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Escrito por Ray Dias | Instagram | Twitter
Revisado por Natashia Kitamura
Prólogo
O sonho de sempre foi ser uma escritora de sucesso, e um dia poder ser uma roteirista de um grande drama coreano. Por isso, ela se desafiou e, após terminar a faculdade de Educação Física, a mulher decidiu estudar roteiro na Coréia do Sul.
Os primeiros anos não foram nada fáceis! Mas, no penúltimo ano do seu curso, ela pôde ver seu sonho se realizar. Estagiava numa empresa de mangás e, um dia, Sang Chang, o seu sunbae na empresa lhe deu a notícia que ela não sabia, mas iria mudar sua vida.
— , poderíamos falar um momento? – Ele perguntou próximo à mesa de trabalho dela.
Todos os seus colegas encararam de volta. No início, ela sofreu uma resistência absurda de alguns ali por sua nacionalidade brasileira, e ainda havia um colega ou outro que a olhava torto, mas dentro da equipe de Chang, poderia se considerar uma roteirista de sorte! A Mangaká Enterteinament também era uma excelente empresa para se trabalhar.
Sang Chang era poucos anos mais velho que , e começou na empresa dois anos antes dela, portanto, ele era líder da equipe de roteiros auxiliares da empresa. Ele vislumbrava chegar a líder da equipe dos roteiros principais, ou seja, dos principais mangás de sucesso da empresa. E assim também, seus subordinados esperavam entrar ao grupo de escritores principais. Para isso, Chang era sério em seu trabalho, de pouco diálogo ou amizade. Era um chefe tranquilo, mas pontual em sua liderança. Não era carrasco, e sim cordial, mas evitava se expor demais aos funcionários.
se levantou e seguiu o homem descolado, dentro de sua figura calada, aos olhares atentos de todos. Chang sentou-se à mesa grande de madeira da sala de reunião coletiva, e se sentou ao lado dele, observando o envelope sob suas mãos.
— Eu fiz algo errado, sunbae?
Ela não conseguiu conter a curiosidade, Chang a olhou curioso e, ajeitando os óculos, sorriu.
— Eu diria que você fez algo muito certo, .
— Como? – ela arregalou os olhos, confusa.
Chang retirou um maço de papéis presos em um clip de dentro do envelope e entregou a ela.
— Você não iria jogar isso fora, não é?
percorreu os olhos no título e nas primeiras frases, reconhecendo seu manuscrito.
— Ah… Isso é só um esboço de um manuscrito meu para... Eu achei que um dia poderia se tornar um livro, mas foi rejeitado.
A expressão no semblante da mulher era de derrota, então Chang, surpreso por ter escutado que alguém foi capaz de ter rejeitado aquele esboço e também por ela não tê-lo mostrado aquilo, foi logo enchendo de perguntas:
— Você realmente iria jogar fora?
— Ah não, não, sunbae! Na verdade, eu achei que havia perdido esta cópia... Como a encontrou?
— Estava caída aqui na sala de reuniões, segundo a senhora da limpeza que me entregou esta manhã.
Como um flash em sua mente, recordou-se da última reunião que tivera ali e quais as probabilidades de seu manuscrito ter caído enquanto ela se apressava a juntar as suas coisas.
— Ah, claro. Foi isso então. Mas... Você gostou, sunbae?
— Er... – Chang observou o olhar aflito da mulher e tomou coragem para pedir algo a ela que há algum tempo já queria fazer: — Quando estivermos apenas os dois... Você pode me chamar pelo meu nome.
se espantou com aquilo, sabia a importância da hierarquia na sociedade coreana até mesmo entre amigos, e Chang e ela nem eram assim tão amigos. Estava mais para um coleguismo profissional.
— Ah, sim. Chang então. Mas você gostou?
— , me espanta isso ter sido rejeitado! Tudo bem que é apenas um esboço, mas... Dá para desenvolver uma grande história. Quem rejeitou seu manuscrito?
— Meu professor. Da escola de roteiros. Ele tem uma entrada no mercado editorial e se disponibilizou a ler o meu manuscrito, ainda que não estivesse acabado. Ele leu e... Bem, talvez por não o ter terminado, ele não viu potencial.
— , você não mostrou este manuscrito sem o registro, não é?
— Claro que tem registro, Chang! Eu não sou assim tão fácil de iludir.
A mulher fez um biquinho descontente que Chang não admitiria, achou fofo.
— Bem, isso é ótimo. Talvez tenha sido uma pergunta desnecessária para uma roteirista. – ele assumiu e ela sorriu concordando — Mas , também me espanta você não ter me mostrado este manuscrito. Não se passou à sua mente que eu poderia ajudar?
— Você? Como poderia...?
Realmente ela não conseguia compreender o que o líder dos roteiristas de sua empresa poderia fazer. Um ato ingênuo de . Chang riu fracamente e a olhou por cima dos óculos, a fim de parecer chateado:
— Uwa... Você tem tão pouca fé assim em mim? – ela o observou, confusa — Logo eu, o líder dos roteiristas desta equipe?
E, de repente, um estalo a sobressaltou ao observar a expressão de falsa chateação de Chang.
— Você acha que a mangaká pode se interessar por esta história?
— ... Eu me interessei pela história! Este pode ser o seu primeiro trabalho independente aqui dentro... Quero dizer... O primeiro que você assine como escritora, já que toda a equipe trabalharia com você.
— Oh my God, Chang! Realmente acha que “Garota Ocidental” pode ser um bom mangá?
irradiava felicidade e esperança num amplo sorriso, que fizera até mesmo Chang sorrir igual. Ele apoiou os cotovelos à mesa, cruzando os braços e sorriu pacífico para .
— Por que não?
A garota se levantou de repente dando pulos e gritinhos silenciosos, afinal, não poderia gritar dentro da empresa. Chang a observou feliz, mas sentindo-se um pouco constrangido pela reação, já que do outro lado do vidro da sala de reuniões, toda a sua equipe os encarava curiosos. O que havia feito para estar pulando daquele jeito contido e ao mesmo tempo animado?
Meses se passaram e muito trabalho foi feito e, por incrível que pareça, era agora o alvo da curiosidade nacional. “Garota Ocidental” foi o primeiro mangá na Coréia escrito e pensado por uma brasileira, com uma história bastante original e que ganhou as estantes de todos os públicos e idades em um curto tempo. Um tremendo sucesso! E a mangaká agora tinha no seu hall uma preciosa escritora, que lhe rendeu mais prestígio e atenção. rompeu as barreiras do preconceito e da xenofobia, e mal podia acreditar que estava ali, agora, num camarim de uma emissora de TV coreana, onde em alguns instantes seria uma das entrevistadas da noite.
01.
O camarim contava com a presença das pessoas ilustres que representavam o sucesso que “Garota Ocidental” se tornara. Estavam ali , a escritora mais falada ultimamente, a diretora Mayoree – da emissora tailandesa parceira à KBS –, Chang, o agente de e atual líder da equipe de principais escritores da Mangaká Entertainament. Também os atores tailandeses Mauro Maurer, Nadech Kugimiya, e as atrizes Anyarin Terathananpat e Luana Songyu, os três principais atores do lakorn, que se originou do mangá, e a atriz mestiça coreano-brasileira.
já havia passado por todo aquele surto bom, ao encontrar-se com os atores principais do drama que nasceu graças à sua história, nos eventos de lançamento. Mas nunca era o suficiente, ela sempre se assustava e se emocionava ao notar a grandeza que sua história alcançara. Estava bebendo o seu décimo copo de água quando a produtora do programa veio ao camarim chamá-los. No palco do programa, o auditório que aplaudia e a quantidade extensa de vários sorrisos em vários rostos, na mente de , se justificavam pela presença dos atores ali. Mas eram por ela também.
A apresentadora da KBS lhes cumprimentou e assim que se sentaram às poltronas, sentiu-se extremamente nervosa. Já havia sido entrevistada antes graças ao sucesso do mangá, e agora era a segunda vez que passava por aquilo graças ao sucesso que o drama também se tornava. Entre perguntas sobre a estreia do seu mangá na Tailândia e do posterior sucesso dele, e Chang contaram como foi feito o contato da parceira da KBS na Tailândia para a produção do drama.
— Sem dúvidas, foi uma grande surpresa quando o sunbae Chang me telefonou dizendo que a emissora parceira da KBS na Tailândia estava interessada em uma adaptação de Garota Ocidental para a TV... Eu não achava que a história cresceria tanto assim em outros países. – disse à entrevistadora.
— Nem mesmo no seu país?
— Bem, o Brasil não é um país muito adepto ao formato de novelas que temos aqui na Ásia. Na verdade, posso garantir que são formatos muito diferentes de roteiro. Mas o mercado editorial de cartoons e mangás tem crescido muito desde que eu saí de lá, e bem... Foi uma feliz notícia saber que meu mangá estava sendo distribuído em algumas das principais livrarias brasileiras. Contudo, não chega ao número de leitores que temos aqui.
— Talvez seja por você ser brasileira que Garota Ocidental também tenha leitores por lá?
— Com certeza! Existem muitos adolescentes interessados no conteúdo dos dramas, animes e mangás, e todas as outras formas de entretenimento asiáticas no Brasil. Mas o próprio mercado não produz este conteúdo abertamente, então tudo é importado. A notícia de ter uma brasileira que está fazendo sucesso com suas histórias em outro continente é de orgulhar o meu país e por isso acredito estar sendo prestigiada por eles.
— Uma filha que orgulha a nação – a entrevistadora disse e sorriu um pouco sem graça, aquilo para ela já era um pouco demais, mas não perderia tempo explicando-lhes que, para o Brasil e os brasileiros em si, às vezes pouco importava.
A entrevistadora perguntou ao Chang como tem sido o trabalho com , sua equipe e sobre a sua crescente profissional graças ao mangá.
— Quando propus para a transformar o seu manuscrito em um mangá, eu tinha certeza que daria certo. Mas, como disse em outras entrevistas, não imaginei que chegaria a tanto. Parece que a Coréia realmente sente-se orgulhosa de ter uma estrangeira fazendo este sucesso, e eu concordo. Somos uma nação tradicional, mas que não deve fechar os olhos para novas tradições. Se eu pudesse comparar a um grupo de K-pop, diria que ela tivera o seu grande debut com imenso sucesso e elevou a Mangaká Enterteinament aos extremos do seu reconhecimento.
Chang brincou e a entrevistadora logo entrou na brincadeira:
— Ora, parece que o sunbae Chang está por dentro dos nossos convidados de hoje!
— Eu posso ter ouvido alguns rumores nos corredores... – ele riu e o auditório inteiro gritou de ansiedade.
Ou melhor, murmurou. Gritar mesmo, para , era coisa que o auditório coreano nunca faria de forma tão espontânea. E naquele momento, o assistente com a plaquinha “gritos” não estava a postos. Ela olhou para Chang de modo curioso. Que grupo estaria ali e ela não sabia?
— Mas, retornando à sua pergunta... Eu quero dizer que eu não imaginei que Mayoree me telefonaria pedindo uma reunião para o drama. Foi uma surpresa maravilhosa também que eu e minha equipe, ou melhor, nossa equipe – Chang falou olhando simpático à — que nós pudéssemos ser enquadrados à equipe principal da mangaká depois de Garota Ocidental.
— certamente é o pé de coelho de todos nós, não? Poderia, por favor, apertar a minha mão antes de ir embora, senhorita ? – a entrevistadora brincou novamente arrancando risadas, ao mencionar a sorte da escritora.
Mayoree também contou sobre as altas expectativas que teve quando a ideia do drama lhe surgiu.
— Quando Garota Ocidental bateu o recorde de vendas na Tailândia, nossa empresa marcava uma reunião para o planejamento do novo drama. Eu tenho uma filha de quinze anos e fui uma das pessoas que mais comprou este mangá para ela. Um dia, antes de dormir, Nari gargalhava em seu quarto e eu fiquei curiosa e a perguntei “o que está acontecendo?”; ela me mostrou o mangá e contou animada pelo que a personagem passava. Eu fiquei curiosa e comecei a ler a história, então quando a reunião aconteceu, eu fiz uma ousada aposta: “por que não tentamos produzir a história deste mangá?”, eu disse. Ninguém entendia porquê eu estava levando uma ideia daquelas à mesa de reuniões. Como sabem, o meu foco é direção de dramas mais adultos, suspenses com temáticas de vingança e brigas familiares... De repente, eu estava querendo dirigir um drama adolescente! Bem, propus que todos nas reuniões o lessem e levei os mangás de Nari para a empresa. Três semanas depois estávamos planejando como solicitar os direitos pela escritora e onde buscar os investidores. Você disse que é um pé de coelho, bem, para nós ela está sendo um coelho inteiro.
— É uma história incrível! – a apresentadora falou animada: — Vocês sabiam disso, e Chang?
— Ah sim, eu acho que a história da sunbae Mayoree foi o que me fez levar com profundidade esta possibilidade até a .
— É! Eu a ouvi quando a senhora Mayoree me encontrou na primeira vez. Eu inclusive quis conhecer Narissara, pois se não fosse ela, a mãe talvez não tivesse lido o mangá!
— Não teria mesmo, não por causa do mangá, mas porque eu sou uma maluca por suspense. Confesso que Garota Ocidental me faz relaxar bastante.
A resposta da diretora trouxe afago ao coração de , que toda vez que escutava alguém elogiando o seu mangá, sentia-se realizada.
— Eu fiquei curiosa com uma coisa! – a apresentadora perguntou a Mayoree: — De que cena Nari estava rindo?
— Oh... Era uma cena em que a personagem principal apanhava da mãe do Yooni, que lhe batia por ela encará-la nos olhos.
— Sim! Sim, esta cena é muito boa! Vocês já a gravaram? – a apresentadora perguntou ansiosa aos atores e diretora.
— Na verdade, ainda não chegamos a este bloco de gravações.
Luana, a atriz mestiça que até então estava calada mencionou:
— Eu gravei nesta semana outra cena que é a minha favorita até então. E que a escritora contou que aconteceu com ela.
— Oh, que cena?
— Aquela quando a sunbae errou as palavras e falou em três idiomas com um coreano. – Luana falou olhando para que imediatamente se lembrou, animada.
— Oh... Oh, é uma excelente história! Eu não poderia deixar de fora do mangá e estou muito ansiosa para vê-la no drama. Posso te mostrar como foi a minha expressão se quiser.
Todos riram da escritora se dispondo a encenar para a atriz.
— Nós vamos querer ver isso, mas antes eu preciso convidar um grupo muito aguardado para estar aqui conosco! Eles certamente ficarão tristes de não participarem do próximo bloco, então vamos para o intervalo rápido e em seguida... Que tal se nós explorássemos o “Best Of Me” hoje?
A pequena referência deixada pela apresentadora imediatamente alvoroçou ao auditório que a entendeu. O programa partiu para um break, e se adiantou para ir ao banheiro, pensativa em quem seriam as pessoas.
02.
Quando retornou ao palco, Chang mexia em seu celular.
— sunbae! – ela murmurou e ele a encarou: — Quem são os idols?
— Você não sabe? BTS. BTS é o grupo que estava no camarim VIP.
— E só agora você me diz isso!?
— Você é army também? Ah... Esquece, quem não é army hoje em dia. – Chang riu.
— Não sou army! Mas sou fã e eu precisava me preparar psicologicamente para isso... Céus, como eu posso continuar esta entrevista agora?
Chang riu do desespero contido da escritora, e então se aproximou do ouvido dela para perguntar brincalhão:
— Hey , qual é o seu bias?
Ela o encarou, assustada, e decidiu não responder.
— Você anda muito “por dentro” do universo adolescente.
— É o meu trabalho, não é? Aliás, o nosso.
não pôde responder de volta. O programa anunciou o retorno e todos se recolocaram em seus lugares. A apresentadora anunciou ao grupo e logo os idols estavam se apresentando no palco do programa, com todos os olhos vidrados neles. Inclusive os de . Chang riu ao notar o quanto ela havia ficado nervosa.
Quando os sete rapazes estavam sentados num espaço próprio para eles, ali no palco, de frente para os outros entrevistados, sentia-se sufocada. Percebeu que entre os sete, alguns fugiam olhares a ela, e graças à apresentadora conseguiu retomar sua atenção ao que viera fazer ali.
— , pode nos contar mais sobre a cena que Luana comentou?
— Ah... Claro! Eu...
contou então, sobre o dia que estava na rua, ainda recém-chegada na Coréia, aprendia um pouco do idioma nativo quando um rapaz coreano pegou seu par de luvas que havia caído de sua bolsa e foi lhe devolver. Ela o agradeceu certa de pronunciar um “komawo” corretamente, mas o homem a encarou assustado e então ao perguntar a ele: “eu disse algo errado?” em inglês, ele respondeu que ela havia acabado de pedi-lo um beijo. se desesperou e tentou se explicar e se desculpar, mas confundia-se toda e falou com o homem em português, inglês e em um coreano miserável. Depois o rapaz começou a rir dizendo que havia feito uma piada ao notar que ela era estrangeira, e dali por diante os dois se tornaram amigos.
Depois disso os atores, Mario, Nadech e Anyarin contaram da experiência em gravar o drama.
— Eu nunca achei que seria tão divertido gravar este drama, até ler o mangá. Temos o nosso roteiro adaptado, é claro, mas, o mangá...
Anyarin parou sua fala para pensar e então Mario se pronunciou:
— É como assistir o filme e ler o livro, não é?
— Sim, sim, é isso! Obrigada, Mario.
— Vocês três leram o mangá? – a apresentadora perguntou e Mario respondeu:
— Sim, por mais que o roteiro esteja impecável... – ele olhou para a escritora com uma expressão maliciosamente ingênua: — A escritora conseguiu extrair o melhor para o roteiro sem sacrificar o mangá. Bem, por mais que ela seja realmente talentosa e cuidadosa em nos entregar o melhor material de trabalho, conhecer o mangá nos ajuda a compor o personagem.
— Eu concordo. Só com o roteiro já é possível fazer um drama sensacional, mas tem certas particularidades dos personagens que estudando mais a fundo o mangá tornam nosso trabalho ainda melhor. – respondeu Nadech.
Entre todas as falas e entrevistas, não conseguia conter-se. Ela não tirava os olhos do BTS. Na verdade, tirava sim, porque não podia ficar babando ali, mas não era fácil disfarçar. Depois que os atores comentaram as perguntas feitas pela entrevistadora, o segundo bloco foi focado no BTS e em alguns momentos, eles foram perguntados se conheciam ao mangá.
Namjoon disse ter lido, mas não conseguiu terminar graças ao grande volume de trabalho. Certamente ele se desculpou dizendo que faria aquilo: terminar o mangá, depois de tanto ouvir falar bem. Suga perguntou se o drama não passaria na TV coreana, e Chang respondeu então algo que todos gostariam de saber:
— Talvez, quem sabe no futuro. Por enquanto, estamos aguardando para ver se teremos um sucesso até o fim de Garota Ocidental na Tailândia.
— Mas o que você está dizendo? É lógico que será um sucesso! – Mayoree ralhou fingindo ofensa e todos riram.
— Olha este elenco, acha que não somos capazes de parar a Tailândia? – respondeu Nadech, o mais novo dos atores, animado.
A apresentadora jogou a bola novamente para , a fim de saber se ela prestigiava ao trabalho do BTS. Ao responder que sim, fez com que Namjoon se sentisse constrangido e a respondesse brincalhão.
— Eu estou que não me aguento sentada aqui, vocês deveriam ter me dito que BTS estava no programa... Eu não sou uma army, mas, oh my God! Quem em sã consciência não gosta do trabalho deles?
— Escritora, agora eu estou me sentindo péssimo! Minha nossa, alguém tem o mangá aí? Eu vou terminar de ler ele agora!
A resposta de Namjoon causou risos e de repente uma garota na plateia estendeu o braço mostrando o mangá. A produção o pegou e entregou ao Namjoon que sorriu e agradeceu, já o abrindo para ler.
— Você realmente fará isso?
J-Hope perguntou mais descontraído para seu colega que piscou apara a moça da plateia e perguntou:
— Se importa se eu ficar com isso?
A garota continuava com a boca aberta olhando entre a escritora e o idol. sentiu-se mais relaxada com a situação e pediu ao Chang uma cópia. Ele sempre andava com cópias das obras.
— Um momento! Com licença.
Chang levantou-se e ninguém entendia nada, ele foi até uma parte que a câmera do programa não filmava, e pegou ali o box especial da nova edição dos três mangás de . Uma edição nova, de colecionador, que começaria a ser vendida em algumas semanas, e que ele havia feito autografar um a um. Ela não sabia para quem seriam as vinte caixas boxes que havia autografado, mas Chang se aproximou com elas nos braços e entendeu tudo esbravejando, ao vivo:
— Sang Chang! Como você me faz autografar tudo isso sem me dizer que eram para o BTS?
— Era para ser uma surpresa! Você quer entregar?
— Mas é claro!
Ela se levantou e pegou um a um entregando aos meninos sentados, e então o programa inteiro ria enquanto a apresentadora falava alguma coisa sobre: “ é mesmo um coelho inteiro, acabamos de bater a audiência!”.
— Namjoon, acho que a fã na plateia vai gostar de receber de volta o mangá dela depois de ter passado em suas mãos.
falou e olhou para a fã, que gritava “sim, sim” e chorava. Todos riram, então Namjoon devolveu a edição antiga do mangá, a primeira, aliás, autografou e caminhou até a menina a entregando. A jovem lhe pediu uma foto, ela tirou e em seguida retornou ao seu assento e disse:
— Me desculpem. Brasileiros são um pouco calorosos e espontâneos. Não imaginei que eu transformaria o programa numa tarde de autógrafos.
— Oh não, por favor, você pode fazer o que quiser aqui, escritora. Somos o programa mais assistido neste momento. – a apresentadora disse.
— Ah, mas é claro, isso não é por minha causa. Tem sete homens cobiçados pela Coréia, e quatro atores pela Tailândia no palco.
— Não seja modesta, você também entra neste combo, senhorita ! – a apresentadora respondeu.
sorriu cortês e agradeceu.
— Ora, é muito bom saber que sou dispensável. – Chang brincou — Mayoree, deveríamos sair?
— Fale por você senhor Chang, eu sou uma diretora cobiçada também.
— Certo, eu estou mesmo sobrando aqui? – ele brincou e olhou para .
— Claro que não, onde eu poderia encontrar um agente tão competente ao ponto de me trazer a este palco?
A declaração entre amigos chamou a atenção da apresentadora. Chang naquele tempo em que vinha trabalhando com , não deixou de ser sério, porém descolado, e nem passou a se expor entre os funcionários. Mas, com ela... Com , ele conseguia ser um bom amigo. E se comportar de uma forma mais liberal, tal qual sua aparência descolada às vezes pedia.
— Por acaso, vocês namoram? – a apresentadora perguntou de repente fazendo todos ali no palco olharem para escritora e para o agente.
Em especial, um par de olhos se mostrou muito interessado naquilo. Suga que estava ao lado de Taehyung, havia notado naquele momento o quanto o amigo estava perdido em olhares para a escritora.
— Um com o outro? – Chang perguntou de repente e todos riram e murmuraram.
— Bem, não foi esta a minha pergunta, mas... – a apresentadora sorriu.
— Não namoramos. Um com o outro, não namoramos. – respondeu um pouco apreensiva por ter notado o olhar do idol sobre si.
— O que a quer dizer é que tanto ela quanto eu, estamos solteiros. – Chang falou muito mais sem graça do que estava anteriormente.
— Hm... Temos aqui dois bons partidos para a próxima edição de “casados ou namorando”?
Novamente, a plateia e os convidados riram com a menção da apresentadora a outro programa da emissora, e o programa continuou.
03.
Ao final do programa, BTS foi convidado a uma última apresentação ao palco, a plateia despediu-se de e dos demais convidados, e todos assistiram o encerramento ao som de KPOP. Finalizada a transmissão, saiu com os demais convidados do palco, e BTS permaneceu ainda conversando com os diretores do programa no palco. Ela e Chang estavam em um canto conversando antes de um dos atores surgir ao lado deles.
— E então, como me saí? – ela perguntou ao Chang, seu agente.
— Você foi incrível. Tenho certeza que as pessoas realmente gostam de você, .
— Acha que fiz alguma coisa fora... Do padrão?
— Relaxa você se comportou muito bem!
— Isso é um alívio... Quando o BTS entrou no palco eu só pensava que a qualquer momento eu iria estragar tudo!
Chang deu uma risada divertida e pegou a mão da amiga para acariciar e a confortar, à medida que baixou seus olhos à altura dela.
— Acalme-se! Você foi realmente muito bem, ninguém desconfiou que você fosse uma army!
— Eu não sou army, Sang Chang! Se as pessoas o escutam dizer isso eu posso ser apedrejada!
— Certo, certo... Sabe... – Chang mudou o assunto — Eu acho que esta foi a nossa melhor entrevista juntos.
— Realmente! – lhe deu um sorrisinho travesso: — Quem diria que o líder Chang seria tão descolado em público! Aposto que nossa equipe está assistindo e morrendo de vontade de vê-lo logo...
Chang murmurou um resmungo em descontentamento por saber que sua imagem de “líder amigo” estava se transformado em “amigo líder” para todos. Ele ficava constrangido enquanto ria discretamente. Os dois foram interrompidos pelo ator Mario Maurer, que se aproximou cortês.
— Com licença... — o observou diretamente e sorriu, assim como Chang — Eu gostaria de agradecê-los por hoje. Acho que fizemos um bom trabalho em conjunto.
— Com certeza.
Chang concordou risonho, mas notando que Maurer não estava bem ali para agradecer, já que entre um olhar sutil e outro, os olhos do ator brilhavam para .
— Eu espero não tê-la decepcionado com nada do que eu disse sobre o roteiro, escritora .
— Ah não! De forma alguma, o senhor foi muito delicado com a minha obra, senhor Maurer. Eu lhe agradeço.
— Ah... Senhor é um pouco demais. Somos... Talvez eu seja um pouco mais velho do que a senhorita, então, podemos dispensar o pronome?
— Ah, claro... Desculpe-me. Pode me chamar por também. Sem o, “escritora”.
sorriu sem graça e Maurer sorriu abertamente. Já Chang começava a observar aquilo tudo com um pouco de constrangimento. Estava mesmo presenciando um homem flertar com sua... Com à sua frente.
— então! Nadech, Anyarin, Mayoree e eu estamos hospedados no mesmo hotel, e eles estão me esperando para irmos, mas... Vamos embora depois de amanhã e eu gostaria muito de saber se você aceita tomar uma bebida comigo amanhã, me mostrar algo interessante em Seoul talvez...
olhou para Chang de forma discreta e o seu agente disfarçava um sorrisinho olhando para baixo. Ela novamente encarou a figura magnífica de Mario Maurer à sua frente e decidiu aceitar antes de começar a corar também.
— Claro. Podemos sim.
— Que ótimo! Eu tenho mesmo algumas curiosidades sobre o roteiro que eu gostaria de saber por você!
se iluminou ao ouvir aquilo e riu abertamente, Chang já se sentia extremamente desconfortável de estar ali, mas não seria educado deixar à companhia dos dois sem uma desculpa adequada, e na verdade ele não queria ter que mentir. De alguma forma preferia ficar por perto.
— E tenho algumas curiosidades sobre você também, .
E aquele foi o tiro final. Se e Chang tinham alguma dúvida de que Mario Maurer estivesse flertando, havia caído por terra. Chang não teve tempo de reagir assim como não tivera tempo de responder. Ele foi chamado para perto do grupo de KPOP que estava parado os olhando.
— Senhor Chang!
Os três olharam na direção da voz e ao notar que a desculpa perfeita surgiu, Chang se afastou com extremamente corada disfarçando risinhos e olhares para Mario, que depois de observar para onde Chang iria, retornou sua atenção à escritora.
— Bem, então onde devo buscar você e a que horas? – ele perguntou diretamente, mas tão gentil como sua presença poderia ser.
— Ah, eu posso encontrá-lo no hotel! Não precisa se incomodar.
— De forma alguma, que tipo de anfitrião eu seria fazendo você ir até mim? – ele riu.
— Oras, mas anfitriã sou eu... – mencionou em baixo tom de voz, mais relaxada.
— Não nesse encontro. O convite partiu de mim, eu faço questão de te buscar.
— En... Encontro?
novamente sentiu a atmosfera pesar e lhe faltar um pouco de ar. Não era tímida, mas também não esperava que fosse ser alvo de interesse do ator, e muito menos que Taehyung ficaria a olhando daquela forma tão intensa, alguns metros atrás. Entre encarar o sorriso gentil de Mario Maurer e o olhar enigmático de Taehyung, deu graças por Chang chamá-la para se despedir. Ela se aproximou dos garotos, junto com Maurer. Os atores e a diretora se despediram do BTS, da equipe do programa, de e Chang. E Mario sorriu uma última vez para , dizendo:
— Eu pego o seu telefone com o Chang, escritora, e assim combinamos melhor mais tarde.
apenas sorriu e assentiu discreta. Ela estava extremamente sem graça pela situação na frente do grupo de idols, alguns deles não haviam percebido, mas Suga, Hobi e Tae sim. O grupo de tailandeses saiu restando em reunião ali, apenas Chang, e os integrantes do grupo de KPOP.
— Escritora, eu peço desculpas mais uma vez por não ter lido antes o seu mangá! Mas pode acreditar: eu vou terminar estes volumes até amanhã! – Namjoon falou sorrindo com a cortesia que só os coreanos têm.
— Não se sinta pressionado, por favor! – sorriu — Eu nem sei se vocês todos gostam deste tipo de leitura, mas Chang e eu queríamos presenteá-los com nossa edição Golden. Ainda não começou a ser vendida.
— Uwa... Estamos lisonjeados escritora! – Seokjin respondeu animado olhando para o box autografado em suas mãos, como algo realmente valioso.
— é realmente fã de vocês! Aliás, somos todos! – Chang respondeu apontando para toda a equipe ao redor que já desmontava o cenário — Será que...
o olhou de soslaio assustada por imaginar que Chang pediria uma foto. Ela se sentiria extremamente constrangida se ele fizesse aquilo. Mas, Chang era contido demais para isso. Ele não faria não é?
— Será que podemos pedir-lhes para tirar uma foto conosco?
E a boca de se abriu em surpresa. Yoongi percebeu aquilo e sorriu ladino, com sua expressão sempre entediada, mas divertido ao notar no fundo da “cara de nada” da escritora, a pequena raiva que se escondia. Ele desconfiava que ela e o tal Chang tivessem algo, mas ao vê-la trocar tantos risinhos com o ator de antes – embora não tenha gravado o rosto dele de fato – Suga notou que eles eram só amigos. E como amigos, ela iria dar um peteleco na testa de Chang, certamente. É algo que o próprio Suga faria.
— Mas é claro! – Hobi se adiantou animado batendo palmas e organizando os amigos.
Só para irritar Taehyung, na hora de se enfileirarem para a fotografia, Yoongi se colocou ao lado de . Ele observou o amigo o fuzilando de forma discreta e contida, e se posicionando atrás da escritora e todos sorrirem para a foto. Antes que o grupo dispersasse em novas despedidas, a voz de Kim Taehyung ecoou ao pé do ouvido de :
— Será que eu poderia lhe pedir o número do seu telefone?
A mulher olhou para trás discreta, e percebeu que realmente aquela era a voz de Tae. E minha nossa! não estava preparada para aquilo! Ela sorriu e iria virar-se para ele, quando Jimin tocou o braço de Taehyung. Abaixando a cabeça freneticamente em cumprimento e sorriso largo para a escritora, Jimin se despedia e puxava Taehyung que o encarava como se fosse capaz de fuzilá-lo com o olhar.
apenas ficou parada onde estava pensando se deveria ir até eles ou não. A mulher levou a mão à sua bolsa carteira e retirou o seu cartão dali. Ficou observando Chang ocupado com alguns produtores, certamente agradecendo, observou o grupo de idols saindo em direção ao estacionamento, e pensou novamente: “Será que pega mal eu ir até ele?”. Não precisou de muita ousadia da parte dela, já que Taehyung se adiantou.
— Jimin você não tem o menor senso de inconveniência não? – ele ralhou soltando a mão do amigo de seu braço, de forma delicada.
— O quê? – a expressão de dúvida do outro foi rapidamente dissipada pela mão de Suga a lhe bater a testa.
— Yá! Ele estava prestes a pegar o telefone da escritora, lerdo. – Suga explicou.
Jimin não entendeu até que Suga apontou com o olhar, a figura de Taehyung indo até a escritora que já estava sendo chamada por Chang e dando as costas ao grupo. Os amigos observaram, cada um percebendo aos poucos que o outro havia parado e no final, todos atentos a Tae que pegava um cartão das mãos da mulher, e retornava para o grupo com um sorriso disfarçado, e um desejo forte de começar a cantar bem ali.
— Você realmente pegou o telefone dela? – Jungkook perguntou alarmado.
— Sim! E não, eu não vou dá-lo a você.
A resposta de Tae fizera os meninos todos rirem, e o parabenizarem.
— Espera aí! – JHope parou e começou a se espantar e gritar dizendo: — Uwa! UWA! O Taehyung deu mole para uma garota?!
De repente estavam todos surpresos e fazendo piada daquilo.
— Agora eu estou realmente curioso para conhecer melhor a mulher que finalmente chamou a atenção do nosso sempre esnobe Kim Taehyung! – Yoongi zombou saindo na frente dos outros.
04.
estava caminhando na rua de sua própria casa com Mario ao seu lado. O táxi do qual eles desceram, ainda estava parado aguardando o ator como ele havia pedido. O encontro foi incrível, Maurer era extremamente divertido e não era também de dar voltas sobre o que pretendia. Quando chegaram ao fim do encontro, no jantar, Mario e já estavam se beijando, graças à diretiva intenção que Mario lhe expôs.
, como brasileira habituada a outro ritmo de paquera, já estava sentindo falta daquele comportamento. Para o conforto da escritora, ele entendia o “estilo Brasileiro” de ficar e, não queria perder um dia antes de ir embora com apenas diálogos. Desde as visitas, aos pontos turísticos de Seoul, à exposição de arte, às praças onde sempre tinham artistas de rua que adorava assistir, à ponte famosa do rio Han, ao café que gostava de ir para escrever e Mario insistiu para conhecer, até ao jantar romântico que ele secretamente havia planejado… Em todos estes momentos, Mario andou de mãos dadas com ela como se fossem um casal cheio de trocas de carinhos. E não se sentia animada por um encontro daquele há algum tempo! Afinal, os coreanos tinham outro ritmo de namoro que precisava admitir: haja paciência… O último cara com quem havia saído demorou três meses para beijá-la, e quando o fez, foi sem língua total. Sem falar no jeito que eles terminam… Eles apenas somem!
havia ficado animada com o encontro que tiveram naquela noite. Estava feliz, mas sentiria falta. Mario beijou-a novamente à porta da casa dela e quando se separaram risonhos, ele disse:
— Eu estou pensando desde a hora que saímos do restaurante em mil maneiras de ficar mais uns dias… — sorriram e então o ator suspirou desanimado: — Mas eu realmente não posso.
— Claro que não… Você é o protagonista da primeira fase do meu drama!
sorriu acariciando o rosto dele.
— Quando posso te ver novamente? É só me dizer. Assim que chegar à minha casa, irei te colocar em todas as brechas da minha agenda se você quiser! — Mario informou ansioso.
— Vamos apenas deixar rolar. Tudo bem? — Ela respondeu.
E ali, os dois se despediram. e Mario vinham se falando com certa frequência e já havia se passado três semanas do encontro. As coisas andavam mais agitadas na mangaká desde o programa de televisão e estava absolutamente feliz, Chang ainda tinha grandes planos para a sua amiga e escritora especial que envolvia ao trabalho, e ele se esforçava para conseguir realizar tudo que ela quisesse. Sem dúvida, não encontraria um agente como ele em toda a Coreia.
[XXX]
Suga sentou-se na poltrona ao lado de Tae, aliviado por conseguir finalizar mais uma produção que ele se esforçara muito, e observou o mais novo encarando uma foto da escritora no Instagram. E então se lembrou do ocorrido semanas antes. Passou a língua pelos lábios, curioso e então perguntou:
— Você ainda não ligou para ela Taehyung?!
Tae olhou para o amigo e deixou o telefone de lado fechando os olhos e se escorando cansado ao sofá.
— Ela está saindo com o ator.
Suga pensou sobre aquilo tentando se lembrar do dia da entrevista.
— O Tailandês?
Taehyung assentiu silencioso e abriu o celular no Instagram de Maurer. Ele andou stalkeando o ator e descobriu pela foto do dia seguinte à entrevista, que ele saiu com a . A escritora vinha sendo citada e marcada constantemente nos stories e perfil do ator.
— Então você vai desistir porque um cara já está saindo com ela?
Suga perguntou confuso e Tae apenas suspirou.
— Aigoo! — Suga reclamou — Você tem mesmo, muito a aprender com o seu hyung.
Yoongi se levantou depois de notar que Taehyung não estava muito bem. Jogou a garrafa de água no lixo e saiu da Big Hit escondido, rumo ao seu carro. Deu uma pesquisada sobre a escritora e foi para casa se arrumar. Ele já havia ficado curioso sobre a mulher que interessou ao Tae daquele jeito, porque não era algo corriqueiro, então passou em sua mente que poderia e deveria checá-la de perto.
As coisas estavam agitadas na sala de criação de seu estúdio, e só notou aquilo quando a barulheira de risos se revelou. Dentro de sua sala estava tudo silencioso demais. Ela observou ao redor: toda a equipe rindo muito e procurou por Chang, mas não o encontrou. Foi para a sala de café, e depois de buscar uma xícara, Song Hiro se aproximou dela chamando-a:
— sunbae! Tem um homem querendo falar com você lá na portaria.
Pensando que poderia ser Maurer, apenas assentiu. Geralmente, as pessoas se identificavam e se ele não fizera aquilo, com certeza era o Mario com a surpresa que havia dito que a faria.
— Claro! Cadê o Chany, Hiro?!
— Foi resolver uns problemas na gráfica.
— Certo! Obrigada.
Song se voltou aos amigos e foi em direção ao elevador para a portaria. Assim que chegou, ela viu um homem encostado na pilastra de mármore do prédio, com boné e máscara. Olhou em volta, estranhando a figura, mas só poderia ser ele. Contudo, ao se aproximar mais, notou que pela postura não era o Mario.
— É você quem me procura?
Ele levantou o rosto para observá-la de perto e notou que seus olhos pareciam denunciar um sorriso ínfimo, e antes que ele dissesse algo, ela mesma disse:
— Eu reconheceria estes olhos de longe… Mas o que faz aqui... — olhou para os lados e se aproximou falando baixo: — Suga?
Ele se alarmou sentindo certa alegria por ser reconhecido.
— Você marcou o meu olhar tanto assim?
sorriu discreta pela piada, mas já se explicando:
— Não entenda mal, por favor. Com os anos vivendo aqui, eu aprendi a reconhecer os coreanos pelos olhos.
— Entendo… Você pode sair?
não entendia nada! Ficou pensando se por caso Taehyung havia pedido a ela, o seu número para dá-lo, enfim, ao Suga… Pelo fato de estar ali, era a única explicação, mas… Fazia sentido? Ele nem mesmo ligou, só apareceu diante dela daquele jeito!
— O meu expediente ainda demora. — explicou a escritora e indagou bastante curiosa: — Você tem algo a falar comigo pelo visto, para vir até aqui assim…
— Só quero te conhecer, dar uma volta, fazer algo… Sei lá… E eu não sou de ligar avisando, desculpe por isso.
— Oh... — estava mesmo confusa e assustada com o que estava acontecendo! Um BTS lhe chamando pra sair… — Como eu posso te chamar?
Ela perguntou e ele estranhou, por isso, ela se aproximou sussurrando para ele:
— Suga e Yoongi são nomes muito próprios de certo, idol, não?!
Ao ouvir, seu nome e apelido, sussurrados por ela, Yoongi pôde quase adivinhar como Taehyung se sentiria ao ouvi-la pronunciar o nome dele sussurrado daquela forma.
— Só Min. — disse por fim: — E então, quando acaba o seu expediente?
— Em duas horas.
— Tudo bem, eu espero.
— Considerando que você não pode dar sopa por aí, aonde eu devo te encontrar, Min?
— Em lugar nenhum. Iremos juntos, eu te espero, já disse.
— Bem… — ela desconfiou: — Você vem aqui do nada e me chama para sair sem nunca ter falado comigo... Eu não sei se me sinto segura com isso.
— Não se preocupe, eu só queria te conhecer. Mas, o Taehyung não te ligou ainda, o que me fez vir diretamente.
suspirou, com a cabeça girando confusa, ele continuou:
— Posso te esperar aí? — Yoongi falou apontando para o interior do prédio.
Ela não entendia mesmo o que estava rolando ali, mas se virou apontando para o elevador com a cabeça, indicando ao idol que a seguisse.
— Olha, tem algo de estranho nisso…
— É, eu sei. Pareço estranho, né? Mas eu não posso voltar depois, e é melhor não dar sopa por aí como você disse. E também… Eu fugi do meu trabalho, embora tivesse acabado tudo, eu não podia sair sem avisar meus superiores. Então, não tem como eu ir e voltar...
o encarou curiosa por tal atitude, mas apenas murmurou positivamente.
— Você pode ficar pelo estúdio, mas a minha equipe inteira vai estar lá, ou então espera na minha sala. O que prefere?
— No ambiente mais privado possível, por favor.
assentiu e a porta do elevador se abriu. Os dois caminharam pelo pequeno espaço e Yoongi não chamou a atenção de ninguém. Minutos depois, ele entrou na sala de e observou o lugar minuciosamente, afinal, uma decoração pode dizer muito sobre alguém.
— Fique à vontade Yoongi, você quer beber algo?
disse e ele negou silencioso. Yoongi sentou-se no sofá confortável que havia ali e até cochilou um pouco, enquanto voltava a trabalhar espiando o homem estranho.
Depois de uma hora ele acordou, e ficou um tempo imóvel no mesmo sofá, deitado, apenas observando-a trabalhar. estava incomodada com aquilo e então decidiu parar.
— Certo! Isso é estranho, você é estranho, e eu não consigo trabalhar mais com você traçando um perfil mental sobre mim!
— Como sabe que eu estou fazendo isso?
— Eu sou boa em ler as pessoas.
— É deve ser… Para uma escritora. — Yoongi murmurou e sorriu.
sentiu-se sem graça pela forma como ele a olhava buscando ler a sua alma.
— Melhor irmos… — A escritora quebrou o silêncio e fugiu ao olhar dele.
— Finalmente! Achei que realmente fosse continuar escrevendo depois que eu acordei…
indignou-se pela forma como ele a tratava como se a conhecesse.
— Fico feliz que o meu sofá foi confortável o suficiente para você! — disse sarcástica e se levantou para juntar suas coisas.
— Vou ao banheiro enquanto você desliga tudo.
Ao abrir a porta, Song esbarrou em Yoongi que já tinha colocado a máscara de novo, e estranhou a presença de alguém no escritório de . Yoongi saiu de cabeça baixa, disfarçando a identidade ainda mais e refletindo em como notou que era uma mulher atraente em sua postura de trabalho.
— Song eu já vou indo, seja o que for, deixe no escaninho, ok? Amanhã eu olho.
O assistente dela observou o cenário diferente, de um cara aleatório saindo dali, em dúvida.
— Quem é esse?!
— Um amigo.
— Achei que estivesse saindo com o ator, sunbae!
— Eu não estou saindo com o Mario, eu já saí. É diferente! E, eu não estou com ele… — Ela apontou com a cabeça para a porta por onde Yoongi tinha saído. — Você sabe.
disse diretamente para Song terminando de arrumar sua mesa. Song deixou uma pasta no escaninho dela, e sorriu travesso ao notar a sunbae fugindo do assunto:
— E ele tem nome?
Ela encarou surpresa ao Song que arregalou os olhos de modo óbvio:
— O seu amigo! Que saiu agora… — explicou.
— Ah! É… — pensou e viu a folha do calendário na sua mesa e soltou: — Min!
— Min?
— Agust!
— Agust? Agust Min?
Song estranhou e antes que dissesse algo mais, a porta se abriu, e pegou a bolsa rápida se direcionando ao Suga:
— Agust! Este é o meu assistente Song Hiro.
Yoongi a encarou confuso e apenas acenou para Song, colocou as próprias mãos no bolso à espera do que viria a seguir.
— Bem, a gente se fala amanhã, Hiro! Juízo viu?! Eu estou sabendo que vai sair com a Ailee hoje!
disse e os dois trocaram algumas palavras divertidas, mas Yoongi apenas absorvia as informações como um espião. Ele seguiu que acenava e se despedia de todos sorrindo, animados. A empresa e a equipe dela pareciam ter um clima ótimo! Já dentro do elevador, Yoongi perguntou a sós:
— Agust?
— Se eu falo que o nome do cara que dormiu no sofá é Suga ou Yoongi, estaríamos até agora trancados na sala evitando rumores.
— Não sou o único Yoongi no mundo.
— Mas é o Yoongi que esteve no mesmo programa que eu meses antes.
— Hm… Você tem um bom ponto! Mas… Agust? Isso é nome de velho britânico!
gargalhou e afirmou antes da porta abrir:
— Exceto pela parte do britânico, se me convencer que não é um velho, eu mudo o nome.
Yoongi estendeu o mindinho para ela fazer a promessa e revirou os olhos, mas entrelaçou o dedo. Os dois saíram do elevador e Yoongi rumou para o estacionamento da empresa, onde havia deixado seu carro, e a mulher o seguiu um pouco perdida.
— Espera! Aonde vai me levar?
— Hm… — Yoongi apertou os lábios e coçou a nuca, observando a noite que caía sem saber onde poderia levar a escritora, e sem criar muito alarde — O que você sugere?
— Não… Espera… — cruzou os braços e sorriu indignada: — Cara, você surge do nada no meu trabalho e fica por duas horas esperando eu sair, mas não sabe aonde quer me levar? Você sabe o que está fazendo aqui, ou…?
observou a expressão indiferente dele e mordeu os lábios suspirando. Afinal de contas, qual era a daquele cara?!
— Vem! Eu vou te levar em um lugar de pobre! — Ela apontou para o ponto de ônibus e murmurou baixinho a fim de que Yoongi não a ouvisse, em português: — E foda-se se não for apropriado a uma celebridade.
Yoongi percebeu que ela ficara desnorteada quando a viu caminhar para o ponto de ônibus e murmurar algumas palavras em outra língua. Foi engraçado não ter um plano e vê-la daquele jeito. Com certeza ela esperava a ligação do Taehyung! Parecia um pouco decepcionada por ser ele ali e não o amigo.
O coreano se apressou em alcançar e tocou em seus braços a puxando para se virar e a mulher o encarou novamente com estranheza, então Suga apontou o carro dele no estacionamento, e o rosto dela enrubesceu:
— Claro… — disse óbvia.
Estava tão nervosa com a figura que lhe seguia àquela tarde, mas ao mesmo tempo seu lado fã gritava dentro de si, e ela não podia perder a compostura e tietar. Ele abriu a porta do carro para que entrasse e enquanto Yoongi dava a volta, ela o observava com cenho franzido como o meme da Nazaré, o qual havia mostrado aquela semana aos amigos e explicado o contexto.
— O que significa "foda-se"? Era português, não é?
— Você não vai querer saber.
Yoongi deu partida e sorriu de lado, com olhos baixos e travessos na direção dela, e depois de tirar a máscara e o boné, com os vidros todos fechados ele puxou seu próprio telefone, dizendo:
— Siri, o que significa "Foda-se"? — perguntou à assistente virtual.
Mas não ouviu resposta, a mão de voou até seu iphone e ela se desesperou para cancelar.
— Aish!!!! Suga!!! — ela brigou e ele caiu na risada — Eu estava xingando, ok? Só quis dizer que se você não gostar de onde vamos é problema seu!
— Aaahhh… — Ele murmurou e então fez a expressão e murmúrio de quando estava com alguma dúvida, afirmando em baixo tom, mas claramente para que ela ouvisse: — Você parecia uma menina mais indefesa naquela entrevista…
o encarou com expressão de análise e então sorriu dizendo para si, mas também dando para ele ouvi-la: — Tsc… Eu nunca fui uma garota indefesa…
Yoongi a olhou de soslaio e sorriu discreto depois de ouvir aquilo, e os dois não falaram muito ao longo do trajeto, exceto por ele sendo guiado por no caminho.
Quando chegaram ao seu bairro, disse para Yoongi estacionar perto de uma barraquinha de rua, ele vestiu a máscara antes de sair seguindo-a. A mulher saiu à frente acenando para um ahjussi e uma ahjumma que estavam sozinhos preparando comidas na barraca.
— Anyeongseo Ahjumma!! Está vazio hoje!
— Anyeongseo ! Sim, do jeito que você gosta!
A senhora respondeu e indicou ao marido que fosse preparar uma mesa escondidinha sob a tenda para a escritora, e depois de cumprimentar o ahjussi, a senhora olhou a figura de Yoongi parado ao lado de e perguntou com um sorriso avaliando o rapaz:
— Este é seu namorado?
— Não, é só um amigo.
— Agust… — Yoongi apresentou-se abaixando em reverência: — Anyeongseo!
O ahjussi voltou indicando a eles o "esconderijo" de na tenda. Yoongi seguiu, pediu os bolinhos de peixe de sempre e dois sojus, e quando eles estavam sentados ali, ela falou tranquila:
— Pode tirar a máscara. Ultimamente eu tenho sido incomodada por fãs dos mangás aqui, então a Ahjumma teve essa ideia de colocar um biombo dentro da tenda para mim. Eu fico mais escondidinha e é mais quente também!
Yoongi observou aquilo e ia falar algo quando o ahjussi chegou para servi-los e ele abaixou a cabeça. Então o ahjussi riu ao perceber a timidez dele e falou para :
— Tímido, o seu namorado!
— Ele não é meu namorado, ahjussi! — riu.
— Ohh… — o senhor riu e piscou na direção dela zombando: — Nem o outro que sempre vem, não é? A senhorita é mesmo durona!
Ela ficou sem graça e quando ficaram a sós, também explicou para Yoongi:
— Meu agente. Todos que vem eles perguntam o mesmo, embora eu só tenha vindo com o Chany e agora com você aqui…
— Uoow! — Yoongi zombou e tirou a máscara, cauteloso, mesmo com dizendo pra ele se despreocupar — Então além do seu agente, eu fui o único a vir aqui? Já estava achando que você fosse uma viúva negra!
— Eu ainda estou te achando um pouco psicopata, sabe? — disse atrevida tirando suas luvas e as colocando em seu colo.
— É justo. Talvez eu seja… — ele murmurou sorrindo e voltou a olhar a expressão dela, curioso e perguntando: — Mas por que me trouxe aqui?
— Me poupe! Você nem sabia aonde queria ir! Acho que nem sabe o que veio fazer atrás de mim! — A mulher riu e ele deu de ombros.
— Eu não tinha mesmo um plano, mas e você? Trouxe um psicopata que acabou de conhecer num lugar bem íntimo para você… Apesar do pouco requinte. — o encarou com expressão de raiva e ele riu — Então… Isso significa algo?
— Que provavelmente você vai gastar bem menos do que gastaria se fosse me levar pra comer em algum lugar estranho como você!
— Hm… Achei que era algum tipo de fetiche de fã… — o observou estranhando a colocação de Yoongi e mergulhou o bolinho que havia sido servido, no molho. Yoongi manteve a expressão sacana dizendo: — Você sabe… Levar o seu ídolo para comer esse tipo de coisa e beber soju, é bem típico de um fetiche de fã dorameira!
Yoongi riu servindo o soju dela e caiu no riso, tamanha a bizarrice do momento, porque era exatamente o que ela poderia dizer sobre a situação. Os dois brindaram e beberam juntos. Eles comeram, Yoongi a surpreendeu com uma simplicidade que ela não achava que ele tinha, e ela o surpreendeu com a maturidade que ele também não esperava, mas tinha algo de moleque, que Yoongi também gostou.
— E aí, o lugar de pobre, gostou? — perguntou quando eles caminhavam meio altinhos para o carro.
— O lugar é bom, a comida é boa, estava tranquilo e eu tive sala vip… — riu divertida e Yoongi apenas sorriu tímido, mas ficou sério ao constatar: — E a companhia foi incrível também…
assentiu concordando e então perguntou o que estava a incomodando desde o começo da tarde:
— Certo, fale a verdade… Por que veio atrás de mim tão de repente? Isso tudo foi bizarro!
— Mas foi bom? — Suga perguntou sério, encarando-a de forma intensa.
— Foi sim, Agust.
Ela sorriu com as mãos ao bolso e ele sorriu também, desviou o olhar para respondê-la:
— Eu não sei o porquê eu vim, na verdade. O Taehyung se interessou por você naquele dia e eu fiquei bem curioso sobre você. Acho que é só isso.
não compreendia, apesar de entender o que ele dizia, mas o lugar começava a encher em torno deles então ela apontou para o rosto de Yoongi, indicando que subisse a máscara e assim o assunto foi encerrado. Yoongi vestiu-se do disfarce e perguntou onde ela morava, no momento em que o seu celular tocou com Namjoon preocupado por seu sumiço a tarde toda.
— Já estou indo, Nam. Eu precisei fazer uma coisa.
Namjoon respondeu-lhe que não chegasse tarde ao dormitório, e quando Yoongi desligou a chamada, já respondia:
— Eu moro aqui no bairro, vou a pé para casa, não se preocupe! Chame um motorista de aluguel, e vá.
— Não, eu te levo! Te acompanho a pé se quiser.
— Hey, Agust! Eu já te trouxe no meu bairro, mostrar onde eu moro é demais, não é? Você ainda pode ser um psicopata! — riu debochada.
Yoongi assentiu e então chamou um motorista. Os dois ficaram dentro do carro esperando o motorista chegar, e conversaram mais um pouco, e antes de ir embora, Yoongi prometeu que na próxima vez levaria ela a algum lugar do estilo dele. assentiu sorrindo e se afastou do carro cruzando os braços e observando. Então Yoongi abriu o vidro e sacudiu as mãos dizendo para ela ir.
— Vai logo! Eu te ligo pra saber se você chegou bem em sua casa, escritora!
— Mas eu nem te dei o meu número! — disse surpresa.
— Não, mas deu ao Taehyung. — ele respondeu e ela ficou confusa e então Yoongi disse: — Vá para casa!
acenou e sorriu, saiu andando à medida que o carro dele se afastava. Não entendeu se ele quis dizer que o número dado ao Taehyung era de fato para si, ou se ele roubaria o número com o amigo. Mas quando seu telefone soou a mensagem dele, ela notou que Yoongi havia sido rápido:
"Você tem 10 minutos para me enviar uma mensagem com a sua foto dentro de casa!”
riu e sussurrou para si enquanto caminhava:
— Seu estranho.
“ te enviou uma figurinha” - a mensagem chegou e Yoongi sorriu murmurando para si dentro do carro:
— É, você não é mesmo uma mulher indefesa, escritora, mas é uma mulher muito legal e interessante…
05.
Yoongi entrou no dormitório aquela noite e estavam todos reunidos na cozinha, fazendo algo para comer. Ele parou na porta, com as mãos ao bolso, observando-os e anunciou:
— Eu estou de volta, o que vocês estão preparando?
— Suga! — Namjoon se aproximou preocupado: — Onde estava?
Yoongi percebeu a ansiedade no rosto de todos. E então apontou com a cabeça para Taehyung, os deixando ainda mais curiosos.
— Com a escritora.
Taehyung arregalou os olhos assustado e de repente sua expressão mudou de surpreso e curioso para enciumado e confuso.
— Você está falando da escritora ? — Tae perguntou.
Jimin e Jungkook giravam a cabeça de um para o outro como se assistissem a uma partida de ping-pong. Seokjin naquele momento, também estava curioso nas razões pelas quais Suga foi atrás de uma mulher que decdamente Taehyung estava interessado.
— Ela mesma. Acho que… Ela esperava a sua ligação.
— Yoongi… — Jin perguntou ao notar Taehyung sem reação — Você passou o fim da tarde com ela?
— Uhum! Eu joguei o nome dela na internet, já que Taehyung não me daria o número dela, e fui à empresa convidá-la para sair. E foi legal, ela é uma mulher incrível Tae!
A faca caiu no chão assustando a todos e Jungkook entrou na frente de Tae como se ele fosse fazer algo, o que deixou todo mundo surpreso. Taehyung encarou Kook de forma impaciente perguntando:
— O que está fazendo?
— Você não pode bater no hyung, Tae!
— Quem disse que eu vou fazer isso?!
Taehyung cruzou os braços e encostou-se à bancada, emburrado, olhando Yoongi que sorria de lado, travesso a observar a situação. Jungkook se abaixou pegando a faca e entregando a Jimin que, rindo, levou-a até a pia e quebrou o silêncio dizendo risonho:
— Uuuhh, estamos em um drama da KBS?
Ninguém disse nada, apenas voltaram aos poucos a fazer o que faziam. Exceto Taehyung que ainda encarava Yoongi de forma desafiadora.
— Não vai me perguntar nada? — Suga pronunciou.
— Hyung! O que você queria com ela?
— Eu fui checar. Não é porque você viu fotos dela com alguém, que ela realmente esteja com alguém! Para isso você tem que perguntar, e não se esconder!
— Hm? E isso significa o que? Que agora você passou na minha frente?
Yoongi riu baixinho coçando o nariz, e Seokjin mantinha-se atento, afinal, Suga não precisava de mais nada pra se enrolar ainda mais.
— Relaxa Tae, eu vou te ajudar! Ela aceitou sair comigo, e graças a isso eu sei agora que ela não tem namorado, é popular entre os amigos, é uma mulher simples, muito divertida e inteligente, e eu diria que... O seu maior concorrente é o agente dela! — Yoongi murmurou em dúvida: — Aish… Mas ainda não sei se é mesmo, preciso observar mais de perto.
— Moral da história! — Jin falou se intrometendo no assunto: — Você se aproximou dela de forma amigável? É isso? Não tem interesse?
Yoongi não esperava aquela pergunta vinda diretamente de Seokjin, mas acenou num meneio afirmativo com a cabeça e quase imperceptível. Taehyung continuava sem gostar daquilo, alguma coisa o incomodava muito no fato de seu hyung ter se antecipado, e voltado cheio de percepções sobre a escritora.
[XXX]
— Taehyung, liga para ela. — Yoongi falou antes de sair da cozinha.
Alguns dias depois, estava sentada em sua mesa junto a Sang Chang Chanyeol, seu chefe e amigo, juntos a toda a equipe quando o seu telefone denunciou uma mensagem no nome de "Agust".
— Agust? — Chang perguntou. — Outro dia o Hiro me falou que veio um homem com este nome aqui, e ficou algum tempo na sala com você...
olhou para o amigo estranhando a pergunta feita diretamente e diante de todo mundo. Trocou olhares significativos com ele, denotando como a conversa estava pública.
— Sim, é um amigo.
— Você nunca me falou sobre ele.
Os outros estavam todos atentos, e certos olhares cúmplices e risinhos foram escondidos. estava totalmente desnorteada com aquela postura de Chany, geralmente ele era comedido, e por mais que estivesse com algum tipo de curiosidade pessoal naquilo, não demonstraria no meio da equipe. Mas, foi só Song Hiro tossir falsamente, para Chang perceber que havia cometido um deslize.
— Bem, mas isso não é do nosso interesse, também! — desconversou o sunbae na tentativa de disfarçar.
A equipe finalizou os últimos detalhes da reunião, e então abriu a notificação para lê-la.
Agust:
Anyeongseo, escritora!
Estarei passando na sua casa às 21 horas de hoje!
Não me faça esperar, por favor. Você sabe... Eu não posso me expor.
16:45pm
Escritora :
Anyeongseo! Você é maluco? Como assim vai passar na minha casa?
Você não deveria perguntar se eu posso ou quero te receber?
17:50pm
Agust:
Você não irá fazer uma desfeita assim...
Entre nós dois a agenda mais apertada é a minha, e eu estou tirando meu tempo livre para passar com você.
17:53pm
Escritora :
Eu deveria mostrar ao mundo como você é um folgado, Suga!
17:54pm
Agust:
Não me faça esperar. ☺ Precisa de carona para sair do trabalho?
17:55pm
Escritora :
Não! Não apareça aqui, você vai me causar problemas.
17:55pm
Agust:
Seu namorado?
17:56pm
não mais respondeu. Estava absolutamente surpresa com a atitude estranha, de novo, de Suga. Ela sempre achou que ele fosse o menos sociável do grupo. Acreditava que aquele tipo de aproximação forçada não faria o tipo dele, mas ali estava Yoongi manipulando a situação para encontrá-la novamente. Saiu da sala de reuniões e Chang a esperava no corredor.
— Hey... Me desculpe. Não quis soar invasivo naquele momento.
sorriu para o amigo, e acenou para que eles entrassem na sala dela. Assim que estavam sozinhos, ela escorou-se à própria mesa, deixando ali a pasta que estava em sua mão explicando:
— Eu confio em você e sei que a informação estará segura. O Agust é uma pessoa extremamente aleatória, mas famoso. Então, eu meio que tive que inventar este nome.
— Famoso? Era o Maurer? Mas... Todo mundo sabe que vocês estão saindo.
— Não. Não... É o Suga.
— Suga? Do BTS?
— É. Ele apareceu aqui há algumas semanas me chamando para sair. A gente só conversou um pouco aquele dia, e desde então, temos trocado poucas mensagens. Mas, é só isso.
Chang a olhou desconfiado com a mão no bolso.
— E... Por que ele se aproximou de você?
— Sei lá! Porque eu sou interessante? — perguntou irônica.
— Claro que é! Mas, achei esquisito... A única vez que vocês se fam foi...
— No programa de TV. — interrompeu — E desde então ele me procurou. Mas, não tem nada de errado nisso, não é?
— Claro que não! — Chang sorriu largamente — Eu fico feliz que você está ficando amiga de um dos seus idols favoritos, army!
— Ei! Já falei que não sou army, e nunca diga a ele que ele é um dos meus idols favoritos! Sem o menor pingo de intimidade ele já é bastante... Enfim...
Chang assentiu e beijou a testa de saindo. Logo a mulher fez o mesmo, ansiosa, para chegar a sua casa e descansar um pouco.
No dormitório do BTS...
— Yoongi! Conseguiu liberação? — Namjoon perguntou preocupado, ao ver o colega preparar uma mochila.
— Sim! E não volto para o dormitório, mas já falei com o manager. Vou dormir no meu apartamento, já que o lugar em que vou é perto.
— Tudo bem! Eu e Jin damos conta dos meninos. Mas, posso saber aonde você vai?
— Vou sair para beber com uma amiga.
Jin surgiu no quarto escutando o que o amigo dissera e olhou surpreso para Namjoon. Certamente não deixariam de zoar.
— Olha lá hein, Suga! Nós não podemos namorar... — Namjoon falou em tom de falsa preocupação.
— Me admira uma garota ter aceitado sair com este velho! Ela tem algum problema? — Seokjin zoou rindo alto.
— Primeiro, ela não tem nenhum problema! Na verdade é uma mulher incrível! Segundo, ela não sabe que a gente vai sair hoje. E terceiro... Ela é só uma amiga.
— Ela não sabe? — Seokjin perguntou ainda ironizando: — Isso vai ser um sequestro! Eu sabia! Ninguém com sanidade suficiente aguentaria sair, em livre e espontânea vontade com o Yoongi!
— Tá, tá... Fale o que quiser Seokjin, no final não sou eu que estarei suportando a sua presença.
Namjoon riu dos amigos, e então desejou uma noite divertida para Suga. E claro, não deixou de orientá-lo sobre os cuidados de exposição e outros, para Yoongi, extremamente desnecessários. Quando estavam sós, Jin o perguntou ao sentar-se na cama:
— Quem é ela? É famosa? É de algum grupo?
Yoongi o encarou com olhos semicerrados, e continuou guardando as roupas na mochila, silencioso e ponderando se deveria falar alguma coisa.
— Ah qual é! Eu já falei da Maya para você e ela também é só uma amiga, mas, eu já contei que às vezes saio com ela, qual o problema de você também contar?
— Não sei se é famosa, talvez esteja se tornando. Ou talvez seja... Dentro no nicho dela. E não é de nenhum grupo.
— Espera... — Jin pensou um pouco e perguntou: — É a escritora? A escritora do Taehyung?
— Ela não é do Taehyung, Jin. Ele não se mexe para ser. Mas, sim é a escritora.
Seokjin ficou preocupado e não escondeu. Levantou-se da cama e foi fechar a porta do quarto. Naquele momento, Yoongi pressentiu que seria especulado.
— Yoongi, você está interessado nela, desse jeito?
— Claro que não Jin, estamos apenas nos conhecendo. Nos tornando amigos!
