovens juntos nas noites natalinas, de como fugiam um para o dormitório do outro para virarem aquelas noites juntos. Aos poucos começou a se dar conta de uma coisa: ela sentia falta dos dias com o búlgaro e então voltou sua atenção para o que o velho amigo falava. — Aí essa maldita transferência aconteceu. Quero dizer, você foi e continua sendo minha melhor amiga, Eileen, mas de repente tudo mudou... você veio pra Hogwarts, ficamos distantes, então esse cara novo apareceu e eu senti que estava te perdend…
— Espere aí — interrompeu. — De quem você está falando?
Viktor respirou fundo novamente e coçou a cabeça, ele não queria ter falado demais, mas as circunstâncias o levaram aquilo. Olhou novamente para e viu que a garota estampava a velha e clássica feição de curiosidade e pela experiência que Krum tinha com aquele olhar, ele sabia que não sairia dali sem dar o que ela queria.
— Cedrico. Estou falando de Cedrico Diggory. — Por alguns segundos os dois ficaram em total silêncio, como se a mente de cada um dos dois tentasse compreender aquele momento e então, inesperadamente, a Malfoy envolveu Krum em um confortável abraço. Viktor sentiu seu corpo, antes enrijecido, amolecer nos braços da garota.
— Você é tão idiota, Viktor Krum! — respondeu rindo. — Você não precisa me beijar para evitar me perder — a Malfoy sussurrava calmamente para o amigo. — Você não precisa fazer isso, porque você JAMAIS vai me perder. E não importa quem ou o que apareça na minha vida. Você sempre, sempre será minha pessoa favorita, está bem? Não pense que se livrará de mim tão fácil, búlgaro.
Krum afastou-se da garota rindo e então a envolveu novamente em seus braços, levantando-a centímetros do chão. Os dois começaram a girar como faziam quando eram mais novos e de repente o sentimento de nostalgia percorreu o corpo dos dois jovens. Sentiam falta um do outro, era verdade, mas não podiam se dar o luxo de pensar que devido a distância atual um perderia o outro, eram muito mais que melhores amigos, afinal. sentiu seu estômago enjoar e cutucou o búlgaro a tempo de vê-lo ficar tonto também, então se distanciaram e jogaram seus corpos sobre pilhas de ninhos vazios. recobrou seu fôlego e voltou seu olhar para Viktor.
— Eu amo você, Viktor Krum. Mas deixe esses lábios longe dos meus — murmurou e Krum sorriu de olhos fechados.
— Eu amo você também, Eileen Malfoy. Mas você tem que confessar que gostou do beijo. — Krum piscou para a garota, que franziu o cenho antes de finalmente começar a rir, não demorou muito para Viktor cair na gargalhada junto a ela. Como já não faziam a muito tempo. E não admitiria que havia, mesmo que por um milésimo de segundo, gostado daquilo, não mesmo. Depois de rirem ambos os amigos voltaram seus olhares ao lago, que mesmo sentados ali ainda conseguiam ver. Em breve o sol teria ido por completo e a hora do jantar chegaria.
— Acho que devemos ir — sussurrou, e Viktor sabia que ela não queria realmente sair dali. Havia algo que ainda a afligia.
— Talvez depois que me disser o que está acontecendo. — ela encarou Krum e lá estava novamente. O sorriso do amigo que parecia capaz de ver através dela em alguns momentos. — Vamos lá, Eileen. Sou seu melhor amigo, sei que algo está acontecendo. É com o Diggory? — O citar do sobrenome dele fez desviar seu olhar e Viktor riu. — É. Claramente é ele. O que houve? Ele fez algo? Devo dar uma surra nele? Sabe que eu daria, não é? — As palavras fizeram rir e ela negou com a cabeça.
— Não acho que seja digno da surra. Ele está apenas… estranho. — Ela deu de ombros e Krum franziu o cenho em confusão.
— Como assim? — questionou e o encarou.
— Não sei. Anda me ignorando e da última vez que nos falamos ele agiu como um idiota, já que aparentemente ele perdeu seu posto de queridinho das garotas desde que você chegou. — revirou os olhos. Krum levou um momento no seu raciocínio para em seguida rir. Afinal ele compreendia. Diggory não se importa com as garotas. Apenas com uma delas, e essa era a única que não enxergava aquilo. o encarou enquanto Krum ria e se colocava de pé.
— Eileen, Eileen, tão esperta para algumas coisas e tão devagar para outras — provocou lhe estendendo a mão e ela a segurou se colocando de pé.
— Do que está falando? — questionou e Krum bagunçou seus longos cabelos beijando o topo de sua cabeça em seguida.
— Em breve vai entender, e se não entender eu talvez lhe arranje um par de óculos para enxergar melhor o que está bem a frente do seu nariz. — fechou a feição o fazendo rir mais ainda. — Venha, Eileen, vamos jantar. Não quero deixar outra Snape brava comigo. — o acompanhou.
— Então sabe que meu pai está prestes a te amaldiçoar? — questionou enquanto passavam por , lhe deixando um breve carinho e seguindo para as escadas do corujal.
— Se eu sei? ele está praticamente andando por aí com um letreiro brilhante escrito "eu vou lançar uma maldição imperdoável em você, búlgaro". — Ambos riram daquilo.
— Meu pai não é sua maior preocupação. Tio Lúcio talvez sim — comentou e Krum fez uma careta fazendo a menina rir.
— Acho bom me proteger quando ele aparecer — brincou e gargalhou.
— Pode deixar, você está seguro, seu grande búlgaro medroso — implicou e Krum a cutucou a fazendo rir. Naquele momento, enquanto voltavam ao castelo se sentia mais leve. Estava satisfeita por ter se resolvido com Krum, porém outro de seus assuntos pendentes adentrou o saguão ao mesmo tempo que ela, vindo das escadas que davam para os dormitórios.
O sorriso de Diggory se desfez e ele trocou o olhar de para Krum, até finalmente desvia-lo para o garoto com quem conversava novamente. ouviu a risada baixa de Krum e o encarou o vendo erguer as mãos em rendição.
— Eu não direi nada. Neste torneio de vocês dois, sou apenas um espectador — e com essas palavras eles seguiram para o salão principal onde o jantar seria servido.
— Potter! Weasley! Querem prestar atenção? — a professora McGonagall estava claramente irritada ao proferir os sobrenomes dos dois garotos, que brincavam com um papagaio de lata e um hadoque de borracha naquela quinta-feira.
Professora McGonagall parecia ansiosa por dar a notícia seguinte que Harry e Rony insistiam em interromper.
Os corpos paralisados dos dois garotos emitiram um ruído em desculpas e se aproximaram um passo do resto da turma.
— Ótimo. — A professora os encarou dos pés as cabeças — Agora tenho um aviso a todos — continuou a professora. — O baile de inverno está chegando. É uma tradição do torneio tribruxo e uma oportunidade de convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros… — e continuou as explicações sobre o baile. só conseguia pensar que era a aquele baile que seu pai se referia quando lhe deu o vestido. E novamente tornou a se lembrar das palavras de Dumbledore: ele foi de sua madrinha. Mas quem era ela, afinal? O pai nunca havia comentado nada daquele tipo com e ela se sentia curiosa com o assunto. — Embora vocês possam convidar um aluno mais novo se quiserem… — a declaração da professora fez Lilá Brown soltar uma risadinha, o que lhe rendeu uma cotovelada de Parvati Patil enquanto a outra continha uma risada. Ambas as garotas viraram suas cabeças na direção de Harry e Rony, o que fez revirar os olhos. Será que ali alguém mais sabia agir com normalidade perante a bailes e garotos?
Os olhos de encontraram Granger, que assim como ela parecia indignada que as garotas de seu ano parecessem tão empolgadas com aquilo. sorriu pequeno, afinal aquela não era a reação que esperava de Hermione, porém tinha de admitir, mesmo que para si mesma, que havia criado dois minutos de simpatia pela garota.
— O traje é a rigor e espero que já tenham seus pares — a professora alertou e notou murmúrios por toda a sala. — Para que não envergonhem nossa escola, lhes ensinarei como dançar em pares. — Mais murmúrios irromperam a sala e então a professora começou a explicar toda a importância que envolvia aquele momento.
se sentou em um canto, entediada com tudo aquilo. Enquanto a professora continuava com suas explicações sem fim. Discretamente ao fundo da sala ela notou um vulto passando a porta, e quando realmente olhou naquela direção o viu. Cedrico entrava sem ser notado por ninguém que não ela. Será que conseguiria conversar com ele naquele momento?
Se colocou de pé, decidida a caminhar até ele.
— Senhorita Malfoy — a voz de McGonagall a chamou e mentalmente ela amaldiçoou a professora.
— Sim? — se virou na direção da mais velha a encarando.
— Ouvi dizer que a senhorita dança graciosamente — o comentário não havia sido feito por mal, sabia, porém no mesmo instante ela ruborizou.
A família Malfoy vinha de uma linhagem de puros sangue que a séculos eram convidados para bailes e mais bailes entre as famílias mais influentes do mundo bruxo, e por conta disso desde pequenos os Malfoy eram ensinados a dançarem as mais graciosas valsas.
não havia fugido daquilo. Desde os oito anos a tia, Narcisa, fazia questão de tirá-la para dançar na grande sala da casa Malfoy junto a Draco, apenas para garantir que não haviam se esquecido como dançar como um Malfoy.
— Quem lhe disse isso? — o comentário soou mais assustado do que o esperado e viu Cedrico ao longe rir contido. — Quero dizer, é verdade, mas não esperava que soubesse disso, professora — se consertou encarando Minerva em seguida.
— Imaginei que tivesse herdado isso de sua mãe. Katrina — a menção a mulher fez encolher minimamente os ombros. — Me lembro como se fosse hoje. Ela pelo grande salão, dançando como quem flutuava pelo local. Muitos jovens bruxos quiseram tirá-la para uma dança no baile de Natal em um de seus anos em Hogwarts. E se bem me lembro, era só do que se falava no dia seguinte ao casamento de seus pais. De como Katrina havia dançado lindamente por toda a noite. — Antes que pudesse notar os olhos de estavam marejados.
Nunca chegou a conhecer a mãe, ela morreu quando era muito jovem. Tudo que tinha eram fotos espalhadas pela casa do tio e em sua casa onde passava os verões com o pai, e algumas histórias que ouvia. Hora vindas de Lúcio com olhos brilhantes e sorrisos para dar e vender, e hora vindas de Severo, sempre que comentava o quanto o lembrava Katrina.
Era uma bruxa muito bonita, a mulher, e não via tantas semelhanças entre elas, mas de todo modo carregava consigo uma das fotos da mãe. Era do casamento. Ambos os pais estavam nela. Katrina em um momento divertido, imitando a cara amarrada de Severo, e no instante seguinte ambos rindo do momento.
— Hum… Sim, herdei sim — comentou ansiosa por mudar de assunto e pareceu funcionar, pois Minerva bateu palmas.
— Esplêndido. Seu par será o senhor Ronald Weasley. Pelo menos nessa aula. — pensou em contestar, porém Minerva ergueu a mão indicando que pretendia dizer algo. — O senhor Weasley precisa de ajuda com os passos e acredito que a senhorita possa ajudá-lo — a professora prosseguiu e apenas assentiu.
Minerva montou os pares restantes e logo estava com Rony ao seu lado, parecendo nervoso como quem está prestes a encarar um dementador.
— Relaxe, Weasley, está me deixando nervosa — ela murmurou assim que os alunos começaram a se movimentar pelo salão. Cedrico e Cho Chang estavam juntos. Cedrico sorria para a garota e respirou fundo encarando Rony novamente. — Coloque a mão na minha cintura. — No mesmo instante os olhos de Rony se arregalaram como se acabasse de proferir uma maldição imperdoável naquele exato momento.
— O quê? — questionou mais alto chamando a atenção de alguns alunos. revirou os olhos e tomou a mão de Rony a colocando em sua cintura vendo o garoto tremer. — S-seu… seu pai vai me matar — Rony murmurou e o encarou por um momento rindo em seguida.
— Não seja idiota, Weasley. — o encarou colocando uma de suas mãos no ombro de Rony enquanto colava suas mãos livres uma a outra. — Ele apenas vai o transformar em uma aranha quando descobrir — ela provocou e os olhos de Rony se arregalaram ainda mais em puro pavor, a fazendo rir. — Por Merlin, Rony. Estou apenas brincando. Papai não vai fazer nada com você. Agora ande. A dança vai começar — o alertou e logo a valsa havia começado.
guiou Rony levando alguns pisões nos pés até que ele finalmente pegasse o jeito da dança e conseguisse dar passos pelo salão junto a ela. Estava longe da graciosidade, mas com certeza era bem melhor do que quando começaram.
— Você é uma boa professora — Rony comentou baixo ficando vermelho como um pimentão.
— Obrigada, Weasley — comentou de modo despreocupado.
— Como era estudar em Durmstrang? — notou que Ronie estava apenas tentando puxar assunto, porque era constrangedor dançar com um desconhecido.
— Pouca coisa diferente de estudar aqui. — Rony parecia curioso e riu. — Vá, Weasley, pergunte o que quer perguntar — incentivou e Rony torceu o lábio receoso.
— É verdade que Dementadores andam pelo corredores durante a noite em busca de alunos que estejam fora da cama? — a pergunta foi tão absurda que teve de prender a gargalhada.
— Da onde tirou isso, Weasley? — questionou ainda na tentativa de prender o riso.
— Histórias que ouvi por aí. — ele deu de ombros meio envergonhado.
— Diga a quem lhe contou tal coisa que ele está enganado. Não há dementadores, apenas um velho como Filch que nos vigia. Porém deve ser muito mais cego — o comentário fez Rony rir um pouco.
Na mente do ruivo ele só conseguia pensar que , apesar de realmente muito fechada, era diferente dos Malfoy que havia conhecido ao longo da vida. Muito mais… simpática do que os outros, provavelmente.
Durante aquela aula, apenas ensinou mais algumas coisa para Rony, e lhe tirou mais dúvidas malucas sobre Durmstrang — como por exemplo se lá a punição dos alunos era ir para uma prisão semelhante a Azkaban até o fim do semestre — e riu por mais algumas vezes e se distraiu tanto com o Weasley, que por toda a aula se esqueceu de Cedrico e Cho, que dançavam ali por perto.
Capítulo IX - O convite para o baile e um estranho apagão
Uma semana desde o ensaio com McGonagall havia se passado e aquele tempo foi o suficiente para deixar quase todos os alunos de Hogwarts - e os que não eram - com uma determinação em comum: achar um par para o baile. Mas diferentemente do que se podia pensar, nem todos os alunos expressavam grande importância ao baile, para alguns todo aquele papo não passava de grande perda de tempo e era exatamente isso que a jovem Malfoy achava. Afinal, não viera até Hogwarts para se divertir com bailes de inverno.
A garota tomava distraidamente seu suco de abóbora durante o jantar, estava sentada ao lado de seu primo como de costume e este conversava com Crabbe e Goyle falando sobre o assunto que menos importava à garota. Na última semana, não se ouvia outra coisa de seus colegas que não fosse vestidos, pares e passos de dança, o que estava deixando mais incomodada que nunca, já que todo esse tipo de distração atrasava seus objetivos. A Malfoy rolou os olhos ao escutar seus colegas de casa e xingou mentalmente por Krum não estar ali naquele momento para distraí-la - estava ocupado tentando descobrir como abrir o ovo dourado. tomou um gole generoso de seu suco, tentando ignorar o assunto dos três garotos ao lado e então olhou para frente a tempo de notar Rony reclamar algo com Harry na mesa de sua casa. Ela franziu o cenho tentando ler os lábios do garoto.
— Por que é que elas têm que andar em bandos? - desfez o cenho franzido ao entender o que Wesley havia falado e balançou a cabeça rindo. Tinha que ser o Rony.
O garoto notou o olhar da Malfoy sobre si e ruborizou, mostrando a língua para ela logo em seguida. Haviam criado um tipo de familiaridade um com o outro desde de o dia da dança, Ron achava a Malfoy interessante e muito diferente do primo e do pai - apesar de ainda assim lhe dar um pouco de medo - e considerava a curiosidade de Wesley engraçada.
Draco olhou para prima em um relance e a notou olhar para a mesa da grifinória. O Malfoy mais velho seguiu aos poucos o olhar da prima a fim de saber o que ela olhava e assim como Granger ao lado do amigo ruivo, não gostou nem um pouco quando descobriu.
— Por favor, me diga que não chamou alguém daquela escória para ir com você ao baile? Já basta ter se tornado amiguinha de um deles - sibilou cruzando os braços. rolou os olhos antes de se virar para o primo.
— Draco, me diga de novo por que isso interessa a você? - perguntou ríspida. Era verdade que a garota ainda não havia convidado ninguém para acompanhá-la, mas não era como se aquilo fosse do interesse do primo, nem mesmo fato de com quem ela se relacionava.
— Você me ouviu, . Papai não aprovaria nem um pouco isso e eu também não! Aliás, não acha que um Wesley está muito abaixo do nível Malfoy? - perguntou à prima, que estava com a resposta na ponta da língua, mas se limitou em apenas gargalhar do comentário do primo, ele conseguia ser desagradável quando queria e ela custava a entender de quem ele herdou aquilo, até que se lembrou de seu tio e balançou a cabeça. O velho gene Malfoy, pensou. Porém, estava decidida a não deixá-lo irritá-la naquele dia.
— Muito bem, espertinho, me diga quem convidou - perguntou o pegando de surpresa.
— Quem eu convidei? - viu as bochechas do primo ficarem rosadas e tanto Crabbe quanto Goyle começaram a rir do garoto. Ele mandou os dois colegas se calarem e eles obedeceram no mesmo instante. — Convidei Pansy.
Draco disse sem muito grado e a Malfoy se engasgou com o comentário, lembrando do que a colega de quarto havia falado em seu primeiro dia em Hogwarts. Será que o primo estava maluco? Parece que nem ela, nem Draco gostavam das companhias um do outro.
— Daphne era uma opção melhor - disse tentando não mostrar estar abalada e Draco deu de ombros.
— Daphne não é tão legal quanto Pansy. - De certa forma isso era verdade, já que Pansy era sua amiga desde o primeiro ano e além dela ser puro sangue, tinha os mesmos ideais que ele. Certamente seu pai se orgulharia de sua escolha, já que ele não havia tido coragem de convidar sua prima.
— Daphne também não puxa seu saco que nem Pansy, não é priminho? - disse apertando as bochechas do primo. Draco estremeceu.
— Pare com isso - resmungou tirando as mãos da garota de si, agora mais vermelho que antes. — Sua vez de falar.
— Falar? Falar de quê?
— De quem você convidou, espertinha - imitou-a.
— Bem, não convidei o Wesley, se você quer saber. - Piscou para o garoto. — Na verdade, eu não convidei ninguém - disse dando de ombros voltando a se sentar corretamente na mesa. pegou um bolinho de chocolate e deu uma mordida sem muito se importar com a cara do primo, que demonstrava estar cético quanto aquilo.
— Você é uma péssima mentirosa! - reclamou. — Eu não acredito. Mas se for verdade, por que não convida Krum?
balançou a cabeça negativamente e Draco cruzou os braços.
— Krum já tem outros planos - disse simplesmente e Draco sorriu.
— Ora, convide o lufano então. Talvez formem um par bonitinho.
não respondeu. Sabia perfeitamente que o primo tinha falado uma coisa sensata e Cedrico era quem a garota gostaria de convidar, afinal. ele estivesse falando com ela.
terminou razoavelmente rápido o teste com seu pai sobre antídotos e já estava se sentindo incomodada por ter que esperar que todo o resto da turma terminar de fazê-lo. A garota chegou cogitar pedir a seu pai que a deixasse sair mais cedo, mas Dumbledore o proibiu de dar regalias à filha e ela não discordava com a atitude do diretor, afinal, nem todos os alunos tinham o luxo de ter um pai professor expert em poções. Em um reflexo do tédio, olhou para o outro lado da sala - o lado que abrigava a turma grifinoriana - a tempo de ver seu pai dar nota baixa a Potter. O garoto havia esquecido de acrescentar justamente o ingrediente mais básico, o benzoar, e estava mais ansioso que o normal naquele dia, notou, e ela não gostava nada daquilo.
Será que Potter descobriu alguma coisa? pensou.
Ficou com aquilo na cabeça durante todo o restante da aula e sabia que, se fosse verdade, Lord Voldemort não gostaria nem um pouco. Quando a sineta que indicava o final aula tocou, ela só pode confirmar que algo estava errado, já que viu o garoto agarrar rapidamente a mochila e correr para a porta da masmorra.
— Draco? - o Malfoy levantou seu rosto para ver o que a prima queria. — Leve as minhas coisas. Tenho que ir em um lugar - sussurrou para o primo e saiu às pressas da sala de aula, sem nem ao menos se importar com a resposta do garoto ou com os olhares curiosos dos outros colegas de sala.
Foi difícil seguir Harry sem ser notada e a Malfoy sabia que deveria dar um jeito naquilo. Ao notar que não havia nenhum aluno por perto, pegou sua varinha e apontou para si e então sussurrou “Disillusionment” para que ficasse imperceptível a Potter.
Estava no encalço do garoto já a alguns minutos, os dois bruxos entravam em um corredor, outro, subiam escadarias, faziam um percurso cansativo que mal se deu conta que haviam chegado na Torre Oeste do castelo e já próximo as ameias da torre, viu Harry parar subitamente sobre o último degrau da escada. teve que agir rápido e se encostar na parede na tentativa de se camuflar, já que seu feitiço estava perdendo força, prendeu a respiração por alguns segundos e percebeu que Harry falava com alguém ao ouvir risadinhas de algumas garotas.
rolou os olhos quando viu Harry se distanciar da entrada e ir direto para as ameias, ficou alguns segundos ali como se conversasse com alguém e então deu um breve espiada a tempo de notar que Cho Chang o acompanhava.
— Mas que merda! - murmurou baixinho. Havia perdido tempo precioso seguindo Harry, para no final descobrir que ele só estava se esgueirando para ir “namorar”. A garota rolou os olhos e estava prestes a dar meia volta para ir embora dali quando a voz de Harry chamou sua atenção.
— Com quem é que você vai? - sentiu a voz do garoto sair um pouco embaçada, então se virou novamente para observar a cena. Cho, que estava vermelha e se afastando de Potter, virou repentinamente e com um gesto que julgou ser de nervosismo, respirou fundo para falar com Harry.
— Ah... Cedrico - disse mais calma do que aparentava estar. — Vou ao baile com Cedrico Diggory.
Como era? piscou os olhos algumas vezes e sentiu todas as suas entranhas se agitarem dentro de si. Por essa ela não esperava, nem um pouco. Cho e Cedrico? Aquilo era tão novo para a garota quanto a sensação que ela sentia naquele momento, não sabia definir ao certo, não era uma sensação de dor mas chegava bem perto daquilo e ela não queria continuar sentindo-a. Naquele momento, ela soube que não importava se Diggory não quisesse falar com ela e também não importava se ele tinha uma companhia para o baile que não fosse ela. não ligaria, Diggory estava se comportando como um completo idiota e se ele queria que ela se afastasse dele, era isso que ela faria.
— Lufano idiota - murmurou antes de perceber que seu feitiço terminara. A garota começou a descer as escadas a passos largos ainda afetada pelo o que ouvira, quando um suspiro tomou sua atenção.
virou para trás e viu Harry escorado na parede. Estava próximo ao final do dia e o maldito idiota iria congelar se continuasse ali. Deu novamente meia volta e foi em direção a Potter.
— Ei, Potter - disse se aproximando. Harry virou o rosto assustado e notou a Malfoy vindo ao seu encontro. A quanto tempo ela estava ali? pensou, já que não a notara antes. — O que está fazendo aqui?
— Oi, Malfoy - disse sem muita vontade. notou seu desânimo. — Apenas pegando um ar. - Era uma desculpa e das bem ruins. parou a frente de Harry, os braços cruzados à frente do corpo.
— Acho que vai acabar por congelar aqui - ela murmurou e Harry sorriu fraco. Focou o olhar em , ao mesmo tempo que uma rajada de vento faziam os cabelos brancos da garota balançarem de um lado para outro, a ponto dela ter de colocar uma mecha atrás da orelha, dando a Harry mais visão do rosto pálido, de bochechas naturalmente rosadas, e olhos escuros de . Harry se moveu desconfortável ajeitando os aros dourados que tinha no rosto.
— Espero que não. O que você veio fazer aqui, aliás? - questionou limpando a garganta e olhou para cima. receberia mais visitas dela do que o esperado.
— Indo visitar . - Apontou e Harry franziu o cenho - Quer vir? - ela questionou antes de dar chance a Harry de perguntar algo e o jovem Potter deu de ombros.
— Tudo bem - ele respondeu simples e lado a lado subiram mais alguns degraus faltantes até chegarem ao abrigo, não tão quente, que o corujal os oferecia.
Harry tentava fazer com que viesse até ao seu encontro, mas a coruja se recusava a cooperar e permanecia parada em seu ninho. , que já conhecia o temperamento de sua coruja, havia advertido Potter, mas o garoto se recusava a se dar por vencido - pelo menos não sem tentar - a Malfoy começou a rir da insistência do garoto, era mesmo persistente e isso ela deveria admitir.
— Esqueça, Harry, não gosta nem de Draco - limitou-se a falar cessando o riso e acariciando levemente as penas de Edwiges. Diferentemente de Harry, a garota havia conseguido conquistar a confiança das duas corujas.
— Bem, eu não a julgo - murmurou chegando perto da menina. A garota balançou a cabeça gargalhando novamente, havia se esquecido do quanto aqueles dois não se davam bem.
— Vocês realmente se odeiam, não é? - parou de acariciar a coruja e voltou sua atenção ao garoto. Percebeu que sua feição estava melhor do que antes e, por um momento, a Malfoy chegou a ficar feliz por aquilo. Não tinha simpatia pelo garoto, porém descobriu que tinha muito menos por Cho Chang e não demorou muito para saber o porquê Harry parecia estar tão cabisbaixo.
— Ódio é um sentimento forte - Harry respondeu. — Eu e Draco compartilhamos um certo, bem, desafeto um pelo outro. E ele nunca fez nada pra mudar isso, já que eu continuou a não gostar da metade de suas atitudes.
— Mas você também provoca ele, não é? - perguntou e viu Harry ajustar o óculos.
— Apenas quando ele merece - respondeu sem muita vontade.
— Aposto que ele pensa o mesmo sobre você - disse simplesmente e Harry rolou os olhos.
— Que seja - resmungou indo em direção ao ninho de Edwiges, como se estivesse tentando evitar aquele assunto.
riu da reação do garoto, Potter era um bruxo engraçado, ela deveria admitir, e diferentemente do que lord Voldemort falara, Harry não era tão perigoso assim - ou pelo menos não havia demonstrado isso até agora. Rapidamente, uma ideia maluca tomou conta dos pensamentos da garota e logo arranjou uma resposta para seus problemas de espiã e par do baile de inverno.
— Hey, cicatriz! - chamou-o. Harry virou para trás se perguntando porque a garota soava tão animada, já que aquilo era raro de se ver nela.
— O que foi? - perguntou sem jeito.
— Quer ir ao baile comigo? - as palavras saltaram de sua boca de forma tão casual que Harry demorou alguns segundos para notar que havia escutado claramente o que a jovem havia dito.
Afinal a Malfoy estava mesmo o convidando para o baile, e qual era a probabilidade daquilo acontecer?
— Desculpe, o que você disse? - Potter perguntou duvidando se o que acabara de ouvir era realmente verdade. De repente, sentiu suas mãos suarem e um arrepio lhe tomar a coluna. Não era medo, era nervosismo.
De todas as garotas em Hogwarts, uma das quais Harry não se imaginou convidando foi aquela que estava bem a sua frente. Não porque houvesse algum problema com ela. Não havia. Mas jamais imaginou que algum dia iria trocar palavras sem ofensas com uma Malfoy, quem dirá ir a um baile com uma.
— Por Merlin, Potter. Está surdo por algum acaso? - questionou já irritada — Ir ao baile comigo. Estou te convidando - explicou devagar e Harry engoliu em seco.
— M-mas é claro - gaguejou respirando fundo. — Eu achei que iria com Krum. - Harry usou de seu tom mais despretensioso para soltar aquelas palavras. Afinal, toda a Hogwarts achava.
— Será que todo mundo resolveu pensar isso agora? - respondeu como se lesse os pensamentos do garoto. — Mas não, Krum e eu somos amigos. E ele já tem par para o baile.
— Amigos não se beijam - pontuou sem querer e ruborizou. Harry se sentiu culpado ao notar que as bochechas vermelhas da garota se destacaram mais que o comum na sua pele branca. Talvez ele não devesse ter dito aquilo e se sentia um pouco idiota por fazê-lo. — Me desculpe, sei que não é da minha cont…
— Tudo bem, Harry - respondeu mordendo o lábio. Harry desviou o olhar, já a viu fazer aquele gesto inúmeras vezes e toda vez que ela o fazia, Potter se sentia um desconforto passar pelo seu corpo. — Acontece que Krum e eu já nos resolvemos a respeito disso. Foi um momento de pura insanidade de Krum. Enfim, nós somos apenas amigos e eu o convenci a convidar outra pessoa.
— Bem, isso é bom - seu pensamento saiu alto. — Q-quero dizer, bom pra vocês. N-não que seja da minha conta, q-quero diz…
— Por Merlim, Harry! - colocou a mão sobre a testa. Aquele convite estava sendo mais difícil do que a garota pensava. — Apenas diga se você quer ou não ir comigo.
Harry sabia o que deveria responder a garota. Já havia pensado naquilo durante toda a conversa dos dois e por mais estranho e inusitado que aquele convite parecesse, Potter sentia certa curiosidade em aceitar. Afinal, o garoto ainda não tinha par para o baile e também não sabia quando teria outra oportunidade de sair com uma Malfoy novamente. Harry ajeitou suas vestes e voltou seu olhar a , que agora tinha uma expressão de curiosidade em sua face, então, em um gesto natural, sorriu para a garota.
— Eu aceito ir ao baile com você, Malfoy.
acordou de repente, sentindo que havia algo de muito errado acontecendo. Sua pele suava e um sentimento de vazio comprimia o seu peito, mas o que mais despertou sua atenção foi o fato dela se encontrar deitada não no seu dormitório, e sim em uma cama na ala hospitalar de Hogwarts.
A Malfoy tentou se levantar e rapidamente foi tomava por um sentimento de náusea. Madame Pomfrey, que estava próxima, veio ao seu encontro.
— Não, não, querida - advertiu. — Permaneça deitada, você precisa descansar.
Apesar de procurar respostas, não ousou desobedecer a ordem de Madame Pomfrey. Seu corpo demonstrava estar exausto e ela não sabia o porquê.
— O que aconteceu comigo? - perguntou tomando um gole do que a enfermeira lhe oferecera.
— Bem, querida, você foi encontrada queimando em febre próximo a floresta - falou. A resposta só serviu para deixar a garota ainda mais confusa, afinal, tudo que se lembrava era de ter saído do corujal logo após a conversa com Harry e seguir em direção ao seu dormitório. Não fazia sentido que a garota estivesse na floresta. — O professor Moody que a encontrou desacordada.
— Desculpe, Madame Pomfrey, mas não me recordo disso - respondeu. Em tese a Malfoy não havia mentido, mas sabia que Moody sim e a garota deveria tirar essa história a limpo com ele mais tarde. Porém, uma coisa ainda a incomodava muito e era o fato de não se lembrar de nada.
— Tudo bem, querida. Não se exija demais. - Pegou o copo da garota e pousou sobre a cômoda. — Irei chamar seu pai e logo que sua febre diminuir, poderá ganhar alta.
— Não chama meu pai, por favor - sussurrou. — Ele deve estar atarefado. Ao invés disso, chame Draco. Gosto da companhia de meu primo.
— Ótimo, assim farei - disse levantando-se e se distanciando da garota.
Alguns minutos depois de Madame Pomfrey sair da enfermaria, Draco abriu as portas do local visivelmente preocupado com a prima. Havia passado a noite anterior em claro, soubera do estado da prima durante o jantar - ao qual ela não apareceu - e quando descobriu que Potter foi o último a vê-la, seu sangue ferveu. Draco foi de encontro a cama da garota, que dormia tranquilamente, e deduziu que Madame Pomfrey havia administrado sua poção recuperadora nela, ele esperaria até a garota acordar.
Draco se ajeitou na cadeira ao lado da cama e não demorou muito para pegar no sono também.
— Draco? - a voz suave de ressoou aos ouvidos do primo, que acordou um pouco desajeitado.
— Hey. - Coçou os olhos. — Como você está?
