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Aqui no Espaço Criativo já temos uma coluna que fala sobre como abordar doenças em nossas histórias e dicas do que não se deve fazer ao colocar uma doença num enredo (se você perdeu, dá uma olhada aqui).
Hoje eu vim complementar essa coluna da Thaís e dar dicas de como não dar bola fora na hora de retratar tanto transtornos psicológicos quanto doenças físicas (também vale para outros temas que precisam de pesquisa mais aprofundadas).
- PESQUISE MUITO
Pode ser que você esteja tratando de uma doença/condição que é amplamente difundida, mas mesmo assim, deve haver uma pesquisa para se saber exatamente o que é verdade e o que é mito sobre o assunto. É legal para que seu enredo tenha maior verossimilhança e também vai mostrar o quanto você se preocupa com o que coloca na sua história.
- INSIRA ALGUNS SINTOMAS E PRESTE ATENÇÃO NO AVANÇO DA DOENÇA
Como dito na coluna Doente ou não? Eis a questão… é importante que ao citar uma doença, mesmo que rapidamente, você coloque alguns dos sintomas dela manifestas no personagem em questão. É muito raro saber que uma pessoa está doente e ela não ter sequer um sintoma aparente. Detalhes salvam a vida de um escritor!
Além disso, se o adoentado é um personagem “recorrente”, também é muito importante mostrar como a doença age no organismo, mesmo apenas comentando que “fulano começou a perder os cabelos depois da quimioterapia”, isso é algo de extrema valia, já que uma pessoa no mundo real que está em tratamento ou possui alguma doença vai ter a vida ligeiramente diferente de alguém saudável.
- VARIAÇÕES DE DOENÇAS COMUNS
Existem alguns quadros que possuem variações onde um tipo tem sintomas mais leves e outro é muito mais pesado. Se você pretende usar a variação de uma doença que não é comumente conhecida — ou mesmo que seja conhecida — é importante dar uma explicação ao seu leitor que existe essa variação. Não estou dizendo para dar nenhuma de médico ou coisa assim, mas deixar seu leitor saber que pode haver uma diferença na doença conhecida e na variação é algo a ser considerado.
- CONVENÇA O LEITOR
Às vezes a gente precisa muito que uma coisa que provavelmente nunca aconteceria na vida real, aconteça na nossa história. Aqui, na questão de doenças, talvez seja necessário uma cura milagrosa ou mesmo uma morte repentina. O truque é fazer com que aquilo que vai acarretar o fim do personagem (curado ou morto) tenha uma explicação convincente que o leitor pare e pense: “Uau, mas isso poderia acontecer de verdade!”. Algumas coisas que podem ajudar:
– Interação entre medicamentos que não deu certo (ou deu muito certo, depende da cura ou morte do personagem);
– Um novo remédio em fase de teste. Mas lembre-se que o teste é teste, então, em teoria, o seu personagem seria uma das “cobaias” e também lembre-se de que a fase de testes geralmente tem o placebo e o médico pode não saber que seu paciente está recebendo o placebo no lugar do remédio;
– Um transplante inesperado. Em alguns casos um órgão pode ser descartado da fila de transplantes por causa da forma que a pessoa doadora morreu. Você pode arquitetar toda uma trama para que, de alguma forma, os profissionais envolvidos com seu personagem cheguem à conclusão de que o órgão ainda está em um estado aceitável e os efeitos colaterais seriam mínimos. Se for enveredar por esse caminho, lembre de colocar alguém (o próprio paciente ou um responsável) assinando papéis consentindo tal ato.
- A REAÇÃO DO DOENTE
Se uma pessoa tem uma doença — seja ela simples ou muito assustadora —, ao descobrir sobre, é necessário que haja uma reação compatível a ela. Não significa que o personagem precisa ficar todo depressivo ou coisa assim, mas é uma mudança ocorrendo no cotidiano, por tanto, ao menos por alguns instantes as coisas não serão as mesmas na vida desse personagem. Uma reação coerente precisa ser retratada, assim como toda a mudança que a doença pode causar no dia-a-dia dessa pessoa.
Enfim, as coisas mais importantes ao abordar uma doença na sua história é a pesquisa e a forma como você vai encaixá-la no seu enredo. Mesmo que seja um personagem que vai aparecer uma vez ou outra, as implicações de uma doença afetam o comportamento de uma pessoa e não seria diferente com seus personagens. E lembre-se de que a maior carta na sua manga é utilizar da lábia e da lógica no seu enredo para convencer o leitor de que alguma coisa é possível.
Coluna por Lelen