— Sabe que o Tae está sempre stalkeando ela, pensando nela, e falando nas obras dela... Ele já leu quase tudo o que ela escreveu, e o fato de demorar a agir... Enfim... Ela é uma mulher um pouco mais velha do que ele, então, o tempo do Tae é diferente... Mas, Yoongi, não faz isso. Não se aproxime dela de outra maneira, porque o Taehyung pode se magoar.
— Eu já disse que não tem nada a ver, Seokjin! Eu não estou competindo uma mulher com o Taehyung! Pelo contrário, eu estou tentando trazer ela até ele.
— Para quê isso? Deixe que ele resolva as coisas dele. Aliás... Eu não sei por que você ficou curioso sobre ela e tão atencioso sobre isso!
— Está dizendo que eu estou sendo maldoso com o nosso amigo?
— Não. Estou dizendo que pode ser perigosa essa aproximação! Ao menos Taehyung sabe que vocês dois tem conversado e que vão sair hoje?
— Eu falei aquele dia que estive com ela, não falei? Por que eu deveria dar passo a passo para o Tae sobre isso?
— Yoongi, Yoongi...
— Jin, você quem está vendo coisas onde não tem.
Suga pronunciou e o amigo suspirou saindo dali depois de um breve aceno. Yoongi revirou os olhos com aquela preocupação excessiva, e desceu para a sala comum, onde todos jogavam juntos, e aproveitou um pouco de tempo com os amigos antes de sair.
06.
ligou o seu celular no carregador, e com a toalha ainda enrolada na cabeça caminhava lenta pela casa entre um passinho dançante e outro, do som baixinho tocando no pequeno espaço. Seu apartamento era bem pequeno, e embora ela já tivesse condições de se mudar dali, a mulher adorava o lugar. Havia se habituado à vizinhança, sem falar, que era muito perto de seu trabalho. Soltou a toalha da cabeça, deixando a taça de vinho que tinha em sua mão sobre um aparador da parede e terminou de secar o cabelo de qualquer jeito. Jogou a toalha sobre o sofá e foi até a pequena cozinha conjugada à sala para verificar se o seu lámen estava pronto. Mexeu o macarrão na panela, e deu uma incrementada com alguns legumes que havia picado e deixado na tábua. Tampou a panela, pegou a sua taça, em seguida a toalha jogada no sofá pequeno, e saiu pela porta da frente.
O apartamento da escritora, era o último de um sobrado antigo de quatro andares, então, ao lado da porta de sua casa, havia o portãozinho de acesso para o terraço compartilhado. Mas, os outros vizinhos não iam lá em cima com frequência, apenas para estender suas roupas nos varais compridos. Era quem mais fazia o uso ali, e os cuidados do terraço ficaram sob sua responsabilidade depois que ela conversou com os outros inquilinos e com o senhorio do prédio, sob seu interesse em transformar a cobertura num "cantinho" coletivo. Logo, a chave do cadeado ficou com ela, e quando alguém precisava estender suas roupas, procuravam-na. Porém, uma das coisas que nos últimos anos vinha preocupando Chang em relação à moradia de , é que no prédio atualmente só viviam ela e a vizinha do terceiro andar, Nin'Ri Ho. Os outros dois moradores dos andares primeiro e segundo eram idosos e há dois anos foram levados pelos parentes a morarem com eles. Portanto, era um tanto quanto "perigoso" na mente de Chang, que ela e a amiga morassem sós no prédio, apesar da tranquilidade do bairro.
Enquanto se concentrava em estender sua toalha no "terraço" do prédio, Yoongi estava dentro do carro já impaciente por não ser atendido. Havia discado a chamada quatro vezes e nada da escritora o atender.
— Não acredito que você vai me ignorar... — falou para si mesmo encarando o próprio telefone.
Olhou para fora, rumo ao prédio antigo onde ele podia ver as escadas externas. Era um típico sobrado daqueles que via em doramas, e não entendia porque ela morava ali, se claramente poderia mudar-se. Yoongi pegou sua mochila, colocou o telefone ao bolso, certificou-se de não esquecer nada, e saiu do carro ativando o alarme.
Subia as escadas do sobrado torcendo para que ela estivesse em casa e o atendesse, até que chegando ao andar dela, ainda nas escadas de acesso do terceiro andar, ele viu uma mulher de pijamas, cabelos molhados bagunçados e com uma taça de vinho em sua mão descendo de outra escada, e trancando um portãozinho de metal que dava passagem para algum lugar acima.
O sorriso ladino de seu rosto não poderia ser visto sob sua máscara, que lhe servia de disfarce. Não evitou olhá-la de cima a baixo e notar que a beleza da escritora era mesmo genuína e denunciava claramente a diferença étnica entre ela e as outras mulheres coreanas. Mesmo sem se bronzear há alguns anos, por conta da pouca acessibilidade à praia, a pele dourada de ainda fazia presença em seu corpo. Yoongi se pegou pensando como seria no país dela, em que a tropicalidade é inevitável.
Caminhou devagar e silencioso pelas escadas até alcançá-la, e notou-a distraída quando mesmo parado no topo da escada de ferro ela não o viu.
— Por que você não está atendendo às minhas ligações, huh?
soltou um grito assustado, e Yoongi riu baixinho.
— Aish! — murmurou: — Seu... Seu...
Ela ponderou. Se tivesse intimidade com ele a certo ponto, o mandaria um bom palavrão em português, mas apesar da situação entre os dois parecer íntima, não o era de fato.
suspirou, e levou um dedo apontando em direção a ele para reclamar, mas Nini apareceu abrindo a porta do seu apartamento no andar debaixo preocupada, olhando para cima e se assustando ao ver um homem todo de preto, com máscara e boné, e uma mochila suspeita às costas parado em frente a sua vizinha e amiga.
— ...? Unnie... Está tudo bem? — apesar do medo notável pelo modo como a vizinha gaguejou no início, Nini encorajou-se a perguntar e segurando uma vassoura na mão.
Se o estranho virasse o rosto e mencionasse fazer algum gesto perigoso, ela lhe atacaria. notou as intenções corajosas da amiga, e sentiu-se grata, mas achou melhor adiantar-se antes que Yoongi fosse descoberto por Nini, ou atacado.
— Sim, Nini! Foi só um susto, mesmo. O meu amigo chegou quando eu estava voltando do terraço, e eu esqueci o celular lá dentro.
Nini subiu alguns degraus e sussurrou preocupada:
— Tem certeza? Ainda se lembra do código de ajuda, não é?
sorriu e a acalmou:
— Lembro sim Nini, pode ir tranquila. Ele é o meu amigo Agust, da ME.
— Nunca o vi, então eu vou continuar desconfiando. O único que vem aqui é o Chany... Mas, você lembra, não é? — Nini olhou desconfiada para o homem que ainda lhe dava as costas lá em cima, curioso com o portão do terraço — É sério, qualquer coisa eu vou ficar atenta. Me manda mensagem, ou me liga se precisar!
— Obrigada! — sorriu ainda mais, a fim de passar calma para a mulher e mostrar ainda mais gratidão.
Quando sua amiga vizinha entrou, a escritora virou-se para Yoongi que a olhava entediado e até um pouco... Irritado?
— Por que não me atendeu?!
— Eu não tenho obrigação nenhuma de lhe atender! — falou virando sua taça e apontando um dedo acusador para ele: — Eu avisei para não vir!
— Primeiro, que mulher nega uma ligação de um... — abaixou a máscara e sussurrou para ela, atento se a vizinha ainda não estava os observando: — BTS?!
— Uma mulher com bom senso? Uma mulher que acha que está sendo perseguida?
— O quê?! — ele alarmou-se fazendo cara de ultrajado — Eu aqui querendo ser seu amigo e você me diz que eu sou um stalker?
— Ora, vamos lá! Você há de convir que sua forma de fazer amizade é um tanto estranha!
— , vamos entrar ou não? Eu não posso ficar me expondo!
A mulher revirou os olhos e suspirou pesadamente, abrindo a porta de seu apartamento e dando-o espaço para entrar. Yoongi entrou com educação, pedindo licença e deu uma boa olhada em volta. O ambiente era absurdamente limpo e organizado, tinha cheiro de lámen, o que o fazia associar aquilo a um bom lar. Assim também como a música baixinha que tocava.
— Bem, pode se sentar. Não precisa ficar igual uma estátua em pé.
— Por que não se muda daqui? — A pergunta lhe escapou direta.
Yoongi não pensou que estava sendo grosseiro, na verdade, foi tão espontâneo que não imaginou que ela se ofenderia. Ele apenas não entendia, por que ela morava em um apartamentinho tão pequeno, por mais que lhe soasse aconchegante.
— Você vem sem ser convidado e ainda insulta o meu lar? — perguntou de braços cruzados mandando a língua formal coreana para a casa do cacete: — Realmente, Yoongi, você é bem audacioso!
— Me desculpe! — Ele riu — Eu não quis ofender, na verdade, é bem aconchegante. Só que é pequeno, é o tipo de lugar que estudantes alugam por ser mais barato, e você... Bem você não é mais tão anônima, não é? Deve ter algum dinheiro para sair daqui...
— Eu tenho os meus motivos e não lhe interessam!
— Yá! — Ele reclamou ao vê-la ir para o que seria a cozinha, justificando-se mais: — Por favor, me desculpe, não quis te ofender.
— Tudo bem.
— E não use este tom informal comigo, eu sou seu... — parou de falar observando-a. Ela virou-se com uma panela e talher nas mãos, colocando-a sobre a mesa da saleta. Observou-o curioso e pensativo, ainda de pé, e então a própria esclareceu:
— Não. Não é meu sunbae, hyung e muito menos um oppa! Nem pense nisso! Nós temos a mesma idade, e considerando o quanto você é folgado eu vou tratá-lo como as coisas funcionam em meu país!
Yoongi deu de ombros associando ainda a informação, que não havia percebido se em algum momento tinha sido dita: Tinham a mesma idade. Ele deixou sua mochila em cima do sofá, e que servia uma nova taça de vinho para si perguntou sem rodeios:
— Para quê essa mochila? Você não está pensando em ficar aqui, não é? Aliás, o que veio fazer aqui?!
— Também tenho perguntas, não precisa pressa. — Ele falou sarcástico puxando a única outra cadeira da mesa e sentando-se ao lado dela. — Hm... Lámen! E... uow! Este aqui está caprichado!
fez uma careta ao vê-lo destampar a panela sobre a mesa.
— Você quer comer?
— Lógico! E beber também, aceito vinho.
Quão folgado ele era capaz de ainda ser? Ela se levantou e foi pegar talher e taça para ele.
— Anda, Yoongi. O que está fazendo aqui?
— Nós vamos sair. — disse simplesmente puxando o macarrão tão apetitoso.
— Como é?
— Bom... Eu estava a fim de sair para um lugar legal, e achei que você também gostaria disso.
— Assim? Do nada? — perguntou desconfiada sugando o macarrão também.
— Você tem namorado?
E quase engasgou com a pergunta tão diretiva dele. Yoongi a olhou de soslaio, com um sorriso sacana em sua face enquanto comia tranquilo.
— O que isso tem a ver?!
— Bem, estamos dividindo uma panela de lámem... Isso poderia desagradar se ele chegasse e nos visse aqui... Você não assiste drama, escritora? Logo você?
— Você deveria se preocupar com isso antes de ficar me cercando e aparecendo do nada! — falou um tanto irritada.
— Eu fiz isso. Te perguntei mais cedo, mas você não respondeu, e também não vi notícias oficiais de você com aquele ator que andou saindo há algumas semanas.
— E vem me dizer que não é um stalker! Qual o seu interesse nisso, seu esquisito?!
— Nenhum, na verdade. Mas, eu vou te levar pra sair hoje, seria bom saber se há um namorado para eu me preocupar... — Ele falou como se fosse óbvio e a encarou, depois olhou para a panela: — Não vai comer?
— Aissssh! Você é impossível! Eu não gosto do modo como você age, Yoongi! Não é porque é um idol que vai vir na minha casa quando bem entender, fazer perguntas pessoais, e ainda me dizer o que fazer! Eu não vou a lugar nenhum! É meu dia de folga amanhã e eu quero aproveitar a minha noite pré-folga também!
— Exatamente por isso estou aqui! Eu não sabia de nada disso, mas vai ser legal se a gente sair. — Ele a olhou de um modo bobo, sorrindo um pouco e implorando com um biquinho na face: — Ah ! Vamos lá, vai! Vai ser legal, eu prometo! E eu deixo você em casa inteirinha!
— Sei não... Você... Você não é confiável.
— Deixaria uma pessoa não confiável entrar na sua casa, enquanto você está com um pijaminha provocante tão pequeno e confortável, e ainda por cima o deixaria comer lámen com você?
Yoongi tinha um bom ponto. Tão bom que enrubesceu, só não sabia se era pelo olhar predador dele ou pela falta de argumento. Por incrível que pareça, ela sentia-se bem perto de Yoongi, apesar de achar que a expressão dele era típica de um sociopata. Apesar do olhar tão enigmático vindo dele, para era quase como se ele fosse um amigo do Brasil, em que a relação não exigia tanto esforço.
— Onde você pretende ir?
— Isso! — Ele comemorou batendo palmas e pela primeira vez a deixando ver o seu sorriso gengival — Você vai gostar! Confia em mim! É uma boate reservada, seleta.
— Hm... Claro. Numa barraquinha de bairro que não seria... — Ela ironizou.
— Ei! — Yoongi reclamou e a cutucou se sentindo ofendido: — Eu gostei, ok? Eu gostei mesmo de ir lá com você!
arqueou a sobrancelha estranhando a forma sincera dele, e voltou a comer seu macarrão e beber seu vinho, ainda constrangida sob o olhar dele. Yoongi viu o rosto da mulher corando um pouco e soltou uma risadinha.
— Vamos comer logo, que você tem que se arrumar e eu sei que vai demorar! Tem cara de quem demora.
— Você está muito enganado sobre mim, Yoongi! — murmurou.
— Assim como você de mim, estamos empatados.
Ele falou e os dois se olharam, trocando um sorriso de provocação. passou a sentir que se livrar de Yoongi seria uma tarefa bem difícil, talvez impossível. E mesmo sem entender o que ele queria ou pretendia com ela, a escritora não temia. Pelo contrário, sentia que aquilo era certo.
Depois de comerem, caminhou para o seu quarto pequeno e começou a mexer em seu guarda-roupa, se assustando quando Yoongi apareceu atrás dela querendo dar palpite.
— Pega um vestido qualquer, não é como se você precisasse impressionar ninguém!
— Que susto! — falou virando-se para ele e o empurrou para fora de seu quarto — Dê-me licença, por favor!
— Aquele vestido rosa está bom!
— Eu não perguntei a sua opinião. — arqueou a sobrancelha para ele, e fechou a porta em sua cara.
Yoongi sorriu ladino e caminhou pelo lugar que ele não chamaria de "casa", mas era a casa de . Apesar de ser apertado era tão funcional, com as mobílias simples e bem colocadas fora a organização minimalista, que ele sentia-se mesmo à vontade ali. Ficou imaginando como Taehyung se sentiria em entrar na casa de .
Caminhou até o ambiente onde a caixinha de som estava e observou as músicas selecionadas por ela que tocavam. Descobriu que ela também tinha um bom gosto musical. Observou alguns livros e mangás em prateleiras da parede, notou algumas plantinhas penduradas, e andou até a porta da frente, observando pelo olho mágico o portãozinho que havia descido. Gostaria muito de saber o que havia lá em cima.
Uma música que ele gostava começou a tocar e então, Yoongi aumentou o volume. Em seguida foi até a geladeira dela e pegou mais do vinho aberto, e enquanto bebia sentado ao sofá a esperando, percebeu que precisaria de um motorista se não parasse de beber. Pegou o telefone e enviou uma mensagem para seu motorista particular de sempre, afinal, a Big Hit controlava tudo para a segurança deles. Disse ao ajhussi que ele mandaria mensagem na hora de buscá-lo, e passou o endereço.
— Pronto! — surgiu na sala procurando alguma coisa e não notou o modo como Yoongi a olhou.
— Vo... Você... Você pretende voltar comigo? — perguntou surpreso entre gaguejares.
— Esta é a sua forma de me dizer que eu estou linda? — Ela riu encontrando o brinco que estava perto de um móvel do sofá.
— Eu quis dizer que não era como se você precisasse impressionar.
— Ora! — reclamou levando a mão até a cintura — E se eu quiser impressionar?
— Você vai sair comigo! Não é para se distrair com outro cara, !
A mulher começou a rir da expressão de desprezo de Yoongi e de seu biquinho irritado ao dizer aquilo.
— Ora Yoongi, vai me dizer que se aparecer uma mulher interessante você não vai me deixar?! — perguntou e ele ruborizou, pigarreou então ela provocando mais um pouco: — Ou a mulher interessante de hoje sou eu, e você realmente pretende voltar comigo?
Yoongi reclamou e se levantou subitamente dando as costas. Não queria ver a expressão divertida da escritora. Não queria ver o vestido preto tão bonito que deixavam suas pernas tão evidentes, tampouco queria ver as pernas torneadas que finalizavam em um lindo salto preto. Nem queria reparar na tornozeleira sutil que ela usava em seu tornozelo esquerdo, tão delicada. Yoongi pegou sua mochila, afoito, jogando-a nas costas e bebeu o restante do vinho.
— Você vai dirigir? — perguntou pegando a bolsinha simples e colocando dentro dela um batom, as chaves, cartão e o seu celular.
Yoongi passou por ela e sentiu o perfume amadeirado da mulher, e quase saiu correndo dali. Estava arrependido da ideia. era uma mulher muito atraente, e ele não poderia imaginar que aquilo seria mesmo, perigoso, como dissera Jin.
— Vou. Mas, quando viermos embora eu chamo um motorista. Relaxe!
— Certo! Então, vamos! — sorriu e ele assentiu — Não vai se trocar?
— É só tirar o meu boné dentro do carro, e vestir a jaqueta que deixei lá dentro. Eu não preciso me enfeitar para ser notado.
entendeu que ele estava a sacaneando quando o viu rir sarcástico, e empurrando-o para fora de sua casa, deixou a resposta na ponta da língua:
— Nem eu. Apenas evidencio as coisas para deixar homens bobos sem palavras, como deixei você.
Yoongi precisava admitir: ela havia o deixado sem argumentos, e realmente, mudo.
07.
A boate era mesmo seleta. podia jurar que viu alguns caras do Seventeen ali, mas como eram muitos os integrantes, ela nunca sabia quem era quem. Yoongi gargalhou quando ela disse aquilo e o perguntou se poderia ser mesmo o grupo. Os dois conversaram muito e beberam muito também. E dançaram à vontade, ou melhor, dançou e Yoongi apenas ficava parado por perto, até que ela revirou os olhos por ele a levar ali, mas não dançar.
— Vem! Vamos voltar para nossa mesa, porque eu não vou dançar sozinha e você não sai da minha cola para ninguém se aproximar!
— Não te convidei para você dançar com nenhum outro idol. — ele zombou.
— É, mas o problema é que você também não dança.
Os dois se sentaram à mesa de novo e continuaram a beber e conversar.
— Por favor, não é? Dançar faz parte do meu trabalho, e você quer me obrigar a isso na minha folga? É como se eu te pedisse para escrever um livro agora!
— Mentira. É porque você tem dois pés esquerdos, e só dá conta de dançar seguindo os passos dos outros... Você é o que menos dança no seu grupo!
— Ah é? Então quem é o melhor dançarino?
— Hm... — ponderou — Não sei se o Jimin ou Hobi, mas... Jungkook também é bem competitivo então...
— Você é army!? — Yoongi a interrompeu rindo e virando sua vodka.
— Eu não! — falou gesticulando muito, devido ao seu teor alcoólico alto — Para sua informação, é um absurdo dizer isso! Eu não sei tudo sobre vocês como o army, e...
— Quem de nós é o seu favorito!?
— Ah por favor, eu não vou responder uma coisa dessas!
— Vamos! Pode dizer, eu sei que sou eu, certo? Só por isso você está aqui comigo, não é?
— Claro que não é você!
— Então quem é?
Yoongi sorria malandramente como se tivesse a colocado contra a parede e pigarreou, virou seu uísque – coisa que inclusive, deixou Yoongi surpreso, já que a bebida era na concepção dele "forte demais para mulher" — e então, ela estalou a língua como se estivesse desinteressada dizendo:
— Não tenho um favorito entre vocês. Eu nem ouço tanto assim suas músicas.
— Eu via a sua playlist.
— Ah, vai à merda. – falou em português o fazendo estranhar — Esquece!
— Você vai me fazer aprender português só para saber se realmente você anda me ofendendo em outra língua!
— Mas é óbvio que estou! – riu e apoiou-se à mesa de modo a aproximar mais de Yoongi e zombou-lhe: — E ora, ora, quer dizer que você aprenderia a minha língua só por minha causa?
Yoongi ruborizou e novamente fez a sua expressão de desprezo proposital e sacudiu a mão na frente dela dizendo:
— Yá, yá! Você é muito convencida!
— Eu só estou interpretando os fatos como eles são!
Entre mais bebidas e conversas, e mais idas de até a pista de dança já que Yoongi preferia ficar sentado apenas observando e rindo, os dois foram ficando cada vez mais bêbados e alegres. Até que sem muita noção do que estavam fazendo, na hora que disse que queria ir embora, ele chamou o motorista e mandou-o dirigir para "casa". Mas não explicou para a casa de quem. Yoongi e adormeceram no banco de trás, e quando chegaram no apartamento dele, o ajhussi o acordou.
— Onde estamos? – perguntou ainda bêbado e confuso.
— Na sua casa, Yoongi. Bem, vamos... Eu devo levar a senhorita pra cima?
Yoongi assentiu saindo cambaleante pelo estacionamento do prédio, e alcançando o elevador sem se lembrar direito de . Mal sabia de onde estava vindo. Então percebeu o ajhussi carregando uma mulher e se aproximando do elevador e espantou-se:
— Yá! Yá! O que, quem é esta?
— Acredito que a sua namorada, senhor Yoongi. Ou algo do tipo já que estavam juntos.
— Eu estou namorando? – perguntou para si, confuso, e apenas assentiu positivo para o motorista.
Entraram no apartamento, o homem perguntou onde a colocar, e Yoongi apontou seu quarto. Depois que o ajhussi saiu, Yoongi observou o rosto da mulher deitada em sua cama, e não conseguia entender como havia chego ali com ela. Sentou-se na beira da própria cama, e suspirou perguntando-se:
— Qual é mesmo o nome dela?
Yoongi retirou a bolsa transpassada no corpo de , e os sapatos da garota e a cobriu, em seguida saiu para a sala. Quando jogou seu travesseiro no sofá, finalmente ele se recordou: era , a escritora.
— Meu Deus, como eu pude me esquecer? Eu nunca mais bebo vodka.
Na manhã seguinte, acordou e ao abrir os olhos e se ver num ambiente totalmente diferente, assustou-se. Recordou da noite anterior, e desesperada observou-se, mas para sua felicidade estava vestida com a mesma roupa da noite passada. Esfregava a cabeça e ouviu a porta se abrir. Yoongi viu que ela estava assustada e ela notou que ele estava um bagaço. O rapaz entrou no quarto com seu travesseiro na mão, jogou-o ao lado dela na cama, e disse ranzinza:
— Eu passei frio a noite por sua culpa!
— Hey! O que eu tenho a ver com isso? Você disse que me deixaria em casa, e não na sua casa! O que afinal aconteceu?
— A gente dormiu no carro, e eu não sabia nem quem você era! Meu motorista que te trouxe para cima.
— Eu não acredito Yoongi! – ela gritou jogando uma almofada nele — Você não teve nem a gentileza de subir comigo? Deixou um estranho me carregar?
— Não sou mais estranho agora só porque dormiu nos meus lençóis? – zombou e viu a garota esfregar a cabeça de dor, ao tentar falar mais alguma coisa para ele — , se eu te carregasse nós estaríamos até agora no estacionamento.
— Não importa... O fato é que eu tenho que ir embora.
— Não era seu dia de folga? — ele perguntou abrindo a porta do próprio closet.
— Sim, mas eu preciso ir para minha casa, tomar banho e...
— Eu não tenho condições de te levar agora, sério! Eu estou com muita ressaca, porque não fica e almoça aqui? Toma. — ele estendeu uma camisa dele, uma cueca nova e uma bermuda.
— É sério isso? Eu posso tomar um táxi, ou carro de aplicativo! – mencionou levantar-se e sentiu a cabeça latejar — Depois que você me der comprimidos para dor de cabeça, é claro.
— Vá, tome seu banho, tem toalha limpa para você e escova de dente nova no meu banheiro. Vou trazer o remédio.
fez o que Yoongi aconselhou e enquanto estava no banheiro se pegou pensando em que situação mais estranha era aquela. Ao mesmo tempo, era uma situação que não a causava medo. Era mesmo como se ele fosse um velho amigo, e ela esperava não se arrepender deste sentimento.
A mulher tomou banho, lavou os cabelos analisando que produtos ele usava e pensando: "O que as fãs diriam se soubessem que ela estava no banheiro de um BTS usando o xampu dele?", ao mesmo tempo que gostaria de rir daquilo, imaginou um exército de garotas raivosas invadindo a ME e destruindo tudo, a tirando de lá arrastada. Não foi uma premonição boa, então era melhor esquecer que aquele era o banheiro de Suga. Assim como era melhor esquecer que aquela escova de dente na frente dela, era dele, e o quanto cada vez mais, ficava esquisita aquela situação.
— Credo. Eu espero mesmo que não tenha rolado nada, porque você não lembra de nada, ! Sua irresponsável! – ela sussurrou para seu reflexo no espelho.
Enrolou-se na toalha e agradeceu por ser uma mulher bem resolvida com o próprio corpo, já que teria de usar aquela camisa sem sutiã. Abriu a cueca da embalagem nova e observou o tamanho, rindo em seguida. Quanto valeria no mercado negro o tamanho e tipo das cuecas de Min Yoongi? Vestiu-as e em seguida pegaria a camisa preta sobre a cama, mas antes que pudesse a vestir se assustou com o homem entrando no quarto correndo, e gritou.
— Yoongi!?
08.
Enquanto estava no banho, Yoongi preparava um café da manhã para os dois e procurava pela cartela do medicamento que acabara de pegar, e ao encontrá-lo, ele caminhava até seu quarto, mas foi interrompido pela campainha. Não tinha ideia de quem poderia ser, então deixou a bandeja com o copo de água e o remédio sobre a mesinha de centro e foi até a porta. Estava prestes a abrir quando pensou: "Quem iria subir sem ser anunciado?". Só uma pessoa tinha a senha do seu apartamento e poderia subir sem ser anunciado. Yoongi arregalou os olhos e virou-se para a direção do seu quarto, e voltou novamente o olhar para a porta, que já estava sendo aberta.
— Omma!?
— Ommonni está aqui, meu querido Yoongi! — sua mãe falou sorrindo e carregando algumas sacolas.
Yoongi demorou a perceber o que deveria fazer. Sua mãe veio até ele e o abraçou apertando-o e deixando as sacolas no chão.
— Omma! Por que não avisou que viria?
— Uwa! Qual o problema da sua mãe vir sem avisar, Min Yoongi!?
— Eu teria arrumado a casa!
Ele deu uma desculpa qualquer e correu até as sacolas as levando para a cozinha, e sua mãe o seguiu, risonha:
— Oras Yoongi! Sua casa está absolutamente arrumada, você saiu ontem do dormitório! Que tipo de bagunça faria em uma noite!?
— Bem, de qualquer forma, eu vou arrumar o quarto antes da senhora entrar! Eu ainda nem estendi minha cama, e não coloquei as roupas para lavar e...
Yoongi ia dizendo tentando disfarçar seu desespero, dentro de sua pose de "tranquilidade", mas sua mãe o conhecia. Não demoraria a achar que ele estava estranho, então ele se afastou devagar até seu quarto. Se corresse, ela descobriria que não era para entrar no quarto dele. E por causa disso, ele entrou de qualquer jeito pegando de surpresa e seminua. A escritora estava apenas vestida com a sua cueca, e puxou rapidamente a toalha para cobrir os seios quando ele entrou de uma vez.
— O que pensa que está fazendo!? Eu estou me trocando! Saia e...
A voz dela era alta e Yoongi temia que sua mãe ouvisse, então a interrompeu se aproximando da mulher e pegando a blusa dele sobre a cama e tentando ajudá-la a se vestir:
— Shiiii!!!! – vista isso rápido e...
— O que está fazendo?! Para! Eu sei me vestir sozinha! Você estava me espiando ou...?
— Pelo amor de Deus mulher, cala a boca! – Yoongi tampou a boca de com a mão e a entregou a camisa com olhar desesperado: — Veste!
se vestiu contrariada enquanto ele lhe dava as costas e Yoongi estava na porta observando por uma greta alguma coisa. Yoon percebeu sua mãe sair da direção da cozinha para a sala e então fechou a porta, caminhou até que o observava assustada.
— Yoongi!
Ele novamente levou a mão até a boca dela a pedindo para ficar em silêncio, e a empurrou em direção ao closet dizendo:
— Entra por esta porta no meu guarda-roupa e...
— O que?! – parou abrindo os braços o impedindo de a empurrar para entrar no armário: — Você está me escondendo!?
— , só entra logo aí, pelo amor de Deus e eu te explico depois!
Yoongi levou a mão até a cintura da mulher tentando a empurrar, mas mantinha-se firme evitando que ele conseguisse a empurrar e Yoongi começou a suar frio. Primeiro, porque estava com a cena dela seminua em sua cabeça e agora com as mãos na cintura dela, coberta apenas por sua blusa. E a mulher forçava o próprio corpo contra o dele na tentativa de não perder em força para ele, que parecia desesperado para a esconder, o que atiçava também a imaginação de Suga.
— A sua namorada está aí, é isso? – a escritora perguntou querendo rir.
— É muito pior do que isso! – Yoongi falou forçando o corpo contra o de , e tentando abrir a porta de correr do móvel, tirou a mão da cintura dela, mas antes que conseguisse, ele ouviu a porta do quarto se abrindo.
— Min Yoongi! – a senhora Min gritou assustada.
olhou para a porta e em seguida para ele que sussurrou:
— Pelo amor de Deus, é a minha mãe.
— E porque não me disse!? – ela sussurrou de volta.
— Vocês dois! – a ajhumma gritou chamando a atenção deles que permaneceram colados um no outro daquela forma que aos olhos da senhora Min era tão suspeita: — Yoongi! Largue esta mulher!
olhou para ele, mas Yoongi parecia apavorado, e com medo da mãe não conseguia se afastar. Então revirou os olhos e desceu os braços das portas do armário e levou-as até os ombros de Yoongi, o que o fez ficar ainda mais nervoso com aquilo e sentir um arrepio percorrer seu corpo.
— Yoongi, me solte!
— Min Yoongi! Explique já o que está acontecendo! — sua mãe gritou de novo.
Não foi algo fácil de explicar. A senhora Min estava vendo uma mulher claramente estrangeira, dentro da camisa de seu filho, sendo prensada por ele na porta do guarda-roupa, e não havia desculpa que pudesse fazê-la compreender a situação.
— Você está trazendo mulheres para cá, desde quando!? – ela gritou com ele, e lhe jogou o sapato que calçava.
— Calma ommoni! Eu não estou trazendo mulheres para cá e...
— E o que é esta cama bagunçada? As roupas que ela está vestindo são suas! Aliás, esta mulher está nua! Ela entende o que eu falo, seu bastardo!?
— Ela entende! Omma! Calma aí, eu posso explicar!
A mãe de Yoongi avançou para batê-lo, e o garoto correu pelo quarto tentando fugir e pulando a própria cama. estava boquiaberta e pensando no que poderia dizer, diante tudo aquilo. A mãe de Yoongi o alcançou e pegou a orelha dele, que reclamava de dor e pedia a mãe para se acalmar.
— Ajhumma! – se pronunciou e a senhora Min a olhou com audácia, e Yoongi surpreso.
o encarou como se dissesse claramente que ele lhe devia uma, então se ajoelhou ao chão na frente da mãe dele dizendo:
— Me desculpe Ajhumma! Yoongi não fez nada de errado! Ele apenas me ajudou! Me desculpe por desonrar à senhora e ao seu filho com a minha presença aqui deste modo, mas seu filho foi muito atencioso com meu bem estar, senhora Min!
A mãe de Yoongi olhou para a mulher sob seus pés, e depois para o filho que apenas encarava a garota ao chão, um pouco estático.
— Yoongi!? – sua mãe o chamou.
— Ommoni, é verdade! Ela dormiu aqui, mas sem mim! Eu dormi na sala, e só emprestei minhas roupas a ela porque ela não tinha como se vestir.
A mãe de Yoongi percebeu a garota ajoelhada ainda com o rosto virado ao chão e viu o filho parecer formular algum tipo de explicação, e então ela soltou a orelha já vermelha dele.
— Espero os dois na sala para uma conversa.
A ajhumma falou e saiu sem nem olhar novamente para , mas espiou rapidamente o filho indo se abaixar na direção da mulher e a amparar de modo cavalheiro. Sorriu e então saiu dali até a sala.
— !
— Eu devo ter cometido um grande pecado em minha vida passada não é?! – a escritora falou séria para ele, cerrando os dentes puxando um travesseiro caído no chão para bater nele.
— Me desculpe! Ela chegou de surpresa! Não é como se eu soubesse!
— Por que não veio me avisar antes de abrir a porta para ela, Yoongi!?
— Ela tem a chave! Não fui eu que abri a porta!
— Você é mesmo um bebezão, não é? Garoto... Olha só! Só cala essa boca e vem na minha história, ouviu?
— Claro! A escritora aqui é você, eu nem vou me atrever!
Yoongi ajudou a se levantar e já ia sair quando a viu abrir seu closet de novo.
— O que está fazendo?
— Vou vestir uma calça! Ou quer que eu vá conversar com sua mãe assim ainda?
Yoongi ainda estava um pouco perdido, então ficou parado a observando. puxou uma calça jeans dele, observou pela numeração dele que caberia, mas ficaria justa, porém, vestiria mesmo assim. Yoongi ainda estava ali a esperando e deixou-se levar pelo movimento das calças jeans subindo pelas pernas dela, e só se deu conta de que estava focado na bunda de , quando ela lhe jogou o outro travesseiro no rosto.
— Controle-se seu pervertido!
pegou o sapato da mãe de Yoongi que estava caído perto do closet, e puxou-o para ir na frente. Yoongi respirou e foi até a sala, encontrando sua mãe sentada de pernas e braços cruzados, com uma expressão de que o mataria.
— Omma...
— Cale a boca e sente-se, Yoongi! Onde está a moça?
— Estou aqui, ajhumma. – falou num tom de voz calmo, de quem estava tranquila por saber estar com a razão.
Yoongi se pegou pensando se por acaso era aquele tipo de pessoa que não saía do controle em situações de vida ou morte, e achou mais uma informação importante sobre ela, dada a forma como ela reagiu à sua mãe.
— Sente-se.
A senhora Min ordenou e obedeceu. Sorriu à mais velha colocando o sapato dela aos seus pés e a ajhumma Min olhava um tanto curiosa. Analisava cada característica física e cada maneira comportamental da mulher.
— Ajhumma, gostaria de explicar-me, se me permitir.
— Comece.
— Eu gostaria de dizer que sou grata à senhora pela educação que deu ao seu filho. Se não fosse ele, eu poderia estar em uma situação muito ruim agora. Seu filho é um homem muito honrável, ajhumma.
— Você sabe quem é o meu filho?
— Ah, sim... Ele é Min Yoongi.
— Então sabe que elogiá-lo não vai me fazer acreditar em você, afinal, ele é um idol famoso e você apenas uma oportunista!
— Ommoni! – Yoongi falou em defesa de , mas a amiga apenas tocou a mão dele e sorriu negando:
— Ela tem razão de pensar o que quiser, Yoongi. As circunstâncias foram estranhas não é mesmo?
— E qual é a situação então, senhorita!? – A ajhumma Min falou incomodada pela forma como a mulher parecia tranquila, livre de culpa e até sensata.
— Estávamos ontem numa danceteria, por acaso, nos conhecemos há pouco tempo. E eu estava sozinha, de táxi, mas seu filho ofereceu me levar até em casa em segurança, já que nós dois tínhamos bebido. Porém, tanto ele quanto eu dormimos no trajeto.
— E então, aproveitaram isso para dormirem juntos! – a mãe dele interrompeu, mas negou silenciosa com um sorriso, e a expressão educada e plácida dela fizera a senhora Min ficar curiosa com o restante da história dela:
— Na verdade, o motorista dele nos trouxe para esta casa, já que ele não foi informado do meu endereço. E Yoongi educadamente me trouxe para seu apartamento, não ficou tranquilo em deixar ele me levar sozinha e desacordada para qualquer outro lugar. Yoongi me deixou dormir em seu quarto. Ele dormiu no sofá, e esta manhã acordou me oferecendo que tomasse banho, vestisse suas roupas e após o café, fosse embora. Apenas isso, senhora.
— E posso saber porque aquela cena no quarto, Yoongi? – sua mãe o perguntou e ele suspirou óbvio:
— Você acredita nela?
— Nem um pouco.
— Então está respondido. A senhora iria vê-la e deduzir o que está deduzindo, então eu ia a esconder no closet.
olhou para Yoongi assustada por ele confessar e sua mãe nada surpresa por ouvir o que ele disse.
— Eu posso ser uma ajhumma, mas não sou burra. Sei que vocês jovens não respeitam mais alguns costumes, e eu sei que você está nessa idade em que um homem não consegue...
— Ommoni! – Yoongi falou a interrompendo e bateu em sua mão.
— Não interrompa sua mãe! Apenas ouça.
não sabia, mas o modo como Yoongi se calou e desculpou-se com sua mãe foram um sinal claro de que a ajhumma tinha em sua frente, uma mulher capaz de controlar os impulsos do filho, assim como ela fizera a vida inteira.
— Como eu dizia... Eu sei que vocês tem necessidades. E não me importo que namore Yoongi, desde que a sua carreira não seja destruída por isso! Você tem um contrato, sabe disso! E também não gosto de saber que é uma estrangeira que está namorando você e...
— Mãe, nós não somos namorados!
— Então você ao menos usou camisinha? Porque isso continua sendo péssimo!
— Ajhumma! – interveio ainda calma e educada: — Nós não fizemos. Realmente eu apenas dormi no quarto dele, e ele na sala.
— Ah é? Bom, e há quanto tempo você namora o meu filho?
— Ela não namora, mãe!
— O motorista Nam me contou que deixou você e sua namorada em casa. Eu não sou burra Yoongi!
— Espera... Então a senhora veio aqui para nos flagrar?! – ele perguntou surpreso e irritado.
— Flagrei mesmo? A história que ela contou é outra.
— Eu realmente fui ajudada por seu filho, ajhumma! Mas, é verdade também que Yoongi possa ter dito qualquer coisa, estávamos bêbados.
— Quem é você, querida? – a senhora perguntou num tom irônico.
— , sou escritora da...
— Você é a escritora da mangaká Entertainament? Aquela que estava no mesmo programa que ele?
— Ah... – e Yoongi se olharam surpresos pela forma como ela falou — Sim, sou eu.
— Ah! Então eu estava certa! Seu rosto não me era estranho! Eu adoro os seus livros! Eu li a série dos mangás e estou ansiosa para o drama! Mas, preciso perguntar! – o lado fã da mãe de Yoongi tomou conta da situação: — Shin Yo Nam não vai mesmo ficar com a Clair?
— Mãe... Espera... Você é fã da ?!
— É claro que eu sou! E quem é você pra me julgar? Está namorando ela!
escondeu um sorriso orgulhoso da situação, e antes que Yoongi dissesse novamente que não namoravam, a mãe dele brigou com o filho:
— Ela é a única estrangeira que eu aceito, ouviu bem, Yoongi!? E não a faça mal, ou eu sou capaz de arrancar suas orelhas!
— Eu sou seu filho!
— E ela é a primeira mulher decente que você escolhe!
— Eu nunca apresentei nenhuma namorada à senhora!
— Claro! Ela é a sua primeira!
— Ela não é minha namorada!
— Bem, então você continua não me apresentando! Está até mentindo! Se eu não apareço de surpresa, você iria a esconder também!
suspirou percebendo que a coisa só piorou, mas se aliviou ao ver a mãe dele se levantar do sofá, calçar sua sapatilha e dizer aos dois apontando a cozinha:
— Eu trouxe comida caseira, e é bom que você não permita ele te fazer comer mal, ! Yoongi sabe cozinhar, eu ensinei muito a ele! E também, quero os dois em Daegu na próxima folga do grupo, Yoongi! Essa história de dormirem juntos sem falar comigo e seu pai, nem mesmo a apresentar... Isso ainda não me desceu, e não é porque sou sua fã que eu vou te aceitar dessa forma, senhorita !
— Ajhumma, realmente há muitos mal entendidos aqui.
— Resolveremos todos em Daegu, escritora! Agora eu tenho que ir, preciso encontrar o irmão de Yoongi! – a senhora interrompeu — Veja se não demore a aparecer em casa, Yoongi! Eu vou me certificar de saber as datas da sua próxima folga! Eu vou pedir uma licença pessoal ao seu manager e...
— Omma, por favor a senhora pode nos escutar!?
— Agora não! Geumjae já está me esperando!! Escritora, aguardo-a em Daegu! – falou incisiva para e caminhou até a porta, antes de sair completamente, falou séria ao filho: — E não façam bebês! Isso destruiria a vida dos dois agora!
Yoongi sentiu o rosto enrubescer e quando se deu conta, a sua mãe saiu tal como o furacão que entrou. Ele olhou para que estava jogada de novo no sofá, ainda envergonhado e perdido.
— Vejo que a abordagem estranha e invasiva é de família.
— Eu vou dar um jeito nisso, juro.
— É bom mesmo. Olha só onde você me meteu com sua desculpa de sair um pouco!
bufou e foi até a cozinha ver que comidas a mãe dele tinha entregue e o que precisaria ser guardado.
— Pelo menos podemos almoçar algo caseiro. – ele surgiu na cozinha atrás dela.
— Você merece uns tapas! – a escritora ameaçou fazendo careta: — Cadê meu remédio? Vou tomá-lo e ir embora. Quanto mais distante de você melhor para mim.
Yoongi riu e foi até a sala trazer a bandeja que havia deixado sobre a mesa, e quando entrou na cozinha, percebeu comendo o omelete que ele havia feito antes de sua mãe chegar. Ela sorria com tanto prazer que ele não pode não sorrir, contagiado pelo sorriso satisfeito dela.
09.
Os rapazes estavam todos reunidos na sala de seu apartamento coletivo, entre jogos e outras coisas. Tae, Jimin e Namjoon assistiam a um filme, quando o telefone de Namjoon tocou. Era a ajhumma Min em chamada de vídeo. Eles estranharam, mas atenderam.
— Ajhumma! Que prazer ver a senhora! — Namjoon afirmou.
— Olá Ajhumma! — Jimin e Tae disseram juntos.
— Anyeongseo, meninos! Uwa! Como estão bonitos! Vocês são o orgulho de sua família! — brincou risonha a ajhumma diante o telefone, fazendo-os ficar enrubescidos, e depois que eles a agradeceram, a senhora perguntou ao líder: — Namjoon, o Yoongi já chegou?
— Ah, não Ajhumma. Ele ainda está no apartamento dele, acredito. Mas, a senhora não consegue falar com ele?
— Anyo! O Yoongi está merecendo um castigo! Mas, será que ele saiu com a namorada dele ou ainda estão trancados naquele apartamento!?
A ajhumma perguntou mais para si, contudo, os rapazes ficaram confusos. Namjoon ia perguntar do que ela estava falando, mas ela logo perguntou:
— Vocês devem ter o telefone dela, não tem?
— Desculpe ajhumma, mas de quem a senhora está falando? — Nam perguntou tão atento quanto Tae e Jimin.
— Da namorada dele! É claro! Não se faça de ingênuo, Namjoon! Eu já descobri que o Yoongi está namorando! Eu os flagrei juntos essa manhã e eu acho bom que vocês não sigam o exemplo do hyung de vocês! O que o Yoongi está fazendo é muito errado! Ele deveria ter dito primeiro à família dele! E vocês ainda não tem permissão de namorar, não é?
Os três estavam tão confusos quanto em choque, e Jimin se aproximou mais de Namjoon perguntando curioso:
— Ajhumma! Quem é a namorada do hyung Yoongi?
— A estrangeira, Jimin! Por acaso tem outras?
— Estrangeira? – Taehyung perguntou sentindo o peito doer com o que passou em sua mente.
— Oras! Vocês querem que eu acredite mesmo que não sabiam!? Yoongi não teria como esconder a namorada de vocês! Vocês já a conheceram naquele programa que fizeram tempo atrás! A escritora !
No mesmo instante, Jimin arregalou os olhos para Taehyung e Namjoon, também encarou a expressão desacreditada dele. A porta se abriu e a voz de Yoongi avisando que chegou foi escutada.
— Ajhumma, ele chegou... — Nam falou e chamou Suga.
Ele se colocou atrás do sofá dos meninos, bebendo água e abaixou para ver o que eles estavam vendo no telefone e se assustou com sua mãe ali.
— Ommoni!?
— Estava até agora com a sua namorada, Yoongi!? Você não tem que trabalhar ou estudar...? Olha lá, hein!
— Mãe! Ela não é minha namorada! — insistiu constrangido, mas menos do que ficaria ao saber o que ela disse para os outros.
— Não me venha com mais mentiras, Min Yoongi! Eu já estou em casa, e te liguei mais de dez vezes e você não atendeu!
— Eu...
— Esqueça! Não fique sem me atender quando estiver com a ! — Yoongi gelou por ela falar o nome da garota e olhou de rabo-de-olho para Tae enquanto ouvia a mais velha: — Eu só queria avisar que o seu pai já está sabendo também, e que Geumjae virá no final da semana que vem para casa, então, aproveitando para reunir toda a família, você traga a sua namorada para nos apresentar devidamente!
— Mãe, por favor, a não é minha namorada, ela só é a minha amiga e...
— Você realmente quer que eu acredite nisso depois de ver o que eu vi?
Jimin ficou vermelho, Namjoon também, Taehyung ainda mais, e apenas se levantou saindo dali. Naquela altura, todos prestavam atenção na conversa, mesmo os outros meninos que faziam outras coisas. Viram Taehyung sair para seu quarto cabisbaixo, e cheio de raiva estampada no rosto. Yoongi percebeu o escândalo errado que aquilo tudo causou, e viu os olhares acusadores de Jin para si.
— Omma, depois nos falamos tá? Tenho que ir agora... – ele desligou a chamada na cara da mãe, e Namjoon se alarmou pela falta de educação, mas não disse nada, já que Yoongi apontou para todos eles justificando: — Não é nada disso! Ela entendeu tudo errado e tirou conclusões precipitadas.
— Eu só queria saber o que ela viu para chegar nessas conclusões. — Jin alfinetou e foi até o quarto de Tae para ver como ele estava.
— Jogou baixo, hyung. – Jimin disse tristonho.
— Eu não estou namorando! E não aconteceu nada entre ela e eu! E... Olha, eu tenho que me explicar pro Tae primeiro.
— Espera Yoongi! — Namjoon falou indo atrás dele também, e pedindo para os meninos esperarem todos na sala.
Jin estava no quarto com Tae, e o mais novo estava mudo. Não dizia nada e Jin sabia que era a forma de Taehyung não estourar. Quando Yoongi surgiu no quarto dele, Taehyung desviou o olhar.
— Tae, não é nada disso, cara. É sério, a minha mãe chegou lá em casa hoje e viu a , saiu deduzindo coisas erradas!
— Ela dormiu na sua casa. Acho que até eu entendi essa.
— Não, Tae! Não rolou nada, eu juro! Nós saímos ontem à noite, e bebemos muito. Na volta, o meu motorista nos levou para a minha casa, a dormiu lá, mas eu não dormi com ela. Só que de manhã ela estava no meu quarto, e aí a minha mãe chegou do nada! Eu fui tentar esconder a para ela não pensar merda, mas a minha mãe entrou no meu quarto e nos viu, saiu deduzindo o mesmo que você. Mas, não! Eu não sou namorado dela e nada do tipo! Eu jamais faria isso com você, Taehyung!
— Yoongi, só me deixa tá? Eu não quero falar com você por enquanto.
Jin suspirou e junto com Namjoon pediram para Yoongi sair do quarto do mais novo. Na sala, Yoongi contou para todos eles de novo o que tinha rolado, e mesmo sabendo que era difícil acreditar, alguns com exceção de Jimin e Jin, confiaram no mal-entendido.
Durante a semana, Yoongi e Taehyung mantiveram diálogos necessários e cordiais, e Suga ainda não sabia como se livrar do evento que sua mãe armou, e ainda teria que dar aquela notícia para a escritora.
estava no seu escritório com Chang e havia contado para o melhor amigo, e chefe, o mal entendido gerado na casa de Suga. Ele havia dito a ela quase no final da semana seguinte, que não conseguira se livrar do que a mãe armou. , obviamente estava incomodada, mas não tanto quanto Sang Chang Chanyeol. O seu chefe previa que aquela confusão poderia gerar ainda mais aproximação entre Suga e . E o problema era justamente aquele.
— Então, creio que não terá jeito. Eu vou ter que ir para Daegu com o maluco do Yoongi, e lá, esclarecer para os pais dele que nós nunca fomos namorados!
— Mas será que ele quer esclarecer isso, ? – o tom de ciúme foi notado por ela.
— Hey, Chany! É lógico que ele não vai mentir, e mesmo se fizesse isso, eu não quero.
O outro torceu os lábios e logo foram chamados por Hiro, que disse precisar dos dois na reunião de projetos que se iniciaria.
[xxx]
Sexta-feira à tarde, e Yoongi estava absolutamente nervoso por que buscaria a escritora para a viagem, e ainda não havia conversado com Taehyung direito sobre aquilo. O amigo, ainda o evitava e agora Seokjin estava dando novo sermão em Suga.
— Você espera até a última hora para contar a ele, e ainda quer que ele o desculpe?
— Eu tentei falar com ele, Seokjin! Taehyung está me evitando há duas semanas! Há duas semanas eu nem converso direito com ele e não quis forçar uma situação que tornasse a convivência ainda mais delicada! Afinal, trabalhamos juntos.
— Como vai ser agora? Vai bater no quarto dele e dizer: “Ei, Tae, desculpa avisar só agora, mas eu vou levar a em Daegu! Quer ir?”. Embora o tom de Seokjin fosse de absoluto escárnio, Yoongi achou uma boa ideia.
— Sabe que não é tão ruim?
— O quê? – zombou o outro.
— É! Se ele for com a gente, eu o apresento como namorado dela, e aí resolvemos dois problemas!
— Yoongi, você está intelectualmente deficiente.
Seokjin saiu do quarto desistindo, e encontrou Jimin no corredor indicando: — Entre aí e diga para o Yoongi que ele é um idiota, por favor? Jimin tomava um sorvete e arqueou a sobrancelha dizendo em dúvida:
— Eu não posso ofender o meu hyung! — ouviu Suga o chamar dentro do quarto e entrou, perguntando: — Por que o Jin está nervoso com você?
Yoongi contou tudo para o Jimin, que depois de ouvir olhou para o chão se sentindo ainda mais chateado pela situação.
— Olha hyung... O Tae está muito chateado, e com razão. Tudo isso fez parecer que você agiu de má fé, e mesmo que tenha se justificado antes, e dado tempo a ele de desculpá-lo, agora você vai jogar tudo abaixo de novo. Porque na verdade, você deveria tê-lo dito dessa viagem. Ir lá agora e falar, tornará as coisas piores, mas não falar também. Você não tem saída, se já vai piorar tudo, pelo menos seja honesto com ele.
Yoongi percebeu Jimin sair constrangido e percebeu que o conselho dele e de Jin eram as únicas opções. Bateu na porta do quarto de Taehyung que estudava, e entrou após o amigo permitir.
— Tae, eu preciso te contar uma coisa.
Taehyung o olhou descrente, como se já esperasse ele contar: “eu estou sim saindo com a escritora”. Indicou uma cadeira para Yoongi sentar, mas ele preferiu ficar de pé na soleira da porta, e começou: — Eu não consegui convencer meus pais de não ir a Daegu. Eles não acreditam que eu estou falando a verdade, então, e eu teremos que ir para esclarecer as coisas verdadeiramente.
— E por que está me contando? É culpa ou você está fazendo o tipo que “fez a sua parte” antes de voltar, e me dizer: “Ah Tae, então não deu!”?
Suga suspirou aflito. A última coisa que queria era chateá-lo.
— Tae, eu estou falando a verdade, não me sinto culpado por nada, porque não tem o que me culparem. Foi um engano da minha mãe, que se tornou uma fofoca. E mais cedo ou mais tarde, você vai ver isso. Até lá, espero pacientemente que você possa me desculpar.
— Era só isso? — Taehyung falou suspirando e dando as costas para Yoongi, retornando aos estudos.
Saiu do quarto de Tae, e pegou sua mochila rumo ao próprio carro. Deu um “até logo” a todos os outros meninos no dormitório por onde passou, e foi ao encontro de .
A escritora já o aguardava na saída de seu trabalho, com sua pequena mala, e ao ver o carro dele parando, se encaminhou até ele. Colocou sua malinha no banco de trás, e retirou a bolsa trançada de seu corpo entrando no carro.
— E aí, tudo bem escritora? — Yoongi falou com uma cara de enterro ao vê-la entrar.
— Eu estou ótima, mas a sua cara de quem está indo para a forca me preocupa. — suspirou ela colocando o cinto.
— , sério. Desculpe por isso! Eu juro que eu tentei.
— Relaxa Yoongi, ‘tô encarando como um passeio. Eu vou para Daegu, sem pagar hospedagem e ainda vou conhecer o passado de um BTS na fonte. Está tranquilo.
Apesar de desconfortável a situação, estava genuinamente sendo sincera. A tranquilidade em seu rosto fazia com que Yoongi também ficasse mais tranquilo, mas ela notou enquanto ele dirigia como o estranho novo amigo-falso-namorado estava chateado.
— Aconteceu alguma coisa, ou realmente devo me preocupar que seus pais vão nos casar quando chegarmos a Daegu? — o tom sarcástico arrancou um risinho dele.
— Taehyung não fala comigo. Está uma situação estranha...
— Er... — refletiu e confusa perguntou apontando para si e para ele: — Por causa disso?
— Sim. — Yoongi a olhou rapidamente e notou a expressão de estranhamento da escritora, dando um jeito de esclarecer: — A minha mãe ligou para os meninos e deixou escapar que nós somos namorados, e meio que... Disse o que ela viu, sem de fato dizer. Ficou parecendo que ela nos pegou num flagrante, e eu não consegui convencer os meninos totalmente. O Tae então... Nem tem olhado na minha cara.
— Tá... — soltou um muxoxo desacreditado e continuou: — Eu não entendo porque ele está nessa! Não faz nem sentido, não é? O garoto pede meu telefone e nem me liga! Pelo contrário, o amigo dele cola na minha saia! Na minha cabeça, quem tem intenções comigo é você.
Yoongi arregalou os olhos, ansioso, e começou a emburrar dizendo:
— Mas se até você não acredita em mim, vai realmente ficar muito difícil desfazer essa confusão! É o Tae que quer sair com você, !
— Yoongi, sejamos coerentes: faz sentido para você ele simplesmente não dar um passo que confirme isso o que você diz?
— Eu sei que parece estranho! Mas... O Tae é reservado, ele é mais novo do que você e...
— Ah então o problema sou eu? — começou a indagar sentindo como se ele fosse culpar a idade dela, que na verdade era a mesma de Suga.
— Não ! Você não é um problema, só que para ele... Olha eu não posso falar por ele. Isso é algo que só o Taehyung vai poder explicar!
— Não pode falar por ele, mas veio chamar a escritora para sair no lugar dele. Bem normal né? – debochou.
Yoongi decidiu que não iria insistir. À medida que tentava consertas as coisas, tudo só piorava, então, a melhor coisa a fazer foi ligar o aparelho de som do carro, e levar a viagem com conversas sutis, alguns risos e depois que pegou no sono, ele até mesmo cantarolava.
— Geum? — atendeu uma chamada do irmão, e olhou para o lado vendo que a escritora cochilava com a cabeça escorada na janela.
— Falta muito para chegar, Yoongi? A omma já está pensando que você mentiu e não está a caminho.
— Aigoo... Estou entrando na cidade, logo mais eu chego. Que pouca fé!
— Não tem como culpá-la. Quem escondeu a namorada foi você... — Geumjae sacaneou com um tom um pouco mais humorado do que o normal.
— Aish! Ela não é minha namorada! Geumjae, até logo!
Yoongi desligou a chamada com um pouco de nervosismo no rosto, porque estava chegando em casa e encararia sua família inteira pensando que ele e eram um casal.
Por alguma razão, aquela situação o deixava cada vez mais apreensivo. que já estava acordada a algum tempo, apenas de olhos fechados ouvindo tudo, abriu-os e sorriu para Yoongi zombando:
— Você não tem um pingo de moral entre seus familiares, não é? Ninguém acredita no que você diz, e isso me faz pensar: você era um mentiroso na infância, Yoongi?
— Aish... Que fofoqueira fingindo que estava dormindo!
gargalhou e abriu a janela podendo observar melhor a noite de Daegu.
— Eu ainda não tinha vindo até essa cidade... — aspirou o ar friozinho e colocou o rosto um pouco mais para fora, apoiando-se na porta.
Yoongi sorriu largamente a observando pelo retrovisor lateral. O sorriso de era algo mesmo muito bonito, e o modo como ela parecia maravilhada com tudo, também era uma cena digna de ser memorável.
— Obrigada! — ela falou se virando para ele, e ajeitando-se no banco o pegando de surpresa: — Embora a situação tenha tudo para ser caótica, pelo menos eu vou conhecer um lugar novo.
— Eu posso te levar aonde você quiser!
Yoongi disse tão prontamente que até ele mesmo estranhou. sorriu fraquinho, percebendo que o coreano havia ficado sem jeito e achou aquilo até fofo, para alguém que se mostrava rabugento a maior parte do tempo. Chegaram até a casa da família Min, e notou que a mãe de Yoongi já abria a porta de entrada da casa modesta, e não tão simples quanto pensava. Os pais de Yoongi estavam à entrada da casa, aguardando enquanto o filho adentrava com o carro na garagem.
— Ok, agora eu estou achando isso um pouco demais... Olha a expressão deles... — falou sorrindo pelo vidro, falsamente.
— Está com medo agora, não é? — Yoongi soltou o cinto e pegou a mão de a olhando de forma engraçada e prestes a fazer piada com a situação, falou: — Fique tranquila querida, eles vão gostar de você!
deu um tapa na mão dele, e riu ao dizer antes de abrir a porta e descer: — Claro que vão! Eu sou adorável! Você corre o risco de perder seu posto de filho pra mim, estranho!
A mulher desceu, e Yoongi sorriu ao vê-la cheia de coragem saindo do carro. Respirou fundo e abriu sua porta saindo também. Pôde ver sua mãe vindo até a mulher e a abraçando de uma forma cortês demais para o que ele estava acostumado. Certamente, sua ommoni deveria mesmo ser fã da escritora. Seu pai a cumprimentou de forma educada, enquanto a esposa dizia: “Essa é a namorada de Yoongi!”. Ele trocou olhares com e viu a mulher sorrir como quem dizia que não era o momento de esclarecer as coisas. O casal Min guiou-a na frente mal se importando com a presença do filho. Era como se estivessem dando graças por Yoongi apresentar uma mulher como sua namorada.
Geumjae estava dentro de casa, e para a surpresa de Yoongi também estava acompanhado. O evento realmente era uma viagem de apresentações, a diferença é que o relacionamento de seu irmão com a Jinah era real. Depois dos devidos cumprimentos, a senhora Min afirmou que as duas moças dormiriam juntas no quarto de Yoongi, e que os dois rapazes dormiriam no quarto de Geumjae. assentiu e logo se enturmou com Jinah e Geumjae. Apressou-se a ajudar sua falsa sogra e falsa cunhada no jantar, enquanto os três homens conversavam na sala.
— Ela é bem bonita, Yoongi! — o irmão falou fazendo um sinal de “ok”.
— Sua namorada também. Ela tem algum problema?
— Engraçado, eu ia perguntar a mesma coisa sobre a sua! O que uma mulher linda e aparentemente mais inteligente do que você, está fazendo ao seu lado?
— Ela é muito inteligente mesmo, por isso está ao meu lado. — Yoongi zombou de volta sem dar-se conta do que dizia.
— Uwa!— o pai interrompeu a discussão ente irmãos dizendo: — Meus dois filhos se tornando homens trazendo namoradas em casa! Eu realmente estou ficando velho.
— Appa! Espera... Eu tenho que esclarecer uma coisa... — Yoongi suspirou.
— Eu sabia! Ela tem algum problema não é?
— Cala a boca, Geum!
— Hey rapazes! — apareceu os interrompendo: — A ajhumma disse que não vai contar até três para virem comer.
Enquanto Geumjae e o senhor Min se levantaram para ir até a sala de jantar, passando por e a cumprimentando com sorrisos e expressões de alegria, a escritora notou Yoongi a olhando pedindo para esperar. E assim que ficaram a sós, ele caminhou até a entrada do corredor e pegou pela mão a puxando para outro canto do cômodo, um pouco desesperado.
— Como vamos fazer isso? Quero dizer... Eu ‘tô com medo de acabar dando a entender que somos um casal, então...
— Yoongi, relaxe. — falou risonha notando ele se sentindo acuado — Não dá para falar isso na mesa do jantar, então, depois que arrumarmos tudo a gente conta. Assim, se rolar estresse todos vão dormir mesmo...
— É... Geumjae tem razão. — ele a olhou de modo admirado — Você é mesmo muito inteligente.
— Está muito nervoso Yoongi. Não tem motivos para ter medo de contar a verdade, não é?
falou e apenas saiu sorrindo e negando com um meneio de cabeça. Os dois entraram no cômodo ao mesmo tempo, e Geumjae disse algo como “já estar indo buscar os pombinhos”, e notou novamente, que Yoongi coçou a nuca nervosamente. Serviram-se, jantaram e conversavam bastante sobre suas vidas particulares. As mulheres estavam sendo alvejadas de perguntas dos pais, e tanto Jinah quando , respondiam a tudo sem nenhum medo.
Yoongi observava o modo como a escritora lidava com a situação de forma natural, e quase se deixou iludir pela mentira de que aquele era o primeiro jantar de namoro oficialmente. Depois, os homens foram organizar a cozinha, enquanto as mulheres conversavam na sala.
— Seus pais sabem que estão namorando? — A ajhumma perguntou às duas, quando os homens já estavam retornando.
— Sim, o Geumjae conheceu os meus pais primeiro. — Jinah sorria pegando na mão do namorado que se sentava ao seu lado e olharam-se apaixonados. Yoongi se jogou de qualquer jeito no sofá ao lado de , fazendo até mesmo o corpo da mulher, dar um saltinho e bagunçando os cabelos dela. Ela o encarou com uma expressão de careta pelo comportamento dele, e não notaram como todos o encaravam esperando uma resposta.
— Que foi? — Yoongi perguntou aos quatro pares de olhos.
— Você já conheceu os pais dela, Min Yoongi? — o pai perguntou sério — Foi pedir permissão para este namoro da forma certa como seu irmão?
— Ah... Não. Mas é que...
— Não acredito Min Yoongi! — a mãe dele gritou se levantando um pouco do encosto do sofá: — Você está fazendo tudo errado? O que pensarão de nós? Nosso filho não tem respeito por regras básicas!?
— Ommoni, não é isso! É que como dissemos, nós não somos namorados!
E o silêncio a seguir foi tão constrangedor quanto à situação mentirosa no todo. A verdade era uma infâmia tão grande para os pais de Min Yoongi, que observava curiosa às reações.
— Nós te dissemos isso, omma! — Yoongi resmungou um pouco mal educado apontando para si e para .
— Bem, o que ele quer dizer senhora Min, é que nós tentamos esclarecer isso antes, mas parece que as informações se desencontraram. E eu só estou aqui, porque foi preciso que eu viesse pessoalmente para esclarecer já que...
— Já que vocês não acreditam em mim! Eu estou a uma semana dizendo que este jantar não teria sentido!
Yoongi interrompeu , e novamente a escritora retomou a fala tentando amenizar o tom usado pelo amigo:
— Quer dizer, pelo menos não para nos apresentar como namorados. No final das contas, Geumjae trouxe uma namorada de verdade, e preciso dizer que foi uma excelente escolha, Geumjae! — disse cortês.
A ajhumma Min encarou Yoongi e de uma forma ultrajada. Não estava com raiva dos dois, mas havia se animado por achar que fosse sua nora. Apesar de ser uma estrangeira e ela não ter tido aquele tipo de sonho para seus filhos, em casá-los com uma mulher não coreana, ao menos , em sua concepção, era elegante e sabia se portar. Era uma mulher bonita e agradável.