— Melhor, obrigada - respondeu, Draco franziu o cenho. A prima podia dizer que estava “melhor”, mas sua intuição lhe dizia outra coisa. — Você sabe o que aconteceu?
— Você não apareceu no jantar e não estava em lugar algum. - Cruzou os braços. — Snape ficou furioso quando Potter disse que estava com você no corujal e falou que você havia voltado para nossa sala comunal. Quando não te achei por lá, Dumbledore pediu que os professores saíssem a sua procura e segundos depois, Moody lhe trouxe nos braços da floresta. - Draco respirou fundo e notou que a prima tinha os olhos fixados ao nada. Estava estranha e ele sabia disso. — Do que você se lembra?
— Eu e Harry nos separamos na volta até o castelo - respondeu advertindo o primo com seu olhar para que ele não a perturbasse sobre Potter naquele momento e ele não ousou fazer, quis apenas ouvir o que a Malfoy dizia. — Lembro de estar próximo ao castelo quando…
A garota franziu o cenho como se tentasse lembrar da peça que estava faltando, mas o esforço acabou sendo em vão.
— Nada. Depois disso tudo é um breu. - Jogou-se aborrecida sobre a cama. Draco tocou suavemente o ombro da prima.
— Está tudo bem, você não precisa lembrar de tudo agora. - Olhou piedoso. — O importante é que você está bem. Krum quase se encrencou por querer vir aqui e até mesmo Cedrico não parava de me olhar durante o dia inteiro. , você nos deu um grande susto. Não faça isso de novo, sua grande e estúpida arranjadora de problemas!
riu e envolveu o primo em um abraço. Draco endureceu por alguns segundos, aquilo o pegou de surpresa - já fazia algum tempo que não abraçava a prima -, mas aos poucos se deixou levar pelo contato com a garota e abraçou também. Seu rosto se escondia nos cabelos longos da prima e, se ela pudesse vê-lo, notaria que seus olhos estavam fechados admirando aquele momento. sorriu. Sabia que não importava o tempo, sua lealdade ao primo era maior que qualquer coisa. Ela sempre iria escolher Draco.
— Draco?
— Hum? - Abriu os olhos sorrindo.
— Tem mais uma coisa... - respirou fundo. — Enquanto eu estava dormindo, eu sonhei com a mamãe. Mas não era algo parecido com as coisas que papai contava - fez um pausa receosa antes de continuar com a voz falhando ao se recordar do sonho. - E-ela estava diferente, e o mais estranho é que alguém estava junto a ela.
Capítulo X - O baile de inverno
encarava o próprio reflexo no espelho a sua frente. Em todos aqueles anos as únicas vezes em que se lembrava de estar tão arrumada daquele modo, era em algum baile da família Malfoy. Nesses bailes, ela não tinha acompanhantes — a não ser Draco — e nem alguém que realmente quisesse chamar a atenção. Mas naquele ela tinha.
A garota colocou uma mecha de cabelo para trás da orelha e deu um salto no lugar quando ouviu a porta se abrir. Virou levemente seu rosto e um alívio percorreu sua espinha ao perceber ser seu pai quem adentrava ao dormitório sutilmente escondido em sua sala onde havia decidido se arrumar para aquela noite, já que desfrutar daquele momento ao lado de suas colegas de quarto não lhe agradava nem um pouco.
Severo estava distraído, mas assim que levou os olhos à filha ele diminuiu o passo e um sorriso terno tomou conta de seu rosto. Ela estava linda, de fato estava e não era só por causa do vestido que decidiu usar aquela noite. Os cabelos brancos da garota caiam sobre seu corpo em uma cascata de cachos e contrastavam com o tecido vermelho do vestido, e seus olhos negros apenas pareciam mais acesos e brilhantes do que nunca.
Katrina podia não ser a quem o completo amor de Severo pertencia, mas não havia como negar que parte dele havia sido dela. E foi desse amor que havia vindo. Amava aquela menina mais que qualquer coisa no mundo — bruxo ou trouxa — e mesmo sem saber demonstrar ao certo, fazia o máximo para que ela soubesse.
— Você está tão bonita. — sorriu para o pai, girando com o vestido e voltando sua atenção para seu reflexo. — Se parece tanto com sua mãe. — A menção a mulher fez sorrir com receio, se lembrando do sonho que havia tido.
— Mas tenho os seus olhos — ela comentou baixo fazendo Snape sorrir.
— E isso é ruim? — apenas negou com a cabeça de maneira lenta — Então por que parece tão triste dizendo isso? — Ele se aproximou da filha se sentando em uma poltrona enquanto dava a ela toda sua atenção.
— Não, não é, mas sobre a mamãe…
se virou para o pai e Snape notou a expressão confusa da filha.
— O que tem sua mãe? — perguntou de forma simples.
— Sonhei com ela esses dias — começou e Snape assentiu — Mas… era tudo tão diferente. Ela era diferente. Diferente do que você me conta. — Naquele momento um arrepio frio subiu pela espinha de Snape, como se um dementador estivesse se aproximando. — Ela parecia... sombria. Não sei ao certo, e o homem com ela dizia algo sobre planos maiores para mim. Era como se ele tentasse me fazer algum mal e ela apenas… o deixasse fazê-lo. — O calafrio apenas cresceu pelo corpo de Snape e ele se aproximou da garota, segurando suas mãos e a fazendo encará-lo de perto.
— Eileen, foi apenas um sonho. — sentia certo vacilar na voz do pai, mas não entendia a razão.
— Mas pareceu tão real. Como uma lembrança — e em um ímpeto Snape puxou a filha para perto de si sentindo o coração pesado no peito e a tristeza lhe crescer.
— Foi apenas um sonho, minha querida — garantiu e nos braços do pai se sentiu segura. Como se qualquer coisa pudesse ocorrer no mundo lá fora, mas nada pudesse tocá-la.
— Pai? — ela chamou e Snape afrouxou o abraço permitindo-a olhar para cima. — Como sabia que gostava da mamãe? — questionou notando nunca haver perguntado aquilo a ele. Snape riu fraco sabendo o porquê da pergunta.
— Por acaso quer saber disso para ter certeza de seus interesses em um certo bruxo da lufa-lufa? — o questionamento fez a bochecha de queimar com a vergonha. — Você está me arranjando alunos demais para amaldiçoar em um único ano, . Krum, Diggory, Weasley e até o desprezível do Potter. Mais algum do qual eu deva saber? — se manteve inexpressiva por alguns minutos até retomar o controle.
— Não sei do que está falando, Severo — e novamente ali estava Katrina. No tom de provocação que tentava fazê-lo tirar sua atenção do assunto.
Severo balançou a cabeça em negação e se distanciou da filha, depositando um beijo em sua testa. se virou e ajeitou o vestido mais uma vez em frente ao espelho antes de se ir em direção a porta.
— Agora tenho que ir — respondeu sorrindo. — Creio que seja rude da minha parte deixar meu par esperando.
Snape cruzou os braços, concordando com a cabeça.
— Só mais uma coisa, — interrompeu e parou em frente a porta, de costas para o pai e resmungou um simples “hm?” como resposta. — Andou mexendo em alguns ingredientes da minha sala, como Hemeróbios?
— Não, não senhor — negou. agradeceu por estar de costas para o pai, odiava mentir para ele e apesar de não ter pego o ingrediente, sabia quem havia, mas para o bem de todos, não contaria.
— Tudo bem, querida. — Sorriu fraco passando as mãos sobre o cabelo. — Agora vá, não se atrase.
— Está tudo bem? — se virou para trás ao notar a voz do pai.
— É claro que sim — Severo respondeu sorrindo. — Ande, antes que eu resolva saber qual dos dois campeões você escolheu para ser seu par hoje — disse expressando em seu tom de voz, um misto de curiosidade e cautela.
ruborizou um pouco. Por um momento havia se esquecido de quem seria seu par e mais do que isso, a garota havia se esquecido que seu pai ainda não sabia quem seria seu par. Por puro amor a vida, Harry e ela haviam decidido deixar aquilo em segredo até o baile, sequer cogitou que seu pai se importava com quem seria seu acompanhante, mas Harry poderia jurar que se Snape soubesse daquilo antes, não sobreviveria para acompanhá-la.
— Acho que a pergunta certa seria, “qual dos três” — disse brincalhona antes de sair da sala e deixar seu pai mais confuso do que nunca.
seguiu pelos corredores em direção à escadaria do grande salão com a mente ainda longe. Pensava no sonho e em como as palavras do homem que acompanhava Katrina lhe soavam mais vividas ainda. Além do som da voz ser desconhecida para a garota, o tom tranquilo a assustava, era como se dissesse que iriam a um passeio em uma tarde de sol, mas que na verdade dizia ter planos para ela.
Afinal, que raios de planos eram esses?
A mente da Malfoy estava tão longe que não notou que outra pessoa vinha do lado oposto e ambas acabaram batendo seus corpos, tirando seus equilíbrios e quase levando as duas ao chão. Aquilo havia se tornado um hábito estranho em Hogwarts.
Quando se virou para encarar a pessoa que estava ali, ela acabou por dar um passo para trás, bem como a garota. Ambas estavam surpresas pela forma como estavam vestidas, já que não costumavam se ver daquele modo.
Se encararam por alguns instantes enquanto alguns outros alunos passavam por elas com o mesmo olhar surpreso das duas. Quando notaram que se olhavam por tempo demais, ambas limparam a garganta arrancando um riso fraco uma da outra.
— Está muito bonita, Granger — foi quem cortou o silêncio. O que podia dizer, afinal? A garota estava realmente bonita.
As vestes azuis lhe caiam bem, separadas em camadas de um tecido leve que dava a impressão de que Mione flutuava. Os cabelos que normalmente estavam soltos em algumas ondas bagunçadas, agora se encontravam presos em um penteado alinhado, onde apenas alguns fios eram deixados soltos de modo proposital. As bochechas tinham um tom de rosa muito sutil e os olhos chamavam ainda mais atenção.
— Obrigada. Você também está, Malfoy — Hermione soltou o elogio um pouco mais sem jeito, imaginando que os escutava com frequência e que fosse apenas ser arrogante a resposta dela.
— Obrigada. — sorriu e Hermione franziu o cenho, esperando por mais alguma frase implicante, porém a mesma não veio. Estava tão acostumada a Draco e seus insultos que quando a outra Malfoy não o fez, foi uma grande surpresa. — Então… — começou indicando levemente o caminho por onde seguiriam — Viktor te chamou, não foi? — iniciou o conversa e Hermione engoliu em seco.
— Sim. Bem… Ele me convidou e como disse que vocês não estavam juntos eu aceitei, não achei que fosse se importar — se apressou em se explicar e riu.
— Por Merlin, Hermione! Estou tentando puxar assunto. — ela soltou e Granger a encarou — Não me importo que tenha aceitado o convite de Viktor. Fico feliz que tenha aceitado na verdade. Cá entre nós, ele estava te olhando desde o início do ano. Estou apenas tentando puxar assunto, já que caminhar em silêncio não é minha especialidade quando estou com alguém — Hermione sentiu alívio com as palavras da garota. Não queria que pensasse mal dela.
— Desculpe, não sou tão boa assim nessa coisa de socializar — Hermione confessou e riu — Mas e você? Com quem vai? — mordeu o lábio se questionando se deveria dizer. O que tinha, afinal? Ela descobriria em alguns metros mesmo.
— Harry — a Malfoy torceu os lábios e Hermione parou a puxando pelo braço. achou que começaria uma briga, mas viu o sorriso no rosto de Hermione. Era desacreditado, mas ao mesmo tempo maroto. Quase como se fossem amigas.
— Está falando sério? — assentiu prendendo o riso. — Nunca achei que Harry teria coragem de te chamar. Quero dizer, ele é meu amigo e tudo, mas às vezes é meio medroso. Quando se trata de garotas, eu digo. — não se conteve e riu, sendo acompanhada por Granger segundos depois.
— Bom, ele continua um medroso então, porque quem convidou fui eu. — Mione arregalou os olhos enquanto ria.
— Harry as vezes me decepciona — brincou.
Havia algo ali. Algo que ambas desconheciam de certo modo. Tanto quanto Hermione desconheciam aquela cumplicidade da amizade de outra garota. A cumplicidade em apenas falar bobagens e rir junto a alguém daquele modo. E ter aquilo, mesmo que por um momento, era no mínimo reconfortante.
— Vamos, acho que já nos atrasamos. — acenou com a cabeça e Mione a acompanhou indo em direção a escadaria.
Harry esperava impacientemente no saguão de entrada, suas vestes o incomodavam um pouco, mas nada comparado as de Rony, que estava ao seu lado e também denunciava certa ansiedade por estar a espera de seu par. Ron ajeitava as mangas de suas vestes pela terceira vez quando um grupo de alunos da Sonserina apareceu subindo as escadas do seu salão comunal na masmorra. Draco estava na frente e usava vestes de veludo negro com a gola alta que, na opinião de Harry e Rony, o faziam parecer um padre. Pansy estava agarrada em seu braço e usava vestes rosa-claro, e atrás dos dois vinha Crabble e Goyle sem pares, mas ainda assim, nada da Malfoy a qual Harry esperava.
Harry suspirou e desviou o olhar do grupo.
— Patil já deveria estar aqui — Ron disse impaciente e Harry apenas deu de ombros, estava com pensamentos demais para prestar atenção no que o amigo falava. — Afinal, qual é o seu problema? — Ron bufou visivelmente irritado, como se não bastasse estar totalmente desconfortável naquele traje, seu par estava demorando e ele ainda não tinha a atenção de Harry.
— Nada — mentiu. A verdade é que Harry sentia como se tivesse comido demais naquele dia e tudo aquilo fosse voltar em qualquer instante. — Onde está Hermione? — perguntou sem mais nem menos, em uma tentativa estranha de esquecer aquele desconforto e notando pela primeira vez que Hermione ainda não havia chegado. Ron cruzou os braços.
— De certo não virá — resmungou. — Hermione é boba demais por não vir conosco, orgulhosa demais para admitir que não tem par.
Harry respirou fundo. Aquele baile estava deixando-o mais ansioso que o normal. Além de estar com os pensamentos perdidos entre Cho e , agora estava preocupado com a ausência da amiga. Por sorte, Ron não precisava mais se preocupar com seu par, já que descendo as escadas e vindo em sua direção estavam Padma, sua irmã Parvati e Simas — seu acompanhante.
— Oi Rony, oi Harry — Simas cumprimentou os colegas com um sorriso largo. Suas vestes eram bonitas e lembravam muito a Harry um smoking de trouxa.
— Olá — Harry se limitou a falar e voltou seu olhar ao aglomerado de estudantes, ainda a procura de seu par.
— Oi — Ron respondeu Simas ao mesmo tempo que cumprimentava as duas garotas.
— Oi — cumprimentou Padma, que estava tão bonita quanto a irmã, de vestes turquesa-forte. Mas diferentemente de Parvati, não parecia estar entusiasmada com a ideia de Rony como par; seus olhos escuros se demoraram nas mangas e no decote estufados das vestes do garoto. Ron corou, resmungando pela milésima vez a Harry.
— Acho melhor entrarmos — disse quando as portas do Salão Principal foram abertas. Todos, incluindo Harry, concordaram com a cabeça e seguiram em direção ao local do baile.
Quando chegaram no salão, surpreenderam-se ao olhar para o teto e encontrar o que antes era enfeitiçado para parecer um céu estrelado ter se transformado em uma linda decoração toda feita de gelo enfeitiçado para ficar iluminado, além disso, ao centro, encontrava-se um grande árvore de natal, coberta de neve. Todo o ambiente fazia jus ao nome.
Não demorou muito para o Salão ficar lotado, alunos da Durmstrang e Beaubatoux já haviam chegado, assim como os demais alunos de Hogwarts, inclusive Cedrico e Cho Chang, a qual Harry sentiu o estômago embrulhar quando os viu chegando juntos. As únicas ainda a não aparecer eram Granger e a Malfoy.
— Ron? — Harry se virou para o amigo, que se debruçava sobre a mesa com comida. Não houve chá de natal naquela tarde, já que o baile incluía um banquete e Harry nunca havia visto o amigo tão feliz com aquilo.
— Hum? — Rony respondeu mordendo uma bomba de caramelo que havia pegado.
— Venha comigo. — Harry segurou a mão de Ron e arrastou até as portas do salão, encontrando as irmãs Patil novamente, que haviam ido até ali a poucos minutos atrás para esperar uma de suas colegas, Lila Brown.
— Lila ainda não chegou? — Ron perguntou com a boca cheia e Padma balançou a cabeça indicando que não. Estava prestes a questioná-lo sobre o que estava comendo, quando algo — ou seria melhor dizer, alguém — chamou sua atenção, fazendo com que a garota se calasse e segurasse firme o braço da irmã, afim de que ela visse a mesma coisa que ela viu.
— E-elas estão tão lindas! — Parvati sussurrou ao observar o que a irmã indicava. Automaticamente, Ron e Harry se permitiram seguir o olhar das Patil e observaram duas as garotas no topo da escada a sua frente. Uma era , para o alívio da ansiedade de Harry, e ela descia as escadas ao lado de outra menina que os garotos não haviam reconhecido.
Quando notou o olhar da Malfoy sobre si, sentiu o ar falhar. Nervosismo por uma garota não era algo o qual Harry costumava sentir, afinal, as poucas vezes que havia sentido aquilo era com Chang, e sem contar Hermione, eram raras as vezes ao qual ele andava com alguma garota.
Mas naquele momento, parado ali sobre a porta do Salão, olhando para a Malfoy vestida daquele jeito, ele quase teve que pedir para Ron o lembrar de como respirar.
sorriu para Potter e sussurrou o que Harry entendeu ser “só um instante”, então seguiu até ao pé esquerdo da escada, onde um garoto esperava possivelmente as duas. Foi quando as duas chegaram mais perto do garoto que Harry e Ron puderam reconhecer quem estava ao lado de . Era Hermione.
Automaticamente seus olhos pararam sobre o garoto que esperava as duas e o sentimento surpresa ocupou cada centímetro do corpo dos jovens bruxos reconheceram como sendo Krum que esperava as duas. Após um breve abraço em , Harry notou Krum dar o braço para Mione segurar e, logo após, ouviu alguns murmúrios vindo das garotas ao seu lado então as risadinhas foram substituídas por exclamações, assim como o resto dos alunos que naquele momento, demonstravam certa surpresa ao ver aquele par.
“Hermione Granger com Viktor Krum?”
Aquilo somente cessou quando os mesmos que murmuravam antes, focaram seus olhares para a Malfoy, que vinha na direção de Harry.
As irmãs Patil seguraram uma de cada lado os braços de Rony, que permanecia em choque, não se importando o suficiente para reclamar do gesto das garotas e de Simas não estar ali com eles.
Harry limpou a garganta quando parou em sua frente.
— Potter, Weasley. — Acenou com a cabeça e deu um leve sorriso para as meninas. voltou seu olhar a Harry e franziu o cenho ao ver seu rosto.
— Viu alguma assombração? — Tombou a cabeça para o lado e riu.
— Não — disse negando levemente com a cabeça. — É que… você... hum... está bonita — disse Harry, sem jeito.
— Obrigada — respondeu ao garoto e voltou seu olhar para Weasley, notando que seus olhos seguiam Krum e Granger adentrando juntos o salão.
Se pudesse falar com ele agora, diria que ele havia sido um idiota por não ter convidado a garota antes que Viktor tivesse feito.
— Vamos entrar? — sugeriu Harry, focando o olhar em e sorrindo em seguida. A garota estava de fato deslumbrante. Ela apenas assentiu e Harry lhe ofereceu o braço para que segurasse.
Adentraram o grande salão sem serem notados a princípio, porém conforme caminhavam ambos notaram alunos chamando a atenção de outros para eles.
Havia algo em comum entre e Harry: ambos odiavam ser o centro das atenções e naquele momento a maior parte das atenções eram deles.
tentou evitar, mas seu olhar pousou sob Cedrico que, de braços dados a Cho, a encarava. Diferente das últimas semanas, naquela noite ele não desviou o olhar quando ela o encarou. Na verdade podia jurar que havia visto um resquício de sorriso nos lábios de Diggory.
— Acho que Draco não está nada feliz de estarmos juntos — Harry comentou e desviou os olhos de Cedrico para Potter vendo o rapaz indicar com a cabeça para o primo dela.
Draco tinha a feição fechada e as bochechas vermelhas. Claramente estava bravo por vê-los juntos. Talvez ainda mais bravo por não ter sido avisado sobre aquilo antes. arqueou ambas as sobrancelhas para o primo em sinal de "não faça nada" e ele respirou fundo se virando e saindo dali na companhia de Pansy.
— Ele vai superar — comentou rindo e encarando Harry, que ria também.
Estavam sentados em uma grande mesa redonda que era destinada aos juízes e campeões. Haviam acabado de comer costelas de porco e Hermione ensinava a Krum como dizer seu nome corretamente, já que ele insistia em dizê-lo com o carregado sotaque.
— Boa sorte, foram anos até que ele conseguisse pronunciar Eileen, ao invés de Aineen — comentou com a garota, que riu enquanto Krum a encarava de olhos estreitos, até finalmente voltar sua atenção para a aula de pronúncia.
— São amigos a muito tempo? — Harry foi quem questionou com um sorriso nos lábios por conta da zombaria de com Krum.
— Desde o meu primeiro ano em Durmstrang. Ele era esse grande armário chamador de atenção e ficou bem intrigado quando não me interessei em seu convite para me sentar com ele. Desde então ele está no meu pé e eu o suporto — ela brincou e Krum lhe lançou um riso preso e um novo olhar estreito.
— Ainda estamos para decidir quem suporta quem aqui. Cuidado com ela, Harry. Pode até ter essa cara de boazinha, mas no fim das contas é mais irritante que uma mandrágora chorando. — Harry gargalhou. Era impossível não rir dos dois. Apesar do beijo que havia acontecido entre eles, era difícil não vê-los como melhores amigos. Assim como Harry e Hermione.
— Definitivamente sou eu quem o suporta — e dizendo isso os quatro riram.
Voltaram a conversas individuais e vez ou outra via, sobre o ombro de Harry, Cedrico lhe lançar um breve olhar. Não demorou muito e Dumbledore se colocou de pé, indicando que todos alunos fizessem o mesmo e assim que isso ocorreu, com um aceno de sua varinha, as mesas se moveram para os cantos, deixando o centro do grande salão vazio.
Quando a professora McGonagall lançou um olhar significativo na direção dos campeões, foi que notou o que havia esquecido até aquele momento.
É claro que havia se esquecido daquela dança e que Harry era um dos campeões de Hogwarts. É claro que ela havia se esquecido que teriam de abrir a pista de dança junto aos demais campeões e seus pares.
Os primeiros a deixarem seus lugares foram Fleur Delacour e Rogério Davies — esse que parecia completamente desacreditado na sua sorte de ter a garota como par —, sendo seguidos por Hermione e Krum. Houve um momento constrangedor de trocas de olhares pelos casais restantes, mas que logo se esvaiu com puxando Harry sutilmente para o canto da pista de dança.
Quando pararam frente um ao outro notou a falta de jeito de Harry em tocá-la e riu fraco.
— Eu não mordo, Potter. — Ela segurou a mão do rapaz e a colocou em sua cintura, vendo Harry a encarar de olhos arregalados.
— Seu pai definitivamente vai me matar — ele sussurrou e riu segurando a mão livre do garoto e colocando sua outra mão no ombro de Harry. Desviou o olhar vendo o pai encará-los e tornou a rir. Severo Snape podia colocar medo em diversos alunos por ali, mas não em . Ela o respeitava, de fato, mas sabia que tudo que ele queria era a proteger.
— Bom, esse é apenas mais um motivo para ele querer fazer isso. Mas não se preocupe, ele não vai te matar em minha presença. Ainda tem tempo de fugir. — Harry encarou enquanto ela ria. Por Merlin, queria conseguir explicar o quanto ela era bonita e como, de algum modo, ela parecia sempre dizer algo descontraído, talvez mesmo que sem querer.
Tenho que contar a Sirius sobre ela.
Foi o pensamento que teve pouco antes de a música começar e Harry se ver sendo guiado por pelo salão.
Enquanto ele parecia uma rocha em sua tentativa de dançar, parecia preparada para flutuar pelo salão e Harry sorriu.
No instante seguinte seus olhos estavam passando por Cho, que dançava com Cedrico a alguns metros dele. Era linda de fato, e foi naquele momento, que Harry notou que tinha um problema. Ou melhor dizendo, dois.
Alunos dançavam por todo o grande salão, agora uma música animada. , que estava exausta de tanto pular e dançar com Hermione e Krum, ou Draco e Pansy — a quem ela havia decidido dar um tipo de trégua apenas por aquela noite e apenas por Draco — acabou por se sentar em uma cadeira ao lado de Rony. Não sabia aonde Potter havia ido, mas Rony se mantinha sentado à horas, apenas encarando Hermione e Krum de modo emburrado.
— Sabe que foi um idiota por não chamá-la, não sabe? — Sentiu o olhar de Rony sobre si e o encarou. Ele parecia indignado, mas fingia pura confusão.
— Não sei do…
— Sabe sim. Sabe que é de Hermione que estou falando — se apressou em interrompê-lo. — Se a tivesse chamado ela viria com você, mas preferiu ser o idiota que acha Hermione Granger vai esperar que você deixe de ser um bobalhão e crie coragem para chamá-la para um baile. Bom, devo dizer que ela não vai. Principalmente com Krum atrás dela — garantiu dando de ombros.
— Mas afinal quem foi que pediu sua opinião, Malfoy? — Rony mais parecia um garoto indefeso frente a constatação de e ela apenas riu.
— Certo. Não está mais aqui quem falou, porém você sabe que é a verdade — e dizendo isso se colocou de pé disposta a caminhar atrás do ar fresco da noite.
Seguiu pelo corredor até às portas de madeira do grande salão e saiu dali seguindo para o pátio que se encontrava vazio, mas incrivelmente iluminado por luzes encantadas.
— Malfoy! — quando a voz dele foi escutada parou por um momento, achando que pudesse estar delirando, mas assim que se virou lentamente, ali estava Cedrico Diggory caminhando em sua direção. Ela engoliu em seco e se virou caminhando na direção oposta a de Cedrico. Depois de semanas a ignorando, agora ele achava que bastava chamá-la e ela o esperaria? — ! — tornou a chamar e com isso ouviu o barulho dos sapatos dele mais apressados. Se amaldiçoou mentalmente por usar os sapatos altos que não a deixavam andar mais depressa. E se amaldiçoou mais ainda quando ele a alcançou e parou a sua frente a segurando gentilmente pelos braços, com um sorriso de canto nos lábios. Ela queria socá-lo.
— Saia da minha frente — pediu em tom baixo, já que não queria a atenção de ninguém sobre eles.
— …
— Agora decidiu me chamar de ? Não quer que Krum me chame assim? Ou melhor, não quer voltar até aquele salão e disputar as atenções com ele? Afinal, é isso que importa, não é? — apesar do tom baixo, as palavras de fizeram Cedrico morder o lábio sabendo que ela se referia a última conversa que tiveram. desviou de Cedrico e tornou a caminhar tomando um corredor que era iluminado apenas pela luz de algumas tochas. Novamente os passos de Cedrico estava atrás de si e quando ela menos esperou a mão dele estava segurando a sua e a fazendo se virar para encará-lo, furiosa.
— Eu estava com ciúme — assumiu e revirou os olhos — Não da atenção que Krum recebia de todos, mas da que ele recebia de você — e aquilo a pegou de surpresa fazendo sua expressão aliviar. — Eu fiquei enciumado por que ele te beijou e por isso agi como um idiota. Quando você me disse que eu não deveria estar no torneio eu achei que duvidava de mim. Como todos sempre duvidaram — ele respirou fundo, frustrado. — Sempre fui apenas o garoto da lufa-lufa. Inteligente, mas nunca mais que um corvino. Corajoso, mas os grifinórios sempre serão mais. Esperto, porém um sonserino sempre consegue ser mais. E quando eu pensei que isso pudesse estar vindo de você, eu senti que novamente perderia algo, ou alguém, por ser subestimado, e não por realmente não ter chances. Entende o que quero dizer? — engoliu em seco. Talvez não compreendesse com total clareza o que se passava com Cedrico, mas notou naquele momento que era aquilo que o garoto vivia.
Era subestimado a todo momento, e na visão dos demais sempre haveria alguém melhor que ele em tudo, mesmo que não houvesse. Nem ser o campeão de Hogwarts naquela porcaria de torneio ele havia sido, já que Harry havia sido escolhido junto a ele e apagado-o quase que completamente. Talvez por isso a glória eterna fosse importante para ele. Para que finalmente fosse visto como capaz.
— Cedrico, eu nunca duvidei de você — sussurrou dando um passo na direção do rapaz. — Eu sei que é tão capaz quanto todos eles. Sei disso. Mas esse torneio é uma idiotice ao meu ponto de vista e mais do que isso, ele é perigoso. Lutar pela glória eterna a custo de se ferir é loucura para mim. — Ela apertou sua mão em volta da dele o fazendo encara-la. — Eu só não quero que se machuque, Diggory. — Ele sorriu fraco e ela o acompanhou.
— Me perdoe por ser um completo idiota, — pediu e ela riu negando com a cabeça.
— Não sei se você merece meu perdão — implicou e Cedrico sorriu ainda mais largo.
— Vem comigo, vou te convencer que mereço. — Ele segurou sua mão preparado para começar a caminhar, mas notou algo.
— Mas e a Cho? — Apesar de a ideia de Cedrico a chamado a incomodasse, não queria deixar a pobre menina sozinha sem seu par.
— Ela queria ter vindo com Potter. Mas como ele não a chamou ela acabou aceitando meu convite. — Ele deu de ombros. — Acabamos entrando em acordo de que ela iria falar com Harry e eu com você. Já que era claro com quem queríamos estar essa noite. — prendeu o riso mordendo o lábio. — Podemos ir agora? — indicou o caminho e negou com a cabeça, incapaz de acreditar que aquilo estava acontecendo e sentindo uma sensação estranha no estômago.
— Se você me meter em encrenca eu acabo com você, Diggory. — Cedrico riu e se virou seguindo com em seu encalço pelos corredores de Hogwarts.
Andaram por corredores e mais corredores até finalmente chegarem a um armário por onde Cedrico entrou fechando a porta atrás deles. Havia uma escada estreita e lá em cima conseguia notar um tipo de luz que não sabia de onde vinha.
Cedrico sorriu para o olhar curioso da garota, ainda que na pouca luz, e subiu as escadas com em seu encalço.
Quando chegaram ao alto da escada olhou o lugar. Era um tipo de pequena — minúscula para ser honesta — sala. Havia uma grande janela por onde a luz entrava e foi para ela que Cedrico seguiu a abrindo. Uma brisa fria entrou e seguiu para o lado do garoto.
Conseguia ver o lago negro dali, e do outro lado era possível ver a torre de astronomia. não sabia da existência daquele lugar e encarou Cedrico imediatamente com um sorriso curioso nos lábios que o fez sorrir também.
— Como descobriu esse lugar? — questionou o rapaz se apoiando na parede mantendo distância da janela que ia do chão até o teto.
— Por acaso. — Ele deu de ombros de apoiando na parede oposta, não havia muita distância entre eles. — Na verdade ouvi histórias que havia um esconderijo de Leta Lestrange e Newt Scamander em seus tempos em Hogwarts e decidi procurá-lo. — O sobrenome Lestrange fez um arrepio correr a espinha de , porque conhecia bem alguém com aquele mesmo sobrenome. — Nem todos os Lestrange eram ruins, se quer saber — Cedrico comentou notando a cara de . — Leta na verdade parecia aprontar muito na escola, mas era uma boa mulher no fim das contas. E Newt, bom… Newt é um dos poucos lufanos conhecidos. — Ele deu de ombros e sorriu.
— E agora esse é seu esconderijo? — Ela tornou seus olhos para o lado de fora onde viu a lua brilhar. Era noite de lua cheia.
— Exatamente.
— Bem, é lindo — respondeu ainda com o olhar vidrado no lado de fora. O brilho da lua refletia sobre o lago negro e o fazia cintilar de uma forma a qual nunca havia visto da sala comunal de sua casa. Talvez fosse o lugar onde estavam, ou talvez fosse o momento e quem a acompanha que fez o ambiente ser tão bonito e fazer com que a garota se sentisse em paz.
— É, é lindo sim — sussurrou, mas diferentemente de , não estava se referindo a lua ou a paisagem. Se referia a ela e apesar de Diggory sempre ter achado, naquele dia em especial, estava mais linda que nunca.
