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Doente ou não? Eis a questão…
|| terça-feira 5 de julho de 2016 às 10:37 - Comentários
|| Arquivado em: Colunas

Sua história está precisando de um clímax e você logo pensa “Que tal a personagem descobrir que está doente?”. Boa ideia, mas antes venho aqui te dar umas dicas.

Quantas histórias abordam algum tipo de doença em seu enredo? Muitas, mas desenvolve-lá de forma satisfatória são poucas.

Aqui vão os erros mais comuns entre essas histórias:

1. Curas Milagrosas: A personagem tem um câncer terminal ou qualquer outra doença sem cura e de repente… Aparece curada e bem. Não estou dizendo que não podem existir milagres nas histórias, mas sim, ressaltar um erro comum. Sua história tem algo ligado à espiritualidade? Você quer passar sua crença sobre milagres para história? Se a resposta for não para as duas perguntas, cuidado pode ficar aquela coisa forçada na história. Mas eu quero mesmo assim, e aí? Vai com calma, não ressuscite um personagem quase morto do nada, vamos em partes. Pequenas melhoras na saúde do personagem com o passar do tempo é sempre uma boa. Agora se sua história estiver ligada à espiritualidade, faça como desejar. Claro que sempre tudo com coerência.

2. Sintomas inexistentes: A personagem descobre que tem tuberculose e nunca tosse. Algo não está fazendo muito sentido, certo? Por isso antes de colocar qualquer que seja a doença dê ao menos uma pesquisa básica nos sintomas mais comuns. Tem febre? Alucinações? Bipolaridade? Queda de cabelos? Tudo isso faz com que a história passe mais credibilidade.

3. Novas doenças: Claro que é bacana ver as histórias abortarem doenças comuns e bastante recorrentes na nossa sociedade, mas sempre do mesmo cada ficando cansativo, certo? Por isso sempre há espaço para novas doenças em histórias. Aqui vai algumas sugestões:

TOC: Transtorno Obsessivo-Compulsivo: Excesso de pensamentos (obsessões) que leva a comportamentos repetitivos (compulsões).

Distúrbio do Pânico: é definido como crises recorrentes de forte ansiedade ou medo.

HIV/AIDS: Danos ao sistema imunológico causado pelo vírus HIV, interferindo na capacidade do corpo de combater infecções. Sendo uma doença sexualmente transmissível.

Depressão: Distúrbio do humor que leva à persistente sensação de tristeza e perda de interesse.

Bipolaridade: Distúrbio associado a alterações de humor, que variam de baixos depressivos a altos maníacos.

Depressão? Bipolaridade? Mas, não é comum ver isso em histórias?

4. Banalizar Doenças: Mas o que seria banalizar uma doença? Cada dia que se passa vemos uma constante serie de histórias que abordam o tema depressão. Sabe aquela história que você leu e a personagem te acordo com a autor(a) é depressiva e tem depressão? Pois bem, a depressão em si é algo muito mais intenso do que simplesmente dizer que por a personagem ser/estar triste ela tem depressão. Até porque depressão é uma doença não uma forma de dizer que a pessoa é melancólica e gosta de escutar músicas tristes. A depressão é algo mais constante, algo que mata a pessoa mesmo estando viva. Usar uma doença para explicar o que a sua personagem teoricamente tem, não é bacana, é banalizar algo muito mais sério do que o retratado.

Isso não só se aplica na depressão, mas também no caso de bipolaridade. Bipolaridade é uma doença, muitas vezes a personagem é claramente bipolar e sempre tem alguém que acaba soltando um: “Você é bipolar por caso?” ou alguma outra frase semelhante com o tom raivoso e irônico. E se a personagem tiver realmente essa doença? Seria um empecilho? Ta aí um ótimo tema para se abortar.

Doenças mentais em geral são banalizadas dentro e fora das histórias, então não esqueçamos que toda e qualquer doença tem um peso e o impacto iguais para cada pessoa. Doença é doença e isso basta.

Coluna por Thaís M.





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