— Bem, mas o que foi aquilo que eu vi então? Você estava a agarrando Yoongi! — a mãe falou ainda ultrajada.
Os três homens se sentiram constrangidos, assim como Jinah, mas segurava o riso. Poderia explicar ela mesma, já que Yoongi parecia ter sido pego nu, até que o ajhussi Min disse primeiro:
— Querida... É comum que na idade deles, e nesta geração os rapazes sejam...
— Não, não! Se o meu filho dorme com uma mulher, que tipo de modos são esses!? — a ajhumma reclamava — Ele desvirtua a filha de outra família assim e diz que não tem um relacionamento?
— Omma! Os tempos são outros! — Geumjae falou para ajudar o irmão.
— Chega! — Yoongi falou firme e se levantou com as mãos na cintura, um tanto nervoso: — Ommoni, eu não estava a agarrando! A senhora entendeu tudo errado e ainda que estivesse não estamos mais na Era Joseon! Um homem e uma mulher transam sem terem algum tipo de relação, ok? E nós dois... — apontou para e para si — Não temos uma relação, não namoramos, tampouco transamos! É isso! Foi tudo um mal entendido e, por favor, pare de dizer que ela é minha namorada, porque não é!
Yoongi puxou a mão de que o olhava assustada como todos os outros e saiu a guiando para fora de casa.
— Hey Yoongi! — a mãe gritou: — Aonde você vai?
— Eu vou dar uma volta com ela!
pegou sua bolsa de qualquer jeito que estava sobre o sofá e colocou-a no corpo vendo Yoongi a arrastar pela entrada da casa, atônito.
— Yoongi! Que surto é esse!? — ela falou assustada ao ver que ele ainda a arrastava pelas ruas do bairro — Nem pegou seus documentos! Até onde vamos andar?
Yoongi não deu ouvido. Parou um táxi e a indicou que entrasse. Quando estavam lá dentro, ele notou que realmente não havia pegado nada.
— Você paga.
— Minha nossa! — reclamou rindo: — Você vai sempre me meter em roubadas, é isso?
— Ajhussi, nos leve para o Old Blue! — disse para o motorista à frente e retornou o olhar para sem notar que ainda segurava a mão dela: — Você vai conhecer meu bar favorito.
arqueou a sobrancelha estranhando o modo como ele estava pouco se importando com o modo como saiu de casa, e soltou a mão dele. Só então Yoongi olhou para a mão que segurava a dela, e notou que não havia soltado a mulher. Chacoalhou a cabeça revoltado por toda a confusão desnecessária e direcionou um olhar contemplativo para fora da janela até que viu o telefone de estendido para si.
— Ligue para eles, avise que estamos bem e indo para um bar. Sua mãe vai ficar preocupada.
— Eu não. Liga você.
revirou os olhos com os modos mal educados dele de novo.
— Disca logo, Yoongi! — brigou.
Ele pegou o aparelho e discou o número de casa, onde logo em seguida insistiu que se ela queria avisar, que a mesma fizesse aquilo. A mulher então conversou com a senhora Min pelo telefone explicando tudo, e ouviu a outra suspirar aliviada. Depois, seguiram para o tal bar e quando estavam entrando, disse de forma divertida:
— É melhor que este lugar não seja tão caro!
— Eu era um fodido quando morava aqui, sabe? — Yoongi brincou guiando-a para uma mesa.
Depois que se sentaram os dois fizeram seus pedidos e iniciou a conversa:
— Será que pode me dizer que reação foi aquela?
— Do que está falando?
— Yoongi! Por que está tão desesperado com essa mentira? Quero dizer, esclarecemos as coisas, não tinha porque agir daquele jeito com a sua mãe... Eu sinto que você está decepcionado de ter que desmentir tudo.
— Talvez eu esteja um pouco... — deu de ombros bebendo e percebeu o olhar surpreso de , desviou os olhos para o próprio copo explicando: — Geumjae e eu temos uma boa relação, apesar de sermos um pouco distantes um do outro. Não pense que é porque ele está levando alguém de verdade, já que eu já estou aflito com isso desde antes.
— Eu sei, não tem a ver com Geumjae e se você viesse com essa desculpa esfarrapada, eu desmentiria.
— É... Não tem a ver com ele. Mas, de algum modo meus pais não estiveram sempre aprovando as minhas escolhas... O meu pai achava que eu deveria ter seguido outra carreira, e a minha mãe... Acho que em relação às mulheres ela sempre teve expectativas altas demais. Eu tô surpreso de ela se mostrar satisfeita com você de alguma forma...
— Então, está querendo dizer que o fato de trazer uma namorada de mentira para sua casa te deixa magoado porque, de certa forma, é a primeira vez e logo nessa situação é uma decepção para eles?
— Mais ou menos por aí... Eu nunca apresentei mulher nenhuma. E nem pretendo, na verdade.
assentiu virando sua bebida também. Observou ao redor do bar e notou como haviam muitos casais ali, e então encarou Yoongi de novo. Ele ainda encarava o próprio copo com um olhar vazio.
— É mentira.
— O que?
— Dá para ver na sua testa que você queria muito que fosse real. Não nós dois, mas digo, isso de levar alguém em casa.
— Você tá maluca? Viu como a minha mãe é possessiva e controladora?
— Ela é assim porque você sempre deixou, e acho que o que ela realmente quer é sentir que você terá uma mulher com o mesmo efeito que ela tem sobre você. Por isso ela ficou satisfeita comigo, deu para ela notar que a probabilidade de eu controlar você é maior do que o contrário.
— Eu duvido! Ela não ia querer uma mulher mandando em mim! E você não manda em mim...
— Não precisa de muito tempo contigo para saber que você toma umas escolhas estranhas e confusas sozinho, não é Agust? — ironizou com o apelido que precisou criar para disfarçar a identidade dele — É nítido que com o tempo você vai comer na minha mão também.
— Isso é ridículo.
Yoongi observou o que dizia e cruzou os braços sobre a mesa sorrindo desafiador para :
— Então, o que você acha é que a minha mãe quer uma aliada?
— Sem dúvida! Eu sou uma mulher adorável, eu te disse, mas com certeza o fato de que eu meio que impus certo controle na situação desde o começo, mostrou para ela, que eu sou uma mulher foda demais para não ter medo de uma ajhumma. E é como dizem, mulheres fodas querem outras mulheres fodas ao lado.
— Quem diz isso? — Yoongi arqueou a sobrancelha, confuso.
— Eu digo. Mas, sabe, não precisa ficar chateado, agora que sabe que tipo de mulher sua mãe espera, essa situação toda foi, na verdade, um bom aprendizado para você. E apesar da decepção dela em saber que eu não sou a nora escolhida, ela vai superar isso. Ela não é a primeira a sofrer por isso... — Você é muito convencida! — Yoongi zombou — Então, eu só preciso encontrar uma mulher como você? É isso?
— Não. Exatamente como eu, não vai rolar.
— Me deixa adivinhar: porque você é única no mundo?
— Logico! Ou você me apresenta como sua namorada um dia, ou vai ter que se contentar com uma versão menos qualificada. Mas, você conseguirá estranho. Acredite nisso!
falou demonstrando um gesto de quem não poderia desistir. E Yoongi riu animado. Sem dúvida, era única.
Eles riram juntos, beberam o suficiente para que relaxassem sem ficar bêbados, depois Yoongi levou para uma caminhada aos arredores, onde apresentou um pouco mais dos pontos da cidade. Quando retornaram para casa, aparentemente todos dormiam, e então entraram com risos baixos e subiram os degraus da sala se despedindo na porta do quarto de Yoongi.
— Obrigada pelo passeio, estranho. Apesar de estar me devendo uma grana! — sussurrou.
— Que mesquinha! — ele falou apertando o nariz dela se aproveitando que ela não poderia reclamar senão acordaria os outros. — Boa noite, qualquer coisa bate na porta do quarto ao lado.
assentiu e os dois entraram ao mesmo tempo, mas ela não viu Jinah ali. Apesar disso, retirou sua bolsa do corpo, pendurando-a na cadeira, e trocou de roupa, indo para a cama de Yoongi em seguida. O colchonete no chão, provavelmente para ela e onde Jinah deveria estar não havia sido mexido.
Yoongi entrou no quarto do irmão se deparando com o casal dormindo profundamente e agarradinhos. Pensou que aquilo provavelmente seria algo que Geumjae o pediria. Então, ele pegou sua mochila e foi até seu quarto, batendo na porta. se deitava na cama e riu por imaginar que Yoongi estaria ali para reclamar do irmão agarrado à namorada.
— Entre.
— Eles estão juntos! — reclamou entrando no quarto e fechando a porta.
— Era de se imaginar.
— E não duvido que ele fosse propor o mesmo se a gente não dissesse a verdade! — Yoongi deixou sua mochila sobre a própria mesa do quarto afirmando: — Eu vou deixar minha mochila aqui já que essa história vai se repetir.
acenou afirmativa enquanto se ajeitava melhor na cama e via Yoongi ir até o guarda-roupa.
— E só vou pegar outra roupa para me trocar, eu não consegui achar a que eu separei lá no quarto dele.
— Vai dormir onde?
— Lá embaixo, no sofá.
— E entregar seu irmão?
— Como assim?
— Ué, estranho! Se você dormir lá, a sua mãe vai desconfiar! Deita aí no colchãozinho do chão. Só temos que acordar cedo e chamar a Jinah para cá.
— Mas se eu fizer isso vai ficar parecendo que a gente realmente dormiu juntos.
— Não vai não, diremos para o seu irmão que quebramos o galho dele, só isso.
Yoongi refletiu e deu de ombros. Pediu para se virar para que ele trocasse de roupa e ela riu debochada, mas se virou.
— Vem cá, é sério que é a segunda vez que você vai tomar a minha cama? — ele falou fazendo o olhar de volta, depois de vestido.
— Seja cavalheiro!
O rapaz fez uma careta e suspirou deitando-se no colchão do chão. Os dois desejaram “boa noite” um para o outro e então dormiram. No dia seguinte Jinah acordou antes e bateu levemente na porta, abriu uma fresta e viu que o cunhado dormia no chão. “Eles não são mesmo um casal”, pensou. Ela entrou e acordou , de modo delicado. A escritora a encarou sonolenta, e então assentiu entendendo a situação.
— Yoongi... — sacudia o rapaz ao chão, mas ele não acordava. Então ela puxou um pouco a coberta para destampar o rosto dele, e enfiou o dedo indicador na bochecha dele: — Acorda estranho!
— Aigoo... — Yoongi tirou o dedo dela de seu rosto a empurrando — Sai!
— Vai logo, Yoongi! Jinah está aqui e você tem que ir pro quarto do seu irmão.
Yoongi olhou para cima e viu as duas mulheres o encarando, um tanto mais perto do que a outra. Então ele se levantou apontando um dedo para a cunhada que se escondia entre os próprios braços, envergonhada por seu pijama, e falou zangado:
— Você e Geumjae nos devem!
Saiu rabugento, e a mulher assustada olhava pra outra que sorriu amena a confortando:
— Ele ladra, mas não morde. Agora deita aí Jinah, a ajhumma com certeza virá nos acordar.
voltou a dormir um pouco e Jinah fez o mesmo.
10.
No outro dia, Yoongi quis mostrar um pouco mais de sua cidade para . Após o café da manhã, Geumjae sugeriu que visitassem os parques que eles iam na infância para brincar. E achando boa ideia, topou apesar da expressão de poucos amigos de Yoongi.
— Por que essa cara? — perguntou já rindo da possível resposta rabugenta e sem nexo.
— Geumjae sabe que eu detesto revisitar os lugares da infância. Não foi tão legal para mim quanto foi para ele.
A amiga ponderou sobre aquilo e vendo as crianças em volta com seus pais reunidas e alegres, sugeriu:
— Tem razão. Meio passeio de namoro esse, né? — Yoongi a encarou surpreso e atento: — Porque a gente não faz aquilo que só os adultos podem fazer?
Os olhos dele se espremeram em dúvida.
— Eu tô falando de beber, Yoongi.
— Eu sei! Claro que eu sabia!
A mulher riu da maneira como ele havia ficado sem graça e então eles retornaram para a casa dos pais do Yoongi. Ao chegarem, Jinah e foram ajudar a mãe dele com o jantar, enquanto a ajhumma enchia as garotas de histórias dos meninos. Geumjae e Yoon ficaram sós, já que seu pai havia saído.
— Jinah me contou que vocês não estavam dormindo juntos.
— Eu falei que não éramos um casal...
— Mas a omma disse que pegou vocês na sua casa agarrados e ela estava quase nua.
— Isso por acaso é motivo para sermos um casal? — Devolveu ao irmão, um pouco irritado.
— Não, isso significa que ao menos vocês transam. — Geumjae riu — Olha Yoongi, sabe-se lá por que razão a mamãe gostou dela e decidiu acreditar que se não é sua namorada ao menos será. Porque ela realmente acha que vocês tiveram algo.
— A mamãe está sempre procurando alguém para mim... — Ele suspirou.
— Por quê trouxe ela aqui? Poderia muito bem ter vindo sozinho e dito para nós tudo o que disse.
— Talvez eu quisesse mesmo que ela viesse para não parecer que eu preciso de alguém me arranjando futuras noivas. Eu estou cansado da mãe se meter na minha vida, Geumjae. Eu já não sou um garotinho, e ano passado ela insistia na Mirae dizendo que “eu não era bom escolhendo mulheres”, e agora, sabe-se lá por que motivo, ela cismou que eu fiz uma boa escolha com a ? E eu nem tenho nada com ela! Você não sabe o problema que eu me meti em trazer ela para cá!
Geumjae viu o irmão falar sem parar e então abafou um risinho.
— Vai negar o quanto quiser, mas independente dos motivos que você teve e dos problemas que ela te trouxe, você está a fim dela.
Yoongi arregalou os olhos, e antes de começar o seu protesto, seu irmão entregou para ele uma foto que tirou no próprio celular. Era Yoongi observando a interação de e sua mãe.
— Você pode não sentir nada, mas há uma admiração. E a admiração é o primeiro sentimento que nos faz querer estar perto de alguém.
Yoongi ficou reparando que realmente, havia um sorrisinho de canto no seu rosto naquela fotografia, e aquilo não poderia ser um bom sinal, não é?
— O Taehyung gosta dela. Ele tentou se aproximar dela, mas não conseguiu e então, eu me meti para ajudar, mas no fim rolou todo esse mal-entendido com a mamãe e ela falou para os garotos que eu e a estamos juntos.
— Uow, entendi... — Geumjae ficou mais sério — Parece que você foi desleal com seu amigo, não é?
— É, e essa nunca foi a minha intenção. Se eu realmente quisesse sair com ela desse jeito, eu teria dito a ele... É só que, eu notei que ela é uma mulher incrível e a gente parece se dar muito bem. Eu quero ser amigo dela, mas... Se isso tudo desandar, eu vou me manter longe.
Geumjae suspirou e tocou no ombro do irmão aconselhando-o a ser sincero não só com Tae e , mas também consigo, e que não há nada de errado em sentir atração por uma amiga, mas ele precisa saber o que realmente está disposto a viver com ela.
Yoongi começou a achar péssima ideia sair para beber aquela noite com . Já havia notado que quando bebiam, ela lhe parecia muito mais atraente aos olhos, do que o devido. E por fim, Jinah sugeriu que eles assistissem um filme, já que sua mãe sairia com o pai dele para um evento que já havia sido marcado aquela noite. Assim, os quatro ficaram em casa assistindo aos filmes, e acabaram adormecendo ali mesmo. Geumjae e Jinah abraçadinhos em um dos sofás, e Yoongi e , que estavam escorados nele sentados ao chão sobre almofadas e cobertores, apagaram um no ombro do outro. Quando o senhor e a senhora Min chegaram e se depararam com aquela cena, sorriram um para o outro.
— Parecem adolescentes, não é? — O senhor Min proferiu sussurrado à esposa: — Acorde-os, eu vou subir.
Ela assentiu e ficou parada observando-os mais um tempo. Jinah era uma ótima garota, e bastante tradicional como era o sonho da senhora Min, mas não.... Ela era estrangeira, e aquilo lhe preocupava, contudo, desde que a conheceu soube que era uma boa mulher, e forte. Além de admirar os trabalhos de , agora, admirava a pessoa. E pela primeira vez precisava dar o braço a torcer de que Yoongi escolheu bem. Apesar dos dois insistirem que não eram um casal, a ajhumma sabia que havia algo entre eles e que seria apenas questão de tempo. Retirou o telefone do bolso e fotografou os casais, sorriu, decidida a conquistar por seu filho!
xxxx
depois
Ao fim daquela viagem, retornar para o dormitório pareceu ainda pior. Taehyung não estava mais o evitando, mas ainda estava distante. Yoongi decidiu que precisaria dar um jeito naquela situação! Os amigos acreditavam nele, mas também compreendiam Tae, por isso, uma ideia passou à mente de Yoongi. E lá ia ele novamente, perturbar , na saída de seu trabalho.
— Ok, eu estou começando a achar que você quer uma vaga de roteirista! — Ela falou risonha quando o viu parado à recepção.
— Se eu for expulso do meu grupo, eu aceito a proposta!
— O que aconteceu?
— Está livre essa noite? — Perguntou acompanhando-a em passos para o estacionamento da empresa dela — Pensei em te levar para conhecer os meninos.
— Jantar com os BTS? — Arqueou uma sobrancelha — Deixa eu adivinhar... é mais uma tentativa de me enturmar com o Taehyung?
— Com todos, na verdade, eu acho que é uma boa ideia eles verem que não estou te escondendo por ter algo contigo. E perceberem eles mesmos que a gente não é mesmo um casal. Isso está meio que atrapalhando a minha relação com eles de um modo geral...
notou a seriedade com a qual Yoongi falava aquilo e ficou realmente preocupada.
— A última coisa que eu quero é uma horda de fãs e jornalistas atrás de mim por motivos errados, não serei a responsável por um atrito idiota desse.
— Então você vai jantar com a gente?
— Vou. Me dê a localização e apareço lá.
— Na verdade você tem que ser levada por mim, com um capuz preto na cabeça para não descobrir o caminho. — Yoongi disse sério e ouviu um “como é?”, de com a expressão assustada — Brincadeira!
A mulher o empurrou de leve e ele gargalhou antes de sair em rumo contrário ao que ela iria:
— Oito horas, está bem? Te mando o endereço por mensagem! Melhor você chegar sozinha do que comigo e eu preciso avisá-los.
— Ok, mas, eu acho que você vai arrumar mais problemas avisando de última hora. Não tô nem aí, me prometeu comida, agora eu vou! E é bom vocês fazerem um bom jantar! Tive um dia e tanto!
A amiga entrou no carro e Yoongi sorriu satisfeito. era muito divertida e sarcástica, e era leve. Uma pessoa leve! Correu para seu próprio carro na pressa de passar em um restaurante e pedir comida, porque com certeza, Seokjin iria o matar se ele pedisse ajuda para preparar um jantar de última hora.
Chegou no apartamento com toda aquela comida nos braços, e Jimin o ajudou sentindo o cheiro apetitoso.
— Uwa, hyung! O que é tudo isso?
— Nosso jantar!
Jungkook sorriu com olhos esbugalhados vindo mexer nas sacolas, e chamando a atenção de todos ao que acontecia.
— Não toque, JK! Não é para agora! — Os amigos todos olharam para Suga, confusos. — Eu quero avisar que chamei a para vir jantar hoje aqui, e como sei que foi em cima da hora, eu já trouxe comida. É bom todo mundo tomar banho, não vão querer parecer um BTS fedorento, né? Não esqueçam que ela é nossa fã!
— Qual o tom dessa apresentação? — Seokjin perguntou sério olhando para Namjoon. Os dois observaram a reação de Tae, descontente. — Por que está a trazendo aqui?
— Porque ela é uma amiga, e não é óbvio? Taehyung não moveu um músculo, quem sabe ela vindo até aqui, vocês todos não se aproximam dela também e param de achar que eu sou o vilão da história?
Yoongi notou a desconfiança de Jin no tom de voz, e falou sem muito cuidado se pareceria ofensivo ou não. Em seguida, pegou as coisas para levar à cozinha, com Jimin e JK o ajudando.
— Taehyung, tudo bem? — Seokjin perguntou preocupado.
— Claro, não se preocupem comigo. — O mais novo falou indo em direção ao quarto.
— Não sei se fico tranquilo com isso... — Namjoon falou para Jin — A tentativa de Yoongi parece boa, mas.... Será que isso ainda é o que o Tae quer?
— Também não sei... Ele está estranho.
Todos se arrumaram e esperaram a escritora chegar comportados, como se estivessem recebendo a rainha Elizabeth. Yoongi saiu do banho descendo as escadas todo despenteado e com uma roupa qualquer. Observou os amigos e ironizou:
— O presidente da Coreia que está vindo? Que roupas são essas?
— Nós só não queremos parecer um molambo perto de alguém que vamos conhecer. Sua mãe não te deu modos? — JHope falou risonho ao observar Yoongi tão... desleixado.
— Ok, mas vocês vão ver que não precisa disso tudo...
No exato momento em que ele falou, a campainha tocou e Yoongi jogou a toalha no ombro abrindo a porta e dando de cara com , vestida de forma casual.
— E aí, Estranho! — Ela o cumprimentou sorrindo e os amigos puderam ouvir, se encaravam surpresos pelo modo como aqueles dois se tratavam.
— Ora, ora! Achei que chegaria com o cabelo bagunçado pelo capuz!
— Idiota! Eu posso entrar ou não?
Os dois riram e Suga deu passagem. entrou sorrindo, um pouco ansiosa por ver todos eles de novo.
— Olá, boa noite!
Os rapazes a cumprimentaram de longe, um tanto sem jeito e ela percebeu que estavam tão nervosos quanto ela de receberem-na ali. Então ela olhou para Yoongi, dos pés à cabeça:
— Você por acaso é um morador de rua? Isso é jeito de receber visita? Olha os seus amigos como estão apresentáveis!
— Você não é visita para mim, é só uma doida que invadiu um dormitório masculino proibido.
arregalou os olhos na hora e começou a bater em Yoongi.
— O QUÊ? Eu não podia vir? Eu tô aqui clandestina? — Perguntava ao amigo e olhava aos outros que começavam a rir — Seu idiota! Por que a gente não foi num restaurante então?!
— Porque a gente nunca trouxe uma garota e gostamos de adrenalina, não é pessoal?
Os rapazes começaram a relaxar e a se aproximar de a cumprimentando direito. Jimin foi o único que abriu os braços para a abraçar com um sorriso no rosto.
— Ah! Alguém que gosta de abraços! Gostei de você, Jimin! — Se jogou num abraço forte a ele.
— Culturalmente vocês brasileiros gostam, não é? Eu também gosto!
— É o agarradinho do grupo, ele... — explicou Yoongi — Eu vou estender minha toalha e lavar a minha cueca, fica aí se apresentando e vê se não desmaia de emoção!
fez uma careta para Suga, assim como Jin negou com a cabeça pelo comportamento de Yoongi. A escritora cumprimentou com apertos de mãos todos eles, e foi abraçada apenas por JHope e Jimin. Jungkook parecia nervoso perto dela e Taehyung... Ele foi o último a se aproximar com as mãos no bolso e um sorriso pequeno no rosto, estendeu a mão para ela e a escritora ansiosa pegou-a. Ele era o seu favorito no grupo, e desde o dia que se conheceram, ficou com os olhares dele ao longo do programa, na cabeça. Mas, ali, nem parecia o mesmo homem que pediu seu telefone.
— Taehyung, finalmente estou o revendo.
— Seja bem-vinda.
Os amigos notaram que ele não alimentaria um diálogo, então Seokjin chamou a atenção para irem comer já que todos estavam famintos, e a guiaram para o que seria a mesa de jantar.
— , fique à vontade para se servir.
— Ah! Me deixe servi-los! — Disse educada tirando os pratos da mesa e pedindo que eles se sentassem — Estão me recebendo na sua casa e prepararam uma mesa tão bonita! Deixe eu os servir em agradecimento também.
— Garota, acha mesmo que a gente ia cozinhar em cima da hora para você? — Yoongi falou se aproximando e rindo sarcástico ao lado dela: — Comprei a comida!
— Não fez mais que a sua obrigação! Quem convida alguém para jantar em cima da hora? Quer saber? Você devia servir a mim e seus amigos, pela sua falta de elegância, Estranho!
entregou o prato na mão dele com a sobrancelha arqueada e os outros riram, concordaram imediatamente e se sentaram todos, inclusive .
Taehyung observava a interação entre os dois, certo de que não eram um casal, mas tinham tudo pra ser. Suspirou um pouco incomodado e Jimin notou, o amigo sentado ao seu lado sussurrou para ele:
— O que foi Tae?
— Não é nada.
— Ela pareceu ansiosa para te conhecer... — Jimin falou e Tae deu de ombros — Não vá descontar sua frustração nela, Tae. Se ela conversar com você, dê uma chance. Seja lá o que o Yoongi pensou, no fim, ele trouxe ela até você não foi?
Taehyung apenas assentiu calado.
Eles jantaram, conheceram mais sobre a e ela sobre eles, depois a mulher ajudou Jungkook que aos poucos foi perdendo o nervosismo com ela, a arrumar a cozinha e ao acabarem seguiram para a sala, Jin e Hobi ficaram jogando enquanto os demais continuavam a conversar entre si, conhecendo a escritora. Ela contou para eles como foi a viagem para Daegu a fim de convencer a mãe do Yoongi de que não eram um casal, e apesar de atento no assunto, Taehyung não dizia muita coisa. Por fim, ela contou para os amigos de Yoongi algumas das histórias que ouviu da mãe dele, e Suga apenas a encarava descontente com uma expressão de irritação.
— Você é uma fofoqueira!
E assim, as conversas seguiram amenas e tranquilas. Quando notou que estava ficando tarde, se levantou dizendo que tinha que ir. Despediu-se dos rapazes que confessaram ter gostado de conhecer ela, e Namjoon animado perguntou se ela não gostaria de sair com ele e Yoongi num evento de rap que teriam em algumas semanas.
— Claro Nam! Vai ser legal!
— Vou colocar seu nome na lista! Posso pegar seu número?
— À vontade! Taehyung e Yoongi tem meu contato, pega com eles. — falou naturalmente tentando pescar se por acaso Tae ainda teria seu número, e logo em seguida Taehyung afirmou:
— Pronto, já mandei o número dela no grupo.
Yoongi observou o amigo um pouco enciumado e sorriu fraquinho, estava satisfeito por aquilo, porque, se ele tinha ciúme é porque ainda tinha interesse e agora, não tinha ciúme só dele, mas de todos. Seu plano correu bem, para ficar melhor só se...
— Eu te acompanho até lá fora. — Tae ofereceu à escritora à medida que ela terminava de se despedir.
No começo, estava irritado com Yoongi indo esfregar a amizade dele com a mulher na sua cara daquele jeito, mas depois, ele compreendeu que a tentativa foi de aproximá-la de todos. E isso o incluía. Agir como um imaturo não a faria gostar dele, então, era melhor tentar se aproximar um pouco. Ofereceu de a levar até o estacionamento do prédio e enquanto caminhavam silenciosos lado a lado, pensava no que deveria dizer. Mas, foi mais rápida.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Claro... — respondeu nervoso.
— Por que não me ligou?
— Porque... — suspirou derrotado de que confessaria que a vigiou nas redes sociais — Você estava saindo com alguém...
— Está falando do Maurer, não é?
— É, eu vi nas suas redes.
— Isso não te impedia de telefonar para tentar uma aproximação.... Uma amizade pelo menos, como fez o Yoongi. Eu devo interpretar que você não tem interesse em ser meu amigo?
— Por que diz isso?
— Se um homem pede meu telefone, eu vou achar que ele quer outra coisa além de amizade, mas se mesmo sabendo que estou saindo com alguém ele insiste, eu vou aceitar isso como uma tentativa saudável de se aproximar sendo amigo. Se ele não tenta nem isso, então era mesmo algo apenas físico...
Taehyung arregalou os olhos surpreso com o que ela pensou a respeito de seu interesse. continuava caminhando olhando para frente e com um sorriso fraco, quase decepcionado em seu rosto.
— Você foi quem menos interagiu comigo hoje também, então... eu acho plausível pensar que você não quer ser um amigo, não é?
— Quero. Não quis parecer grosseiro assim, e nem dar a entender que era apenas um interesse físico. Mas, eu fiquei chateado com Yoongi e as justificativas que ele me deu...
— Ele me disse. Ele contou que vocês achavam que tínhamos algo por conta do que a mãe dele fez. Mas, não é isso. Yoongi realmente quer apenas ser um amigo, então, por favor Taehyung, não o interprete como desleal. Ele tem sofrido muito por isso.
falou sem esperar mais respostas do mais novo, e entrou em seu carro. Abaixou o vidro do motorista vendo Tae parado ao lado do carro a observando e sorriu para ele.
— Espero que possamos nos ver de novo e começar algo sem más interpretações, Taehyung. Obrigada por me receber e me acompanhar até aqui.
Ela sorriu e piscou para ele. Tae acenou sorrindo de volta, em concordância e logo que o carro dela partiu, ele retornou cabisbaixo ao dormitório. Entrou em casa sem falar com ninguém, indo para o seu próprio quarto e deixando todo mundo curioso.
11.
Alguns meses haviam se passado e já estava familiarizada com todos os rapazes do grupo, à medida que convivia com eles, tornava-se ainda mais próxima a cada um deles, inclusive de Taehyung. E embora o rapaz demonstrasse interesse no começo, parecia ter desistido já que ainda não a tinha convidado para sair apesar de deixar c a sua intenção de um encontro. Yoongi notava que a pouca ação de Tae ainda tinha razão por sua pregressa e mal feita aproximação com a escritora. Então, sentia-se responsável pela história ainda inexistente daqueles dois, por mais que o dissesse que Taehyung não estava interessado e tudo bem, e por mais que Yoongi soubesse que havia deixado tudo muito claro, e que era culpa de Tae manter-se inacessível a um encontro. Mas, Yoongi só cogitou que estava certa, depois de uma ocasião específica: o dia que os três foram juntos a uma boate.
— Tae! — chamou o amigo que saía do banho estando parado em frente ao próprio quarto e Taehyung olhou para seu hyung Yoongi — Vou com a num evento legal hoje, me acompanha?
— Só vocês dois? — perguntou e Yoongi rolou os olhos por entender que caso fosse, ele recusaria.
— Não entendo porque você evita sair com nós dois, mas não... O Nam vem também. Terá um evento numa boate, é um local fechado pra uma batalha privativa de rap, a maioria dos convidados são idols.
E assim Taehyung assentiu. Aquilo frustrava Yoongi, porque era como se Tae acreditasse que não havia espaço para si quando estavam só Yoongi e a amiga. Namjoon iria, mas tinha quase certeza de que ele não ficaria à mesa, sabendo que havia alguns outros de seus amigos ali. Hobi havia dito que apareceria, mas no fim, não foi porque estava com a irmã depois de um longo tempo.
O bar estava cheio numa quantidade moderada de pessoas, e os quatro chegaram num bom horário, após Yoongi ter buscado a antes de Nam e Tae estarem prontos.
— Ei estranho! — A amiga falou entrando no carro dele e acenando para a vizinha amiga que mantinha os olhos compridos nela.
— Hoje você mata o Kim Taehyung, ! — Yoongi falou assim que encarou-a de cima à baixo.
estava gostosa como poucas vezes ela fazia questão de estar, quando saía ao lado de Yoongi. Quer dizer, ela era uma gostosa e ele sabia e achava aquilo, mas especialmente naquela noite ela caprichou.
— Ele vai estar, é? — falou beijando rapidamente a bochecha de Yoongi que não se acostumava àquele modo tão caloroso e espontâneo dela, por mais que passassem tempo demais juntos.
— Aceitou meu convite.
— Droga, então vai chover...— Ela zombou.
— Juro que não sei porque ele não te jogou na parede logo...
— É, ele não sabe o que está perdendo...
Yoongi sorriu ladino e olhou de soslaio para ela dando mais uma conferida, e disse:
— Sabe sim. Não tem como não saber... — E pigarreou, arrancando uma gargalhada de que adorava quando o amigo dava o braço a torcer pra qualquer coisa que a envolvesse. O passatempo favorito daqueles dois, era implicarem-se e essas coisas estavam cada vez mais comum entre eles, e então Yoongi notou o riso vitorioso da amiga, não evitando fazer as vezes de irmão mais velho: — Aliás, por que toda essa produção? Não me diga que é pro Namjoon? Porque você nem sabia que o Tae iria!
— Hm... Namjoon... — murmurou num gemido divertido fechando os olhos e mordendo os lábios, Yoongi suspirou pesadamente reclamando.
— Me poupe de te ver imaginando sacanagens com os meus amigos!
— Ah, Yoongi, o que posso fazer se os seus amigos são uns gostosos?
— A gente pegou intimidade demais, vou voltar pro dia em que eu te conheci e mudar as coisas.
— Você sabe que não faria nada diferente. — Ela riu.
Yoongi ficou silencioso, na verdade, ele faria uma coisa diferente sim.
— Anda , me diz! Pra quem tudo isso?
— Bem, o Nam me deu a lista de rappers e eu vi que Jay Park está na lista.
— Ah pelo amor de Deus! — resmungou — Eu não gosto desse cara, !
— Querido, isso é um problema seu! Se ele quiser que eu abra a pernas pra ele, me desculpe Yoongi, mas eu vou. Até parece que vou perder de sentar naquele rostinho porque você não gosta dele...
— Informações demais, ! — reclamou e bufou: — Que história é essa agora também!? E o Taehyung?
— Já te falei que ele não quer nada comigo. E bem, se ele me provar o contrário eu ficarei bem feliz, porque você sabe como eu estou na dele... mas, eu não sou mulher de esperar garotinho se decidir Yoongi.
— Você não fica com o Jay Park. Não mesmo.
Yoongi queria dizer que aquilo não aconteceria nem por cima de seu cadáver, mas que direito ele teria? A amiga era livre para ficar com quem quisesse por mais que ele não simpatizasse com a pessoa.
Dirigiu para pegar os amigos, enquanto conversava amenidades com , e quando Namjoon a viu no carro, sorriu. Enfiou a cabeça entre os bancos da frente deixando um beijo no rosto dela e então encarou o corpo da mulher no vestido vermelho, e sentiu um calor subir à seu rosto.
— Alguém está tentando matar, hoje... — murmurou ao voltar para o seu banco colocando o cinto.
Tae entrou fazendo o mesmo trajeto de Nam, deixando um beijo no rosto dela e travando em seguida quando viu como ela estava estonteante, e ainda nem havia visto-a de pé realmente.
— Fecha a boca Taehyung. — Yoongi provocou trocando olhares com Namjoon pelo retrovisor.
— Espera, eu preciso olhar mais um pouco.
— Pode olhar, é o que você mais faz mesmo... — O amigo continuou retrucando e apenas sorria de tudo aquilo.
— Parem vocês! Vamos logo Yoongi! E, Tae... Se quiser, pode até tocar mais tarde.
A resposta de fez os amigos rirem e Taehyung passar a língua nos lábios sem tirar os olhos dela, voltando ao seu assento um tanto abalado.
— Taehyung, Taehyung... — Namjoon murmurou para ele negando com a cabeça.
Durante o trajeto nenhuma outra provocação se sucedeu. Eles fam animados sobre a batalha, e e Tae apenas assentiam aos outros dois rapazes.
Então, quando chegaram no lugar, notaram que faltava pouco para a batalha começar, procuraram uma mesa, cumprimentaram algumas pessoas e de repente, era uma atração aos olhares. Convenhamos, Taehyung, Namjoon e Yoongi entrando juntos em qualquer lugar já era um evento próprio, mas com aquela mulher ao lado deles... Foi realmente a cereja do bolo.
Namjoon não ficou na mesa, como previsto, pegou sua bebida e disse aos amigos que iria falar com algumas pessoas. Ficaram Taehyung, Yoongi e na mesa bebendo e observando cuidadosamente o lugar.
— Senhorita, com licença... — Um garçom falou se aproximando logo após ter entregue a bebida deles, direcionado à escritora com um cartão na mão: — Aquele senhor pediu pra lhe entregar junto aos seus cumprimentos, com um bebida a seu gosto.
e Tae olharam na direção que o garçom apontava e Yoongi já bufava de novo, bem impaciente. acenou sorrindo e aceitou a gentileza, o que incomodou também ao Tae, um pouco.
— Caramba, mas a gente nem chegou! Já começou essa palhaçada!
— Aí Yoongi, não começa vai! — reclamou revirando os olhos.
— Se prepare Taehyung! É isso o que acontece toda vez que ela sai! Um bando de idiotas ficam circundando como se não vissem que ela está acompanhada!
— Acontece tanto assim, é? — Tae perguntou a ela sem deixar de notar o quanto o incômodo de Yoongi também lhe soava um pequeno incômodo.
— Não! O estranho está só exagerando, Tae...
— Toda vez que a gente sai isso acontece, ! É um saco! Bom que hoje o Tae vai poder ver com os próprios olhos e você vai parar de me dizer que eu é que sou um rabugento.
— Qual o problema de eu chamar atenção? Nunca te entendo! Você é a porra de um idol, chama atenção o tempo todo, mas não consegue lidar com uns caras afim de mim?
A gargalhada dela era o tipo que provocava Yoongi a se sentir um idiota, e Tae apenas observava a dinâmica dos amigos, silencioso.
— Você não vê mulheres se jogando aos meus pés quando estamos juntos... Acha isso normal?
— Nessa sociedade machista? Super! Mulheres podem deixar o flerte na mão de vocês, mas não sabe o que eu tenho que ouvir sobre você quando vou no banheiro Yoongi... — deu de ombros arregalando os olhos para Tae.
— Aí, você sempre dá um jeito de falar de patriarcado... O fato é que se fosse só isso, , eles não fariam, porque você está acompanhada. Não é você que me diz que o machismo faz os caras respeitarem outros caras antes da mulher?
A escritora riu contida pelo absurdo que lhe soava aquela revolta sem propósito de Yoongi, e Taehyung continuava pensativo absorvendo a situação.
— Yoongi, acorda! Não é porque estamos juntos nos lugares que as pessoas consideram que estejamos acompanhados, porque somos só amigos e isso tá escrito na nossa testa. Não é Tae? Não estou certa?
Taehyung ergueu as sobrancelhas, e deu de ombros ao dizer:
— Uma estrangeira não é mesmo tão respeitada por aqui, dada algumas observações do Yoongi, assim como é verdade que se notarem que você não tem um parceiro eles vão investir, mas... Não está exatamente escrito isso na testa de vocês, não é?
— Tem razão, não está escrito porque é bem óbvio que o Yoongi é só um guarda-costas. Ele nem dança comigo quando a gente sai, eu tenho que implorar!
— Ela não entende que a gente dança o tempo todo. Se prepare Tae, ela vai te fazer dançar a noite toda.
não evitou um sorrisinho de canto assim como Taehyung não pôde evitar também, ao notar a malícia na face dela. Yoongi percebeu o clima entre os amigos e então se levantou indo ao banheiro.
A escritora bebericou o drinque recém-recebido do outro homem mesas atrás deles, e encarou Tae de modo falsamente inocente enquanto mordia um pedaço de fruta de seu copo.
— E então, você gosta de rap.
— Gosto. Sou eclética, Taehyung. Mas, eu vim mesmo pelo convite do Nam. Ele me chamou com tanto entusiasmo, e a AOMG em peso está aqui, eu sou fã dos artistas.
— Não se sinta deixada de lado pelo entusiasmo do Namjoon só porque ele não está aqui. —Tae apontou o amigo e líder do seu grupo rindo largamente a pouca distância e conversando com Hyuna.
— Eu perdoo, só porque ele está acompanhado da Hyuna.
Taehyung sorriu bebendo uma dose do seu uísque e trocou olhares com a escritora, cheio de significados, tomando coragem de dizer:
— Você realmente jogou baixo comigo hoje.
— Precisei de uma intervenção forte, você ainda está me evitando. Só saímos juntos quando os outros estão, e em programas casuais... Talvez você precisasse ver melhor para entender.
— Entender o quê?
sorriu enviesado e aproximou o rosto do dele que estava ao seu lado, de modo a falar baixo para que só ele escutasse, Taehyung ficou tenso, e encarou os olhos e lábios da mulher de modo frenético.
— Que eu estou dando condições totais a você há meses, Taehyung.
— ! — A voz de Yoongi soou interrompendo-os quando ele voltou à mesa: — Eu não deveria, porque no fim você só me dá trabalho! Mas olha o que eu achei pra você!
Pela primeira vez na noite Taehyung quis gritar com Yoongi. Ele estava prestes a mandar toda a sua desconfiança de que o amigo era apaixonado na escritora para o inferno e puxar os lábios dela contra os seus.
e ele olharam os copinhos postos na mesa.
— Tequila, minha querida! — sorriu falando para as doses, eram exatamente três. — Vai Tae, pra você se soltar... — entregou um copinho, mas ele negou apontando seu uísque.
Ela entortou o lábio descontente, e empurrou outra para Yoongi.
— Eu não vou beber.
— Anda logo, Yoongi! Não me faça ir até aí!
Yoongi olhou de para Tae e depois para a tequila que ela estendia a ele e explicou sua negativa, sem ser exatamente explícito:
— Sabe o que acontece quando eu bebo essas tequilas malucas com você!
— Você é carregado no final, qual o problema!? Nossos amigos estão aqui, não vou precisar pedir pra um estranho me ajudar a te rebocar!
Yoongi encarou Taehyung que riu baixinho. Na verdade, ele estava falando no primeiro incidente que gerou toda aquela confusão entre ela e Tae. Mas, os dois pareciam alheios àquilo, , na real, não entendeu a mensagem que ele tentava passar.
— Só uma! Não vou ser carregado hoje.
— É bom mesmo, ou vou contar pra sua mãe o indigente que está se tornando.
— Faça isso e destrua a imagem que ela tem de você! — Yoongi falou animado brindando com ela e viraram juntos, a bebida.
Faziam caretas quando fez a parte que ele mais detestava, segurou o limão e colocou na boca dele pra ele chupar e Yoongi fez o mesmo com ela. Os dois descobriram que odiavam limão depois da tequila, mas beber sem ele era pior, e uma vez numa brincadeira, provocaram o outro enfiando o limão em sua boca de modo que não poderiam evitar, até o outro soltar. Aquilo se tornou uma espécie de ritual íntimo dos amigos. Taehyung arregalou os olhos vendo aquilo e pigarreou bebendo outro gole do seu drinque.
— Ah Tae, qual é! Divide uma comigo?
Yoongi estava sem graça pelo o que o amigo presenciou, e então olhou pra Tae o encorajando.
— Tudo bem.
sorriu e foi buscar mais deixando os dois ali e Taehyung gostaria de perguntar o que era aquilo, mas se conteve. Só não esperava Yoongi se desculpando.
— Foi mal, eu interrompi algo né? — perguntou apontando os copinhos vazios de tequila.
— Não exatamente. Ela só estava sendo direta, parece que ela entrou nesse modo agora.
— Sabe que ela quer muito sair com você. E você também, então por que está a evitando, Tae?
O olhar indecifrável de Yoongi fazia Taehyung pensar se era mesmo uma loucura de sua cabeça o que ele enxergava entre os outros dois.
— Não estou a evitando, só... — Não conseguiu continuar e Yoongi esperou uma resposta, e não entendeu quando a mesma não veio.
— Não acha mais ela interessante? É isso?
— Ela é absurdamente interessante Yoongi, você sabe.
— Então, o que? Ela não mexe com você? Olha lá... — apontou Yoongi para onde a mulher remexia discretamente seu corpo ao som da música enquanto esperava a bebida ficar pronta — Não me diz que você não a acha linda e que não se sente atraído...
Taehyung concordou observando-a de longe, e então voltou os olhos pra Yoongi que sorria de canto observando o jeito espontâneo da amiga. O hyung virou-se para ele, e Tae não conseguia evitar. O que ele interpretava no rosto de Yoongi atingia sua moral.
— Você acha que tem como um cara não se sentir atraído por ela?
— Bem...
— Não, Yoongi. Não interessa se é só um amigo, um cara no bar, ou quem quer que seja, ela tem tudo o que uma mulher fatal tem. E você sabe disso. — a frase cortante de Tae cheia de significados pegou Yoongi desprevenido.
— É verdade, ela tem mesmo, então por que você não chama ela pra sair?
— Por que você não a chamou pra sair ainda?
Yoongi piscou mudo. O que Taehyung pretendia com aquela pergunta? E por que ele ainda estava pensando na resposta?
— Tae... Você está comparando a nossa situação? Sabe que entre ela e eu...
— A resposta é a mesma que a sua. — Taehyung jogou o interrompendo.
— Por que vocês são apenas amigos? Porque é isso que...
— Prontinho! — interrompeu surgindo na mesa com quatro doses.
Yoongi ia dizer de novo o que sempre dizia, Taehyung estava pronto para retrucar o que impediam os outros dois de se aproveitar daquela amizade para transformar em algo mais. Afinal, para Tae, relacionamentos entre homens e mulheres quando precedidos de uma amizade sólida como a deles vinha se tornando, eram chave de uma grande oportunidade de sucesso. Mas sentou-se ansiosa para compartilhar aquele momento com Taehyung que nem notou a conversa interrompida.
— Aqui Tae! Já bebeu antes? — perguntou entregando o copinho para ele e o viu assentir sorrindo pequeno em sua direção — Então beleza, a gente vira e quando for chupar o limão um leva à boca do outro!
Taehyung apenas pegou o limão fatiado e seu copo sem se importar muito com o ritual. Yoongi ainda o olhava com o cenho franzido em dúvida. contou até três, eles viraram o drinque e quando ela foi levar o limão até ele, Taehyung chupou o próprio que segurava.
A escritora sentiu-se sem graça e um tanto idiota. Era o primeiro fora da noite, e estava agora ainda mais certa do que dizia à Yoongi: ele não queria. Mas aquele momento em que o viu abalado por ela no carro, e antes, com a sua provocação sussurrada na mesa, antes do amigo os interromper, haviam dado a ela uma impressão de esperança. Até ali. Contaria três vezes. Três foras numa noite e ela não iria mais brincar de perseguir o novinho.
Yoongi sentiu-se extremamente sem graça por ter presenciado aquela cena. Pensou em se retirar, mas como deixaria com o amigo depois do claro afastamento de Tae? Nem foi preciso. A mulher terminou de chupar o limão e então deixou o resto na mesa, pegando outras duas doses com um pedacinho em suas mãos e se levantou, sem dizer nada indo até Namjoon.
Namjoon conversava com Gray, Loco e Jackson, mas assim que Gray bateu no braço dele, com o queixo um pouco caído, o integrante do BTS olhou na direção apontada avistando a amiga.
— Olá! — cumprimentou num aceno discreto aos presentes — Desculpe atrapalhar vocês. Nam, falta você, já brindei com Tae e o Yoongi.
— Já virou três dessas? — Ele perguntou assustado e talvez preocupado, não havia saído muito com para beber.
— Duas. A terceira é culpa sua.
Ela riu entregando e não deixou de sentir os olhares dos outros três em si. Namjoon riu e Jackson brincou com o amigo:
— Não faça desfeita com a moça!
— Eu jamais faria, você sabe...— Namjoon riu.
Ele e brindaram e contaram até três. Depois de virarem a dose chuparam o limão sem o ritual dela. Aquela era uma brincadeira dela e de Yoongi, que a escritora só quis dividir com Taehyung.
— Aish... Você é resistente! — Gray falou para a linda mulher.
— Ela é maravilhosa! — Namjoon disse educado e gentil para os rapazes apresentando-a: — Essa é a minha amiga , nos conhecemos numa entrevista.
— Ah! LEMBREI! — Jackson anunciou. —Eu assisti!
sorriu gentilmente, animada.
— É maravilhosa mesmo, muito linda, senhorita. — Gray disse piscando.
gargalhou agradecendo e ficou alguns instantes ali conversando com os garotos.
Na mesa, Yoongi e Tae a observavam, o mais velho ainda incomodado com o que escutou de Taehyung.
— Você realmente vai continuar acreditando nisso tudo só por causa daquele mal entendido, Tae!?
— Hyung... Mal entendido foi antes...
Yoongi suspirou derrotado, e Tae desconversou:
— Esquece isso. É melhor você só curtir e deixar que eu lido ou não com a .
Yoongi assentiu, não sem antes dizer:
— Você é um idiota e não sabe o que está perdendo.
— Talvez não saibamos, não é?
Taehyung deu de ombros sorrindo frustrado. Levantou-se para pegar outra dose de uísque, e Yoongi se jogou na cadeira observando Tae sair tranquilo. Observou das costas de Tae para as costas de , várias vezes enquanto tentava descobrir o que havia perdido. Por que Taehyung insistia em provocar colocá-lo na mesma zona de interesse por sua amiga? Quando ele entenderia que e ele eram apenas amigos? E por que o incomodava tanto que Tae pensasse aquilo?
Depois de algum tempo, as batalhas haviam começado, e os quatro amigos assistiam juntos ao redor do palco. Elas eram intercaladas com momentos de música, e num desses momentos, e Namjoon conversavam com Jackson, e Yoongi, como o bom “velho” que o dizia ser, quis se sentar. Tae voltando do banheiro o acompanhou, já estava mais alterado do que quando chegou. Na verdade todos estavam altinhos pelas bebidas, e ainda não estava mal como Taehyung pensou que estaria após cinco doses de tequila.
— Cara, ela é mesmo resistente! — Taehyung falou pra Yoongi apontando os últimos copos e a mulher distante em pé, parecendo controlada em seu equilíbrio.
— Espera até o efeito bater, talvez você fique chocado. — Yoongi gargalhou.
Eles olharam de novo pra ela, e falava qualquer coisa com Namjoon enquanto intercalava sua atenção à mesa do DJ. Yoongi acompanhou o gesto constatando para Taehyung:
— Ela quer dançar, mas não quer ir sozinha.
— Como sabe? — Tae perguntou surpreso encarando Yoongi.
— Está olhando pro DJ, e ainda não chamou nenhum deles. Provavelmente nem vai chamar, pela quantidade de vezes que eu já vi ela controlar os quadris pra não começar a rebolar sozinha, ela não está confortável pra dançar com eles.
Taehyung suspirou. Yoongi não se dava conta de como prestava atenção aos detalhes!? Comparando-se, Tae sabia que possuía menos observações sobre a mulher, já que ele passou menos tempo com ela, mas... Aquele tipo de informação não era minucioso demais para alguém que se dizia só um amigo? Tae se sentiu incomodado, e pior, frustrado. Levantou-se e foi com um copo de outro drinque até .
Yoongi bebia à mesa, tentando dispersar uma mulher que se aproximou quando Tae saiu.
— ? — Tae sussurrou no ouvido dela por trás, levantando a taça em sua frente.
— Obrigada... — Ela sorriu grata, bebendo um grande gole — Eu estava mesmo com sede.
— Prefere que eu pegue uma água?
A escritora negou num aceno silencioso com um sorriso e Tae assentiu com a mão no bolso, olhando para os lados. Então ela mordeu o lábio olhando para o DJ de novo. E junto com Tae, ao mesmo tempo perguntaram-se:
— Quer dançar?
Ela riu e ele apenas sorriu. Deixaram os copos ali na mesinha que havia ao lado de Namjoon, que por sinal, não parava de falar um minuto sequer com Jackson.
Taehyung guiou com a mão na base de suas costas até um espaço pouco afastado deles, e a mulher sentiu um arrepio percorrer sua coluna.
— Não pise no meu pé, você já bebeu muitas tequilas. — Ele zombou e ela gargalhou passando os braços pelo pescoço dele.
— Você não sabe com quem está falando, bonitinho.
Tae do mesmo modo levou as mãos às cinturas dela, a apertando e puxando o corpo dela para mais perto do seu, ficando miseravelmente a centímetros do rosto um do outro.
— Você é tão bonito, que isso é sacanagem, assim vou mesmo pisar no seu pé... — Ela sussurrou e Tae riu.
— Não é como se eu não estivesse com uma noona maravilhosa nos braços agora...
sorriu sentindo uma enorme vontade de beijar o garoto. Iam começar a dançar uma música animada, mas a primeira dança dos dois, por obra do destino em coincidência ou ironia, era Star, da Heize. E ao invés de passos animados, os dois dançaram coladinhos, no ritmo apaixonante e sensual da canção. Extremamente entregues ao silêncio que havia em si. De repente a boate pareceu vazia para Taehyung, e a luzes pareciam um único refletor sobre si, para . Ela apoiou ainda mais o rosto na lateral do dele, sentindo seu perfume, quase entregue a beijar o pescoço de Taehyung, e o rapaz puxou ainda mais o corpo dela ao seu, apertando a cintura da mulher como se pudesse sentir a pele dela abaixo daquele vestido. Queria beijar aquela boca, de modo nem um pouco tímido, e estava se deixando levar pela música, até que o som final da canção e o anúncio de uma próxima batalha irrompeu.
Taehyung mesmo vendo o clima dissipar, iria a beijar, mas estava de frente à mesa onde ao abrir os olhos, viu Yoongi fugir o olhar sobre eles e encarar Namjoon sorrindo.
Yoongi os observava e disfarçou trocando olhares com Nam, e então Taehyung desistiu. Sentiu um balde de água fria sobre si. suspirou profundamente ao parar de dançar, percebendo que outra batalha começava, e que os dois haviam perdido o timing. Ou talvez que aquele era o segundo fora da noite.
12.
Yoongi não entendeu nada quando viu Taehyung e se encaminharem para perto do palco, sem terem se beijado. Os dois pareciam tão entregues naquela atmosfera da música! Como Tae pode ter deixado passar a chance!? Yoongi bufou impaciente, não diria aquilo, mas estava quase a ponto de perguntar se Tae gostaria que ele beijasse a garota no seu lugar, tamanha a lerdeza que via tomar o mais novo.
— Qual o problema dele!? — Namjoon perguntou finalmente se sentando com Yoongi.
— Pelo amor de Deus, eu sei lá! O que ele está esperando!? Ela não vai dar essa chance a vida toda!
— Eu estou quase mostrando pra ele como se faz... — Namjoon gargalhou brincando e Yoongi riu contido — Os caras estão doidos com ela.
— Que caras!? — perguntou desconfiado agora com a expressão dura.
— Gray, vai tentar. Loco, mas ele disse que ela é muito “Hwasa para ele” seja lá o que isso signifique... — Namjoon explicava e Yoongi revirava os olhos — E o Jackson também ficou admirado conversando com ela e está me encorajando...
— Você não fará isso, por mais que o pamonha do Taehyung esteja merecendo!
— Claro que não... Ela é zona proibida... — Nam murmurou e então encarou Yoongi, de modo curioso: — Yoongi?
O outro o encarou deixando de prestar atenção no rapper do palco, embora estivesse empolgado, para dar ouvidos à Namjoon e o tom sério que parecia ter escutado.
— Hm?
— Você realmente nunca dormiu com ela?
Yoongi ficou sério de novo.
— Por que vocês não conseguem acreditar?
— Porque eu não teria conseguido, se ela me desse a chance, eu com certeza tentaria. Olha para ela! Por mais amigos que vocês sejam, são íntimos, e provavelmente já passou a oportunidade várias vezes na sua frente, então, a menos que me diga que ela não quis e por isso não tenha acontecido, eu não consigo entender.
— Você fica falante demais quando bebe, né? — reclamou rabugento — Ela nunca me deu chances mesmo, mas...
— Ah, tá explicado. — interrompeu satisfeito, Namjoon.
— Não! Calma aí! — protestou Yoongi — Não é só por isso! Eu estou só garantindo a você que ela não se interessa em mim! Mas isso não significa que eu me interesse dessa forma por ela! Ainda que ela quisesse, eu não...
— Então você é mais burro do que o Tae. — De novo, Nam mencionou o interrompendo.
Yoongi continuaria protestando, mas Namjoon olhava para alguém e Yoongi notou que Taehyung retornava à mesa, o rap estava acabando no palco, e ainda estava por lá. Porque Tae deixou a mulher sozinha lá, por céus!? Foi quando Namjoon soltou um risinho dizendo pra Yoongi:
— Falei que ela estava deixando os caras de boca aberta! Olha lá o Park sem desgrudar a atenção dela... Ora, ora, olha por quem foi notada!
Yoongi estreitou os olhos na direção que Namjoon, mais falador que nunca, apontava e ouvindo o que ele ainda dizia, Yoongi notou também que Jay Park estava prestes a ir até ela.
— Provavelmente o Gray comentou alguma coisa, o Park é discreto e geralmente espera até... Yoongi!? Aonde você vai?
— Eu não vou facilitar pra ele...— Yoongi bufou deixando Namjoon sem entender e encarando Taehyung que chegava na mesa de um jeito quase mortal como se o mais novo tivesse culpa.
Se aproximou de que aplaudia do palco, e pegou na mão dela.
— Yoongi!?
— Dança a próxima comigo, estranha!
Puxou ela pela pista de dança, sem perceber que Jay direcionava-se para o palco para cantar, sem perceber que queria ver o cantor ao vivo, sem notar que interpretou errado à investida de Jay, e sem se importar com o que pareceria sua defesa diante dos olhos de Nam e Tae. E claro, sem notar que iria o culpar por muitas coisas depois.
— Dançar com você!? — chocou-se ela: — ‘Tá bêbado né?
— Não vou falar duas vezes, sabe como eu evito isso!
— Exatamente! E logo agora... O Jay estava indo...
— Eu sei! Sei exatamente o que ele estava indo, !
Yoongi a interrompeu puxando a cintura da amiga contra seu corpo, num baque forte que a deixou surpresa. piscou confusa e viu um garçom passar com uma bandeja de latinhas, tão afoita e confusa por aquele comportamento do amigo, ela pegou uma latinha abrindo, bebendo e pousando uma mão no ombro dele, sem contestar.
— ‘Tá bom, mas se ele cantar a minha música preferida eu vou te arrebentar!
Yoongi franziu o cenho confuso e então começou a se mexer numa dança, ao som dos acordes e quando a voz de Jay Park ressoou, Yoongi arregalou os olhos, confuso. Olhou para o palco e viu Jay iniciar seu pequeno show da noite, mas olhando na direção de onde ele estava com . Olhou para a mesa e viu Namjoon com a boca aberta em choque notando dançando e Yoongi apenas acompanhando como um bobo que caiu no poço. E por fim, olhou pra Taehyung e viu seu rosto sério, segurando um olhar que culpava e denunciava ao Yoongi tudo aquilo que ele havia dito antes na mesa.
— ... Eu... — Yoongi abriu e fechou a boca pra falar com ela, que desentendida ao seu redor, apenas vociferou impaciente:
— Agora dança direito! Não vou te arrebentar que essa não é minha favorita, mas Me Like Yuh é uma faixa que eu não queria deixar de vê-lo cantando e dançando e depois... — A amiga virou o resto da bebida sem entender constatando: — Que porra de ideia foi essa de vir dançar essa música tão sensual comigo, Yoongi? Não conseguiu nenhuma outra garota pra se esfregar em você? Eu vou te matar por isso, não agora, mas eu vou...
O lugar parecia ter dado um 360° na mente de Yoongi quando ele percebeu o equívoco e a grande má interpretação que geraria tudo aquilo. Soltou como se ela tivesse uma doença contagiosa, e viu a amiga empurrar seu ombro, brigando com ele e protestando por achar que foi uma palhaçada dele pra sacanear o show que ela mais esperava na noite.
— Eu juro pra vocês, que eu vou escalpelar o seu amigo! — afirmou chegando à mesa onde Taehyung e Namjoon os olhavam.
— Calma, ! O que está acontecendo? — Nam perguntou esperançoso de que ela explicasse a ação de Yoongi.
— Yoongi é um idiota! Me fez perder a primeira música de propósito por pura implicância! — reclamou.
Taehyung suspirou vendo Yoongi parado sozinho na pista com uma expressão de quem havia se tele transportado pra outra dimensão, olhando o palco. Depois olhou risonho pra , e brincou:
— Da próxima, pise no pé dele.
— A partir de agora eu só aceito as suas danças. Aliás, minha última da noite será sua. — ela piscou brincando pra Tae — Vou pegar uma bebida e ir para o palco, vem comigo?
Tae então mordeu os lábios, sem graça. Namjoon piscou para ele o encorajando a ir, mas o garoto se ergueu, pegou a mão dela e se desculpou:
— Desculpe , mas eu já vou indo... Já pedi um carro.
— O que?! — Ela e Nam disseram juntos.
— Relaxa Nam, eu estou bem, só cansado... — tranquilizou e voltou a encarar a mulher frustrada: — Desculpa, a gente pode deixar aquela dança inacabada para outro dia...
sorriu desapontada e sentiu o rapaz beijar seu rosto, afagando seus cabelos em sua nuca e apertando sua mão na dele.
Primeiro fora: o brinde da tequila. Segundo fora: o beijo durante a dança. Terceiro fora: não ficar até o fim com ela. Ela havia deixado claro todos aqueles sinais, nas mensagens subliminares e até mesmo nos seus gestos tão permissivos.
— Podemos ? — perguntou de novo, Tae queria se certificar de que não a havia magoado.
— Tae... Sabe que até aqui eu fui c, não sabe? — Ela perguntou e ele apenas assentiu. — Então, não se arrependa se outros caras quiserem ser a companhia que me concedem a última dança da noite.
Taehyung engoliu seco. Podia estar soando totalmente errado para ela, o que ele mais queria era ficar com ela, mas não conseguia. Não enquanto via paixão nos olhos de Yoongi sobre ela. Ele suspirou, beijou a mão de e se desculpou baixinho.
— Desculpe noona, eu não vou pedir para ter paciência comigo. Mas, ainda que não seja a sua última dança, eu espero poder dançar de novo com você um dia.
apenas assentiu sorrindo fraco. Taehyung beijou a bochecha dela de novo, pegou suas coisas, apertou o ombro de Namjoon se despedindo e saiu. encarou o líder dos meninos, absurdamente chateada, e o ouviu de boca aberta dizer a ela:
— Ou eu bebi demais, ou esses dois ficaram completamente malucos?
— Cadê o Taehyung? — Yoongi, que havia ido jogar água no rosto no banheiro, e depois passou no bar pra tentar diluir o clima tenso com álcool e uma desculpa esfarrapada aos amigos, recém-chegado à mesa perguntou.
— Acabou de fugir de mim. — pegou uma bebida da mão dele abrindo a latinha, e não queria nem ver o que ou para onde aquelas misturas alcoólicas que estava fazendo a levariam. — Como um garotinho faria... E você ouviu o que eu disse sobre garotinhos, não é?
Ela apenas virou a bebida e avisou, enquanto Yoongi processava a informação:
— Eu vou assistir ao show que, esses idiotas estão me fazendo perder, Nam...
— Relaxa . O Jay você pode levar, e até pode pedir a ele para cantar as músicas que perdeu, no seu ouvido...
— Deus te ouça!
Disse e saiu. Namjoon riu pegando uma bebida e Yoongi estava sentado catatônico na mesa.
— Bebe Yoongi, bebe e não tenta entender o Taehyung.
— Ele foi embora! — gritou Yoongi — Como ele... Como ele...
— Ué, eu também não entendi você! Do nada levantou e agarrou a garota dele de novo... — gargalhou — Você tem que se decidir!
— Não! Eu só não queria que ela e o Jay... — desistiu no meio do caminho: — Ah... Quer saber, esquece... Toda vez que eu tento arrumar eu só pioro.
— Por que ficou com ciúme do Park?
— Não é ciúme! Acha mesmo que esse cara a merece?
— O que a gente tem a ver com isso, Yoongi? Ela fica com quem quiser, e se nem o Taehyung está fazendo alguma coisa por que a gente vai fazer?
— Eu não gosto do Jay Park, e não vou facilitar para ele com a minha amiga. Sei que ele pode magoá-la muito no futuro! Ela está se tornando quase como uma irmã para mim, eu não suportaria vê-la sofrer...
Namjoon gargalhou e levantou indo para perto do palco, na hora que My Last começava a ser cantada por Park, e arrastando Yoongi junto.
— ‘Tá bom, odeie o cara enquanto escuta ele cantando, vem.
— Vou ficar aqui.
— Deixe ele babar nela então, mas você está sendo contraditório.
Yoongi olhou pro palco e Jay sensualizava na frente de de modo discreto, embora intencional e a mulher não tirava os olhos da cena. Ele mesmo revirou os seus por saber que ela realmente dormiria com aquele babaca. E ali ao lado dela, ao menos ele poderia mostrar para o Park que ela tinha um grande amigo para defendê-la das putarias dele.
Gray estava ao lado de a xavecando também, quando Namjoon e Yoongi chegaram perto. Apesar da pouca intimidade, Yoongi conhecia Seung-Hwa, e simpatizava um pouco, ainda menos do que a palavra permitia, porém, mais do que com o melhor amigo dele.