Por um momento, Diggory se sentiu um extremo idiota por ter sido tão infantil e ter deixado de falar todo aquele tempo com a garota, afinal, sempre gostou da sua companhia e a verdade era que a Malfoy nunca havia o tratado de forma ruim. Ela não merecia aquele tipo de atitude dele, era incrível e Cedrico sabia que jamais deveria ter achado que a garota o menosprezava. Mas quando fechou os olhos e respirou fundo, se permitiu pensar em toda a angústia que sentiu durante o tempo que deixou de falar com ela.
Se conheciam a pouco tempo, era verdade, mas até aquele tempo ninguém havia feito Diggory sentir da forma como ele se sentia. Não se tratava de ciúmes por achar que não o achava suficientemente capaz das coisas que Krum fazia, não se tratava de ciúmes por vê-la ao lado de um campeão de Hogwarts sendo Harry. Não se tratava de uma disputa com todos aqueles garotos. Se tratava apenas de e do quanto Cedrico queria estar ao lado dela aquela noite, significava mais que tudo do quanto ele queria estar no lugar de Krum no dia da seleção dos campeões e ser o cara ao qual a beijasse na frente de todos. Mais que tudo, ele queria beijá-la.
virou seu olhar e tombou a cabeça para o lado ao notar Cedrico ruborizar aos poucos, fazendo a garota sorrir levemente.
— Não se preocupe, lufano — sussurrou e Diggory fixou seu olhar nela. — Meu pai não vai matá-lo por ter me trazido para conhecer seu esconderijo — brincou. Mas a reação que esperava vir de Diggory não veio e, ao invés disso, ele apenas balançou a cabeça levemente rindo e se aproximou cada vez mais dela. sentiu o coração acelerar, mas permaneceu em silêncio sem entender o que o jovem bruxo fazia, observando-a apenas romper cada vez mais a distância entre eles.
— Bem, talvez ele me mate por isso. — A troca de olhares foi inevitável e pode notar a respiração de Cedrico ficar mais profunda antes de segurá-la gentilmente pela cintura e colar seus lábios delicadamente aos dela.
sentiu um choque percorrer seu corpo e então fechou os olhos, permitindo-se sentir cada detalhe do lábio do garoto, que eram tão macios quanto os de Krum, mas ainda assim, diferentes, mais quentes, mais leves e mais desejados por ela. Sentiu seu coração palpitar cada vez mais e então ainda com os lábios colados aos de Diggory, levantou uma das mãos e acariciou sutilmente o rosto do rapaz, aprofundando aos poucos o beijo e permitindo a passagem leve da língua de Diggory. Sentiu como se o mundo lá fora não existisse e tudo se resumisse a apenas aquele momento, com ele e ela juntos. Diggory sorria cada vez que distanciavam os lábios apenas para juntá-los novamente. Era claro que ele já havia beijado outras garotas, mas nenhum beijo se resumia a aquele. Tudo havia ficado claro para Cedrico naquele momento. Ninguém naquele mundo o fazia rir como e ele só queria ficar com ela o tempo que fosse, porque sim, ele estava apaixonado pela Malfoy e aproveitar todos os segundos que tivesse ao lado da garota. Depois de sentirem cada centímetro da boca um do outro, terminaram o beijo com selinhos suaves antes de colarem a testa e apesar de estarem com os olhos fechados, sabiam que estavam sorrindo.
— Ele definitivamente vai te matar por isso — comentou ainda de olhos fechados e ouviu a risada de Cedrico, que fez seu sorriso se tornar maior antes de abrir os olhos e notar que ele já encarava. Colocou uma mecha do cabelo da garota atrás da orelha de modo carinhoso e focou os olhos nos dele.
— Valeu a pena — as vozes sussurradas dos dois faziam tudo parecer um tipo de delírio. Cedrico tomou as mãos de , e as segurando, ele se apoiou na parede atrás de si e a puxou para perto, envolvendo em um abraço no qual ficaram presos por mais alguns minutos daquela noite.
Capítulo XI - A descoberta de Sirius Black
Sabiam que estavam próximos ao Salão Principal quando as vozes da banda “As esquisitonas” começou a soar aos ouvidos do dois jovens bruxos e, subitamente, puderam ouvir um coro de outras vozes de outros bruxos que cantarolavam a letra de uma das músicas da banda. Abriram a porta juntos, sendo perseguidos por olhares curiosos, o que para já não fazia diferença, afinal haviam se tornado frequentes aqueles olhares durante toda sua estadia em Hogwarts. Passaram de mãos dadas por alguns bruxos que se divertiam dançando e pode reconhecer a irmã do Weasley com o garoto atrapalhado das aulas de poções. Qual era o nome dele mesmo? Pensou, lembrando apenas do sobrenome, “Longbottom”.
Após isso, deixou-se ser guiada por Cedrico até a mesa do banquete ao centro — que agora estava mais afastada para dar lugar a pista de dança — e observou de longe, mas de uma forma mais atenta, o casal formado por Weasley e Longbottom. Sabia que já havia escutado aquele sobrenome, então franziu o cenho tentando recordar o exato momento, mas se arrependeu no mesmo instante que lembrou que quem pronunciara foi a irmã não tão querida de sua tia.
Bellatrix era peculiar, mas não o tipo de peculiar que a garota julgava ser bom, e soube desde sua primeira oportunidade rara de visita em Azkaban, na companhia de Narcisa, Lúcio e algum funcionário que seu tio explicou ser “do alto escalão do Ministério”, que Bellatrix não era o tipo de pessoa ao qual ela pudesse confiar.
Foi durante essa visita também que teve seu primeiro contato com um dementador, os guardas de Azkaban que todos diziam serem assustadores, para eram apenas criaturas encapuzadas mal encaradas os quais deram uma dor de cabeça enorme no tal funcionário do Ministério, quando ela chegou próxima o suficiente de tocá-los. Apesar de já fazer algum tempo, , contudo, nunca entendeu o verdadeiro desespero de seus tios, já que as criaturas não fizeram nada a ela.
— Tortinha de abóbora? — a voz de Cedrico fez a garota recobrar os sentidos e se voltar para ele, Cedrico segurava uma tortinha de abóbora em cada mão.
— Estava só esperando você me oferecer. — Sorriu pegando uma e dando uma mordisquela nela. — Hogwarts é realmente muito melhor que Durmstrang quando se trata de comida. — Suspirou feliz, mas toda a sensação boa que a garota sentia enquanto comia as tortinhas foi quebrada por um olhar fixado sobre si vindo do outro lado do salão. Moody, ou como a Malfoy tinha a infelicidade de conhecer, Bartô Crouch Jr. não tirava os olhos dos jovens bruxos.
A Malfoy tinha noção que Cedrico falava com ela, mas tudo o que conseguia observar era a atenção indesejada que Crouch Jr pousara sobre si e o garoto ao seu lado, dispersando o olhar para os dois apenas quando pousou sobre Harry. engoliu em seco e se voltou para Cedrico.
— Acho que nossos pares não seguiram o seu conselho — tentou arranjar uma desculpa. Diggory não precisou pensar duas vezes ao traçar seu olhar para onde apontou com a cabeça, tão pouco precisou de alguma afirmação para saber que tanto Cho, quanto Harry não haviam criado a coragem necessária para falar um com outro, já que cada um estava em um lado oposto do salão.
— Não acho que tiveram a mesma sorte que nós dois. — Colocou a mão sobre a nuca, massageando-a de leve. tentou conter a satisfação, sabia que o que havia falado tinha surtido efeito em Diggory e se ela o conhecesse tão bem quanto pensava, sabia seu próximo passo. O que não demorou muito para acontecer, já que Ced fixou seu olhar com o misto de preocupação e piedade à garota a sua frente. — , eu…
— Você precisa ir até Cho. — O olhar da garota era de cumplicidade e Ced não tinha dúvidas de que ela o demonstraria, afinal, era em sua frente. Ele estava prestes a se desculpar com a garota, quando foi interrompido. — Não precisa se desculpar. Eu dúvido muito que Cedrico Diggory seria rude ao ponto de deixar que sua acompanhante, permanecesse o resto do baile apenas na companhia de suas amigas, e eu não vejo problema algum nisso — sorriu. — Vai lá, lufano, está tudo bem. Eu também tenho que ir ficar de olho no meu par, só pra evitar que não faça alguma burrice.
— Falando no Potter, preciso que de um recado a ele. — franziu o cenho se inclinando para ficar próxima o suficiente de Diggory, que sussurrou um pedido e segredo a ela.
Então, Cedrico se despediu da garota depositando um beijo em sua testa e sussurrando em seu ouvido um “até mais, ”.
A Malfoy andou sobre a pista — que nesse momento se encontrava mais calma que antes — e se dirigiu até a mesa onde Rony, Padma, Harry e Hermione estavam. Mais próxima do quarteto, notou que Granger estava com as maçãs do rosto um pouco ruborizadas e não soube identificar se era de raiva ou se ela havia acabado de dançar. Estranhou por não conseguir identificar a presença do búlgaro e ficou ainda mais confusa quando perto o suficiente dos colegas, notou Hermione levantar bruscamente da cadeira na qual estava e passar decidida por ela, desaparecendo na multidão sem nem ao menos notá-la. Logo em seguida, viu Padma sair da mesa também, mas não tão brusca quanto a outra.
— Mas o que, por Merlim, aconteceu aqui? — parou em frente a Harry e Rony, esse último virou o rosto bufando e cruzou os braços. tombou a cabeça pro lado ao observá-lo sem entender o motivo daquela atitude e antes que pudesse proferir mais palavras, observou o olhar de Potter sobre si.
— Você sumiu — disse e quase que por um instante, sentiu-se culpada. Ela havia sumido, não havia?
— Me desculpe. Fui pegar um ar e conversar com Cedrico — disse da forma mais doce que conseguiu e viu Harry se mexer desconfortável na cadeira. Talvez fosse o fato de ter mencionado o nome do acompanhante que estava com a pessoa com a qual Harry gostaria de estar, ou algo do tipo. Deduziu. — Bem, teria avisado-o, mas você havia sumido também…
— Está tudo bem, não se preocupe com iss…
— Onde está Hermi-o-nini? — se virou para trás no momento exato em que Harry foi interrompido e deu de cara com Krum segurando duas cervejas amanteigadas. A garota franziu o cenho e voltou seu olhar para Harry, que balbuciou alguma coisa ao qual a garota não conseguiu entender, mas antes que pudesse perguntar o que era, pela primeira vez desde que chegou a mesa, a voz de Rony irrompeu o lugar.
— Não faço ideia — disse emburrado, erguendo os olhos. — Perdeu ela, foi?
Harry balançou a cabeça frustrado e pigarreou se voltando para o búlgaro.
— Bem, acho que ela estava se sentindo indisposta e foi descansar. Não é, Harry? — a Malfoy voltou seus olhos negros a Potter, que seguindo suas instruções apenas concordou com a cabeça e Krum que estava com o cenho franzido, sorriu.
— Mas é claro! — disparou — Dançamos quase a noite toda , compreensível que estivesse se sentindo indisposta. Só espero que ela esteja bem.
Krum coçou a nuca e se voltou a .
— Tenho certeza que está — mentiu. Sabia que algo havia irritado a menina, e tinha a ligeira impressão que Rony estava no meio disso. Contudo, não queria preocupar o amigo.
Krum sorriu satisfeito e fixou o olhar sobre a amiga.
— Eileen, onde estava? — questionou. engoliu em seco, não estava preparada naquele momento para falar do episódio de mais cedo com Diggory.
— A procura disso — disse pegando uma caneca das mãos de Krum enquanto este e Harry a olhavam de forma curiosa. Não era comum a Malfoy desconversar algum assunto e Krum sabia que ela lhe escondia algo, porém teria que deixar o questionamento para mais tarde já que, vindo em suas direções, vinha Fudge com Percy, Fred e Jorge em seu encalço.
— Ora, aqui temos dois campeões! — Fudge sorriu se aproximando de Krum primeiro e apertando sua mão, logo em seguida fez o mesmo com Harry.
Logo após, se instaurou uma chuva de elogios aos campeões a qual não estava nem um pouco afim de ouvir, afinal, bajulações incomodavam a garota e apesar de concordar com Fudge em certos elogios, não gostava da forma como eles estavam sendo colocados.
— Está entediada, Malfoy? — a voz sussurrou próximo ao ouvido de , que rolou os olhos ao perceber de quem se tratava.
— Veja só se não é… hm... qual dos dois você é? — disse sem muita vontade, cruzando os braços e se escorou na mesa atrás de si.
— Tente adivinhar — o ruivo deixava transparecer o tom de diversão na voz, e rolou os olhos novamente. Não estava com paciência para joguinhos, mas levando toda a situação em questão, talvez aquilo fosse mais interessante que continuar a fingir que ouvia Fudge falar.
— Deixe-me ver. — Ela analisou o Weasley de cima a baixo, parando seus olhos sobre o sorriso travesso que ocupava o rosto do rapaz. — Fred. Seu irmão é particularmente mais simpático e você sempre tem esse sorrisinho de quem diz “estou pronto para aprontar”.
— Bem, talvez eu realmente seja o instigador da dupla — disse e a Malfoy sorriu vitoriosa por ter acertado em cheio. A verdade é que não precisou pensar muito, afinal, era sempre Fred que vinha ao seu encontro e, na maioria das vezes, tentava provocá-la de alguma forma. — Gostaria de um doce?
franziu o cenho observando a caixinha suspeita que o Weasley segurava, nela continha algumas bolinhas que a lembravam um chocolate confete trouxa, e então lembrou vagamente do que o Weasley mais novo falou para ela durante um de seus ensaios de dança.
— Dispenso, obrigada. — Viu Fred a olhar cabisbaixo e guardar a caixa novamente no bolso. A garota balançou a cabeça rindo em negação e saiu em direção a Potter, pedindo licença a Fudge para falar com o acompanhante.
— Estou cansada, Harry. — Harry moveu o olhar até ao escutar o som da sua voz. — Se importaria se eu fosse... — Olhou mais atenta ao garoto, que demonstrava estar pedindo um tipo de socorro com os olhos, então se voltou para Fudge que conversava com o monitor da grifinória e entendeu que Harry também não estava se divertindo nada ali. — esperasse você no saguão?
Harry balançou a cabeça negando se importar e murmurou um “obrigado” para que apenas ela ouvisse, agradecendo mentalmente à garota por ter arranjado uma desculpa a qual fizesse ele sair dali de fininho. Rony também agradeceu, afinal, não aguentava mais ouvir Percy cheio de si. Em seguida, se despediu sutilmente de todos e andou a passos largos até o saguão, não demorando muito para ser acompanhada de Harry e Rony.
— Aí estão vocês! — Desencostou-se da parede e andou em direção a dupla que estava visivelmente mais feliz que antes. Harry agradeceu novamente à garota e perguntou se ela gostaria de fazer mais alguma coisa ou preferia ir descansar. — Na verdade, eu não me sinto cansada. Apenas disse aquilo para não continuar presa na mesa.
— Uma bela jogada — ressaltou Rony e Harry sorriu concordando com a cabeça.
— Foi sim. Obrigada. Agora, vamos em um lugar mais discreto, preciso falar com você. — sinalizou com a cabeça para que o trio seguisse até as portas que estavam abertas. As fadinhas luminosas no roseiral piscavam e cintilavam quando os garotos desceram os degraus da entrada e se viram cercados de plantas que formavam caminhos serpeantes. Pararam sobre uma das grandes estátuas de pedra que ocupavam lugar quando começou — Cedrico disse que lhe deve um favor por tê-lo avisado sobre os dragões. — Harry franziu o cenho se perguntando como a garota sabia daquilo. — Não me pergunte como eu sei disso, apenas saiba que, hmm, o banheiro dos monitores é um bom lugar para tomar banho…
— Como é? — Harry e Ron falaram em uníssono e rolou os olhos com a dificuldade dos dois.
— O seu ovo solta um grito agourento quando você o abre? — questionou e os dois se entreolharam, concordando quase que instantaneamente. — Bem, então tome um banho e... hum, leva o ovo junto e... hum, rumina um pouco as coisas debaixo da água quente e... shiu.
Em um movimento rápido, puxou os dois garotos para trás de de um arbusto próximo a entrada do caminho do roseiral, silenciando-os quando ouviu duas vozes desagradavelmente conhecidas. Harry gelou.
— ... não vejo com o que tem de se preocupar, Igor.
— Severo, você não pode fingir que isto não está acontecendo! — a voz de Karkaroff era baixa e ansiosa, o que fez a Malfoy respirar fundo. Tinha certeza que o bruxo começara a desconfiar de algo. — Tem se tornado cada vez mais nítida nos último meses, Estou começando a me preocupar seriamente, não posso negar…
— Então, fuja — disse seu pai secamente. — Fuja, eu apresentarei suas desculpas. Eu, no entanto, vou permanecer em Hogwarts.
estava mais afetada do que Potter e Weasley, parte disso se dava pelo fato de saber do que falavam. Os dois professores contornaram um canto. Snape levava a varinha na mão e ia estourando roseiras, com a expressão mal-humoradíssima. O trio ouviu gritinhos em muitos arbustos e vultos escuros saíam correndo para fora deles.
— Dez pontos a menos para Lufa-Lufa, Fawcett! — rosnou Snape quando uma garota passou correndo por ele. — E dez para Corvinal, também, Stebbins! — quando um garoto passou no encalço dela. sabia que se continuassem assim, avistariam os três mais adiante, então levantou um pouco a saia do vestido, recebendo olhares constrangidos dos dois garotos, antes de pegar a varinha presa no fino elástico ao lado lateral de fora da coxa.
— Avis — pronunciou de forma baixa, apontando a varinha para a roseira. Automaticamente, as rosas se transformaram em pássaros que vieram direto de encontro aos professores. Aproveitando a distração, saíram em disparada para longe dali.
Estavam próximos ao salão principal quando Pirraça resolveu ir atrás deles em uma tentativa de dedura-los, então apressaram o passo e pararam apenas quando percebeu que, em determinado momento, começou a seguir os dois grifinórios sem perceber, já que estava em um sala circular, cheia de poltronas, mesas de carvalho escuros e quadros de aviso, as paredes decoradas com tapeçarias escarlates que retratavam bruxos e bruxas, mas também vários animais. A garota parou por um instante, acabando de notar que a passagem pelo ao qual entraram por trás de um quadro havia levado-os para a sala comunal da casa de Harry e, para sorte dos três, estava vazia.
— E-eu, não podia estar aqui. — coçou a nuca lembrando que era estritamente restrita a entrada de alunos na sala comunal que fosse não fosse a sua. O desespero fluía de sua voz.
— Você realmente tem problemas com regras, não é? — Ron murmurou criando fôlego.
— Me desculpe, mas eu não sabia que vocês iriam me trazer para cá — disse ríspida cruzado os braços.
— Não se preocupe, não é como se a gente já não tivesse quebrado essa regra antes. Não é, Ron? — Harry censurou o amigo lembrando-o da vez que se passaram por Crabbe e Goyle para entrar na sala comunal da sonserina.
— Mas daquela vez nós estávamos disfarçados — Ron rebateu.
— Por Merlim, do que é que vocês estão faland…
De repente, a lareira da sala — a qual a Malfoy havia notado apenas agora — começou a estalar e, aos poucos, uma figura feita com fogo começou a criar forma de um rosto. Harry ficou mais pálido do que nunca, afinal, apesar de todos os alunos estarem no salão principal, era uma péssima hora para Black aparecer.
— Lilian? — a voz de Sirius saiu saiu baixa e surpresa enquanto seus olhos estavam fixos em . Afinal, quem era Lilian?
Capítulo XII - A segunda tarefa
O fogo estalava e se movia no formato de um rosto, enquanto a mente de era inundada por perguntas. Quem era aquele? Quem era Lilian? Por que ele estava no fogo? Como não se queimava?
— Minha mãe? — Harry foi quem quebrou o silêncio e desviou o seu olhar para ele. Foi encarando o garoto que ela se lembrou: Lilian Potter, a mãe de Harry. Era dela que o homem no fogo falava, não havia dúvidas. Mas por que olhava para ela? Por que se referia a Lilian naquele momento?
A imagem no fogo desviou o olhar para Harry antes de olhar novamente e só então pareceu notar de quem realmente se tratava.
— Desculpe, eu só… — e parou sua frase no meio, como se não soubesse explicar o que havia acontecido. Harry se apressou para o lado da garota, pronto para tentar explicar sobre Sirius e implorar que ela não contasse aquilo a ninguém, mas quando percebeu que a garota não reconheceu Black, se sentiu aliviado.
— Essa é . Malfoy, a filha do Snape — Harry adiantou-se e naquele momento a expressão de Sirius tomou um ar de clareza e certa fúria.
— Onde conseguiu esse vestido? — questionou de modo ríspido e franziu o cenho sentindo certo desapreço por Sirius crescer em si.
— Do que te importa? — soltou no mesmo tom, o que pareceu impressioná-lo por um breve momento.
— De onde roubou isso, Malfoy? Ele claramente não é seu. Conheço esse vestido. Não o vejo a anos, mas o reconheceria em qualquer lugar. E sei bem que não existe outra forma de ele estar com você — o tom furioso e acusador de Black impressionou Harry. A última vez que o vira com aquele tom foi para Rabicho depois de descobrir que havia sido ele a trair seus pais. Mas por que usava aquele tom com ?
— Sirius! — Harry deixou escapar e chamando a atenção a imagem de Almofadinhas nas chamas encarou Harry ainda parecendo transtornado.
— Não deve confiar nessa garota, Harry. Ouvi coisas sobre ela. Ela é exatamente como a mãe e o resto da família Malfoy. — Ao ouvir aquilo não sentiu medo de que Sirius soubesse de algo sobre ela, mas sim raiva. Quem ele achava que era para falar de sua mãe ou de sua família?
— Não fale assim da minha mãe! — soltou em tom alto e Sirius a encarou. — Se ousar dizer mais alguma coisa eu juro que eu…
— ! — Harry chamou sua atenção a encarando perplexo.
Já havia visto a garota brava uma vez. Com Moody. Mas aquilo era diferente. estava furiosa. Seus olhos escuros pareciam se tornar ainda mais negros, e estranhamente o ar pareceu se tornar gélido de um minuto para o outro. A sensação não era estranha para Harry naquele momento. Já havia se sentido daquele modo antes. De uma maneira mais intensa, porém ainda assim muito semelhante. E aquilo lhe causava arrepios.
por sua vez se sentiu desorientada. Muitos sentimentos a atingiam ao mesmo tempo. Afinal, não era justo que um estranho lhe surgisse do nada, dizendo coisas sobre sua mãe daquele modo, afinal Katrina era boa, sabia disso por tudo que o pai lhe contava. Porém, lá no fundo, passando por toda sua raiva naquele momento, um pequeno pedaço de seu coração a fazia se lembrar do sonho que teve o qual parecia ser tão real.
— Eu vou para o meu dormitório — foi tudo que ela disse antes de se virar e se encaminhar a passos firmes para fora dali.
Harry tentou chamá-la, mas quando se deu conta ela já estava fora dali.
— O que deu em você? Por que a tratou assim? — questionou Black de maneira exasperada enquanto Rony parecia assustado com tudo que acabara de acontecer.
— Harry, me escute com atenção. Não pode confiar em , está me entendendo? — Sirius questionou e Harry respirando de modo acelerado e descompassado o encarou franzindo levemente o cenho.
— Por que não? — Harry questionou ainda com certa dúvida. Sirius hesitou por um momento antes de continuar.
— Existem boatos em Azkaban. Boatos sobre uma criança escolhida por você-sabe-quem para a sua volta. Boatos de que ela era vinda da família Malfoy. E conhecendo Katrina Malfoy tanto quanto conheci, posso apostar que a filha dela não é muito diferente. — Um arrepio subiu a espinha de Harry. ? apesar de ter parte do gene dos Malfoy ainda assim era uma boa garota. Divertida e descontraída, com uma parte boa que se sobressai em pequenos momentos que ele podia apostar que ela sequer notava, mas ele sim.
— Eu não sei, Sirius. Para mim parece… Normal — Rony foi quem começou defendendo a garota. Conhecia pouco de , mas o que conhecia lhe era suficiente para apostar que se havia uma maçã que não estivesse podre na árvore dos Malfoy, aquela era . Tinha muito pouco da família de Draco. Não havia superioridade nela em relação e puros sangue ou nascidos trouxas, muito menos a bruxos com altos cargos, ou mais humildes como os Weasley. Na verdade, era a primeira Malfoy a tratar Rony como igual e aquilo já lhe contava pontos.
— Escutem bem vocês dois, tomem cuidado com ela — alertou novamente. No fundo da mente de Harry algo zumbia.
— Você disse que ela roubou o vestido e que o conhecia. De onde? — Harry questionou curioso.
— A última vez que o vi foi anos atrás, quando ainda estudava em Hogwarts — começou. — A garota que o vestiu chamou a atenção de todos no baile. Principalmente a de Tiago. — Harry sentiu o coração acelerar pois sentia o que vinha a seguir, mas não conseguia acreditar nem sequer entender.
— Quem era ela? — Rony foi quem questionou, apesar de também imaginar o que ele diria a seguir.
— Era Lilian. Sua mãe, Harry. Aquele vestido era de sua mãe.
Cedrico caminhava pelos corredores acompanhado de alunos de sua casa que conversavam animados sobre aquela tarde, porém ele sequer prestava atenção às conversas já que seus olhos varriam cada canto por onde passava em busca de uma certa cabeleira branca.
Desde o baile Cedrico e se encontravam sempre que era possível. Por corredores, se esgueirando sempre que podiam por aí ou apenas após o jantar quando Cedrico acompanhava até a sala comunal da Sonserina. Mas naquele dia ainda não a havia visto em lugar algum e se sentia ansioso, já que queria encontrá-la antes da tarefa daquela tarde, mesmo que fosse apenas para ouvi-la reclamar de como aquele torneio era perigoso.
Adorava aquilo em . Como ela se preocupava e a cara de insatisfeita que fazia com a mínima menção a algum risco a ele. Era bonitinho de ver e ele sentia uma extrema e incontrolável vontade de apertá-la em seus braços sempre que acontecia.
O coração dele ainda acelerava no peito sempre que os olhos de Eilleen Malfoy o encaravam e ela sorria, ou quando ela o chamava pelo sobrenome da família. E ele sentia que sempre teria batidas descompassadas em seu peito quando o assunto fosse aquela Malfoy.
— Diggory! — a voz que o chamou não pertencia a , mas sim a um Malfoy bem mais mal encarado. Quando Cedrico se virou encontrou Draco. Diferentemente do que era comum, ele não estava acompanhado de Crabbe e Goyle, o que já indicava que ele não pretendia arranjar confusão.
— Draco — cumprimentou com um aceno de cabeça amistoso. Apesar da antipatia geral por Draco, Cedrico sempre apenas deixou isso de canto, mas agora sabia do carinho de pelo garoto e tentaria ser simpático, afinal era o primo de sua namorada. Espere, namorada? Era o que eram?
— Você por acaso viu ? — Draco parecia preocupado e Cedrico sentiu a preocupação surgir em si também. Os primos Malfoy eram da mesma casa afinal, e se Draco não havia a visto, onde estava ?
— Não, não a vi. A última vez que a vi foi ontem, quando a deixei nas masmorras — Cedrico informou se recordando do momento em que a deixou a entrada da sala comunal da Sonserina.
— Ela não estava lá essa manhã e nem apareceu para o café — havia algo no tom de Draco que entregava a Cedrico que existia algo mais assustando Draco, mas ele não sabia o quê.
— Vamos atrás do professor Snape, ver se ele sabe de algo. — Cedrico acertou um leve tapa no ombro de Draco que sequer contestou, apenas seguiu o rapaz.
Seguiram por corredores e esbarraram em alunos até chegarem à sala de Snape. Cedrico bateu na porta a abrindo em seguida. O professor estava mexendo em alguns livros quando se virou encarando Cedrico com uma expressão nada boa. O olhava assim desde que viu ele e juntos pela primeira vez pelos corredores da escola.
— O que quer, Diggory? — foi como o recebeu antes de notar que Draco estava ali. Franziu minimamente o cenho quando notou o outro garoto ali, e assim como os dois, se sentiu preocupado. Algo de errado tinha de ter acontecido para os dois estarem ali juntos.
— Queríamos saber se o senhor viu a , professor — Cedrico começou com a voz baixa e tímida.
— Não a vimos desde ontem — Draco completou parando em frente a Snape.
— Não a vi, na verdade. Ela não compareceu para um compromisso nosso, mas achei que era porque estivesse com você, Diggory. — Cedrico se lembrava de dizer algo sobre precisar encontrar o pai naquele dia e por isso havia negado a companhia dele mais cedo naquele dia.
— Não, senhor — foi tudo que Cedrico disse.
— Precisamos procurá-la — Draco soltou exasperado de modo que assustou Severo.
— Draco, nada de mal deve ter acontecido, ela só deve estar fazendo algo por aí — foi o que Snape respondeu indiferente. Sabia onde a filha estava, afinal, como todos os outros professores, havia sido ele em que chamou-a até sua sala na noite anterior e, conforme o combinado, não contaria aquilo aos dois em sua frente.
— Não, nós realmente precisamos procurá-la — ele insistiu parecendo à beira de um ataque.
— Draco, se acalme, está bem e…
— VOCÊ NÃO TEM COMO SABER! — ele alterou o tom de voz com Cedrico, que tentava o acalmá-lo. — ELA PODE ESTAR POR AÍ. PERDIDA EM ALGUM LUGAR, OU TER TIDO OUTRO DAQUELES APAGÕES E… — Draco parou repentinamente ao notar que havia citado o apagão de do qual nem Diggory, nem Snape tinham ciência.
— Do que está falando, Malfoy? — Snape foi quem questionou, a expressão agora claramente mais preocupada. Que apagões eram aqueles de que ele falava? Draco engoliu em seco, se encolhendo. — Draco, diga! — Snape aumentou seu tom fazendo o garoto se assustar. Respirou fundo e soube que a prima o mataria por ter contado.
— Antes do baile foi parar na enfermaria, se lembra disso? — Severo apenas assentiu. — Não foi um desmaio qualquer. disse que estava lá indo em direção ao castelo e de repente o que se lembrava era acordar na enfermaria. Professor Moody a encontrou perto da floresta, mas não estava indo naquela direção. E também… — ele torceu o lábio encarando o professor — foi naquele dia que ela sonhou com tia Katrina. — Snape engoliu em seco sentindo um arrepio lhe correr a espinha. Não sabia ao certo o que estava acontecendo, só sabia que não era nada bom.
— Muito bem — tentou parecer indiferente e não deixar transparecer aos dois jovens bruxos o que sentia. A filha já havia contado sobre o sonho para ele antes, mas não havia mencionado a parte do apagão, tão pouco que Moody estava envolvido nisso. — Irei falar com Dumbledore sobre . E quanto a vocês dois, sugiro que se apressem, já que o senhor Diggory tem uma prova para cumprir.
— Mas professor Snape... — Draco deu um passo para frente ainda visivelmente afetado com o desaparecimento repentino da prima, mas Snape o interrompeu.
— Já avisei que eu cuidarei dos assuntos que envolvam a minha filha e a menos que os dois queiram perder pontos para cada casa, deem o fora daqui. Imediatamente.
Draco saiu bufando da sala do professor como nunca o fizera antes e Cedrico vinha em seu encalço.
— Malfoy? — perguntou segurando o ombro do garoto em sua frente.
— O que é? — se virou e respondeu de forma ríspida e naquele momento, Cedrico voltou a reconhecer o antigo Draco.
— Você pode me falar mais sobre o apagão de ? — Os dois garotos pararam em frente a porta da biblioteca e Draco suspirou. Ele sabia de duas coisas naquele momento, a primeira era que sua prima acertaria as contas com ele depois e a segunda era que Diggory seria extremamente insistente até descobrir sobre aquilo.
— Você precisa entender que tem uma certa tendência a se meter em confusão, ainda mais quando se trata de proteger quem ela ama. — Passou as mãos pelo cabelo e Diggory franziu o cenho sem entender completamente o que Draco dizia. — Acontece que carrega um fardo enorme sobre si e isso está afetando-a. Não me pergunte sobre o que é esse fardo, porque nem eu mesmo sei te dizer, mas foi por estar se exigindo demais que ela teve esse apagão. Eu tenho certeza disso. Mesmo que ela negue, mesmo que finja ser a durona de sempre…
Cedrico ouvia cada palavra de Draco atentamente. Jamais pensou que o garoto se importasse tanto com a prima, muito menos cogitou ouvir algum dia aquelas palavras saindo de sua boca e se surpreendeu ao perceber a sua preocupação. Mas o que era aquele fardo, afinal? Sempre soube que era uma Malfoy diferente, mas algo lhe dizia que não se tratava sobre ser a “ovelha negra” ou nesse caso “a colorida” da família, era algo muito além disso. Então esperou o garoto contar sobre como ela estava se sentindo indisposta nos últimos dias, se sentindo frequentemente cansada durante as aulas e como havia tendo lapsos constantes de memória. Como ele não havia notado isso antes? Como não foi suficientemente capaz de perceber que algo estava errado com sua ?