Depois que o show de Park acabou, e o DJ voltou a controlar o repertório, todo mundo estava mais louco do que era possível mencionar. De repente Yoongi engatou numa conversa com Jackson, Namjoon e Jessie e Hyuna que ele até desconhecia aquela sua sociabilidade. e Jay por outro lado conversavam completamente entretidos.
— YOONGI! — A voz dela gritou no ouvido dele.
— O que foi!? Vai me culpar do que agora, estranha!? — perguntou passando o braço sobre o ombro dela.
— Se você não estragar meu fim de noite, de nada.
— Como assim?
— Estou indo embora. Mas como é a primeira vez que a gente não vai junto, fique atento nessa porra de celular porque quando eu mandar uma mensagem pra você é porque eu estou ou dentro, ou fora de perigo.
— Vai embora? Mensagem? Com quem?
— Park. — ela falou rindo de orelha a orelha.
— Já está correndo perigo então... , você vai mesmo com ele!?
Yoongi reclamou pensando em como sua tentativa de frustrar Jay Park mais cedo deu errado, e todo mundo terminou frustrado menos o seu alvo. Sentiu ainda mais raiva do cantor.
— O código, presta atenção...
— ?
— Yoongi, não vem fazer o empata foda! Pelo amor, né! — brigou a amiga, e o outro bufou apertando os olhos com os indicadores, de modo impaciente — Se eu sentir que não estou confortável ou tenho algum problema eu vou te avisar!
— Tá bom, sua maluca! Você só está me causando problema, sabia? Vê se não me causa mais! Que raios de códigos são!?
— É fácil. Até porque você está bêbado! Olhe, se eu mandar um “Help” com esse sinal aqui 🚫 — ela mostrou no celular o emoji — É porque você tem que ir me buscar ou me ligar. Eu te mando a localização assim que sair daqui pra você me rastrear...
— A mulher está agindo com o Jay Park como se ele fosse o tarado da vizinhança... E depois diz que eu exagero. — resmungou incrédulo e debochado e, sentiu um tapa de arder em seu braço.
— Cala essa boca! E se eu mandar a frase “o passarinho entrou no ninho” então é porque está tudo bem.
— “O passarinho entrou no ninho”? Mais sugestivo do que isso só se mandasse fotos.
— Meu Deus, como você é idiota, Yoongi!
— Idiota é você que está deixando de ir comigo para ir com ele!
— É que nele eu vou sentar, bebê. — sussurrou ela no ouvido do amigo, e o abraçou se despedindo e avisando sem esperar resposta: — Cuida do Namjoon, ele está parecendo aquela sua amiga que você trocou saliva da última vez.
Yoongi girou ela para que a amiga saísse logo, viu que Jay já havia se despedido e a esperava no estacionamento.
Mais tarde naquela noite, Namjoon e Yoongi estavam voltando para casa:
— Cadê a ? — Nam perguntou muito bêbado quando Yoongi trocando as pernas tentava o carregar até o estacionamento onde o motorista de aluguel aguardava pra levar os dois no carro de Yoongi.
— O passarinho entrou no aquário. — respondeu confuso, e Nam igualmente o encarou confuso — Ou foi a piranha que caiu do ninho...
— Que merda você tá falando, Yoongi?
— Jay Park. — sacudiu as mãos no ar, abrindo a porta pra Namjoon entrar logo, mas o amigo grandalhão e muito tonto não entendia.
— Yoongi! Vai buscar a ! Cadê a nossa amiga?
— Ela está sentando na cara do Jay Park, Namjoon! — disse impaciente empurrando o outro que gargalhou zombando:
— Aaaaaaah.... Você não conseguiu impedir não é!? Quem mandou você e o Taehyung serem bobões?
Yoongi já estava irritado. Estava odiando todo mundo dizendo ou sugerindo algo entre ele e sua amiga. Primeiro porque não era verdade. Segundo porque aquilo causou muitos tumultos. Terceiro, porque aquilo o incomodava como pouca coisa havia feito até então.
CONTINUA...
GLOSSÁRIO GERAL
noona: Pronome de tratamento coreano, utilizado de um rapaz mais velho para uma mulher mais velha, de idade aproximada. Comum entre amigos, namorados ou irmãos. Antônimo de ”oppa”.
Timing: Expressão americana utilizada para dizer que a pessoa perdeu o momento adequado para algo.
Mangá: Quadrinhos japoneses tipo “HQ”.
sunbae: Pronome de tratamento para alguém superior no trabalho, estudo. Tipo um “veterano”.
Uwa: Interjeição coreana como “uau”, “minha nossa”, “sério?”.
Oh My God: Expressão em inglês. Tradução: “Oh meu Deus!”.
Hall: Expressão em inglês que se refere a uma sala pequena, uma entrada ou espaço tipo salão.
Lakorn: Como são chamados os dramas televisivos (doramas) tailandeses.
Cartoons: Desenhos animados ou estilo de ilustração.
K-pop: Expressão designada ao estilo pop musical, coreano.
Debut, Début ou Debute: Expressão que se refere à estreia de um grupo de k-pop, ou de um trabalho.
Break: Expressão em inglês que significa “quebra”, mas no contexto da história se refere a uma parada para um comercial.
idols: Nome dado aos ídolos coreanos do K-POP.
army: Nomeação dada ao fandom de BTS mundialmente.
Fandom: Fã-clube.
Oppa: Pronome de tratamento designado de uma mulher para um homem significa que este homem é mais velho do que ela, e pode se referir a um irmão mais velho ou um pretendente a namorado.
Komawo: Maneira informal de se dizer “Obrigado”, em coreano.
Yá: Interjeição muito utilizada pelos coreanos para chamar a atenção num diálogo, tal como um “Ei!”.
Stalkear: Ação de vigiar, perseguir ou bisbilhotar alguém pelas redes sociais.
Aigoo e Aish: Interjeições coreanas de descontentamento, tal como “Ah não!”, “Droga!”.
Hyung: Pronome de tratamento de um rapaz para outro, que é direcionado a amigos ou irmãos que sejam mais velhos.
Anyeongseo: Maneira formal de dizer “Olá”, ou de dar cumprimentos iniciais ao encontrar as pessoas.
Ajhumma: Pronome de tratamento de jovens para mulheres mais velhas, similar à “senhora”.
Ajhussi: Pronome de tratamento de jovens para homens mais velhos, similar ao “senhor”.
Soju: Bebida alcóolica típica coreana, feita de fermentado de arroz.
KBS: Empresa de televisão sul-coreana.
Manager: Expressão em inglês. Tradução: Dirigente, chefe de empresa. Refere-se a pessoa que cuida da organização material de espetáculos, concertos, campeonatos etc.; Quem agencia a vida profissional e os interesses de um artista ou desportista; agente, empresário.
Seventeen: Outro grupo de KPOP.
Ommoni e Omma: “Mamãe” e “Mãe” em coreano.
Bastardo: em coreano é um xingamento muito comum, tal como o “idiota” utilizado no Brasil.
Anyo: “Não” em coreano.
Appa: “Pai” e “Papai” em coreano.
Ne e Eong “Sim” em coreano. Sendo “ne” o modo informal falado.
Maknae: Maknae é o membro mais novo de um grupo. É muito comum ver gente falando de “hyung line” e “maknae line” dos grupos, a linha dos membros mais velhos e a linha, dos membros mais novos.
Cheot-garak ou Jeotgarak: o nome dado ao “hashi” na Coreia. Na verdade, é o pauzinho feito em aço ou metal, utilizado tipicamente pelos coreanos.
Manhwa: Um estilo coreano de mangá, que diferente do tradicional japonês é colorido. Diferente do mangá, no manhwa a leitura é feita da esquerda para a direita, tal como no Ocidente. Além da diferença entre mangá (Japão), manhwa (Coréia do Sul) e manhua (China), serem seus países de origem, entre si, eles também têm características e estilos próprios.
Guys: Gíria americana equivalente a “caras”, “pessoal”, “galera”.
M.E: Sigla para o nome da empresa que ela trabalha, a “mangaká Enterteinament”.
Jae-Beom: O nome do Jay, é Park Jae-Beom sendo, “Jay” o apelido e alcunha artística.
Dakgangjeong: Prato típico coreano, de frango frito, sem pimenta e agridoce.
Dispatch: Um dos principais sites de notícias e fofocas das celebridades Sul-Coreanas.
Sakura Mochi: doce japonês feito com a flor de sakura como sabor.
Makgeolli: É uma bebida de vinho de arroz, mas aqui é o nome do gato também.
Mochi: Mochi é um bolinho de arroz tradicional coreano.
13.
Jimin não parava de cantar “You Were Beautiful” do Day 6 junto com Jungkook e Jin, a plenos pulmões, às 13 horas da tarde. A cabeça de Taehyung latejava um pouco menos do que na hora em que ele acordou, mas o rapaz ainda estava muito silencioso repassando o que aconteceu na noite anterior.
— Tae... O que houve ontem?
Jin perguntou depois de trocar olhares com Jungkook e Jimin sobre a postura do amigo que apenas existia perto deles, sem ajudar em nada na cozinha e nem falar.
— Bebemos muito, hyung.
— Que horas vocês chegou? — Jungkook perguntou.
— Acho que... Umas duas e pouca da madrugada?
— Então você veio sozinho? Por quê?
Todos olharam Jungkook surpresos, e Tae esperava que ele explicasse a sua teoria para saber como fugir da questão.
— Eu estava fazendo o meu lanche da madrugada quando Yoongi e Namjoon chegaram trocando as pernas falando sobre piranhas que comem passarinhos no ninho, ou coisa do tipo.
— Que?! — Jimin exclamou rindo.
— Que horas era isso? — Jin perguntou.
— Cinco e meia. Eu sou pontual.
— Isso nem é lanche da madrugada Jungkook, já é café da manhã! — Jimin exclamou mais uma vez e ainda rindo.
Os outros voltaram sua atenção para Tae após concordarem com Jimin.
— Eu... Só estava a fim de voltar antes.
— Hm... — Jin murmurou olhando para os mais novos — Que pena. Achávamos que você e a iriam se acertar.
— E o quê o meu horário de volta tem a ver com isso?
— Ela também foi embora às duas da manhã? — perguntou o mais velho e experiente, de modo óbvio.
— N-não... Eu... Deixei ela com eles.
Jungkook bufou e comentou, desacreditado:
— ‘Tá bom! Então não reclama: ela gosta de caras, mais novos, e eu vou tentar Taehyung!
— Entra na fila... — murmurou o amigo, um tanto infeliz.
Os outros perceberam que alguma coisa havia acontecido, e por mais que não estivesse brincando, Jungkook decidiu não manifestar o seu interesse pela amiga mais velha, que era tão linda legal e carinhosa, até entender o que estava havendo.
De repente um urro se ouviu, e som de passos trôpegos e pesados se aproximando.
— Tem um urso na casa? — Kook zombou.
Namjoon apareceu com a cabeça entre suas mãos, uma expressão de dor e pedindo por água.
— O líder de vocês foi atropelado por uma escavadeira chamada Don Cuervo! Me ajudem...
— Quem é Don Cuervo? — Jimin perguntou confuso.
— A tequila nunca é o melhor caminho, Nam! Você deveria saber... — Jin falou tornando a mexer na panela.
— ! Aquela mulher é um perigo! Alguém precisa colocar um aviso de “explosivo” nela!
— Nossa, que interessante... — Jungkook murmurou um risinho com cara de malícia zombando e os outros riram. Menos Taehyung que ainda encarava o próprio celular, rolando um feed, indiferente.
— Não assim, Kook... A culpa da tequila é dela. Bebi três doses com a , fiquei bem e achando que não faria mal, acabei abusando depois...
— Mas sabe... Até que poderíamos dizer que ela parece mesmo ser bem quente como um explosivo, com todo respeito Tae... — Jimin falou tão malicioso e baixinho quanto Jungkook fizera antes.
— Essa aí só quem pode responder é o...
— Taehyung! — apostou Jin, ainda esperançoso de que alguma coisa ao menos tivesse ocorrido entre eles.
— Yoongi! — provocou Jungkook levando de Jimin, uma encarada reprovável similar a que Hobi deu a ele no episódio das bananas, e Kook deu de ombros.
— Poderia ser, mas esses dois são muito burros... — Nam confessou: — Só quem pode responder é o...
O telefone de Yoongi tocou na sala, caído no chão. Como uma deixa para evitar o assunto, Taehyung foi até ele, pegou e viu a ligação de . Levou até o quarto de Yoongi, e Namjoon terminava de contar aos outros na cozinha:
— Jay Park.
— Uwa!!! Não brinca!
Jin exclamou, Jungkook e Jimin se olhavam com as mãos na boca, surpresos.
— Não contaremos pro Tae né? — Jimin perguntou.
— Ele vai acabar sabendo. E depois, é bom para ele acordar pra vida! O mole que ele deu ontem... Juro a vocês: eu queria bater no Taehyung!
— Como líder você podia e deveria! Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa para ele voltar mais cedo!
— Não... — Namjoon explicou fofoqueiro, olhando pelo corredor se Tae não voltava: — Não foi Jay Park que fez o Taehyung vir embora. Se eu não estiver criando memórias bêbadas na minha cabeça, foi o Yoongi.
— De novo?! — os três perguntaram revoltados.
— Alguém tem que amarrar o Hyung! — Jimin falou com as mãos na cintura.
— Hobi vai saber disso e falar até o ouvido do Yoongi cair... — Jungkook riu — E eu vou acabar entrando nesse reality, só para agitar mais as coisas.
— Você ama colocar uma lenha não é, maknae?! — Namjoon repreendeu e Jungkook sorria com sua expressão de coelho travesso, ouvindo a ordem do mais velho: — Mas, ninguém mais vai se meter.
— Yoongi tem que se decidir. — Jin afirmou e os três pararam de falar ao ouvirem alguém se aproximar.
Taehyung retornou à cozinha dos futriqueiros e o silêncio imperava. Voltou a se sentar no lugar em que antes ele mexia em seu próprio telefone. Queria muito perguntar ao Namjoon quem havia sido a pessoa que dormiu com , já que Yoongi estava em casa. Mas, não teve coragem e nem sabia se queria ouvir a resposta. Então Jungkook, o ateador das fogueiras, provocou:
— Quem é, hyung?! Fala pra gente, o Tae já voltou pra ouvir a fofoca.
Eles olharam pra o citado, receosos, e o amigo encarou Namjoon como se dissesse que também queria saber.
— Tem certeza? — Namjoon perguntou a ele.
— Eu jurava que seria o Yoongi, se não foi o Jungkook não importa.
— Ei! Como assim Taehyung? Você desaprova que eu flerte com ela, mas o Jay Park não?! — soltou revoltado Jungkook, e Jimin murmurou alguma coisa, bravo, para ele, sentia-se preocupado com o melhor amigo.
— Foi o Jay Park, Nam? — Tae quis confirmar, estava mesmo surpreso.
Namjoon acenou afirmativo e Taehyung suspirou. Em seguida saiu da cozinha, puto, tentando não pisar tão fundo quanto gostaria. O ciúme estava o corroendo e a culpa era toda dele, que a jogou nos braços de outro. Não que ele achava que conseguisse sustentá-la em seus braços muito tempo, afinal, era perfeita demais mesmo para ele. Taehyung acreditava naquilo.
[xxx]
Os lençóis finos e gelados de seda preta brilhante pendiam sobre o corpo dela de forma sensual sem deixar passar nenhuma curva. Os raios solares foram se revelando aos poucos à medida que, as persianas programadas para abrirem ao meio dia, subiam pela janela enorme.
acordou estranhando o ambiente amplo, que certamente não era de sua cama. Abriu os olhos lentamente, agradecendo por ser sábado e não trabalhar. Sua cabeça latejava mais do que esperava que acontecesse. Talvez, uma mistura de estresse provocado por machos e bebida alcoólica, intensificados na noite anterior. E então, como um flash, ela se recordou do gemido que ouviu horas antes em seu ouvido. E só de recordar sentiu as pernas se apertarem uma contra a outra. Jay fucking Park. Ela zerou a vida. Era fato!
Olhou ao redor se sentando e puxando o lençol para cobrir os seus seios ainda nus. Na mesinha ao lado da cama, havia um copo de água tampado, comprimidos e um bilhete.
“Sei que eu disse isso várias vezes no seu ouvido, mas você é maravilhosa. Bom repetir. A frase e o que fizemos, então por favor, deixe o seu telefone. Bom dia, beba os remédios. Desculpe não estar aí, eu precisei sair.” – JP.
Apesar da frieza dele, ela sorriu. Jay era do tipo safado que ela gostava, mas para se divertir. Não esperava que o homem acordasse ao lado dela, fizesse café e esfregasse as suas costas num banho tântrico. Aquele nem fora o combinado da noite anterior! Mas, também não imaginou que ele sairia para não dar de cara com ela. Se ele deixou o bilhete ali, como uma tentativa de ser menos distante, ou se pediu seu telefone por apenas uma gentileza velada, ou ainda, se aquelas eram pílulas para evitar a ressaca ou uma gravidez, não se importou. Yoongi viera todo o caminho de carro, até pegarem Tae e Nam na noite anterior, falando o quão ouvia coisas péssimas sobre o Park ser um cafajeste, metido e outras coisas que não a surpreendiam na indústria dos idols. Então, ela realmente não esperava qualquer romantismo, delicadeza ou cumplicidade. Foi uma transa. Só isso. Noite casual. E, portanto, não fazia sentido deixar seu telefone.
Pegou os remédios. Constatou serem para ressaca, e recordou-se de que haviam usado camisinha e acreditava ser só por aquilo que, as pílulas do dia seguinte não estavam ali. Em nenhum momento quis acreditar que Park estava sendo realmente gentil e não pudera mesmo ficar até ela acordar. E não acharia ruim repetir realmente o ocorrido da última noite com ele, mas não queria deixar o número de contato e facilitar demais as coisas. Ele teria que se esforçar um pouco mais que se a quisesse de novo. Já vinha facilitando bastante com Taehyung, e provou mais uma vez, que havia quebrado a própria cara. E só de pensar nele, sua cabeça deu mais uma pontada.
levantou-se, viu suas roupas recém-lavadas e secas, dobradas sobre a cama, inclusive a sua calcinha. Sentiu-se tão constrangida por aquilo, que nem pensou em quem teria recolhido as roupas do dia anterior no quarto e deixado limpas ali. A porta anunciou dois toques na mesma, e ela murmurou rouca e baixo: “entre”. Ao se abrir, uma doméstica que parecia simpática se aproximou explicando as recentes curiosidades da escritora sobre aquilo. Ela era a governanta da casa de Park, recebeu instruções do patrão para cuidar de um despertar tranquilo da garota, lavar, secar e passar as roupas dela para que ela as vestisse quando acordasse, assim como oferecesse comida e o que mais a mulher quisesse.
agradeceu-a, mas negou qualquer complicação. Afirmou que iria se arrumar e partir, e a mulher deixou-a só. Tomou banho e se arrumou, depois comeu um pouco e logo providenciou um carro que a levou de volta, agradecendo a atenção, se desculpando pelo trabalho e dispensando a companhia de um motorista particular do rapper, até sua casa.
As exatas uma hora da tarde, já estava chegando a seu cantinho, como ela gostava de se referir ao apartamentinho pequeno e bem na vibe de um dorama , em que ela morava. Pediu para o táxi deixá-la no começo da rua de sua casa, e caminhou até a cafeteria antiga do seu bairro. Observou a barraquinha de bolinho de peixe que ela amava fechada, e se recordou de quando esteve ali com Suga. De repente não sabia por que aquela memória lhe invadiu, mas se pegou pensativa sobre o seguinte fato: se fosse Taehyung a tê-la procurado no lugar de Yoongi, ela estaria saindo da casa de Jay Park aquela manhã?
Suspirou, sentindo-se frustrada. Por que estava pensando em Tae e no quanto os olhares e sorrisos dele a atraíam? Por que estava pensando nele sendo levado por ela até aquela barraca ao invés de Yoongi? Por que estava pensando no momento em que quase seria beijada por ele? Aliás... De onde tirou aquela esperança de que seria beijada?! Por que o garoto fazia aquilo de mostrar-se afetado por ela, sempre que estavam juntos, mas parecer lembrar-se de alguma coisa e a afastar logo depois?
entrou na cafeteria, vazia pelo horário, tentando dispersar qualquer coisa que a lembrasse de Tae. O vestido da noite anterior parecia inapropriado para alguém que entrava numa cafeteria depois do meio dia. Os olhares de poucos atendentes e clientes queimaram em sua pele. Ela apenas escorou-se no balcão, falando com uma senhora.
— Ajhumma... — murmurou fazendo reverência a mais velha, num aceno de cabeça e a outra correspondeu a analisando.
— Annyeong ! Diga-me que se divertiu.
riu por notar ela mencionando seu estado de “ontem” apenas pelo vestido.
— Sim, ajhumma. Chegando agora, como a senhora pode ver.
— E por que essa expressão de quem perdeu algo valioso, se você se divertiu?
— Talvez porque eu possa ter perdido... — murmurou e desconversou: — Ajhumma, e a Nini?
— Hoje é a folga dela, se não estiver em casa, ela deve ter saído com o Minyuk. Estava igual a uma criança feliz por ganhar um doce dizendo que o rapaz a chamou para sair, finalmente! Nini... Aquela menina tem a cabeça mais nas nuvens do que qualquer coisa...
apoiou a mão no balcão e sua cabeça na outra, sorrindo. A amiga vizinha trabalhava na cafeteria dos Lee, e por isso já era também próxima a eles.
— Mas e então querida, o que vai pedir?
— Um americano gelado, pra viagem, por favor.
— Claro!
A senhora agilizou o pedido da escritora, que ao sair da cafeteria sentiu o Sol queimar seus olhos. Levantou a mão como se cobrisse o astro, olhou para o céu, sentindo seus cabelos longos baterem quase em sua bunda com aquele seu gesto de virar o pescoço para enxergar o alto. Tornou a olhar a barraquinha fechada e suspirou. amava aquele bairro, era como Suga lhe dissera quando foi ali: tudo parecia cenário de dorama, e se não fossem os doramas, nunca teria perseguido o sonho de estar ali.
Pôs-se a caminhar tranquila pela rua, sentindo as pessoas da região ir e virem, olhando-a como se não vissem nada demais, a maioria estava acostumada a ela. Cumprimentou alguns vizinhos e então, sentindo o Sol queimando sua pele, a sensação a fez se lembrar de Jay Park. Os toques precisos, a pele quente dele na sua, os movimentos de seu corpo sobre o dela... Sacudiu a cabeça de um lado para o outro, a fim de esquecer as deliciosas memórias impróprias para uma mulher no meio da rua. Sacou o celular na bolsa e discou para aquele que ela não fazia ideia se estava bem depois da noite passada.
[xxx]
Taehyung entrou sem bater, encontrando Yoongi todo coberto da cabeça aos pés e o cheiro de álcool forte exalava. Sorte que Hobi não estava ali, pois, reclamaria até a morte no ouvido de Suga, abrindo as janelas bem cedo. O toque do celular dele estava diferente, Yoongi ouviu, e de repente foi ficando cada vez mais alto e irritante. Sentia também alguém o sacudindo.
— Acorda Yoongi! A está te ligando.
— Aish... Atende você... Ela deve estar em apuros, e eu avisei! — resmungou ainda sonolento.
Taehyung olhou para o celular dele, o visor com o nome da escritora e o toque específico dela. Por que “Bad Boy” do Red Velvet era o toque de quando ela ligava para ele? Nem Tae e nem o dono do celular desmaiado de sono ao seu lado, saberiam dizer, já que ela configurou aquilo apenas para irritar Yoongi.
— Ela não telefonou pra mim. Tome. Atenda, estou saindo! — Taehyung disse impaciente jogando o celular sobre as cobertas e saiu batendo a porta.
Yoongi resmungou e ficou xingando baixo enquanto se descobria tentando achar o aparelho. Atendeu impaciente:
— Pede pro Jay Park! — foi a primeira coisa que disse ao atender e a risada gostosa de se fez ouvir do outro lado.
A escritora ouviu a voz do amigo, abafada provavelmente pelas cobertas, e rouca de sono. Havia irritação clara no tom dele, e ela gargalhou sem saber se seria pela zoeira que ela aprontou com o toque de seu celular, ou se era por ela o acordar.
— Já pedi muita coisa para ele essa noite, quer saber como foi?
Yoongi levou o braço até os olhos se segurando para não mandar ir à merda. Como ela geralmente fazia com ele, nas suas expressões tão brasileiras que a mesma o explicava os significados e algumas ele aderia.
— O que você quer mulher?! Não era para você estar dormindo, exausta de tanto sentar naquele babaca?
— Eu sou resistente. — Pronunciou ainda gargalhando e foi perguntando zombando dele, enquanto se aproximava de casa: — Me diz, a piranha caiu no aquário?
ainda ria vendo Nini ao longe, saindo de casa e entrando num carro do outro lado da rua. Yoongi abriu os olhos, numa expressão mortal de quem poderia assassinar a amiga, e ao mesmo tempo franziu o cenho ao lembrar-se de um assunto ininteligível na noite anterior sobre passarinhos, piranhas, ninhos e aquários.
— Que piranha!? Aliás... A gente precisa melhorar o aquele código. Eu ‘tô até agora confuso.
— Precisamos mesmo. Você nem respondeu a minha mensagem quando te mandei, então se tivesse dado algo errado não seria você a me defender.
— Ah, ! Me poupe vai, o que você quer?! É sábado, eu estou exausto...
— Bem, só liguei pra saber se você e o Namjoon chegaram bem. E também, estou curiosa sobre o saldo de vocês.
— Quer saber meu saldo, telefona ao meu gerente. Tchau, traidora!
— Traidora!? — A escritora se alarmou falando alto, e logo ouviu o sinal de ocupado da chamada.
encarou o próprio telefone, inconformada:
— Ridículo! Desligou na minha cara! — E começou a rir do ciúme que notou Yoongi sentir por Jay Park.
Ela subiu as escadas de seu sobrado, e quando estava abrindo a porta de casa, escutou uma buzina. Olhou para trás, e Chang sorria com óculos escuros, e seu rosto alegre pela janela de motorista do próprio carro. Ela sorriu de volta para o agente e melhor amigo.
— Sobe! Eu ‘tô chegando agora! — gritou apoiada na grade de proteção do seu andar em frente à porta de casa.
Um pouco depois os dois amigos estavam conversando animados, sobre o que ela havia feito na noite anterior. Chany sentiu-se descontente por saber que ela dormiu com Jay Park, mas valeu saber que ela não havia ficado com Tae.
O agente era apaixonado em , e ela sabia. Quando a jovem roteirista chegou apenas com um sonho e pouco vocabulário, em terras coreanas, Sang Chang Chanyeol, foi seu sunbae na empresa em que ela conseguiu o estágio de intercâmbio. De chefe se tornou amigo, e depois de Chany ler o primeiro manuscrito do mangá que seria o sucesso dela, de amigo se tornou o primeiro romance de com um coreano. Porém, quando a mulher notou que a amizade colorida estava ficando mais complicada, e que a coisa estava séria, ela foi franca com ele.
Apesar das suas famílias terem se conhecido e eles terem gostado de ficar um com o outro, não achou justo que eles permanecessem se envolvendo quando o amigo, sunbae, agora sócio e agente, se mostrou apaixonado. Então, ela sempre soube dos sentimentos dele e ele dos sentimentos de amizade dela que desde o término do seu caso, vinha se tornando cada vez mais fraternal ao Chang.
Entretanto, o que não sabia é que o amigo ainda nutria uma esperança. Por isso, quando Chany a ouviu desapontada por Taehyung, o rapaz que verdadeiramente ele notava, fazia com que os olhos dela brilhasse diferentes, o agente ficou feliz. No fundo não deveria, porque ela estava decepcionada e vê-la mal era algo que ele não gostava, mas seu ego o fazia ficar feliz. Já não bastava aquela amizade colossal que desenvolvia com Yoongi!
Chang não tinha nada contra Suga, mas o ciúme que ele tinha da relação dele com era absurdo. Além de é claro, saber que entre aqueles dois existia uma química perigosa e invejável, que ambos negavam veemente. E talvez, apenas por essa negativa, Chany não se sentia ameaçado por Suga no que se referia ao coração da mulher. Sentia-se ameaçado pela amizade dos dois sim, mas outras coisas não. Ele conhecia o suficiente para saber que ela não se apaixonaria em Yoongi, embora duvidasse do contrário.
Não bastando Mário Maurer meses antes, e o Taehyung, agora tinha aquele Jay Park... Por experiência própria, Chang sabia que provar a boca de era um caminho sem volta.
— Eu não concordo com o Yoongi em muitas coisas, mas vou dar o braço a torcer: Jay Park é inaceitável, ! — confessou o amigo enquanto ela revirava os olhos calçando seus tênis.
— Aí gente, vocês dois parecem até que são meus irmãos! Nem o meu pai era assim tão possessivo!
— Não é questão de ser ou não possessivo, a gente se preocupa pelo fato de que Jay tem uma fama de galinha.
— E daí? Eu não vou namorar com ele! Foi só um casual, e se isso se repetir vai ser pela cachorrada, Chany.
Ele riu sacudindo a cabeça de um lado a outro em negativa. Descruzou os braços e desencostou do batente do corredor, se ajeitando para sair logo depois que ela pegou a bolsa.
— Onde vai me levar para almoçar?
— Onde você quiser, desde que tenha pratos para ressaca.
— ‘Tô bem Chany! — ela informou rindo ao descer as escadas com ele. — Sabe que eu tenho boa resistência.
— Desde que não seja cerveja. — Ele riu e a amiga também, dando de ombros.
14.
Taehyung estava sem vê-la há vinte dias. Ele contou, desesperadamente, cada dia e hora desde o dia da boate. E contou todas as outras vezes em que Yoongi saiu ou se encontrou com ela também. Desde aquela noite, não foram muitas. Os rapazes estavam mesmo imersos em trabalho e ela também.
Nunca achou que se arrependeria tanto por ter saído daquele jeito. Ele deveria lutar por ela? Mas... Lutar por ela? O que ele era dela ou que direito tinha em falar de lutar por , quando claramente abriu mão de todos os convites possíveis pra um encontro, ou melhor: abriu mão de qualquer aproximação maior. Até mesmo Jungkook e Jimin estavam vendo a escritora mais do que ele.
Jogado no chão da sala de prática, Tae ouvia as risadas dos amigos, enquanto encarava o teto brilhante. Ele deveria recomeçar. Ele precisava! Não poderia mais se contentar apenas com as fotos dela no instagram, ou com o contato e a interação fria do grupo no Kakao Talk que os amigos criaram para incluí-la. se tornou amiga de todos eles, e mesmo fazendo parte do todo, Taehyung sentia como se entre os sete, ele fosse o mais distante dela. Que idiota! Por que não convidou a mulher para fazer qualquer coisa?! O grito de Yoongi ecoou mostrando o mais velho com Jimin e Hobi em cima de si, e Tae girou o rosto para encará-lo. Ah, é... Estava ocupado achando que seu hyung se apaixonou por , e por isso se afastava da mulher como se a mesma fosse a tentação de Adão.
Falaria com Yoongi sobre tudo. Deveria?
— O que houve Tae? — Namjoon perguntou sentando ao seu lado, observando a inércia do mais novo que não provinha só do cansaço.
— Eu sou um idiota.
— Que isso Taehyung?! São só alguns passos difíceis, você pega rápido!
— Estou falando dela.
Namjoon parou o trajeto da garrafa de água na metade e notou o olhar profundamente arrependido dele.
— Tae... Por que você afastou a ? Ninguém entende a sua cisma com o Yoongi, se os dois declararam já que não tem nada e se ela já lhe deu sinal verde tantas vezes...
— É mentira que todo mundo ache que eles vão ficar juntos uma hora? — o mais novo perguntou, sem a menor incerteza sobre aquilo encarando seu líder.
— Não é bem assim... A gente implica, mas sabe que ela gosta de você. Ao menos, se não gosta tem algum interesse a mais do que amizade...
— E ele?
Namjoon suspirou. Entendia exatamente o quê Taehyung queria dizer e por mais que soubesse que o assunto não era de sua conta, achou prudente comentar a respeito para acalmar o mais novo.
— Olha, não acho que o Yoongi não tenha algum interesse desse tipo na também, mas não acredito que seja premeditado. Na verdade, ele já teria ficado com ela se fosse o caso, e ela também se o correspondesse... Talvez até tenha acontecido e eles não contem, mas o que importa é o que eles falam sobre eles. E não o que os outros tendem a pensar.
— Você acha que ele é apaixonado por ela também?
— Apaixonado? Não... Acho que ele só sente atração física, mas até mesmo ele nega aceitar isso. Ela é um mulherão, completa em todos os sentidos da palavra, e o Suga sabe disso. Mas, o Yoongi está alocando a num outro lugar de seus sentimentos e vida... — suspirou Nam, adentrando no assunto que não era de sua conta, mas achava que Tae deveria saber: — Até porque, você não sabe e ninguém sabe direito, mas o Jin me falou que existe outra pessoa com ele...
Taehyung sentou-se de imediato. Aquela informação era muito nova e importante.
— Será que é tarde demais pra mim? — Como se uma bigorna caísse em sua cabeça, Tae foi impulsionado pela razão.
— Eu queria te dar um soco, Taehyung. — A voz de Namjoon soou rígida e o olhar dele modificou em sua expressão, mas logo, Nam soltou uma lufada pesarosa e bebeu outro gole de água, amenizando sua linguagem corporal para o amigo: — Mas, vou só colocar terror mesmo: então sim, pode ser que seja. Só que você não vai saber se não tentar.
Namjoon se levantou e deu a mão para impulsionar que Tae também se levantasse, e Taehyung olhou para Yoongi. Pensou em ir até ele o perguntar sobre , mas todos foram interrompidos por Bang e Sejin na porta da sala.
— Yoongi, venha à minha sala, por favor. — Bang informou cumprimentando o restante dos rapazes.
Obviamente a surpresa e a tensão estavam estampadas nos rostos de todo mundo.
— O que você fez? — Hobi perguntou para Yoongi, com uma face de quem daria uma bronca no amigo.
— Não sei sobre o que pode ser.
— Saiu sem permissão de novo?
— Só para encontrar a , não foi? — Namjoon perguntou com os demais prestando atenção em Suga.
Yoongi e Seokjin trocaram olhares cúmplices.
— Não... A gente tem se visto pouco desde a balada, mas as poucas vezes em que a encontrei nestes dias foram em minhas folgas.
Jin suspirou entendendo que Yoongi negou, mas não esclareceu que pediu por exceções a fim de encontrar-se com a Maya. Ninguém mais além dele, e talvez, a própria , sabiam do casinho que ele tinha com a melhor amiga de Jin.
— Eu vou lá... — Suga informou e saiu deixando os demais curiosos.
Quando entrou na sala, os managers da carreira do grupo estavam juntos dialogando alguma coisa e pararam quando o mesmo entrou. Yoongi sentou-se diante dos dois, na poltrona ao lado de Sejin.
— Pois não, sunbaes?
— Suga... — Sejin falou antes de Bang: — Sabe que existe uma cláusula de restrição de namoro, e mesmo que saibamos que teremos que lidar de forma diferenciada, em relação aos membros mais velhos do grupo em breve... Nada nos exclui de mediá-los em certos assuntos.
Yoongi desconfiava que Sejin houvesse descoberto de suas escapadas para encontrar-se com Maya, ou pior: que algum rumor tivesse saído entre a mídia ou fanbase.
— Do que exatamente querem tratar? Eu sei disso tudo, sunbae. — respondeu escondendo um pouco a aflição.
— Sabemos que está saindo bastante com a , a roteirista. Isso é um namoro? Se for, precisamos saber qual o grau desse envolvimento para mediarmos quaisquer situações. — Bang, o chefe principal da Big Hit e dos contratos com os meninos, perguntou.
Yoongi piscou lentamente. Achavam que e ele estavam em um romance? Eles também?! Algumas coisas passaram em sua mente naquele instante, mas não tivera tempo de se concentrar nelas. Precisava esclarecer o ocorrido.
— Não! Não é namoro! Somos amigos, apenas. Por que tiraram essa conclusão?
Era o que ele não conseguia compreender e queria refletir depois: o quê em sua relação com ficava acusando aquele rumor o tempo todo diante de todo mundo!?
— Yoongi, a sua mãe nos telefonou perguntando quando o seu contrato mudou em relação a isso. Queria informações sobre as implicações do assunto, e quando nós perguntamos a ela se havia algo a preocupando, a ajhumma nos disse que já estava planejando seu relacionamento com .
A revelação de Bang fez o queixo dele se abrir e sua expressão tornar-se chocada e burra. O que afinal de contas, a sua mãe pretendia?!
— Como acompanho os seus assuntos de perto, o Bang me chamou. Mas fazendo uma retrospectiva percebi que desde aquela entrevista meses atrás, você vem saindo com a escritora em suas folgas, e me pediu até mesmo algumas permissões extras. Suponho que fosse para vê-la, certo?
Yoongi não poderia citar o nome de Maya ali, não naquele momento! Eles não eram nada um do outro, além de dois casuais oportunos. Então, ele concordou com Sejin, mas logo se apressou em explicá-los:
— Tudo um mal entendido, sunbae! A minha mãe conheceu a numa ocasião como minha amiga, mas digamos que... Ela empolgou-se por ser fã da escritora, e desde então tem falado essas coisas sem o menor cabimento!
— Então é só uma projeção de preferência da sua família? — Sejin reforçou: — Você e ela não estão mesmo juntos romanticamente?
— Não! Não mesmo! Diga isso para ela e a própria vai gargalhar em nossa frente!
— Que bom então! — Bang exclamou, porém, tranquilo. A única preocupação deles era esclarecer a história — Mas saiba Yoongi, qualquer situação que mude seu status de relacionamento você precisa nos informar. E bem... Convide a escritora para conhecer a BH! Minha esposa é uma fã dela, e talvez eu possa surpreendê-la!
A fala de Bang deixou Yoongi ainda mais confuso.
— Ela... Ela pode vir nos visitar?
— Claro. Nós não os impedimos de conviverem com seus amigos, não é? — Sejin sorriu e revirou os olhos constatando: — Quer dizer... Desde que tudo seja agendado e livre de problemas... Nós deixaremos credenciais de visitante na entrada com a permissão quando ela vier, é só você pedir com antecedência de um dia. Mas ela não pode acessar tudo na empresa, você sabe.
Suga ouviu Sejin, ainda com uma expressão catatônica de surpresa. Não é como se ele e os colegas recebessem muitas visitas de outros amigos ali, até porque, a maioria de seus amigos eram do meio de trabalho, e as agendas complicadas demais para passarem “tempo a toa” nas empresas concorrentes.
Diante daquilo, ele aproveitou para já solicitar a visita dela no dia seguinte, estava ansioso para mostrar o Genius Lab à amiga há algum tempo. E mesmo compreendendo o que seus sunbaes diziam, ou a razão por agirem daquela forma, Yoongi não conseguia acreditar no que havia sido obrigado a ouvir.
Sua mãe estava maluca? Depois suspirou, deu-se conta de novo: era o mood controlador da ommoni. Ele soube que aquela história contada para ela em Daegu não havia acabado.
Saiu da sala de Bang enviando mensagens para . Avisou a ela que iria vê-la no fim do expediente daquele dia, na empresa, antes de voltar para o dormitório e logo que reuniu-se de novo aos amigos, explicou o ocorrido.
— Aigoo!! A ajhumma Min já escolheu a nora! — Jungkook falou rindo, e os demais o acompanharam, mas entre Jin, Suga e Tae havia um sorriso assustado sobre aquilo.
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— Yoongi, você não pode demorar. Estou quebrando um galho! — o motorista dos rapazes o informou dentro da van: — Sabe que eu deveria levá-los diretamente!
— Não tem problema, ajhussi! Eu informei ao Sejin, ele sabe o que eu vim fazer aqui! — Era uma meia-verdade, Yoongi pediu na saída do treino para o seu manager autorizar que o motorista os levasse a outro lugar, só que ao invés de dizer que veria a amiga, ele informou que fariam um lanche.
— Suga você vai demorar? — Hobi perguntou preocupado com o amigo saindo para entrar naquela empresa, com receio de que fosse visto: — Ela não pode descer?
— Eu não demoro! E se ela descer, vocês começarão a falar demais e aí sim, a não vai embora nunca!
— Vocês não podem simplesmente tratar o que quer que seja por telefone? — Seokjin perguntou também desconfiado do propósito de terem parado ali.
— Eu não posso contar o que a minha mãe está fazendo por telefone! É algo delicado demais para eu jogar uma bomba no colo dela por ligação ou mensagem.
— Mais uma vez, não é... — Taehyung ironizou, sem a menor preocupação de soar descontente.
— Quer vir comigo? — Suga perguntou ao amigo, embora não achasse que fosse o melhor momento.
— Não. Ela está trabalhando e eu não vou rever ela assim, no meio de assuntos de vocês.
O clima pareceu tenso, mas Suga rolou os olhos e saiu. Com seu boné, máscara e o casaco de gola alta, o coreano adentrou na empresa direcionando-se rápido à recepção.
O movimento estava baixo no andar criativo onde a equipe 77 trabalhava. estava em sua sala concentrada em textos, as persianas baixas a fim de não a desconcentrar com o movimento externo da equipe, e tudo reinava no mais absoluto silêncio. No fim do expediente, ela bem sabia que seriam todos tomados de uma algazarra feliz por um dia bastante produtivo.
O telefone de sua sala tocou indicando a secretária da equipe informando-a que um homem de nome “Agust” solicitava vê-la. Ela autorizou que Agust subisse e aproveitou para finalizar a parte que editava de seu trabalho, e fazer uma merecida e forçada pausa.
Yoongi subiu ao elevador, um tanto tenso. A última vez que estivera ali foi quando a abordou pela primeira vez e já fazia meses. Estava preocupado em ser reconhecido, lembrava-se de ter entrado ao setor dela e todos os olhares voltarem-se a ele, revelando a animação da equipe e curiosidade. Dessa vez, não o acompanhava, então, torcia para que as pessoas não o notassem. E foi exatamente o que ocorreu quando ele saiu pelo elevador, e não escutou vozes. Achou que estava no lugar errado, mas a secretária da antessala era a mesma daquele dia, ela o cumprimentou baixinho e indicou com os braços o caminho, abrindo a imensa porta de vidro do escritório.
Suga agradeceu silencioso, observou que todas as pessoas estavam absolutamente concentradas em seus trabalhos, e nem perceberam que alguém invadia o lugar, coçou a nuca e respirou fundo pronto a atravessar todo aquele salão até a porta que indicava a sala da amiga.
— É aquela porta amarela, de frente a nós. — sussurrou a secretária ao seu lado notando-o parado e mantendo o mínimo barulho para não atrapalhar ninguém.
Ele concordou sem sorrir, afinal a mulher não veria, e percebeu como ela esmiuçava seu rosto na tentativa de descobrir quem era o misterioso “Agust”. Caminhou diretivo até a sala de , e deu dois toques baixos antes de entrar. Abriu a porta quase desesperado, entrando como um fugitivo e escorando suas costas à mesma após fechá-la. Checou o ambiente, todo coberto pelas persianas, sem qualquer brecha de que os vissem ali dentro e abaixou a máscara, aliviado.
estava de costas para ele, numa bancada onde ficava sua máquina de café, Yoongi suspirou a observando em silêncio. Olhou a figura da mulher de cima a baixo tentando entender por que a sua mãe havia cismado com ela, buscando os sinais das razões pelas quais a senhora Min teria se apegado à ideia da estrangeira ser sua nora. Seria o modo como se vestia?
A escritora estava naquele momento, em uma calça de tecido nobre, linho creme, e tinha um quimono preto estampado de forma sutil, igualmente fino em mangas ¾. Seu cabelo estava preso sem qualquer alinhamento, o que o indicava que ela estava com as madeixas soltas, e por isso, prendeu com a caneta para trabalhar. Nos pés, ela tinha um salto confortável. De costas, era uma mulher elegante, sem extravagâncias.
— O gato comeu a sua língua? — Ela perguntou com um risinho no final depois daquele tempo em que ele havia entrado, mas sem dizer nada, e então, a mulher se virou para ele.
Yoongi não a respondeu. Quando ela se virou ele continuou a analisando. A maquiagem em seu rosto era sutil, exceto pelo batom vermelho que chamava a atenção para sua boca bem desenhada. Seus óculos discretos em armação dourada fininha davam a ela um ar intelectual. Os brincos eram pequenos, já o colar, não. Descendo a visão pelo tronco, notou que a amiga vestia um daqueles seus bodies colados que enalteciam o colo dela, branco, e com um discreto decote em “V”. Não tão discreto para alguns costumes coreanos, já que se via que o pingente do colar perdia-se na curva dos seios dela. Mas, a parecia não se importar muito com aquilo, e a empresa em que estava há anos, claramente não se importava também. A mangaká Entertainament parecia mesmo uma empresa à frente do seu tempo.
Descendo os olhos um pouco mais, a calça de cintura alta demarcava a cintura fina e o restante, era o mesmo das costas. tinha muitas curvas, uma pele bronzeada, uma sensualidade e inteligência que exalavam da postura de todo o corpo até à força de seus olhos, e era uma mulher de opinião bem esclarecida. O quê naquele conjunto, não faria o menor sentido na cabeça de Yoongi que a sua mãe quisesse-a como nora. era tudo o que uma coreana não era, porque lógico, era uma ocidental. E a sua mãe passou a vida inteira dele, dizendo-o que deveria encontrar uma boa esposa coreana.
— Você está me assustando! Por que está me comendo com os olhos, Yoongi? — ela falou depois de chamá-lo três vezes e o mesmo não responder.
caminhou deixando sua xícara de café na mesa, e se aproximou dele, de braços cruzados, preocupada por aparentemente o amigo ter entrado num estado hipnótico.
— Eu devo reconsiderar agora aquela desconfiança do primeiro dia, de que você é um psicopata, e que vai me atacar agora?
— Oi. — Ele disse finalmente, sacudindo a cabeça afastando sua investigação silenciosa de sua mente, e deixando um beijo no rosto da amiga, coisa, aliás, que ela estranhou. Yoongi não era de contatos.
— O que aconteceu?
Viu o amigo caminhar até o sofá do escritório e se jogar com a cabeça para trás e os olhos fechados. ainda estava achando-o muito esquisito, o que por si já deveria considerar normal, mas não naquele momento. Ela retornou até a sua mesa, pegou novamente a própria xícara de café e sentou-se sobre o tampo dela, com uma perna apoiada no chão.
— Eu não posso demorar. Estou na van, e eles estão me esperando lá embaixo.
— Tá... Estão todos aí?
— Sim e antes que me culpe o Tae não quis subir.
— Não vou te culpar, eu não esperava isso dele. Mas, o que houve?
— ... Primeiro, eu quero te perguntar uma coisa. — Yoongi pausou a fala a encarando, um pouco receoso de como ela encararia aquilo, e então ela fez um sinal com a mão, para que ele continuasse — As pessoas ficam te perguntando sobre a gente?
A escritora franziu o cenho. Do que ele estava falando?
— Que pessoas?
— Sei lá, o pessoal do seu trabalho... As pessoas que você fala sobre mim ou que nos veem juntos.
sentiu um sorrisinho sacana surgir no canto de sua boca, e Yoongi também notou o gesto, ele soube que ela não diria algo que ele gostaria de ouvir.
— Olha estranho... Isso pode doer mais em você do que o imaginado, mas... — ela suspirou e Yoongi arregalou os olhos para que ela terminasse logo de falar — Eu não falo sobre você. Na minha vida, absolutamente ninguém faz ideia de que eu te conheça.
Yoongi fechou a cara e ouviu começar a rir.
— Desculpa Yoongi, mas não é como se eu pudesse ficar falando por aí que eu sou sua amiga... E depois, quando saímos um com o outro, é sempre no seu ambiente, então... Ninguém me perturba com isso! Mas, por que esse questionamento agora?
— Eu fui chamado pelo Sejin e Bang hoje para falar de você. E esse é um ponto: todo mundo acha que a gente tem alguma coisa! Os meninos, por conta daquele mal entendido, ok... Mas... Meus managers? Só porque nós saímos juntos?
— Convenhamos Yoongi, vocês não ficam saindo com garotas por aí! E eu tenho certeza que o Sejin sabe que eu ando aparecendo no dormitório às vezes. É ingenuidade demais vocês acharem que eles não sabem de detalhes importantes como esse.
Yoongi concordou. Foi mesmo ingênuo de achar que tudo estava ocultado, pelo simples fato de não terem levado nenhuma chamada desde a primeira vez, mas... Os seguranças eram subordinados ao Sejin. É óbvio que eles sabem, então, aquela conversa dos managers não só demorou como foi tranquila demais...
— Eu queria saber se acontece com você também.
— Suga a gente não aparece tanto assim publicamente, então, não acho que sejamos uma atração. Mas, quando estamos nas boates acontece muito de me perguntarem no banheiro se nós somos namorados, só que, isso é normal. Não é algo que aconteça por sermos nós dois, apenas acontece quando um homem e uma mulher saem juntos. Isso te incomoda?
— Não, não é que incomode. Só me preocupa. Eu não quero criar rumores pra você ou pra mim, e nem dificultar o que já é difícil... Bem, eu só fiquei curioso se por acaso eu dei a entender em algum momento qualquer coisa diferente do que nós realmente somos.
— Não para mim. — respondeu dando de ombros e bebendo um gole de seu café esclarecendo: — Sempre tive muito claro que não há interesse da sua parte, a gente já começou nossa amizade com esse questionamento, lembra? Você invadindo aqui sem qualquer razão clara, eu te perguntei que intenção você tinha. E você se lembra do que respondeu?
— Que eu queria ser seu amigo e te caçar para o Taehyung. Ou algo do tipo.
— E falhou miseravelmente, diga-se de passagem. Se tornou o meu karma e me afastou de sentar no Tae!
Yoongi resmungou qualquer coisa. Contestaria afirmando que deu a ela a chance de sentar no Park, mas os créditos eram do Namjoon que havia convidado para aquele evento.
— Bem, o outro ponto, é uma informação muito chata, mas eu senti que precisava falar sobre isso com você pessoalmente. É a minha mãe! Ela quem ligou pro meus managers pedindo informações do contrato sobre o namoro, por que... Nas palavras de Bang, ela está “planejando o nosso relacionamento”. E eu te juro que não entendo! Mas, eu precisava te dizer para você não ser pega desprevenida se ela vier...
— Você às vezes é mais lerdo do que o Taehyung. — interrompeu sorrindo e logo explicou, quando Suga fez cara de desentendido: — Sua mãe já está me rodeando com isso.
— Como assim?
— Eu já sabia das intenções dela há algum tempo. Ela fica me mandando mensagens com perguntas sobre a minha vida pessoal. No começo, quando ela me contava, as mensagens eram sobre as curiosidades dela com os meus escritos... Ela já leu até o que eu publiquei no início da minha carreira aqui, tá? Ela é mesmo fã do meu trabalho!
A medida que contava, a expressão de Yoongi se tornava mais e mais surpresa, em choque mesmo.
— Depois, ela passou a me telefonar, porque nós fomos aproximando e ela é sempre muito gentil e atenciosa, me tratando como uma filha. Mantendo aquele tom que ela mantém com você e Geumjae, “já comeu?”, “precisa de alguma coisa?”, “venha me ver!”... Essas coisas. Então, eu desconfiei quando ela disse que gostaria de conhecer os meus pais. Foi um estalo: por que a senhora Min quer conhecer minha família? E então... Geumjae confirmou as minhas dúvidas quando...
— Geumjae? Você tem contato com o meu irmão?
— Qual o problema? Eu já falei que ele é bem mais legal que você. — Ela disse risonha e o amigo ainda pasmado, não retrucou então continuou: — Enfim, Geumjae me contou que a sua mãe tinha intenções de ver nós dois juntos. Foi aí que eu passei a responder as questões que ela tinha, ciente das ações dela. Sua mãe sempre fala de você comigo, e eu sempre faço questão de mostrar que não convivo o tempo todo contigo... — franziu o cenho, desconfiada, para ele: — Yoongi, ela não fala de mim para você?
— Ela...
Yoongi deu-se conta de que sempre que a mãe lhe mandava mensagem, perguntava por , e ele a contava com frequência o que faziam na maior inocência: “saímos ontem, ela está bem”, “acabei de mandar mensagem para ela, ela esta bem, mãe”, “não sei quando vou vê-la, mas ok eu mando seu abraço”... Sem que percebesse ele fazia parecer o contrário do que dizia.
— Acho que eu alimentei a ilusão na cabeça dela.
— Ótimo, então a culpa é sua. E se prepare, a coisa vai piorar. Semanas atrás ela me ligou em chamada de vídeo perguntando como eu estava, e eu tinha acabado de voltar da casa do Park, a pele... Você sabe... Ela reconheceu que eu estava muito bem e quando deu a entender que eu estava com cara de quem havia tido uma noite maravilhosa... — riu confessando a Yoongi: — Aliás, sua mãe adora falar de sexo, viu? Ela não é assim tão puritana não!
— ! Pelo amor de Deus! — Yoongi abaixou a cabeça levando a mão aos olhos, numa expressão inconfundível de asco.
— Pergunte à Jinah! Elas falam sobre Geumjae o tempo todo!
— Você também conversa com a minha cunhada?!
— Ué, a gente se aproximou e trocou contatos desde Daegu! Eu já saí com Jinah e Geumjae para almoçar, inclusive.
— Como assim, ?! Desde quando você se infiltrou na minha família? — Yoongi perguntou ainda mais alarmado.
— Ah não! Eu não sou obrigada, né? Quem me arrastou para o programa da família foi você, Min Yoongi! — esbravejou, de forma contida para que não os escutassem, com as mãos na cintura e continuou explicando: — E eu não devo o passo a passo da minha vida, com quem saio ou não, a você, mesmo que seja o seu irmão e cunhada!
— Tá, tá! Termina a história da minha mãe! Por que eu devo me preparar?
— Contei que estava namorando. Mas não com você é claro, e não falei que era o Jay Park, porque né... Privacidades e segredos, mas... Agora que você veio me dizer isso... Bom, é bem possível que a sua mãe esteja escrevendo uma fanfic ou um webtoon.
Yoongi piscou pausadamente. Sua mente processava todas aquelas informações e fatos. Estava um tanto quando confuso por vários pontos.
— Espera... Você está namorando o Park?
— Não. Só fodendo.
Yoongi revirou os olhos, enjoado, e com novamente, a expressão de nojo em seu rosto. Responderia uma provocação, mas a porta da sala de se abriu e Chang entrou de repente. Eles não escutaram as batidinhas baixas que ele deu. arregalou os olhos sussurrando para ele entrar logo e fechar a porta, e Yoongi, com o rosto à mostra manteve o susto ao perceber que tinha sido descoberto.
— Ah... Oi Yoongi. — Chang falou rápido, natural por saber que não era surpresa vê-lo ali, e caminhou até com um bloco de papéis na mão: — Desculpe, eu bati, mas você não falou nada. Atrapalho?
— Contou para ele? — Yoongi perguntou antes que a amiga abrisse a boca para responder ao empresário.
— Que Agust é você? Claro! — A expressão de Yoongi foi de confusão a ultraje — Chang é meu melhor amigo, Yoongi. Não há nada sobre mim que ele não saiba.
— Ah é? Ele sabe até com quem você dorme?
Chang sentiu o rosto enrubescer e abriu a boca em choque.
— Yoongi, você ficou doido?
— Ué, não é ele o seu melhor amigo? Então ele deve saber com quem você anda trocando saliva também, não é?
— Ér... — Chany murmurou deixando os papéis na mesa dela e dizendo-a: — Verifique depois... Eu... Vou deixar vocês conversando.
E assim que saiu, Suga ainda o encarava com uma expressão de ultraje. igualmente nervosa saiu da mesa e foi até o sofá. Sentou-se ao lado dele e deu-lhe uma bofetada no braço.
— Você é alucinado, seu garoto esquisitinho?!
— Ele é o seu melhor amigo?
— Yoongi! Eu o conheço muito antes de você, não vem querer sentar na janelinha! Que isso?! Você está com ciúme do Chany?
— Eu não estou com ciúme de ninguém, mas como você pode dizer que ele é seu melhor amigo? Você sabia que eu te considero a minha melhor amiga? Não deveria existir uma reciprocidade?
começou a rir achando fofo que ele tenha confessado o quanto sentia afeto por ela. E melhor ainda: Yoongi deu o rótulo à , antes dela entregar a ele o dele.
— Se você rir mais, eu vou espalhar por aí que está sentando no Jay Park.
— Eu serei aclamada, você sabe... — zombou e o amigo bufou descontente.
— Você não vai parar de sair com esse cara?
— Ah! Está com ciúme do Park também, agora? Você sabe que eu não sou um souvenir que você comprou com o seus milhões de wons não é idol ?
— , você é mulher demais para ele!
Yoongi soltou a verdade que até mesmo sabia, não pelo físico, mas por seus sentimentos. O que Yoongi não sabia é que ela tinha completa noção de que o lance com Park era apenas físico.
— Esse seu grande amigo Chang, sabe disso?
— Sabe! Ele soube desde o começo e assim como você não curte muito a ideia... Mas é por que... — segurou a língua e falou apenas o necessário: — Porque vocês dois não conhecem o Park, só a fama dele.
Suga se levantou se preparando para ir embora.
— Aliás, eu achei que você daria mais trabalho a ele.
— Eu dei. Acha que foi fácil ele chegar até o Namjoon para pedir o meu telefone? O Park teve que investigar a maknae line do Jungkook inteira, até chegar ao Jungkook, e dele no Namjoon.
— Eles não me falaram nada! — revoltou-se.
— Suga você precisa entender que as pessoas não te devem satisfações de nada, tá?
— E você pode parar de me chamar de Suga? Já te falei sobre isso!
revirou os olhos se levantando também. Yoongi dissera-a tempo atrás que não gostava quando as pessoas mais próximas o chamavam de Suga, porque Suga era o alter ego do BTS, e não o Yoongi. E ainda, feliz porque eles tinham seu próprio apelido, sentia-se muito mais confortável quando o chamava de “estranho” ou “Agust”.
— Olha, Yoongi, eu tenho que voltar ao trabalho! Você disse que não poderia demorar, e teve diálogo aqui para eu escrever um capítulo de novela!
— Eu sei, já estou indo mesmo. Ah! Seu acesso na Big Hit... Meio que tem credencial de vistante para você por lá quando quiser ir, mas é preciso que diga com um dia de antecedência. Então, apareça por lá amanhã! Vamos estar te esperando! E isso é uma ordem do Bang, e um pedido meu... Eu quero te mostar um lugar... E também... Conversar sobre uma coisa.
— Uma coisa? — desconfiou ela, sentindo que ele a deixaria na curiosidade até o outro dia: — Tem a ver com aquela calcinha no bolso do seu blazer de outro dia, não é?
— A gente conversa amanhã, sua esquisita! — beijou de novo o rosto dela puxando-o para fazer a amiga parar de falar, e de novo estranhou.
— Esquisito é você! Agora deu pra demonstrar afeto!
— É que diferente de você, eu te dei o título de melhor amiga! — reclamou e deu as costas saindo até a porta, e antes que a abrisse avisou:
— A máscara! — apontou ao rosto dele, e Yoongi se recordou pegando-a no bolso da calça, vestindo-a enquanto ouvia as últimas palavras da amiga: — E dê um jeito na sua mãe! Se ela continuar achando que eu vou te desencalhar eu vou contar a ela que você é gay.
Yoongi gargalhou antes de sair e despediu-se num aceno. sorria abertamente. Suga era sempre motivo para ela sorrir, fosse por irritá-lo ou por achar graça na maneira como ele também estava conquistando o posto de melhor amigo no coração dela. Por mais que ela fosse negar aquilo o quanto desse. Na verdade, ela não queria confessar antes dele, e deveria ter feito uma aposta com alguém sobre aquilo, porque claramente, ela teria ganhado.
Voltando para a van, Yoongi abriu a porta e ouviu o clamor de reclamações dos amigos.
— Até que enfim, hyung! Eu estou faminto! — Jungkook reclamou.
— Eu já estava pensando em ligar para a e mandar ela te deixar em casa, Yoongi! Isso não é demorar para você? — JHope reclamou em nome dos demais.
— Foi mal pessoal, era assunto sério.
— Suga se esquece da vida quando está com ela... — Jimin reclamou — Igual quando começam a conversar na hora do almoço! Atrasa todo mundo...
— A fala demais também! — Namjoon riu e Seokjin constatou:
— A mulher é escritora gente, deem um desconto a ela. Estranho é o Yoongi falar demais quando está com ela.
Taehyung suspirou e afundou-se ainda mais em seu banco na van, escorado à janela da mesma de olhos fechados, tentando concentrar-se em seus fones de ouvido e não na conversa deles. A comichão do ciúme incomodava a ele, cada dia mais, por mais que Yoongi sempre tentasse incluí-lo nos planos com . Pelo menos, desde a última tentativa: a fatídica noite da boate.
— Tá, tá! — reclamou Yoongi e o carro já estava voltando para o dormitório — Amanha vocês reclamem com ela...
— Falou da sua mãe para ela? — Namjoon perguntou curioso.
— A minha mãe vai me enlouquecer, Nam. Ela aprontou bem mais do que eu imaginava, e eu nem notei... A me contou que a ommoni andou insinuando coisas para ela também... Por que a minha mãe é tão controladora?
— Por que vamos ver a amanha? — Hobi indagou de repente, interrompendo o raciocínio de Yoongi.
— Ela vai à BH. Pedido do Bang, concessão da empresa. A gente nunca percebeu que podíamos levar amigos lá, nas áreas comuns...
E então, os meninos comemoraram a novidade, e Jimin cutucou Taehyung o fazendo abrir os olhos e tirar um dos fones do ouvido.
— Ouviu Tae? A vai à BH amanhã.
Jimin apenas soltou a informação e focou em algo que conversava com Kook, Taehyung havia escutado pelo fone, e não deixou de sorrir pequeno. Aquela seria a sua chance de consertar tudo.
15.
entrou na Big Hit com a sua credencial, maravilhada. Às vezes esquecia-se de que era fã daqueles garotos. Sejin a aguardava no primeiro andar, assim que o elevador abriu a porta.
— ?
— Eu mesma. — A mulher abaixou-se fazendo reverência — Annyeongseo, ajhussi.
— Annyeongseo! É um prazer receber a senhorita. Nós nos conhecemos no dia da entrevista, mas foi tudo tão rápido, não é? — Sejin reverenciou de volta e entrou de novo no elevador antes que as portas se fechassem, apenas o seguiu conforme as instruções da recepção lhe disseram para fazer ao encontrar o manager — Meu nome é Sejin. Nós iremos até a presidência.
— Ah... A Presidência da Big Hit? — perguntou confusa.
— Bang quer conhecer você.
— Eu devo me sentir uma pessoa muito importante então, se até o senhor Bang quer me encontrar... — mostrou-se bem humorada apesar de estar nervosa.
— Ah, sim! Pode se sentir importante com certeza, já que a razão para ele querer conhecê-la é por sua esposa ser uma grande fã do seu trabalho!
— Isto é uma feliz surpresa! — afirmou e o elevador se abriu.
e Sejin saíram do elevador caminhando lado a lado, silenciosos, mas com uma aura cortês em torno de si. A secretária da presidência sorriu simpática para os dois e os anunciou, e pouco menos de um minuto após, ela estava abrindo a porta para que eles entrassem. assentiu humildemente e logo que Sejin fez as honras de cavalheiro, ela entrou observando atenciosa à sala da presidência da BH.
Bang já estava de pé os aguardando em frente a um conjunto de poltronas e mesa de centro. Rapidamente ele cumprimentou Sejin dizendo-o para se sentar e a escritora se aproximou sorridente e extrovertida, com toda a sua empolgação brasileira contida numa educação elegante, quase coreana. Bang estendeu a mão para ela, logo depois ela reverenciou-o num cumprimento típico coreano, sem tocá-lo. Queria demonstrar respeito, mas sentiu-se bem recebida e mais confortável quando viu a mão dele ainda estendida compreendendo a gentileza no gesto.
— Seja muito bem vinda à Big Hit, senhorita !
— É um prazer estar aqui e uma honra conhecê-lo, ajhussi! — respondeu tocando de forma firme a mão de Bang.
— Uwa... — Ele murmurou risonho encarando suas mãos unidas e falou ao Sejin: — Um aperto forte!
— Para chegar aonde ela chegou não esperaria menos. Dizem no ocidente, que uma mulher de aperto firme de mãos é poderosa.
Sejin respondeu fazendo referência do adjetivo à , — que já estava se constrangendo sentindo-se tímida pelos aparentes elogios, pois, ela encarou como elogio o espanto dos homens — e indicou para que ela se sentasse ao seu lado. Bang sentou na poltrona da ponta e no sofá lateral a ele, ficaram e Sejin lado a lado.
— Eu gostaria muito de conhecê-la, senhorita ! Minha esposa é fã de seu trabalho, e bem... Confesso que nunca vimos o Yoongi sair tanto como tem feito ultimamente!
Sejin sorriu sugestivo para Bang ao ouvi-lo e, acompanhou aos movimentos dos olhares dos dois.
— Ah... Eu agradeço imensamente o carinho de sua esposa por meu trabalho. Se eu puder fazer algo a retribuir, por favor, me fale. — informou decidida a ignorar o comentário sobre Yoongi.
— Já que a senhorita se dispõe, eu gostaria de convidá-la para jantar na minha casa! Minha Eiri ficará absurdamente feliz comigo por isso! Desde que a senhorita chegou a solo coreano e foi descoberta como autora dos mangás mais vendidos, as minhas sobrinhas leem suas obras. Quando me dei conta, Eiri, minha esposa também estava viciada nos seus mangakás e procurando pela novela tailandesa para assistir! Estrelou recentemente, não é? Ela não perde um capítulo!
— Nossa, mas eu fico radiante e muito surpresa por saber dessas coisas, ajhussi Bang! Por favor, será uma honra conhecê-las. O convite está aceito!
— Ah, isso é muito bom! Eu fico muito feliz também, obrigado! Sejin já mostrou à senhorita a nossa empresa?
— Não senhor Bang, eu a trouxe imediatamente para cá.
— Os meninos não a viram então? — perguntou retoricamente o chefe olhando alternadamente para o manager dos garotos e para . Ambos assentiram negativamente, e Bang continuou: — Então prometo não me prolongar aqui, a senhorita deve ser ocupada e estar ansiosa para vê-los.
— Ah, estou com a manhã livre para a Big Hit. Assim que o Yoongi me informou que eu poderia vir, eu desocupei a agenda no horário da manhã, afinal, não é todo dia que podemos entrar aqui e vê-los trabalhando, não é? Não posso negar também que sou fã do trabalho deles.
Bang sorriu simpático assim como Sejin que apenas observava a dinâmica entre o chefe e a convidada. O gerente de carreira dos garotos percebeu como era polida, e mesmo assim, de presença marcante. Ela tinha trejeitos próprios que a diferenciavam das mulheres sempre contidas de sua cultura, mas não a tornava uma pessoa desrespeitosa com os hábitos de seu país. E Sejin sempre ouvira que os brasileiros eram efusivos demais. Foi uma surpresa notar que não o era, mesmo que ela morasse há cinco anos, ou algo em torno, na Coreia.
— Senhorita, como foi que a sua aproximação aconteceu com os meninos? Fique à vontade para me contar, não é como se fosse um problema. — Bang fez questão de dizer pegando o chá que sua secretária trouxera para eles naquele momento.
Sejin não tivera intenção de responder ao Bang a pergunta destinada à escritora, pois, enquanto seu chefe e conversavam, o manager estava a analisando de cima a baixo. Buscando evidências em suas falas e seus modos, capazes de justificar se Yoongi estaria apaixonado por ela e por quais razões aquilo aconteceu.
— Bem, nos conhecemos no programa de TV, mas não é como se eu não soubesse quem eles eram não é... — Ela riu.
— presenteou os meninos com uma edição deluxe de seu mangaká. Uma edição limitada, não foi? — Sejin interrompeu.
— Não me diga?!
Bang fingiu não saber, e na verdade, apenas soubera por causa de suas sobrinhas que também pediram um box daquele após terem visto a entrevista. E claro, ele comprou para cada uma e para sua esposa.
— Foi, mas na verdade, o Chang, meu agente havia preparado tudo. Eu não sabia que o BTS estaria lá, então o máximo que fiz foi autografar e dá-los com prazer o presente, é claro.
— Hm... Uma versão Golden? — perguntou Bang, assentiu sorrindo — Ah sim! Claro! Eu tive que comprar para minhas sobrinhas e amada Eiri.
— Faço questão de autografar para elas quando for ao jantar.
— Uwa... A senhorita é sagaz! Eu já estava pensando em uma forma menos invasiva e constrangedora de lhe pedir isso! — Eles riram.
— Senhorita ... Mas, eu não me recordo de outros encontros entre os rapazes e a senhorita. — Sejin perguntou.
Não estavam tentando descobrir nada oculto, ou pegar alguma mentira de Yoongi, apenas estavam curiosos para saber como a situação de amizade entre eles surgira.
teve medo de dizer a verdade, poderia ser negativo ao Taehyung contar que ele pediu o número de telefone dela, assim como, com certeza seria negativo dizer que Yoongi a perseguia. Lembrou-se até mesmo de Suga dizer a ela que não poderia ter saído do trabalho naquele dia em que apareceu pela primeira vez diante dela. Então, tentou uma informação um pouco perigosa, mas julgou que seria menos arriscado a eles. Embora, no fim, desse no mesmo.
— Bem, eu sou fã... E... — sorriu sem graça bebendo um pouco do seu chá — Eu conversei com Suga no weverse, e ele me reconheceu. A partir dali, nós começamos a sair juntos.
Bang e Sejin acenaram com a cabeça e se encararam duvidosos, pela versão da história e pelas palavras colocadas por ela ao final:
— Saíram juntos? Então é mesmo um namoro? — Bang perguntou.
— Namoro?! — alarmou-se ela quase se engasgando com o chá — Não! Não foi desse jeito. Foram encontros entre amigos, só!
— A senhora Min nos garantiu que você e Yoongi namoram senhorita. — Sejin falou calmo e sutil.
— Ah, claro... A senhora Min... Bem, foi um mal entendido. Ela não compreendeu o que Suga disse, e por ser uma fã minha, acredito que ela gostou da ideia e a assumiu como verdade. Enfim, eu não namoro o Yoongi, e nenhum dos meninos do seu grupo.
— Claro... Se a senhorita diz e Yoongi também, nós iremos acreditar que foi um equívoco da ajhumma. Mas, , saiba que podem se sentir à vontade para nos contar, não queremos dificultar as coisas para o Yoongi. Apenas, precisamos ter cautela e cuidado com as cláusulas.
— E controlar o fandom. — reiterou Sejin à fala de Bang, e de repente estava muito perdida em, que intenção havia se posto naquele encontro — Porque a senhorita sabe... Tumultos se criam fácil, mas custam a ser desfeitos.
— Claro sunbae Sejin. Não se preocupem! Têm a minha palavra que não esconderei se acaso eu vier a me envolver com um deles.
— Obrigado. Agradecemos a franqueza. Confiar em você é tanto um desejo nosso quanto o seu de confiar em nós. Posso considerar isso? — Sejin perguntou.
— Com certeza. Confiança é uma via dupla... — assentiu baixinho, risonha e agora mais sem graça para Sejin.
— Sabe, até faço gosto que a senhorita e o Yoongi deem certo! Uma namorada que é mais interna... Digo, apesar da sua fama, são nichos diferentes e a senhorita quase não aparece em mídia... Além disso, — estava atônita com o que ouvia; aquilo tudo era tão improvável! — uma namorada em que nós podemos confiar e saber que tem o mesmo interesse em ser discreta como nossos assuntos pedem, é um presente! O fato de eles não namorarem, tem a ver com a dificuldade que esse tipo de coisa gera para nós em termos de fandom, mas também de responsabilidade com os afazeres e agendas dos meninos, fora a maturidade necessária por parte deles.
— E não é como se fosse simples que eles namorem garotas comuns ou garotas famosas... A maturidade também é necessária por parte de quem entrar numa relação com eles. Realmente, a senhorita tem uma medida equilibrada entre essas coisas. — Sejin comentou em tom de análise e concordância às exposições postas por Bang.
ainda não sabia o que dizer ou pensar. O último comentário dos homens tornou a coisa toda mais assustadora. Por que estava na sala da diretoria discutindo a vida íntima do grupo? Aliás, a sua vida íntima também, uma vez que ela estava sendo apontada como candidata àquilo! Lembrou-se de Yoongi na sua sala na tarde anterior a indagando se mais alguém ficava anunciando um flerte entre eles no trabalho, e pôde sentir o que ele estava sentindo: era horrível que as pessoas superiores em sua empresa lhe controlasse a vida daquela forma! Fora que, ela se pegou buscando entender em que ponto ela e Yoongi agiam como um casal para todos pensarem aquilo! Embora Chang tivesse comentado que Yoongi poderia ter interesse, quando ela contou-o bem no comecinho da amizade sobre a aproximação dele, aquilo foi algo que naturalmente ela também pensara na ocasião. Depois disso, Chang não ficava apontando nada do tipo! E olha que além de melhor amigo e agente dela, ele era um ex-ficante; quase ex-namorado, que já foi por ela, apaixonado.
As vozes dos dois sunbaenins dialogando ecoavam em sua mente tanto quanto suas dúvidas e pensamentos.
— Maturidade essa que à hyung line do grupo logo deverá nos sobrepor, pois não poderemos impedir o namoro por muito mais tempo. Até porque, eles já estão bastante adultos. — Sejin continuava explanando sem notar, tal como Bang, a expressão confusa e suspeitada da escritora.
— Por isso, estamos tranquilos caso você e Yoongi venham a se envolver! Ele já tem idade o suficiente e é responsável, e a senhorita também! Por favor, não tenham medo de confiar em nós, sim? — Bang reafirmou ao que Sejin havia dito.
Por Deus! sabia que alguma coisa estava lhe escapando do controle, e ao ouvir Bang, ela bebia seu chá e precisou respondê-lo de vez:
— Não acho que... — bebeu mais um gole, como se aquilo fosse lhe dar calma e sabedoria para contornar a situação e, engasgou ela com o líquido evitando tossir na frente deles, mas finalizou certeira: — Nós não somos mesmo um casal, senhores.
Assentiram novamente com a cabeça, continuaram a conversar sobre várias coisas, todas em torno do BTS ou de sua carreira e então, Bang agradeceu a visita a ela um pouco depois. Cerca de quinze minutos depois, estava sendo direcionada por Sejin a conhecer o restante da BH.
Ele pediu que anunciassem no alto-falante da sala de treino, aos rapazes, que a visita havia chegado. Em seguida, Sejin precisou se distanciar para a sua sala e levou a moça consigo, ainda conversando coisas pequenas e triviais sobre o ambiente da empresa. Em seguida, ele pôde deixá-la nos cuidados de Jin que chegou à sala do manager para receber a amiga. Seokjin fechou a porta do manager, e encarou a palidez de , preocupado:
— Aconteceu alguma coisa? Não me lembro de seu rosto ser assim tão branco... Errou a mão na maquiagem hoje? — brincou, disfarçando o tom de preocupação.
— Você pode, por Deus, me dizer quando foi que eu e Yoongi deixamos claro para o mundo que somos um casal? Eu nunca me preocupei tanto com isso, mas... Ele tem razão em ficar surtado!
— Vo-vocês são um casal? — Jin perguntou confuso com a fala dela, enquanto eles caminhavam pelo corredor rumo ao elevador.
— Claro que não Seokjin! Por que é tão difícil para as pessoas entenderem uma amizade entre um homem e uma mulher?
— O que houve na sala do sunbae?
— Eu conheci o Bang! — Ela falou e Jin arqueou as sobrancelhas. — Fui levada a diretoria logo que cheguei, pelo Sejin. Eles me fizeram a mesma pergunta umas trezentas vezes e disseram que estavam muito satisfeitos se o Yoongi e eu nos assumíssemos para eles e blábláblá... A senhora Min também está sendo uma maluca!
Jin começou a rir contido, do modo desesperado de uma falante.
— Não conte ao Yoongi que eu disse isso, mas a mãe dele tem algum problema! Por que ela está empurrando o filho pra mim? Eu sei que eu sou maravilhosa e coisa e tal, mas... Que desespero é esse de casar o Yoongi? Eu sei que ele é estranho, caladão, um pouco rabugento, dorminhoco e tem uma aura de velho, mas... Ele é bonito! É inteligente, divertido, bonito, talentoso, tem lá o seu charme, às vezes é até sexy! Não há razão para ela achar que ele não vai conseguir uma mulher! Com certeza tem fila atrás dele! Afinal, o que são aqueles “Yoongi Marry Me” infinitos das suas fãs?
parecia uma metralhadora ambulante que falava sem respirar. Jin achou que em certo momento ela até começaria a falar em português, mas ela não falou. Ele estava rindo das reações da escritora, escorado na parede do elevador em que os dois mantinham o diálogo a sós.
— Você disse que ele é bonito. Duas vezes. E sexy. Quanto vale essa informação?
— Eu vou negar isso até a minha morte, será a minha palavra contra a sua, e o Yoongi não merece meus elogios! Foi ele que me colocou nessa confusão!
— É... — Jin parou de rir e se manteve sério sobre aquilo, dando sua opinião: — Se ele não tivesse ido atrás de você como foi, talvez nada disso tivesse acontecido. E talvez nós não fôssemos amigos seus, já que o Tae não se moveu muito, não é?
— Argh! — resmungou ela — Nem me fale em Taehyung! Eu não sou de ficar dando condição para homem novo, mas o Taehyung... Eu queria tanto ele!
A confissão de saiu sem o menor problema, sem o menor constrangimento e Jin achou aquilo foda. Foda porque ela não tinha medo de encarar o que sentia e verbalizar aquilo, e fofo. Achou fofo o fato de que ela era verdadeira sobre o que sentia.
— Eu nunca entendi porque ele fugiu de mim... Não é só pela confusão com o Yoongi! Nós dois esclarecemos as coisas! Se o Taehyung achou melhor acreditar no que os outros dizem ao invés de crer no amigo, e no que eu; a pessoa mais interessada, dizíamos, então... Talvez o Taehyung não seja mesmo alguém que valesse a pena eu compartilhar toda a minha experiência.
— Tsc... Não fale assim... — Jin murmurou após estalar a língua e pôs-se a defender o mais novo: — O Tae é sentimental. Meio temperamental também... Ele chora com facilidade, sente com intensidade, mas acima de tudo, guarda com frequência as coisas. Ele viu algo que o impedia de ir até você, mas eu não acredito que o problema seja você, nem que esteja na história confusa dessa amizade entre você e o Yoongi. O que o Taehyung enxergou pode tanto ser algo dentro dele como fora, mas só ele poderia dizer.
— Agora eu não quero saber. Tô bem! E não me envolvo mesmo com garotos novos. — fez um bico e cruzou os braços quando a porta do elevador abriu e Jin indicou que saíssem, dando passagem primeiramente para ela.
Ele ria da expressão emburrada de , dos braços ainda cruzados demonstrando que aquele assunto a deixava contrariada, e zombou-a com uma verdade que não era segredo para ninguém entre os sete amigos:
— Que pena, por culpa do Taehyung, o Jungkook vai quebrar a cara.
— Jungkook? — Ela perguntou surpresa com uma expressão mais leve.
— Na-na-ni-na! A senhorita acabou de dizer que não se envolve mais com garotos novos, então, pode esquecer. Eu já vou avisar ao Jungkook para ele não sofrer também! — E entrando na sala de treino, Jin puxava para dentro já gritando: — Hey, Kook! Eu preciso te contar uma coisa!
deu um puxão no braço de Jin que sorriu travesso para ela, sussurrando: “O que?”.
— Cale a boca Seokjin, o Jungkook é gostoso! Não me atrapalha se eu estou ganhando essa! — Ela sussurrou de volta fazendo-o gargalhar.
Os meninos todos se aproximaram do centro da sala, indo de encontro à para abraçá-la, felizes por que a amiga estava ali. Taehyung, no entanto, estava estirado no chão descansando ofegante, quando ouviu a voz de Jin e girou a cabeça para a porta. A visão em 180º da mulher que entrava ao lado de Jin fizera seu coração dar um salto. Ela estava tão linda! Vestia-se casualmente, com um vestido de tecido solto e estampado em micro flores, contrastando com a meia-calça preta e a botinha também preta. O casaco, um sobretudo bege, dava ao look a visão de que, enfim, estava chegando o final do ano e as temperaturas começavam a cair. E ela sorria largamente para todos, que animados se aproximavam. Tae ergueu o corpo numa rapidez que os outros não notaram, exceto Yoongi que estava logo atrás dele e se aproximava já com a mochila nas costas.
— Não vai cumprimentar ela? — Ele perguntou parado ao lado de Taehyung que apenas engolia sua saliva com dificuldade, pela boca seca de nervosismo.
Não a via e nem falava com ela desde aquela noite na boate, e nem sabia se ela ainda estava livre ou se já havia encontrado algum cara para ser o seu fim de noite, toda noite. Assim como também sentia as mãos tremendo, por que... “E se ela não quisesse mais saber dele?”. Era o que assombrava seu pensamento, quando sentiu a garrafa de água bater na sua cabeça.
— Ai! — levou a mão até lá e viu Yoongi com a expressão habitual de tédio, segurando o objeto, no qual, o mesmo acabava de tê-lo agredido. — Me bateu com a garrafa?
— Quem sabe chacoalhando, o seu cérebro volte a funcionar? Vai falar com ela!
Tae continuou encarando Yoongi com insatisfação, mas respirou fundo e foi. Os meninos estavam a mostrando algo da coreografia e ela ainda em pé sorria largamente ao lado de Jin, zombando os amigos por qualquer coisa.
— . — A voz de Tae ao seu lado saiu baixa e rouca, e ela imediatamente o encarou.
Viu urgência em seu olhar, e certo... Medo? Arrependimento? O que seria aquilo? A escritora sorriu virando-se para ele de frente, e o encarando de cima a baixo naquela roupa folgada de treino, com os cabelos desgrenhados, descalço, e sentiu uma vontade absurda de levar aquele moleque medroso para casa.
— Oi Tae. — respondeu sorrindo, e ele sorriu de volta.
— Posso te abraçar?
Ela entendia que, desde a noite da boate ele não mais falou com ela e naquele momento, Taehyung temia que não estivesse mais no mesmo nível de intimidade que antes; ou até mesmo que os seus demais amigos. Então risonha, fazendo uma expressão de “é óbvio que você pode me abraçar”, ela se aproximou sendo a pessoa a ter atitude, primeiro.
Taehyung não segurou a cintura dela de forma discreta como geralmente fazia. Ela enlaçou-a com os dois braços num gesto urgente de quem queria estar perto e apoiou o queixo no ombro dela fechando os olhos. Ninguém percebeu que se instaurou o silêncio e estavam todos encarando a cena. Yoongi tinha um sorriso de canto, discreto, e já preparava as piadas para zombar a amiga em seguida. Jin também sorria satisfeito: finalmente Taehyung demonstrou algum sentimento por ela, mesmo que fosse o desespero! não esperava aquele abraço forte de quem não vê alguém querido há anos, e começou a ruborizar porque Tae não a soltava, pelo contrário, afundava ainda mais o rosto no pescoço dela como se quisesse se esconder ali.
— Aigo... — Jungkook murmurou risonho cortando o silêncio: — Agora ele deu um passo e travou, é isso? Taehyung, você precisa de ajuda para soltá-la?
Os demais começaram a rir e Jimin comentou também:
— Parece uma criança medrosa no colo da mãe. Tetê, você precisa tanto assim de um abraço?
— Ele está chorando? Alguém pode conferir? — Yoongi falou zombando também: — Se estiver vamos tirar uma foto.
começou a rir e Taehyung bufou ainda colado ao pescoço dela, o que a fez arrepiar-se. Então, ele soltou-se da escritora e sorrindo tocou a ponta do nariz dela, dizendo:
— Por todos os abraços que eu ainda não dei.
sorriu largo e sentiu-se ruborizada encarando o chão. Como ele foi de “garoto desgrenhadamente inseguro” a “material boyfriend sexy” em poucos segundos?
— Parece que os garotos novos também têm boas táticas. — Jin murmurou como um sábio chinês e a , o encarou sorrindo ladina entendendo a mensagem.
— Vocês todos são muito desagradáveis. — Tae respondeu apontando aos colegas.
— E então, vocês já acabaram por aqui? — perguntou.
— Só às três! Mas podíamos almoçar agora, que tal? — Namjoon falou com todo mundo.
A concordância foi geral, e Yoongi sendo o último a se aproximar, apareceu do lado dela passando o braço pelo ombro da amiga e beijando seu rosto. O que novamente a pegou de surpresa e ela o encarou como se ele a tivesse ofendido.
— O que foi?
— Você está apaixonado. — constatou sem nem mesmo perguntar.
— Uma hora dessas e você já bebeu, ? — Ele perguntou a encarando ainda abaixo de seu braço.
— Por que está me beijando tanto desde ontem? Você está apaixonado! Por Deus, que não seja por mim!
— Aish! Você é tão irritante! Eu desarmo minhas defesas e demonstro afeto para você e olha como você age! Tirando o Hobi, eu não faço isso com mais ninguém!
— Não pode me culpar por estranhar isso. Você sempre deixou muito claro que não era fã de toques!
— Tudo bem, eu não te abraço mais.
— Não falei que era para parar! — ela sorriu implicante, impedindo que ele retirasse o braço ao segurar a mão dele: — Eu gosto! É como se eu estivesse em casa, com um amigo, digo... No Brasil. Mas a gente pode fazer isso longe dos olhares das pessoas?
Yoongi e estavam esperando os meninos reunirem suas coisas, ele já estava com sua mochila nas costas, e conversavam num canto do salão perto da porta. Quando ouviu o que ela disse, Yoongi não entendeu.
— O que você quer dizer com isso?
— A gente precisa conversar sobre essa coisa de todo mundo achando que somos um casal. Eu passei por uma nesta manhã que me deixou paranoica. E se as pessoas começarem a ver o seu lado realmente afetivo comigo, eu não sei não...
Yoongi franziu o cenho sem entender direito, mas confirmou que eles conversariam logo após o almoço, em seu Genius Lab.
O grupo de amigos decidiu almoçar no restaurante da própria empresa, e não só sentiu-se feliz por estar almoçando com seus amigos e ídolos no ambiente de trabalho deles, sem precisar esconder-se, quanto ficou feliz por conhecer outros idols da empresa ali presentes. Yoongi causou uma bagunça na vida dela quando chegou, mas era inegável: ele trouxera muitas coisas boas também! E ela jamais admitiria aquilo diante dele, a menos que estivesse muito bêbada!
Enquanto estavam sentados à mesa aguardando um tempo de digestão, o grupo conversava animadamente, e o mais feliz de todos sem dúvidas, era Taehyung que durante todo o almoço conseguiu conversar com ela. Estava sentado ao lado da escritora e quase suspirou diversas vezes, quando a comida chegava e ela notava a expressão de criança ansiosa para comer que Tae fazia. Taehyung era a perfeita bipolaridade entre o mistério e a inocência, aliás, todos ali manipulavam personalidades contrárias quando queriam capazes de tornar qualquer um, marionetes de seus próprios desejos.
— Aish... ! Você nem comeu direito! — Hobi falou preocupado ao notar que ela havia pegado o menor pote de comida. E ainda havia arroz em sua tigela.
— Ela é péssima para comer, mas para beber... — Yoongi resmungou e com seus cheot-garak* pegou seu último pedaço de carne e colocou sobre a tigela de arroz dela ordenando: — Come.
Iria negar e reclamar que ele não mandava nela, até porque ambos tinham a mesma idade, mas o olhar de Yoongi não estava disponível a implicâncias e também, todos insistiam para que ela comesse mais um pouco, então obedeceu:
— Aigo, vocês comem muito! — Ela pegou o pedaço de carne ainda quente em sua tigela e enfiou na boca soprando para não queimar a língua e murmurando em explicação a eles: — As porções de comida na Coreia são muito maiores do que eu estou acostumada! Não é que eu coma pouco, eu como o suficiente.
Taehyung serviu um copinho de chá para ela, e colocou à sua frente dizendo com cuidado:
— Sendo assim, beba. Vai te ajudar na digestão.
Sorrindo, agradeceu e bebeu enquanto os amigos observavam a cara de bobo com um sorriso singelo em Taehyung. Como ele ficou tanto tempo sem se aproximar se estava de quatro por ela daquele jeito?
— Você gosta de cozinhar? — Tae a perguntou.
— Gosto! Modéstia à parte, eu cozinho bem.
— Só posso afirmar depois que você preparar algo para nós, noona! — Jungkook sorria ao dizer com a indireta.
— Claro! Qualquer dia!
— Ela gosta de cozinhar, mas faz isso muito pouco. — observou Yoongi a encarando com implicância: — Toda vez que eu estou na sua casa, você diz que não vai cozinhar!
— É porque eu não sou a sua empregada, estranho! E eu gosto de cozinhar sim, mas gosto mais quando fazem para mim. A menos que tenha um motivo especial, ou alguém especial para quem eu vá preparar algo... Então eu faço com muita dedicação!
Os amigos assentiram concordando, e Hobi compartilhou que sabia exatamente como era aquele sentimento de que ela falava.
— Cozinhar também é um ato de amor e cuidado. — Hobi respondeu e juntou as mãos em sinal de quem faria um pedido ou uma benção, para , esfregando-as: — Por favor, , nós adoraríamos que um dia você pudesse cuidar do nosso alimento.
Ela riu e todos outros também pelo modo dramático e divertido como Hobi implorava, quando o Tae, sorrindo e contemplativo em seus próprios pensamentos, quase como se não estivesse ali, virou-se para ela de repente dizendo:
— Eu vou cozinhar para você.
ouviu aquilo e as bochechas ruborizaram. O que ele quis dizer? Hobi havia acabado de dizer que a culinária dedicada a alguém era um ato de amor e cuidado e Taehyung falava aquilo logo em seguida... Jin riu escandaloso, levando a mão à boca, surpreso, e abanou o rosto como se estivesse quente:
— Aigoo... Taehyung! Até eu fiquei nervoso agora!
— Taehyung cozinhando para ... Coitada. — murmurou Jungkook rindo e fazendo Jimin rir também.
— Ei! Minha comida não é ruim!
— Só não é muito um ato de cuidado. — Yoongi zombou também apenas para provocar o amigo: — Acho na verdade, que ele está te ameaçando .
Todos caíram na gargalhada e Taehyung não só, não entendia as referências, pois não prestava atenção ao assunto anterior — perdido nos seus pensamentos que tentavam processar um plano de perdão diante à informação da mulher de que gostava que cozinhassem para ela —; quanto ficou emburrado. O bico que ele fez e a expressão de quem reclamava contrariado, olhando o próprio copo eram genuinamente fofos. sorriu mordendo os lábios e aliviou aquela zombaria dos amigos, respondendo ao garoto:
— Pois independente de como for, eu vou adorar provar o que você sabe fazer Taehyung.
O cantor sorriu de volta, e o clima fofo não se sustentou, porque Jimin e Jungkook caíram na gargalhada com o duplo sentido daquela resposta. E só então os demais perceberam e Jin mais uma vez se abanava, escandaloso e fingindo rubor:
— Aigoo! Você dois! Nós acabamos de almoçar! Como é possível ficar na mesa diante de todo esse flerte?!
— Vai com calma , você vai assustar de novo o pequeno Kim. Sua pervertida! — Yoongi zombou.
— Vocês não tem nada de inocente! Tae e eu não dissemos nada demais, e eu não sou uma pervertida Yoongi! Eu tenho como provar que o pervertido é você!
— Qrrr... — raspou a garganta reclamando: — Tem certeza? O passarinho entrou no ninho!
começou a rir não conseguindo sustentar a pose séria, e Namjoon, num lapso de memória turva e borrada por álcool ouviu aquilo e perguntou confuso:
— Ya! Que história é essa? Aquele dia o Yoongi ficava repetindo alguma coisa sobre piranhas que entram nos ninhos e pássaros afogados!
— É verdade! Eu estava acordado quando vocês dois hyungs chegaram com esse tipo de assunto... — Jungkook afirmou.
— É um código que a senhorita puritana criou para dizer que...
— Para dizer que cheguei bem em casa! — cortou Yoongi que escondeu um sorriso sacana.
— Ah... Faz sentido, o passarinho entrar no ninho... — constatou Jungkook.
— E porque você falava em piranhas? — Namjoon apontou para Yoongi e completou:
— É o código do Yoongi. Quando diz que a piranha entrou no aquário, significa que ele pegou alguém.
Yoongi a encarou aborrecido. Aquilo era totalmente comprometedor e Jin o observou atento, afinal, Yoongi estava saindo com sua melhor amiga.
— Tem pescado muita piranha, Yoongi? — Jin perguntou.
— Pela quantidade de saídas que ele nos esconde, e tendo a , dito que eles não se viram desde aquela noite, podemos dizer que Yoongi virou marinheiro... — JHope entregou o amigo, e todos na mesa riram.
Ele fez sinal negativo com a cabeça para Jin, mantendo uma expressão de “não é nada disso, relaxa”, e Jin ainda o encarava desconfiado. Sabia que ele e Maya não tinham nada fixo ou rotulado, mas não queria ver nenhum dos dois amigos magoados. notou que houve uma prestação de contas entre Yoongi e Jin, e tentou amenizar seja lá o que fosse:
— Não se preocupem! Yoongi não tem todo esse manejo para lançar redes! Não esqueçam que ele é quase um idoso! Ele está pescando um peixe só.
Os amigos sorriram assentindo e logo se iniciou uma discussão de quão injusto era que e Hobi soubessem da vida dele e os demais não. Mas antes que pudessem estender tudo aquilo, Yoongi se levantou da mesa pegando a mochila na cadeira e pegou a mão de a levantando.
— Bem, eu tenho trabalho no laboratório agora! Diga tchau para os meninos, estranha.
— Por que ela tem que ir com você, hyung? — Jungkook perguntou contrariado.
— Porque eu a chamei aqui e eu preciso dela para uma coisa.
— Ah lá! Mais segredinhos! Hey , eu estou ficando com ciúme de você! — Hobi reclamou.
— Você é o último que pode reclamar aqui, Hobi. Eu, como líder sou sempre o último, a saber, e isso é inadmissível.
Taehyung ficou observando os dois de pé, e pensando como poderia fazer ficar ali, no entanto, Yoongi já a puxava para fora da cadeira e Tae apenas suspirou.
— Eu passo onde vocês estiverem antes de ir embora! — Ela sorriu avisando.
— Jungkook não se atrase também! — Yoongi pediu mencionando o fato de que faria uma gravação do maknae ainda naquela tarde, e olhou para Tae dizendo para ele checar o celular.
Tae pegou o celular e viu a mensagem de Yoongi:
“Ela ainda está chateada com o que aconteceu na boate, mas ela não te ignoraria diante de ninguém, então se tiver alguma coisa a dizer para ela a sós que não tenha conseguido dizer até agora, apareça no GL...”.
Taehyung assentiu agradecido pelo toque que seu hyung havia lhe dado, e Yoongi saiu puxando pela empresa, enquanto as pessoas os olhavam e ela reclamou ao notar:
— Me solta estranho, eu não vou fugir!
Ele soltou-a mal se dando conta de que ainda puxava a manga do casaco dela. Apesar dos momentos descontraídos, estava de novo, um pouco sério. Entrou no elevador e ela veio em seguida.
— O que houve? Que cara é essa de quem lembrou que vai pagar a fatura do cartão de crédito?
— Isso não é nenhum problema para mim, você sabe né? Fatura o que é isso? — Ele descontraiu arrancando um revirar de olhos e um sorriso contrariado da amiga. — Aliás, eu devo tecer comentários sobre aquele abraço?
— Não vamos falar sobre ele. A mudança repentina de humor não exclui o fato de que eu fui ignorada antes. Além disso, eu sei que ele sabe do Park. — olhou séria para Yoongi, manifestando uma desconfiança: — Agora é fácil reagir quando tem outra pessoa na jogada? Quando eu estava com o Maurer, ele não reagiu. Isso não me soa muito positivo, na verdade.
Yoongi suspirou e ia falar algo em defesa do Taehyung, mas virou-se de supetão em sua direção, de braços cruzados mudando o foco do assunto:
— Você está pegando alguém que é envolvida com o Jin, não é? É por ela que está apaixonado? É sobre essa “coisa” que queria falar comigo?
disparou a falar e Yoongi ficou observando de cenho franzido a carreata de palavras rápidas dela, olhou para os botões do painel do elevador demonstrando que alguém entraria, e desfez os braços cruzados da amiga ao pegar em sua mão para dizer que no GL eles conversariam sobre tudo aquilo, mas, aquela atitude foi a pior coisa que ele poderia ter feito.
Segurando a mão dela, com a atmosfera de um casal que discutia, lançou a próxima pergunta sem atentar-se que a porta do elevador abria e alguém muito importante entrava.
— E você já conversou com a sua mãe sobre nós dois?
Bang escutou aquilo e observou aos dois presentes no elevador. Yoongi só não ficou transparente, porque era impossível. E , observando a presença de uma terceira pessoa recém-chegada, olhou para trás dando um passo para o lado de Yoongi e arregalou os olhos ao ver quem era.
— Ajhussi Bang!
A escritora deu um solavanco na mão de Yoongi, mas devido ao nervoso pela situação, os dedos dele pareciam garras petrificadas em um galho que lhe salvaria de cair de um penhasco.
— Olá de novo, ! Estão indo ou voltando?
— Ah... Acabamos de almoçar com os meninos... — Ela tentava se desvencilhar de Yoongi, àquela altura, suas mãos dadas já haviam sido alvo dos olhos de Bang, e o rapaz tentava pensar numa desculpa, mas ficou mudo. continuou percebendo a inércia do amigo: — Eles têm atividades separadas agora.
— Claro... — Bang sorriu e franziu o cenho ao ver Yoongi tão calado, direcionando o olhar a ele: — Yoongi... Não se sente bem?
sorria amena e os dois viram Suga abrir a boca e fechar, então Bang preocupado com a reação dele perguntou novamente:
— Comeu algo que lhe fez mal? — reparando nos dois, Bang julgou pensar que a mão dada poderia ser um amparo da escritora para um mal súbito do rapaz que obviamente estava passando mal. — Para onde vocês vão?
— Ele comeu muito rápido e...
— Ela vai para o Genius Lab comigo! — disse Yoongi de uma só vez, em tom de quem confessava um crime.
— O Genius Lab? — Bang perguntou retoricamente e olhou a mão dos dois de novo e assentiu sorrindo.
— Foi o único lugar que eu ainda não conheci. Tem algum problema ajhussi? — perguntou de forma calma.
Bang sorriu ladino e respondeu gentil para ela, antes da porta abrir no andar em que ele sairia.
— De forma alguma. O GL é o reduto pessoal do Yoongi, não é como se qualquer pessoa pudesse entrar lá sem ele. — falou e encarou novamente a mão dos dois, dessa vez notou ansiosa para soltar-se do aperto de Yoongi.
Bang direcionou um olhar suspeito e direto para Suga e sorriu como um pai flagrando um filho adolescente com a namoradinha.
— Eu vou almoçar agora, foi um prazer te reencontrar ! Mandarei o convite do jantar pelo Yoongi, tudo bem?
— Ah, cla-claro ajhussi...
— Acho mais fácil do que por seu agente, vocês dois são realmente bem próximos. — comentou Bang apontando as mãos dos amigos e acenou saindo do elevador, mas do lado de fora segurou um pouco a porta e disse para Yoongi de modo imperativo: — Só não distraia-se demais, você tem muitas produções para terminar esta semana, não é Suga?
Yoongi assentiu e logo os dois viram a porta se fechar.
16.
A partir deste capítulo, entra a participação de uma personagem chamada Maya Lee-Cafrey. Essa é uma personagem criada pela M-Hobi. Como muitas das inspirações para essa fanfic surgiram de ideias que a M-Hobi me ajudou a construir, a presença da personagem dela é também uma forma de carinho. E como não é uma criação minha, deixo os créditos de criação da personagem à autora correspondente, como também, agradeço a ela, por tudo. May, muitas vezes a sua companhia e ideias, me ajudaram a me sentir leve. Espero que sinta meu carinho, através desse crossover. Obrigada amiga.
[xxx]
suspirou soltando o ar que nem sabia segurar e com uma expressão de raiva murmurou:
— Aish! Arrrrgh! Você... Você... — Não conseguia formular acusações ao amigo atônico, até que sentiu a mão dele soltando a sua e aquilo a deixou mais irritada.
O aperto dele havia marcado sua pele e suas articulações doíam, encarou a própria mão massageando-a, e em seguida começou a bater nos braços de Yoongi brigando:
— Você tem que tipo de problema garoto?! Não sabe raciocinar direito? Por que se agarrou a mim como se eu fosse água no deserto? Não me ouviu dizendo para não demonstrar afeto assim e... Aish! O Bang... Você entendeu o tom irônico dele, não é?
— Eu estou ferrado. — Yoongi finalmente soltou e reagiu aos tapas da amiga segurando o punho dela. Encarou-a nervoso reclamando em voz alta: — Você tem que tomar cuidado também no que diz por aí! Não é a toa que eu quero te levar no GL para conversar! Sua doida!
Os dois discutiam de certo modo, expansivos, e reparou a câmera do elevador se lamentando ainda mais:
— Aish... Que droga! Me esqueci da câmera e eu estava espancando ninguém menos do que um BTS!
— Eu não vou abrir um processo por isso... — Yoongi respondeu a encarando também frustrado e disse: — Eu vou resolver esse mal entendido... Relaxe.
— Ah vai?! — ironizou irritada ainda: — Vai sim! Do mesmo jeito como logo, logo, nós estaremos ouvindo falarem do nosso casamento!
O botão do elevador brilhou indicando que mais alguém entraria.
Yoongi e se calaram, e quando uma executiva da empresa entrou e sorriu os cumprimentando, eles responderam e seguiram calados até o andar em que Yoongi precisava estar.
Saíram silenciosos, discretos, e apesar de sentir os olhares da executiva sobre si, ela seguiu Yoongi sem estar cabisbaixa como ele, mas sim, segura o suficiente para não parecer que estivesse fora de seu lugar. Os dois passaram por uma porta que mostrava uma placa de “somente pessoal autorizado” e deram com um corredor longo cheio de salas, entre elas, duas de práticas. Em uma daquelas salas, os garotos estavam treinando quando chegou.
Foram caminhando mais até o final do corredor, onde Yoongi abriu uma porta pesada de proteção acústica revelando uma antessala de espera. Outra porta escrita: “Genius Lab”, abaixo, também descrito seu nome: “Produtor Suga”. O sorriso do rosto dela surgiu orgulhoso e iminente, bem no instante em que Yoongi virou-se para falar algo. Ele notou o brilho nos olhos dela encarando a placa de sua sala, e o sorriso largo igualmente afetivo e, ambos pareciam ter se dissipado de toda a pequena irritação de minutos antes.
— Às vezes esqueço que você é fã. — Ele disse soando baixo enquanto avaliava o rosto ainda maravilhado dela: — Este é um olhar que eu gostaria de ver mais vezes.
— Eu sinto muito orgulho de vocês todos, ok? — Ela respondeu, suspirou ajeitando a bolsa em seu ombro e sorrindo mais travessa, lhe perguntou como a melhor amiga zombeteira que era: — Então eu vou conhecer a Bat Caverna?
— Sinta-se especial. Eu nunca trago ninguém aqui.
— Ah para!
— É sério. Eu nunca trouxe ninguém que não fosse por motivos de trabalho, e os garotos não contam...
— Nem seu irmão...? Sua família?
— Ninguém. Você é a primeira pessoa aleatória a vir. E é a primeira a ter a senha também, fora o Hobi. Ele é o único no grupo que sabe a senha.
— Por quê? — perguntou com o cenho franzido em confusão.
— Não gosto que me interrompam, ou que fiquem entrando aqui toda hora... Os meninos quando querem vir, me mandam mensagem ou pedem ao Hobi para liberar o acesso...
— Entendi! São questões de favoritismo ou manias estranhas do psicopata do grupo. — zombou cruzando os braços.
Yoongi olhou para os próprios pés rindo e com as mãos na cintura jogou o cabelo para trás dizendo em tom habitual:
— Não me faça me arrepender de te trazer aqui!
— Por que me trouxe aqui? A gente se conhece há poucos meses e você já quer me dar a senha?!
— É bom ter outra pessoa sabendo, já que se acontecer alguma coisa comigo e o JHope estiver ocupado será preciso mais alguém de confiança para recorrer. Repreendo se o Hobi espalhar minha senha pra salvar minha vida!
— Isso não faz sentido, é uma balela que você quer enfiar em minha goela abaixo. Mas, se não quer contar a razão de verdade, tudo bem... Porém, já vou avisando que se você estiver em risco eu vou passar esta senha adiante! Não acha mesmo que eu vou me responsabilizar pela sua vida, né?
— Bom ter gente de confiança ao redor... — ironizou revirando os olhos — Enfim, vem cá. — Yoongi puxou a manga do sobretudo de de novo, a fazendo parar diante do visor da porta e digitou a senha; a porta se abriu e ele a perguntou: — Decorou?
— O quê? É isso? Eu tenho que anotar! — Ela pegou o celular para anotar a senha no bloco de notas, mas Yoongi tirou o aparelho de suas mãos.
— ‘Tá maluca? É confidencial! É por isso que eu não passo a senha, as pessoas anotam senhas! É para você decorar os números, Estranha!
Yoongi fechou a porta de novo, enquanto encarava-o, boquiaberta. Ele disse a ela de modo mais incisivo para que a amiga prestasse atenção. se concentrou nos dedos dele, e quando a porta abriu novamente, o encarou como se ele fosse estúpido:
— Esta senha é ridícula!
— Gravou ou não?
— Gravei! Agora devolve o meu celular.
Assim que o fez, eles entraram e ela rapidamente digitou no bloco de notas a senha. Em seguida ocultou o arquivo no celular.
Yoongi esperou que ela guardasse o aparelho para ver a reação dela com o ambiente. sorriu ao entrar e checar o estúdio. Avistou primeiro a uma mesa muito grande com inúmeros aparatos de som tecnológicos, uma cadeira giratória de última geração que lhe parecia bem confortável. Atrás da cadeira, recostada a uma parede, com uma enorme paisagem de algum lugar em preto e branco, um sofá largo o suficiente para servir de cama e aparentemente confortável. Um frigobar ali ao lado, lixeira, outra mesa pequena. E uma portinha que provavelmente levaria até a cabine de gravação, possível de vê-la pelo vidro à frente daqueles aparatos tecnológicos.
— É... Bem a sua cara... Minimalista até demais, também. Não acha que precisa de uma cor?
— Não. Está ótimo! Guarde as cores para aquele seu escritório colorido.
— Você adora a vibe dele que eu sei.
— É, não é ruim. — Yoongi caminhou até o sofá atrás de se sentando — Mas o meu é melhor.
A escritora foi até a mesa de som observando tudo aquilo e pensando o quanto deveria ser difícil mexer naquelas coisas. Puxou a cadeira dele, perguntando:
— Eu posso me sentar?
— Pode. — Ele riu achando engraçado ela querer se sentar ali.
sentiu-se uma personagem hi-tech de uma história e não tocou em nada, mas de repente, pelo vidro em sua frente uma cena inteira surgiu-lhe em inspiração, e ela exclamou:
— Oh! Acabei de ter um insight! — girou a cadeira para Yoongi, e sorrindo: — Se for um sucesso em minha nova criação eu te dou um presente de agradecimento, afinal, o cenário é seu.
— Vou pensar com calma no que pedir! Mas, e então... Senta aqui. — Suga bateu no sofá ao seu lado — A gente tem que conversar antes de dar a hora do Jungkook chegar. Ouviu o Bang, né? Não é pra você me distrair!
desfez o sorriso e soltou uma lufada de ar forçada. Levantou-se e tirou seu casaco o deixando na cadeira de Suga. Foi até o sofá sentando-se, e abriu o frigobar tirando uma lata de café gelado dali.
— Depois eu devolvo! — afirmou sacudindo a lata diante do dono do lugar.
— Você deveria diminuir esta cafeína toda que consome!
— Vamos começar falando sobre nós! Isso é algo que me afetou muito nesta manhã: a conversa com seus sunbaenins!
— Estou curioso e preocupado. O que aconteceu?
contou tudo ao Yoongi. Ele se sentiu ainda mais incomodado quando ouviu da amiga as coisas que Sejin e Bang disseram, mas também se sentiu aliviado.
— Bem, pelo menos eles sabem que essa coisa de relacionamento precisa ser rediscutida...
— O que nos leva àquela calcinha no seu blazer! Mas, antes de você me contar sobre isso, eu preciso dizer que talvez nós devêssemos mesmo ter cuidado Suga...
— Não me chame de Suga.
revirou os olhos e continuou:
— Eu sei que você está mais confortável comigo, e deduzo que demonstrar afeto por meio de toques é meio que um jeito de você mostrar a sua lealdade e confiança em alguém; e que não é muito comum a você fazer isso... Me sinto lisonjeada em saber que você está me tornando o tipo de pessoa que vê além do Suga, que vê o Yoongi. Essa dualidade, eu a compreendo... O que também me mostra que você tem mesmo a personalidade de um gato...
— E você a de um cachorro que fica lambendo e abraçando todo mundo... — zombou ele.
lhe bateu com uma almofada pequena que havia no sofá.
— Você não pode nem dizer isso! Eu mal toco em você! Mas, o que eu quero dizer é que apesar de estranhar eu entendo; você está me dando um lugar importante na sua vida Yoongi... O afeto, o posto de BFF, a senha do GL... São os seus sinais de que gosta do que a gente tem, e quer que eu fique na sua vida... E eu agradeço muito por isso! Você também está ganhando este mesmo espaço na minha vida aos poucos.
— Mas é o Chang quem é o seu melhor amigo. — reclamou enciumado.
— Você sabe que não tem como comparar! O que eu e ele temos... Tivemos... Enfim!
— O que isso significa? — Yoongi perguntou com uma expressão curiosa de seu lado fofoqueiro.
— Chang foi o meu primeiro amigo aqui no seu país e eu só cheguei aonde estou, porque ele também acreditou em mim tanto quanto eu e me apoiou, então... Não tente ocupar o posto dele ou me exigir que faça comparações ou medidas, ok? Eu posso ter quantos melhores amigos eu quiser.
— Você é doida? Claro que não! “Melhor amigo” é uma coisa séria demais! Você só pode ter um! E eu já entendi que não sou o seu.
— Você é uma pessoa perturbada, Min Yoongi! Olha só... Você está se tornado até mais do que um melhor amigo, tá? Faltam gestos para eu te mostrar isso, talvez, mas eu ‘tô sempre te atendendo sem pensar duas vezes. Não ignore isso, já é uma prova do que eu digo... Aos poucos acho que posso te encarar como um irmão gêmeo chato e insuportável!
Yoongi sorriu de um jeito fofo e fez uma cara de constrangimento. não admitiria para ele, mas adorava os raros momentos em que ele agia fofo, porque suavizava muito aquele olhar sempre predatório e que às vezes causava medo nela. Ainda tinha uma luz de alerta em sua mente que achava Yoongi um pouco psicopata.
— Tá, tá bom! Pare de sorrir, Estranho! O fato é que, as pessoas não estão prontas para uma amizade como a nossa... Livre de interesses sexuais. Então, eu acho que a gente deve sim, ter cuidado.
“Livre de interesses sexuais”. A frase bateu em sua mente o deixando confuso. Ela não sentia nenhuma atração física por ele? Ele era tão patético assim aos olhos dela? Yoongi se lembrou de como algumas vezes, principalmente motivado por álcool, achava a amiga uma tremenda gostosa e aquilo feriu seu ego.
— Como assim? — perguntou ultrajado: — Livre de interesses sexuais? Olha só para mim! Como você poderia não se sentir minimamente atraída?
— Você não está falando sério, não é? — Ela o encarou como se ele estivesse bêbado.
— Enfim... — Suga afastou aquele sentimento de ultraje de sua mente: — Eu concordo que a gente tem que convencer as pessoas de que somos só amigos. Mas, não acho que tenhamos feito nada diferente disso! É como você disse... Acho que as pessoas não estão prontas para uma amizade aberta entre homem e mulher, como a nossa. Principalmente na Coreia. Qualquer dedinho entrelaçado aqui, já é coisa de casal...
— Pois é. Até os seus amigos pensaram algo. Mesmo com a gente esclarecendo tudo, acho que ainda desconfiam. Então, segure os seus ímpetos afetivos como você sabe fazer bem! Eu deixo você me tocar quando estivermos a sós.
falou em tom sugestivo, em clara intenção de fazer piada e Yoongi não evitou gargalhar junto a ela quando o som da risada dela ecoou.
— Certo, certo... Ah, e sobre a minha mãe... Eu vou conversar com ela de novo. — afirmou — E agora, próximo ponto... Você ainda está saindo com o Park? O Taehyung já era mesmo?
— Minha vida amorosa não é o próximo ponto. A sua sim!
— Qual é ?!
Yoongi murmurou com um tom de quem estava fazendo uma pergunta realmente interessada, e a amiga suspirou desgostosa antes de respondê-lo:
— Não sei se o Taehyung já era. Não quero criar expectativas sobre ele de novo, eu estou me divertindo com o Jay. Ele é uma ótima companhia, apesar de... Você sabe, ele e eu somos só, um bom casual um do outro desde aquela semana...
— Com que frequência vocês se veem?
— Uma vez por semana? Duas? Sei lá... Não tô contando. Mas, por que estamos falando disso?
— , eu não gosto do Park. Não gosto mesmo da ideia de ver você com ele. Não me peça para explicar, é como uma... Prudência de irmão! Eu não quero que você se apaixone por ele, porque o Park não é alguém que assume este tipo de coisa. Mas, eu sei que a sua vida não tem nada a ver comigo então... Só toma cuidado, tá? E se você ainda tem algum interesse no Tae... Pega leve, ele meio que caiu em si e está sofrendo pela mancada. O Taehyung achava que eu estava apaixonado em você e naquela noite, eu acho que posso ter dado a impressão errada de novo.
— Como é que é? — se ajeitou no sofá empertigando a coluna e deixando a lata de café na mesinha ao lado.
Yoongi começou a mexer em seus dedos da mão, de forma a evitar encarar a amiga ao seu lado, enquanto explicava:
— Ele insinuou umas coisas no começo da noite, e claro que eu tentei deixar esclarecido que eram viagens dele... Acho que o ciúme do Taehyung provocou algumas interpretações erradas. Mas... Depois, quando eu vi o Jay Park te olhando e notei que o Tae deu aquele mole de não beijar você, eu imaginei que o Park tivesse sacado que você e ele não estavam juntos. E aí... Eu só interpretei errado quando ele se levantou para ir ao palco.
— Espera... — esboçou um falso riso um tanto incrédula, espalmando o ar tentando acompanhar o raciocínio de Yoongi: — Aquela hora que você me puxou para dançar, era a sua forma de tentar afastar o Jay?
— Exato, mas... Ele não estava indo até você, só estava indo para o palco, e quando a minha ficha caiu, o Taehyung tinha ido embora e você já estava chateada com ele... — Yoongi suspirou constatando: — Não deve ter sido simples para ele aceitar minha negativa de que não sou apaixonado por você, quando eu simplesmente marquei aquele território para cima do Park, não é?
sentiu seu sangue efervescer. Tudo foi um maldito mal entendido causado de novo pelo Yoongi? Ela se ergueu do sofá de uma vez, sacudindo o cabelo e com uma mão na cintura de costas para o amigo. Yoongi a encarou de costas para ele e a chamou, com voz de quem tentava amenizar a situação:
— Não me odeie, vai... No fim você acabou indo para aquele cara... Eu só...
— Qual o teu lance com o Park? Ele já pegou alguma garota sua, ou coisa do tipo?! — Ela perguntou virando-se de frente para o amigo, incrédula.
— Não tem nada disso. Eu só... Não vou com a cara dele.
— Não é possível! Você... Argh! — reclamou e se jogou de novo no sofá ao lado de Suga que a observou ladino: — Quer saber? Não importa! O modo como o Taehyung agiu foi ruim de qualquer forma... Que homem interessado, simplesmente abre mão assim? Se até você que não tem este interesse ficou ladrando no pé da cerca!
— Mas não é “abrir mão” assim do nada... Ele estava olhando para mim e não para o Park. Tanto que, agora que ele entendeu que nós dois realmente não temos chance, ele está reagindo... — Suga tentou mais uma vez defender a visão de Taehyung.
— Um tanto tarde demais, não é?
— Será mesmo? — Yoongi desafiou — Você ficou balançada com aquele abraço, com o que ele disse depois e com as reações dele no almoço, não foi?
— Próximo tópico! — desconversou abrindo novamente o frigobar e pegando desta vez, uma garrafa de água.
— Bem, ok. Eu só quero declarar que ainda estou do lado do Taehyung.
— E contra o Park.
— Jay Park não é uma opção para você. Essa coisa vai durar menos do que esta garrafa de água. — falou convicto arrancando de um revirar de olhos enquanto ela virava um gole da bebida e então, Yoongi pigarreou se concentrando no que queria mesmo falar com ela: — Eu... Queria uma opinião feminina sobre uma coisa.
— Comece contando do início, quando e onde você a conheceu, o nome dela, que relação ela tem com o Jin e finalmente... Se já disse que está apaixonado. Ah, e suponho que seja uma só, não é? A dona da calcinha no seu blazer é a mesma que está te fazendo falar disso comigo, não é?
O disparo de teorias que lançou deixou ao Yoongi um pouco zonzo, e então, ele decidiu contar mesmo do começo.
— O nome dela é Maya Lee-Cafrey, é melhor amiga do Jin há muito tempo. Nós nos conhecemos em um evento da empresa de família dela, o Jin me pediu para acompanhar ele e eu fui. Meio contra a minha vontade, mas fui. Então... Fomos apresentados, começamos a conversar, telefones trocados...
— Você também perseguiu a garota como fez comigo, ou só age assim para os seus amigos? — gargalhou ao zombar, apoiando a cabeça na mão e o braço no encosto de costas, do sofá.
— Não... Entre nós começou sutilmente, conversando por chamadas, às vezes sendo intermediados pelo Jin... Só que o interesse um no outro foi imediato desde o primeiro dia. Diferente do Taehyung eu não enrolo, sabe? — zombou de volta sorrindo de modo quase cafajeste e riu batendo em seu ombro, e ele continuou: — Mas, a Maya e eu somos... Como você e o Park, me parecem.
— Como assim? Quer dizer que vocês não têm previsão de falar sobre relacionamento?
— É isso que você e ele têm?
— Ah... É por aí. É algo sem apego emocional, meio que... Deixamos ir... Não é como se ele e eu estivéssemos saindo desde o início, à procura de um namoro. Eu sei bem que ele só quer curtir, e eu também.
— Então acho que sim. É isso. Mas... Eu não sei se estou bem com essa situação agora. Tem dois meses só, mas...
— Você já está apaixonado.
— Não . Não estou! Para de repetir isso, é só que... É intenso. Mas a Maya... Ela delimita muito nitidamente este nosso lance, sabe? A gente não pode nem dormir juntos. Frequento o apartamento dela só para... — Ele deixou subtendido e suspirou, virando-se de frente para a amiga e falando mais confortavelmente: — Ela não vacila. Ela não dá espaço para vacilar, entende?
— Não. Não entendo. Me explique melhor... — franziu o cenho tentando compreendê-lo, e Yoongi coçou a nuca um pouco ansioso.
— Você disse que você e o Park deixam a coisa fluir. Não se cobram, não planejam, mas não deixam de se curtir por medo de nada, não é? — assentiu para o amigo que continuou a explanação: — Ela não. Ela fica na defensiva às vezes... Essa coisa de dormir juntos, por exemplo, é algo que eu quero, mas... A May deixa as regras bem estabelecidas e eu... Eu só queria me sentir mais único para ela, sabe? São apenas dois meses, mas eu gosto do jeito como a gente se diverte juntos. Sinto que poderia ser melhor se não fosse tão... Regrado?
— Hm... Entendi. Bem, parece que ela quer evitar que vocês se confundam nos sentimentos, não é? Ela sai só com você ou é um lance aberto?
— Não sei. É um lance aberto, eu acho. A gente não deve esse tipo de explicações um ao outro, mas eu não estou saindo com mais ninguém desde que comecei a sair com ela. E eu não tenho direito e nem quero, de cobrar o mesmo, porque o que temos não é... Assim, entende?
— E você não sai com outras mulheres por que você não quer ou não consegue?
— Não quero, só por isso. Não tem alguém que eu queira, disponível no momento, também...
suspirou e enrolou a ponta dos cabelos nos próprios dedos, pensativa; queria saber em que ponto Yoongi esperava que ela ajudasse.
— Suga... — viu o olhar repreensivo dele, e consertou antes de terminar: — Yoongi. Olha... Eu ainda não entendi exatamente o que você espera de “uma opinião feminina” da minha parte.
— Aish! Você não acha esquisito que ela me mantenha afastado assim? Será que ela só está me usando? Quero dizer... Como mulher, o que você acha que pode estar rolando na cabeça dela?
— Você é mesmo doido. — revelou achando um despropósito o que Yoongi dizia, e manifestou a sua opinião já que ele a pediu: — Eu acho que vocês estabeleceram regras no começo, ou ao menos deveriam falar sobre tudo isso, e agora você está descontente com a forma como é essa “não relação” dos dois. Então você precisa ter esta conversa que está tendo comigo, com ela. Se ela tem outro cara, te contará. E... Bem, Yoongi eu não posso falar pela Maya. Às vezes, ela só não quer se apegar a ninguém, às vezes, não quer criar vínculos para não sofrer, ou sei lá... Que coisa! Ela é quem tem que te dizer...
Yoongi bufou.
— Eu estou pensando nessa mulher mais do que eu acho que deveria, Estranha.
— Ainda acho que você está se apaixonando! Por que não a procura e conversam? Na pior das hipóteses, você começa a sair com outra pessoa para esquecê-la ou só não se apegar tanto se não quiser isso...
— É por isso que está saindo com o Park há tanto tempo? Para não se apegar mais ou esquecer o Tae?
— Que droga garoto! Que fixação com o Jay! — novamente jogou a almofada do sofá nele, e seu celular tocou.
Os dois riram dando uma trégua no assunto e Yoongi ficou observando a amiga pegar o celular e soltar um sorrisinho malicioso de canto.
— É o demônio, não é? — Ele perguntou com expressão enjoada e ela deu um empurrão nele pedindo para se calar.
— Oi Jay... Tudo sim, e você?... Hmm... — A garota conversava sem encarar Yoongi, mas o amigo observou atentamente as reações dela e não sabia se Taehyung gostaria de ver o jeito como ela sorria falando no telefone com Park — Ahn, sério? Tem certeza? Não vai ser estranho?... Sim, eu tenho falado com o Seong-Hwa sim, mas é que... Ah... Ok, se você diz... Eu devo te encontrar onde?... — arregalou os olhos, surpresa — Ah, ok, Jay! Claro, não vejo problema nenhum não...
Yoongi tentava pescar o teor daquele assunto, mas sabia que mesmo que não entendesse iria fazê-la o contar.
— Eu estou com o Yoongi agora... É, ele mesmo... — Ela sorriu e Suga se ergueu um pouco no sofá se aproximando tentando ouvir o que Jay falava dele, e segurava o riso o empurrando — Sim, nós somos próximos!... Na minha casa? Ah, melhor não... Já falamos sobre isso, se quiser pode ser naquele lugar ou na sua... Ok baby, até mais tarde.
Yoongi cruzou os braços e estreitou os olhos na direção dela. Assim que ela desligou, ele começou o seu lamuriar:
— Vai contar tudo! O que este cara falou sobre mim? E que história é esta de você e Gray estarem se falando? E não me diga que vai ver o Park hoje!
— Nossa! — riu guardando o celular de volta na bolsa fazendo uma expressão dramática: — Eu não sabia que havia mudado de pai!
— !
— Ok, ok... Ele quer que eu vá com ele numa festa do Seong-Hwa e quer me encontrar hoje sim.
— Espera... Vocês irem juntos numa festa do Gray? Como casal?
— Não acho que seja exatamente assim como casal, mas alguns dos amigos dele sabem de nós... Quero dizer, o Seong ao menos sabe! Ele é o melhor amigo do Jay e... Que foi? — parou de falar vendo a expressão desesperada e até brava de Yoongi — Que cara é essa agora?
— ! Ele quer te apresentar aos amigos dele! Você não disse que era só... Como assim ele quer te levar em uma festa com ele? E o que ele falou sobre a sua casa? E o que ele falou de mim?
— Nada, ele só estranhou eu estar contigo. Jay não sabe o tamanho da nossa amizade... E é que ele propôs ficar na minha casa, ele faz isso sempre também, mas... — Ela parou de falar suspirando e finalizando o assunto: — Yoongi! Eu não te devo explicações!
caiu em si e começou a rir, mas Yoongi estava começando a causar tempestade em copo d’água:
— Você não falou de mim para ele? Não disse que somos amigos antes? Que... Que...
— Ué, eu deveria? Você já falou de mim para a Maya?
Yoongi bufou e levantou-se com as mãos na cintura reclamando:
— Ela não me deixa nem passar a noite com ela, como eu vou falar de você, garota?!
— E nem deve tá? Pelo amor de Deus, não fale de outra garota com ela enquanto ainda estão no início disso! Eu não vou me responsabilizar, Min Yoongi!
— Bem, e quando é essa festa? Você vai mesmo?
— Não vou te dizer. Se concentre nos seus problemas! Vá encontrar a sua garota e diga logo que quer dormir de conchinha com ela!
— Eu não tenho como ir atrás dela, porque é ela que me liga ou diz quando a gente vai se ver... Ela viaja muito e...
pigarreou entendendo as coisas e se levantou tocando o ombro do amigo, antes de pegar seu casaco na cadeira dele.
— Olha Yoongi, dê um jeito de se abrir para ela. Tentar entender as intenções um do outro nisso tudo aí, para vocês não criarem expectativas erradas, tá?
— O que você quer dizer com isso?
— O que a Maya sente ou quer, só ela pode dizer. E continuo achando que você tem grandes chances de estar se apaixonando por ela, então... Seja, acima de tudo, sincero consigo sobre seus sentimentos.
— Está levantando por quê?
— Tenho que ir, eu marquei um encontro com o Park essa noite, você viu!
— Vou descobrir sobre essa festa! — Yoongi informou apontando um dedo mandão na direção dela que recolhia suas coisas e se preparava para sair, quando a porta fez barulho.
— Jungkook... — Yoongi olhou ao relógio constatando e abriu a porta do GL.
O amigo entrou com seus grandes olhos de jabuticaba brilhando para os demais, e sorrindo largo para . Já estava acostumado a ela, diferente de outras garotas, não lhe deixava tão nervoso como antes. Embora, Jungkook ainda se sentisse abafado perto dela.
— , já vai? — perguntou para a escritora.
— Tenho um compromisso mais tarde, Kook! Mas, a gente tem que se ver mais vezes, hein?
A mulher se aproximou dele, o abraçando e deixando um beijo estalado em sua bochecha sorrindo. Jungkook travou e ruborizou; o que ela achava muito fofo. Yoongi segurava a porta esperando ela se aproximar e então sorriu quando a amiga parou à sua frente, se despedindo em palavras sem abraçá-lo como fez com o Jungkook.
— JK não vai espalhar boatos, sabe?
— Quer tanto assim um abraço meu? — zombou ela, que deu um peteleco na testa dele, e enquanto ele reclamava zangado, ela beijou sua bochecha de forma rápida dizendo antes de sair: — Vá trabalhar encosto!
— Eu te ligo mais tarde! — gritou ele.
— Obrigada por avisar, vou desligar o celular!
A garota saiu pela antessala acenando para os dois que ficaram dentro do Genius Lab, e sorrindo passou pela porta de acesso ao corredor, tomando um enorme susto ao ver Kim Taehyung parado ali.
Escorado à parede de braços e pés cruzados, ele encarava o teto, até que ouviu a porta se abrir e seus olhos deram de frente com os dela. notou um calafrio subir por sua espinha de modo surpreendente e, sem razão aparente, seu estômago revirava. Que efeito era aquele que os olhos dele tinham sobre ela?
— Oi de novo, .
— Ah... Oi Tae... — Ela coçou a nuca, e ajeitou o casaco sobre seu braço — O Yoongi e o Kook estão começando, você vai...
— Eu vim por sua causa. — disse diretivo a interrompendo.
A forma como a voz dele soou firme era algo novo. E sexy. Tão sexy que quase prendeu a respiração quando ele disse aquilo se desprendendo da parede e dando dois passos de encontro a ela.
17.
Taehyung se aproximou levando as mãos aos bolsos da frente de sua calça de moletom; passou a língua pelos lábios inspirando sério e lançando à um olhar de quem iria implorar algo.
acompanhava cada gesto dele com seus olhos de águia, capturando tudo em movimentos lentos, maximizando-os em sua ótica... Taehyung parecia cada dia mais um tópico sensível. Ela nunca se sentira tão atraída por um homem quanto vinha sendo por ele. Era algo que ultrapassava o físico. Aquela aura ora ingênua, ora de garoto que tem tanto a aprender, ora de bom ator e de homem que sabe o poder que tem nas mãos... Taehyung estava alugando um andar inteiro na mente de há meses!