E foi aí que se lembrou que havia passado grande parte daquele tempo chateado com a garota por ciúmes. Se sentiu péssimo por aquilo.
— Dobby? — a voz de Draco soou nos ouvidos de Diggory o tirando de seus devaneios e, ao voltar sua atenção a ele, percebeu que não estavam mais sozinhos.
— Desculpe Dobby, senhor Malfoy, mas Dobby não pode deixar de ouvir que falavam de uma jovem que tem o mesmo nome da senhorita Malfoy. A gentil senhorita Malfoy. É dela que falam, meu jovem senhor? — o elfo questionou com certa preocupação, mas Cedrico não deixou de notar que não era tanta. E algo que também o jovem lufano não deixou passar foram as palavras do elfo. “A gentil senhorita Malfoy” e por um momento conseguiu imaginar com o elfo. Se lembrava que Dobby havia trabalhado com os Malfoy e conseguia imaginar o tratando com extrema gentileza enquanto o pobre elfo era menosprezado por todos os outros. Mal conseguiu conter seu sorriso ao imaginar aquela cena.
— Sim, Dobby, é de que falamos — Draco se apressou em afirmar e Cedrico notou que apesar do tom ainda meio arisco havia certa calma em sua voz. Como se o que Draco sentia naquele momento, apenas Dobby compreendesse de modo completo.
Dobby, por sua vez, encarou Diggory com curiosidade. O analisou por alguns segundos, até que os grandes olhos do elfo encontrassem finalmente os dele e Dobby sorrise.
— O que está acontecendo? — uma quarta voz irrompeu no local e todos se viraram encontrando Harry, que tinha seu cenho franzido e olhar confuso.
— Depressa vocês dois — guinchou Dobby, puxando a manga dos dois garotos. — Dobby não quer que o senhor Diggory perca a amiga de Dobby, meu senhor, nem que Harry perca o Wheezy dele.
— Mas do que é que esse elfo maluco está falando? — Draco disparou irritado e o jeito brando de antes desapareceu por completo. Afinal, ainda estava preocupado com a prima. Deveria estar atrás de neste momento, não escutando eles.
— Eu acho que Dobby sabe onde está. — Harry ajeitou o óculos se voltando para Cedrico. — Ele disse que os sereianos estão com Rony no lago negro, faz parte da segunda tarefa e eu tenho que procurá-lo. É bem provável que também faça parte da prova.
— Mas é claro! — disparou Diggory, como se um fagulho de luz iluminasse seu pensamento. Como não havia pensado naquilo antes? — Levamos o que lhe fará muita falta. Era isso que a canção dos sereianos dizia.
No mesmo instante, Cedrico pode ver Harry e Dobby concordarem com a cabeça, então, as coisas foram ficando cada vez mais claras para ele e Harry afinal, e o único que parecia estar ainda relutante quanto aquilo era Draco. Diggory não podia culpá-lo, o garoto não sabia sobre a música, tão pouco sobre a tarefa que os campeões deveriam executar, era compreensivo Draco estava apavorado.
— Não se preocupe, Malfoy, eu trarei sua prima de volta — Cedrico sorriu vitorioso a Draco, pousando uma mão sobre seu ombro, gesto que logo desfez já que se virou para Potter e sem precisar pronunciar qualquer coisa, seguiram juntos para a prova.
— Vejo você depois, Dobby! — gritou Potter.
Harry e Cedrico saíram disparados pelo corredor, desciam as escadas em sincronia, pulando três degraus de cada vez. Enquanto corriam pelo gramado, viram que as arquibancadas que tinham rodeado o picadeiro dos dragões na primeira prova agora estavam dispostas ao longo da margem do lago, quase explodindo de tão lotadas. Os dois campeões se entreolharam ao perceber a algazarra excitada dos espectadores e se apressaram novamente em direção aos juízes que estavam sentados a uma mesa coberta com tecido dourado. Fleur e Krum estavam parados ao lado da mesa, observando os dois se aproximarem correndo. Krum franziu o cenho.
— Estamos... aqui... — ofegaram juntos, derrapando na lama ao parar e então Harry imediatamente sentiu o olhar de Karkaroff sobre si, não precisava ser um legilimente para saber que o diretor de Durmstrang não estava nem um pouco satisfeito com o atraso deles.
Harry olhou para o lado e viu Cedrico cochichar algo com Krum, provavelmente o búlgaro havia percebido a ausência da melhor amiga também e Diggory explicava o que havia descoberto com Dobby.
— ... têm exatamente uma hora para recuperar o que lhe foi tirado. Então, quando eu contar três. Um… dois… três!
No mesmo instante em que a voz terminou de ressoar, um apito estridente produziu um som que indicava o início da prova. Harry tirou um punhado de guelricho do bolso, meteu-o na boca e entrou no lago.
Harry nadou por aproximadamente uns vinte minutos ou assim lhe pareceu. Então, finalmente ouviu um trecho da música misteriosa dos sereianos.
Uma hora inteira você deverá buscar,
Para recuperar o que lhe tiramos…
... já se passou meia hora, por isso não tarde
Ou o que você busca apodrecerá aqui…
Harry sentiu o medo começar invadi-lo cada vez mais, temia pela segurança de Rony se a música dos sereianos estivesse certa e mesmo que não quisesse admitir, temia pela segurança de . Já havia algum tempo que ele estava tentando falar com a garota sobre o episódio com Sirius, não tinha deixado de levar em consideração o que o padrinho havia falado, ainda assim, o que mais preocupava Potter naquele momento era a possibilidade de contar sobre Sirius a alguém. Mas todas as vezes em que pretendia se aproximar da garota, para conversarem, alguém os interrompia e isso incluía Draco, Snape e até mesmo Diggory, que sempre estava do lado dela nos últimos dias.
Alguns minutos mais tarde, Harry notou um grande número de sereianos flutuando diante de casas enfileiradas, eles cantavam chamando pelos campeões e, por trás deles, erguia-se uma estátua de um gigantesco sereiano que em sua cauda firmemente amarradas se encontravam quatro pessoas.
Rony foi o primeiro que Harry notou — afinal, era quem ele procurava —, o rapaz estava amarrado entre Hermione e . Os cabelos das duas e de uma terceira garota que Harry não conhecia, mas aparentava ter por volta dos seus oito anos, flutuavam de forma lenta e, olhando mais atentamente, Harry pôde notar que todos os quatro estavam profundamente adormecidos e em suas bocas existia um fluxo contínuo de pequenas bolhas. Potter se lembrou que não tinha muito tempo e nadou rapidamente em direção aos reféns e, ao contrário do que pensava, os sereianos não o atacaram. Verificou as cordas que os mantinham presos e olhou ao redor em busca de algo que pudesse ajudar naquele momento.
Se pelo menos houvesse algo afiado…
Muitos sereianos que cercavam os reféns seguravam lanças afiadas, mas quando Harry se aproximou de um deles tentando por mímica — já que nenhuma palavra saia de sua boca — pedir a lança emprestada, o sereiano apenas riu e sacudiu a cabeça pronunciando “não ajudamos” de forma ríspida. O bruxo respondeu com veracidade e deu meia volta olhando em volta à procura de alguma coisa afiada qualquer, até notar que havia muitas pedras no leito do lago. Harry mergulhou e apanhou uma com aspecto afiado e voltou a nadar até Rony, depois de conseguir libertá-lo, o segurou e foi em direção a Hermione, mas na mesma hora os sereianos o seguraram e o impediram de chegar até a amiga, balançando as cabeças em negação e dando risadas.
— Você leva o seu refém — disse um deles. — Deixe os outros. Sua tarefa é resgatar apenas o seu amigo. Deixe os outros…
— Ela é minha amiga, também! — berrou Harry, gesticulando em direção a Hermione. Os olhos de Harry foram de Granger a Malfoy e ele torceu para que os outros campeões chegasse logo. — E tampouco quero que os outros morram!
Tentou se desvencilhar dos braços que o seguravam e quando conseguiu, ergueu os olhos e viu Cedrico — finalmente —, nadando em direção ao grupo, em torno de sua cabeça havia um enorme bolha que fazia suas feições parecerem largas e esticadas.
— Me perdi! — disse ele silenciosamente, com uma expressão de pânico. — Fleur e Krum estão vindo agora!
Naquele instante, Harry se sentiu imensamente aliviado ao ver seu adversário. Ele então puxou uma faca do bolso e libertou , segurou-a em seus braços e Harry pode notar um sorriso — apesar de deformado —, aparecer no rosto do garoto. No instante seguinte, ele puxou para cima e desapareceu de vista.
recobrou a consciência assim que ela e Cedrico emergiram da água. A garota expeliu um pouco de água e uma onda de tosse se instaurou de repente, mas durou poucos segundos. Ela olhou ao redor rapidamente e sentiu mãos ajudarem ela e Diggory subirem para um tipo de arquibancada enquanto vários espectadores faziam um estardalhaço, gritando em coro por Diggory.
— Você está bem? — Cedrico passou às mãos no cabelo da garota, colocando as mechas brancas grudadas em seu rosto para atrás da orelha. Sentia que ela estava um pouco confusa.
— Está g-gelado. — A boca tremia e Cedrico se apressou para abraçá-la. apoiou sua cabeça entre o ombro e o pescoço de Diggory na tentativa de se esquentar, mas o lufano estava tão molhado quanto ela.
— Venham aqui vocês dois! — Cedrico virou a cabeça para o lado e notou que Madame Pomfrey os chamava. O lufano se levantou ajudando e, ao se aproximarem, Madame Pomfrey os embrulhou em um cobertor apertado o qual lembrava uma camisa de força e empurrou uma dose de uma poção muito quente pela garganta de cada um dos dois, que fez sair vapor de suas orelhas. Instantaneamente, se sentiram melhor.
— O que aconteceu? — foi a única coisa que a garota conseguiu proferir. Se lembrava apenas de ter ido até a sala de seu pai e depois disso nada. Chegou a cogitar a possibilidade de ter tido um de seus episódios, mas quando se voltou para o garoto do seu lado e seguiu seu olhar para o lago negro, percebeu que não se tratava de um apagão.
— Lá vem o Victor Krum! — a voz de Dumbledore ressoou e viu Krum emergindo das águas na companhia de Hermione, e naquele instante soube que tudo aquilo se tratava da segunda prova do torneio tribruxo e, ao que tudo indicava, Cedrico havia sido o primeiro cumpri-la. A Malfoy se sentiu extasiada pelo garoto e por mais que ele estivesse em sua frente respondendo sua pergunta anterior, ela só conseguia prestar atenção no que sentia naquele instante. Estava feliz por Diggory ter conseguido, mais que isso, estava feliz por ele estar bem e aquele momento era digno de seu sorriso.
— Parabéns, meu campeão — murmurou e Cedrico sorriu largo, colando suas testas e fechando os olhos, pronto para selarem seus lábios.
— Cof-cof. Melhor não fazerem isso agora. — Os dois se separaram rapidamente e se voltaram para trás, notando o olhar do professor de Artes das Trevas sobre si. Moody os observava cautelosamente e rolou os olhos a Crouch, que não dava sinais de satisfação ao casal.
Krum e Hermione se aproximaram dos dois e os quatro ficaram conversando até o momento em que Fleur apareceu e se juntou a eles, ela não havia conseguido completar a prova e estava apavorada por não conseguir salvar sua irmã, mas Dumbledore havia lhe garantido que nada de ruim aconteceria com a jovem Delacour.
O tempo da prova já havia se esgotado e Hermione estava tendo um pequeno surto por Potter ainda não ter voltado e aquilo deixava tão nervosa quanto ela, já que seria péssimo garoto morrer antes dos planos do seu mestre. Contudo, não precisou se preocupar já que um urro dos espectadores indicava que Harry e Rony finalmente haviam chego e não estava sozinhos.
— Gabrielle! Gabrielle! Ela está viva? Ela está machucada? — Fleur correu até os três agradecendo imensamente a Harry e Rony.
Depois de Madame Pomfrey dar aos três os cuidados necessários, a voz de Dumbledore ressoou e todos os campeões se puseram de pé.
— A Srta. Fleur Delacour, embora tenha feito uma excelente demonstração do feitiço cabeça-de-bolha, foi atacada por grindylows ao se aproximar do alvo e não conseguir resgatar sua refém. Recebeu vinte e cinco pontos. O Sr. Victor Krum usou uma forma de transformação incompleta, ainda assim eficiente, e foi o segundo a voltar com a refém. Recebeu quarenta pontos. — sorriu para o amigo recebendo uma piscadela em troca. — O sr. Cedrico Diggory, que também usou o feitiço cabeça-de-bolha, foi o primeiro a voltar com a refém, embora tenha chegado um minuto depois da hora marcada. — Cedrico segurou forte a mão da Malfoy, que retribuiu apoiando sua cabeça em seu ombro. Apesar de estar relutante, estava feliz pelo garoto e seus colegas de casa não estavam diferentes, já que grandes aplausos foram ouvidos vindos dos alunos espectadores da lufa-lufa. — Portanto, recebeu quarenta e sete pontos e por fim, o Sr. Harry Potter, o qual usou guelricho com grande eficácia e apesar de ter voltado por último e ter ultrapassado muito o prazo, o chefe dos sereianos nos informou que o Sr. Potter foi o primeiro a chegar aos reféns, e o atraso na volta se deveu à sua determinação de trazer todos os reféns em segurança — franziu o cenho —, e não apenas o seu. Portanto, devido a sua atitude, recebeu quarenta e cinco pontos.
Naquele instante, o estômago da Malfoy deu um solavanco. Sabia que a hora estava chegando.
Na noite daquele mesmo dia, acordou suando em sua cama. Algo não estava normal e o som sibilante que a garota escutava só a fez concretizar aquilo que pensava. Ela estava ali.
A Malfoy afastou as cortinas de sua cama, se levantou e vestiu um robe qualquer, saindo pé por pé de seu dormitório sem a intenção de acordar suas colegas de quarto, tão pouco alguém de sua casa. Ela saiu da sala comunal e se esgueirou pelo castelo. Foi fácil para sair despercebida naquela noite, os alunos estavam todos cansados pela prova daquela tarde e os professores certamente não trariam problema se não a vissem. Seguiu passo por passo o som já conhecido que a levou a um ponto da floresta proibida.
— O que você está fazendo aqui? — estendeu o braço direito e de maneira lenta e quase graciosa a cobra se enrolou a seu braço e então ao seu corpo. O sibilino se juntando ao barulho do vento ainda assim era claro para .
— Trago um recado do mestre — e foi aquela frase Nagini que fez o corpo de tremer por inteiro.
Capítulo XIII - A visita de Nagini e o aparecimento do Sr. Crouch
Um arrepio percorreu toda a espinha de . Voldemort não mandaria Nagini ali se não fosse algo de extrema importância e ela não conseguia imaginar naquele momento o que poderia ter feito de errado.
— O mestre manda perguntar se você esqueceu sua missão em Hogwarts — a voz sibilante de Nagini ecoou em um tom do qual não gostou nem um pouco.
— Não. Eu tenho cumprido meu papel. Tudo vem dando certo. Potter está no torneio, e até o presente momento, vivo, como é o esperado para a última tarefa. — sentia seu coração bater acelerado no peito, e naquele momento repassava em sua mente tudo que pudesse ter feito de errado, mas nada lhe ocorria.
— O lorde das trevas foi informado que à uma certa distração em seu caminho, jovem Malfoy. — Nagini lentamente se enrolava ao corpo de , e a garota estava tão imersa em busca de suas falhas que sequer notou o que estava para acontecer. Talvez tivesse passado tanto tempo segura daquilo que havia se esquecido da ameaça que a cobra podia representar quando era do desejo de Voldemort. — Uma jovem distração — e ao dizer aquilo foi que um nome ecoou em sua mente. Cedrico.
Não houve tempo em contestar, porque no momento que a clareza surgiu no rosto da jovem Malfoy e todo senso de risco voltou ela, era tarde. Nagini forçou o aperto no no corpo de . Era inútil tentar se soltar da cobra que era inúmeras vezes mais forte que ela, porém o inicio da dificuldade em respirar tomou conta de si e junto a isso veio o desespero.
— Milorde foi informado que você tem estado bem próxima ao garoto Diggory — a cobra sibilava de modo provocativo. Como se debochasse de . —, e você sabe o que ele pensa desse tipo de aproximação. Perca de tempo, é o que é. — se debatia, mas não havia o que ser feito, estava presa.
— Ele não está sendo uma distração — contestou com dificuldade.
— Não é o que o jovem Crouch tem a dizer. — Maldito Bartô, foi o que veio a mente de . Devia tê-lo matado quando teve a chance. — Olhares apaixonados, beijos pelos cantos do castelo, mãos que se entrelaçam enquanto caminham e enquanto isso, onde está Potter? Como está garantindo que tudo dê certo para o plano de Milorde? — Um novo aperto veio, seguido por um gemido de dor de . Naquele momento, sentiu um vacilo por parte da cobra, por um segundo, apenas para em seguida ir embora. — O lorde das trevas manda dizer que esse é o único aviso que terá. Se houver uma próxima vez, você verá a vida deixar os olhos do rapaz — e dizendo aquilo Nagini a soltou, fazendo com que o corpo dolorido de fosse de encontro ao chão.
Ouviu o rastejar da cobra floresta adentro e em seguida o silêncio. Apenas o vento era escutado junto ao som de galhos batendo uns nos outros. sentia que vomitaria a qualquer momento, não apenas pela dor em seu corpo, mas também pelo que Nagini havia dito.
Se houver uma próxima vez, você verá a vida deixar os olhos do rapaz.
E de repente se viu novamente no vilarejo de Little Hangleton. Uma luz esverdeada encontrando o corpo de Franco Bryce, que em um segundo tinha olhos que, apesar de velhos, eram cheios de vida, e no instante seguinte eram vazios.
se colocou de pé e, apesar da dor, seguiu seu caminho de volta ao castelo. Durante todo o caminho tentou encontrar uma solução para a situação com Cedrico, mas não havia nada que pudesse fazer além de se afastar. Bartô Júnior estava pela escola, onde ela estivesse e sabia que quando tivesse a chance contaria ao Lorde das trevas caso ela se aproximasse de Cedrico novamente. E preferia não vê-lo mais, a vê-lo morto. Então a decisão final da pequena Malfoy foi tomada antes mesmo que entrasse no castelo novamente.
se esgueirou pelas sombras atenta para qualquer sinal de Filch ou de madame Nora, ou ainda de algum professor que pudesse estar perambulando por aí durante a noite e isso incluia seu pai. Mas todas as investidas da Malfoy de passar despercebida, foram por água abaixo no momento em que algo se chocou contra o seu corpo. No primeiro instante, não conseguiu vislumbrar no que havia batido — afinal, não havia nada em sua frente -, mas logo após esticar suas mãos para frente, descobriu que talvez não estivesse imaginando tantas coisas assim.
— O que faz aqui, Potter? — a rispidez soou em sua voz e acompanhada dela estava o nervosismo do seu encontro anterior com Nagini. Tudo o que a jovem bruxa menos queria ver naquele momento era Harry. — E o que é isso? — perguntou apontando para a capa ao qual o garoto havia despido. Potter, por sua vez, estava tão surpreendido quando ela e podia jurar que, ao invés de , ouvia Snape naquele momento.
— O que você faz aqui? — O jovem cruzou os braços olhando incessantemente para a Malfoy.
— Você seria muito mais educado se me respondesse, afinal, eu perguntei primeiro — falou puxando a capa do garoto, que vacilou por instante suficiente para que ela fizesse isso. Harry irritou-se e tentou puxar de volta, mas parou ao perceber verificar a capa com certa curiosidade e fascinação. Ela sorria de forma alegre e por um momento, Harry sentiu-se fixado, ele sabia que aquele maldito sorriso o atormentava e parte disso se dava pelo fato de ser alguém a qual Harry não compreendia. Ele não podia simplesmente ignorar os avisos de Sirius, mas tudo o que a garota fazia o deixava duvidar das palavras de seu padrinho. — Uau, é realmente uma capa da invisibilidade! — exclamou com excitação e Harry voltou a si.
— É sim, e você deveria falar mais baixo, não esqueça que Filch está por aí com madame Nora. — Arrumou os óculos e verificou o corredor atrás de .
— Você está certo. Pegue. — esticou a mão com a capa a Harry. O garoto segurou-a e antes que pudesse dizer qualquer coisa, a Malfoy já havia se distanciado e seguia rumo às masmorras. Harry apressou-se.
— Malfoy, espere! — sussurrou um pouco mais alto na esperança da garota ouvir, porém teve que apressar ainda mais seu passo já que a ela não havia dado sinal de tê-lo ouvido.
parou subitamente ao sentir o toque em seu ombro.
— Por Merlim, Potter, o que você quer? — Parou virando-se para trás. O seu primeiro reflexo foi cruzar os braços e esperar que Harry a respondesse. Estava torcendo que o garoto fosse rápido, afinal, sua noite já estava sendo conturbada demais.
— Você também escutou o barulho? — sua voz ressoava de forma cautelosa e pode notar um certo vacilo nela.
— Do que é que você está falando? — questionou tentando não parecer tão surpresa.
— Um sibilar, . Eu escutei um sibilar que me fez acordar, então resolvi verificar e vi você, por isso estou perguntando se ouviu também — Harry disse de forma simples e franziu o cenho. Ele não podia estar falando de Nagini, podia? No momento seguinte, sentiu um arrepio percorrer a sua espinha, não tinha como Harry ser ofidioglota, era impossível e sabia, pois jamais tinha conhecido alguém que fosse senão ela e Voldemort.
— Desculpe, Harry, mas acho que você deve procurar a Madame Pomfrey — disse simplesmente. — Ouvir coisas mesmo no mundo bruxo não é um sinal muito bom.
Harry teve uma vaga lembrança ao ouvir aquelas últimas palavras e por um segundo pensou que estava de frente a Hermione.
— Deixe isso pra lá. — Balançou a cabeça irritado. Ele sabia que havia escutado algo, mas dificilmente acreditaria nele, ela não tinha presenciado seu episódio com um basilisco no segundo ano. — Bem, eu só preciso te pedir um favor…
fez sinal com a cabeça para que ele continuasse a falar.
— Sobre a noite do baile... É que... Bem... Eu gostaria de me desculpar pela forma como meu padrinho a tratou, eu não sei o que deu nele. Geralmente ele não é tão agressivo como foi com você naquela noite e... — começou de maneira sutil e a memória daquele dia surgiu de forma súbita a mente de . Havia passado tanto tempo com Cedrico que se quer deixou-se lembrar do episódio na sala comunal da Grifinória e tão pouco havia se dado conta que o homem ao qual Harry havia chamado de padrinho era Sirius Black.
— Harry, você não devia esconder Black — frisou e Harry sentiu seu corpo enrijecer. Seria capaz de contar a alguém sobre Sirius? Foi aí que ele se lembrou de Snape e de seu pouco apreço por Black. Não restava dúvidas que estaria ao lado do seu pai. Mas, surpreendentemente, ao notar a confusão que se instaurou no rosto de Harry, se adiantou. — Não se preocupe, Potter. Se está com medo de que eu conte a alguém sobre ele, pode ficar tranquilo. Não possuo a mania de me meter nos assuntos que não me dizem respeito, e o porquê de você manter contato com ele, pouco me importa — respondeu ríspida e Harry sabia que seu lado “Snape” havia aflorado mais que o normal naquela noite. — Mas, se tiver algum juízo nessa cabeça, ficará longe de pessoas que insinuam que outras são ladras com tanta facilidade e sem nem ao menos conhecê-las. A primeira impressão é o que conta, sabe? E duvido muito que minha madrinha me daria um vestido roubado.
— A SUA O QUÊ?! — Harry disparou sentindo-se mais confuso do que nunca e teve que tampar rapidamente sua boca.
— Está querendo que nos peguem, Harry? — resmungou afastando devagar a mão da boca de Potter.
— Me desculpe, é que…
— Desembucha de uma vez que eu não sei você, mas estou morrendo de sono — resmungou.
— É que... Sirius disse que esse vestido pertencia a minha mãe. — Apesar de estar com os óculos, pode ver o olhar surpreso de Harry em evidência e todas as palavras que o garoto havia falado só serviram para deixá-la mais atormentada que antes. Maldita hora que resolveu ouvi-lo.
— Você está demasiadamente maluco — dito isso, a Malfoy deu as costas novamente a Harry e seguiu para os aposentos de sua casa. Lilian Potter ser sua madrinha? Era impossível.
seguia pelos corredores da escola de modo ansioso e nervoso. A todo instante seu olhar estava em busca de algo, enquanto seus pés caminhavam apressados. Era fim de tarde e as aulas daquele dia haviam tido seu fim, e assim que ela virou um corredor parou quase que imediatamente a visão de Cedrico.
Estava com uma turma de amigos de sua casa e quase que automaticamente se virou para ela, acenando e sorrindo para a garota. Disse algo aos colegas e seguiu até . Um pouco mais ao longe ela viu Moody, que a observava com atenção e um sorriso presunçoso nos lábios. Não havia mais como adiar.
— — o tom animado de Cedrico apenas fez o coração de acelerar no peito. Ele se aproximou e ela deu um passo para trás, recuando e fazendo o garoto franzir o cenho. — O que foi? Aconteceu algo? Eu fiz algo? Você me evitou o dia inteiro. — Ele parecia confuso e apenas respirou fundo.
— E eu deveria estar presa a você o dia todo? — usou seu melhor tom de indiferença, fazendo Cedrico arregalar os olhos.
— Ei, calma ai . Eu só perguntei porque…
— Porque o que, Diggory? Porque nos beijamos uma vez agora você acha que somos um casal? — Ela riu em deboche fazendo Cedrico engolir em seco. — Por Merlim, Diggory, achei que fosse mais maduro que isso, não um garoto bobo que se apaixona após um mísero beijo. — Ela o encarou com certa crueldade. — Foi apenas diversão, Cedrico. E agora a diversão acabou, meu querido lufano. — Um sorriso surgiu nos lábios de . Um que Cedrico nunca havia visto e que lhe causou um arrepio na espinha. E não era um bom arrepio.
Não era fácil para dizer aquelas coisas. Não para Cedrico. Se fosse qualquer outro aquela seria uma simples conversa da qual ela teria a mais plena facilidade em ser cruel. Mas com ele, dizer cada uma daquelas palavras e agir como se não se importasse doía, mesmo naquelas circunstâncias.
— É ótimo saber que foi isso que fomos para você. Diversão — o tom amargurado do rapaz a fez respirar fundo antes de dizer a frase seguinte
— Já acabou com o seu drama? — questionou e ele a olhou com incredulidade. — Ótimo, agora se não se importa, tenho mais o que fazer — e dizendo aquilo desviou do garoto e notou que todo o corredor havia parado para observar a cena, e que Bartô Jr. tinha um sorriso maldoso nos lábios. Ao passar pelo homem notou que ele a seguiu de perto.
— Quebrando corações de garotinhos, Malfoy? — o tom debochado ao entrarem em um corredor vazio a fez trincar o maxilar.
— Enquanto não posso lançar maldições da morte em certos bruxos que vivem escondidos à sombra de seu mestre, é o que faço para me divertir — soltou em tom debochado.
— Você fala como se fosse capaz de me vencer em um duelo. Estaria morta a anos se não fosse por ser a protegida do mestre. — se virou parando bruscamente e encarando o homem com severidade.
— Acha mesmo? Ou será que se esqueceu que não precisei dele aqui para te desarmar em segundos? — Ele se empertigou e ela sorriu. — Não se esqueça de quem eu sou e do que sou capaz antes de ser insolente desse modo. Você continua vivo porque ele tem uma missão para você, mas lembre que ela está perto do fim e quando ela acabar a sua utilidade também acaba. E então eu talvez te leve para um passeio com os dementadores, professor Moody. — notou a expressão de terror do homem que durou apenas alguns segundos até ele retomar o olhar insolente.
— Me levar para os dementadores? Porque não uma maldição da morte como ato de piedade? Assim como fez com Franco Bryce? — provocou e respirou fundo.
— Escória como você não merece piedade. E acredite, piedade é tudo que não terei quando puder acabar com você. — Com o olhar de , Bartô sentiu um frio imenso lhe invadir, quase como se subisse por seus ossos, e ele conhecia aquela sensação. A conhecia de seus tempos em Azkaban e aquilo o fez olhar para cima, mas não havia nada ali além de um céu que começava a escurecer.
Sem dizer mais nada Bartô bufou e se virou voltando pelo caminho do qual havia vindo. respirou fundo e seguiu seu caminho por corredores, passando brevemente pelo terreno aberto perto do gramado que dava acesso ao campo de quadribol e então tomando novos corredores até chegar a uma porta em um canto vazio. Olhou ao redor e, constatando que estava sozinha, a abriu e entrou fechando a porta atrás de si.
Um escada dava acesso ao local acima, onde a penumbra da luz de um vela era vista. subiu as escadas a ao chegar ao topo dela o encontrou perto a janela. Seus olhos castanhos a encontrando ao mesmo tempo que um sorriso se abria em seus lábios.
— Aquelas palavras quase me machucaram de verdade, — Cedrico brincou e suspirou aliviada se aproximando dele e sem muito pensar, o abraçou junto a si.
Mais cedo naquele dia…
havia acabado de deixar as masmorras quando viu Cedrico encostado em uma pilastra a aguardando e o coração acelerou no peito, ao mesmo tempo que uma tristeza a invadia.
— Bom dia, senhorita Malfoy, como foi sua noite de sono? — Cedrico sorria e só conseguia pensar que ele era lindo sorrindo daquele modo. Era estranho para ela como pensava em Cedrico, ou como seu coração disparava perto dele. Apesar de ser um sentimento desconhecido para ela, a jovem bruxa estava gostando de descobri-lo junto a ele. Porém, para a segurança dele, não podia mais se dar a aquele luxo.
— Precisamos conversar — anunciou passando direto por ele e seguindo para um armário de vassouras, o qual deixou de porta aberta para que ele entrasse.
— Sei que não gosta de demonstrações públicas de afeto, mas um armário de vassouras? Os lugares estão ficando cada vez mais peculiares — brincou fechando a porta atrás de si e seguindo para mais perto de . A tocou o rosto pronto para beijá-la, mas parou quando tirou sua mão dali, o encarando com olhos tristes.
— Não podemos mais fazer isso — anunciou e Cedrico franziu o cenho.
— O quê? Por quê? Seu pai disse algo? — Ela mordeu o lábio. Sabia que não podia contar a Cedrico sobre os reais motivos para aquilo, mas não sabia o que dizer a ele. Pensou a noite toda sobre o assunto, mas não encontrou solução.
— Não. Não foi meu pai. — Cedrico a encarava esperando uma explicação e ela decidiu pelo que parecia que mais o convenceria. — Eu… Eu me enganei, Cedrico. Achei que estava sentindo algo por você, mas não estou. Eu… Eu não gosto… — ela não conseguia dizer as palavras. Respirou fundo se lembrando do motivo porque precisava dizê-las. — Eu não gosto de você — e soltou aquilo engolindo em seco e desviando os olhos de Cedrico, já que a expressão em seu rosto era impossível de ser sustentada.
— — ele a chamou com um tom suave, mas ela se negou a olhá-lo, fazendo-o tocar o queixo da garota, erguendo seu rosto para que o encarasse. — Por que está mentindo? — se amaldiçoou internamente por não conseguir mentir para ele. Sempre foi boa com aquilo, mas por que com ele não era? Ela abriu a boca para dizer algo, mas ele prosseguiu. — Não adianta tentar sustentar a mentira, . Eu te conheço. Você sequer me olha para dizer isso e fica se engasgando com as palavras. Eileen Malfoy é sempre direta em tudo que diz. Não se engasga com palavras — ele garantiu e ela respirou fundo.
— Talvez eu não seja — sussurrou e ele riu tombando levemente a cabeça.
— Vamos lá, me diga a verdade. Se está com medo disso, eu entendo. Eu também estou. Quero dizer, não só porque seu pai me causa arrepios… — ela não conseguiu conter a pequena risada que veio, assim como ele. —, mas porque isso é novo para mim. Gostar de alguém como gosto de você é assustador, na verdade — ele garantiu e ela tornou a morder o lábio, nervosa. Não disse nada, porque não sabia o que dizer e passaram algum tempo no silêncio até Cedrico suspirar. — É o que quer? Acabar com tudo? É realmente o que quer? — questionou agora mais sério, porém ainda assim cuidadoso. não queria mentir para ele sobre o que sentia. Se sentia exausta, mas o que faria?