Mesmo que ainda não tivessem trocado tantas mensagens ou palavras, mesmo que os dois só estivessem juntos por intermédio da presença dos outros... Mesmo que aquela noite da boate tenha sido o maior fiasco que se lembrava em sua história de paqueras, ela ainda sentia o estômago estremecer com a presença do rapaz. O cheiro dele. O olhar dele. A voz... A maldita voz que ela imaginava como soaria sussurrada em seu ouvido, em ocasiões indecorosas...
— ? — Ele se aproximou um pouco mais a chamando pela terceira vez.
— Desculpe! O que disse Tae?
Sacudiu a cabeça se concentrando no presente, e não nos pensamentos de um futuro incerto com o garoto a tocando de modo impróprio. E para conseguir não se perder neles novamente, se afastou de Taehyung direcionando-se a caminhar pelo corredor; ele a seguiu.
— Eu queria saber se você tem um minuto para conversar... — parou à frente dela tocando a mão da mulher — Por favor, . É importante.
A mulher sentiu de novo o corpo arrepiar e as borboletas revolverem em seu interior e apenas assentiu. Taehyung sorriu ladino, olhou ao redor e buscando um ambiente em que pudesse ficar só com ela, ele apontou uma das portas daquele corredor. não sabia o que todos aqueles cômodos eram, mas percebeu que Tae abriu a porta de uma sala de convivência. Parecia algo como uma sala criativa ou para gravações dos Runs do grupo.
— Pode se sentar. Ninguém vai nos incomodar aqui agora. Eu chequei.
— Tudo bem, sobre o que quer falar?
Ela sentou-se numa cadeira diante de uma mesa e Tae sentou-se escorado ao tampo da mesa, ladeado, mas de frente para ela e ficando um pouco mais alto. notou a proximidade do corpo dele e o quadril do garoto a certa altura de seu rosto, e ficou imaginando se Tae fazia aquilo de propósito. Céus... Por que ele estava tão perto?!
— Eu quero implorar mais uma vez, por desculpas pelo o que aconteceu na boate! Eu não sou tão burro ou idiota quanto pareceu! Dar um fora em você nunca foi uma opção minha!
— E por qual razão você fugiu daquela forma? — Ela fez questão de acusar Tae de uma “fuga”.
— Achei que o Yoongi estava apaixonado por você. Talvez ainda ache... Mas, eu estava em um dilema entre o que eu quer e o que eu deveria fazer.
— E o que mudou?
— Namjoon me contou que Suga hyung tem alguém. Isso não prova que ele não sinta por você o mesmo que eu, mas... Eu já perdi tempo demais achando que deveria evitar uma situação chata. Essa situação está entre nós desde o começo do mal entendido e...
Taehyung mordeu o lábio inferior suspirando e pensando, se deveria dizer tão abertamente o que sentia para ela, daquele jeito.
— E? — o encorajava a terminar sua explicação sem deixar de encarar o rapaz intensamente.
— E seja o Yoongi ou quem for eu não vou abrir mão de ser quem termina toda a noite com você e em cada dança.
Aquilo mexeu com de um jeito forte, ela sentiu o calor entre suas pernas e notou o fulgor nos olhos de Taehyung. Pensou em se levantar e beijá-lo de uma vez, mas foi surpreendida pelo garoto tocando em sua mão, e segurando-a delicadamente entre as dele.
— Me deixa tentar consertar tudo? Aceita sair comigo? Só nós dois?
abriu e fechou a boca como se estivesse buscando o ar que havia sido tirado de si quando Taehyung disparou aquelas informações. E mais uma vez, a ansiedade dele, não a deu tempo de falar.
— Eu sei que você pode estar saindo com alguém, mas... Por favor, me dá uma chance de tentar te mostrar o Taehyung que você merecia conhecer! Aquele que teve coragem o suficiente para pedir o seu telefone naquele programa de televisão. E não o garoto assustado...
mordeu os próprios lábios; sorrindo um pouco desconcertada olhou para os próprios pés. Ergueu-se rapidamente notando que seu corpo estava ainda mais perto do dele, ainda escorado à mesa da sala e, encarando o olhar de Taehyung ela disse ofegante:
— Me mostre o que você tem para mostrar. Eu quero ver.
Taehyung sorriu largo e a pegou de surpresa puxando sua cintura e a abraçando. quase deixou as pernas amolecerem fora de seu controle, e então seu celular tocou. Ela se afastou do abraço dele e tateou à própria bolsa. Jay Park era o nome do visor da tela do smartphone. Um lapso de realidade cruzou a mente dela, e então se afastando rapidamente, disse para Tae:
— Tem meu telefone. Prepare tudo e me ligue para a gente combinar aonde você vai me levar...
O rapaz percebeu que ela havia recebido mensagem de alguém que não era sobre trabalho, ou não era uma pessoa aleatória.
Ela ainda estava saindo mesmo com o Park, ou foi só daquela vez?
Sorriu largo e feliz porque o passo necessário para consertar as coisas havia sido dado e ele não recebeu uma negativa. Poderia ter um encontro com ela, e aquilo já valia por muita coisa!
— Você parece ter algum lugar para ir, então, não vou te atrapalhar mais. Eu te ligo ainda essa semana! — levantou ficando mais perto dela, e segurou a mão da mulher enquanto beijava o rosto da escritora em despedida rápida, molhada e macia, sussurrando no ouvido dela em seguida: — Seja como for, eu não fujo mais de você.
sorriu e se virou, tentando manter o autocontrole para sair daquela salinha, com Tae logo atrás. Ela sentia o rosto ruborizando; quando tocou na maçaneta, ele tocou por cima da mão dela, e com a outra virou o corpo dela para si, provocando que seus olhos se encontrassem de novo.
— Você tem outra pessoa? — Taehyung perguntou de repente, ansioso e com voz baixa, os olhos dele vasculhando o rosto a mulher e parando com firmeza nas íris dela, notando as pupilas de dilatadas. — Eu sei que não estou no direito de perguntar isso, mas, se não tiver problema eu quero muito saber se...
— Se deu espaço demais para a concorrência? — Ela perguntou de volta, num tom um pouco ultrajado porque aquele tipo de atitude demorou tanto a acontecer — Você não pode agir como um garotinho assustado tempo demais com uma mulher , quando há homens dispostos a agirem como homens com ela Taehyung.
Ele engoliu a saliva e suspirou fugindo o olhar do dela, quase intimidado pela força do que ouviu, mas, tocou em seu rosto de modo carinhoso e sensual dizendo de uma vez:
— Mas eu estou te dando o espaço que você precisa para não vacilar, e vir com tudo o que tem. Não me decepcione de novo, eu realmente gosto do tipo garoto assustado, mas na hora e lugar certo. Gosto de tratar homens como homens, ok?
E sem esperar resposta dele, ela girou a maçaneta e saiu daquela sala apressada, sacudindo a gola do seu vestido. Não era possível que em pleno começo do inverno, Taehyung tivesse a deixado tão quente daquele jeito por miséria.
Caminhou um tanto desnorteada por aquele corredor e passando pela sala de prática viu os outros rapazes reunidos ali, entrou se despedindo rapidamente. Quando seu corpo saiu de novo pelo corredor, ela estava mais calma. Taehyung estava parado a poucos metros da porta de onde ela saía, observando-a ir; Jimin que havia a acompanhado até a soleira notou o olhar analítico do amigo com um vinco de preocupação na testa.
— Ai não, o que foi agora? Ela te deu um pé na bunda definitivo?
Taehyung sacudiu a cabeça de um lado para outro em negativa, retornando ao ambiente aonde deveria estar junto aos demais.
— Eu a chamei para sair. Ela aceitou.
Jimin sorriu largo abraçando Taehyung pelos ombros, e os dois viram JHope sério se aproximar indagando:
— As fofoqueiras deveriam estar em posição na coreografia agora!
— Ele chamou a para sair! — Jimin disse como se aquilo justificasse a situação e os livrasse da bronca de Hobi — E ela aceitou hyung!
— Uwa! — Hobi sorriu largo animado, batendo no peito de Tae: — Finalmente! A gente vai te ajudar com isso, Tae! — E ficando novamente sério de súbito, o mais velho encarou mortalmente os dois: — Agora voltem para acertar seus passos!
— Aish... Ele se transforma mesmo... — Jimin murmurou.
Apesar da felicitação dos amigos, Taehyung não estava tão tranquilo assim. Ele sabia que o sarrafo havia ficado mais alto depois do mole que deu, e pior: parece que ela ainda estava saindo com o Park. Aquilo o incomodava de um modo muito inexplicável, mais do que quando ela saía com o ator. Aliás, dançando ali absolutamente concentrado, Tae notou que estava com raiva por Namjoon a convidar para aquele evento! Se não tivesse ido, ela não teria conhecido o Jay. Entretanto, ninguém tinha mais culpa de ter acabado sua noite com o outro, senão, o próprio Taehyung que como ela bem disse; fugiu.
Entre um passo e outro da coreografia, Taehyung rememorava aquela noite e sentia-se ainda pior. Namjoon e Hobi notaram o quanto Taehyung estava dedicado ao treino, e Jin cruzou os braços no meio do salão olhando para aquilo também assustado como Jimin.
— O que houve com ele? — Namjoon perguntou ao Hobi.
— aceitou sair com ele, e a mente dele provavelmente está fervilhando a responsabilidade que vai ser. Afinal...
— Afinal ele só tornou as expectativas maiores para ela.
— Não acho que para ela. — Jin se intrometeu ao se aproximar fuxicando a conversa dos amigos, enquanto Jimin e Tae dançavam concentrados e os outros dois lhe encararam em dúvida: — Na verdade, ela zerou qualquer expectativa vinda dele... O peso está na mente do Tae e, talvez, no fato de que ela não está mais tão disponível não é?
— Jay Park? Ela ainda está saindo com ele? — após ouvir a explanação de Jin, JHope perguntou ao Namjoon que deu de ombros explicando:
— Não tenho certeza, ninguém que eu conheço comentou sobre os dois... Sei que não foi só uma noite... Ou não estão juntos ou não tornaram isso público.
— Se ela aceitou sair com o Tae é porque está disponível, Jin! — Hobi constatou.
— Mas isso não significa que ela não tenha o Jaebeom ainda como uma opção... Bem, esta fofoca quem pode nos contar é o Yoongi. Agora vamos! Essas horas não passam e eu estou louco para ir para casa!
[...]
caminhava em seu pequeno apartamento enquanto falava ao telefone com Chang.
— Eu acho que seria muito bom sim, Chany... Mas não quero destoar do foco de trabalho.
— Campanhas publicitárias são boas para sua imagem ... Você sabe que já faz um bom tempo desde a última e, logo, o seu novo trabalho autoral será lançado. Queremos que este formato de manhwa* do seu trabalho também estoure... E eu tenho uma proposta ousada a fazer...
— A animação? Acha mesmo possível? — Ela perguntou abrindo o guarda-roupa e buscando um vestido para aquela noite.
— A KBS e a JTBC estão competindo pela versão coreana de “Garota Ocidental”, acha mesmo que a animação tem como não dar certo? Imagina o “boom” no cenário do entretenimento, se nós conseguirmos fazer isso antes de alguma dessas propostas da novela serem fechadas?
— É... Talvez você esteja certo... Mas, qual a publicidade?
— É simples, uma marca de café interessada em um patrocínio em longo prazo. Encaminho amanhã para seu e-mail, o conceito e a proposta.
— Ok, mas o que você achou?
— Acho que tem tudo a ver com você! Para ser mais a sua cara só se fosse uma bebida alcóolica. — Chang riu e então desconversou: — Analise com calma depois, mas... Você disse que vai fazer algo hoje, o que é?
— Eu vou sair com o Jay.
— Sair? Publicamente, se expondo? — O agente e melhor amigo se alarmou com a notícia.
— Uma festa na casa do Seong-Hwa. Não acho que é exatamente público, se não, ele me diria...
— Espera... Ele realmente vai junto com você? Ou vocês só vão estar no mesmo lugar? Sabe o que isso significa, não é?
A voz de Chanyeol era um tanto contida, mas entendia em entrelinhas que ele estava descontente com a ideia de que ela e Jay saíssem publicamente por aí.
— Não Chany... — sorriu contida revirando os olhos e colocando o vestido escolhido e os sapatos, sobre e ao lado da cama — O que significa, pode me dizer?
— Que essa historiazinha de apenas curtição está indo pelo ralo... Ele está provavelmente brincando com você, ! Tentando te incluir no círculo de amigos para exibi-la.
— Por quê? Por que não posso ser eu quem esteja brincando com ele? Só porque ele faz o tipo mulherengo que vocês tanto dizem? E desde quando eu sou alguma mulher troféu, Chang? Você sabe muito bem que eu tenho qualidades suficientes para um cara querer estar comigo...
— Eu sei que você é uma mulher apaixonante de fazer qualquer um perder a linha, , mas... Que razões ele teria de te levar ao círculo dele se não pretende te manter lá?
— Exato! Quem disse que ele não pretende?
Ela perguntou obviamente indo ao banheiro começar o seu banho, deixando o celular na bancada da pia em chamada de viva-voz, e ouviu a respiração pesada de um Chang que provavelmente estava surpreso com o que ouvira. Então decretou:
— Você e o Yoongi ficam com este papinho de que o Jaebeom não vale nada, que gosta de exibir e colecionar mulheres, mas faça novamente esta pergunta a si e pense que, talvez, pode ser que ele realmente esteja curtindo de um jeito desprendido e maduro o suficiente, para me querer em seu círculo social, sem quaisquer medos. E se quer saber, Chany, eu gosto da companhia do Jay. Nós nos divertimos juntos, sem promessas e sem cobranças.
— Ok, não está mais aqui quem falou, mas eu vou estar presente para quando ele pisar na bola e você precisar do seu melhor amigo, ok?
— E se for eu quem pisar na bola com ele? Você me santifica demais, tenho medo de um dia ser a sua maior decepção. — Ela ironizou rindo.
— Você se esquece de que já me decepcionou antes, e mesmo assim eu estou aqui, não estou? — o amigo disse direto revolvendo o passado — Sei bem até onde você é santa, .
— Nossa... Não precisa jogar na cara... — murmurou sem graça.
— Bem, boa noite minha gigante. Não vou te alugar mais, me liga quando analisar a proposta! Beijo.
Depois de se despedir de Chany, terminou o seu banho, se aprontou e pegou o telefone para mandar mensagem ao Jay dizendo que estaria a caminho da casa dele. No entanto, a mensagem dele já constava ali e a pegou de surpresa:
J.P. 🔥: “Estou na porta da sua casa, ou do seu prédio... Não sei exatamente, já que você esconde a informação. Vem bem gostosa, tá?”
se aproximou rápida à janela de sua sala, onde poderia ver a rua em frente, e a BMW parada só poderia ser a dele. Aliás, que merda! Naquele bairro de classe média, qualquer um estranharia um carro desses estacionado. Nini... Meu Deus, Nini a veria sair e entrar no carro e provavelmente o bairro inteiro saberia!
Abriu a porta do seu “cafofo”, e já estava ansiosa de novo, sentindo as pernas tremerem pela simples ideia de que Park poderia cometer a loucura de descer do carro para abrir a porta para ela. Olhou para o lance de escadas abaixo, vendo porta e janela da casa de Nini apagadas. Ufa! Provavelmente a amiga saiu com Minsuk, de novo.
desceu as escadas do sobrado, e como previu, um Jaebeom puramente gostoso descia do carro, com a porra de um enorme buquê de flores, e um sorriso pervertido nos lábios. O sorriso não era pior do que os olhos que a devoravam enquanto ela se aproximava dele. sorriu largo, porque não conseguia não sorrir com ele e suas expressões safadas ou brincadeirinhas.
— Você tem que me contar como conseguiu... — murmurou ela baixinho mencionando o endereço — Mas antes, pode me explicar como eu justifico se essa situação vazar? Ou como explico aos vizinhos uma BMW na minha porta?
Jay riu com vontade, puxando com a mão livre, o corpo dela colando-a no seu e beijou o pescoço da mulher num selinho rápido, e de sorriso ainda maior, arqueando a sobrancelha como quem diz “o que achou?”, ele a estendeu as flores.
— Flores?
— Primeira vez vindo à sua casa. Ou melhor, ao outro lado da rua da sua casa...
— Quebrou a maioria dos protocolos até agora Park! — Ela reclamou um pouco séria.
— Temos que rever esses protocolos, afinal, vamos aparecer juntos hoje.
— Espera! Não é uma festa íntima?
— É, mas, quantos dos meus amigos você acha que sabem que eu escorrego nessa pista, aí? — deu de ombros numa pose meio cafajeste e então a soltou, abriu o laço do sobretudo dela a fim de ver o interior, já ria por imaginar o quão pervertido ele ainda poderia ser — Muito bom. Veio bem gostosinha, como eu pedi!
— Não tem nada “inha” aqui! — reclamou ela, dando a volta para o lado do carona, com Park a acompanhando para abrir a porta.
entrou, deixou o buquê surpresa no banco de trás, fechou novamente o sobretudo, colocou o cinto e quando Jay entrou no carro rindo para ela, apertou a coxa dela dizendo:
— Ainda bem que fechou, ou eu teria que parar no caminho.
— Se quiser começar aqui e agora, só me falar... — disse de modo safado sussurrando no ouvido dele.
— Não brinca não hein , acho que já deu para você ver que eu sou maluco, né? Faço a sua vizinhança te expulsar daí.
— Terá que se responsabilizar por isso... — brincou de volta.
— Você pode morar na minha cama, baby. — Ele piscou olhando para ela e voltando a atenção ao percurso.
A mão dele que ora estava no câmbio ora nas pernas dela, sentindo a maciez de sua tez latina, eram um hábito próprio do Park que notou constante desde a primeira vez que andou no carro dele.
A escritora insistiu em saber como ele descobriu seu endereço, e de fato, Jay era um tanto inconsequente às vezes. Havia contratado algum entregador pra deixar uma encomenda na casa dela, que foi até a empresa, mas disse ter dado o endereço errado; o do trabalho e único que ele poderia passar. O entregador, na recepção da empresa solicitava vê-la ou conseguir o endereço com alguém.
Naquele dia, Jay sabia que ela não estava na mangaká, então quando Chany desceu à recepção fazendo a atualização do endereço para o rapaz, ele conseguiu. O que era a encomenda? O lingerie que ela estava usando, e que havia sido entregue em nome de Jay. havia recebido, realmente, uma informação de Chang de que uma encomenda dela foi enviada por engano na empresa e que ele direcionou para a residência dela. Mas, jamais desconfiou que Jay tivesse a sagacidade de pegar a informação com o entregador... Deveria ter previsto, afinal, foi o mesmo Jay que perseguiu uma lista de idols de 1997, atrás do telefone de Jungkook para chegar ao Namjoon e assim, ao telefone dela.
observou a figura de Park sorridente, dirigindo e cantarolando “Turn Off Your Phone”, música própria dele e que ela também adorava.
— Essa pode ser a nossa música, .
— Musiquinhas de casal também não estão no protocolo, Park. — Ela riu trocando um olhar com ele cheio de humor, mordeu o lábio e voltou a olhar para a janela do lado de fora cantarolando com ele a canção.
— Este nosso protocolo tem falhas. — Jay sussurrou sem saber que ela escutaria.
— Quais?
— Para começar, não teve alerta de que você era uma garota tão incrível.
— Isso é um problema? Preferia que eu fosse alguém sem noção? Por quê? Seria mais fácil me dispensar? — ria tranquila e nem notou que Jay parecia mesmo preocupado.
— É um grande problema, porque quando as pessoas são incríveis, no fim nos vemos desejando passar mais tempo perto delas. E isto pode se tornar um abismo, .
— Relaxa, Jay... Eu não vou te deixar cair nele.
Park riu negando descrente com um aceno de cabeça. Gostava cada dia mais da companhia de . Ela era mesmo uma garota sensacional em vários aspectos, mas o maior deles: a sua maturidade e confiança. Aquilo tinha tudo para dar certo, se os dois continuassem querendo a mesma coisa, e era sobre este aspecto, que precisariam ficar atentos.
18.
Seong-Hwa, melhor amigo de Jay e que também atendia ao nome artístico de Gray, surgiu à porta de sua casa quando a funcionária anunciou a chegada de Park. Logo, as poucas pessoas presentes retomaram atenção ao convidado e amigo que chegava, mas, o coro de vozes diminuiu quando notaram que logo atrás do rapper entrava também, uma mulher desconhecida.
— Hey, você a trouxe! — Gray sussurrou ao ouvido de Park com um sorriso ladino ao abraçá-lo e voltou-se para : — Oi, oi, escritora! Que legal que você veio! Obrigado!
— Olá Seong. Eu quem agradeço. — respondeu simples, mas simpática. — Bela casa!
olhou a casa em sua volta enquanto a elogiava, e notou que apesar de não estarem encarando-os, as pessoas estavam curiosas sobre os dois.
— Vem! Eu vou te apresentar a todo mundo.
Jay guiou-a com a mão em sua coluna e Gray observava curioso, em como ele denominaria ; os três se aproximaram do círculo da sala em que as pessoas poucas que chegaram estavam, e Park a anunciou:
— Hey guys! — Uma sequência de cumprimentos para Park entre as mulheres e homens ali, foi escutada — Deixe-me apresentar a vocês a minha amiga, . Ela é uma escritora e roteirista, famosinha, até... — Ironizou ele zombando com ela, e apenas soltou um riso de escárnio vendo o sorriso de Jay se alargar ao explicar aos amigos: — Nós nos conhecemos na última batalha de rappers em Itaewon.
— Olá a todos, boa noite! — reverenciou em cumprimento.
— Bem vinda ! Antes de qualquer coisa, qual o seu artista preferido da AOMG? — Okasian perguntou de forma bem humorada, como uma espécie de teste, e os demais riam.
arqueou uma sobrancelha e trocou olhares com Gray e Jay.
— Quem você acha que seria Oka! — Jay ironizou de novo, coçando a nuca de modo pretensioso.
— Não a pressione, Park! Deixe que a responda! — Heize brincou, piscando para a outra garota.
— Bem, eu adoro as músicas de todos vocês, mas... Meu spotify não me deixaria mentir, que o mais escutado da AOMG é o Park.
Jay abriu os braços como se dissesse “eu avisei”.
— Achei tendencioso. — Loco zombou. — Mas, seja bem vinda, !
Depois dessa pequena apresentação, a conversa entre eles fluiu. O grupo de amigos do Jay eram pessoas animadas, livres, alegres e muito festeiras. Em sua maioria, eram todos artistas da empresa do próprio. conseguiu sentir-se muito à vontade com todos eles, Gray e ela não paravam de conversar; estavam super entrosados no próprio assunto sobre as dificuldades que passou ao chegar na Coreia, quando Jay, um pouco mais solto e bêbado sentou-se ao lado dela e levou a mão em sua perna de modo mais explícito apertando e sorriu para ela.
Gray percebeu e riu enviesado, assim como Loco e Zico que estavam sentados de frente para eles. Uma das músicas favoritas de começou a tocar, e também um tanto bêbada, ela se levantou de repente ficando de frente para Jay, segurando a mão dele e fazendo graça. O rapper riu abertamente e todo mundo ficou sem entender, até o Loco reconhecer os acordes da própria música e cantar:
[Veja aqui a tradução e ponha a música para tocar: DON'T - Loco ft. Hwasa (TRADUÇÃO)]
— Wiheomhae aseuraseulhae gansinhi kkeuneul ...
cantava na voz de Hwasa, olhando para Park e todo mundo começou a rir, ovacionar e soltar gritinhos bobos. Loco achando um máximo ela conhecer e saber tão bem cantar a música, ficou orgulhoso de seu própio trabalho.
E no meio dos risos, todos vendo performar para Jay e Loco entrar cantando na parte dele da música; a mulher do nada começar a cantar com ele, como se fosse a própria Hwasa, Gray ouviu a campainha.
Caminhou gargalhando e, animado pelos amigos divertidos e cantantes na sala; nem percebeu a supresa que era ter o recém chegado ali.
— Você realmente veio?!
— Eu disse que viria...
Gray sorriu desconfiado e perguntou como se tentasse captar as intenções de seu conhecido e distante colega.
— Para me mandar mensagem depois de sei lá... Três anos? É, você deve ter uma razão para vir mesmo... — Gray olhou de volta para onde o homem encarava e viu-o completamente hipnotizado na cena de e Loco cantando animados e todos os outros fazendo coro de “yay-yo”.
— O que está rolando ali?
— A garota do Jay dando um show à parte, ela é sensacional! Mas, acho que você sabe disso... Pelo jeito que a olha... Já conhece a , Yoongi?
— Ela é a minha melhor amiga.
Yoongi estufou o peito e encarou Gray de forma tediosa, e o outro não esboçou nada, apenas sorriu zombando:
— Muito maneira a garota do Jay, e bem relacionada já que é a sua melhor amiga, pelo visto...
— O que você está insinuando, Seong? Ela é só minha amiga mesmo...
Gray deu de ombros como se não dissesse nada demais, afinal, ele já havia ficado ciente da amizade dos dois antes mesmo de Yoongi mencionar. Porém quando ele fez contato consigo perguntando se eles poderiam se ver de novo, Gray não imaginou que teria algo a ver com e apenas, inocente, convidou Yoongi para vir na social em sua casa. Mas ali, vendo como o outro ficou chocado com a interatividae de e os outros, Gray pensou que talvez Yoongi já soubesse que a encontraria. Contudo, não tão entrosada à cúpula da AOMG.
Jessica Oh e mais algumas garotas chegaram também, e encerrou-se a lista de convidados da noite. Yoongi nem percebeu-as, até ouvir Jess perguntando quem era a bonitona no meio da sala cantando com o Jay quase se esfregando nela. E só então Yoongi notou os recém-chegados, os cumprimentando enquanto Seong-Hwa olhava a cena ainda mais surpreso. Será que o Jay percebia o quanto estava realmente curtindo aquela garota?
Depois que e Loco cantaram Don’t, ela ouviu a galera parabenizá-la e pôde rir com o Loco super animado porque ela sabia a música toda. Zico ia perguntá-la qual outra canção de alguém do grupo ela poderia cantar, recitar em um rap ou performar numa dança, mas foi interrompido por Jay Park pegando a mão de e se levantando. Colando-se de frente para ela numa postura de dança a dois, e cantando uma música própria. E dessa vez, para ela. Já que havia dedicado Don’t para ele, Jay dedicava Stay With Me para ela, e a garota inevitavelmente ficou nervosa com aquilo. Até porque, era o fucking Jay Park de quem ela era fã pra caralho das músicas, cantando para ela: “Nunca quero deixá-la ir, não, não. Meu corpo estremece quando abraço você; o tempo para...”.
estava perplexa com o que ouvia. Jay apertou ainda mais sua cintura, roçando o rosto no dela e dançando lentos, mesmo que o som da capela fosse apenas as palmas e melismas dos amigos. Jess e os demais se aproximaram daquele cenário, sorrindo e cumprimentando os amigos com acenos, tão maravilhados com o momento do casal que não queriam atrapalhar e se sentaram em torno do ambiente. Yoongi foi direto à uma mesa de bebidas e depois de pegar seu copo ficou assistindo a cena também da declaração de Park para a melhor amiga dele. Depois que terminou de cantar, Jay sorriu, e beijou o rosto dela, piscando travesso como se tivesse feito uma pegadinha, e , calada observava com um sorriso besta no rosto; os lábios dele se aproximarem do seu, e os dois deram um beijo leve e calmo.
Todo mundo começou a gritar, zombar e aplaudir ainda mais, os dois. Gray que estava ao lado de Yoongi escorado na mesa observando riu e bateu nas costas dele, antes de ir pegar copos e uísque para servir Jessica e as outras amigas.
— Vamos lá, Suga!
— Vamos... — disse acompanhando Seong ao centro da sala onde todos estavam em torno do sofá e da mesinha de centro.
e Jay sentaram-se um do lado do outro, Park ainda tinha a mão na coxa dela, e deu um selinho no pescoço da mulher antes de voltar a cumprimentar os amigos que recém chegavam.
— Não sei quem você é, mas já gostei de você! — Jessica falou pra depois de a cumprimentar.
— conseguindo o inédito! Jess ir de cara com uma garota do Park tão facilmente e o Park estar de quatro por uma mulher desse jeito escancarado! — Seong brincou.
— Quem disse que ele está de quatro? Vocês não conhecem Jay Park, seu amigo e chefe? Isso tudo foi cena para ofuscar o sucesso que o Loco e eu fizemos na música anterior! — mencionou fazendo o pessoal rir.
Ninguém ousaria insistir na brincadeira do Gray que era o único a ter aquele tipo de abertura com o amigo.
— Eu ainda não estou mesmo... Até por quê, alguém prometeu não me deixar cair no abismo... — Jay respondeu encarando e os dois sustentaram um risinho cúmplice, e então ele constatou perante aos amigos: — Mas não seria difícil ficar de quatro pela ! Ela não é sagaz? Já me conhece melhor do que vocês que estão comigo há anos!
— Ah, mas isso com certeza, irmãozinho! Te conhece de uma forma que alguns de nós, não conheceu, infelizmente. — Jessica respondeu brincando com a duplicidade de sentidos da frase.
viu alguém estender uma garrafa do seu lado no sofá, e ela olhou para o lado tomando um susto.
— Yoongi? — mencionou com a boca aberta deixando o queixo cair, os olhos espantados encarando o risinho ladino dele.
— E aí, estranha está de uísque ou soju?
— Porra garoto, o que está fazendo aqui?
— Que boca suja, literalmente. Eu disse que viria, não disse? — falou mais baixo apenas para ela.
— Então... — Gray mencionou atrás do sofá com a cabeça entre eles, sussurrando por ter escutado os dois: — Eu estava certo e você não queria me ver, não é?
— Na verdade, eu quero sim trocar uma ideia contigo. — Yoongi mencionou e Gray arqueou a sobrancelha o chamando para ir na cozinha buscar gelo.
arregalou os olhos para Yoongi fazendo careta como se dissesse para ele ficar na dele. E os dois saíram dali, deixando a escritora um tanto surpresa, ainda por, de fato, o maluco do seu amigo ter dado um jeito de estar na festa.
— Tudo bem? — Park indagou ao vê-la segurando a garrafa de soju que Yoongi deixou na mão dela, um pouco perdida — Você não está bebendo uísque?
— É, pois é! Eu estava pensando aqui porque eu peguei isto da mão do Yoongi...
— Se não te fizer mal, fique à vontade para beber o que quiser, eu vou te levar comigo mesmo... — E Jay se aproximou do ouvido dela sussurrando e a beijando de leve, o lóbulo da orelha: — Eu vou cuidar de você.
sentiu os arrepios correrem por seu pescoço quando a língua gelada dele tocou sua orelha, e sorriu travessa. Pegou o copo da mão dele, largando a garrafa de soju. Jessica Oh, Heize, Hoody, Sogumm a chamaram para conversar só entre as mulheres, e lógico que ela já imaginou que seria sabatinada pelas amigas do grupo. Assim como, é claro, pela Jessica que era tipo a irmã do Jay tamanha a amizade dos dois. Quase como ela imaginou que Yoongi faria se tivesse coragem e oportunidade de sabatinar o Park.
Na cozinha da casa, Yoongi entrou logo após Seong-Hwa; coçando a nuca e pensando em como ainda estava surpreso com a cena antes presenciada. e Park pareciam tão na vibe um do outro... Tão conectados... E o que foi aquela música dele? Uma declaração mesmo?
— Manda aí Suga, o que você quer de mim?
Seong observava o outro, um tanto curioso e preocupado em qual tipo de relação ele e realmente tinham.
— Eu quero saber, já que você é o melhor amigo do Park... O que você pensa sobre ele e ?
— Espera... Você me telefona depois de anos, para dar um jeito de vir aqui vigiar a sua “amiga”, — Gray fez aspas com as mãos — e me sondar sobre a relação dela com o meu amigo?
— Tire estas aspas aí, que ela e eu nunca tivemos nada. Mas ela é uma mulher sensacional e eu não confio no seu amigo. Sabe que eu não vou com a cara dele há muito tempo. E bom, eu não vou deixar ele brincar com a , ela não é qualquer uma.
— E ela sabe se cuidar pelo pouco que sei dela, Yoongi!
— Sabe até mais do que eu e você. Mas, eu não posso evitar me preocupar com ela.
— Cara... Você está sendo ridículo... Sabe disso não é? O que o Jay poderia fazer contra ela?
— Não estou falando de fazer algo contra ela, mas a está emergindo na carreira, e você sabe o que uma aproximação com caras como nós pode causar. Principalmente para caras como o Park. O Jay nunca ligou muito para a imagem dele ou, o que quer que disessem. Se ele só estiver se divertindo com ela, então eu quero estar pronto para ajudar a como for preciso.
Gray suspirou. A parada entre Yoongi e Jay havia começado nos exatos 03 anos em que Suga parou de falar com Gray. Na verdade, ele e Seong nunca brigaram, mas o fato de Seong-Hwa ser muito próximo de Jay fez com que Suga se afastasse um pouco depois que Park deu declarações indelicadas sobre os rappers dos grupos idols, entre eles, sobre o BTS.
Nada que fosse realmente uma mentira na opinião de Gray, mas que havia ofendido e muito ao Yoongi que ainda por cima, era produtor e dos bons.
— Eu não tenho nada a dizer, conheci ela há pouco tempo na casa dele. Mas pra mim os dois estão bem, e são ótimos juntos! Acho que se você quer sondar as intenções do Jay, pergunte a ele.
— Estou evitando. A não vai gostar, vai dizer que estou sendo paranoico ou superprotetor. E tem a questão de que seu amigo e eu, não vamos muito um com o outro.
— Já está na hora de vocês dois também pararem com isso. Yoongi! Você já sabe que, o que ele disse não era mentira, tampouco foi uma ofensa direcionada a você ou algum dos seus amigos! Foi uma crítica à indústria e o Jay tem as razões dele. Boas razões, aliás. Se até o Namjoon fala com ele e entende isso, porque você não pode? Ou essa birra antiga é só uma desculpa atual?
— Não é birra tampouco desculpa. Jay e eu nunca fomos muito próximos, apenas nos conhecemos por conveniência, da forma como você fala parece até que éramos do mesmo círculo!
— Eu não vou insistir... Quem sabe a não faça o que eu não consigo e os motive a superar esse ruído.
Seong tocou no ombro de Yoongi e o mesmo ficou uns minutos sozinho na cozinha enquanto refletia se, deveria ou não falar com Park diretamente daquele jeito. Decidiu que não era o melhor lugar e nem momento, deu para notar que ele e já haviam bebido muito. E quando retornou para a área social do apartamento de Seong, ainda conversava com as mulheres, e os caras entre eles. Logo, Suga se entrosou no assunto dos rapazes e começou a beber, e se divertir também, apesar de não falar muito com Jay.
o observava ainda suspeita, mas em determinado momento, ela voltou ao sofá e ficou ao lado dele trocando ideias, que os outros não sabiam o que era porque não prestavam atenção. E Park notou de novo, que Yoongi e eram muito próximos, assim como lhe pareceu na noite que a conheceu e depois quando soube da amizade dos dois pela rotina da escritora.
— E aí, vai me dizer como você veio parar aqui? — o perguntou, mas Yoongi pegou o celular que vibrava na sua calça e leu uma mensagem e sorriu — É a tal Maya, não é?
— Sim, eu tenho que ir, ela viaja amanhã. Mas, depois te explico a minha relação com Seong. E você? Está tudo bem? Quer que eu te deixe em casa?
— Relaxa Suga, ela volta comigo. — Jay anunciou em tom ameno, intrometendo-se no assunto.
Yoongi acenou a cabeça afirmativo, e olhou para que sorriu confirmando a ele. O amigo assentiu silencioso, pegando o queixo de e beijando o rosto dela de forma rápida. E guardou o celular depois de responder a mensagem, se levantou despedindo-se de todos. Seong levou Yoongi até a porta e perguntou a ele quem era a garota que estava o tirando da festa. “Eu ainda não posso dizer nomes”, Suga respondeu e Gray sorriu. No fundo, aliviado por ele não ter negado, porque se havia mesmo uma garota então Yoongi não estava mesmo interessado na . Quando já eram da três da manhã, Park e decidiram ir pra casa dele e despediram-se de todos.
não estava sempre na casa de Park, mas já se sentia suficientemente à vontade para entrar deixando os sapatos em algum canto, e tirando as roupas para tomar banho.
— Dispensou a sua governanta, não é?
— Lógico! A casa é toda sua... — Ele murmurou se aproximando dela e a puxando forte de encontro a si.
As costas de bateram no peitoral dele, e a língua de Jay Park deslizou por seu pescoço.
— Eu já não via a hora de vir embora! Quase te levei pro quarto do Seong!
— Notei bem isso com aquelas mãos me apertando nem um pouco discretas! — riu e girou seu corpo abraçando-o de frente.
Jay sorria deixando os olhos ainda menores, que ela achava tão charmoso, e os dois ficaram em silêncio se contemplando e sentindo a tez um do outro naquele abraço intenso.
— Vamos tomar banho... — falou cortando o clima que parecia ter ficado palpável, como se alguém estivesse prestes a constranger o outro.
— , espera. — Jay segurou em seu punho e mordeu o lábio ao perguntar: — Eu sei que a gente tem as nossas “cláusulas” e tudo mais... — riu mordendo os lábios e a encarando firme — Mas, você está saindo com mais alguém?
A escritora suspirou mordendo os lábios de volta e sentindo um dejá-vu da cena com Taehyung na salinha.
— Estou. — respondeu firme, e os olhos de Jay se arregalaram, ainda que discretos — Mas, isso não é algo que a gente se importe. Não é?
— Claro que não! — Park sorriu fingindo desprendimento — Eu só quis saber por... Ter certeza, sabe?
— E por que esta cara de espantado?
— Eu realmente não esperava. — Ele deu de ombros risonho.
mudou sua expressão para uma mais sacana.
— Qual é Park? Seu ego é mesmo assim tão grande?
— Como todo o resto... — Ele zombou puxando-a e beijando o pescoço dela, agilmente desfazendo o fecho do sutiã da mulher — Mas, eu só achei que você estivesse sem ninguém além de mim.
— Ei cara, esse é meu momento! — gargalhou massageando os ombros dele — Lógico que eu tenho que pegar o máximo de pessoas enquanto posso! Inclusive, Jessica me deu conselhos ótimos e uma agenda renovada!
— A Jess é doida, cara! Cuidado com ela! — Jay zombou, empurrando ainda em seus braços para o quarto a fim de que fossem à suíte — Você vai me dizer quem são?
— Você vai me dizer quem são as garotas com quem sai além de mim?
— Não estou saindo com outras, eu não tenho tempo, você sabe! O pouco de tempo que eu tenho já completo contigo.
— Aaaah Park! — ria entrando no chuveiro já nua, enquanto ele ainda retirava as roupas, a observando um tanto receoso — Não brinca comigo! Como se você fosse homem de ficar sozinho... Com tudo isso aí...
— Fico lisonjeado pelo reconhecimento... — Ele sorriu ladino se aproximando dela esfregando os corpos — Mas, eu realmente não estou conseguindo administrar uma agenda cheia de mulheres.
então o afastou um pouco, de cenho franzido, preocupada, observando séria às expressões dele.
— Jay... Eu realmente não me importo que saia com outras mulheres, e se não quiser me dizer quem são, está tudo bem também, ok?
— Não está acreditando em mim por que acha que eu estou mentindo, ou não quer acreditar em mim com medo dessa informação verdadeira de estar saindo só com você?
— Os dois. Mas, é... Não curto a ideia de imaginar que aquela música cantada na sala do Seong tinha algum sentido.
— Não estou apaixonado por você, relaxe.
— Isso também seria quebrar os protocolos! — Ela riu voltando a se aninhar a ele: — E decidimos que curtir um ao outro seria bem mais divertido...
— Eu sei, e se em algum momento eu achar que exista a probabilidade de cair naquele abismo, eu te aviso. — Jay falou sincero, mas ainda com uma dúvida incomodando-o bastante: — Quem é a pessoa com quem você está saindo?
deixou de beijar o pescoço dele, e percorreu os olhos pela parede do banheiro. O que diria? Não queria relacionar Park a nenhum caso, mesmo que não tivesse outro caso atual ainda... Até porque não havia saído com Tae realmente. Ergueu o rosto e sorrindo passou os dedos na bochecha dele.
— Eu acho melhor não misturar as coisas. Prefiro não dizer, pelo menos por enquanto. Mas... Ele é alguém que eu já estava envolvida antes de você.
Jay concordou silencioso e sorriu. Suspirou e logo puxou o corpo dela para o alto, fazendo-a dar um gritinho e se enlaçar na sua cintura. Pressionou o corpo dela contra a parede e beijou-a com muita vontade. Vontade inclusive, de esquecer a desconfiança de que o outro fosse o Yoongi.
19.
— Tem certeza que, não quer que eu te deixe em casa?
— Não precisa, sério! Aliás, vamos evitar que você apareça no meu bairro de novo, ok? — pediu pegando a bolsa e a pendurando no ombro, com seu próprio celular em mãos, enquanto Jay a observava pronta a sair de sua mansão.
— Se eu for de táxi, tudo bem?
— É... Com um bom disfarce, tudo bem, mas só para você não achar que eu estou sendo injusta indo e vindo pra sua casa e não te deixando aparecer pela minha.
sorriu e aproximou-se para dar um selinho em Jay, mas ele transformou o beijo em um ato mais intenso e quando girou o corpo dela em seus braços para que entrasse de novo em sua casa, o celular de tocou pela décima vez.
— Aish...! — Jay murmurou resmungando — Que incêndio é esse que o Chang não consegue apagar sozinho na M.E.?
riu se afastando, olhando a tela do aparelho em sua mão, e atendendo a chamada finalmente.
— Caramba, hein! Você não pode esperar?
— Você não me atende! Eu estou te ligando desde cedo!
— Eu sei! Você praticamente nos acordou, seu empata! — Ela reclamou e Jay observava o modo como ela respondia.
Aquele não poderia ser Chang no telefone. Ela não falava com ele daquele jeito. Então piscou sorridente para Jay e selou seus lábios em uma despedida rápida saindo pela escada da frente da mansão e entrando na parte de trás do carro, pelo qual o motorista de Jay guiaria.
— Leve ela em segurança, ajhussi. — Park pediu, com as mãos no bolso da calça de moletom e observava o carro sair.
Quando entrou, sua governanta já estava a postos. Ele sentou-se no sofá da gigantesca sala e ficou pensativo um tempo.
— Senhor Park, bom dia. — falou a funcionária mais velha chamando a atenção dele e Jay correspondeu o cumprimento com um sorriso doce e um “bom dia” baixinho. — Pretende ficar na mansão hoje?
— Hmm... — Ele observou em sua volta a vastidão do cômodo — Não ajhumma. Não precisa se preocupar, eu retornarei à cobertura. Isso aqui é grande demais para mim.
A senhora, intrigada, sorriu como uma mulher sábia e se aproximou dele respeitosa. Pigarreou e falou mais baixinho:
— Me permite uma pergunta?
— Claro, o que a senhora quer saber?
— Por que passou a trazer esta senhorita para a mansão e não ao seu apartamento?
— Ela é diferente. — Jay falou e sorriu ladino — Mas, talvez eu não devesse ter feito isso... Ver ela caminhando por aqui, me causa certas sensações que eu ainda não sei definir.
— Ela é a sua namorada, Jaebeom? — perguntou esperançosa com curiosidade, o Jay sorriu brincalhão e negou silencioso — Ah... Entendo. Mas, ela é diferente.
Jay assentiu.
— A senhora também acha isso? — Ele perguntou apesar de não precisar da opinião dela.
A ajhumma deu de ombros com uma expressão ingênua.
— Acho. E é uma constatação, certo? Quantas mulheres o patrão trouxe para cá? — A pergunta dela era retórica, e Jay abaixou a cabeça refletindo aquilo — Sabe jovem Park... É mesmo uma mansão grande demais só para o senhor. Eu avisarei às cozinheiras que não precisam preparar seu almoço.
Jay assentiu e em seguida a funcionária o deixou a sós. Seu telefone tocou e era Seong-Hwa. O amigo queria vê-lo, então depois de se arrumar e tomar café, Jay combinou de se encontrarem na cobertura de Park. Seus carros chegaram quase ao mesmo tempo, sendo Gray o mais adiantado a esperar pelo amigo por alguns minutos.
— Hey, men! — Jay lançou a ele o cumprimento enquanto subiam no elevador.
— Você dormiu na casa dela? — Gray perguntou extremamente curioso por ele não ter estado em casa.
Jay não era de dormir na casa das suas garotas.
— Não. E aí, o que te traz tão cedo aqui?
— Espera... — Gray arqueou a sobrancelha surpreso, inclinando um pouco a cabeça para o lado — Vocês foram para onde?
— Para onde acha que eu iria com ela? Para um hotel?
— Jay... Ela conheceu a mansão?!
— Sim.
Seong-Hwa levou uma mão à boca, tampando a sua expressão de choque.
— Há quanto tempo? É a primeira vez que leva ela para lá?
— Algumas vezes, mas o que é? É algum absurdo por acaso? — Jay perguntou incomodado.
— Você já percebeu, não é? — Gray o perguntou voltando à sua postura comum, e o elevador se abriu, sendo Jay o primeiro a sair seguido do amigo curioso.
— Perceber o quê Seong-Hwa?
— Que está se metendo em uma cilada! — Gray falou óbvio ao passarem pela porta do hall da cobertura: — Não falando que a é uma cilada, porque na verdade ela é mesmo uma garota e tanto! Todo mundo gostou dela, até a Jessie que geralmente faz cena no começo, foi extremamente receptiva com ela e tal, mas... A cilada é essa! Jay, você está indo muito rápido nisso...
— Eu não acho que estou. e eu estamos muito bem com o que temos feito juntos, e não sei por quê o espanto apenas por eu levá-la para a mansão. — Porque seu abatedouro é aqui! E não na sua casa de família! Não era você que dizia que aquela mansão era...
— Hey, Seong-Hwa! — Jay reclamou o interrompendo de continuar, e foi enfático: — Não fale assim! Você viu bem que ela é diferente! Não é um casinho que só quer usurpar a minha imagem e se aproveitar do status... Ela não é este tipo de pessoa, então não fale desse jeito dela!
— Tudo bem! Eu concordo! A garota é maneira, independente, bem relacionada! Mas, Jay... Você entende o que está rolando entre vocês de verdade?
— O que está rolando, Seong-Hwa? — perguntou com certo tom entediado e se jogou no sofá com o amigo sentando na poltrona próxima.
— Você está correndo um sério risco de se apaixonar! Na verdade, eu acho que você já está encantado por ela e canalizando aquelas inseguranças recentes nessa parada. Apesar de já ter algum tempo desde que você saiu com a pela primeira vez, não é o tempo habitual pra você a apresentar à galera como fez ontem.
— Não sabia que havia um “tempo habitual” para a apresentar para a galera... E se eu me apaixonar por ela, por que isso é um problema? Por que está agindo como se fosse algo tão errado?
Gray suspirou e mordeu os lábios dando de ombros ao perguntar de volta:
— Ao menos ela também poderia se apaixonar por você? Ou estou errado em achar que ela já tem as opções dela?
Jay arqueou a sobrancelha para ele estranhando a conversa.
— Você não veio aqui tão cedo para falar disso, não é?
— Eu vim cedo porque temos que trabalhar. Ou você se esqueceu mesmo da reunião no estúdio daqui uma hora? — Seong observou a expressão de Jay e abriu a boca em choque de novo, porque sim, ele havia esquecido — E diz que não devo me preocupar...
— Que seja! Mas se é daqui a uma hora por que veio agora?
— Justamente para saber disso, Jay! Até onde você pretende ir com ela?
— Por que isso te interessa tanto? ‘Tá interessado na ?
— Não vou entrar em uma fila. — Gray disse óbvio, relaxando a postura e recostando-se na poltrona — Você não percebeu quem apareceu ontem?
— Sim, e eu queria mesmo te perguntar desde quando você e ele voltaram a se falar!
Jay perguntou mordendo os lábios e encarando, tranquilo, ao Seong. Deitado no sofá e com um semblante de quem não via a menor preocupação em ter visto Yoongi na casa de Gray ontem.
— Ele estava lá por causa dela. — Gray falou óbvio encarando Jay como se estivesse dizendo um segredo de mafioso: — Ele só fez contato comigo porque soube que ela estaria lá com você, e ele não quer vocês dois juntos. E a menos que ela fosse a irmã dele, que outra situação faria um cara se meter no relacionamento de uma mulher, Jay?
— Se o cara estiver interessado nessa mulher.
— Entendeu agora? Até onde sei, Suga diz que é melhor amigo dela, mas ele foi se juntar à nossa galera depois de três anos sem dar as caras. E a razão para mim é óbvia: o Yoongi pretendia tirar ela de lá, se não fosse o choque no rosto dele ao ver vocês dois tão entrosados, e a dando um show com o Loco.
— Ela me disse que eles são apenas amigos.
— E desde quando isso é algum impedimento pra eles se envolverem? Jay... Eu não estou falando para você competir com o Suga e nada do tipo. Na verdade, eu disse a ele que vocês deveriam se acertar e parar de implicância por uma birra tão idiota. Mas, se você está se apaixonando por ela como eu acho que está, precisa primeiro saber se seria correspondido ou não. Ela gosta de você como você gosta dela?
Jay suspirou e se levantou do sofá, caminhando para direção da sua suíte após dizê-lo:
— Relaxa Gray, a e eu estamos na mesma sintonia. Não se preocupe, aproveite que o emburradinho do Suga voltou a falar contigo. Vou trocar de roupa pra gente sair.
E deixou Seong sozinho o esperando na sala. O amigo suspirou preocupado com aquela situação. Será que Yoongi e eram caso um do outro ou apenas amigos?
[ xxx ]
saiu da casa de Jay direto para a própria, onde se arrumou para ir ao trabalho. Houve um evento importante na mangaká Enterteinament (M.E) relacionado à sua carreira pessoal, e que a deixou muito feliz. ficou extremamente satisfeita com o contrato publicitário que Chang e ela fecharam para ser a nova garota propaganda de uma marca de cafés. Estava saindo da sua última reunião de equipe do dia, quando seu celular tocou e ela já se preparava para xingar Yoongi caso ele fosse o motivo da ligação de novo. Mas ele não era.
— Olá , tudo bem?
— Oi Tae! Tudo sim e com você? — falou mais amena entrando em sua própria sala.
— Bem melhor depois que eu soube que você irá clandestina para nosso dormitório hoje.
— Isso foi ideia do maluco do seu amigo! Sinceramente, como se tira folga do Yoongi, hein? — resmungou ela com certo drama se jogando na cadeira giratória feliz por falar com Taehyung.
— Bem, dessa vez eu tenho que dizer que a ideia foi minha, mas, parece que o hyung gosta de passar na minha frente.
— Como assim? — se empertigou na cadeira estranhando a notícia.
— Comentei com o pessoal se eles se importavam, que eu te chamasse para comer conosco, você sabe... Eu estou me preparando para o nosso encontro, e o Jin hyung vai me ensinar uma receita de Dakgangjeong, mas fiquei ansioso para que você estivesse comigo... Então, eu dei a ideia e como eles não se importaram eu ia te chamar, mas aí...
— O Yoongi se adiantou me convocando... Entendi. — Ela riu e Tae acompanhou do outro lado. — Dakgangjeong? É um prato típico da Província do Jin, não é?
— É sim! Receita da omma dele. O Suga hyung, dessa vez me perguntou se eu me importaria se fosse ele a te convidar, parece que ele quer chorar contigo alguma coisa sobre uma garota... Enfim, talvez o Jungkook me ajude a amarrar o hyung no quarto quando você chegar. Esse tipo de folga é possível, o que acha?
— Certo! Não deixem de amordaçá-lo bem, o Yoongi é irritante quando ele fica gritando, estressado! — Os dois riram juntos de modo que escutar a risada um do outro causava uma ansiedade gostosa nos dois — Eu vou sair do trabalho e ir para lá correndo! Quero ver se as suas mãos vão mesmo me preparar algo bem gostoso.
falou sem qualquer tom malicioso, embora não pudesse dizer se Taehyung entenderia a situação de outra forma que não fosse sexual.
— Eu prometo caprichar em tudo para você. — E do jeito como ele a respondeu, era visível que o garoto estava se referindo a outra coisa.
Quando encerrou a chamada, alguns minutos após conversar com ele, estava sorrindo radiante, e então, Chang entrou na sala a surpreendendo com os olhos fechados e um sorriso vasto no rosto com um semblante de quem teria falado com alguém especial.
— Desde quando o Jay Park te arranca esse tipo de sorriso? Eu tenho certeza que isso não é efeito do Yoongi. — O empresário e amigo falou se aproximando e escorando-se na mesa dela com as duas mãos sobre o tampão e o tronco aproximado a ela.
— Errou, não era nenhum deles.
— Não? — Chang perguntou surpreso e espantado — Maurer? Algum outro ex que eu não saiba?
— Sabe que eu te amo e compartilho muita coisa com você, Chany, mas dessa vez eu prefiro guardar segredo. Já está bem difícil desse lance andar mesmo em segredo.
— Uow! Alguém está mais namoradeira do que nunca esteve! — O amigo empresário exclamou rindo e ergueu o tronco mudando o assunto: — Eu vim perguntar se quer dividir a corrida de táxi hoje. Tenho uma pessoa para visitar perto do seu bairro e estou sem carro.
— O que aconteceu?
— Bateram nele ontem à noite.
— E você só me diz isso agora!? — se alarmou se levantando da cadeira e se aproximando para analisar melhor o corpo do amigo.
— Estou bem! Não estaria aqui se não estivesse, não é? Eu não estava no carro. — Ele explicou-lhe com um semblante tranquilizador para ela.
— Engraçado... Você fora de casa durante a noite, e em algum lugar que não poderia estacionar o seu carro? — cruzou os braços surpresa — Também tem seus segredinhos agora, é?
— Isso nos deixaria quites? — Ele zombou a acompanhando para fora do prédio da empresa.
— Tsc... — estalou a língua rindo, em seguida, um pouco mais séria encarou o amigo o perguntando: — Por que não me telefonou? Eu poderia ter ajudado ontem.
— E atrapalhar a sua festinha com o Park? — Chanyeol a encarou sugestivo e começou a rir — Eu tenho noção, sabe?
— É um bom ponto. Mas vamos, quanto mais demorarmos, pior para encontrar um carro vazio. Se quiser a gente vem na mesma corrida até seu carro ficar pronto, também. Não me importo de pedir ao motorista pra passar na sua casa. — Quando vai parar de economizar, ? Você já pode se mudar da sua casa, encontrar um ambiente maior e até mesmo comprar um carro simples. Já faz algum tempo que você não precisa ficar andando de ônibus ou aplicativo. — Chang falou com o tom cuidadoso e preocupado que ele sempre tinha.
— A vida na Coreia é muito cara, você sabe o que eu passei, não vou adquirir bens até eu ter certeza que é o momento certo. E depois... Eu também tenho minhas ambições, o que eu tenho investido não é suficiente ainda para comprar o que eu quero.
Chang assentiu suspirando e passou o braço em torno dos ombros da amiga. Já estavam um pouco afastados do prédio da empresa e dava sinal para um táxi que passava. Os dois entraram e seguiram seus caminhos.
Horas antes daquele mesmo dia...
Yoongi chegou no dormitório com uma expressão péssima. Jungkook estava como sempre comendo, enquanto Jin preparava o café dos outros, com Jimin tentando o ajudar. Os três nem notariam a presença de Suga por muito tempo se não fosse ele se aproximando de Jin, sério e coçando entre os olhos.
— Jin. Será que podemos conversar no meu quarto ou no seu, por um minuto?
— Namjoon e Hoseok ainda estão dormindo, o que houve? — Seokjin perguntou sério.
— Podem conversar no nosso quarto, hyungs! O Taehyung parece uma pedra. — Jimin falou tentando impedir Jungkook de pegar mais comida.
— Ya! Vocês dois! Terminem bem este omelete como eu ensinei! E Jungkook, se comer tudo eu vou entregar seu almoço para quem ficar sem o café! Tenha educação! — Seokjin bronqueou com os mais novos e olhando sério para Yoongi sinalizou com o olhar pra ele ir.
Suga se arrastava cansado, mas muito mais do que isso, arrasado. Entraram no quarto da maknae line e fecharam a porta. Taehyung parecia um urso embolado em edredons e mais edredons que faziam uma montanha na cama.
— Pronto Yoongi, o que aconteceu? Você saiu escondido e disse que dormiria em casa, mas está chegando agora. O sunbae te pegou?
Yoongi fez que “não” com um aceno de cabeça suspirando frustrado.
— Eu fui em uma festa ontem, mas depois... A Maya me ligou avisando que iria viajar hoje, e sem saber quando retorna ainda. Então eu fui atrás dela, lógico.
Seokjin arqueou a sobrancelha porque já imaginava que a ausência de Yoongi teria algo a ver com ela.
— E vocês dois passaram a noite inteira na rua? Onde você dormiu?
— Aí começa o problema. Dormi na casa dela.
Seokjin fez uma expressão analítica de surpresa e certa preocupação, não exatamente com Yoongi, mas com Maya. Ele sabia que a amiga tinha traumas quanto a deixar “ficantes” dormirem com ela. O único a ter aquela “permissão” era ele mesmo.
— E pelo modo como está falando e, parecendo que foi atropelado por um furacão de nome Maya, ela deve ter dispensado você, não é? — Yoongi assentiu silencioso e Seokjin suspirou — Tá, o que você espera que eu faça? Você traiu a confiança dela em não ir embora depois de... Enfim, eu não achei que ia precisar te dar um cursinho de Maya, ela geralmente é bem direta sobre tudo.
— Digamos que o problema não é exatamente eu ter ficado lá. Ela ficou puta, mas entendeu que foi culpa dela. A garota me exauriu, Seokjin! Eu não tinha forças pra chamar um táxi, nem vi quando apaguei! Você sabe como eu fico apagado e letárgico quando bebo e depois de... Enfim... O problema é que eu cobrei algumas coisas e ela simplesmente disse que se eu não estava satisfeito podia avisar que ela riscava meu nome do caderno dela. Porra, Seokjin!?
— Ué, essa é a Maya! Quer que eu faça o que? Interceda pela sua misericórdia?
— Poderia ao menos me explicar como ela funciona?
— Desse jeito: ela não gosta de ser controlada. Se vocês começaram isso provavelmente haviam termos que ela impôs e dormir na cama dela é um deles, não cobrar coisas não acordadas com ela é outro... Enfim, você que é um emocionado.
— Eu só queria que a gente fosse mais... — Yoongi esticou os braços largando a jaqueta no chão e fazendo bico ao tentar explicar, mas morreu o assunto.
— Tá, me explica do começo! Qual é o problema entre vocês e o que você cobrou dela?
— Eu queria que a gente fosse mais livre sabe? Que a gente só se deixasse levar, deixasse a coisa fluir, mas ela veta qualquer chance de uma situação em que...
— Em que ela possa se apegar em alguém que represente insegurança. — interrompeu ele — Ela é assim Yoongi. Para não quebrar a cara ela vai evitar fragilidades. Então você tem que lidar com isso.
— Por quê!? Por quê ela não pode se desarmar perto de mim? Poxa, tudo bem que estamos juntos há poucos meses, mas eu não tenho a menor intenção de magoar ela e deixei isso claro! Eu só saio com ela, enquanto ela sai com quem quiser! Ou seja, se alguém tinha que ficar inseguro de quebrar a cara, sou eu. Mas ela torna tudo mais difícil. Às vezes me sinto como se fosse só um objeto pra ela, e... Mesmo uma relação casual sem apego, tem gente que não leva as coisas desse modo tão frio...
— De quem está falando? Está se espelhando em algum casal que conhece? — Seokjin perguntou confuso: — Que expectativas você tem?
Yoongi mordeu os lábios e olhou para Taehyung suspirando. Não poderia falar o que queria ali, se Tae escutasse ele ficaria chateado.
— Yoongi? O que você falou pra Maya? — Seokjin perguntou ao ver Suga encarando Taehyung dormindo, com uma expressão de pena e, ao mesmo tempo que ficou confuso, ficou com uma pulga atrás da orelha.
— Só falei que ela podia se dedicar um pouco mais em fazer as coisas serem naturais. E não um acordo que um liga quando precisa do outro...
— Aish!!! — Jin descruzou os braços nervoso e falou mais alto e revoltado: — Aiiish! Aigoooo! — deferiu um tapa na cabeça de Suga — Você é idiota?! Quando foi que ela não se dedicou? Sabe como ela se desdobra na rotina super controlada da família dela pra te ver? Sabe o quanto ela gostaria de passar mais tempo com os amigos dela? Uooooow, você é um idiota Yoongi! Um tremendo egoísta! O que você quer é a Maya disponível pra você 100% do tempo, é isso? Não percebeu que, não só ela como você, não têm esse tempo disponível?
— Para de gritar Jin! Vai acordar o Taehyung! — Yoongi pediu enfático segurando as mãos de Jin que gesticulava dramático — E não vem com este papo! Há pessoas tão ocupadas como nós que fazem as coisas serem diferentes!
— Primeiro, acho que antes de acusar a Maya você deveria ter exposto o que te incomoda, o que não acho que foi o que você fez. Segundo, que você deveria parar de espelhar o lance de vocês em qualquer que seja o outro caso em que está se espelhando!
— Não estou fazendo isso!
— Tem certeza? Eu acho que nós dois sabemos do que estamos falando. — Jin olhou para Taehyung indicando o que queria dizer para o amigo e bufou cansado: — Olha só, eu sou o melhor amigo da Maya e sempre vou defendê-la das suas metidas de pés pelas mãos. Sabemos bem que ultimamente você só vem fazendo burrada, então alguém tem que avisar a ela como você funciona, porque pelo visto não adianta esperar que você tenha algum entendimento de relacionamentos...
— Seokjin não estou pedindo pra você escolher um lado e nem nada disso! Só quero saber se ela realmente me deu um chute definitivo ou se devo insistir.
— Não vou dizer o que você deve fazer, mas vou conversar com ela. Porque estou preocupado com ela e não com você! Se ela te chutou mesmo de vez, eu te aviso pra ver se você decide qual a próxima burrada vai fazer.
Seokjin falou e saiu do quarto balançando a cabeça e deixando Yoongi sentado na cama de Jimin.
— Hyung.... — A voz rouca e abafada de Tae se fez audível debaixo das cobertas — Vocês não tinham outro lugar pra discutir?
Tae não havia sequer aberto os olhos, apenas murmurou tirando a cabeça debaixo das cobertas, numa espécie de transe de quem está despertando.
— Não perca a esperança. Não foi você que me disse pra não desistir da ? — Tae falou finalmente esfregando os olhos e bocejando ao olhar pra Yoongi, que parecia amarrotado há três dias: — Credo! O que essa mulher faz? Te mastiga e depois cospe? Você está terrível!
— Taehyung... — Yoongi murmurou cansado encarando o rosto quase ingênuo do amigo — Você é capaz de lutar pela ?
— O quê? — Tae arqueou o cenho, estranhando a pergunta.
— Tsc... — estalou a língua — Ya...Sinto que você não será capaz de vencer este tipo de batalha... Então, me diga: eu deveria te ajudar?
Taehyung sentou-se na cama um tanto atordoado com o assunto.
— Hyung! Do que está falando? Você pretende ir atrás da agora, é isso? — perguntou começando a sentir raiva de Yoongi.
— Não sou eu o seu rival! Abre esses olhos, seu bobo! — reclamou Yoongi e se levantou fazendo careta e abanando a mão como um senhor de idade pedindo para Tae se calar, e saiu arrastando-se para fora do cômodo.
Taehyung ficou pensativo em seu quarto olhando para a parede à sua frente. Precisava reparar a má impressão com ela rápido. Se Yoongi disse aquilo é porque ela tinha outra pessoa, como ele desconfiava.
— Aish...! — reclamou bagunçando o cabelo e apontou para a porta como se o Yoongi ainda estivesse ali — Deveria mesmo se responsabilizar, quem me atrapalhou desde o começo foi você!
20.
Horas mais tarde, estava chegando no local combinado com Namjoon. Ela estava de calça jeans e tênis, e uma camisa masculina branca, larga e comprida. Aguardava na calçada da rua que levava à entrada do condomínio, e enviou mensagem para o Namjoon avisando que chegara.
— Quem tem a altura mais parecida com a dela? — Namjoon perguntou na sala do dormitório.
— O Jimin! — Jin falou risonho, tirando sarro do mais novo que começou a reclamar por estarem zombando da sua altura de novo.
— É Jimin, parece que o Jin tem razão... — Namjoon olhou para ele e em seguida para Jungkook que apareceu sentando no sofá distraído por um joguinho no celular — Ou seria o JK?
— Qual o plano? — Taehyung surgiu da cozinha à sala, perguntando preocupado para o líder.
— Eu vou levar um moletom meu e um boné, além de máscara. Alguém sai comigo também em roupas parecidas, só para o segurança da guarita não desconfiar quando eu voltar com ela, e no retorno, quem for, pula o muro.
— Melhor o Jungkook ir então, ele é mais habilidoso em saltar. O Jimin vai acabar quebrando a perna. — Taehyung falou com a mão sob o queixo e uma expressão reflexiva.
— Eu não me importo, pode ir JK! — Jimin manifestou tirando Jungkook do sofá, e o empurrando na direção do Namjoon.
— Bora JK! Vamos infiltrar a namorada do Tae aqui!
— Ela ainda não é a namorada dele...
Jungkook zombou e Taehyung fez uma cara feia o xingando. Namjoon puxou o mais novo entregando a ele o boné e a máscara, e pedindo que ele vestisse o moletom preto. E os dois saíram do modesto dormitório que ficava num condomínio com guarita.
— Hyung, tem certeza que vai dar certo? Se desconfiarem que a gente trouxe uma garota pra cá... Aish... O Bang vai nos comer vivos!
— Eu soube que ele já tem certo apreço pela . Parece que a esposa dele, ou a filha... É fã dela, além do fato de que, o PD também acha que ela é namorada do Suga.
— Aigoo! — Jungkook falou baixinho e rindo: — Que doidera essa história... Ainda não entendo como o Suga hyung não ficou com ela e o Tae não tomou o controle da situação...
Namjoon sorriu e encarou Jungkook de modo curioso ao perguntar:
— Por que diz isso?
— É só que... Eu acho que o Suga hyungtem algum sentimento por ela, mas quando notou já era um pouco delicada a situação. E o Tae... Eu não acho que ele gosta dela, mas tem “aquele” tipo de interesse, sabe? O Taehyung é na dele, mas... Você não acha que é sangue frio demais para alguém que teve aquela atitude no programa de televisão?
— É, faz sentido. Eu notei que ele e o Yoongi ficaram prestando atenção nela. Talvez você esteja certo e os dois estejam interessados de maneiras diferentes.
— Só que o Suga hyungtem mais chances agora do que o Tae, porque ele já chegou sentando na janela enquanto o Tae... Nesse tempo todo, o primeiro passo dele está sendo hoje. Eu não ficaria surpreso se a noona nem o quisesse mais...
Jungkook chutou uma pedrinha e suspirou ao dizer aquilo e Namjoon assentiu silencioso. Os dois passaram tranquilos pela guarita, notando que o segurança apenas cumprimentou-os de longe.
— Passamos. Agora é torcer pro ajhussi não perguntar nada na volta. — Namjoon falou e os dois apressaram os passos numa corridinha até o ponto do quarteirão em que estaria.
estava escorada ao muro do condomínio, observando a rua de forma tranquila. Nenhum movimento àquela hora, e ela já estava começando a sentir frio. Namjoon disse para ela não ir de casaco, e só poderia estar doida de concordar, e de estar ali naquela situação.
— Aish , eu não acredito que você está se sujeitando a esse papel por causa de um garoto que fugiu de você em todas as oportunidades! — Ela bronqueou a si, sozinha e sussurrando.
— noona!
Ouviu o chamado de Jungkook que acenava com a máscara abaixada e um sorriso enorme no rosto, e ao seu lado caminhava Namjoon, os dois apressados. abriu um sorriso largo e desencostou do muro, também erguendo a mão para acenar animada, e naquele instante Jungkook retesou. Travou. Ele parou de andar e seu rosto empalideceu, o corpo gelou. Como ela poderia ser tão bonita daquele jeito também?
— JK? — Namjoon o chamou ao notar o mais novo parado alguns passos atrás.
— Aquela é a noona? — Namjoon olhou de novo para a mulher que agora os encarava à distância confusa e confirmou para Jungkook em um aceno — Uwaaa... Acho que entendo o Yoongi e Taehyung agora....
Namjoon arqueou a sobrancelha sem compreender porque Jungkook havia ficado surpreso e paralisado daquele jeito, e quando olhou com mais atenção para , entendeu. Ela estava vestida como uma daquelas jovens mulheres de dorama que pegavam a roupa do namorado. O jeans de corte reto e lavagem clara, rasgado nos joelhos, o tênis dando um ar jovial e moleque, sem falar na blusa que escondia o corpo feminino dela. Era por aquele tipo de “garota moleque” que o Jungkook vinha se sentindo atraído ultimamente. Aquele tipo, e claro, a IU. Dois extremos: do arquétipo da delicada feminina ao arquétipo da bad girlfriend.
— Você é engraçado Jungkook! — Namjoon proferiu sorrindo e sacudindo a cabeça veemente — Não vai entrar nessa confusão com o Taehyung não, por favor!
Jungkook, enfim piscou, sacudindo a cabeça e sorriu divertido ao dizer para Namjoon:
— Eu só fiquei surpreso em como ela pode ser linda de tantos jeitos e estilos diferentes. Não vou competir com eles, hyung! Eles perderiam de qualquer modo. — deu de ombros rindo e bateu no braço de RM tomando a dianteira: — Vamos, ela já está confusa.
Quando se aproximaram, Namjoon a abraçou e Jungkook também. perguntou o motivo por eles terem parado um pouco antes e RM mentiu dizendo que Jungkook achou ter esquecido alguma coisa.
— E como faremos? — Ela perguntou.
Jungkook a olhou de cima a baixo e olhou para si.
— A calça é diferente. O ajhussi não vai perceber? — perguntou para Namjoon.
— Droga, esqueci de falar pra você descer com um jeans de lavagem clara... — Namjoon informou analisando o moletom preto de Jungkook e coçando a cabeça, com a outra mão na cintura — , o boné e a máscara do JK, pode colocar, deixa eu pensar...
— E se ela pular o muro? — Jungkook falou tirando o boné e a máscara, entregando para ela e olhando a altura do muro — Eu subo na frente e pego a noona do outro lado, você ajuda ela a subir.
— Tudo bem por você, ?
A escritora olhou para o muro e começou a gargalhar sozinha. Os garotos a encararam sem entender, e apoiando as mãos nos joelhos, ela tomou fôlego. Se ergueu, com as mãos nas cinturas olhando a situação de novo e apontando para os dois amigos em sua frente foi categórica:
— Vocês estão vendo o que eu estou fazendo por ele, não estão? — JK e RM se encararam em dúvida. — São testemunhas! Parece até que eu voltei à adolescência e estou pulando muro de escola pra namorar...
Namjoon riu sem graça, achando ter pedido demais da escritora, mas foi Jungkook quem passou um braço pelo ombro dela e sorriu apontando o muro na frente da escritora, brincando:
— Vamos lá noona! Olha que situação romântica e instigante! Pular o muro como uma garotinha travessa pra dar uns amassos me parece bem legal! — Eles se olharam e Jungkook sorriu com expressão maliciosa e engraçada completando com uma piscadinha: — E sexy! Tenho certeza que ele vai te recompensar bem por isso! Eu ajudo, se precisar!
— Você ajuda em quê? A me recompensar? — Ela riu falando com tom malicioso de volta e Jungkook arregalou os olhos entendendo a brincadeira dela e a soltando.
— Uow noona, não me complica, por favor.
Os dois gargalhavam, soltaram-se um do outro e ela voltou-se ao Namjoon:
— Tudo bem, se você me der uma ajuda para alcançar, eu consigo. E Jungkook... — Ela apontou um dedo advertente para ele: — É bom esses braços fortes darem conta de me segurar do outro lado! Eu quero voltar sem um arranhão pra casa! — E sussurrando de forma que só ela pudesse se ouvir disse: — Ou melhor, que não sejam esses os motivos dos arranhões...
— JK, só uma coisa! Você tem que voltar pro lado de cá pra gente entrar juntos de novo, vou te mostrar qual o ponto cego do muro. Tem que me prometer guardar esse segredo e não aprontar, garoto! — RM advertiu, sério, chegando perto do maknae e estranhou a situação, então Namjoon a explicou: — Eu sei um jeito de pular e fugir sem as câmeras nos pegarem, mas nunca contei a nenhum deles, porque você sabe...
— Aham, o líder, o exemplo do grupo e tals...
— Ah... Quem diria que nosso hyungteria este lado rebelde, não é, noona!?
Eles riram e Namjoon caminhou voltando pelo percurso que havia feito até encontrar . Chegando perto de uma árvore que ficava do lado de dentro do condomínio, e bem perto do muro, ele a apontou para os dois fugitivos novatos: a escritora e o maknae.
— É aqui. Você pula e pode ficar tranquilo que até o ponto da entrada não tem câmera. , quando você vir a estrada da entrada vai precisar passar por trás do prédio de administração do condomínio. A gente te espera um pouco depois dele, na estradinha principal. Não terá mais risco, mesmo que as câmeras te peguem não vai dar pra dizer que você não estava vindo da rua detrás.
— Uwaaaa! Hyung! Você é um mestre espião! — Jungkook zombou e já ia subir quando RM o parou.
— Espera! Tira o moletom e dá pra ela!
Jungkook lembrou-se que estava com duas blusas pretas de frio, e tirando a primeira, entregou para que o vestiu, escondendo a blusa branca larga por dentro da calça. Prendeu o cabelo e tentou ficar o mais disfarçada o possível. Vestiu a máscara de Jungkook e o boné preto. Escondeu a ecobag que estava atravessada ao seu corpo, também por dentro do moletom.
— Minha nossa, que armário veste isso? — Ela perguntou vendo que a roupa escondeu tudo muito bem e Namjoon sorriu — Hm, tinha que ser você, Electrolux.
Namjoon não entendeu e ela apenas disse que o explicaria em outro momento. Jungkook então deu alguns passos para trás e tomou impulso para subir no muro como um atleta de parkour.
— Uau, ele é mesmo bom em tudo, não é? — falou boquiaberta ao Namjoon.
— Não sei... “Tudo” o que já vimos nunca é suficiente para saber se é esse “tudo” para o Jungkook... — deu de ombros olhando o mais novo no topo do muro sorrindo para eles.
— Te pego do outro lado, noona! — disse e saltou de uma vez fazendo um barulho forte.
— Ai meu Deus, será que ele está bem? — falou preocupada pra Namjoon.
— Vem, sobe e me diz.
Namjoon se abaixou um pouco pedindo para que se aproximasse, e quando ela o fez, preparada para escalar, ele a pegou pelas duas pernas e ergueu a mulher sentando-a sobre seu ombro com uma facilidade viril que deixou de boca aberta. notou que Namjoon sequer tinha noção da sua força. A atitude dele fazia-a parecer uma folha de caderno.
— Ei, não vá me deixar cair!
— Jamais!
Ela não teve dificuldades para se erguer do ombro dele e apoiar os pés no muro apenas para dar mais impulso de chegar no topo dele. E com os braços ela conseguiu pendurar-se e transpassar uma perna pro outro lado sentando no muro. Vislumbrou o rosto sorridente de Jungkook que lhe fazia sinais de “jóia” com as mãos e voltou a encarar Namjoon dizendo:
— Ele está ótimo com aquele sorrisão no rosto.
Ela estudou os movimentos e girou-se para tentar descer de costas, e Jungkook já estava posicionado embaixo dela.
— Pode vir de costas ou de frente, noona! Eu te pego direitinho, sem medo!
A concentração dele era de alquém que parecia estar prestes a segurar a última cerâmica legítima da era Joseon.
desceu como se estivesse escalando, mas ao soltar as mãos foi impossível não cair de costas, e conforme Jungkook prometeu, ele a segurou no colo perfeitamente como uma cena de drama. Sorrindo para ela todo orgulhoso.
— Muito bem Jungkook, você me surpreendeu. Espero que ensine isso ao Taehyung.
— A te surpreender ou te pegar, noona? — falou de novo com expressão travessa e a mulher não pôde deixar de gargalhar.
— Os dois! — respondeu e ele a colocou no chão com cuidado — Agora vai, acho que você pode usar a árvore para alcançar o muro agora.
E como ela bem pontuou, sair de dentro do condomínio por ali, era mais fácil. Logo, Jungkook e Namjoon estavam juntos voltando pela entrada.
— Põe a mão nos bolsos, pra fingir que você guardou o boné e a máscara. — recomendou o mais velho.
A sorte estava ao lado de Taehyung, ou de . O segurança que havia os percebido na saída não estava mais no posto, e então, o substituto nem deu importância para os dois retornando, porque viu o rosto de Jungkook e o reconheceu como morador. Enquanto eles caminhavam pela estrada principal conversando tranquilos, estava passando pela parte de trás do prédio de administração, com a cabeça baixa e cautelosa. Em sua mente, nada diferente passava a não ser: “É bom mesmo você valer a pena, Kim Taehyung...”.
Jungkook e Namjoon a viram surgindo e respiraram aliviados, a abraçando e se apressando a alcançarem a casa-dormitório da BigHit.
— Você vai dormir aqui não é, noona? — Jungkook perguntou e Namjoon e se encararam em dúvida — Qual é? Depois desse rolê para entrar? Ela pode ficar aí esta noite não é RM?
— É... A gente resolve isso lá em cima, JK.
— Não precisa gente. Eu só vim jantar, se vocês não tem autorização pra me convidar para jantar, que dirá dormir aí.
Namjoon pensou a respeito dos riscos entre, ela sair ou não ainda naquela noite, e não via motivos para ela ficar. Entretanto, Jungkook falando que era bobeira ela ir embora e que eles poderiam deixar ela ficar, também não parecia uma ideia ruim.
— Relaxa hyung! O Tae não vai fazer nada com ela, não viu que é ela quem está sendo o lado mais interessado? — Jungkook brincou ao sussurrar para o Namjoon.
— Jungkook, você é muito traiçoeiro mesmo.... — zombou dando um cascudo no garoto, e percebendo que guardou o celular em seu bolso de novo, silenciaram o assunto.
[ xxx ]
Os três amigos adentraram na casa dos garotos, risonhos e falantes. Namjoon e Jungkook zombavam de por seu empenho em estar com eles, indagando se a razão era mesmo pelo Taehyung ou se era pela culinária do Seokjin.
— Chegaram! — Jimin avisou se levantando do sofá e com um sorriso de orelha a orelha indo abraçar a escritora.
— Oi Minie!! — sorriu largo e também abriu os braços animada, pois, Jimin adorava abraços latinos tanto quanto ela.
Logo, Jin e Taehyung estavam adentrando a sala onde a escritora estava cumprimentando Hobi recém-chegado. Tae observou a mulher de cima à baixo, totalmente boquiaberto com a maneira como ela realmente era bonita de um jeito tão natural. O rosto dela não estava totalmente limpo de maquiagem, mas era sutil. E as roupas que poderiam ter sido retiradas facilmente do guarda-roupas de um deles, davam um charme a mais, na opinião dele. parecia uma pessoa simples, tanto quanto era, de fato.
Ela colocou a ecobag de algodão, no sofá e abriu o fecho do moletom de Namjoon, que estava enorme nela, e Taehyung viu que as roupas eram todas — com exceção do jeans completamente alinhado ao corpo dela —, bem maiores que a mulher. As memórias de Tae foram ao dia da boate, em que ela estava vestida para matar, ao dia em que ela visitou a BigHit com um vestido floral romântico, e ao momento atual. Foi inevitável pensar como seria vê-la de pijamas ou acordando em uma camisola sexy.
— Taehyung! — Jungkook gritou no ouvido dele o beliscando.
— Aish! O que é?
— Você está aí babando há dois minutos! Nem falou com ela!
— Ah... É que ela está tão linda... — Taehyung disse ainda um tanto admirado e todos soltaram um risinho sem graça, pois a atenção estava toda voltada a ele, que nem se importou, sorriu e se aproximou dela dizendo: — Você é perfeita, não é?
sorriu de volta abraçando o garoto que sorria como uma criança diante do papai Noel, e mais uma vez o pensamento lhe ocorreu: “Fofo e matador, socorro!”.
— Eu não sou perfeita, mas chego perto. — Ela respondeu beijando o rosto dele e Namjoon pigarreou para que todos dispersassem o foco do casal.
— E aí, deu tudo certo? Ninguém notou vocês? — Hobi perguntou.
— A noona pulou o muro! — Jungkook explicou gargalhando — Foi legal!
— Não acredito! — Taehyung a encarou alarmado e segurou os braços dela para checar seu corpo e se estava aparentemente machucada ou não. — Como assim? Você está bem?
— Estou sim! Graças aos dois homens fortes que estavam lá. — Piscou para os amigos. — Quanto eu lucraria com a Dispatch pela informação de que Namjoon tem uma mente talentosa para crimes e que o Jungkook me pegou no colo como se eu fosse uma folha de papel?
— Uwa! Contem tudo! — Seokjin falou sentando-se no braço do sofá, e os meninos todos estavam curiosos.
— Yá! Que barulheira é essa? — Yoongi falou surgindo ranzinza na sala e os olhos esbugalharam ao ver vestida com as roupas de Namjoon, no meio da sala e um tanto aturdido: — Ué? Por que você está aqui com as roupas do RM?
— Oi Estranho! Boa noite, tudo bem?
Ironizou ela, sorrindo e Yoongi se aproximou confuso, mas satisfeito de vê-la ali, a cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto e já vestiu-se em expressão de drama ao dizê-la, um tanto dengoso:
— Ainda bem que está aqui, Estranha! A minha vida amorosa está desmoronando!
— Ele tem uma vida amorosa? — Jimin perguntou baixinho para Hoseok.
— Por que será que não tenho dúvidas disso, Yoongi? — zombou e depois sussurrou: — Mas vê se não leva a minha pra esse buraco contigo, viu?
— Quer mesmo falar disso aqui? — sussurrou de volta.
empurrou Yoongi como se pedisse passagem, e felicitou-se por Taehyung ter ido à cozinha olhar os pratos e não ouvir aquilo. Yoongi caiu sentado no sofá, e Jimin surgiu com outra blusa para ela.
— É que está frio, mas parece que cabem duas de você nesse casaco do hyung... — Ele falou e ela agradeceu.
— Agora contem! Como foi a aventura de entrar no condomínio pulando o muro? — Seokjin pediu e Jungkook começou a contar.
— Eu vou ver se o Tae quer ajuda! — proferiu e saiu entrando, depois de trocar o moletom e soltar os cabelos por baixo do boné que também tirou.
Taehyung estava com uma blusa pólo azul marinho, calça preta de moletom e um avental na cintura, igualmente preto. Tinha luvas nas mãos, e uma máscara de proteção higiênica transparente em seu rosto. Uma faixa segurava seu cabelo para não cair na testa, e ele sacudia uma frigideira com algo que parecia ser repolho misturando o refogado com habilidade.
se aproximou devagar, parando no batente da porta e sorriu admirada, do tanto que ele estava fofo cozinhando. Ela passou as mãos pelo cabelo os enrolando para trás, arregaçou as mangas do moletom, e chegou mais perto dele, sendo então notada.
— Olha só, até que você sabe o que está fazendo!
— Eu não sou assim tão ruim na cozinha, igual os garotos fizeram parecer. — mencionou sorrindo para ela e a escritora poderia sentir as pernas amolecerem apenas com aquele sorriso — Prova, vê se está gostoso.
Taehyung pegou um pequena porção com o cheot-garak e direcionou até a boca de , que abriu os lábios sem desfazer o contato visual com ele. Taehyung compreendeu a atmosfera sensual e engoliu a saliva que o deixou um tanto salivante.
— Delicioso, Teteco. — Ela disse, com o apelido bem brasileiro que até então, o rapaz sequer conhecia. E após engolir, sorriu, depois levou a mão ao próprio queixo o analisando e riu mais divertida ao dizer: — Mas, você sempre cozinha assim?
— Assim como?
— Parecendo um atendente de lanchonete. — tocou no avental e apontou a máscara e luvas.
— Ah! — Taehyung sorriu e sem graça falou baixinho: — É porque eu estou fazendo isso pra você, só estou sendo cuidadoso.
assentiu satisfeita, e suspirou ao pegar outro avental e vestir-se.
— Ok, mas quero te ajudar. O que posso fazer, cheff?
— Ah , não... — Ele ia reclamar, mas ela o interrompeu.
— Não discuta com sua noona! Este ainda não é o nosso encontro. Certo? — Tae sorriu assentindo — Então me fala, o que posso fazer?
— Bem... O Jin hyungme falou que preciso despetalar as cebolas que estão na geladeira, então enquanto faço isso você poderia... — Taehyung olhou em volta tentando encontrar alguma tarefa delicada para . Não queria deixá-la com cheiro de cebola, e então viu a pouca louça na pia, mas não queria pedir a ela que fizesse aquilo. A escritora notou o olhar dele e foi até a pia.
— Eu faço isso. Relaxa.
Taehyung sorriu e depois de desligar o fogo e tampar a frigideira, se encaminhou para a geladeira a fim de pegar as cebolas. Posicionou-se à mesa da cozinha e iniciou sua tarefa minuciosa de separar as camadas. O som das risadas altas na sala aumentaram e Seokjin apareceu na porta da cozinha perguntando para eles se precisariam de ajuda. Observou os amigos separados cada um em sua tarefa e estranhou o silêncio. A ideia não era eles se aproximarem?
— Pessoal, tudo bem? Precisam de ajuda ?
— Oi Jin! Por aqui tudo bem! — falou para Jin ao olhar para ele — Pode ir se divertir com os meninos, porque pelo que vi o Tae já tem a situação sobre controle.
Alguns minutos depois, Taehyung terminou o que estava fazendo e encostava-se à mesa para observar que, estava atrapalhada com seus cabelos soltos caindo sobre o rosto, enquanto as mãos da mulher estavam cheias de espuma. Ele se aproximou, lavou as próprias mãos e os dois trocaram olhares cheios de sentimentos.
— Chora não Taehyung, ela ainda pode ser sua. — brincou deixando-o corado.
— É nisso que estou confiando. — Ele respondeu baixinho terminando de secar as mãos em um pano que, em seguida, ele pendurou sobre seu ombro.
Cruzou os braços e ficou observando a mulher ao seu lado, atarefada em terminar de esfregar a última peça de louça. Taehyung se direcionou então até as costas da escritora, e puxou um elástico fino em seu próprio punho. Passou as mãos de forma delicada pelos cabelos soltos de reunindo-os para trás e fez um rabo de cavalo baixo. retesou o corpo com aquela atitude surpresa de Taehyung.
— Obrigada. — Agradeceu e os dois se mantiveram extremamente pertos. Tae não se afastou dela, pelo contrário, depois de amarrar seus cabelos, ele deslizou a mão de forma delicada pela nuca da autora até alcançar seus ombros e ali permaneceu segurando um pouco mais firme.
A respiração de descompassou. Apenas ouvia-se a água batendo no fundo da cuba lavatória e o som do tique-taquear do timer do forno. fechou a torneira, retirou as luvas emborrachadas, mantendo o resto do corpo teso enquanto sentia o calor do corpo de Taehyung.
— Eu estou muito feliz por estar aqui com você agora. — Ele murmurou, com a voz um tanto embargada.
A autora mencionou girar o corpo e Tae a virou para si encarando-a fixamente nos olhos. Ela, da mesma forma não deixava de olhá-lo, entretanto sua vontade era de avançar o pouco espaço que lhes restava e beijá-lo. E o faria, se não fosse ele abaixando a cabeça para encarar o chão, soltando um suspiro pesaroso e dizendo:
— Obrigado. Obrigado por me dar uma chance mesmo depois de tudo.
— Vamos combinar uma coisa? — Ela proferiu após pigarrear percebendo a sua coragem dissipando e o notando atento — Não falaremos mais no que aconteceu ou não aconteceu, pode ser?
— Claro, desculpe!
Os dois sorriram entre si, e foi quem notou o silêncio aterrorizante na casa.
— Não está... Quieto demais?
Taehyung deu-se conta e olhou para a saída da cozinha e então os dois caminharam silenciosos a fim de espiar o que os outros estariam fazendo, mas quando olhariam pelo corredor, o rosto pálido de Yoongi surgiu. E assim perceberam a fila indiana de seis idols escorados na parede do corredor para a cozinha, que antes espreitavam ao casal.
— Você é impossível! — reclamou batendo em Yoongi.
A algazarra de broncas, risos, e drama foi feita novamente, e Taehyung suspirou de novo. Parece que sempre haveria alguém entre ele e a . O timer do forno apitou, e ele foi encerrar a razão do encontro: o jantar.
[ xxx ]
e os meninos jantaram e conversaram bastante sobre seus trabalhos, projetos futuros, expectativas dos rapazes e decidiram iniciar uma competição de videogame entre eles. Enquanto Taehyung competia com Jimin, Yoongi cutucou e sussurrou no ouvido dela:
— Será que a gente pode conversar lá no meu quarto?
A amiga percebeu que ele havia segurado o assunto até quando pôde, e então sorriu, deixando sua taça de vinho na mesa da cozinha e indo para o cômodo dele junto com Yoongi. Jungkook observou aos dois saindo pelo corredor dos quartos, assim como Hoseok também e eles trocaram olhares desconfiados, mas se mantiveram silenciosos.
— E aí, o que aconteceu? — Ela perguntou já entrando e puxando uma cadeira de computador para se sentar enquanto o amigo fechava a porta do quarto.
— Eu preciso que você analise uma situação e me ajude a pensar em como eu posso resolver a...
— Cagada que você deve ter feito. — o interrompeu, rindo.
Yoongi assentiu derrotado, e se jogou na cama, sentando escorado à parede, cruzando as pernas em indiozinho, e permaneceu na cadeira de frente para ele.
— Saí da festa e fui encontrar a Maya, e tudo rolou normalmente até que... — Pausou e esfregou os olhos vendo que teria de explicá-la do início: — É o seguinte, existem uns acordos entre a gente. E um deles é que a Maya não gosta que eu durma na casa dela, assim como ela não dorme no meu apartamento. Então, dormir juntos é algo que não pode.
— Ué? Por quê?
— Não sei, acho que é uma autodefesa dela.
— Ela sai com outras pessoas também, não é? — indagou e Yoongi assentiu com a cabeça e mordeu o lábio inferior pensativa, por breves segundos e perguntou: — E este acordo é só com você ou com todos os caras?
Yoongi piscou com a boca aberta um pouco pensativo.
— Ãhn... Acho que com todo mundo... — E puxou o ar entredentes cruzando os braços e inclinando a cabeça em dúvida: — Exceto o Jin... Com ele era diferente.
— Espera, a tua garota sai com o Seokjin também? — estranhou erguendo um pouco o tronco da cadeira.
— Eles são melhores amigos, mas antes de nós sairmos ela saía com ele. Agora não mais, segundo ela. Eu nunca perguntei para ele porquê... É estranho né.
— Bem, isso explica algumas coisas... — disse ela com ar de entendimento.
— Que coisas?
— Não, toca o barco. Depois eu explico. Então você dormiu com ela e “quebrou” — fez aspas com as mãos — esse protocolo?
— Exatamente! Só que não só isso desencadeou a discussão. Eu acabei dormindo e no dia seguinte ela não gostou nada de eu ter acordado do lado dela, estava muito estressada como se aquilo fosse a pior coisa do mundo, e me disse que não deveria se repetir mais, se não as coisas entre a gente teriam que chegar ao fim, e eu fiquei irritado! — Yoongi começou a contar se lembrando da situação e fazendo caras e bocas que deixavam bem nítido para o quanto ele parecia gostar da Maya — É um absurdo não é? Fazer um escarcéu só porque eu acordei lá? Eu fiz até café da manhã pra gente! Ou seja, uma gentileza! E ela me olhou como se eu estivesse tentando dominá-la! E foi aí que a coisa desandou, porque eu despejei nela algumas coisas. Lembra-se que eu já havia falado com você sobre estar em desacordo com alguns... Como você diz, protocolos?
— Sim, e eu me lembro de falar com você que, o que deveria era conversar abertamente com ela sobre as suas insatisfações. Coisa que pelo que vejo, você não fez... — arqueou a sobrancelha com maneiras irônicas.
— Não dá pra conversar com ela, ! Se você conhecesse a Maya saberia o quanto ela é... Contundente... Imponente, e isso me deixa um tanto acuado, confesso.
— Você quer uma mulher forte ao seu lado, mas tem medo dela? Ela é sua amante, não a sua mãe, Yoongi. — sorriu ao dizer.
— O que você quer dizer com isso? Acha que eu só estou com ela por algum complexo de Édipo?
— Convenhamos... A sua mãe te domina e pelo nosso pequeno mal entendido já deu pra notar que há uma expectativa de que você vá se envolver com pessoas que te dominem também. É o que te atrai.
— Rá! — Ele entortou a boca grunhindo sarcástico e apertou os olhos a perguntando em tom desafiador: — E baseada em que você presumiu isso? Na minha relação com a minha mãe?
— Sim. — disse simples, cruzando as pernas e os braços e deixando o corpo descansar mais na cadeira giratória, enquanto a girava levemente de um lado a outro — Na sua relação com a sua mãe que eu pude presenciar, nas coisas que a sua família disse a mim quando eu fui até lá no papel da sua namoradinha, nas coisas que você mesmo disse a mim... Ou se esqueceu que desabafou comigo também naquela viagem, sobre as suas inseguranças com mulheres, seus relacionamentos e as expectativas familiares? Ah! E claro... Me baseio também, na nossa relação. Yoongi, você diz que não foi um interesse físico, mas já percebemos que todo mundo observa um padrão em você. Mulheres decididas te atraem, se não sexualmente, é o tipo de relação que você quer por perto!
— Aaaah! — Ele comentou em tom convencido e um pouco ofendido: — Então você está dizendo que eu só me tornei seu amigo porque você é toda poderosa?
— E não foi? Se não, então o que te chamou atenção em mim naquele programa de TV ao ponto de vir me procurar no meu escritório? Porque até onde você disse, era sobre ajudar o Taehyung, mas veja só... Você não moveu muitos dedos para me aproximar dele. Só você se aproximou. E eu até acreditei que era uma curiosidade sem intenções, e que depois de me conhecer você só enxergou afinidades. Depois, não podemos nos esquecer da sua mãe e aquela loucura... Tudo foi nos aproximando, e até então eu acreditei que era só uma amizade legal surgindo. Mas aí....
— Pelo amor de Deus, o que é que você está pensando? — Yoongi a interrompeu um pouco nervoso e chocado, e sentindo as mãos suarem, esfregava os cabelos indignado, embora tentasse disfarçar com uma postura habitualmente tediosa.
suspirou analisando os trejeitos. Era exímia em observar e ler comportamentos das pessoas na maioria das vezes, principalmente, se ela não estivesse emocionalmente envolvida à situação. E compreendeu que estava no caminho certo quando leu o claro nervosismo do amigo, mas, por mais que a ideia em sua mente lhe assustasse, ela estava tranquila seja qual fosse o caminho final.
— Como eu dizia... — continuou calma, após a interrupção de Suga — Mas aí, os recentes fatos me fizeram perceber que não é só uma amizade. É uma espécie de dependência. Você é carente! Busca uma mulher que te dê respostas do que fazer ou como agir, tal qual a sua mãe, e bem... Isso é o mais comum entre nós. Eu simbolizo o padrão que você procura, e me parece que a Maya também, já que ela é tão imponente como parece. Não sei as razões da sua psicose Yoongi, mas confesso que a única coisa destoante é que eu não entendi ainda, por que, se eu estiver errada como você vai dizer... Você presta tanta atenção e se liga tanto a mim, ao ponto de, inclusive, invadir a festa do Gray apenas para não perder seu posto na minha vida? Suas intenções são sempre tão estranhas...
dialogava com uma filosofia curiosa, que não só deixava Yoongi tenso por parecer que ela sabia mais do que ele sobre tudo, quanto o deixava admirado. A amiga sempre o fazia prescrutá-la com olhos admirados, curiosos e de certa maneira ofendidos. E naquele momento, sentada como uma terapeuta com a autoridade da verdade nas mãos, e ao mesmo tempo, parecendo apenas a melhor amiga que o deixava confortável e boquiaberto por ser emocionalmente tão inteligente, lá estava Suga; de boca aberta e olhos semicerrados, confuso sobre qual era o assunto principal que tinham.
— Você não consegue acompanhar meu raciocínio, de novo. Bem, que tal me dizer por que invadiu a festa do Gray? Essa resposta pode me ajudar a embasar ou refutar minhas próprias teses.
Yoongi franziu o cenho como se estivesse contra a parede.
— Eu não invadi. Eu fui convidado, e eu só fui lá para ter certeza que você estaria bem.
soltou um resmungo desacreditado e estalou a língua, desviando o olhar pelo quarto.
— Quer saber? Vamos entrar nessa pauta daqui a pouco! — Ela perdeu a paciência com a insistência de um discurso de que ela precisasse ser protegida de algo ou alguém e abanando as mãos no ar apertando com o indicador e o polegar o topo de seu septo ela pediu: — Só, termine de contar sua história pra ver como podermos fazer você recuperar a Maya... Aliás... — voltou a encará-lo, aproximou a cadeira em que estava sentada, a arrastando com os pés até a cama para falar de forma mais séria e diretiva a ele: — Por que tanta impassividade da Maya com algumas quebras de protocolo? Isso é estranho! Não pensou nisso? Quero dizer... O Jay também fez algo que combinamos que ele não faria, mas eu não saí com os cachorros nele. Isso não te ocorre nada, Yoongi?
— Ocorre que, eu acho que ela não quer nenhuma aproximação mais íntima comigo, e por isso quando viu que eu estava lá ela ficou mal-humorada. Sei lá, parece que ela não quer dar chance de se apaixonar.
— Exatamente! E se esta é a situação, você pode estar ameaçando a segurança dela! A Maya pode estar se apaixonando e por isso quer evitar e manter as coisas dentro das regras certinhas. Mas, Yoon, você é um emocionado e sabe disso! O que você quer dela? Precisa saber a resposta e dizer a ela! — suspirou, estalou a língua fazendo careta e apontando a ele como se o bronqueasse, concluiu: — E eu já te dei esse mesmo conselho antes! Pare de fugir de pôr as cartas na mesa!
— Eu quero ficar com ela sem medo de agir, é só isso! Aish... Se ela não quer se apegar é só entender que não vamos namorar! Mas, porque ela não pode ser mais despreocupada eu fico pisando em ovos! E foi isso que eu disse para ela! Claro que... Eu estava irritado então não falei direito. Na hora, acho que pareceu que eu estava a culpando... — Ele tampou o rosto com as mãos antes de continuar: — Eu disse a ela que a gente deveria não se preocupar com isso de dormir juntos, porque era só dormir. E que tudo bem trocar algumas refeições juntos, e não se encontrar só pra foder. Eu disse que ela estava me usando como um objeto sexual dela, e me sentia mal por parecer que eu estava fazendo o mesmo... E que ela deveria me deixar ao menos incluí-la na minha roda de amigos, na minha rotina, e não ficar à disposição de quando ela ficasse com tesão já que nem quando era o contrário ela estava sempre ao meu alcance. Ou seja... Eu pisei na bola. Não é?
deixou a boca abrir em choque e piscou aturdida.
— Disse mesmo tudo isso?
— Disse. Soou babaca, mas era como eu estava me sentindo! Ainda mais depois de ver que você e o Jay estavam numa boa entre os amigos dele, e sabendo que você não vai namorar com ele, eu vi que era só uma questão de não dar importância.
— Espera... Está baseando seu lance com ela, em terceiros? Está usando minha relação com o Park como modelo?
— Não, claro que não! Eu só quis dizer que, se vocês podem ser amigos de foda que não se preocupam em fazer outras coisas que não só encontrarem-se para isso, por que ela e eu, não? O Jay não pretende assumir nada contigo, e a Maya também não, então por que ela não poderia ser um pouquinho mais madura?
de novo, levou a mão à boca, chocada. Esbugalhou os olhos e bateu na perna de Yoongi.
— Porra você é doido?! Yoongi! Tem tantas coisas erradas, de novo, na sua fala que eu... Sinceramente, olha... Eu nem sei... Por onde começar a lavar a sua cara!
— Não, não vai ficar contra mim né? — Ele se mexeu, descendo um pouco da cama e sentando na beirada — O Seokjin já deu razão à Maya.
— E eu também dou. O problema é a forma como você falou, não o que você sente. Sentimento é sentimento, a gente só precisa explanar e tentar racionalizar as consequências deles. Mas Yoongi, se ela te propôs uma coisa e você aceitou lá atrás, precisa dizer quando quer as mudanças, e não jogar a reponsabilidade nela como se ela fosse culpada dos seus sentimentos mudarem. Você diz que não quer apegar-se a ela, mas no fim você quer. Pode não querer um namoro, mas quer algo que faça você se sentir mais próximo a ela, e não um caso sem importância. Só que parece que não é o que ela quer, e sabendo disso, você está tentando não só ganhá-la na força, como está comparando sua relação com ela à outras! Aliás... Outras não, né? Você está perseguindo o Jay, e eu também quero saber a razão disso!
Yoongi ia falar, mas ela ergueu uma mão para ele esperar ela acabar.
— Deixa eu terminar por favor! A primeira coisa é você pedir desculpas a Maya! E ser sincero, pelo amor de Deus! Você quer essa mulher e está com medo de perdê-la pra outras pessoas, ou talvez esteja imprimindo nela alguma outra coisa. Sei lá, talvez uma frustração? Não sou psicológa, então não sei dizer bem, e isso nos leva à outra atitude que você precisa tomar: terapia. Procure uma terapia Yoon. Você precisa se entender por dentro, e é na base da psicanálise!
— Eu vou ligar pra ela. Vou tentar me desculpar e pedir pra gente conversar quando ela voltar... Mas, o Jin acha que ela não vai me procurar mais.
— Então se esforce, se ela vale tanto pra você, se esforce. Não deixe ela tentar se esforçar sozinha...
disse aquilo e desviou o olhar pro chão percebendo como o conselho valeria para Taehyung também.
— Obrigado. — Yoongi pegou na mão dela, puxando a cadeira para ainda mais perto e levou uma mão aos cabelos da amiga notando o semblante dela um tanto preocupado: — Ei, você está bem? De repente, ficou melancólica com alguma coisa.
— Eu acho que... Ele está tentando... — Ela movimentou a cabeça para a porta, denotando que falava do Tae — mas, eu sinto que tem alguma coisa errada. Parece que não vai rolar. Hoje na cozinha ele se aproximou de mim, e eu queria tanto beijar ele, mas assim como ele parecia incerto, eu também senti como se fosse uma... Aproximação estranha. Como se fosse uma obrigação ele tentar se aproximar de mim e... Sinceramente, Yoongi! Eu pulei um muro! Uma mulher de 22 anos pulando muros por causa de um garoto de 20, mas que age como alguém de 15 fazendo a diferença de idade parecer até maior!
— Mas você não veio aqui para ver e estar com seus amigos também? Aliás, eu também fui o motivo de vir, não é? — Yoongi perguntou fazendo bico, e aproveitando que estava acariciando os cabelos dela, ele encostou na bochecha dela com o indicador, como um hábito corriqueiro entre eles, de “perfurar covinhas”.
— Você foi a última tarefa da lista, Estranho. — Ela riu — Inclusive, propus que te amarrassem no quarto.
— Definitivamente eu dou muito mais valor a você do que você a mim. — Yoongi fez uma careta soltando os cabelos da amiga — Mas, agora falando sério... Você está desistindo do Tae? É isso?
suspirou e abaixou a cabeça remexendo os dedos das mãos e as encarando, frustrada.
— Não sei Yoon. Mas é que... Eu me sinto pisando em ovos... Só que de um jeito diferente de como você disse que se sente. Por exemplo; por que eu simplesmente não beijei ele na cozinha? Por que eu esperei uma abertura ou iniciativa dele? Parece que o Tae está incerto, inseguro, sei lá... E eu não preciso ou não deveria estar passando por nada disso, sabe? — E enfim encarou, chateada, ao Yoongi o perguntando retoricamente: — O que esse garoto tem que me faz resistir tanto a deixá-lo de lado? Por que eu quero tanto sentir o sabor da boca dele?
Yoongi pigarreou e franziu o cenho ao ouvir uma revelação tão intensa da amiga. Por mais que ele soubesse, sempre achou que o interesse dela era bem mais movido pela atração física do que por um sentimento. E aquilo se parecia um pouco com o que chamam de paixão platônica. E assustava. não era o tipo de mulher que alimentava ilusões infantis, era sim, sentimental, mas era mais, uma mulher prática. E ouvi-la dizer que havia um magnetismo em Taehyung que a levava até ele lhe trouxe um pouco de preocupação.
— Eu preocupado que você se magoe pelo Park, e parece que é o Tae o problema... — murmurou a encarando fixamente.
— Bom tocar nisso. Vamos conversar abertamente sobre essa sua possessividade com meu relacionamento? Aliás, não esqueci os absurdos que disse agora há pouco e precisamos falar sobre muitas coisas! Agora que te ouvi e aconselhei sobre a Maya, vamos jogar limpo sobre nós dois.
— , eu não sei o quê você está pensando, mas não é possível que seja tão estranho assim eu só querer o melhor pra uma pessoa que eu sei que merece o melhor! Depois de tudo o que eu vi naquela festa, eu só tenho mais certeza ainda de que você não vê os riscos...
— Que riscos, Min Yoongi? Você diz que o Jay não pretende me assumir ou me pedir em namoro, mas baseado em quê? Você nem sequer sabe que tipo de relação temos, e na verdade nem é da sua conta! — Yoongi fechou os olhos jogando a cabeça para trás como se quisesse fugir do assunto, suspirou e perguntou: — Yoon, pode me contar qual o seu problema com o Park? E nem venha criar desculpas esfarrapadas porque eu soube que você não falava com o Gray há três anos! Então explique-me porquê e como, você aparece na festa da casa dele após isso tudo?
— Quem te disse isso? O seu namoradinho? — Ironizou ele frustrado por saber daquilo.
A escritora ajeitou-se na cadeira de forma mais contudente e pegou o queixo de Yoongi segurando de forma a fazê-lo não desviar os olhos aos dela.
— Yoongi! Para! — disse ela séria o encarando fixamente e os dois ficaram em um breve silêncio se encarando — Para de ser crianção! Foi o Gray quem me contou, e o Jay não é meu namoradinho, e mesmo que fosse, não fala assim!
— Não foi o que pareceu na festa ontem... — retrucou ele com os olhos apertados na direção dela — Ele praticamente se declarou para você naquela música! E você parece aceitar muito bem a atenção que ele te deu... Aceitar os sentimentos dele.
— Cara! — soltou o rosto de Yoongi e passou as duas mãos nos próprios cabelos, indignada — Você tem algum distúrbio! Primeiro que, está falando como se a minha cumplicidade com ele não fosse a mesma coisa pela qual você está usando de munição contra a coitada da Maya! Não era você que estava falando com ela sobre ter um lance como o meu?
— Eu não disse isso! — Yoongi se irritou um pouco — Em momento algum falei que estava me espelhando em você e no babaca do Park! Por que todo mundo fica falando que eu estou projetando coisas externas na minha relação com a Maya?
— Porque você é assim! Observa ao redor, e como um esponja, sem notar e sem esforço apenas absorve as coisas! Absorve até os sentimentos que não são seus! E a cada fala sua, mais me convenço de que foi exatamente isso que fez com o Taehyung!
— Acha que eu me interessei mesmo por você? — A pergunta soou ríspida, um tanto perturbada e Yoongi sorriu ladino, abrindo a boca com indignação e apoiou os braços para trás no colchão, como se fosse rídicula — Uwaaa! Como você é convencida!
— Suas ações me levam a acreditar nisso. Primeiro foi o Taehyung, agora é o Jay. Primeiro você absorveu o interesse do Tae, e agora está tentando absorver a cumplicidade de casal que eu e o Jay temos.
— Ah fala sério ! Eu não giro em torno do seu mundo! E você e o Park nem são e nem serão um casal!
— Olha aí você se contradizendo de novo! Precisa decidir se ele é o vilão que só quer brincar com meus sentimentos, ou se ele é o cara caidinho na minha que até se declarou ontem! Precisa decidir que culpas vai jogar sobre ele Yoongi: o de tomar o seu espaço na minha vida com o benefício de que ao menos, eu transo com ele, ou se ele é o cara mau por seja lá qual for a merda entre vocês!
Yoongi se ergueu irritado, colocando uma mão em cada braço da cadeira giratória em que ela estava, e puxou a cadeira de totalmente para a cama, posicionando-a entre as pernas dele e a encarou, irritado. E já ia soltar um monte de palavras confusas, quando ao ver a placidez no rosto certeiro da amiga, ele apenas bufou e inclinou a cabeça ao olhar para baixo, e a respiração saiu mais calma.
— Você quer me contar o seu problema com o Park, ou eu devo mudar a pergunta?
— Que pergunta? — Ele falou de forma impaciente, mas baixinho.
— Você quer transar comigo, Yoongi?
Yoongi deixou o queixo cair um pouco e uma expressão “de nada” tomou seu rosto.
Já na sala, os garotos não repararam a saída dos dois, exceto por JK, Namjoon e agora, Taehyung que após vencer Jimin nos jogos, sentiu a ausência de e Yoongi.
— A noona vai dormir aqui mesmo? Por que começou a chover... — Jungkook perguntou retornando à sala com um pote de cereais com leite nas mãos.
— Jungkook, não é possível que ainda está com fome! — Seokjin falou ao desviar o olhar do videogame na tv, para o maknae.
— Ér... — Hobi pigarreou olhando para Namjoon e ponderando sobre a pergunta dele — Eu acho que a gente pode deixar ela por aqui hoje, não é Nam?
— Vamos ver primeiro, se ela quer, e então organizar onde ela vai dormir. Eu sugiro que alguém ceda a cama para ela. — Namjoon falou e Taehyung se ergueu do sofá, ansioso com a deixa certa para ir até a escritora.
— Eu vou chamá-la.
Taehyung estava curioso para qual a razão de tanta demora entre eles no quarto, ou que tipo de conversa seria aquela. Ele ouviu as vozes dos dois um pouco mais acaloradas, principalmente a de Yoongi, quando se aproximou da porta e preocupado abriu uma brecha sutil, antes de dar as caras. Eles estavam discutindo? Foi quando seus ouvidos captaram a pergunta calma de :
— Você quer transar comigo, Yoongi?
Tae sentiu o rosto paralisar em choque, e devagar olhou para dentro do quarto pela brecha. Yoongi estava calado, em aparente ausência de reação, encarava o rosto de e ela ao dele, mas tudo estava muito confuso! A atmosfera de discussão se contrapunha ao cenário: Yoongi segurava a cadeira de entre suas pernas e eles pareciam bem próximos, e ela mantinha as mãos sobre os próprios joelhos, nem acuada, nem tímida, mas como se fosse Suga, um interrogado. Que tipo de pergunta era aquela e o que estava acontecendo?
21.
Taehyung fechou os olhos com um sentimento de euforia no peito, e soltou a porta escorando-se na parede ao lado de fora. Respirava tentando se acalmar e ainda escutava um pouco da conversa dos dois.
— Responde Yoongi! Você quer ter a chance de transar comigo?
Yoongi piscou devagar, lento e aturdido como se o sangue voltasse a correr pelo seu cérebro oxigenando tudo.
— Você ficou doida?!
— Chang também levantou as mesmas suposições que você, contra o Jay. Mas sabe a diferença? Chang é meu ex-namorado. — revelou pegando Yoongi de surpresa — E essas demonstrações de ciúme vindo dele, eu até compreendo. Acho, não tenho certeza, que ele ainda tem sentimentos por mim.
— Você me disse que não tinha nada com ele! — Yoongi reclamou indignado.
— E não tenho. Eu tive. Há muito tempo, e por um curto período. Foi um desses namoros relâmpagos de 100 dias que vocês tem por aqui. Mas, a questão é: qual o seu problema com o meu envolvimento com o Jay? Porque eu só posso pensar que, ou você tem algo contra ele, ou contra ele estar comigo. E sendo verdadeira, a segunda hipótese: por que o meu relacionamento com ele te incomoda? É porque você abriu a mão de tentar dormir comigo por respeito ao seu melhor amigo, e ele não ter esse tipo de problema?
Taehyung sentiu de novo uma bigorna sobre o peito enquanto ouvia tudo aquilo escondido. Então ela estava saindo, pior... Em um tipo de relacionamento recorrente com Jay Park, e mais uma vez Yoongi estava entre uma história dela. Para Tae era nítido: Jay Park era um concorrente difícil para superar. Ele já achava que a escritora era demais para si, e com o Park... Ela não parecia ter problemas em se envolver abertamente com ele e vice-versa. Coisa que o próprio Tae não poderia oferecer. Se ficassem juntos, teria que ser escondido do mundo. Quanto a Yoongi... Taehyung realmente sentia-se ainda pior. O hyung não ia admitir?! Estava claro o quanto ele queria a escritora, mas como ela disse, evitou porque sentia culpa por ser amigo de Tae. E Taehyung também não poderia “competir” com Yoongi. A saída era bem simples na mente dele, porém, um tanto frustrante.
Tae desencostou-se da parede e atordoado, passando a mão nos cabelos e voltando a respirar com calma, retornou à sala.
— Eles estão tendo uma conversa séria. Achei melhor não interromper.
— Você está pálido! — Jungkook comentou fazendo os outros que não jogavam olharem para o Tae — O que você ouviu ou viu lá?
— Ela... — pigarreou tentando se controlar e não dar desconfianças — Está acabando com a raça do Yoongi hyung, dizendo verdades na cara dele.
— Uwa! Por que isso? — Hoseok indagou confuso e Jin que já não jogava mais, cruzou os braços percebendo a situação.
— Yoongi está se envolvendo com uma garota e fez merda. Muita merda. E eu fico aliviado de saber que depois de ouvir o que ele disse, a não esteja passando a mão na cabeça dele. O Yoongi é uma confusão de sentimentos.
— Sabe... Talvez eu devesse pedir ao manager umas sessões de terapia ao grupo? Eu tenho sentido que isso faria bem a todos nós, temos trabalhado em um álbum que fala de tantas coisas... Nos atravessa de tantas formas sobre pressões, introspecções... E eu percebo que não é só por causa do “The Most Beautiful Moment in Life”... — RM mencionou cuidadoso, encarando os meninos que agora, estavam todos atentos a ele: — Eu tenho observado os comportamentos de todos. Acho que os sinais são claros do nosso mergulho nesse trabalho que é um mini álbum muito importante para nós também.
— Eu concordo com você, Namjoon. Podemos conversar melhor sobre isso depois? Eu tenho receio de levar essa proposta para o manager e eles acharem que a questão é mais preocupante do que de fato é.
— Verdade.
Taehyung observou a deixa perfeita para sair dali após aquela breve conversa e foi silencioso, pensativo e frustrado para seu quarto.
— O Tae foi pro quarto? — Jimin deu falta dele e compartilhou com os hyungs: — Não é só o Yoongi que anda uma confusão de sentimentos, sabe? Eu e Jungkook estamos preocupados com o Tetê.
Os suspiros foram gerais e logo Hobi retornou ao problema do momento:
— Quer saber? Vamos preparar um lugar para escritora dormir, logo! Eu não quero nem saber, vou lá atrapalhar o que quer que seja. Que raios de bronca dura esse tempo todo também?!
Jungkook começou a rir sozinho e um tanto malicioso, sacudindo a cabeça de um lado para o outro ficando vermelho. Jimin, Jin, e Namjoon o encararavam com curiosidade e ele falou baixinho:
— Broncas geralmente não demoram tanto, e sempre alguém sai irritado primeiro. E não acho que o V ficaria pálido por que viu a noona brigando com o hyung...
— AAAAISH! — gritou Jimin enrubescido e se levantando do chão indo bater em Jungkook — Que mentalidade sem vergonha é essa agora garoto?! Você merece dez petelecos na testa, venha aqui!
E Namjoon e Seokjin só se encararam preocupados. Havia em suas mentes a mesma malícia de Jungkook.
[ xxx ]
Yoongi ouviu a pergunta da amiga e se afastou de novo, sentando na cama escorando na parede e bufando ao dizer o que ela queria saber:
— Aigo... Sabe o quanto me incomoda que você tenha este tipo de desconfiança sobre mim? — deu de ombros também afastando um pouco mais a cadeira e se recostando mais nela — Se eu quisesse dormir com você eu teria feito isso antes! Quantas chances tivemos?!
— Mas você além de confuso não é o tipo desleal. Travaria uma luta interna com a hipótese de furar o olho do seu amigo, Yoongi. Eu e todos os outros não estamos equivocados em te interpretar mal. Só estou tentando, garantir alguma certeza se realmente, o interpretamos “errado” ou “certo”. Por isso, me responda logo! Qual seu problema com Jay e eu? É ciúme?
— É. — Ele respondeu pegando de surpresa e logo explicou: — Não é esse tipo de ciúmeo que você pensa... — suspirou estalando a língua e revirando os olhos para a história que iria contar: — Eu tinha o hábito de sair com o Gray, Namjoon, Jackson e outros amigos deles. Há três anos, ainda íamos para uns slams de rap coreano, tipo aquele em que você conheceu o Park. Mas, o Park sempre teve problemas com a indústria. Nessa época, em setembro de 2013 ele e o Simon fundaram a AOMG, e o Park disse coisas que pessoalmente me ofenderam. Não só a mim, mas a todos nós que fazemos parte da indústria, e representamos o rap. Ele declarou que rappers de verdade não aceitariam ficar muito tempo em grupos idols, ou sob o domínio das gravadoras tradicionais brincando de fazer o tipo badboy para a euforia das garotinhas. Ele rebaixou caras que começaram como ele, e que como os amigos dele, ainda estavam na indústria que naquele instante, ele estava confrontando.
Yoongi fez uma pausa em sua fala, um tanto nostálgico de um modo negativo. Como se estivesse recordando-se do que ouviu à época e do quanto aquilo feriu o seu ego.
— Ele surgiu com o discurso de que a AOMG seria não só uma família, como o renascimento do verdadeiro movimento rapper coreano. E que não seriam capachos de ninguém, nem mesmo do mercado norte-americano. Olha a hipocrisia... Ele bebeu tanto naquelas fontes... Enfim, desde então, eu filtrei minhas relações. Briguei com ele, e me afastei do Gray porque ele é melhor amigo do Park. Depois de um tempo, o Park pediu desculpas publicamente, e também aos que se propuseram a estar com ele de novo, explicando que foi uma reação revoltada e uma crítica social importante, ao movimento musical, mas que não queria atingir ninguém diretamente. A maioria o desculpou e houve uma debandada de idols e ex-idols para a AOMG. Eu me concentrei em fazer meu trabalho e levar o BTS a lugares que Park ou qualquer outra pessoa, nunca seria capaz de imaginar! E é isso que tem me motivado e me levado a trabalhar cada vez mais. Os meus amigos se tornaram estes seis bobões que tem os mesmos sonhos e dores que eu, e só.
escutou a história dele e compreendeu muitas coisas desde então. Não só sobre o ranço dele com o Jay Park, mas também sobre Yoongi.
— Entendi. Você tem mesmo uma imagem distorcida do Jay baseado nessa experiência. Acho que ele foi mesmo bem infeliz na colocação dele, mas Yoongi... Três anos se passaram e essa é mais uma coisa que ficar guardando no seu coração não vai te levar a nada, você sabe, não é?
— Eu sei. Mas, não me pede pra me dar bem com ele. Nem me pede para aturar ele por sua causa, porque ... — Yoongi suspirou passando a língua no canto da boca, pensativo, mas decidido a ser franco: — Você se tornou a sétima bobona que entende as minhas dores e sonhos, e me motiva a ser melhor para estar do seu lado. Então você é uma pessoa especial na minha vida agora, não me peça para dividir a sua presença com ele...
suspirou e olhou para a porta do quarto dele, com um sorrisinho ladino e orgulhoso do que ouviu. Soltando um estalar de língua e um muxoxo comentou baixinho e quase inaudível:
— Tsc... Desde quando você sabe usar as palavras tão bem assim?
— Vai me contar agora quem é seu bias? Acho justo ser eu, não é? — Zombou o amigo pigarreando e quebrando o clima, mas recebeu uma almofadada dela no rosto. — AISH! Estranha!
— Yoongi. — Ela chamou séria depois do grito irritado dele, e o amigo a encarou igualmente concentrado — Eu prometo não exigir nada de você e do Jay, mas entenda também que o cara que ele é para mim, não é o mesmo que você tem desenhado na sua mente, e eu sei me defender. Pode ficar tranquilo que, se acontecer alguma coisa, você será um dos primeiros a saber. Só não se meta nas minhas relações, tudo bem? Acredite, será mais saudável para nossa amizade também.
O amigo concordou com um meneio silencioso de cabeça. Duas batidas na porta anunciaram a chegada de alguém e o rosto de Hobi surgiu entre a porta. Ele perguntou se atrapalhava, os outros dois negaram, e já se levantava perguntando as horas. Entretanto Hoseok disse a ela que todos achavam que deveria dormir lá, já que estava chovendo também, e ela aceitou. Contudo, negou que qualquer um cedesse a cama, e depois de muito insistir, os convenceu a dormir no sofá. Estavam todos reunidos na sala, exceto Tae, para se despedir dela pela “boa noite de sono”.
— noona, eu ainda não acho certo que você durma no sofá. — Jungkook comentou como uma criança que vê um adulto fazendo a coisa errada, e bagunçou os cabelos dele, risonha.
— Só dessa vez coelhinho, na próxima, se houver próxima, eu farei questão de dormir na sua cama.
— Aish... — Jungkook sorriu um tanto envergonhado balançando a cabeça e ouvindo Jimin de novo o reprimir com um peteleco na testa.
— , tem certeza? Para nós não é nenhum problema dividir uma cama pra você dormir. Sério, esse sofá é péssimo!
— Hoseok, obrigada! Mas, eu sei o que estou fazendo. — disse ela carinhosa já tomando posse do sofá antes que alguém intervisse. E olhando ao redor indagou: — Onde está o Taehyung?
— Ah... Ele se deitou mais cedo. — Jimin explicou — Mas, ficou te esperando. Como você demorou na conversa com o Yoongi hyung, ele não quis atrapalhar pra se despedir.
assentiu e sorriu desejando boa noite a todos. Os rapazes foram saindo e o último foi Yoongi que abaixou-se para beijar a testa dela.
— Boa noite estranha, e desculpe. Acho que de novo atrapalhei vocês.
— Não atrapalhou não. Eu estou dentro da casa dele e ele simplesmente só foi dormir sem sequer conversar um pouco... — suspirou ela e abanou a mão no ar pedindo que Suga se abaixasse. Quando ele estava de novo com o rosto à altura dela, tocou a bochecha dele com o polegar, furando a covinha no rosto dele e ordenando: — Entendeu o que eu disse sobre se esforçar para ela sentir que se importa, não é? Se esforce Yoongi, não deixa a Maya fazer isso sozinha.
Ele assentiu silencioso, e depois de dar um peteleco na testa de , saiu arrastando-se tranquilamente para seu próprio quarto:
— Boa noite, Estranha!
— De todos, você é o que menos dói a consciência por eu dormir no sofá! Que idiota!
— Você sempre rouba minha cama, finalmente eu posso me vingar.
— Tsc! — Ela rispou um muxoxo entredentes, e deitou-se — Boa noite, Estranho.
Yoongi já não estava mais na sala quando ela terminou de se ajeitar e pensou sobre a noite que tivera. No fim das contas, mal passara um tempo ou conversara com Taehyung. É, alguma coisa estava mesmo desalinhada ali... ficou pensando nas cenas vagas da cozinha, depois do esforço que fizera para estar ali, em Jimin dizendo que Tae simplesmente foi dormir, e por fim, em toda sua conversa com Yoongi. Saber sobre a implicância de Yoongi com Jay tornou as coisas um tanto mais claras para ela, sem falar que reforçou um pouco da imaturidade que o amigo parecia ter quando se tratava de sentimentos.
Yoongi era alguém que preferia perder uma pessoa e se fechar, do que encarar seus conflitos. Aquilo era tão depreciativo e até auto-destrutivo! Estava se preocupando com ele, e lembrou-se da mensagem da senhora Min que recebeu há alguns dias e nem havia contado-lhe. Ir visitá-la seria certo? adormeceu depois de pensar um pouco nessas questões todas.
Taehyung não conseguia dormir. Nem tentou. Apenas foi ao quarto organizar os pensamentos e fugir das perguntas de todos ao notarem que ele não estava bem. Quando Jungkook e Jimin entraram no quarto para dormir, ele sentiu que não queria dialogar sobre nada, então fingiu-se adormecido. Os outros dois entraram silenciosos, e nada disseram sobre ter ido embora ou ficado, mas era melhor nem saber mesmo. Vai que ela estivesse no quarto do Yoongi dormindo com ele? Fechou os olhos com ainda mais força, apesar de já estarem fechados, tentando afastar os pensamentos que lhe ocorriam, mas o sono não vinha. Ele ficou encarando o teto e pensando nas várias formas como falhou com a antes, e como tudo parecia não dar certo para eles. Estava determinado a fazer o encontro com ela ser memorável! Não desistiria do date, fazia questão de deixá-la bastante ciente daquela lembrança futura, mas as coisas tomariam outro rumo. Jimin e Jungkook já estavam apagados quando Tae se levantou para ir até a cozinha e preparar um chá que o acalmasse e o fizesse dormir.
Vagarosamente, levantou-se da cama e saiu do quarto com cuidado para não acordar os amigos. Passou pelo corredor da sala e viu que o abajur havia ficado aceso e então deparou-se com dormindo no sofá. Como os idiotas puderam fazer aquilo com ela? Irritado, Tae voltou ao seu quarto, e tirando seu travesseiro e coberta da cama, foi o mais cuidadoso que pôde para tirar seu colchão. Tivera um pouco de dificuldade, porque a porta rangeu ao abrí-la completamente e o colchão também esbarrou em algumas coisas. Jimin, sonolento e um pouco sonâmbulo, se mexeu na cama e perguntou o que estava acontecendo, Tae o fizera voltar a dormir e em seguida saiu com o colchão do quarto. Ajeitou-o na sala diante do sofá, acima do tapete e forrou primeiro o tapete com seu edredon, e em seguida pôs o colchão por cima. Puxou as pontas dos lençois para alisá-lo, e com muito cuidado, tirou a coberta de e a pegou no colo. A mulher sequer remexeu-se. Será que ela tinha o sono pesado ou só estava muito cansada? Tae deitou-a no colchão, em seguida a cobriu de forma que nenhuma parte do corpo sentisse frio, e delicadamente pôs o travesseiro dela sob sua cabeça. Ficou ali observando-a dormir um tempo, agachado no chão ao lado dela. Delicadamente, passou o dedo indicador na mecha de cabelo caída em seu rosto afastando-a, e depois com muito cuidado dedilhou a bochecha dela, encarando a boca da escritora. Quão macios seriam os lábios dela? E o que ela faria se acordasse e o pegasse a beijando?
Sem muito pensar nas consequências, mas movido pela tristeza de quem não poderia fazer aquilo noutra ocasião, Taehyung apoiou a mão no colchão e com a outra, sempre em gestos sutis e delicados, acariciou a face de , segurou o queixo dela e o ergueu minimamente para que ele pudesse colar seus lábios. E aquela seria a memória que ele guardaria por muito tempo em segredo: o rosto da mulher que admirava e desejou se apaixonar, dormindo plácido, e o toque macio dos lábios dela sob os seus. Um segredo que ninguém saberia, nem ela. E por isso, Taehyung tivera todo o cuidado de sair dali, sem que , sequer remexesse um músculo.
Voltou para o quarto sem ao menos passar na cozinha, e foi dividir a cama com Jungkook, já que Jimin, sonolento, resmungava algo e era mais propício de acordar e fazer Tae precisar se explicar.
[ xxx ]
Na manhã seguinte, acordou cedinho, antes que todos os garotos. Havia sonhado com Taehyung e por isso, estava atordoada ao despertar. Sua mente, mil e uma confusões, não só pelo sonho, mas pela razão na qual sentia o cheiro dele impregnado em si. Até que deu-se conta de que não estava no sofá, mas sim, ao chão. Assustada, ela sobressaltou-se sentando e olhando ao redor. Ainda estava à sala, mas alguém lhe fizera dormir em um colchão aconchegante e quentinho, e por sentir o cheiro dele tão forte, só poderia julgar que Tae fizera aquilo.
suspirou pesarosa. Ele era tão difícil... Às vezes cuidadoso, outrora, distante... O que afinal, Taehyung pretendia?
— Aish! Que droga, agora eu vou ficar lembrando o cheiro dele! — murmurou esfregando os olhos e depois encarou o lugar em que estava deitada alisando os lençois — Será que dormir nos braços dele também é tão aconchegante assim?
A mente dela viajou para um cenário imaginário em que ela e Taehyung fossem um casal bobo e feliz deitados agarradinhos numa cama.