— Não. Não é o que quero, mas é o que preciso fazer — informou e Cedrico assentiu.
— Por quê? — questionou e negou com a cabeça.
— Não posso te dizer. Tudo que posso dizer é que é perigoso e que o professor Moody não pode nos ver juntos e que nenhum lugar é seguro — murmurou e Cedrico franziu o cenho.
— O professor Moody?
— É tudo que posso dizer, por favor não me peça para dizer mais nada — o tom de e seus olhos negros imploravam para que ele não insistisse, e apesar de não entender o que Alastor poderia ter a ver com aquilo, ele apenas assentiu.
Permaneceram em silêncio e Cedrico apenas conseguia pensar que podia ter algo a ver com a última prova do torneio, mas o tom de fazia parecer que era algo muito além daquilo. Ele queria saber do que se tratava, mas confiava em o suficiente para saber que ela não estava falando aquilo à toa. Foi então que a ideia lhe surgiu.
— Mas e se ele não nos ver? — questionou e foi a vez de ficar confusa.
— Do que está falando? — Cedrico sorriu.
— Veja bem, não entendo os motivos por que o professor Moody não pode nos ver juntos e porque isso seria perigoso, mas já que você diz que é, eu acredito. Então é só ele não nos ver. Temos um lugar que ninguém conhece. O esconderijo de Leta. — Cedrico tinha o sorriso e a empolgação de alguém prestes a fazer algo de errado.
— Ele vai poder nos seguir. Não vai acreditar apenas que paramos de nos falar assim — retrucou e Cedrico deu de ombros.
— Então vamos fazê-lo acreditar nisso. — tornou a franzir o cenho. — Podemos arranjar uma briga, ou algo assim. Ele passa a acreditar que não estamos mais juntos e nos encontramos às escondidas. — Apesar da pequena esperança que se formou no peito de , ela ainda estava incerta.
— Não sei não, e se ele não acreditar? — Cedrico sorriu.
— Ele vai, apenas encarne o seu lado Malfoy e pense que eu sou a pessoa que você mais odeia nesse mundo. — mordeu o lábio, incerta. — Vai dar certo, — ele garantiu e ela sorriu fraco.
— E você não vai se importar de não nos falarmos pelos corredores? — questionou receosa e Cedrico riu fraco.
— Eu não me importo que os outros nos vejam ou não, . Você não é um prêmio que quero exibir, é uma garota com quem quero ficar e se essas são as condições, eu aceito. — sentiu seu coração, apesar de acelerado, estar leve no peito e era uma boa sensação. Ela sorriu para ele, negando com a cabeça.
— Certo. Mas se vamos fazer isso precisamos ser cuidadosos. Mesmo. Preciso que prometa que vai tomar todo cuidado — pediu séria e Cedrico novamente estranhou o tom de , mas não a questionaria.
— Eu prometo — ele garantiu e ela assentiu. — Agora posso te dar um beijo? — pediu e riu assentindo. Ele se aproximou selando os lábios deles brevemente e sorrindo em seguida. — Agora… Eis o que vamos fazer: essa briga precisa ser nos corredores e ele precisa ver e acreditar, então não tenha medo do que vai dizer…
— Acha que ele acreditou? — Cedrico questionou-a enquanto afagava os cabelos brancos da garota.
— Eu acho que sim. Pelo menos foi o que pareceu — garantiu ainda abraçada ao rapaz.
— Ótimo, agora temos apenas que tomar cuidado. — Ela assentiu devagar.
Ficaram em silêncio por alguns momentos até Cedrico beijar o topo da cabeça da garota.
— Eu preciso ir. A caminho daqui professora Sprout me disse que estão chamando os campeões no campo de quadribol e não posso me atrasar ou mandam alguém atrás de mim. — assentiu se colocando na ponta dos pés e beijando brevemente os lábios de Diggory. O rapaz sorriu para ela de modo terno, e pela primeira vez desde a visita de Nagini ela sentiu que tudo podia dar certo.
— Nos vemos amanhã? — questionou.
— Ao fim do dia, antes do jantar. — Ela assentiu e Cedrico deixou um último beijo nos lábios da garota, antes de começar a se afastar.
— Ced? — Ele a encarou quando já estava na escada. — Realmente confia em mim? — fez a pergunta que tanto perambulava por sua mente desde que o contou sobre Moody, mas sem dar a ele os motivos. Ele não havia insistido em saber o que Moody tinha a ver com aquilo, apenas confiou nas palavras dela e aquele tipo de confiança era algo com o qual ela não estava acostumada vindo de outra pessoa que não Draco.
— Até de olhos fechados, — garantiu e sorriu o vendo fazer o mesmo, para então seguir pelas escadas para fora dali.
Cedrico ia em direção ao campo de quadribol como professora Sprout havia orientado e não estava longe quando avistou Potter atravessar o saguão de entrada. Harry se aproximou sorrindo e o cumprimentou rapidamente, não se atrevendo a perguntar sobre o episódio de mais cedo com , apenas o acompanhando para que seguissem juntos até o campo.
— Que é que você acha que vai ser? — perguntou Cedrico enquanto ambos desciam os degraus do jardim.
Discorreram sobre as inúmeras possibilidades da última tarefa durante a caminhada pelos gramados escuros, até chegarem ao início do campo e se surpreenderem. Estava tudo tão diferente.
— Que foi que fizeram com o campo? — exclamou Cedrico ao notar que todo o campo de quadribol deixara de ser plano e liso. Sentiu certa curiosidade e espanto por saber que aquilo lhes traria um enorme trabalho se estivesse durante um jogo de quadribol. Verificou o campo mais atentamente na espera de descobrir do que se tratava, pois sentia que já havia estudado sobre aquilo antes, mas Harry raciocinou de forma mais rápida.
— São Sebes! — exclamou ao se curvar e verificar de perto. Cedrico sorriu ao se recordar da aula com professora Sprout e concordou com a cabeça ao mesmo tempo que perceberam Ludo Bagman mais a frente.
— Alô, vocês aí! — gritou Bagman de forma animada quando avistou os dois campeões e acenou para que ambos se aproximassem. Assim fizeram, saltando sem dificuldade por cima das sebes e tendo uma visão mais completa do local, avistaram Krum e Fleur ao lado de Bagman. Novamente, foram os últimos a chegar.
Todos sorriram para Cedrico, apesar de Krum parecer um pouco incomum ao sorrir cauteloso para ele, como se sentisse pena por algo e Diggory constatou que ele só podia ter ficado sabendo do que havia ocorrido entre ele e sua melhor amiga mais cedo. Afinal, os acontecimentos em Hogwarts se destacavam rápido. Percebeu Fleur abrir um grande sorriso a Harry, ela sempre agia com ele dessa forma desde que Potter tirou sua irmã do lago.
— Diggory… — a voz de Krum em sussurrou fez Cedrico virar para ao lado e por mais que estivesse acostumado com a aparência carrancuda do búlgaro, algo lhe dizia que o que viria a seguir não seria tão amigável. Talvez o sorriso de antes houvesse sido mal interpretado e o que Cedrico pensou ser “piedoso” era algo completamente diferente. Talvez a versão da briga que tivera com a Malfoy mais cedo havia chegado de forma diferente aos ouvidos de Krum e Cedrico sentiu que o seu lado protetor estava prestes a aflorar. Mas aquilo não era ruim, afinal, só demonstrava que o plano dele e de havia funcionado.
Cedrico segurou o sorriso que surgiu após aquele pensamento e esperou que Victor continuasse, mas foram interrompidos por Bagman.
— Bem, que é que vocês acham? — perguntou alegre. — Estão crescendo bem, não?! Deem mais um mês e Hagrid vai fazê-las alcançar cinco metros de altura — quando disse isso, as expressões dos dois campeões de Hogwarts ficaram estranhas, então ele rapidamente interveio. — Não se preocupem, vocês vão ter o seu campo de quadribol normal depois que terminarem a tarefa! Agora, imagino que podem adivinhar o que estamos fazendo aqui?
— Labirinto — disparou Krum ainda de olhos fixos a Cedrico e Bagman concordou animado com a cabeça. Os campeões ficaram excitados.
As formalidades foram apresentadas por Bagman aos campeões. Falou-se sobre o objetivo da tarefa, os desafios que teriam que enfrentar e como fariam para ganhar, “o primeiro campeão que puser a mão na taça, recebe nota máxima.”
— Muito bem, se não tiverem nenhuma pergunta a fazer, vamos voltar para o castelo, está meio frio.
Dito isso e com quase todos concordando, Bagman apressou-se a caminhar ao lado de Harry quando começaram a deixar o labirinto em crescimento, mas foram interrompidos com o toque de Krum ao ombro de Potter.
— Posso falar com você?
Seus ouvidos estavam atentos para qualquer distração. Soube que deveria ter cautela e apesar de não haver nenhuma testemunha no local, o tempo não girava ao se favor e caso quisesse dar continuidade ao seu plano e limpar o problema que Bartô Júnior havia feito, deveria ser apressar e agir com mais discrição que nunca. Não demorou muito para o seu problema estar próximo de ser resolvido, mas demorou-se ao ouvir uma voz que tanto repudiava.
— Maldito — sussurrou se afastando e deixando o problema escapar por suas mãos, seus planos estavam a beira do desastre, mas jamais desistiria tão fácil daquilo.
Permaneceu na escuridão da floresta durante toda a conversa dos dois bruxos e quando notaram o terceiro convidado, soube que uma oportunidade perfeita estaria por vir. Esperou até Potter sair e deixar os outros dois sozinhos, aproveitando que um estava assustado e outro atordoado.
Krum sentia um arrepio percorrer toda a extensão de sua espinha e aquilo não tinha a ver com o frio. Ouviu um barulho de galho sendo quebrado e suas mãos instantaneamente foram parar em sua varinha, ele virou-se para trás e sua atenção foi de Sr. Crouch para o breu em sua frente. Sentia suas mãos tremerem e apesar de estar armado, seus reflexos foram tardios demais.
— Estupefaça! — um raio vermelho atingiu-o.
— Onde é que eles estão? — a voz de Dumbledore ressoava a passo que se aproximavam da carruagem de Beauxbatons.
— Ali na frente — disse Potter mostrando o caminho entre as árvores, onde havia mais cedo deixado Krum e Crouch, mas diferentemente de antes, agora tudo estava muito quieto. — Viktor? — chamou Harry e não obteve resposta. — Eu havia deixado os dois aqui! — exclamou a Dumbledore.
— Lumus — o diretor ordenou acendendo sua varinha e ergueu-a.
Instantaneamente um feixe fino de luz se deslocou de um tronco ao outro, iluminando e então, a imagem de Krum estatelado sobre o chão da floresta foi vista. Dumbledore e Harry se apressaram, Krum parecia ter perdido a consciência e não havia nenhum sinal do Sr. Crouch com ele. Harry franziu a testa. Mas o que diabos havia acontecido?
— Estuporado — Dumbledore comentou baixinho ao se curvar sobre o búlgaro e gentilmente levantar suas pálpebras. Harry estava em choque, havia deixado-os por apenas alguns minutos. Jamais teria imaginado que algo de ruim acontecesse a Krum. Engoliu em seco tentando entender o que ocorrera e se abaixou ao lado do diretor.
— O senhor quer que eu vá chamar alguém? — perguntou Harry de forma preocupada. — Madame Pomfrey?
— Não — disse Dumbledore antes de adverti-lo para permanecer no mesmo lugar e então apontou a varinha para a cabana de Hagrid. Harry viu-a disparar uma coisa prateada e logo em seguida se voltou novamente para o diretor, que tornou a se curvar para Krum.
— Enervate.
Krum abriu os olhos instantemente.
— Eileen? — sua voz soou confusa e Harry notou que Victor parecia atordoado. O que tinha a ver com aquilo?
Capítulo XIV - Neve caindo
Uma tensão se espalhava pela enfermaria onde Krum repousava. Após o levarem até ela, Krum parecia imerso em sua própria mente e o silêncio tomava conta do lugar já há algum tempo, mas apesar disso, havia algo que deixava os pensamentos de Dumbledore cada vez mais inquietos, pensando apenas no nome o qual o rapaz pronunciara assim que o encontraram.
A principio Alvo cogitou que chamar a jovem Snape fosse o melhor, mas preferiu chamar por Severo e dar a ele a chance de questionar a filha sobre o ocorrido.
Quando as pesadas portas da enfermaria se abriram Alvo sequer precisou virar o rosto para saber que era Snape que se encontrava ali.
— Mandou me chamar? — a voz de Snape preencheu o local. De fato parecia confusa, como se procurasse a razão para estar ali.
— Mandei. — Dumbledore deu uma última espiada em Viktor, que parecia sonolento e atordoado, ainda, e em seguida se virou para Snape. — Você viu sua filha essa noite, Severo? — Snape franziu o cenho tentando entender onde aquela conversa estava indo, mas não fazia ideia.
— Não. O que houve? — a preocupação clara na voz do professor fez Dumbledore cogitar uma vez mais se deveria contar a ele sobre o ocorrido, chegando enfim a uma conclusão.
— O jovem Krum foi atacado essa noite. Não se sabe ao certo quem o fez, tudo que sabemos é que ele e Harry estavam perto da floresta quando viram Bartô. Harry correu para me chamar, porém quando retornamos Viktor estava no chão e Bartô havia sumido. — Snape tinha a mesma expressão já conhecida. Era impassível. Quase não sendo possível saber o que pensava.
— E o que tem com isso, afinal? Ela está machucada? — questionou e Dumbledore tratou de negar com a cabeça.
— Não. Na verdade não sei dizer ao certo, o que sei é que Viktor a chamou assim que o acordamos e parecia assustado — cada palavra era dita com cautela, tudo que Dumbledore não queria era Snape achando que ele acusava de algo. — Parecia confuso e com certo medo também.
— Ah, sim. Certamente estava a procura de . — Cruzou os braços. — O búlgaro sempre foi próximo de minha filha, diretor, se o senhor bem sabe, estudaram juntos em Durmstrang.
— Não há dúvidas sobre isso, Severo. — Dumbledore passou a mão pela extensa barba e após um momento de reflexão, voltou-se para Snape. — Apenas certifique-se que a jovem Malfoy não se meta em encrenca.
— Mas é claro. - Snape sorriu fraco. — Se o senhor me dá licença…
Dumbledore acenou com a cabeça e Severo girou nos calcanhares em direção a porta da enfermaria, parando apenas alguns segundos para observar o búlgaro em uma das camas do local.
Dezembro, apesar de não ser o mês mais frio do ano, continuava sendo o favorito de . Trazia consigo não apenas a sua estação favorita como também o sinal de que o Natal estava realmente se aproximando, e dentre todos os feriados que existiam, aquele era o mais apreciado pela garota.
Desde muito jovem, prestigiava o natal com seus tios e o pai, que apesar de nutrir um certo desapreço por Lúcio, fazia um esforço pela filha, afinal, achava importante que a garota tivesse aquele momento com os tios e o primo, sem falar que Lúcio sempre fora insuportavelmente árduo em questões de tradições familiares. E talvez fosse também seu modo de evitar ter de falar sozinho de Katrina para a filha. Esconder os segredos da esposa por tantos anos era cansativo, e Lúcio, que sempre demonstrou certa devoção a irmã, fazia mais fácil o árduo trabalho de relembrar coisas boas — e até inventar algumas outras — sobre a mulher.
descansava sobre o ombro do primo enquanto o carro particular da família os levava até a mansão Malfoy. Draco podia ver pela janela do automóvel que os primeiros flocos de neve começavam cair e apesar de sua gigantesca vontade de acordar a prima naquele momento para observar junto, preferiu não o fazer. Já havia alguns dias que a garota não parecia estar em seus melhores dias, parecia frágil como nunca a viu antes e houve um dia que Draco a viu reclamando com Krum que ela não estava dormindo bem. Ele só não sabia se aquilo era por conta de Cedrico — o qual ganhou seu desapreço —, mas decidiu que apesar de não saber o motivo correto, faria de tudo para deixar a garota melhor.
mexeu-se apenas para se ajustar ao ombro do primo e Draco sorriu, apoiando suavemente sua cabeça sobre a dela. Faltavam ainda alguns minutos até chegaram ao seu destino e naquele meio tempo, os dois adormeceram juntos tranquilamente, como já não faziam a muitos anos.
Após um longo cochilo, o carro que transportava os Malfoy desacelerou por alguns segundos e Draco abriu os olhos devagar, se ajeitando sobre o assento e acordando com um simples toque a prima, assim que percebeu que haviam chegado a entrada da propriedade de sua família.
— Chegamos? — balbuciou coçando os olhos.
— Sim. Tivemos sorte de começar a nevar a pouco tempo, o caminho estava livre e a viagem foi rápida — respondeu dando de ombros e automaticamente despertou por completo, colocando seu rosto contra a janela do carro.
— Eu não acredito que você não me acordou! — a voz da garota soava manhosa e Draco gargalhou recebendo um soco fraco da prima em seu ombro. — É magnífico — sussurrou e Draco desviou seu olhar do para ela, que agora estava virada para a janela do carro enquanto este fazia o percurso para a entrada do casarão. Seus olhos observavam atentos os dois vastos jardins da entrada, agora cobertos por um leve camada branca. O olhar maroto da garota o fez lembrar da infância dos dois, onde passavam horas brincando naquele jardim. — Você lembra da ultima vez que brincamos ali?
virou-se para o primo ao mesmo tempo que o motor do carro cessava. Draco ajeitou suas vestes e sorriu travesso para a prima, abrindo a porta do carro em seguida e em um movimento rápido, juntou um punhado de neve.
— Só lembro do quanto você é lerda — respondeu travesso. não teve tempo de reagir, seu suéter estava coberto por neve e seu primo já estava a metros dali. olhou para sua roupa com a boca aberta em surpresa, levando poucos segundos para se dar conta do que acabava de acontecer e quando finalmente se deu por si, saiu do carro em um pulo. O motorista trouxa apenas os olhava pelo retrovisor do carro e balança a cabeça ao mesmo tempo que saia do banco de motorista e tratava de ir buscar a mala dos dois jovens.
— É melhor você ser bom em se esconder, Malfoy, porque se eu pegar você…
— Vai fazer o que, ein? — o sussurro de Draco atrás dela, a fazendo pular de surpresa. Estava pronta para atacá-lo assim que girou sobre os calcanhares, mas Draco já estava longe o suficiente para que ela pudesse reclamar ou agir de alguma forma. Então, sem pensar duas vezes, correu em direção ao primo.
agachou-se e apesar da neve ainda estar em uma leve camada, conseguiu apanhar um bocado dela em suas mãos, o suficiente para forma um bolinha assim como a que Draco havia feito. Não se importava com a sensação dos dedos congelando, afinal, usava luvas finas demais para aquela brincadeira, mas ainda assim, apesar de saber que se arrependeria mais tarde, só conseguia pensar em se divertir com o primo. Seguiu a cabeleira loira quase branca, característica clara dos Malfoy, escondida atrás um dos arbustos em forma de pinheiro, então, desacelerou o passo e com uma pitada cautela posicionou-se para atacar.
— Peguei! — o grito surpreendeu Draco assim como a bola de neve chocando-se contra si.
— Ei, papai pagou caro nesse suéter — resmungou passando as mãos para limpar os resquícios de neve ainda presos a ele.
deu a língua rindo com as mãos sobre a barriga, fios de seu cabelo claro haviam se soltado da trança que usava e agora colavam sobre a pele pálida de seu rosto. Ela não prestava atenção no momento, mas Draco sim e olhando para ela daquele jeito, a vaga lembrança de quando eram jovens veio pairar em sua mente. Por incrível que pareça, sempre foi a mais frágil dentre os dois e apesar dele ter sempre assumido uma posição de protetor quando se tratava de , percebeu que aquilo havia mudado, e muito. Ela não precisava mais ser protegida, não era mais a delicada e frágil , pelo contrário. Draco se perguntou como uma garota de apenas 14 anos podia parecer tão dura e intocável. O que havia acontecido com nesses últimos anos, afinal? Chegou cogitar a possibilidade de Durmstrang tê-la transformado, mas no fundo, sabia que não era aquilo.
— O que foi? Não aguenta uma nevezinha, priminho? — zombou e Draco voltou a si e foi rápido. Em um momento de vacilo, não percebeu que Draco havia se aproximado e aproveitado o vacilo da prima.
— Você vai ver só — rapidamente, envolveu os braços ao redor da Malfoy e a levantou, pronto para jogá-la sobre um novo monte formado por neve.
— O quê? Draco espera... — implorou.
— Tarde demais para implorar meu perdão, . — se debatia sobre os braços de Draco, mas era inútil tentar se desvencilhar delas já que sua risada a atrapalhava a se concentrar e então, era tarde demais.
— Por Merlim, Draco, você é completamente insano! — a garota falava entre o riso. Olhou para o primo jogado sobre a neve ao seu lado e por alguns segundos, esqueceu todos os problemas que vinha enfrentando nos últimos dias.
— Mas o que vocês dois pensam que estão fazendo? — uma voz interrompeu o lugar. . — Eu não acreditei quando o velho trouxa falou, mas parece que ele estava certo. Vocês dois enlouqueceram? Não estão vestidos corretamente para ficarem na neve, além disso os convidados chegarão em breve e vocês ainda estão ... — a voz de Narcisa soava de forma autoritária, fazendo que os dois bruxos calassem as risadas e olhassem em direção a grande porta de entrada da mansão. E lá estava ela, parada com as mãos sobre a cintura, o cabelo preso em um penteado perfeitamente arrumado, com a parte escura presa para trás e parte clara solta como o usual. As vestes eram escuras, mas não deixavam de transmitir a elegancia que todos da familia tinham. — O que estão esperando? Por Merlim, levantem-se daí e se apressem para se trocar.
— Desculpe — murmurou levantam-se e esticando a mão para que Draco a segurasse. — Vamos, antes que peguemos um resfriado.
Draco deu de ombros e levantou chacoalhando seu corpo para que a neve saísse. Os dois andaram lado a lado em direção a Narcisa e no meio do caminho, sem pronunciar nenhuma palavra um para o outro, foi quando Draco vislumbrou a garota massagear o corpo discretamente e se ele não estivesse tão atento a prima agora a poucos metros à sua frente, não teria percebido que aquele gesto significava que ela estava tentando amenizar a dor. Mas ele não havia apertado-a tão forte, muito menos jogado de qualquer forma sobre a neve. O que estava acontecendo com ?
A noite pairava, fria e silenciosa sob a mansão Malfoy. Em um quarto no segundo andar, um jovem bruxo se mexia na cama após as doze badaladas do relógio da sala. Draco abriu os olhos e pela janela podia ver a neve, mais intensa agora, fazer seu caminho até o chão, observava aquilo ocorrer a pelo menos uma hora. O jantar da véspera de natal havia ocorrido a algumas horas e todos os convidados já haviam ido para suas respectivas casas ou se hospedado em um dos aposentos da grande mansão e, dentre essas pessoas, estava .
Draco havia passado o jantar inteiro a observar o comportamento da prima, o qual deduziu estar mais anormal que o usual. Notou também que naquele ano, não usava alguns dos vestidos de inverno que tinha a tradição de usar, pelo contrário, naquela noite um sobretudo vermelho vinho sem graça cobria o seu corpo e fazia par botas e meia fina. Seu apetite de dragão — como Draco normalmente apelidava —, também não era o mesmo e mal havia tocado direito em nada que estava sobre a mesa. Ele precisava saber o que estava acontecendo.
Quando a inquietação foi demais para que Draco a suportasse, ele se colocou de pé vestindo os chinelos de camurça e puxando o longo e pesado roupão que ocupava um espaço em sua poltrona. Abriu a pesada porta de madeira do quarto e com a varinha em mãos, sussurrou “Lumos” tendo um feixe de luz para lhe iluminar os passos. Estava indo em direção ao quarto da prima. Draco fechou a porta do quarto da prima atrás de si e se admirou por não encontrá-la deitada em sua cama. Chamou seu nome de forma cautelosa, mas não obteve nenhuma resposta quando finalmente percebeu que a garota não estava em seu quarto.
Esperou por alguns minutos sentado sobre o pé da cama, mas paciência não era um dos seus fortes e a cada minuto que se passava, estava ficando mais claro que não iria voltar tão cedo. Decidiu procurá-la pela mansão que rangia quase como se tivesse vida e então torceu para que nenhum de seus pais, ou até mesmo Snape o encontrasse. Assim pouparia desculpas para dar. Andava passo por passo enquanto os ventos eram escutados por todo o canto e os olhos cinzas do garoto corriam por toda a extensão do corredor, e quando pararam, um pouco a frente de si, notou a porta do escritório do seu pai semi-aberta, e dela soavam duas vozes conhecidas. Uma era de sua mãe e outra era de sua prima.
Com a curiosidade falando mais alto, ele seguiu em direção a porta e vislumbrou sentada sobre a mesa de seu pai. Estava sem camisa e por um momento Draco se sentiu envergonhado com seu rosto levemente ruborizado por estar bisbilhotando e tê-la visto assim, mas rapidamente superou aquilo, já que tamanha era a sua surpresa ao notar que o corpo da prima estava com partes enfaixadas e, onde o pano não cobria, podia-se ver manchas roxas pela extensão de sua barriga e braço. Draco pôs a mão sobre a boca para repelir o murmurar de surpresa. Ajeitou-se perto da porta e esperou cautelosamente que alguma delas falasse algo que explicasse aqueles hematomas, mas tudo o que teve foi ouvir sua mãe sussurrar algum feitiço entre os machucados da prima, até que…
— Mas o que afinal você tinha na cabeça, Eileen? — Draco ouviu a mãe murmurar em tom de reprovação. — Se envolver com um lufano? Sabe muito bem que não é para isso que foi mandada a Hogwarts. — Estavam falando de Cedrico? De fato, Draco não gostava nada do garoto, mas o que sua mãe queria dizer com “não é para isso que você foi enviada a Hogwarts”?
— Eu sei disso, e não me envolvi. Isso foi tudo coisa do Crouch. — Crouch? Bartô Crouch? O que ele tinha a ver com ?
— Não me tire como boba, . Tenho cuidado de você desde que Katrina se foi e sei muito bem quando não está falando toda a verdade para mim — Narcisa advertiu a garota. —, mas de todo modo, o lufano é o que pouco importa aqui. O que realmente importa é que você precisa se manter focada no que tem a fazer, . — Narcisa parecia apreensiva e realmente estava. Havia sido encarregada de trazer a sobrinha informações do Lorde das trevas.
— Mas eu estou. Fiz tudo que milorde mandou e honestamente sequer entendo certas coisas. Quero dizer, me mandar a Hogwarts apenas para colocar o nome de Potter em um cálice? — Draco franziu o cenho. Havia sido ? E por que Voldemort havia pedido aquilo a ela? Narcisa suspirou parando com o curativo que fazia na sobrinha, puxando uma das cadeiras acolchoadas que haviam ali e se sentando.
— Não, — começou tocando as mãos da sobrinha e tomando a atenção dela para si. — A sua real tarefa vem agora. — Draco prendeu a respiração sem saber ao certo o porquê. Não queria que nada atrapalhasse com que ouvisse o que seria dito a seguir. — A próxima prova do torneio se passará em um labirinto e você precisa garantir que Potter pegue a taça nesta prova — o tom de Narcisa era lento, como se esperasse para que a garota assimilasse cada uma de suas palavras.
Draco que estava atento ouviu passos vindo do corredor atrás de si, e por mais que quisesse ficar e escutar, sabia que não podia ser pego escutando atrás das portas, muito menos um plano do Lorde das trevas, então ele correu silenciosamente a frente no corredor, deixando o escritório do pai para trás, sem conseguir ouvir mais nada.
Dentro do escritório olhava a tia com dúvida.
— E como vou fazer isso? — questionou pensando que aquilo era impossível.
— Isso você terá de descobrir, e acho bom que seja rápida porque a prova se aproxima muito em breve. — continuava confusa e com muitos questionamentos em sua mente, então mais uma vez deu voz a suas perguntas.
— Então esse é o plano do milorde? Que Potter ganhe o torneio? — Narcisa negou com a cabeça e quando os olhos dela encontraram os de a garota sentiu todo o seu corpo arrepiar, antecipando o que vinha pela frente.
— Não, . Você precisa garantir que Potter pegue a taça, porque a taça será uma chave de portal. — Um novo arrepio subiu a espinha de e, por mais que quisesse parar por ali, pois sentia que não queria saber o resto daquela história, ela não pôde conter as palavras que saltaram de sua boca em seguida.
— Para onde? — Houve um momento de silêncio e então Narcisa se colocou de pé, tocando a cabeça da sobrinha.
— Para o local onde Harry Potter será morto.
Capítulo XV - Sonhos que revelam
Todos os alunos pareciam muito animados com o retorno a Hogwarts. Falavam sobre as férias em casa com seus pais, sobre os presentes que haviam ganhado e sobre as ceias das quais haviam participado.
caminhava pelos corredores sem se importa em escutar sobre. Se sentia cansada e ainda dolorida pelas feridas que Nagini havia lhe causado em sua última visita. Um dos braços também doía por conta do presente que havia ganhado de Lúcio durante o natal.
A jovem Malfoy virou um corredor a caminho de sua aula de poções e foi quando, pela primeira vez desde o retorno das aulas, o viu. Exatamente igual da última vez, mas ainda encantador. De fato era um rapaz bonito, e poderia facilmente ser considerado um dos mais bonitos que já havia visto.
Os olhos dele pousaram sobre ela e um sorriso contido surgiu em seus lábios, porém não houve tempo para que fizessem qualquer outra coisa porque foi puxada por dedos frios que logo constatou serem de Draco ao encontrar a imagem do primo a puxando de modo decidido até um canto vazio.
— Draco, passamos o feriado juntos, eu não quero te ver por um bom tempo — ela provocou e Draco revirou os olhos completamente impaciente.
— Muito engraçada, . — A garota riu brevemente mudando o peso de um pé para o outro.
— Vamos, priminho, diga logo o que quer. Tenho aula e não é porque meu pai é o professor que posso me atrasar. — Draco refletiu uma última vez se deveria perguntar sobre aquilo, mas constatou que haviam coisas demais acontecendo debaixo de seu nariz e poucas eram as que ele sabia.
— O que são essas manchas no seu corpo? — a pergunta atingiu de surpresa e Draco soube que não estava errado em perguntar. Se não fossem nada a prima não estaria daquele modo.
— Do que está falando? Como sabe disso? — a garota estava exasperada. Alguém havia dito a Draco? Ele era parte do plano? Provavelmente não, os planos de Voldemort para ele eram outros. Disso ela bem sabia.
— Eu vi. No escritório do meu pai, minha mãe te enfaixando, os hematomas nas costelas. — abriu mais os olhos e tombou a cabeça para o lado.
— Quem te deu o direito de espiar? — questionou já começando a se irritar, e a buscar uma resposta, já que sabia que Draco não a deixaria em paz até ter uma.
— Ninguém, mas é minha casa e tenho o direito de andar por ela. Agora, responda — exigiu e deixou um pequeno sorriso de canto surgir em seus lábios.
— Tio Lúcio sabe que estava perto do escritório dele? — Draco revirou os olhos.
— Continuar se negando a responder só comprova que tem algo a esconder, priminha. — respirou fundo parecendo entediada e jogou a primeira desculpa que veio a sua mente.
— Eu estava treinando duelos. — Draco arqueou uma sobrancelha para ela.
— Duelos? Com quem? Um gigante? Vamos lá, , até mentindo você já foi melhor. — tornou a revirar os olhos para o primo.
— Estou dizendo o que é, se não quer acreditar não é um problema meu. O que é problema meu é que eu estava tendo uma conversa com a minha tia e meu primo estava me espiando enquanto eu estava sem uma blusa. — Imediatamente o rosto de Draco se tornou tão vermelho quanto o uniforme de quadribol da Grifinória, e ali soube que havia ganhado.
— Eu… Eu… Hm… Bom… Ah, não vire o assunto para mim — Draco murmurou emburrado e soltou um riso fraco.
— Senhor e senhora Malfoy, por acaso se perderam no caminho para a aula? — Como alguém que vem ao resgate da jovem Malfoy, McGonagall surgiu batendo os pés para os dois, que baixaram as cabeças.
— Já estamos indo, professora. — E dizendo isso apenas se virou e apressou o passo para a sala, deixando Draco perdido por um instante e então sumindo no meio de um grupo de alunos que ainda vagueavam por ali.
— Potter, o que faz aí? — a professora perguntou avistando Harry no fim do mesmo corredor. Estava ali a alguns minutos ouvindo em silêncio a conversa dos dois primos. Por que estava machucada? A história dos duelos não havia convencido nem mesmo a ele. estava escondendo algo e Potter sabia.
— Havia perdido meus óculos, professora, mas já estou indo. — E se virando, Harry seguiu seu caminho de maneira apressada para sua aula.
Apesar de sentir que seu corpo não estava cem por cento recuperado, a volta aulas não havia sido tão cansativa como pensou. Pelo contrário, as aulas daquele dia, poções, herbologia e aritmância, haviam sido relativamente tranquilas e é claro que a primeira foi a que ela mais gostou. A familiaridade com aquela matéria vinha desde muito cedo, assim como defesa contra artes da trevas, mas nesse caso, seu apreço era muito menor pelo professor e pela disciplina em si.
Andou pelos corredores na companhia de seu primo, que permanecia quieto desde que o havia deixado constrangido na tentativa de despistar suas perguntas, e seus dois “guarda-costas”. Avistaram dois alunos mais jovens da lufa lufa se aproximando com alguns livros na mão, ao julgar pelos título deduziu serem alunos do segundo ano e percebeu que rapidamente Crabbe se aproximou para importunar os dois bruxos enquanto passavam por eles, o sonserino esticou o pé fazendo a queda inevitável de um dos dois. Os livros que segurava esparramaram-se pelo chão do corredor, respirou fundo, revirou os olhos e então se apressou pousando a mão sobre o ombro do colega de casa.
— Já fazem anos e você continua como aquele garoto chato que brincava no nosso quintal — murmurou abaixando-se para pegar os livros caídos e uma careta surgiu no rosto de Crabbe.
— E você continua a mesma menina sem graça — rebateu e riu pela infantilidade do outro.
A jovem Malfoy desviou seu olhar para os alunos da lufa-lufa e mais atrás deles, se aproximando para ajudar os mais novos de sua casa, vinha Cedrico com o cenho franzido em uma clara insatisfação.
— Vocês estão bem? — questionou em seu tom gentil que já era conhecido e encarou Crabbe. — Assustado demais para enfrentar alguém do seu tamanho, Crabbe? — Um arrepio subiu a espinha de , poucas foram as vezes que havia visto o lufano minimamente irritado daquele modo, porém o tom de voz não a assustava, mas fazia seu estômago gelar. Por Merlim, o que estava acontecendo afinal?
— Vamos logo — foi Draco quem chamou em um tom entediado, acenando para desviarem de Cedrico e encarando-o por alguns segundos.
— Eu vou buscar um livro que esqueci no dormitório — se apressou em inventar uma desculpa para em seguida passar os olhos brevemente por Cedrico que, ainda ajudando os outros dois, molhou os lábios com a língua para disfarçar o sorriso.
— Tá, tanto faz. Eu, Crabbe e Goyle estamos indo. — E dizendo aquilo eles seguiram pelo corredor, enquanto observava brevemente.
— Diggory. — Acenou com a cabeça.
— Malfoy — o lufano cumprimentou e se virou nos calcanhares, seguindo para a direção oposta a um lugar onde apenas ela e Cedrico conheciam.
Cedrico fechou a porta atrás de si e subiu os degraus da pequena escada de dois em dois, alcançando o topo dela e encontrando apoiada na parede próxima a janela com um sorriso esperto nos lábios.
— Como sempre, devagar demais, não é, Diggory? — implicou fazendo o garoto rir ao passo em que se aproximava dela, apenas para recebê-la com um beijo carinhoso que desde o começo do feriado vinha sentindo falta.
— E você como sempre abusada. — Ela riu e deu de ombros.
— Como você mesmo me disse uma vez, esse é meu lado Malfoy. — Cedrico revirou os olhos.
— Ótimo, pode devolver o lado . — Ambos riram fraco antes de selarem os lábios novamente.
— Eu jurei que você iria bater no Crabbe — comentou e Cedrico riu fraco.
— Não posso dizer que não tive vontade. — Ela assentiu sabendo exatamente como ele se sentia. Desde que conhecerá o garoto, vivia pensando em maneiras que pudesse amaldiçoá-lo quando a fazia sair do sério. — Seu primo não anda muito feliz comigo, não é? — Diggory questionou abraçando a garota junto a si.
— Draco é super protetor. Estou para ver o dia em que ele vai interrogar minha sombra por estar me seguindo. — A risada de ambos preencheu o lugar, já que ambos conseguiam claramente ver aquela cena acontecendo.
— Vocês são muito próximos, não é? — Cedrico brincava com os fios longos do cabelo de . Adorava o cabelo da garota e o cheiro fresco que vinha dele.
— Acho que mais do que ambos admitimos. — tinha um sorriso pequeno nos lábios. — Desde pequenos vivemos nessa relação maluca de ódio e amor. Brigamos por tudo que podemos, mas basta um estar com problemas que lá está o outro. Pronto para enfrentar o que for. — Ced sorriu imaginando duas miniaturas dos primos em um tipo de briga como a que havia comprado no começo do ano com Alastor Moody para defender o primo.
— Eu só posso imaginar o problema que vou ter se algo te acontecer — ele brincou a o encarou.
— Esteja preparado, porque além de Draco, vai ter de enfrentar Krum, tio Lúcio e o pior de todos: meu pai. — Cedrico fez uma careta.
— Acho que seu pai é realmente o que me dá mais medo. Quando começamos a aparecer juntos pela escola, jurei que ele me lançaria uma maldição da morte. — negou com a cabeça, sem conseguir imaginar o pai fazendo tal coisa. — Falando em pai… — Cedrico começou meio sem jeito e franziu o cenho. — Falei sobre você com o meu no natal. — A jovem Malfoy arregalou os olhos completamente surpresa. Até onde sabia ninguém havia falado sobre ela com a família antes, e apesar de ser corajosa, o gelo que lhe subiu o estômago foi inegável.
— De mim? Por quê? — Cedrico riu pela expressão de pânico da mais nova.
— Porque nós… Bem… Namoramos e eu não escondo nada do meu pai. — Ele deu de ombros e assentiu.
— Então disse a ele que eu sou sua… Hm… Namorada? — A estranheza da palavra fez a voz da garota parecer um pouco mais aguda.
— Exatamente. — Ela assentiu receosa.
— E o que ele disse? — A curiosidade a fez morder o lábio de um jeito que Cedrico considerou fofo. Jamais imaginou nervosa por aquilo.
— Perguntou como você era, se você era divertida, a quanto tempo estamos juntos e porque é uma segredo agora. — mordeu mais os lábios. — Eu disse que era complicado, mas logo deixaria de ser, e ele apenas disse que estava feliz. Disse até que eu pareço um idiota falando de você. — gargalhou. — Dá pra acreditar? Traído pelo meu próprio pai. — continuou a rir e Cedrico a acompanhou, pois para ele era impossível não rir junto a . Quando o silêncio veio eles apenas se mantiveram nele por alguns minutos, aproveitando da presença um do outro.
— Queria ter te conhecido antes. — A voz de Diggory era um sussurro. Como se um segredo estivesse sendo contado. — Por que veio para Hogwarts só esse ano? — Era apenas uma curiosidade sobre ela, sem grandes preocupações, mas isso não impediu de se sentir nervosa.
— Eu fui para Durmstrang por ser um desejo da minha mãe — começou. — Antes de morrer ela disse ao meu pai que era o que queria e depois de algumas brigas entre ele e tio Lúcio, acabei indo para lá, mas meu pai achou que eu estava muito distante e me queria por aqui, então eu vim. — A história não era em seu todo uma mentira. Snape realmente sentia falta da filha do perto. Mas não era também a completa e real razão pela qual ela havia ido para Hogwarts.
— Eu devo agradecimentos ao professor Snape, então? — Cedrico debochou e lhe acertou um tapa leve no braço.
— Mais do que imagina, Diggory. — O garoto sorriu e sua mãos tocaram a cintura de . Porém a garota se mexeu desconfortavelmente, sentindo incômodo onde sabia que alguns hematomas se encontravam.
— O que houve? — Diggory questionou encarando com as feições preocupadas.
— Nada. Eu só me machuquei e ainda dói um pouco, mas não é nada de mais.
— … — A voz dele soava como uma advertência e sorriu pequeno.
— Falo sério, não tem com o que se preocupar. Está tudo bem. — Ele continuou a encará-la por algum tempo, antes de suspirar.
— Certo, mas qualquer coisa que acontecer de errado, quero que me diga, ok? — sorriu pequeno e por um instante cogitou dizer a Cedrico. Dizer a verdade sobre estar ali, dizer porque ninguém podia saber que estavam juntos, dizer porque estava machucada. Cogitou contar quem realmente era. Mas de algum modo, sabia que o perderia se dissesse, então ela apenas assentiu.
— Ok. — E dizendo aquilo, se apegou novamente ao rapaz respirando fundo do cheio de campo que ele tinha.
Quando anoiteceu e era hora de ir, Cedrico beijou a testa de e deixou que ela fosse na frente. Quando a porta se fechou mais abaixo nas escadas ele suspirou consigo mesmo, sabendo que, apesar do que a jovem Malfoy havia dito, havia algo de errado. Mas repassou em sua mente as palavras de seu pai para ele. “Dê tempo a ela, quando se sentir bem, ou puder, ela vai te contar. Sei que vai. Ela me parece uma boa garota, essa ”. E Cedrico acreditava piamente que ela era.
O céu já estava escuro quando Harry finalmente saiu da sala de Dumbledore. As informações que o garoto havia obtido em tão pouco tempo mexiam com sua sanidade e principalmente com o que ele julgava ser certo ou não. Saber que tantos bruxos próximos haviam sido comensais da morte era aterrorizante, e por um momento as palavras de Sirius sobre ter cautela em quem confiar martelavam sua cabeça. Ainda mais depois de saber que Snape era um comensal, o pai de . E mesmo que não quisesse, mesmo que tentasse considerar que a Malfoy era diferente, ele sabia que no fundo existiam possibilidades.
Virava o corredor ao mesmo tempo que os cabelos brancos característicos vindos em sua direção o fizeram paralisar no lugar em que estava e naquele mesmo instante, vislumbres da aula que tivera na Torre Norte pairaram a cabeça de Harry, como se não fosse o suficiente tudo o que vira mais cedo na penseira da sala do diretor.
Flashback on
A sala da professora Trelawney se assemelhava muito a uma sauna, devido a tanta fumaça e calor que emanavam dela, já que ela nunca apagava a lareira. Mas além disso, a iluminação daquele dia estava extremamente baixa e tanto Harry quanto Rony tentavam imaginar o que viria a seguir daquela aula.
— Ela provavelmente está querendo nos matar, de hoje não passa, Harry, tenho certeza — Ron comentou baixinho enquanto tomavam seus lugares, mas não antes de Harry aproveitar a distração da professora Sibila com seu xale preso no abajur e abrir um pouquinho a janela um ao seu lado.
Trelawney começou a dar as primeiras orientações sobre a aula do dia e após isso acenou com a própria varinha, fazendo o restante das luzes da sala se apagarem, apenas o feixe de luz da lareira iluminava o local.
Harry acompanhou indolentemente a professora começar a apontar o ângulo fascinante que Marte formava com Netuno. A fumaça muito perfumada o envolveu e a brisa vinda da janela brincou pelo seu rosto. Ele ouviu um inseto zumbir suavemente em algum lugar atrás da cortina. Suas pálpebras começaram a pesar até que com leveza ele foi levado.
Ele estava cavalgando às costas de um corujão, voando por um claro céu azul em direção a uma casa velha e coberta de hera, situada no alto de uma encosta. Eles foram voando cada vez mais baixo, o vento passando agradavelmente pelo rosto de Harry, até chegarem a uma janela escura e desmantelada no primeiro andar da casa, pela qual entraram. Agora estavam voando por um corredor brio e chegaram a um quarto bem no final... cruzaram a porta entraram nesse quarto escuro cujas janelas estavam pregadas. Harry desmontara das costas do corujão e observou-o esvoaçar pelo quarto e pousar em uma poltrona virada de costas para ele. Havia duas formas escuras no chão ao lado da cadeira, as duas se mexiam. Uma era uma enorme cobra e a outra, um homem baixo, meio careca, com olhos aquosos e um nariz pontudo. Ele arfava e soluçava no tapete diante da lareira.
— Você está com sorte, Rabicho — disse uma voz fria e aguda do fundo da poltrona em que o corujão pousara. — Você tem muita sorte, de fato. O seu erro não chegou a arruinar tudo, afinal.
— Milorde! — ofegou o homem no chão. — Milorde, estou... estou tão satisfeito... e tão arrependido…
— Ainda não terminei — ressoou a voz fria ainda mais irritada. — Você só não acabou com meu plano porque fui rápido e usei a garota como marionete. Mas vou lhe advertir só mais uma vez: se eu tiver que usá-la mais uma vez sem estar dentro dos meus planos e arriscar colocar toda a verdade sobre a garota à tona, tanto você quanto Crouch Jr servirão de aperitivo a Nagini. — A cobra sibilou e Harry viu a língua dela se agitar. — Agora, Rabicho, talvez mais um lembrete de por que não vou tolerar mais nenhum erro seu…
— Milorde... não... eu suplico... — A ponta de uma varinha ergueu-se do fundo da poltrona. Mirou Rabicho. — Crucio.
— Harry! Harry! — Harry abriu os olhos. Estava caído no chão da sala da Professora Sibila, cobrindo o rosto com as mãos.
E foi nesse momento que ao invés de se direcionar a ala hospitalar, Harry foi até Dumbledore.
Flashback off
Recobrando a consciência, Harry presenciou os olhos negros da garota Malfoy sobre si e eles denunciavam preocupação.
— Você está bem? — A voz era calma e cautelosa. Harry achou que nunca a ouviu falar naquele tom e deduziu que ou estava alucinando ou a garota havia tido um bom dia. não poderia negar que o encontro com Cedrico havia ajudado no seu humor, mas parte da cautela em sua voz vinha do futuro que ela sabia que aguardava Harry e assim que o viu paralisado em sua frente, não pôde deixar de lembrar que quanto mais os dias passavam, mais perto ele e ela estavam de seu destino.
Além disso, a curiosidade fazia parte do ser da garota e ela gostaria muito de saber o que fez Harry parar subitamente quando a viu.
— Não precisa se preocupar. — Desviou seu olhar de . — Estou bem, só senti um pouco de tontura, por isso parei. Estive mais cedo com a madame Pomfrey e acho que um de seus remédios tem esse efeito colateral — mentiu.
— Ala hospitalar, ein? — arqueou uma das sobrancelhas e Harry engoliu em seco. Mesmo que não fosse coincidência o sonho que teve com o lorde das trevas, ele não podia simplesmente deduzir que a garota ao qual Voldemort falava fosse . Tão pouco gostaria de confrontá-la sobre aquilo sem provas. Harry então apenas balançou a cabeça em afirmação. — Bem, sendo assim, acho que não vou mais atrapalhar você. — Deu de ombros e Harry sorriu fraco. O que estava acontecendo ali, afinal? pensou Harry. — Seria mais sensato da sua parte ir logo para a sua sala comunal.
advertiu e seguiu dando as costas para Harry Potter.
— Por acaso foi trocada por outra pessoa, Malfoy? — Harry brincou e riu virando-se.
— Talvez, Potter. — E a brincadeira trouxe a a ideia que a tanto procurava. Estava claro, bem em frente ao seu nariz, como não havia pensado nisso?
correu para a sala do pai. Era tarde demais para que fosse a biblioteca sem uma autorização e sabia que podia convencê-lo a falar a verdade sem precisar de mais provas.
Bateu a porta e Snape a abriu de supetão, pronto para dar um bronca em quem fosse, mas parando de imediato ao perceber que se tratava de sua filha.
— Não deveria estar na cama? — a pergunta de Snape soou mais de forma preocupada do que autoritária.
— Receio que deveria, é verdade. — adentrou na sala e se encostou sobre a mesa do seu pai. Snape observava a filha tentando entender a finalidade da sua visita naquele horário. — Mas para ser sincera, não estou conseguindo dormir. Já a alguns dias algo vem me deixando desperta…
Severo fechou a porta da sala e se direcionou pensativo até a filha.
— Creio que é nesse momento que você me diz o que te vem deixando assim — discorreu e balançou a cabeça em afirmação. Tudo corria de acordo com o plano de e por mais que a resposta para a pergunta que ela estava prestes a fazer amedrontava-a, sabia que uma hora ou outra não poderia mais atravancar aquilo. Nem seu pai.
— No baile de inverno, você me disse que o vestido que me deu de presente não pertencia a Katrina, minha mãe — levantou na tentativa de olhar diretamente para os olhos de pai. Severo não era ingênuo e sabia que sua filha também não era, foi por isso que sabia o que vinha a seguir. —, e quando Dumbledore entrou na sala, falando sobre minha madrinha, eu fiquei me perguntando o porque nunca soube da existência de uma até aquele momento. Eu sempre fui curiosa, você sabe. E adivinha, papai, foi passando um pouco de tempo na biblioteca de Hogwarts que pude descobrir. — Snape suspirou e esperou que continuasse. — Descobri em um quadro antigo, preso em um local quase que imperceptível, que Lílian Potter foi quem usou aquele vestido.
— Devo admitir que te subestimei, . — Snape desviou o olhar da filha e se sentou sobre a cadeira. Tentava parecer indiferente com a situação, manter a calma para explicar da melhor forma sobre a decisão que escondia a anos da filha, pois sabia que seria isso o que a garota perguntaria em seguida.
— Então estou certa? — indagou perplexa. — Lilian Potter é minha madrinha?
— Bem, não oficialmente é claro. Não houve muito tempo para discutirmos sobre isso — Snape começou e se manteve firme e atenta. Não podia acreditar que a mãe de quem atrapalhou todos os planos de seu mestre era alguém tão importante para ela. — E também, receio que sua mãe não tinha um apreço em relação à Lily, por esse motivo minha decisão acabou ficando de lado, mesmo que ela soubesse que não haveria alguém melhor para o cargo.
— De todas as pessoas desse mundo, como o senhor foi escolher justamente Lilian Potter? Melhor ainda, sabendo do seu histórico com o marido dela e seus amigos, sabendo que nem ao menos vocês dois se falavam, como ela pôde me escolher?
— Porque apesar de tudo, apesar dos erros que cometi contra ela, ela sempre foi minha melhor amiga.,br />
— E o que você tem a me dizer sobre a forma como trata Harry? — a pergunta o pegou de surpresa.
— Porque Harry Potter é exatamente como o asqueroso do pai dele. Disso você pode ter certeza e você deveria saber que não é da minha natureza perdoar seres desprezíveis como Tiago Potter.
O desprezo de Snape pelo pai de Harry era claro desde que tinha lembranças e sabia que ele tinha suas razões, afinal Tiago Potter não era um tipo de bom garoto em sua época de escola. Mas para pouco importava a reputação do Potter mais velho, na verdade estava ali por outra razão.
— Certo, se acalme. — A garota se aproximou do pai apoiando as mãos nos ombros do mais velho. — Não foi minha intenção te irritar. Eu só não entendo porque Lilian. Porque logo ela — acrescentou e Snape suspirou fundo.
— Existem muitas coisas que você ainda não compreende, , mas um dia vai. — Ele tocou a mão da filha com cuidado e por um momento se permitiu sorrir e aproveitar aquele momento.
— Vou fazer um chá para nós e então vou para o dormitório, tudo bem? — Snape a olhou brevemente sob o ombro e sorriu. — Aquele chá da vovó Eileen que eu definitivamente sei fazer melhor que você, Severo. — Snape riu enquanto caminhava em direção ao armário do pai.
— Uma jovem bruxa insolente, é isso que está se tornando — ele murmurou enquanto encarava as próprias mãos. Por um momento ele pensou se era finalmente a hora de conversa com sobre a ideia de irem embora. Ele podia sentir que algo estava para acontecer e se realmente acontecesse preferia estar longe dali com a filha. Já havia pensado em uma viagem com ela, uma mudança para um lugar longe onde ele pudesse finalmente ter a vida que tanto desejara ter com a filha. Mas havia questões demais e um Lúcio sempre parecendo muito predisposto a lembrar a Snape tudo que havia acontecido no passado e como ele não havia protegido a filha nem a esposa. E a culpa cobrava um preço caro de Severo.
passou por Snape indo em direção a água quente e a encarou.
— O que é que você acha do Brasil? — o encarou de cenho franzido.
— Ouvi dizer que Castelobruxo é uma ótima escola. Está pensando em se transferir? — questionou colocando todas as ervas em um bule.
— Não, apenas pensando que poderíamos ir. Algum dia. — A menina sorriu.
— Seria bom. — se permitiu sorrir apenas para em seguida se apressa em completar. — Quando a escola acabar, podemos ir. — Snape assentiu encarando os pés e sentiu algo em seu coração se aquecer um pouco.
Tomaram o chá, que de fato se parecia mais com o da mãe de Snape do que o que ele próprio preparava. E após darem fim a todo o líquido anunciou que estava indo para seu dormitório. Se despediu do pai e tomou o caminho das masmorras.
Pouco antes de seguir para a sala comunal, parou em um corredor, tirando do bolso um pequeno saquinho que abriu, encontrando araramboia picada que havia pego do armário do pai sem que ele visse.
Se precisava garantir que Potter pegasse a chave de portal, precisava fazer isso de dentro e conhecia a poção perfeita para que ficasse igualzinha a uma certa campeã francesa. Agora que tinha consigo o ingrediente mais difícil de se encontrar, tudo o que precisava era um pedacinho da senhorita Delacour e tinha uma ideia de como conseguir.
Guardou o saquinho no bolso e enquanto caminhava até a entrada de sua sala comunal se perguntou se deveria se sentir culpada por enganar o pai daquele modo.
Não, é claro que não. Afinal era preciso. Não era?
Capítulo XVI - Preliminares de um propósito
sentia o vento harmonioso da primavera passar entre suas madeixas brancas. Estava sobre as ameias da Torre Oeste do castelo e observava atenta o pátio de Hogwarts. A visão do local onde estava era ampla e mostrava claramente a ansiedade dos estudantes de Hogwarts metros abaixo, que por mais que estivessem com o dia livre, sem aula, iam de um lado para o outro carregando livros entre seus braços.
E era exatamente por esse motivo que nenhum deles havia dado a falta da garota.
sabia que o final do trimestre estava próximo e que todos os estudantes — pelo menos a maioria deles — estariam se dedicando aos estudos das provas de final de ano. Junho estava próximo afinal e além das provas haveria um evento que mexia muito mais com os ânimos de todos. A última tarefa.
Sabia o que deveria ser feito desde a noite que saiu do escritório do seu pai. Já conhecia cada detalhe daquela poção de cor e muito mais importante que a precisão em seu preparo era o tempo para prepará-la. Podia facilmente denominar como a peça chave da poção polissuco. E era por esse motivo que compreendia: não tinha tempo a perder.
Olhou para sua mão esquerda fechada em punho ao redor do objeto e sorriu. Pensou que havia agido de forma presunçosa em relação a como iria adquirir aquele ingrediente, mas ao ver os fios de cabelos dourado dentro de um pequeno frasco transparente, soube que não deveria se subestimar, afinal, conseguiu passar despercebida em grande parte da sua missão e ainda de forma mais pretensiosa, talvez toda ela.
No fim das contas, toda a atenção que havia recebido no início do ano sobre si foi exatamente o que a fez chegar em seu êxito.
Afinal, as pessoas tendem a se tornar cegas quando se trata de algo novo e desconhecido.
— Mais rápido do que eu pensava, Malfoy — a frase proferida fez revirar os olhos. Tinha certeza de que quanto mais escutava aquela voz desagradável, mais sabia que não suportaria o verdadeiro Alastor Moody se um dia o conhecesse. Afinal, Crouch Jr a fazia revirar o estômago toda vez que abria a boca, em qualquer forma que estivesse.
— Foi como tirar doce de uma criança. — A garota sorriu virando-se e esticando o frasco para o convidado. — Ainda assim, espero que você não acabe com todo meu esforço. Por mais que tenha sido mínimo, não irei tolerar qualquer tipo de falha no preparo da poção polissuco. Tão pouco acho que Lorde das Trevas perdoará.
— Anda muito cheia de si ultimamente, Malfoy. Ainda mais para sua idade — cuspiu o sobrenome agarrando o frasco e gargalhou.
— Escute, Crouch. E preste muita atenção pois só falarei uma vez. — Seus olhos brilhavam como raios que premeditam uma tempestade. Crouch engoliu em seco a acidez mais que normal na voz da garota e permaneceu a atenção em sua fala. Nunca havia sentido medo de de toda forma, era algo diferente.
Talvez fosse a arrogância que com certeza adquiriu de seu pai, ou talvez fosse a forma petulante e intrometida de ser da garota ou seria a sua determinação que tanto o afetava?
Crouch não sabia ao certo, mas sabia que algo ali o incomodava, e muito. Quem sabe havia sido este o motivo de Voldemort tê-la por perto sempre e escolhido como sua carta na manga.
— Falta muito pouco para que o plano seja concluído. Não me interessa o que será feito depois, o meu dever é apenas com esse torneio e se algo fracassar por uma estupidez sua — a voz de permanecia firme como ele jamais vira. —, se minha família for prejudicada por qualquer tipo de erro seu, eu juro, Crouch... eu mesma me livrarei de você. É por isso que as coisas vão funcionar da minha maneira, ninguém além de Potter deve se machucar, esse é o objetivo de Voldemort e se você estragar com tudo isso — ela sorriu de forma maldosa. —, farei com que se arrependa pela o resto de sua vida medíocre.
Os olhos negros faiscaram e Bartô Crouch Jr sabia que ela falava sério. Ele engoliu seco e sentiu um calafrio percorrer sua espinha pela primeira vez em sua presença. A garota realmente estava falando sério.
— Infelizmente eu não posso me comprometer no preparado da poção, você sabe que meu pai não é ingênuo. Então cabe a você não ser absurdamente inútil e preparar ela corretamente — disse enquanto passava por Crouch dando as costas e ele trincou os dentes. Quem a garota pensava que era?
Mas antes que pudesse contestar a forma petulante que agia, ela já havia sumido de seu campo de visão.
— Criança maldita — Crouch resmungou caminhando a passos largos de volta para a sua sala e o pensamento que pairava em sua mente era o motivo pelo qual o Lorde das Trevas protegia tanto a garota, porque se não fosse aquilo, já teria se livrado dela fazia muito tempo.
Mal sabia ele que isso não se tratava apenas de Voldemort. estava determinada. Mostraria para lorde das trevas que podia lidar com as tarefas sozinha e nada a impediria de retomar o legado de sua família. Ela iria orgulhar sua mãe, se tornaria forte a ponto de ninguém como Crouch Jr atrapalhasse suas escolhas e com sorte, Cedrico e ela poderiam ficar juntos sem se esconder e longe de qualquer tipo ameaça.
chegou a sua sala comunal minutos depois da conversa com o comensal da morte e após um banho, sentou-se sobre uma das poltronas da sala, de forma que ficasse apenas com a cabeça apoiada sobre as costas dela enquanto colocava as pernas de forma cruzada.
Abriu a edição especial de “Quadribol através dos séculos”, aquela que havia ganho de Krum há algum tempo e abriu o livro onde havia parado. Leu algumas poucas páginas até que o murmurar no exterior da sala chamou sua atenção, identificando que os alunos de sua casa estavam voltando do jantar ao qual ela não havia participado.
Draco foi o primeiro a por os olhos na garota.
— Onde foi que você se meteu o dia inteiro? — Estava de pé ao lado da prima. fechou o livro, colocando-o sobre a barriga e voltou seu olhar para o primo.
— Estava aproveitando o tempo livre antes das provas, se não é óbvio. — Draco rolou os olhos.
— Deveria estar estudando na biblioteca, então — respondeu e sorriu balançando a cabeça. — O que é? Não é porque você veio de Durmstrang que significa que as provas daqui são fáceis. Até eu me obrigo a estudar, . Além disso, papai nos mataria se não passarmos em alguma disciplina.
— Sabe que se preocupar comigo é inútil, Draco. — ajeitou-se sobre a poltrona e levantou-se, começando a andar em direção ao seu dormitório. Draco bufou. — Tenho tudo sobre controle.
— Ok, mas agora você não come também? — Estava ao encalço de . A garota respirou fundo. Sabia que Draco era intrometido desde criança, mas nos últimos dias ele estava passando da conta.
— Jantei com algumas alunas de Beauxbatons. — Deu de ombros ainda de costas para o primo.
— Como é? — Parou subitamente e a surpresa era nítida em sua voz. — Pensei que não gostasse daquelas garotas. Quero dizer, não é como se elas fizessem o seu estilo…
— Não fazem o meu estilo? — virou-se e Draco segurou a respiração, se tocando do que havia dito.
— Não foi o que quis dizer. Não é que você não seja tão bonita e delicada quanto elas, mas…
— Ok, Draco. Entendi. Não precisa continuar porque acho que se o fizer, passará mal de tão vermelho — o Malfoy ficou quieto, constrangido. — Boa noite, priminho. — sorriu antes de fechar a porta do quarto e encontrar suas colegas conversando. Não deu bola para as duas como de costume e foi direto para sua cama e enquanto estava deitada pensativa, relembrou os acontecimentos daquele dia.
No início, havia se sentido um pouco mal por enganar Wesley e Dellacour. Mas sabia que não tinha jeito e que ambos haviam se tornado naquele momento, os peões mais importantes de seu tabuleiro.
Por isso, quando decidiu se aproximar do Wesley naquele dia não havia se sentido culpada. Sabia que ele seria sua melhor chance, havia observado durante a segunda tarefa e o apreço de Fleur pelo garoto desde que ele ajudou Gabrielle a sair do Lago Negro junto de Harry, havia se tornado evidente.
Flashback on
O jovem Weasley parecia distraído com seu livro de poções. Lia as páginas com um expressão de clara preocupação e sequer notou quando sentou ao seu lado no meio do pátio.
— Oi, Ronald — cumprimentou e ele deu um pulinho por conta do susto.
— Ora, por Merlim, ! Quer me matar, por acaso? — riu um pouco pela expressão do rapaz.
— Não, não foi isso que vim fazer. — Ele tornou a encarar o livro.
— Sabe, Rony, estava te observando por esses dias. — Ele a olhou com estranheza. — Me deixe falar — pediu revirando os olhos. — Notei que tem tentado falar com Fleur. — O jovem Weasley ajeitou a postura depressa.
— Não é nada disso. Eu apenas…
— Ora, deixe-me falar — o interrompeu. — Vi que tem tentado falar com ela e quero te ajudar. — Es sobrancelhas ruivas de Rony se franziram em confusão.
— Como é? Por quê? Olha, eu não vou amaldiçoar ninguém e…
— Ora, não quero que faça nada, só quero ajudar. Você fica por aí com cara de perdido sempre que se aproxima dela. Chega a dar dó. — Rony ia protestar, mas o interrompeu. — Olha, eu não deveria te dizer, mas em Durmstrang nós aprendemos um feitiço. — Rony franziu o cenho.
— Que feitiço? — se manteve impassível, mas por dentro sorria vitoriosa. Havia o pego.
— Conhece a poção sorte líquida, certo? — Rony assentiu e olhou em volta, como se fosse lhe contar um segredo. — O feitiço funciona do mesmo modo. Uso ele em você e pronto, um bocado de sorte para si. — Rony a olhava com dúvida.
— Nunca ouvi falar. — revirou os olhos.
— Claro que não. É como um segredo. Como acha que Krum venceu todos os jogos de quadribol do último ano? — Ali estava o ponto fraco de Rony. Krum.
— Ele… — baixou o tom de voz. — Ele usa esse feitiço? — Era bobo como era fácil enganar Rony.
— Todas as vezes — garantiu. Rony pareceu pensar enquanto encarava o livro de poções.
— Não vai crescer um rabo de porco ou focinho em mim, vai?
— Por acaso já me viu fazer um feitiço errado? — Rony negou. — Pois então. — Rony mordeu o lábio incerto.
— Prometa que não está brincando comigo. Vamos, prometa. — Quase partiu o coração de e expressão que o Weasley tinha em seu rosto. Quase.
— Prometo. Anda logo. — Ela o fez se levantar. Tirou o varinha de dentro das vestes e a moveu sem dizer uma palavra. Rony esperou ansioso e quando guardou o objeto de volta em seu lugar estranho.
— É isso? — Ela assentiu. — Mas nem disse nada! — deu de ombros.
— Ronald, acha que Durmstrang vai entregar seu segredo em palavras? — Ele pensou por um momento e deu de ombros.
— Acho que não. — Ela assentiu.
— Pois bem, agora vamos falar com Fleur. Eu te acompanho para que fique menos assustado.
E assim o fez. Encaminhou Rony até o grupo de garotas francesas de vestes azuis. Fleur foi a primeira a nota-los se aproximando e como sempre sorriu simpática. quis fazer uma careta. Ninguém podia ser simpática assim o tempo todo. Porém se conteve.
— . Rouny. — Ela acenou e todas as outras os encararam.
— Fleur. — foi a primeira a sorrir de maneira forçada. Cutucou Rony pela cintura o fazendo encara-la. — Use sua sorte, Weasley — sussurrou voltando a encarar a jovem Delacour.
— Olá Fleur. — Rony engoliu em seco e respirou fundo.
— Eu e Rony estávamos andando por aí e você sabe, eu já estudei em Durmstrang, Rony está em Hogwarts a anos, mas não sabemos como é em Beauxbatons, então o Rony teve a brilhante ideia de perguntarmos a você, não é Rony? — Ele a encarou e ela acenou com a cabeça.
— Claro. É… Digo… Como é lá? — Ele cruzou os braços encarando a moça que parecia encantada em começar a contar sobre jardins floridos e todo esse tipo de coisa. Rony a olhava como se Fleur fosse algum tipo de ser raro demais de se encontrar e quis rir.
Ela sequer ouvia as palavras da garota, apenas observava seus cabelos dourados e se perguntava como teria um fio daqueles em suas mãos. Foi então que notou o chapéu. Olhou em volta, as outras garotas conversavam entre si e sequer os davam atenção, assim como outros alunos que estavam por ali. Por um momento se lembrou das pegadinhas com Draco e quis rir sobre como uma brincadeira infantil a ajudaria naquele momento.
— Fleur, não se mexa — pediu e a garota arregalou os olhos.
— O que foi? — Ela paralisou e Rony encarou .
— Uma aranha — Rony gritou e deu um pulo para trás.
— Aranha?! Onde?! — queria tanto rir, porém apenas se conteve.
— , onde? Mate ela! Mate ela! — Fleur parecia apavorada e então deu um tapa em seu chapéu o fazendo ir ao chão. Fleur correu e se agarrou ao braço de Rony, que saltou para longe.
— Aranha! Aranha! — ele gritou em desespero. — Eu vou... Eu vou… Desmaiar. — E com o corpo mole Rony foi ao chão.
— Rouny? Rouny? — Fleur se abaixou para socorrê-lo e logo outras garotas de sua escola estavam ao redor. buscou o chapéu no chão e dentro dele preso a parte interna um fio dourado se encontrava. De costas para os demais, o puxou e, tirando um frasquinho de dentro das vestes, o guardou para que estivesse seguro. Em seguida se aproximou de Rony com o chapéu em mãos.
— Já a matei. Rony, vamos, acorde, a aranha já se foi. — batia em seu rosto a fim de acordá-lo. Nunca uma pegadinha em Draco havia surtido aquele efeito. — Vamos, Rony, acorde. — Ele se moveu brevemente e segurou a mão de .
— Mamãe, me proteja das aranhas, sim? — A jovem Malfoy gargalhou e em seguida notou que as demais a encaravam com o semblante sério.
— Vamos, Rony, acorde, sim? — Ela o sacudiu e por alguns minutos ficaram nas tentativas de acordá-lo, até que seus olhos se abriram e ainda confuso ele se sentou, com ajuda de .
— Grraças a Merlim — Fleur se animou e puxando o rosto de Rony para si, o beijou nas bochechas fazendo os olhos dele se arregalarem depressa.
— ? — chamou quase em um sussurro.
— Sim Rony? — ela prendia um nova risada.
— Eu vou desmaiar de novo. — E dizendo aquilo Ron tombou para trás. Dessa vez pelo nervosismo de receber um beijo de Delacour. não se conteve e riu, mesmo com os olhares tortos sobre si.
Quando Rony recobrou a consciência e Fleur o ajudaram a se colocar de pé.
— Venha Rouny. Vamos comer algo — a jovem Delacour o chamou, apoiando as mãos no braço esquerdo de Rony enquanto indicava a ele o caminho. estava para se virar e seguir outro caminho quando seu nome foi chamado por ela. — Venha, vamos comer também, está quase na hora do jantar. — não sabia se deveria ir, tinha coisas a fazer, mas o sorriso de Fleur foi gentil. — Terremos tortinha de aboborra parra o sobrrimesa. — E naquele momento Fleur tocou no ponto fraco de , a fazendo acompanhá-los, tomando o outro braço de Rony para dar apoio ao garoto.
No fim das contas, o tal feitiço da sorte funcionou mesmo. Tanto para Rony, como para .
Flashback off
Ao entrar o mês de junho, notou que a atmosfera do castelo se tornou mais uma vez elétrica e tensa, e dessa vez não se tratava apenas sobre as provas. Todos aguardavam com ansiedade a terceira tarefa, que se realizaria uma semana antes do fim do trimestre e dentre todos os que aguardavam-a, a Malfoy era a que mais sentia os efeitos da aproximação da tarefa.
Não podia haver nenhum erro, nenhum vacilo de sua parte seria tolerado e se caso ocorresse, temia pelas consequências.
No início quando tudo havia acontecido, sequer cogitou que se sentiria daquela forma, temendo pelo fracasso. Tudo parecia ser tão fácil. Havia um plano, um alvo e um objetivo. Mas ela já deveria estar acostumada com as peças que a vida insistia em lhe pregar.
E foi dessa forma que sequer imaginou que sentiria apreço por Harry, muito menos pensou em duvidar de seu mestre. Porém, era esse seu destino. Ela havia sido moldada para aquilo desde seu nascimento, disso sabia e não seria o sentimento de compaixão que a faria desistir de seus objetivos e deixar se iludir por ideias malucas.
Talvez aquilo fosse apenas um tipo de teste.
O Lorde das trevas sempre havia deixado claro a maneira como alguns bruxos de Hogwarts conseguiam persuadir mentes frágeis. Por isso o seu treinamento duro. Por isso lhe ensinaram tantas vezes sobre quais ideais seguir.
Ela só não contava que no meio de todo e qualquer tipo de caos que enfrentaria, ela se apaixonaria. Porém, sabia do fundo do seu coração que aquilo não era errado e não fugia de seus propósitos.
Ao contrário do que pensavam, Diggory não era uma distração, ele era a melhor parte dela. Cedrico, assim como a sua família, era uma motivação. Por isso, ela daria tudo de si e assim que tudo aquilo terminasse, contaria tudo a ele mesmo que temesse sua reação e, se fosse preciso, o libertaria. Pois sabia de sua índole e por mais doloroso que fosse, não podia levá-lo consigo a força para aquele mundo. Mas enquanto aquilo não acontecia, jurou duas coisas: aproveitaria cada segundo ao seu lado e o protegeria de qualquer coisa.
Foram os risos da mesa de sua casa que lhe despertou. olhou para o lado e viu Draco, Crabbe e Goyle rindo do que deduziu ser de Harry, já que as notícias rondavam soltas sobre a mais nova matéria “extravagante” de Skeeter que falava de Harry e Draco explanava um exemplar do profeta diário, enquanto Harry segurava outro com a cara mais insatisfeita do que nunca.
Descobrir que Potter era ofidioglota havia pego-a de surpresa, era verdade. Mas no fundo, desde a primeira visita de Nagini, soube que havia algo de errado para Harry ter escutado-a. Naquela altura do campeonato, aquilo já não fazia mais diferença.
Virou-se Draco e seus colegas davam pancadinhas na cabeça, faziam caretas grotescas imitando loucos e agitavam as línguas como cobras e aquilo foi o suficiente para a bruxa se irritar.
— Basta — murmurou baixinho, sem pensar duas vezes e farta de interrupções medíocres da repórter com aquele torneio, levantou-se, pôs as mãos sobre as vestes levantando-se de sua mesa e com o chocalhar de sua varinha e pronunciou:
— Ephemerides Evanesca — o som saiu alto e claro e o efeito foi instantâneo e definitivo. Harry a observou boquiaberto quando o jornal em sua mãos, como de todos os outros alunos que tinham, desintegraram-se.
Krum, distante com sua delegação, balançou a cabeça rindo baixo. Para ele, assim como seus colegas de escola, aquele tipo de atitude de Malfoy não era algo surpreendente.
Diggory prendeu o riso pois estava observando-a durante todo o momento do falatório sobre Potter e não esperava que o silêncio no qual a garota se encontrava antes se tornaria em algo daquele tipo.
E os professores que antes conversavam entre si silenciaram-se. Por um momento, os alunos pensaram que haveria confusão, ainda mais quando Minerva demonstrou que levantaria. Mas Dumbledore a impediu com um aceno de mão.
— Espere um momento — disse de forma complacente e observou o olhar de Snape para ele, como se perguntasse se deveria agir de alguma forma. Mas Dumbledore apenas balançou a cabeça esperando a reação de uma única pessoa. .
— Desculpem, acho que me equivoquei. Mas receio que o café estava sendo demasiadamente tumultuado hoje, já que o conteúdo do jornal desta manhã não estava nem um pouco apropriado para o momento. — Olhando diretamente para os professores foi que a Malfoy proferiu aquelas palavras e após um sorriso cortês de Dumbledore foi que se direcionou de volta para o seu lugar e voltou a tomar seu café lentamente.
A Malfoy sentiu que alguém a observava e seu instinto lhe dizia que não se tratava de um professor ou de Diggory. Ela levantou seu olhar e viu Harry preso em seus olhos negros. murmurou “estamos quites”, lembrando do episódio em que foi salva de Skeeter pelo garoto. Tudo que menos queria era ter alguma dívida com o rapaz.
— Bem, ela era aluna de Durmstrang e era aluna de Alaric, não era? — Karkaroff disse dando de ombros e voltando a tomar seu suco de abóbora. Minerva bufou.
— Ela não nega ser mesmo sua filha, Snape — Minerva reclamou e rolou os olhos indo em direção a mesa da grifinória.
A noite havia caído sobre Hogwarts e a ansiedade por todos os lados era nítida. estava sentada em uma das arquibancadas do estádio de quadribol, entre os alunos da sonserina e observava o céu que estava em um azul profundo e límpido permitindo que as primeiras estrelas começassem a surgir. O nervosismo se instaurava sobre ela, mas sua expressão permanecia fria.
Seus olhos procuravam por todo o estádio Cedrico e ela sentia seu coração palpitar cada vez mais que via o ar vibrar com vozes excitadas, e pouco a pouco outros alunos chegarem e as arquibancadas começaram a se encher, prontos para assistir à terceira e última tarefa do Torneio Tribuxo.
E foi naquele momento que o viu.
Mas não era Cedrico que seu olhos haviam captado. Era sua versão mais velha, a qual ela vagamente se lembrava e ao seu lado estava uma mulher que certamente só podia se tratar da Sra. Diggory, e para sua surpresa, ambos vinham sorridentes em sua direção.
Diggory acenou com a cabeça para que descesse de onde estava e, meio sem saber o que fazer, ela sentiu o corpo paralisar.
Draco ao seu lado observou a cena vendo as mãos pálidas da prima apertarem com força o tecido de suas vestes e o lábio sofrer ao ser mordido pela garota. Draco sorriu para si e apesar de um pedacinho seu querer implicar com a prima, ele não cedeu a ele. Sabia que e Cedrico ainda estavam juntos, mesmo que a prima não tivesse lhe contado nada, ele a conhecia bem o suficiente para saber que todos os olhares trocados entre os dois eram mais do que mera simpatia.
— Sabe… — Draco começou tirando de sua paralisia momentânea. — Todos estão bem distraídos por aqui e eu soube que embaixo das arquibancadas é um lugar onde ninguém vai. — abriu a boca para protestar e se defender e Draco rolou os olhos. — Ora, , pare de ser teimosa por um instante e me deixe ajudar. — Ela o encarou com desconfiança. — Vá logo conhecer os pais do seu namorado, mas não se acostume. Amanhã estarei implicando com você de novo. — sorriu pequeno negando com a cabeça.
— É claro que vai — e dizendo apenas aquilo desceu da arquibancada sem chamar muita atenção. Draco apenas a encarou ir para depois rir fraco e voltar a conversa com seus colegas de casa.
Quando chegou até a parte de trás das arquibancadas, viu Cedrico falando com os pais e sentiu seu corpo tremer. Era a primeira vez que algo assim acontecia e estava morrendo de medo dos dois a odiarem.
— Eu disse que ela estava vindo. — Cedrico foi quem chamou sua atenção vindo animado em sua direção. — Eles acharam que você não tinha entendido. Logo você, a sabe tudo — implicou e ela riu um pouco. Cedrico segurou suas mãos e as sentiu tremerem. — Eileen Malfoy está com medo? Dos meus pais? — Ela torceu o nariz, completamente insatisfeita por se sentir daquele modo. Já havia encarado comensais, uma cobra de temperamento duvidoso e já estivera na mesma sala que o próprio lorde das trevas, e agora temia a presença de dois bruxos que pareciam adoráveis? Não conseguia acreditar.
— Aparentemente não é só você que tem medo do pai de alguém aqui — brincou e Cedrico riu a puxando para junto de si.
— Te garanto, seu pai é muito mais assustador. Venha, eles estão empolgados. — a puxando junto consigo Cedrico se juntou aos pais.
Amos tinha um sorriso como o do filho. Gentil e acolhedor. Se lembrou de onde conhecia o homem. Havia o visto na copa mundial de quadribol.
— Senhorita Malfoy — o homem cumprimentou enquanto Tais sorria para a menina.
— . Pode me chamar de , senhor Diggory. — Ela esticou a mão e o homem a tocou.
— Então me chame de Amos. — se sentiu reconfortada. — Essa é minha esposa. Tais. — sorriu para a mulher que lhe estendeu a mãos com um grande sorriso.
— É um prazer finalmente conhecê-la. Cedrico só sabe falar de você. — riu um pouco segurando a mão da mulher.
— Mãe! — ele a repreendeu.
— E estou mentindo? — implicou e Cedrico revirou os olhos.
— Se parece muito com sua mãe, — Amos comentou e o encarou de olhos mais arregalados e um sorriso surgindo nos lábios.
— O senhor a conheceu? — As pessoas fora de sua casa não costumavam falar de Katrina, e quando falavam era com certo desgosto. Mas não o pai de Cedrico. Não porque tivesse apreço pela mulher. Não tinha. Havia conhecido Katrina muito bem. Mas tinha apreço por e tudo que não queria era deixar a menina que lhe parecia muito gentil triste.
— A vimos algumas vezes. Realmente se parecia muito com você. Os cabelos longos e claros assim. Era uma jovem muito segura também — Tais foi quem complementou e um grande sorriso surgiu nos lábios de .
— Mas os seus olhos… — Amos apontou com os olhos estreitos e um sorriso esperto. — Você tem os olhos do seu pai, . — A garota mordeu o lábio e encarou Cedrico enquanto sorria.
— Ela tem sim. — O jovem Diggory tinha um sorriso estampado. — E é a única vez que não tenho medo dos olhos de um Snape. — riu junto aos pais de Diggory.
Conversaram por alguns minutos antes de Cedrico precisar ir, e quando era hora ela respirou fundo, se despedindo deles e inventando uma desculpa sobre ir ao banheiro. O viu se afastar junto aos pais enquanto os ouvia comentar que ela era bonita como Cedrico havia dito. E sentindo um frio na barriga, se virou e correu para onde deveria ir. Era hora de seguir com o seu propósito.
Capítulo XVII - A Terceira Tarefa
encarava a poção a sua frente com nervosismo. Não pela aparência, até porque como o esperado a poção polissuco com a essência de Fleur Delacour tinha tons claros de rosa e cheirava a morangos frescos. Não era a poção que a intimidava, mas sim o que estava por vir naquele dia.
Desde de que entrara em Hogwarts, sabia que estava ali por conta do plano do Lorde das trevas de acabar com Harry Potter, entretanto, se tornar parte ativa naquele plano começava a causar um pequeno incômodo ao coração da jovem Malfoy. Incômodo esse que ela não pensou que sentiria e por isso o ignorou a princípio, mas naquele momento já não era mais possível ignorá-lo.
Respirou fundo algumas vezes antes de tomar o pequeno frasco com a poção em mãos e ainda meio relutante o levou a boca esperando que o gosto daquilo não fosse tão ruim quanto havia ouvido dizer. Concluiu por fim que não era dos mais agradáveis de fato, porém não era dos piores.
Se sentou em um canto no armário de vassouras onde se encontrava e esperou que a poção fizesse seu efeito. E enquanto esperava, foi inundada por pensamentos.
Naquela tarde o Lorde das trevas mataria Harry Potter, e para foi impossível não pensar nele. Foi impossível não se lembrar da primeira vez que viu Potter na copa mundial de quadribol e como o desafeto por ele era muito maior que naquele momento. Potter não era alguém por quem nutria imensa simpatia, porém tinha de admitir, mesmo que apenas para si mesma, que o contato que havia tido com o rapaz, em sua grande maioria havia sido agradável.
Se lembrou, quase que automaticamente das vezes que se encontraram no corujal e que o mordeu. Se lembrou de Edwiges e de como a coruja parecia ter um tipo curioso de carinho pelo dono e até mesmo, por ela. Pensou nas vezes em que viu o jovem Potter com Rony e Hermione pela escola, rindo uns para os outros e parecendo inseparáveis. Se lembrou de dançar com Harry e de como o garoto parecia despreocupado com qualquer coisa. Da cara de bobo que ele fez ao vê-la descer as escadas em sua direção naquela noite. De sua preocupação ao pedi-la que não contasse sobre Sirius a ninguém.
Pensou principalmente em todas as pessoas que Harry tinha em sua vida e se perguntou se teria de encará-las depois daquilo. Esperava sinceramente que não, porque ver os olhos tristes de Hermione e Ron pelos corredores seria uma das coisas mais cruéis de todas para ela.
Pela primeira vez em anos questionou, mesmo que brevemente, as coisas que cresceu acreditando. Para a família Malfoy, servir a Voldemort sem hesitação era uma honra e uma certeza. E aquilo foi ensinado a garota desde que se lembrava. Talvez mais até que a Draco. E se encontrar naquele momento onde se perguntava se estava fazendo o certo nunca havia sido uma possibilidade antes.
acreditava cegamente no Lorde das trevas e em suas ordens, mas naquele momento, ao pensar com tanta piedade em Potter e seus entes queridos, ela notou ser a primeira vez em que uma ponta de hesitação surgiu em si.
Se colocando de pé e balançando a cabeça para afastar os pensamentos segurou as vestes azuis de Beauxbatons em suas mãos, encarando as mesmas antes de soltar todo o ar de seus pulmões.
— Apenas mais isso, e então, está acabado.
O senhor Bagman apontou a varinha a sua garganta murmurando “Sonorus”, e sua voz foi amplificada ressoando por todo o local para que todos os presentes pudessem ouvir.
— Senhoras e senhores, a terceira e última tarefa do torneio tribruxo está prestes a começar! - Aquelas simples palavras fizeram um arrepio inexplicado subir a espinha de Cedrico. “Apenas mais isso, e então, é o fim” foi o que ele pensou enquanto encarava o chão abaixo de seus pés. — Deixe-me lembrar a todos o placar atual. Empatados em primeiro lugar, estão os senhores Diggory e Potter, ambos da escola de magia e bruxaria de Hogwarts, com oitenta e cinco pontos. - Um grande barulho dos alunos da escola foi ouvido, celebrando seus dois campeões que se encontravam à frente na competição. — Em segundo lugar, com oitenta pontos, o senhor Victor Krum, do instituto de Durmstrang. - Os vivas dessa vez soaram mais graves, como em um grito de guerra. — E em terceiro lugar a senhorita Delacour, da academia de Beauxbatons. - E novamente, os gracejos se repetiram.
Cedrico levantou os olhos para as arquibancadas, buscando por ali um rosto conhecido, com cabelos tão loiros que chegavam a ser brancos e olhos negros como a noite. Não seria difícil encontrar , mas naquele momento ela não estava ali, e aquilo fez o lufano a buscar com ainda mais atenção e ansiedade.
Por que não estava ali? Ela disse que estaria. Que o veria antes de que ele entrasse no labirinto.
E aquela foi uma promessa que a jovem Malfoy cumpriu.
Ao longe ela observava Cedrico procurá-la e desejava a ele sorte. Queria poder se aproximar e abraçá-lo antes de ele ir, mas sabia que não era possível. Então apenas se conteve.
Quando notou que Minerva, Hagrid, Flitwick e Moody tomaram seus caminhos para iniciar a patrulha do labirinto, soube que era hora de agir. Segurando a vassoura em suas mãos, ela se aproximou a passos cautelosos de Moody e quando estava para alcançá-lo o viu se virar bruscamente com a varinha arguida. Ficou confuso por um momento, mas então pareceu se lembrar de que a imagem da jovem francesa a sua frente era apenas uma ilusão.
— Você deve tomar cuidado ao se aproximar de alguém assim, Malfoy. - O tom era quase como uma ameaça, o que fez revirar os olhos. — Está pronta? - ele questionou olhando ao redor com cuidado.
— Essa não é uma pergunta que precisa me fazer, Crouch. Sabe que estou. - A voz segura de fez o jovem Bartô sorrir de maneira discreta. A petulância da jovem Malfoy era, para ele, no mínimo interessante, em certas vezes.
— Não falhe - e com um novo revirar de olhos, subiu na vassoura dando impulso para que ela levantasse voo.
O vento ricocheteava o rosto de , assim como as plantas batiam em suas pernas. Precisava voar o mais perto do muro do labirinto possível para que não fosse vista e assim o fez.
Quando alcançou o topo da parede do labirinto, o céu havia ganhado um tom de azul-marinho que minutos antes era na verdade meio alaranjado por conta do sol que ia deixando o horizonte. E, para , era uma vista bonita de se ver, apesar de tudo. Foi então que percebeu que o labirinto era extenso até além do que conseguia enxergar sobre a pouca luz da noite que se aproximava.
sabia que tinha que aguardar Fleur iniciar a prova, já que precisava ser a primeira a ser contida, então apenas pairou ali, sentada em sua vassoura por longos minutos. Ouviu Bagman liberar a entrada de Krum e sorriu ao pensar no búlgaro. Victor era em quem apostava suas fichas no início daquela competição e nem podia imaginar que o amigo não estaria em primeiro lugar. Mas aparentemente surpreender era algo no qual os alunos de Hogwarts eram bons.
Quando ouviu a entrada de Fleur ser aplaudida, se atentou em busca de sinais da aluna de Beauxbatons e encontrou os cabelos dourados pouco abaixo de si e mais a frente. Foi quando decidiu que era hora de dar início ao seu plano.
Flexionou seu corpo para frente na intenção de guiar sua vassoura para baixo, para que chegasse perto o suficiente de seu alvo, mas sabia que deveria ter calma e cautela na hora de descer para dentro do labirinto voando, já que qualquer movimento em falso denunciaria a Fleur que a estava seguindo. Vislumbrou Dellacour virar para esquerda e dar de cara com uma grande parede feita de sebes e soube que era a oportunidade perfeita.
suspendeu a vassoura no ar e saltou rapidamente, ficando atrás de Fleur. A Malfoy sabia que a garota não era ingênua, tão pouco havia chego até ali por sorte e por isso não se surpreendeu ao ver que ao mesmo tempo em que seus pés tocaram o chão, Dellacour virou. Porém, a surpresa da garota ao ver a si mesma em sua frente a fez vacilar e aquele vacilo foi o suficiente para . Ela sorriu e apontou a varinha. Instantes seguintes, Fleur estava sobre o chão, desacordada e sendo sugada pelas sebes.
Uma já foi, faltavam dois.
Tomou a varinha da garota caída ao chão e fez o caminho de volta para achar uma trilha a qual não fosse sem fim, mas agora, sem sua vassoura. Direcionou-se para direita e percebeu que a trilha à frente estava vazia. Andou por mais alguns poucos minutos e quando chegou a uma curva à esquerda entrou por ela, encontrando o caminho novamente livre, mas, assim que deu mais alguns passos, teve a desventura de observar Cedrico e Harry virados de costas bem na sua frente. “Cedo demais”, pensou e em um gesto rápido, escondeu-se em uma bifurcação entre as sebes.
Percebeu que os garotos discutiam sobre algum obstáculo criado por Hagrid de forma ansiosa, mas rapidamente se silenciaram quando do mesmo lado em que veio, se deram conta de uma nova presença. Um dementador, que deduziu ter em torno de três metros e meio de altura, com o rosto oculto pelo capuz e as mãos podres e cobertas de feridas estendidas à frente, deslizava na direção dos dois campeões.
Havia se passado anos desde última vez que teve contato com uma criatura daquelas e diferentemente da primeira vez, não sentiu a necessidade de se aproximar. E quando se deu por si, viu Harry lançar-se à frente de Cedrico e com a varinha erguida exclamar “Expecto Patronum!”. O feixe de luz prateado tomou forma de algum animal o qual não soube decifrar, pois a mesma luz que irrompeu da varinha de Harry pareceu atingi-la. Tudo que ouviu em seguida foi a voz de Harry - agora mais distante - murmurar:
— Você é apenas um bicho-papão! Riddikulus. - e um novo feitiço foi lançado.
Contudo, não soube dizer o que aconteceu em seguida já que sentia as pernas fracas e a respiração tão parecia difícil quanto a sua visão. Teve forças apenas o suficiente para sair do campo de visão dos outros dois bruxos e tomar o caminho de volta por onde havia vindo. Meio cambaleante, se apoiou nas paredes gélidas e espinhentas do labirinto na tentativa de recuperar parte de seu equilíbrio, mesmo que suas mãos fossem feridas.
Apesar de não entender o que havia acontecido ou o que a havia atingido, quando a fraqueza passou, ela tomou algum tempo tentando escutar o que acontecia ao seu redor. Harry e Cedrico já não eram ouvidos, e nem mesmo o bicho papão. Não sabia se os dois ainda estavam juntos, então decidiu procurar por Krum, resolvendo cuidar dele primeiro, para apenas depois ir atrás dos dois alunos de sua escola.
Os caminhos do labirinto eram todos parecidos e isso por vezes confundiu a cabeça da jovem Malfoy. Sem falar nas vezes em que teve que lidar contra os explosivins de Hagrid ou quaisquer outros obstáculos presentes no labirinto.
A névoa fina recaia pela paredes deixando o caminho a frente dos olhos de embaçados, porém a garota permanecia astuta e ao ouvir o estalar de um galho a fez se virar de supetão em busca do causador do barulho. Não houve muito tempo, a não ser o de se abaixar quando um feixe de luz seguiu em sua direção ao mesmo tempo que o feitiço “estupefaça” era dito pela voz grave de Victor.
— Quem é você? - Victor urrou pegando a varinha que era de Fleur. deu um sorrisinho de leve e anotou mentalmente que deveria lembrar de não subestimar seu melhor amigo. Teve que pensar rapidamente em quais seriam seus próximos passos e, dessa forma, levantou os braços em rendição, ficando de frente a Krum para que esse não notasse a varinha extra atrás em suas vestes. — Exijo que me diga! Sei que não é Fleur, pois a salvei a poucos minutos. - sentiu um breve temor tomar conta de si. O que faria? Krum a havia descoberto. Diferente do que muitos pensavam, era um garoto inteligente e não se deixaria levar por ela dizendo que era Fleur, já que sabia muito bem reconhecer alguém que acabará de ser estoporado.
— Anda muito mais esperto, búlgaro - ela provocou e notou um olhar confuso tomar conta das feições do rapaz.
— Eileen? - ela sabia que ele a reconheceria apenas pelo modo de falar, era Victor, afinal. Se conheciam a tempo demais para que ele não a reconhecesse.
Porém, sabia também que era nesse momento de reconhecimento que ele baixaria a guarda e foi o que ele fez, dando a tempo suficiente para puxar sua varinha e contra ele lançar o primeiro feitiço que veio a sua mente.
— Imperio. - E quando o feitiço atingiu Krum o viu cambalear para trás por um momento, para que em seguida seu rosto tomasse uma expressão vazia, enquanto seus olhos se tornavam esbranquiçados.
se aproximou a passos lentos e cuidadosos do amigo, analisando se era realmente seguro estar perto, mas quando notou Krum parado ali, ela apenas tomou de volta a varinha de Fleur e encarou o rosto dele.
Estranhamente, a sensação de lançar um feitiço contra Krum não foi nova para ela. Na verdade parecia conhecida e recente, e aquilo fez com que um arrepio lhe subisse à coluna, a fazendo puxar em sua mente de onde poderia conhecer aquela sensação, mas não se lembrou. Afastando os pensamentos de si, ela olhou em volta e vendo que estavam sozinhos, tornou a encarar o búlgaro.
— Encontre Harry Potter e o faça ir até a taça - ordenou, fazendo Victor parecer voltar a vida enquanto começava a caminhar. — Mas antes... - Krum pausou seus passos e virou novamente para . — Obliviate. Esqueça que me reconheceu.
Após lançar o último feitiço sobre Krum, o observou por alguns instantes, até que ele sumisse na curva a seguir e então olhou ao redor tomando a direção oposta. Era a hora de encontrar Cedrico.
Cedrico não fazia ideia de quanto tempo estava caminhando naquele labirinto desde que ele e Harry seguiram por lados opostos após encontrarem o bicho papão. Tudo ao seu redor era igual e tudo que ele queria era encontrar a maldita taça e ir embora.
“Eu te disse, que era uma competição idiota.”
Seria o que diria a ele se estivesse ali. E repetiria a ele mais uma vez que a glória eterna não valia tanto esforço assim.
E de fato, parecia não valer. Não mais.
Era estranho para Diggory pensar no começo daquele ano letivo, quando o torneio foi anunciado e ele escolhido como um campeão. Vencer aquele torneio parecia muito mais importante do que que qualquer coisa para Cedrico durante muito tempo, mas já havia algum tempo que aquilo havia mudado.
Tentou encontrar em sua mente razões para aquela mudança de opinião e a encontrou quando pensou em uma jovem garota da sonserina e em como, naquele momento, queria apenas estar sentado lá fora com ela, esperando que um dos campeões deixasse o labirinto. Encarou sua varinha e pensou em apenas lançar uma luz vermelha ao céu, porém se lembrou também que a garota não estava lá quando ele entrou.
Onde estava, afinal? Malfoy não era do tipo que não cumpria com o que dizia e aquilo fez uma nova onda de preocupação tomar Cedrico.
Antes que pudesse se aprofundar em suas questões em relação a ele parou onde estava, pensando ter ouvido algo. Se virou devagar olhando as suas costas e tudo que viu foi a névoa branca caindo e parecendo mais intensa. Estalar de galhos eram ouvidos baixo e fizeram Cedrico erguer a varinha de modo atento, porém o que aconteceu a seguir foi inesperado demais para que pudesse prever.
— Planctus - uma voz baixa conjurou o feitiço ao mesmo tempo que um lampejo de luz transparente passava direto por ele, fazendo com que os galhos da sebe das paredes começassem a estalar altos e nervosos.
Cedrico não sabia ao certo o que fazer, mas quando a sebe pareceu querer atacá-lo, ele correu na direção da qual o feitiço havia vindo.
Ele sentia os espinhos arranharem seus braços e pernas, quase como se tentassem segurá-lo, e com uma breve olhada para trás ele notou que o caminho, antes aberto, agora se fechava se tornando estreito. Era como se quanto mais avançasse pelo corredor do labirinto, mais as paredes se fechassem ao seu redor, até que se mover fossem impossível e que as paredes o tivessem quase que completamente capturado. Exceto por sua mão livre, com a qual desesperadamente Cedrico tentava conjurar feitiços que pudessem o libertar.
— Immobilus - foi o feitiço que ouviu antes de seu corpo se tornar quase que como pedra. Cedrico tentava a todo custo se mover, porém os músculos pareciam pesados. Como se tivessem sido envoltos em cimento e ele se tornado uma estátua — Expelliarmus. - A varinha voou de sua mão livre em uma ricocheteada e uma onda de leve pânico tomou conta do lufano ao ver uma silhueta se aproximar pela névoa.
Pensava em como poderia sair dali o mais rápido possível, mas seus pensamentos se acalmaram quando a imagem se aproximou dele e ali ele viu um par de olhos negros que para ele eram tão conhecidos. Um sorriso esperto pairava nos lábios da garota. Aquele sorriso que ela lançava a ele, sempre que tinha algo mais inteligente a dizer.
Era . Mas como ela estava ali? E porque estava com as vestes de Beauxbatons? Cedrico não sabia dizer, só sabia que seu coração, pela primeira vez desde que entrou naquele labirinto, disparou por um bom motivo.
Mesmo depois daquele tempo juntos, Eileen Malfoy ainda era capaz de fazer o coração de Diggory disparar de modo tão puro e apaixonado, mesmo na pior das situações.
Ela o observava de modo cuidadoso. Olhou para trás parecendo buscar por algo e em seguida, com o corpo já meio virado para ir, voltou a encará-lo. Dessa vez o sorriso era terno e carinhoso, assim como o olhar.
— Te vejo em breve, lufano - foram as únicas palavras dela antes de virar e começar a correr de onde havia vindo.
Harry caminhava atenta e apressadamente pelo labirinto, segurando sua varinha deitada na palma da mão e seguindo a orientação do feitiço em que lançara. Já havia caminhado pela nova trilha havia alguns minutos, quando ouviu uma coisa na trilha paralela à sua, que o fez parar.
— Socorro - o ar se encheu repentinamente com os gritos de Cedrico, sua voz parecia abafada e então horrorizado, Harry avançou correndo por sua trilha, tentando encontrar uma passagem para Cedrico. A cena que viu foi angustiante.
Observou a varinha do colega jogada para longe e então avançou para pegá-la e entregá-la a ele, mas as sebes intensas obstruíram a passagem. Levou alguns segundos para achar uma solução, mas Diggory parecia realmente precisar de ajuda e então, como um estalar, a solução perfeita surgiu em sua mente, sem pensar duas vezes gritou:
— Reducto. - Um feixe de luz esverdeada reluziu da varinha de Harry indo de encontro direto contra as sebes que prendiam Diggory, diminuindo-as até que fosse possível libertar Cedrico dos galhos enfeitiçados.
— Você está bem? - Harry se pôs ao lado de Cedrico, que apenas balançou a cabeça em afirmação, murmurando um fraco “obrigado”. — O que foi que aconteceu?
Cedrico recobrou o ar e se pôs ereto.
— Bem... acho que... - aquilo foi difícil de explicar. Nem ao menos Cedrico sabia muito bem o que havia acabado de acontecer. Por um momento estava desatento pensando em quando no outro, pensou por segundos te-la visto. Até a voz lembrava a garota. Mas sabia que naquele lugar era possível chegar a insanidade, e o que mais seria aquilo, se não insano? Não podia ser no labirinto. Quando recobrou o juízo, percebeu que estava preso e completamente paralisado e então olhou para frente em busca da pessoa que fizera aquilo com ele, a tempo apenas de ver vestes azuis indo na direção oposta a dele.
— Fleur me atacou.
— Fleur? Mas porque Fleur o atacaria? - Harry perguntou horrorizado e Cedrico fez sinal para que seguissem adiante.
— Para ser sincero, eu não faço ideia, Harry - declarou. — Mas tenho certeza que a vi após o ataque e, além disso, não há outra explicação.
— Bem, talvez fosse realmente ela. - A mente de Harry disparou como quando alguém acaba de se lembrar de algo importante. Diggory o observava. — Talvez Fleur estivesse enfeitiçada…
— Como assim? - perguntou Cedrico e os dois pararam novamente.
— Pouco antes de encontrá-lo, vi Krum e ele estava diferente. Seus olhos pareciam sem vida e ele tentou me atacar sem mais nem menos. - Cedrico franziu o cenho. Krum podia querer ganhar aquele torneio tanto quanto os dois, mas apesar de não conhecê-lo tão bem, lhe passava a visão boa do melhor amigo. Victor Krum não era do tipo de jogar sujo. — Por sorte consegui dar um jeito nele. Deixei-o desacordado, mas sinalizei para que algum dos professores viessem a seu encontro.
— Krum enfeitiçado? Está claro que subestimamos o labirinto. - Olhou os arredores observando atentamente o labirinto. — Acho melhor continuarmos antes que algo aconteça novamente.
Harry concordou com a cabeça e assim seguiram em busca da taça.
— Porcaria de poção mal preparada! - resmungava observando mechas de seu cabelo branco cair sobre o seu rosto. Sabia que não devia ter deixado Crouch com a função de preparar a poção, mas não podia arriscar ser pega por seu pai. Mas tudo o que conseguia pensar agora era na raiva em que sentia por seu “colega” de missão. Afinal, o efeito da maldita poção deveria durar mais tempo.
Decidiu ir atrás de Krum, procurá-lo e se certificar de que mais nada havia saído fora de seus planos. Porém, assim que terminou de atravessar o primeiro caminho que tomou, ouviu passos e vozes conhecidas. Seu coração gelou. Tudo que pensou em fazer em seguida foi ir atrás das duas vozes, o mais rápido que pudesse, e viu o que ela mais temia. Harry e Cedrico corriam atrás de um luz no fim daquele mesmo caminho. lutou para tirar os seus olhos dos dois e focar no que aquela luz era e assim que notou ser a taça, seu corpo respondeu quase que automaticamente, a fazendo se apressar em puxar a varinha.
Cedrico estava ali. Como? Não deveria estar. Ela tinha certeza que havia o prendido. Diggory não deveria estar junto a Potter. O desespero tomava conta de si e quase como se não soubesse mais nenhum feitiço ela conjurou pela segunda vez naquela noite.
— Planctus. - E então raízes começaram a se erguer do chão em direção aos pés dos dois rapazes. Naquele momento, o objetivo de não era garantir que Harry chegasse a taça. Era que Cedrico não chegasse a ela.
E quando viu as raízes se prenderem sobre os pés de Cedrico o fazendo cambalear e cair no chão, ela pode respirar fundo novamente. E soltando o ar dos pulmões, viu Harry se esgueirar das raízes e continuar a avançar até a taça, e então, em um fração de segundos, tudo que menos pensava, aconteceu.
Harry havia parado, ele havia voltado por Cedrico. A Taça Tribruxo estava tão próxima, tão fácil ao seu alcance e mesmo assim, ao ouvir o grito de socorro do outro bruxo, mesmo sendo seu adversário, ele voltou para ajudar. Aquilo foi o suficiente para confundir a garota e pensando em todos os acontecimentos que estavam prestes a surgir foi que não percebeu os dois alcançarem juntos a taça, que brilhava num pedestal pouquíssimos metros a sua frente.
A garota tentou correr e impedir, mas mãos fortes a seguraram ao mesmo tempo que ela sentia o coração apertar e assim viu os dois bruxos se entreolharem e estenderem as mãos para cada uma das asas da taça.
Era tarde demais.
Capitulo XVIII - O Retorno do Lorde das Trevas
Por alguns minutos tudo que conseguiu sentir foi o desesperador vazio. Nem se mover, nem gritar, nem nada além de sentir desespero parecia possível. Não sabia o que aconteceria a Potter ou como o Lorde das trevas pretendia dar fim a ele, mas o fato de Cedrico estar lá fazia todas as possibilidades possíveis correrem sua mente.
Não sabia para onde haviam sido mandados, caso soubesse estaria dando um jeito naquele segundo de ir até lá, mas não sabia.
Quando os reflexos retomaram seu corpo ela notou que ainda estava sendo segurada pelo mesmo par de mãos que a impediram de seguir na direção de Diggory e de repente se virou encontrando o rosto já conhecido de Moody ali.
— Mas o que você estava pensando? - a garota esbravejou se esquivando finalmente dos braços dele.
— Eu? O que você estava pensando? - ele questionou em um tom acusatório que fez cerrar os punhos. Não sabia o que responder. Ou até sabia, mas diria a ele que estava pensando em impedir Cedrico?
— O que faz aqui, afinal? - a raiva era evidente em sua voz e aquilo só trouxe ainda mais gosto a Moody - vulgo Crouch Jr. Já havia algum tempo que observava a garota e, sem sombra de dúvidas, poderia dizer que o papel de babá em que Lorde das trevas o havia posto tinha sido mais interessante do que ele imaginava. Algo em chamava a atenção do mestre, algo nela era importante demais para o bruxo e Crouch, até mesmo que inconsciente, tinha a intenção de descobrir.
— Não é óbvio? - falou com desdém chegando mais perto de . — Vim me certificar que a mocinha aqui não estragaria o plano todo.
— Você é um completo idiota, Crouch! - urrou empurrando o bruxo para frente. — Não faz ideia do que me impediu de fazer e por sua culpa, não consegui evitar que Cedrico fosse onde quer que seja com Potter. - A irritação que jazia da garota não passava despercebida, assim como a queda abrupta da temperatura. Talvez fosse o labirinto dando sinais de ataque. Fosse o que fosse, Crouch sabia que não tinham tempo para uma discussão ali.
— Idiota ou não, Malfoy, ainda sou eu que mando aqui - rebateu segurando a varinha. instintivamente pôs a mão na sua, mas, ao contrário do que pensava, Moody apenas conjurou Accio e em instantes sua vassoura pairou o ar ao seu lado. — Volte para as arquibancadas, agora. Logo tudo estará acabado e quanto menos pessoas percebam sua ausência nesse momento, melhor.
resmungou subindo na vassoura e logo ambos já haviam se dispersado do labirinto.
O solavanco repentino que tomou conta de Cedrico e Harry os fez pensar algumas vezes antes de se darem conta do que estava acontecendo e aos poucos, sabiam que o troféu não era apenas o símbolo de “glória eterna”. Era uma chave de portal.
Harry, que estava caído sobre o chão, apoiou-se com os cotovelos um pouco sem jeito e olhou pro lado em busca de Cedrico. Diggory levantava-se sacudindo as vestes e se aproximando de Harry, ajudou-o a ficar de pé. Entreolharam-se.
— Sabe onde estamos? - perguntou Harry. Cedrico apenas sacudiu a cabeça em negação. Não fazia ideia de onde pudessem estar, mas a atmosfera sombria do lugar revelava que algo não estava certo.
— Alguém lhe disse que a Taça era uma Chave de Portal? - foi tudo o que conseguiu dizer e quando Harry respondeu que não tinha sequer ideia daquilo, suas suspeitas de algo estar errado apenas ganharam força. Olhou os arredores com a varinha fixa na mão, igualmente a Harry, e apesar do nervosismo que se instaurava em ambos, decidiram averiguar o local. Não podiam ficar parados sem fazer nada.
Enquanto andavam, a luz que reluzia de suas varinhas não era suficiente e a escuridão do local podia facilmente cegar-lhes, mas ainda assim, era evidente que não estavam mais dentro dos terrenos de Hogwarts. Estavam longe disso, e a única coisa que Diggory podia pensar naquele instante era na vontade imensa que sentia de estar ao lado de . Talvez a garota estivesse certa sobre o torneio e, se Cedrico pudesse, trocaria todo o tempo pelo qual dedicou-se a ele para ficar com ela. Mas ele conhecia e sabia que ela jamais deixaria desistir de algo que ele tanto queria, porque diferentemente do que ele achava antes em relação a Malfoy subestimá-lo, sabia que a garota o apoiaria e diria que ele era capaz de participar do torneio. E dentre todas as coisas que ele mais admirava em , essa era a favorita, ela sempre acreditava nele e foi com essa determinação, foi pensando em ver , que ele continuou firme atrás de uma resposta.
Deram alguns passos por entre grandes volume de mato, até que Harry tropeçou em algo denso e alto.
— Uma lápide? - Cedrico exclamou enquanto Harry se recompunha e apontava sua varinha para o objeto assim como o colega.
Sem precisar de mais respostas, sabiam onde estavam... Os garotos se viam parados em um cemitério escuro e cheio de mato.
Talvez fosse o cansaço da terceira tarefa que tomou conta dos corpos dos dois bruxos, ou talvez fosse a aparição repentina em um lugar totalmente desconhecido, mas fosse o que fosse, nem Cedrico tão pouco Harry conseguiam discernir a silhueta escura de uma bela casa antiga na encosta do morro. E esse foi o seu segundo erro. O primeiro havia sido não terem voltado para a taça enquanto tinham chances.
E como se o mal começasse a pairar por todo o ambiente em que estavam, os dois ficaram cada vez mais tensos, até notarem uma estranha sensação de que estavam sendo observados.
Ao longe, vindo da escuridão viram um corpo baixo que seguia constantemente na direção dos dois. Parecia carregar algo em seus braços e ambos os garotos se perguntaram se poderia ser um bebê. Mas quem em nome de Merlim sairia com um bebê a aquela hora para um cemitério?
Esperaram então que a pessoa se aproximasse. Não era possível ver nada e a figura - que já parecia bizarra suficiente - ainda usava um capuz que impedia completamente a visão de seu rosto. Então, inesperadamente, a cicatriz de Harry explodiu de dor. Foi uma agonia tão extrema como jamais sentira na vida.
— Quem é você? - Cedrico foi quem se apressou em perguntar, enquanto se abaixava ao lado de Harry, preocupado com o rapaz. — Potter, o que é que houve? - questionou procurando por qualquer sinal de que o rapaz pudesse estar ferido, sem encontrar nada aparente.
Harry, que estava imerso em sua dor, sequer conseguiu raciocinar o que acontecia bem ali. Foi então que tendo a visão de Cedrico a sua frente e com a dor latejante em sua cabeça um único nome ecoou em sua mente. Voldemort.
— Corra! Para a chave de portal - o grito de Potter nunca havia sido tão alto e tão intimidador. Naquele momento Cedrico quase não hesitou em fazer o que o mais novo mandava, porém a lealdade de seu coração o impediu.
— Harry…
— Agora! - um novo grito deixou a garganta de Potter e fez Cedrico se levantar em um susto, e se virar ainda com receio para encarar quem vinha em sua direção, que agora estava ainda mais próximo.
A alguns metros dos dois, Rabicho se aproximava com o corpo pequeno e deformado de Voldemort em seus braços, e apesar da falta de força em seus ossos, o lorde das trevas moveu sua cabeça levemente para conseguir encarar o lufano de quem Crouch Jr. tanto havia falado.
Com desprezo preenchendo seu peito ele mal pode acreditar que aquele era o garoto que quase havia posto todo o seu plano em jogo. Bem sabia que Diggory era um puro-sangue, mas a bondade de seu coração era clara ao se negar a deixar Potter, e se bem conhecia aquele tipo, ele nunca se juntaria ao lado das trevas. Ele servia apenas para distrair a jovem criança de Voldemort, e a ordem que o Lorde das trevas estava prestes a dar havia sido tomada a muito tempo.
Mesmo que não fosse do conhecimento da jovem Malfoy, Cedrico Diggory, estava marcado para morrer, assim como Harry Potter. A ordem já havia sido dada a Bartô Crouch Jr. e aconteceria dali a alguns dias, depois que Voldemort retornasse, mas se Diggory já estava ali, porque não eliminá-lo por si só?
— Mate a distração - a voz rouca e quase sem vida ordenou a Rabicho e o servo puxou a varinha de dentro das vestes.
Cedrico sentiu um arrepio lhe subir a espinha quando o capuz de seja lá quem fosse aquele homem deixou sua cabeça e a varinha se ergueu apontada em sua direção.
— Avada Kedavra. - E aquelas foram as palavras. As últimas palavras que ouviu ainda com vida. Um lampejo de luz verde tomou seu campo de visão e antes que pudesse fazer qualquer coisa, houve uma dor que tomou todo o seu corpo.
Cedrico nunca realmente pensou sobre como morrer seria, mas não esperou que fosse rápido. Por isso, quando a vida começou a deixar seu corpo ele não achou que realmente estivesse morto. Esperava uma agonia terrível, mas em seu fim tudo que sentiu foi o corpo relaxando aos poucos, quase como se flutuasse. Em seu fim, quando as pálpebras pareceram mais pesadas do que ele podia aguentar e ele finalmente as fechou, ele viu a escuridão, e na escuridão encontrou olhos que a algum tempo lhes eram tão familiares. Em seu fim, Cedrico Diggory viu os olhos de Eileen Malfoy o encarando enquanto tudo ao redor da garota se tornava luz, e aquele sorriso esperto e afetuoso estava ali, para ele.
Em seu fim, Cedrico pensou que tudo que teria seria dor e desespero, porém foi quem trouxe a ele calmaria e paz. Até seu último suspiro.
— Te vejo em breve, lufano.
Dor. Essa era a palavra a qual sempre pensou conhecer, de todas as suas formas e intensidades. Talvez não fosse exatamente normal uma jovem de bruxa de 14 anos ter passado por tudo que ela passou, mas em seu caso, a normalidade passava longe.
A Malfoy sentiu a dor de não ter uma mãe presente, de passar natais desejando vivenciar todas as coisas que seu tio Lucio falava sobre Katrina. Sentiu a dor de ter que se separar de sua família e quando havia se acostumado com seus amigos em Durmstrang, sentiu a dor te deixa-los.
Mas nada, nada, nem mesmo a dor física adquirida com os treinos intensos de comensal da morte, se equiparava a aquela.
A dor da perda.
Por alguns momentos o mundo ficou em um completo silêncio. Ela tentou entender o que estava vendo e quando notou Potter jogado no campo sobre o corpo de alguém, rezou para que fosse uma espécie de miragem ou truque que seus olhos lhe pregavam de mal gosto. Mas não era. E tudo o que ela mais temia havia acontecido.
O corpo de Cedrico Diggory jazia morto a sua frente.
Rapidamente, a paralisia que tomava conta de seu corpo sumiu e em um impulso de outro mundo, ela saiu correndo, atropelando quem fosse para chegar até o garoto.
Quando o alcançou finalmente, as pernas de tornaram a vacilar e seu coração se tornou em pedaços. Uma dor excruciante tomou conta de seu peito e um nó se formou em sua garganta. Ela queria gritar. Amaldiçoar aos quatro ventos a quem havia feito aquilo, mas tudo que conseguiu foi iniciar um choro compulsivo.
As pernas falharam e ela caiu sob os joelhos no gramado. As mãos trêmulas e hesitantes faziam um caminho incerto na direção dos olhos abertos de Cedrico. Ela não precisou que ninguém contasse, a forma como os olhos dele estavam entregavam que a maldição da morte havia sido lançada no rapaz.
Ela já havia visto antes. Quando ela mesma lançou a mesma maldição em Franco Bryce meses antes. A maldição que depois daquele dia jurou nunca mais conjurar.
A morte de fato cobrava o seu preço. E de , ela havia cobrado na mesma moeda. Era como se estivesse vivenciando aquele velho ditado “olho por olho, dente por dente”.
Estendeu a mão na intenção de tocá-lo, porém ouviu a voz do primo chama-lá ao longe e quando se virou em busca de Draco o primeiro rosto que encontrou, encarando a cena com um sorriso satisfeito, foi o de Moody.
Em um ímpeto deu um passo puxando a varinha, decidida a usar a maldição que havia levado Cedrico de si no homem que havia a impedido de salvá-lo, porém, antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, sentiu braços a tirando do chão e recolhendo sua varinha. Se virou disposta a discutir, mas encontrou o rosto do pai que não a olhava, e desistiu. Quando virou seu rosto para o corpo de Cedrico, os olhos que encontrou foram os de Potter, que eram cheios de pesar.
— Me solte, eu preciso… - E não soube o que dizer, porque não sabia o que precisava fazer. Se debatendo nos braços do pai foi que tentou se aproximar de Cedrico, mas Snape apenas a segurou com firmeza arrastando dali.
Eu sinto muito.
Essas foram as palavras que Harry proferiu a ela enquanto a última imagem que tinha era a de Amos debruçado sobre o corpo do filho.
Não soube dizer ao certo por quanto tempo o pai a arrastou, mas durante todo o caminho sentiu a culpa começar a crescer em seu peito.
E se tivesse prendido Cedrico melhor? E se tivesse o impedido de participar do torneio? E se tivesse se desprendido de Bartô? E se ela não fosse a escolhida de Voldemort? E se tivesse se afastado de Diggory quando Nagini surgiu no meio da noite exigindo aquilo?
Eram perguntas demais para as quais não tinha respostas, apenas a culpa que a consumia, um pouco mais a cada segundo.
Quando pararam de andar, Snape se colocou à frente da filha. O olhar quase sempre impassível dava agora lugar ao cuidado que ninguém mais no mundo seria capaz de ter. Se abaixando e segurando os braços da pequena Malfoy, Snape pousou seus olhos nos dela, a encarando profundamente, notando os olhos que derramavam mais lágrimas que algum dia ele presenciou a filha derramar.
— . - O tom carinhoso fez com que tudo se tornasse ainda pior. Ela queria que ele gritasse com ela, que dissesse que ela era a pior pessoa na terra, mas o que Snape fez foi tomar a filha em seus braços.
Poucas vezes um contato tão próximo havia acontecido entre ambos e o fato de acontecer naquele momento fez com que a dor parecesse ainda maior.
— Eu não o salvei - entre soluços a garota declarou enquanto o pai afagava seus cabelos.
— , você não podia fazer nada - Snape tentou consolá-la, porém em vão.
— Podia. Ele estava lá, na minha frente. Eu podia tê-lo alcançado se fosse mais rápida - as palavras de não faziam sentido para ele. — Se Crouch não tivesse me impedido, podia tê-lo salvado. - E então Severo afastou a filha por um momento a encarando.
— Bartô? - O que Bartô tinha com aquilo.
— Aquele maldito. Sempre aparecendo e estragando tudo. Eu deveria matá-lo. Eu vou matá-lo. Vou matar Moody com minhas próprias mãos. - Um arrepio gélido tomou conta do corpo de Snape e aquela não era uma sensação desconhecida para ele.
— , o que…
— Professor Snape. - Antes que Severo pudesse terminar a pergunta Draco surgiu o chamando com urgência. — O professor Dumbledore está o chamando. É urgente, senhor - anunciou e ainda confuso Snape encarou a filha. Deixaria sozinha? Como se respondendo a pergunta de Snape, Draco se aproximou. Os olhos tristes e repletos de empatia pareciam nem pertencer ao Malfoy que ele conhecia. — Pode ir, eu cuido da - Draco garantiu. Severo sabia do carinho entre os dois e por um momento se permitiu sentir confortado pelo fato da filha ter Draco. Se sentiu confortado porque eles teriam um ao outro. Sempre.
Se colocou de pé e começou a caminhar em direção ao castelo, mas foi parado pela voz fragilizada e ao mesmo tempo cheia de amargura da filha o chamando. Quando se virou e a encarou, encontrou os olhos de vazios por um instante.
— Ele voltou. - E levantando a manga de suas vestes até a altura dos ombros foi que mostrou a Snape a marca que a anos havia sido posta nela em segredo.
Epílogo
O grande salão principal não tinha suas cores habituais. Verde, vermelho, amarelo e azul davam espaço a cor preta. Naquele ano a festa de despedida não teria um clima célebre pela vitória de uma casa, nem pela vitória de um campeão do torneio tribruxo. Não, naquele ano o último dia dos alunos em Hogwarts eram envoltos pelo silêncio e tristeza que a morte de Diggory trazia consigo.
Sentado ao lado de Dumbledore não estava um professor e sim Amos, que parecia imerso em seus próprios pensamentos, imaginando o seu garoto ocupando um assento na mesa de sua casa enquanto ria junto aos amigos e esperava com olhos ansiosos o momento que pudesse se juntar a namorada.
Ao se lembrar de , o senhor Diggory a procurou pelo salão e seus olhos não eram os únicos a fazê-lo. Draco, Harry e Krum também procuravam a jovem Malfoy, tão preocupados que sequer se importavam em dar atenção a outra coisa.
A metros dali, parada perto ao campo de quadribol, encarava o exato ponto onde viu o corpo de Cedrico pela última vez. A imagem de seus olhos acinzentados completamente sem vida a assombrava durante todas as noites. Ainda se lembrava do timbre da voz do rapaz e vez ou outra se pegava revivendo o dia que se conheceram. Cedrico, gentil como era, se oferecendo para acompanhar até sua sala comunal. Ou ainda como ele havia reservado para ela tortinhas de abóbora ao notar que ela não estava no café da manhã no dia seguinte.
se lembrava de cada pequeno aspecto sobre o rapaz e ficava os passando em sua mente para que pudesse de algum modo sempre os ter consigo.
Era jovem e se sentia um pouco tola, mas quando pensava sobre Ced, só conseguia constatar que ele havia sido de fato a primeira pessoa que ela se afeiçoou com tamanha intensidade, que não pertencia a sua família e que a fez questionar tudo o que ela acreditava. Sentia-se tola por pensar naquilo, em gostar tanto de alguém ao ponto de se fazer questionar o que era certo ou errado. Isso seria amor? não soube dizer, porque tudo o que ela conhecia era lealdade, e amor não era um assunto muito citado em sua casa. De todas as formas, ainda assim, ela sabia que, como sua família, Cedrico havia lhe feito sentir segura por mais vezes que ela podia contar.
Quando os dedos frios tocaram o ombro da garota, ela se virou encontrando o pai. As feições pareciam ter envelhecido anos nos últimos dias e o cansaço por processar as informações que havia recebido era latente.
— Você vem? - Apesar de tudo, Snape se esforçou para entregar um tom reconfortante a filha, missão essa que foi bem sucedida. assentiu e caminhou em silêncio junto ao pai.
— Foi difícil? Quando a mamãe se foi, eu digo - foram as primeiras palavras de naquele dia. Ultimamente era difícil até que Draco a fizesse falar, mas com o pai ela se sentia segura de uma forma diferente. Como se ele a entendesse melhor. Snape pensou por um momento em suas perdas, e sabia que a dor que sua filha sentia não era dor que ele sentiu ao perder Katrina. Era dor que ele sentiu ao perder Lilian. E como que por ironia do destino a história se repetia. De pai para filha.
— Perdas sempre são difíceis, filha - iniciou respirando fundo. — Algumas mais, outras menos, porém sempre difíceis. Não vai passar de um dia para o outro, mas em algum momento vai diminuir e as coisas vão se ajustar - garantiu e o encarou por alguns instantes antes de parar e abraçar o pai, mesmo sabendo que aquele contato incomum nas dependências escolares não fossem de seu completo agrado.
— Sei que não falamos muito sobre nada, mas obrigada. - A voz sussurrada da garota era como um segredo. Um segredo que apenas os dois ouviam. — Obrigada por fazer o melhor que sempre pode. - Severo apenas se permitiu abraçar a filha com carinho por algum tempo.
— Você, como sempre me surpreendendo - comentou rindo baixo e arrancando um pequeno sorriso da garota que apenas voltou a caminhar junto ao pai até o salão principal.
O céu estava cinzento e triste na tarde seguinte, era como se o próprio tempo soubesse o que iria acontecer e junto algumas gotas de chuva, o vento gélido passava entre as frestas da janela semiaberta do dormitório de .
Seus olhos que estavam inchados e vermelhos devido a choro da noite anterior, agora ganharam um tom escuro, denunciando que a garota sequer havia dormido naquela noite.
Suas colegas, Daphne e Pansy, resolveram deixá-la sozinha em seu quarto para que tivesse privacidade e dessa forma, dividiram o quarto com Astoria, irmã mais nova de Daphne. teria achado aquele gesto afetuoso, mas no fundo, sabia que o real motivo das duas meninas terem se ausentado do seu próprio dormitório era que não suportariam mais nenhum minuto ouvindo as lamentações da garota. Mas não as culpava.
Olhou para o seu reflexo na janela e se certificou que as vestes negras que vestia cobriam o necessário em seu corpo e quando o fez, a vaga lembrança do dia anterior pairou em sua cabeça.
Amos foi o primeiro a vê-la e ela sabia que o seu olhar piedoso se igualava a metade - ou a todos - os presentes no salão principal. De certa forma, todos tinham algo para falar, algo que tentasse amenizar a dor que a garota sentia, mas todos eles sabiam que só palavras, não seriam suficiente para confortá-la.
Ficou a cerimônia inteira quieta e imersa em seus próprios pensamentos, sentada na mesa da sua casa e ninguém sequer ousou incomoda-lá. O seu silêncio evidenciava a falta de interesse em todos, pois nada e nem ninguém conseguiria trazê-lo de volta. Retornou sua atenção para as pessoas ao seu redor apenas quando seu antebraço esquerdo ardeu por segundos, segundos estes que sincronizaram-se ao exato momento em que Dumbledore proferiu o nome de quem havia assassino Diggory. Voldemort, Dumbledore ele dissera.
Ela ainda não havia descoberto de fato o que acontecera a Diggory, mas jurou a si mesma que descobriria, apesar das circunstâncias. Mas o que havia sido mais surpreendente para foi sentir um leve toque em seu ombro no momento em que atravessava as grandes portas de carvalho do salão principal. “Seria muito importante que vocês estivesse presente amanhã, se estiver se sentindo apta é claro. Eu tenho certeza de que ele gostaria disso...”, havia sido o que Amos falara, logo antes de abraçá-la e dizer que sentia muito.
O pedido a havia pego de total surpresa, se Amos ao menos soubesse a parcela de culpa que ela tinha na morte de Cedrico…
O bater em sua porta a fez dispersar seus pensamentos e recobrando a disposição foi que ela conseguiu pronunciar a palavra “entre”.
— O diretor pediu para verificar se você estava pronta. Ele o aguarda em sua sala - reconheceu a voz como sendo de Pansy.
— Estou sim, obrigada, Parkinson - limitou-se em falar, ainda de costas para a colega. Pansy balançou a cabeça em sinal de “ok” e se direcionou para fora do quarto.
A sala de Dumbledore estava exatamente do mesmo jeito o qual se lembrava, mas diferentemente da primeira vez que esteve lá, o ar tranquilo transmitido dela não era o mesmo.
A escola inteira não era.
Apesar de Pansy ter falado que Dumbledore a encontraria em sua sala, quando ela chegou, estava vazia, a não ser por Fawkes. A garota se aproximou da ave lembrando-se das palavras do diretor da primeira vez em que a viu.
“— Essa é Fawkes, senhorita Snape. - A voz rouca do velho bruxo ecoou e recolheu sua mão em um susto. — Fawkes é uma fênix, por isso as cinzas no poleiro dela. - o professor explicou e franziu o cenho em clara confusão. [...] — Não são animais domesticados de um modo geral, apenas duas são conhecidas por terem sido domesticadas e Fawkes é uma delas. É sempre muito fiel a seu dono e quando ele morre ela entoa cantos melancólicos e por fim morre uma última vez, sem retornar das cinzas, mas eu sinto que a minha querida Fawkes não morrerá junto comigo”
E então sorriu, depois de muito tempo, com a simples lembrança de quão magnífica a fênix era.
— Ela renasce das cinzas - repetiu a si mesma, sabendo que mais cedo ou mais tarde, ela teria que viver com escolhas que fez. E foi observando Fawkes de mais perto que notou o olhar piedoso da ave sobre si. Era como se Fawkes sentisse sua dor.
E então, inesperadamente a ave se aproximou. não sentiu medo, pelo contrário, Fawkes transmitia paz a ela. A Malfoy permitiu a aproximação e com os olhos fechados foi que sentiu o toque da testa de Fawkes sobre a sua. A ave não era comum, era realmente especial e disso não tinha dúvidas.
— São raras as pessoas que conseguem a confiança de uma fênix, senhorita Snape. Você realmente deve ser alguém especial - Dumbledore proferiu suavemente após presenciar a cena de Fawkes e a garota. separou-se de Fawkes ainda com os olhos fechados e limpando uma lágrima que havia escapado, foi que ela sorriu para Dumbledore.
O diretor abriu uma das grandes janelas de sua sala e percebeu que, magicamente, o céu antes cinzento e chuvoso, havia ganhado lugar para o céu crepuscular. Dumbledore percebeu o olhar da garota e sorriu esticando o braço para que os dois aparatassem juntos em direção ao cemitério de Ottery St. Catchpole.
— Não há nada mais bonito do que a possibilidade de escolhermos o nosso amanhã, não acha, senhorita Snape? - Dumbledore questionou enquanto o sol se punha, levando consigo um pedaço do coração da garota.
FIM
Depois de tanto pedirem - talvez ameaçarem hahaha - chegamos ao temido fim. Sinto muito se corações se partiram com esse final, porém esse é um mal necessário para nossa PP e para o desenvolvimento da história. Queria só dizer que sofri com vocês pela perda do nosso querido Ced e que sofri tanto por antecipação por ter de escrever essa cena que quando ela chegou eu pensei se não podia postergar um pouco mais. Não pude.
De todo modo queria terminar essa primeira parte de CB agradecendo a todas vocês, leitoras que com tanto carinho e animação receberam a mim e a essa história. A diferença que um simples comentário traz para quem escreve é de um poder que vocês não fazem ideia. Obrigada por pegarem suas varinhas, seus materiais e embarcarem comigo nesse quarto ano em Hogwarts. Foi de fato, o melhor ano de todos pra mim.
Agora, gostaria de avisar que enviei para o site a segunda parte de CB e logo ele estará no ar!
Espero receber corujas de vocês em breve.
Nos vemos e Malfeito, feito.