— Argh! Esquece isso! Esquece ! — a escritora sussurrou sacudindo a cabeça e as pernas, em seguida se levantou.
começou a organizar tudo, dobrando a roupa de cama e deixando sobre o sofá, escorou o colchão à parede e em seguida reuniu suas coisas. Caminhou até o banheiro e procurou por escovas de dente fechadas remexendo o armário do banheiro. Riu ao notar que havia um recado do Namjoon dentro do armário que dizia: “Quando pegar um último item aqui, pelo amor que tem à sua vida, avise que acabou!”. De todas as vezes que estivera ali, ela nunca perdeu tempo observando o banheiro. E, portanto, aproveitou aquele momento para bisbilhotar um pouco. Achou uma caixa de preservativos no fundo do armário e gargalhou com um recado do Seokjin: “Eu conto isso aqui todo dia, saberei quem está transando e não contando para os hyungs!”.
— São uns figurões... — Ela murmurou.
Abriu outro armário e viu que toalhas de rosto e banho estavam devidamente organizadas ali. E era notório que os mais velhos se esforçavam para deixar aquilo tudo arrumado. Fuçando um pouco mais, viu as prateleiras e cosméticos de cada um. Pegou perfume a perfume, e destampou cheirando as tampas das fragrâncias, mas nenhum remetia ao cheiro de Tae. Olhou mais um pouco, e ao ver o vidro de hidratante corporal isolado, pegou e passou um pouco nas mãos. Havia encontrado o aroma de Taehyung. Conhecia bem aquele cheiro, mas sobretudo, estava com ele em sua memória mais recente. Observou o nome: “Aveeno”.
— Que simples... — Ela murmurou rindo e cheirando as próprias mãos ao fechar os olhos.
Voltou a se observar no espelho, depois de notar que sua situação estava cada vez pior: agora até mesmo o creme que ele usava não mais sairia de sua mente, e ela sequer havia dado nele um beijo que justificasse tudo aquilo. Que frustração sentia! Retomou a busca por escovas virgens e encontrou na gaveta do lavabo, várias unidades fechadas, pegou uma delas e utilizou para escovar os dentes. Em seguida, colocou-a em sua bolsa, e foi para a cozinha.
Puxando seu celular da tomada onde carregava, checou as horas: “cinco da manhã”, e então preparou um café rápido, com algumas — muitas, na verdade — panquecas. Deixou tudo pronto à mesa para eles, virou um gole de café puro na goela, e pegou a máscara e boné de Jungkook sobre o aparador da sala, os vestindo de novo. Escreveu um bilhete carinhoso e o pendurou na porta da geladeira. Em seguida, saiu. O dia seria longo.
Quando acordaram, os rapazes estavam eufóricos por se esquecerem do compromisso que tinham pela manhã.
— Taehyung? — Jimin estranhou ao ver que a cama dele estava literalmente vazia e o olhou ao redor do quarto, o encontrando na cama de Jungkook embolado ao amigo. — O quê...?
— Acorda Jimin! Corre Jungkook! Rápido Taehyung! Perdemos a hora! Temos que estar na van em meia hora! — Hoseok entrou pelo quarto dos mais novos desesperadamente animado. — Ué? Cade o Tae? O que houve com a cama dele?
Jimin apontou a cama de Jungkook, e deu de ombros. Saindo apressado para se arrumar, e Hobi se responsabilizou por tirar os outros dois do sono de princesas.
— O que este colchão faz na sala? E cadê a ? — Seokjin perguntou assustado, quando ouviu o Namjoon saindo da cozinha com o bilhete em mãos que ele lia.
— Ela foi embora mais cedo, fez café da manhã para gente agradecendo, e disse que devolveria o casaco do Jimin e as coisas do JK depois. E sobre o colchão... Pelo que ela agradeceu, foi o Taehyung... — O líder explicou dando de ombros.
Logo todos os sete estavam atarefados e falantes, entre se arrumar, engolir rápido a primeira refeição e chegar ao estacionamento a tempo de não levarem bronca do Seijin.
[ xxx ]
Algumas semanas depois...
descia do ônibus na rodoviária de Daegu, um tanto ansiosa com aquilo. Ainda não estava certa sobre ter aceitado o convite da senhora Min para uma visita de fim de semana, assim como estava ainda mais incerta sobre fazer aquilo sem que Yoongi soubesse. O amigo estava em uma pequena viagem pela Coreia, com os outros integrantes devido a um trabalho de gravação para um MV.
Logo que saiu da área de desembarque, avistou Geumjae e Keung-Hee, a senhora Min, lhe acenando alegremente. respirou fundo e decidida, não só a finalizar qualquer mal-entendido sobre sua amizade com Suga, como também, a ser o mais simpática o possível diante daquele convite, ela se aproximou sorridente e educada aos dois.
— Aigoo! Que bom que você veio, ! — A ajhumma respondeu se aproximando e tocando a mão da mulher de forma educada e até... Carinhosa?
— Eu quem agradeço o convite, ajhumma Keung-Hee!
— Oh não! Me chame de “omma”, certo? Ou, “ommoni!”.
trocou olhares um tanto amendrontados com Geumjae, e sorriu amarelo.
— Olá Geumjae! Como está a Jinah?
— Ela está bem! Amanhã estará conosco no almoço. Está ansiosa para revê-la.
— Fico muito feliz em saber disso, e... Quanto ao ajhussi Min Ha-Jun? Está bem?
— Ah, o seu abeoji está trabalhando, você o verá no jantar, querida!
De novo, pediu clemência a Geumjae para ajudá-la com a situação.
— omma, é desconfortável para a chamar a senhora ou o appa, de maneira tão íntima como “abeoji e ommoni”.
— Aigoo! Deixe de bobeira! Ela e seu irmão...
— São apenas amigos, omma! — Geumjae interrompeu a mãe, dizendo de forma contundente, mas respeitoso.
— Ajhumma, por favor, permita que eu lhes chame de outra forma, sim? Realmente, eu me sinto desconfortável. Apesar de compreender o grande apreço dos senhores pela minha pessoa, ao me tratar com tamanho carinho e cuidado. — Ela disse e sorriu.
Keung-Hee que tinha a expressão alerta e pronta para retrucar ao filho mais velho, ao ouvir , suavizou sua expressão e aos poucos fora sorrindo sutil.
— Aigoo! — exclamou mais uma vez animada — Você tem modos tão educados, ! Pode não ser a minha nora ainda, mas eu acredito que um dia será! — E voltando-se a Geumjae ela criticou Yoongi: — Seu irmão precisa de uma mulher como ela, e já que não é capaz de ouvir nossos conselhos, ao menos ele ouvirá a ela!
abaixou a cabeça um tanto preocupada com a atmosfera tóxica daquele comentário. E se indagava “será que eu realmente fiz bem em vir aqui na cova dessa leoa?”.
Geumjae pegou a mala pequena da escritora e sua mãe já saiu entrelaçando o braço ao de , enchendo-lhe de perguntas sobre seus roteiros de romances e fazendo com que a mulher sentisse-se um pouco menos tensa. No caminho, Keung-Hee pediu para o filho parar em alguns lugares para que fizessem compras, entre eles, o mercado Seomun. Entre dar atenção e ajudar Keung-Hee nas compras e andanças, Geumjae e conversavam entre si.
— Como estão as coisas em Seoul, ?
— Bem corridas. Chang tem planos maiores para a minha carreira e eu estou bem empolgada. Acho que estou no momento certo de dar uns passos adiante. Saindo daqui, eu embarco para a Tailândia para a premiere de encerramento do meu primeiro drama. E quanto a você? Ficamos de nos encontrar de novo, dessa vez em Itaewon, mas você não me deu mais notícias!
— Ah , você nem imagina a correria! Seoul é realmente um lugar caótico... Jinah e eu temos trabalhado bastante para tentar tirar férias conjuntas com banco de horas, e assim, podermos aproveitar também para organizar alguns planos...
sorriu um pouco surpresa e desconfiada, e baixando o tom de voz, cutucou Geumjae ao perguntar de forma que sua mãe não ouvisse:
— Estes planos... São do tipo que deixariam sua mãe eufórica? Por exemplo, casamento?
Geumjae riu e em mesmo tom respondeu:
— Eu ainda não penso nisso com a Jinah. Não da forma como a omma quer... Estamos pensando em morar juntos, porém, é mais por conveniência no geral. Jinah e eu pensamos em retornar a Daegu, depois de nos estabilizarmos melhor. E morar juntos é uma forma de cortar custos. Mas, você já percebeu, não é? A senhora Min é absurdamente tradicional e irredutível com certas coisas...
— É, ela é bem categórica... — comentou soltando um risinho fraco e arregalando os olhos.
— É uma surpresa para Yoongi, o appa e eu, o quanto ela te aceitou bem. Sabe, ela sempre foi muito conservadora e aficcionada em casar-nos com uma típica mulher de Daegu. Mas, não são estes os planos dela desde que conheceu você com o Yoongi no apartamento dele.
— Eu vim justamente para tentar ceifar de vez esta novela que há na cabeça dela, Geumjae. Seu irmão é, como diríamos no Brasil, um pamonha! Yoongi não é capaz de convencer a mãe dele de nada, pelo que percebo, mas como sou uma pessoa envolvida na confusão, faço questão de ajeitar isso. O resto, ele é que lute. Seu irmão me mete em cada uma...
riu e Geumjae também. A ajhumma olhou para trás e ao notá-los se dando bem ela sorriu de orelha a orelha e chamou para perto.
— Dê para Geumjae as sacolas ! Vou lhe ensinar a escolher o melhor repolho para Kimchi!
A escritora assentiu, e não quis retrucar que ela até já sabia bastante coisas sobre a culinária local, já que a mãe de Chang a ensinara muita coisa. Ela apenas lançou um olhar assustado para Geumjae de novo e se juntou à senhora Min. O irmão mais velho de Yoongi apenas ria da situação, imaginando o quê, ou como o irmão se sentiria caso visse a cena, ou soubesse o que a mãe estava aprontando. Como uma forma de zombá-lo depois, Geumjae tirou o telefone do bolso e fotografou as duas e ria observando a foto. Até que seria uma boa se o irmão conseguisse conquistar a escritora que era uma ótima pessoa.
Depois de caminharem pelo mercado, e retornarem para casa, foi acomodada por Keung-Hee no quarto de Yoongi. A escritora subiu as escadas com a ajhumma e Geumjae trazendo sua malinha.
— Eu já preparei a cama do Yoongi para você, querida.
— Minha nossa, ele vai ter uma síncope se souber que eu me apossei de novo da cama dele... — murmurou pensando alto até que notou ter falado alto demais e encarou aos dois que estavam à sua frente a encarando, travessos, e de maneira assustada ela tentou consertar seu deslize: — Estou me referindo à outra vez que eu vim aqui! Ele me cedeu a cama, lembram?
— Oh, achei que era sobre o dia que eu a flagrei seminua no quarto dele... — A ajhumma respondeu sarcástica fazendo ruborizar — Mas, está se referindo a vez que vocês revelaram que não eram namorados... — Keung-Hee ironizou ainda mais ao dizer: — E que obviamente, não acreditamos.
suspirou passando a mão na testa e a mãe de Yoongi apenas abanou o ar como se a dissesse para não se preocupar com aquilo.
— Ah querida, não precisa ficar negando nada. Eu já entendi tudo!
A ajhumma falou como se soubesse de alguma coisa e apenas continuou subindo os degraus e adentrando ao corredor com o filho mais velho. bateu na testa arrependida daquela história.
— Bem, espero que não se importe com a impessoalidade desse quarto. O Yoongi é um pouco... Minimalista. Mas, assim é até melhor porque você não vai sentir que está invadindo mais um quarto dele, certo? — A senhora Min falou assim que eles entraram e se mantinha sorrindo. — O banheiro é no final do corredor, se lembra?
assentiu. Geumjae deixou a bolsa dela e pediu licença saindo e deixando as duas a sós. Então de novo, com mais calma, caminhou pelo cômodo olhando tudo. Era de fato mais impessoal que até o próprio banheiro do dormitório.
— .
A mãe dele a chamou ao observá-la andando pelo quarto, e virou-se para trás encarando a senhora, que ainda a lançava um olhar cuidadoso, mas tinha um semblante mais sério. A mais velha aproximou-se da cama do filho, passou as mãos por trás da saia, ajeitando-se para sentar e chamou a mais nova a fazer o mesmo, batendo ao seu lado no colchão.
— Eu gostaria de dizer algo a você.
petrificou um pouco em pensar qual seria a loucura que a mãe de Yoongi diria a ela. Mas suspirou, sorrindo e logo juntou-se a ela.
— Pode falar, ajhumma.
Keung-Hee pegou as mãos da escritora sobre o colo, e segurou-as calma, alisando-as com afeto, e evitando encarar os olhos da jovem mulher, Keung-Hee iniciou seu discurso de modo nostálgico.
— Este quarto costumava ser repleto das coisas dele até ele ir para Seoul... Ele levou quase tudo. O quarto sempre foi minimalista, mas... Havia mais do Yoongi aqui.
— Eu imagino que não foi fácil vê-lo ir. — falou e a senhora Keung-Hee sorriu um sorriso um pouco doloroso.
— Eu não apoiei. Nem o Ha-Jun. O único que realmente apoiou as escolhas do Yoongi sempre foi o Geumjae, mas... É que eu sempre quis mais para ele, sabe? E tinha medo de que essa coisa de música não desse certo. Não é tão fácil quanto fazem parecer, e esses garotos dedicam a juventude deles a isso. O preço é muito alto, e ele não aceita que eu o diga. Mas, confesso... Não acreditava que ele chegaria aonde está. Eles contam para nós, os pais, que o futuro deles é promissor, mas já fazem cinco anos... Eu até vejo as mudanças, mas não compreendo como poderá ser muito maior do que isso. Sinceramente, ainda acredito que em algum momento, eles vão apagar essa estrela da mesma forma repentina com a qual se acendeu... Tsc... — sibilou entredentes a senhora Min — Imagine... Ganhar o mundo... Os garotos são ingênuos e sonhadores, e os managers ficam alimentando isso neles... Me preocupo porque o Yoongi sempre quis coisas que não estavam ao alcance dele.
ouvia com cuidado as preocupações maternas da senhora Min, e até as compreendia de certo modo. Mas, sentia-se um pouco revoltada por notar que a própria mãe ceifava os sonhos dele, não acreditando no imenso potencial que ele tinha e por isso, lembrou-se da conversa que tivera com o amigo semanas antes. Yoongi lhe declarando que se esforçaria ao máximo, para superar todas as críticas.
— Eu sempre fui bem rígida com ele, e não poderia ser diferente. O Yoongi é tranquilo demais, querida... — A mãe dele falou com um risinho fraco e um rolar de olhos que acompanhou, porque era obrigada a concordar. — Mas, eu o amo. Eu me preocupo e quero fazer o melhor e até o impossível para garantir que ele fique bem. Eu nunca quis um filho artista. Geumjae é um bom exemplo... Ele é um bom funcionário em uma empresa sólida em Seoul, e voltará para cá quando se casar... Está envolvido com uma boa garota e me dará netos... Enfim, ele é o filho que seguiu as expectativas dos pais... Já o Yoongi... Ele sempre contestou tudo, mas nunca foi de me desobedecer e fazer o que dava na telha, até... O momento em que foi para a seletiva.
— Depois disso ele... Se manteve mais fechado, não é? A coragem que ele tem e que foi oprimida neste lar, os assusta, certo? — interrompeu — E por isso a senhora sente que ainda precisa ficar perto, decidir as coisas por ele... Não é?
comentou sem muito filtro, apenas analisando a situação e a senhora Min a encarou com o cenho franzido, um pouco surpresa com a diretiva da mais nova.
— Ah, me desculpe... — pediu após se ver distraída e pelo modo quase grosseiro que a interrompeu — Eu só estava organizando minhas observações em pensamento. Não quis julgá-la, ajhumma .
— Você acha que estou errada por querer fazer as melhores escolhas para ele?
A expressão da mais velha não era pacífica, tampouco demonstrava arrogância. Era a mesma face que encarou quando a flagrou no apartamento do filho: sem denunciar alguma emoção, mas claramente a estudando. não se sentiu acuada como Yoongi se sentiria, e altiva, sorriu erguendo a cabeça, empinando o nariz e com toda elegância e educação possível, respondeu:
— Eu acredito que há muitos ruídos nas relações do Yoongi que podem surgir dos próprios ruídos familiares dele, ajhumma . Vocês não acreditam na força de vontade dele, se assustam com a coragem e a paixão que ele tem pela própria busca a uma liberdade de ser e decidir o que quiser. O Yoongi não ser presente na vida familiar, apesar da rotina também ser motivo para isso, já é uma mensagem, não acha? Se ele sentisse conforto em estar aqui, viria mais vezes, porque no fundo, o seu filho é um homem carente de muitos afetos. Um verdadeiro homem passional, e também leal. Principalmente leal a si mesmo. Ele é de fato, um homem confuso, mas essa confusão tem muito a ver com a insegurança gerada na falta de apoio que ele lidou por muito tempo. Tudo o que ele tenta fazer é se sentir em uma lar, e portanto, o Yoongi transforma os ambientes e pessoas ao seu redor numa extensão disso. Mas, se tratando da ommoni dele... Acho que ele se sente um pouco sufocado porque no fim é como se a senhora não confiasse nas escolhas dele. Não acreditasse nele e nem o conheça o suficiente, como pensa.
Keung-Hee engoliu a saliva espessa que se formou em sua boca. Jamais imaginou que alguém diria em sua face, a verdade que ela bem conhecia, de forma tão direta. E após fugir ao olhar de , encarando algum ponto invisível no quarto do filho, ela respirou mais profundamente retornando ao autocontrole que estava prestes a perder... Keung-Hee não era tão boa em aceitar críticas, e talvez, aquele fosse um ponto em comum com o filho que eles sequer percebiam. Ela voltou a mexer as mãos, notando que ainda segurava as mãos da escritora audaciosa. Acariciou-lhe retomando a calma, e sorriu ao encará-la e dizer:
— Eu sei disso tudo, querida. E é bastante audacioso da sua parte me dizer tudo isto dessa maneira... — Observou com leve devolução de crítica à escritora —Mas se eu não puder ser minimamente a mãe dele, o que me sobra? Ele já é um homem, e a cada dia ganha mais e mais um mundo do qual eu não posso ter controle do bem e do mal à volta dele. Em breve, ele terá uma mulher ao seu lado e mais uma vez, eu deixarei de ser o refúgio feminino dele. Então, me diga, ... Se eu não puder ser a mãe do Yoongi, o que me restará ser?
percebeu que a ajhumma sentiu-se um tanto alfinetada pela sua fala e prevendo que dizer o que pensava poderia ser ainda pior, ela apenas suspirou e apertou de volta as mãos da mais velha. Tocou as costas da senhora Min, fazendo nelas um carinho confortável e sorriu de modo quase ingênuo. No fim, era só a tentando manipular o que pensava e que seria grosseiro para uma irredutível ajhumma ouvir, de um modo mais brando. No fundo, queria respondê-la: “Dessa forma, lhe restará ser a megera”, mas amenizou:
— Ajhumma... — ressou em voz doce — Eu não sou mãe, mas compreendo as suas preocupações. Logicamente, comparada à senhora eu tenho bem menor sabedoria de vida, e nenhuma autoridade materna para dizer isso, mas... Acredito que a senhora jamais deixará de ser mãe do Yoongi, não importa quem entre ou saia da vida dele, e muito menos para quais caminhos ele siga. O elo que os une é muito maior e mais forte do que a ideia de que, ser a mãe do Yoongi é controlar as melhores escolhas para ele. Como a senhora bem disse, embora não creia nisso, logo ele ganhará o mundo e é um tanto cruel para si mesma medir forças com um planeta, não é?
A senhora Min sorriu desconfiada, e por fim soltou o ar preso nos pulmões deixando os ombros caírem. Olhava para a escritora ao seu lado de forma ladina, como se enxergasse as exatas manobras que a outra fazia. Ela entendeu como havia posto seu pensamento julgador em voga, sem descer do salto. Aquela mulher era mesmo felina em seus argumentos, e por isso, tudo o que escrevia era um sucesso! dominava bem as palavras, e Keung-Hee não sentiu-se tão ofendida como ficaria por uma estrangeira lhe apontar dedos daquele modo. Na verdade, sentiu-se lisonjeada. Não pelas críticas e julgamentos, mas pela audácia e pela grandiosa mulher que demonstrava ser, dentro de uma sutil elegância e gentileza. Keung-Hee jamais admitiria aquilo, mas soube naquele momento, que poderia aprender algumas coisas com a brasileira.
— Sabe... Você se parece muito comigo, . Eu me vejo muito na sua forma decidida e encorajada de ter tudo sobre o seu domínio. Principalmente nesta sua força de defender seus pensamentos. — comentou a senhora, e a mais nova parou de encará-la ao ver que a ajhumma era mais esperta do que ela pensava — E é por isso que será prazeroso ser a sua sogra.
— Ajhumma...
— Eu sei que não são um casal. — Ela falou cortando de um jeito delicado e a encarando diretamente nos olhos, dessa vez de um jeito diferente, mais frio. Era como o olhar tedioso do Yoongi que às vezes até parecia... Predador. — Eu sei que você não tem interesse nele, mas eu também conheço o meu filho. Posso não conhecer tudo, como você disse, mas eu o conheço em coisas que o resto do mundo não poderia. E eu sei o que ele quer. Eu vi nos olhos dele.
— O que a senhora quer dizer com isso, senhora Min?
— Eu quero dizer que, eu espero que você esteja sempre ao lado dele. Com o que pode oferecer, que é esta sua amizade cuidadosa e leal. O Yoongi não quer perdê-la de sua vida, e eu, pela primeira vez aprovo uma amizade dele. Mas, saiba que eu estarei realizando meus pedidos no templo, para que vocês se acertem logo. E até os deuses me atenderem... Eu quero recebê-la em nossas vidas, como a mulher especial que você é. Como a amiga que ele trouxe aqui, apesar de nunca ter feito isso com nenhuma outra.
ouviu as palavras de Keung-Hee e sentiu um frio na espinha. Deveria repreender aquilo em nome de Jesus? Encarar como uma profecia? Uma ameaça? Ou pior... Uma maldição de mãe?
— Keung-Hee, eu...
— Não se preocupe, . — interrompeu-a, de forma diretiva e explicando: — Eu só chamei você para conversar a fim de te mostrar o quanto Yoongi e eu estamos... Um pouco distantes. E para te pedir que me ajude a cuidar dele. Se não puder sendo você, a pessoa segura dele, que ao menos me ajude a tê-lo mais perto, sim? Eu sei que ele a escuta, valoriza e respeita as suas colocações. Eu só quero que seja uma boa amiga para ele, mas também para mim.
assentiu. Mas na verdade, ainda desconfiada se aquilo era uma aliança velada e perigosa, uma artimanha da mais velha ou uma armadilha. Keung-Hee acenou afirmativa ao ver que correspondeu ao pedido, um pouco desconfiada sim, mas afirmou. A senhora Min se levantou depois de dar duas batidinhas carinhosas na mão da mulher e disse a ela:
— Agora eu vou deixar você descansar da viagem enquanto preparo nosso jantar. Se quiser e quando sentir-se à vontade, estaremos lá embaixo. E pode usar as gavetas dele para pôr suas roupas.
A senhora saiu do quarto deixando mais preocupada do que quando entrou. A escritora caminhou até a janela do quarto do amigo, observando o jardim dos Min e indagou-se suspirosa:
— Em que ninho de mafagafos você se meteu, ?
[ xxx ]
O final de semana já estava quase no fim. viu fotos do Yoongi e da família Min, conversou com os pais dele de forma aberta, se aproximou mais de Geumjae e todos eles sentiam que aquela mulher era uma ótima influência para Yoongi. não tinha certeza sobre que tipo de influência eles realmente esperavam que ela exercesse nele, mas sequer preocupou-se com aquilo. No fundo, ela não sentia-se em nenhuma obrigação com os Min. Ela apenas estava gostando da amizade com todos eles, mesmo sendo os pais de Yoongi um tanto conservadores. Ha-Jun levou-a para conhecer a galeria que ele ainda estava começando, e a Keung-Hee levou-a ao restaurante dela. Eram negócios pequenos, mas promissores, e após saber que aquela mudança toda viera um pouco depois do sucesso do caçula, sentiu-se ainda menos culpada por eles. Que hipocrisia era aquela com a vida do Yoongi, se estava sendo, justamente a escolha dele que os ajudava a ascender ainda mais?
Geumjae e também puderam sair com Jinah em Daegu e curtir um programa mais tranquilo, entre amigos, com karaokê, bebidas, e carne de porco. O irmão e cunhada eram tão simples e tranquilos quanto Yoongi. contou de novo a primeira vez que levou Suga na barraca de comida do seu bairro, e os outros dois, também tocaram no assunto de que ela e o Yoongi poderiam ser mesmo mais que amigos. Mas, diferente de Ha-Jun e Keung-Hee, nem Geumjae, nem Jinah insistiam sobre a escritora. Em determinado momento da noite, já estava bastante bêbada assim como o casal à sua frente, e seu celular tocou insistente. Ela havia posto uma chamada específica para Yoongi em seu celular, assim como tinha feito com Chang.
— Essa musiquinha... Alerta vermelho! Fiquem quietos! É o Agust Min!
— Quem? — Geumjae perguntou e fez sinal de silêncio, com os olhos um pouco cerrados e custando entender o visor do celular.
— Aloooou? — Ela falou e gargalhou.
— Yá! Está bêbada como uma porca, não é Estranha? — gritou Yoongi do outro lado da chamada preocupado, e andando de um lado ao outro no cômodo de seu apartamento — Que merda, ! Você está maluca? O que está fazendo em Daegu com a minha família? Eu recebi fotos e provocações do Geumjae de que você passou o fim de semana aí!
encarou Geumjae de forma ameaçadora fazendo sinal de furar os olhos dele com os dedos.
— Tudo sob controle, Yoongi! Sua família me ama! Fui adotada por todos eles!
— O problema é este, sua doida! Eu vou te buscar! Céus eu nem quero saber o que você disse para eles! E ainda bebe desse jeito? ! A sua boca é um poço de veneno quando você bebe!
— Yooongiiiiiii — Jinah gritou tirando o telefone de e falando com o cunhado — Por que meu cunhado nunca vem nos ver? A sua namorada de mentira é bem melhor que você, seu mal educado!
— Minha o quê? — Ele retesou na própria sala, piscando e passando a língua sobre os lábios de modo nervoso. — Jinah, passe para esta cachaceira da por favor.
— Ele é um chato! Toma! — Jinah falou arrancando risos do namorado e da amiga.
— , eu estou indo buscar você! E é melhor me esperar, ouviu?
— Aigo! A ajhumma vai adorar! Ela mal me deu as instruções e você já está vindo para a sua família! Eu sou mesmo poderosa! — falou soluçante e gargalhando.
— ! Você... Sua... — Yoongi não sabia o que dizer, apenas levou a mão à cabeça e começou a procurar a chave do próprio carro.
— Ei! Não me xinga! Não é bom ter alguém invadindo a sua vida? Agora sabe como eu me sinto quando você se mete nas minhas fodas com o Park, Yoongi!?
— !
— Uwa! Meu cunhado faz mènage Geum! — Jinah gritou para o namorado, supresa.
começou a rir acenando com a mão para Geumjae assustado e Jinah travessa, e concentrou-se em evitar que Yoongi fosse para Daegu.
— Não venha atrás de mim, Estranho! Eu volto amanhã de manhã para Seoul! Agora tchau!
Desligou a chamada, e em seguida retomou a diversão com os novos amigos. Yoongi ficou nervoso em seu apartamento. Mal havia retornado da pequena viagem e só queria ficar um tempo sozinho e em paz no seu próprio ambiente. Mas ao ver as fotos que Geumjae enviou de com sua mãe, seu pai, seu irmão e a própria Jinah no lugar em que o mesmo julgava ser o exato em que ela estava naquele instante... Yoongi só conseguia pensar no tamanho do estrago que aquilo não teria feito com as ilusões de sua mãe.
Decidiu ligar ao Chang para saber se realmente a agenda de encaixava o retorno dela para Seoul no dia sequinte, se não, ele sairia até Daegu naquele mesmo instante. E não só Chang confirmou a volta dela, como anunciou que nem teria tempo do amigo vê-la. tinha uma viagem à Tailândia marcada para aquela tarde.
Sem ter qualquer noção do que acontecia, Yoongi apenas jogou as consequências daquilo na mão do universo e caiu em sua cama para dormir.
[ xxx ]
retornou para Seoul sem maiores problemas, dessa vez, de carona com Geumjae e Jinah, e tal como o filho da senhora Min e a nora, não escapou das broncas paternais de Ha-Jun e Keung-Hee por eles terem bebido tanto na noite anterior, e voltarem completamente fora de si. Entretanto, os Min pegaram leve com a escritora, que estava aparentemente bem menos alcoolizada que o filho e a nora.
— Ainda não acredito que a ajhumma amenizou a bronca na ! Aliás, como você conseguiu fingir estar sóbria tão bem? — Jinah reclamou no carro.
— É só a prática meu bem... — ironizou a escritora sentindo a cabeça doer — Mas acredite, eu estou sentindo meu cérebro explodir!
— Você é doida mesmo ... Vai pegar um voo de ressaca assim?
— Relaxa Geum, a sopa da ajhumma já me ajudou bem, e o Chang, ele sempre tem solução para tudo.
— Chang é seu agente, não é? — O irmão de Yoon perguntou.
— Sim, meu agente, melhor amigo e praticamente um irmão. Mas, irmãos não transam, então... Apaga essa última parte. Ele e eu tivemos algo no passado.
— Aigoooo! — reclamou de novo Jinah — Eu ainda não acredito que levei aquele sabão da minha sogra! Que vergonha! Eu nunca mais piso aqui, Geumjae! Certeza que ela já está buscando outra mulher para você.
— Eu não duvidaria disso. — gargalhou brincando, e a coreana à frente no carro fuzilou pelo retrovisor. A escritora colocou seus óculos escuros e informou aos outros: — Preciso dormir um pouco, amigos.
Fechou os olhos, mas uma mensagem em seu celular ressoou.
Taehyung:
Olá , como você está? Senti sua falta...
As coisas foram tão corridas que nem conseguimos nos falar muito...
Eu, gostaria de saber como está sua agenda para as próximas semanas...
05:00am
:
Oi Tetê! Tudo certo, e você?
Sim, vocês ocupados, e eu também... Bastante aliás.
Sobre minha agenda, estou embarcando
para a Tailândia hoje e só retorno daqui dois dias.
Você pensou em algo?
05:03am
Taehyung:
Ah, entendo... Tailândia?É sobre o drama?
Eu pensei em nosso encontro...
Pode ser logo que você retornar?
05:05am
:
Sim, Chang e eu temos alguns eventos do drama.
Bem, quinta ou sexta-feira à noite está bom para você?
05:05 am
Taehyung:
Está ótimo. Quinta-feira então!
Te ligo depois para combinarmos o horário e onde eu devo buscá-la.
Não tenho seu endereço...
E bem, quando chegar na Tailândia, e se puder, me avise.
Ficarei torcendo para seja o que for, tenha sucesso, linda.
:
Obrigada Teteco ♥
Eu aviso sim.
Beijos, aguardarei sua ligação.
Até mais.
05:09am.
bloqueou a tela do celular após respondê-lo, embora não levava tanta fé no tal encontro mais. Fechou os olhos e dormiu todo o percurso de volta para Seoul.
22.
— Ora, ora! Se não é a minha escritora ressaqueada e destruída nas vésperas do evento de encerramento do drama! — Chang informou ao ver chegando no aeroporto e empurrando o carrinho de bagagem como se fosse o carrinho que a levasse.
— Não briga comigo, pelo amor de Deus... — Ela murmurou baixinho ao chegar perto dele, e o agente retirou a mala de rodinhas e mochila que ela tinha no carrinho a entregando. E estranhou por qual razão eles deixariam o carrinho ali e ficariam arrastando bagagem.
usava um jeans largo e rasgado nos joelhos, um suéter com gola alta justo ao corpo e de mangas longas, preto. Nos pés calçava um tênis estilo Slip On branco. Os cabelos estavam soltos em ondulado natural e, mesmo com os óculos escuros para esconder a luminosidade da tarde que só estava aumentando sua enxaqueca, ela não poderia deixar de compor alguns acessórios dourados para ao menos parecer que estava usando aquela moda despojada intencionalmente. Na verdade, quando se tratava de voos de avião a elegância passava longe da sempre impecável , mas ela sempre fazia questão de estar ao menos estilosa.
— Eu? Por que faria isso? Só por causa da sua irresponsabilidade antes de um evento tão importante? Ou por que, de repente, a imprensa está interessada na sua viagem já que saíram na mídia algumas especulações românticas graças ao bonitinho do seu “tão querido Park”?
Chang caminhava ao lado da escritora carregando nas costas, a mochila de e puxando a mala dele, entregando a mala de rodinhas dela, para que a mesma arrastasse quando revelou aquela notícia inesperada.
— Como é que é?
parou de caminhar no mesmo instante e mal teve tempo de discutir aquilo. Os fotógrafos que eles viam no saguão de chegada e que estavam fotografando tudo quanto era famoso no aeroporto de Incheon, de repente, começaram, ainda que timidamente a dar alguma atenção aos dois.
— Como vê, não podemos conversar. Ainda bem que está de maquiagem... Só sorria e continue andando.
fez o que Chang indicou, com o seu agente já caminhando um pouco mais perto dela e com as mãos nas costas de , arrastando a mala dele, e ela arrastava a própria mala um tanto perdida pela atenção vista nos cliques. e Chang abaixavam a cabeça suavemente em cumprimento aos fotógrafos, mas seguiram um pouco mais apressados. Sabe-se lá o que iria acontecer caso eles se juntassem como vespas perto dos dois! Ambos, sequer tinham seguranças particulares ao redor.
Até que uma repórter com um crachá de algum veículo de imprensa aparentemente desconhecido, ou apenas pouco popular ao conhecimento dos dois, parou na frente da escritora e estendeu um gravador diante dela dizendo:
— Senhorita ! Por favor, por favor, uma palavra para o PopKorea News! A senhorita está embarcando para a festa de encerramento do seu drama que vai acontecer na Tailândia? — A garota dizia sem ao menos aprovar ou não se daria uma palavra para aquela mídia que sequer ouviu falar, mas pelo visto estava muito bem informada dos assuntos da escritora, e ainda sem dar a ela uma chance de resposta antes de outra pergunta, a repórter emendou: — Poderia nos dizer também se é verdade o rumor de que a senhorita estaria em um envolvimento amoroso com Jay Park conforme ele e outras fontes confiáveis disseram após a entrevista ao AsiaOne?
abriu a boca para falar, e nem sabia bem o que diria, mas responderia sobre desconhecer o assunto e de que estava sim indo para Tailândia, entretanto, foi a voz de Chang que ressoou primeiro:
— Sim, estamos a caminho do evento de encerramento do drama da , que foi um grande sucesso na Tailândia, e não temos nada a declarar a respeito desses rumores que até então, só soubemos agora. Por favor, nos dê licença senhorita... — Chang olhou o crachá da mulher e educadamente pediu: — Bae... Não podemos nos atrasar para nosso voo, obrigada pela atenção!
— Espere! sunbae Sang Chang! — A jovem determinada caminhou dando passos apressados atrás dos dois, e dessa vez correu para alcançar Chanyeol e andava ao lado dele com o gravador esticado na direção do homem: — Você acompanha a carreira da escritora desde o início, desde quando ela ainda nem era conhecida, e também investiguei que são muito próximos! Se não é verdade que ela esteja envolvida com o Park, isso se deve ao relacionamento rápido que ela tivera com o ator Mario Maurer, protagonista do drama, ou é porque vocês são realmente namorados discretos um do outro?
— Aish! Que inconveniente! — murmurou parando de andar e virando o rosto de um jeito irritado para a moça — Do que está falando, senhorita, Bae!? De onde...
— Podemos esclarecer este assunto quando nós retornarmos da viagem, sim? Anunciarei uma coletiva para os interessados em saber a verdade, agora com licença, senhorita! — Chang falou interrompendo a fala da , tirando a mão das costas dela que a guiava e, segurando a mão da escritora puxando-a até a passagem por onde a repórter não poderia os seguir mais.
E depois de seguros no ambiente do embarque, aonde não havia mais repórteres e sim, apenas os passageiros do voo, e Chang finalmente quebraram o silêncio entre si.
— Que raios está acontecendo? — Ela perguntou ao agente depois de ver as mensagens de Yoongi, Nini, Hiro, Jay, Gray e alguns outros amigos em seu celular.
Estava sentada na cadeira de espera, com a cabeça latejando ainda mais, e resolveu procurar o assunto na internet, mas as notificações do aplicativo de mensagens coreano chamaram mais atenção. Ela não havia pegado no aparelho durante toda a manhã, pois, chegou de Daegu cansada, foi descansar e depois se preparar para a viagem. Então sequer mexeu no telefone, assim como perdeu a transmissão da entrevista ao vivo do Jay na internet, como ele havia avisado a ela que aconteceria às 10 da manhã naquele dia.
Song Hiro:
sunbae, estou a postos para o que você
e o Chang precisarem! Boa viagem, e não
se preocupa com nada disso agora.
Eun-Hee, eu e os outros damos conta
de tudo. Só mandar, noona!
11:00pm
[ xxx ]
J.P. :
, como você está, baby?
Chegou bem de Daegu?
Acho que nem teve tempo de ver a
minha entrevista, né?
Seu voo pra Tailândia é às 14horas certo?
Quando chegar lá manda notícias!
Sei que vai dar tudo certo e você vai
arrasar, kitten!
11:00pm
[ xxx ]
Nini:
Então aquele carrão rico que estava
parado aqui na rua outro dia, era do Park?
Eu vi você entrando nele, mas sei lá...
Achei só que era o Chang ou algum carro
alugado para algum evento, unnie!
Como você me esconde que está
namorando aquele DEUS? Reunião do pijama
lá no cafofo quando você voltar, imediatamente!
11:35pm
[ xxx ]
J.P. :
De repente a parada tomou outras proporções...
Como você não me respondeu ainda, acho que
está na correria e não deve estar ciente da
repercussão, mas o Chanyeol logo vai pedir
minha cabeça, eu sei...
Então só quero me explicar antes de qualquer coisa.
Eu não disse que estou namorando contigo,
eu nem mencionei o seu nome!
Esses caras são fodas, baby, eles juntaram os
pontos depois que perceberam que a foto da
Jessie comigo era no mesmo dia da foto que
você apareceu... Eu não falei mais nada.
Vou esperar alguma manifestação sua ou do Chang...
Desculpa, baby!
Desculpa mesmo, eu não queria causar problemas
pra você...
Vou esperar notícias suas!
Boa viagem, beijo gostoso.
11:40pm
[ xxx ]
Seong-Hwa:
Eu avisei a ele que não devia dizer aquilo...
Se precisar de ajuda, conta comigo!
Ah! E não fomos nós que dissemos nada
confirmando, tá? Eu perguntei pra todo
mundo que estava na festa, e pelo visto
não foi nada que disseram. Mas o besta do
Okasian postou uma foto que dava pra
ver você com a Jessie...
Ele falou que tu vai viajar, então até a volta!
Se cuida mini idol!
11:55pm
[ xxx ]
Jessica Oh:
A casa caiu, Kleytinho? (é uma piada
dos brasileiros, aprendi com os fãs kkkkkkkk)
Maravilhosa, só pra saber, estamos aqui
se precisar de ajuda com os rolos da imprensa tá?
E se quiser socar o Oka também!
Aquele idiota só faz merda! Postou a foto sem
nem perceber que você estava bem nítida...
Mas enfim, amiga, não culpa o Jay, tá?
O que ele disse não foi o problema,
a culpa é do Oka...
O oppa só está muito emocionado com o
poder dessa sua pussy!
hahahahah arrasou garota!
12:05pm
[ xxx ]
Agust:
Eu falei que esse cara era problema!
Olha aí o seu primeiro escândalo!
Fala sério, nem quando você saiu com o Maurer
aqui em Seoul isso aconteceu!
Me liga quando chegar lá na Tailândia, tá?
Boa viagem!
PS: O Tae ficou sabendo da fofoca...
Agora vai ou racha.
PS2: Conta comigo, principalmente se for pra
bater no Park! Logo no seu início de carreira...
Filho da puta...
Te cuida, estranha!
Tô contigo pra tudo, tá?
12:30pm
[ xxx ]
— Pode me explicar que confusão é esta com meu nome, Chany?
esticou o celular dela com as mensagens abertas para o amigo, mas o agente nem mesmo o pegou, só estendeu a ela uma garrafa de água e uma cartela de comprimido para enxaqueca, que a mesma pegou e tratou de imediatamente ingerir.
— Hoje, o Park e o Gray participaram de um talkshow online da AsiaOne para falar das futuras colaborações entre eles. Quando perguntaram para o Jay sobre garotas, ele foi como sempre, de pouco assunto. Mas fizeram um game com ele e o melhor amigo, algo como perguntas e respostas que os dois teriam que responder sobre o outro, e tocaram de novo na coisa dos relacionamentos. Perguntaram “em qual tipo de mulher o Jay se apaixonaria”, e o Park escreveu “escritoras”, já o Gray disse que ele se apaixona por mulheres inteligentes. O programa terminou tranquilo, mas uma hora depois, alguns fãs começaram a notar e falar na internet que a foto da Jessie com ele, que foi exibida quando eles falavam da amizade deles, era do dia da festinha na casa do Gray, e perceberam que o Okasian também estava na festa, porque ele postou a foto dele com o Zico. Até que os internautas mataram a charada porque na foto do Okasian, a Jessie estava mais atrás no cenário com você. E então os detetives da internet começaram o rumor: , na mesma festa, mulher inteligente, escritora, o histórico de dates com estrangeiras anônimas ou pouco populares do Park... Enfim, eis o seu primeiro escândalo amoroso...
Chang contava tudo com o semblante de quem parecia ter que limpar a sujeira do banheiro alheio, enquanto estava sentado na cadeira ao lado dela com sua pose sisuda. Já , à medida que escutava ia se esparramando mais como se derretesse na cadeira...
— Eu não acredito nisso! Não era este tipo de atenção que eu queria agora! — reclamou ela abaixando a cabeça, apoiando-a sobre a mão: — Aliás, meus dates nunca foram um problema ou receberam esse tipo de atenção desde que eu fiquei famosinha, Chang!
— Mario Maurer não é tão popular na Coreia quanto é lá. Eu esperava este tipo de escândalo assim que nosso avião pousasse... Aliás, eu ainda espero. E se prepare!
— Por isso reclamou da minha cara quando cheguei? Queria que eu estivesse bonitona na fita quando descer lá no aeroporto, não é? — comentou com falso ultraje por perceber o risinho maroto do amigo. — Mas que merda! Filhos de uma égua! — resmungou em português.
— Bom... Isso que dá ficar se envolvendo com estes caras polêmicos.
— Ah Chang! — Ela reclamou um pouco mais enfática — Não vai começar a queimar o Jay de novo, não é? E que caras polêmicos? Quais são, pode me dizer?
— O torrão de açúcar, por exemplo! Seu rolo com ele não foi especulado em público ainda, mas não quer dizer que esteja livre disso! Se até o presidente da empresa dele já acha o mesmo!
— O Bang falou o quê pra você? — arregalou os olhos e ergueu um pouco o tronco ainda mais surpresa com mais uma coisa que não sabia.
— Quando quis marcar o tal jantar lá na casa dele, ele me perguntou se a agência teria algo a dizer do aparente envolvimento de vocês.
— Misericórdia! Mas eu já tinha explicado tudo pra esse povo!
— Quem acreditaria, !? — Chang se exasperou um pouco — Me diz? Quem acredita quando o açucarado só fica na sua cola? Eu falei pro Bang que aquele cara precisa de uma terapia! Mas, essa minha conversa com ele, eu te explico depois! Agora eu acho que você pode responder essas mensagens aí no celular antes de entrarmos no avião.
não conseguia sentir a cabeça melhorar, mesmo tendo se medicado. Um fim de semana em Daegu e quando volta, parecia que seu mundo estava de ponta cabeça.
— Aish... Que loucura... — resmungou tomando um pouco mais de água.
— Está com fome? Quer mudar de assunto por enquanto e falar da sua aventura na casa da ajhumma Min? Colocou ela no lugar dela? Sinceramente... Aquela família é estranha... Agora ela deu pra ficar me ligando pra perguntar quando você tem a agenda livre... Não sei se ela é sua fã ou sua stalker...
— Ai não, vamos falar da Keung-Hee depois, tá? Eu fiquei tão ansiosa lá que ontem embarquei na ideia da Jinah e do Geum, e bebi tanto, mas tanto, que até esqueci o quanto soju me causa amnésia alcoolica e uma ressaca terrível!
— , sinceramente, eu acho que vou te deixar um tempo lá em Phuket e voltar sozinho. Você está aumentando a minha carga de trabalho com essas suas relações.
— Pega algum lanche para mim, por favor, Chany? — Ela pediu murmurando como se estivesse manhosa e em seguida, mudou totalmente o tom, séria e ansiosa dizendo: — Eu vou logo assistir essa entrevista antes de subir, porque no avião eu só quero dormir!
Chang se levantou indo até o ambiente da área VIP do embarque, onde estavam variados lanches para os passageiros da classe A, e antes de clicar no link do canal onde ocorreu a entrevista, ela respondeu as mensagens que tinha recebido.
[ xxx ]
Song Hiro:
sunbae, estou a postos para o que
você e o Chang precisarem!
Boa viagem, e não se preocupa com
nada disso agora. Eun-Hee, eu e os
outros damos conta de tudo.
Só mandar, noona!
11:00pm
:
Obrigada Hiro pela sua
prontidão.
O Chang dará as coordenadas que for preciso. Cuide dos projetos atuais da equipe até voltarmos
e não se preocupe com mais
nada.
Qualquer problema nos avise!
Beijinho, vamos embarcar já, já.
13:25pm
[ xxx ]
Nini:
Então aquele carrão rico que estava
parado aqui na rua outro dia, era do Park?
Eu vi você entrando nele, mas sei lá...
Achei só que era o Chang ou algum carro
alugado para algum evento unnie!
Como você me esconde que está
namorando aquele DEUS? Reunião do pijama
lá no cafofo quando você voltar, imediatamente!
11:35pm
:
Nini, eu nem sei direito do que todos
vocês estão falando... Mas quando eu voltar,
nós vamos comer tteokbokki com cerveja
e colocar tudo em pratos limpos!
Vou embarcar agora, beijinhos!
13:25pm
[ xxx ]
J.P. :
, como você está baby?
Chegou bem de Daegu?
Acho que nem teve tempo de ver a
minha entrevista, né?
Seu voo pra Tailândia é às 14 horas certo?
Quando chegar lá manda notícias!
Sei que vai dar tudo certo e você vai arrasar, kitten!
11:00pm
J.P. :
De repente a parada tomou outras
proporções... Como você não me respondeu
ainda, acho que está na correria e não deve
estar ciente da repercussão, mas o Chanyeol
logo vai pedir minha cabeça, eu sei...
Então só quero me explicar antes de qualquer coisa.
Eu não disse que estou namorando contigo,
eu nem mencionei o seu nome!
Esses caras são fodas, baby, eles juntaram os
pontos depois que perceberam que a foto da
Jessie comigo era no mesmo dia da foto
que você apareceu... Eu não falei mais nada.
Vou esperar alguma manifestação sua ou do Chang...
Desculpa, baby!
Desculpa mesmo, eu não queria causar
problemas pra você... Vou esperar notícias suas!
Boa viagem, beijo gostoso baby.
11:40pm
:
Oi Jay, eu estou bem, honey e você?
Quero dizer, eu estou com muita ressaca
e enxaqueca kkkkkkkk
Ontem eu exagerei um pouco em Daegu.
A viagem de retorno foi tranquila, só estou bem cansada.
Eu não vi a entrevista ainda, mas farei logo que puder
até porque as coisas realmente saíram do controle, não é Jay?
Eu embarco já já, o voo é as 14hrs sim,
e vamos deixar pra conversar sobre isso depois , ok?
Eu te ligo.
O Chang realmente não ficou satisfeito
com a repercussão, e nem eu na verdade...
O tanto que a gente tem tomado cuidado, não é, Park?
Mas, eu não estou te culpando, ok?
Eu só não processei tudo ainda.
E talvez, eu nem queira tocar nesse
assunto até o final da viagem.
As coisas podem também ser
tumultuadas lá em Bangkok...
Eu te aviso assim que chegar bem
por lá e tiver um tempo.
Deixa esse rolo em off...
pelo menos até a gente conversar.
Obrigada pela torcida!
Espero que o evento seja mesmo incrível!
Beijo, baby.
13:28pm
[ xxx ]
Seong-Hwa:
Eu avisei a ele que não devia dizer aquilo...
Se precisar de ajuda, conta comigo!
Ah! E não fomos nós que dissemos nada
confirmando, tá? Eu perguntei pra todo mundo
que estava na festa, e pelo visto não foi nada
que disseram. Mas o besta do Okasian
postou uma foto que dava pra ver você com a Jessie...
Ele falou que tu vai viajar, então até a volta!
Se cuida mini idol!
11:55pm
Eu ainda não vi a entrevista, mas pelo o que Chang
me contou, o problema não foi o que ele disse.
Pelo menos não foi só isso, a foto
complementou as pistas.
Mas estou prestes a embarcar e só
vou lidar com isso depois de resolver as
minhas coisas me Bangkok.
Obrigada pelo apoio, Seong!
Você é uma gracinha mesmo!
Beijão!
13:29pm
[ xxx ]
Jessica Oh:
A casa caiu, Kleytinho? (é uma piada
dos brasileiros, aprendi com os fãs kkkkkkkk)
Maravilhosa, só pra saber, estamos aqui
se precisar de ajuda com os rolos da imprensa tá?
E se quiser socar o Oka também!
Aquele idiota só faz merda!
Postou a foto sem nem perceber que você estava
bem nítida... Mas enfim, amiga, não culpa o Jay, tá?
O que ele disse não foi o problema, a culpa é do Oka
O oppa só está muito emocionado
com o poder dessa sua pussy!
hahahahah arrasou garota!
12:05pm
:
Maravilhosaaaaaa! Sim, isso é um meme.
Jessie, que porra foi essa cara?
Obrigada pelo carinho!
Certeza que o Okasian vai pagar...
Gente bêbada é um perigo kkkkkkkkk
Ainda não estou certa se isento o seu
amiguinho da culpa... Nós dois temos alguns
combinados e ele pisou um pouco na bola...
Muito emocionado! Deu uma dica forte né...
Estou indo pra Bangkok agora,
depois dos meus eventos eu penso com calma
em tudo isso junto com o Chang pra resolver o rolo.
E quando eu voltar a gente pode se ver, que tal?!
13:30pm
[ xxx ]
Agust:
Eu falei que esse cara era problema!
Olha aí o seu primeiro escândalo!
Fala sério, nem quando você saiu com o Maurer
aqui em Seoul isso aconteceu!
Me liga quando chegar lá na Tailândia, tá?
Boa viagem!
PS: O Tae ficou sabendo da fofoca...
Agora vai ou racha.
PS2: Conta comigo, principalmente se for
pra bater no Park! Logo no seu início de carreira...
Filho da puta...
Te cuida, estranha!
Tô contigo pra tudo, tá?
12:30pm
:
Sem sermão!
Não seja aquele que diz “eu avisei”
até porque você também só me envolve em
situações complicadas! Se liga Estranho!
Meu primeiro escândalo foi com você!
Só que a coisa não vazou e nem envolveu os fãs
surtados da internet.
Mas affe, desabafando agora... Eu estou acabada.
Muita coisa pra gente conversar quando eu voltar, e
não vou nem comentar nada sobre o Kim.
Falei com ele hoje de manhã voltando de Daegu,
e até então tínhamos um encontro. Agora nem sei...
Enfim, assim que chegar no hotel eu te falo,
porque o Chang acha que como Maurinho é popular por lá,
a imprensa também vai especular nosso passado...
Tudo isso pode te ensinar algo:
aprenda a comer quieto, pesquise a expressão.
PS: Por favor, fica longe do Jay tá? Não faz merda também.
E também estou contigo pra tudo, carente. Te amo.
13:32pm
[ xxx ]
terminou de responder as mensagens e nem viu a entrevista. Chang falou para ela comer rápido porque precisavam ir. A escritora imediatamente se alimentou, e depois que estava no avião com Chang, eles desligaram os aparelhos para a decolagem. Ao longo das primeiras horas, dormiu e Chang também. Faltando uma hora para chegarem, o empresário acordou e os dois conversaram sobre os compromissos e roteiro da chegada. Ele não queria que ela aceitasse ir para a casa de Maurer em Phuket, depois da festa de encerramento como já estava combinado, pois, previa que haveria um assédio da imprensa de verdade. Mas não se importou, havia dado a palavra dela e, a menos que o outro amigo concordasse ela ficaria apenas no hotel.
Quando chegaram no aeroporto, Mayoree, a diretora do seu drama e pessoa que assim como os principais atores do elenco e agentes envolvidos, se tornou uma grande amiga de , os aguardava. Ela fez questão de recebê-los, assim como Chang fizera com eles muitos meses atrás quando o elenco visitou a Coreia.
Não houve assédio da imprensa em Bangkok, mas Mayoree a avisou que se preparasse porque, como Maurer também já havia contado para , logo que ele chegou no país foi muito especulado sobre a escritora. Ou seja, aquele assunto viria à tona em algum momento ao longo dos eventos.
Conversaram mais sobre o evento, sobre a repercussão tão positiva do drama, o aumento de vendas dos manhwas originais da história no país, e a expectativa de sucesso da crítica televisiva tailandesa. Tudo o que escutou foi um mar de ânimo em , e claro, só inflou mais e mais o orgulho dela e, claro, do seu mais fiel agente e melhor amigo que tornou aquilo tudo possível por acreditar nela.
— Bem meus queridos, é aqui no Siam Kempinski Hotel que as suas reservas foram feitas. Vou acompanhá-los até o check in.
Mayoree informou abrindo a porta do próprio carro, e um vallet já aguardava para dirigir até o estacionamento.
— Por favor, retire as malas. — A diretora informou ao rapaz o entregando a chave, antes mesmo de descer.
Um funcionário do hotel com um carrinho bagageiro já se aproximava do vallet que abriu o porta malas, retirou as bagagens entregando ao rapaz e com muita agilidade pôs-se a retornar à direção. e Chanyeol já haviam descido e conversavam entre si sobre o quanto o hotel parecia luxuoso, até que Mayoree se aproximou guiando-os.
Ao entrarem, realmente puderam notar que a equipe da TGN, a emissora da Tailândia que afiliou-se à KBS no projeto de , foi bastante atenciosa à acomodação da escritora e seu agente. Enquanto caminhavam admirando o lindo saguão branco e dourado do hotel Siam Kempinski, Mayoree informava:
— Esperamos que apreciem a escolha da equipe para suas acomodações. O Siam é um hotel cinco estrelas, com os melhores serviços e atendimentos. Há tanta coisa a se fazer dentro do hotel que algumas pessoas incluem essas atividades em seus roteiros passando mais tempo aqui em Bangkok.
— Ficaremos pouco tempo, Mayoree. Apenas o necessário para os eventos já agendados e uma visita rápida da a você sabe quem... — Chang comentou com um sorriso ladino e a diretora escondeu um sorriso malicioso encarando a escritora.
— Vocês dois querem me dizer alguma coisa? — A escritora comentou ao perceber que os dois pareciam ter ideias maliciosas daquele reencontro.
— Você entenderá logo o que estamos dizendo. Sua visita deixou certo alguém empolgado. — Chang falou e os três estavam diante da recepção, o que não deu tempo de resposta de .
Mayoree comentou algo em sua língua nativa para a mulher da recepção que, abriu um largo sorriso e olhou na direção dos dois hóspedes. A recepcionista assentiu à diretora indicando o caminho aos elevadores.
— Vamos!
— Não tem um cartão magnético? Como entraremos nos quartos? — perguntou para ela, mas a diretora apenas deu uma piscadela para Chanyeol que explicou:
— Nós receberemos os cartões de acesso, não se preocupe.
— O que você aprontou, Chany? — indagou ao próprio agente que nitidamente era cúmplice da diretora em algo — Vocês estão me escondendo alguma coisa!
— Eu? Te garanto que eu não aprontei nada!
Ele respondeu calmo enquanto o elevador subia e a diretora deu de ombros sobre aquilo, aproveitando o percurso até a cobertura do hotel para informá-los da agenda do dia seguinte:
— Vocês poderão aproveitar a manhã de amanhã para fazer o que quiserem, nós ajeitamos tudo para a preparação dos eventos. Servirão um almoço especial para vocês às 13 horas, depois, às 15 horas vocês terão SPA tailandês já agendado, aqui no hotel mesmo. Chang, aproveite! Você está sempre tenso então, selecionei duas das melhores massagistas de Bangkok para você!
cutucou o amigo com o cotovelo e soltou uma risadinha marota, assim como a diretora Mayoree, que aos poucos, eles percebiam ser uma amiga divertida, ácida e um tanto atrevidinha. Uma senhora cinquentona bastante singular!
— Aproveite, Chany! — zombou e o amigo ficou ruborizado.
— Estou aqui a trabalho, .
— Ah não! — Mayoree reclamou — Está vendo? É por isso que eu fiz meu dever de casa! Como pode pensar assim, se você preparou atividades tão legais para nós quando estivemos em Seoul?
— Ora, mas não fiz mais do que um pequeno tour turístico. A ida de vocês foi tão rápida.
— Verdade, deveria voltar para nos visitar e aí eu preparo uns garotões coreanos para você, Mayoree! — brincou piscando e reclamou: — Embora... Não ouvi nada sobre massagistas tailandeses para mim...
— Você não sabe o que te aguarda, querida... — sibilou com um sorrisinho e logo continuou as indicações das agendas: — O SPA é para vocês dois! A equipe de maquiagem e cabelo chegará às 17 horas e os estilistas com as suas roupas para o evento por volta das 18 horas. A limousine da TGN estará aguardando-os na entrada do hotel às 20 horas, pois, teremos o jantar formal com os donos da emissora primeiro, e em seguida partiremos ao evento da festa da TGN. A emissora fechou os três últimos andares da Wat Arun para isso. É uma torre turística de Bangkok, coisa chique! E você é a principal atração da noite, ! Afinal, todo o resto dos programas e produções são nacionais. Prepare-se para muita mídia sobre você, e sobre o Maurer, é claro, já que você andou roçando a boca na dele...
— Mayoree, espera... — interrompeu as falas da diretora que eram apressadas, já que o elevador indicava os botões quase chegando ao último andar, mas não adiantou.
A diretora continuou falando:
— ... E também, não se esqueça que você está na mira das najas da emissora! Afinal, seu drama roubou todas as cenas por aqui, e de novo, você é a namoradinha do Maurer, e isso por si só já é motivo de inveja! Mas não se preocupe, porque eu estarei ao seu lado colocando essa gente no lugar! Eles também me odeiam porque eu sou simplesmente perfeita, então... É nosso carma, você entende não é? — A mulher perguntou retoricamente olhando pra com um revirar de olhos e continuou: — Bem, apesar disso é bom ficar atenta! Há umas escritoras fracassadas que estarão lá, depois te passo a ficha delas, mas de todo modo, enquanto eu estiver com vocês não precisarão lidar com sorrisinhos falsos e tudo o mais. Mas, não vou ficar de babá, é lógico, então, por isso já estou te avisando do cenário. Aliás, o Maurer é sem noção, fique atenta! Já pedi para ele não ficar te cercando na festa a fim de evitar o burburinho, mas diante de tudo o que ele está fazendo... Ai, céus...
A diretora continuou falando como se uma bomba fosse estourar e não dar tempo a ela de concluir. e Chang trocaram olhares, ela confusa e ele, risonho pela ansiedade das duas.
— Mayoree! — suspirou tocando o ombro dela, e fazendo a anfitriã encarar aos dois como se eles estivessem perdidos.
— O que vocês não entenderam?
— Primeiramente, os estilistas não eram necessários, não é Chang? Nós trouxemos modelos exclusivos do Lie Sang Bong...
— É disso que eu estou falando! — Ela reclamou como se fosse claro entender: — O Maurer é um exagerado! Querida, isso foi coisa dele. Isso e todo o resto que estiver sob um letreiro de extravagância, tem o dedo dele. ... — Mayoree levou as mãos à cintura, abaixou a cabeça sacudindo-a de um lado ao outro e rindo comentou: — O que você fez com ele? Eu acho que você seduziu o meu galã!
— Mas que história é essa...?
A escritora sibilou confusa, e Chanyeol sussurrou ao ouvido da sua amiga e estrela:
— Eu te explico depois.
— Isso! Depois! — Mayoree falou ao ouvir o cochicho de Chanyeol e sem tirar os olhos do botão do elevador informou ao mesmo tempo em que a porta abria: — Chegamos!
Mayoree saiu na frente e ficou parada murmurando com Chang que pataquada estava prestes a acontecer, mas o amigo segurou-a pelos ombros a virando pra seguir a diretora, sorrir e não surtar. Disse que tinha uma surpresa os aguardando. começou a se sentir um pouco ansiosa pela situação, mas respirou fundo retomando seu autocontrole e seguiram a diretora por um longo corredor. Ela estava mais afastada, e então se lembrou:
— Seu idiota! — virou-se falando baixinho com Chang: — É por isso que estava preocupado com a minha roupa?! Sang Chang Chanyeol, por favor me diz que não são os figurões da emissora que estão nos esperando, porque se for, eles terão que esperar mais! Eu me recuso a aparecer amarrotada de um vôo desse jeito!
— Shiii, calma, calma... Entra na sua pose de elegância e tudo vira tendência! Eu não faço ideia de quem está atrás daquela porta, a não ser, o emocionado do Maurer que aprontou tudo.
— Ei, vocês?! — Mayoree os chamou parada diante de uma porta grande parecida com a entrada de um salão — Podemos entrar?
— Mayoree! Como você não me avisa?! Eu estou...
— Adequada para alguém que acabou de descer do avião, querida! Não se preocupe! Só estão aqui o elenco e nossa pequena e confiável equipe de direção e contrarrega. Não se preocupe. — A diretora revelou sorrindo ao notar que havia ficado incomodada — Eu sei que foi falta de noção, mas eu avisei para ele. Eu disse que o Maurer é impulsivo! Mas, por favor, finja surpresa, ok?
respirou três vezes, um exercício básico de auto controle e calma que ela sempre fazia em situações como aquela. Chany apenas soltou um risinho baixo. Ele achava uma graça que, podia ser sempre firme e decidida em alguns aspectos de sua vida pessoal, entretanto, quando se tratava da sua carreira era não só era cautelosa, quanto sentia certas inseguranças. Inseguranças de quem temia acordar do sonho ou estragar tudo o que ia bem.
Às vezes, ela voltava a ser a moça sensível que ele conheceu alguns anos atrás, recém chegada na Coreia. Voltava a ser a mulher solitária, mas determinada, que precisava de proteção e não dava o braço a torcer sobre isso. Voltava a ser como a personagem do próprio mangá que ela escreveu e agora se tornou o sucesso que a trazia àquela viagem.
Entre a mulher que amadurecia de modo admirável, e a mulher jovem que às vezes parecia uma adolescente vivendo o sonho de fanfic, Chang enxergava sempre a graciosidade entre elas. era o tipo de mulher em que a sua fraqueza estava em sua carreira e por isso, por todo o carinho, afeto, ou melhor... Por todo o amor que ele tinha por ela, Chang sentia-se no dever de protegê-la. Proteger o talento e os anos árduos que ela investiu na carreira, proteger as conquistas, a imagem, os negócios. Proteger de qualquer coisa que pudesse ferir o seu lindo sonho.
— Pode abrir! Vamos ver o que vocês aprontaram! — falou sorrindo, já recomposta depois de seu pequeno exercício de respiração.
Mayoree sorriu e abriu a porta. Pessoas conversavam e ao verem a diretora o silêncio foi se fazendo. e Chang se olharam escutando murmúrios em tailandês, provavelmente perguntavam para a diretora onde estavam os visitantes. adentrou seguida de Chany, e logo que ela entrou sorridente, não só viu diversos rostos a encarando em expectativa e alegria, como ouviu Mayoree dizer:
— Os responsáveis pelo nosso sucesso: a tão talentosa, inteligente e simpática dona de tudo isso, escritora , e o seu fiel, responsável, bonitão, e multicompetente empresário, Sang Chang Chanyeol!
Os risos da equipe, bem como os aplausos direcionados a eles, não eram desconfortáveis. Pelo contrário, e Chang sentiram-se como se estivessem diante da própria equipe de trabalho. Porém, o que mais soou aconchegante para , foi o sorriso largo e o brilho saudoso nos olhos daquele 1,75 de pura gentileza e doçura. Mario Maurer, o protagonista de seu drama, ou “Maurinho”, como apelidou carinhosamente ao longo daquela amizade que só aumentava desde que eles se conheceram e tiveram um romance esporádico.
Ele pegou um buquê imenso de rosas brancas e amarelas que estava sobre uma mesa e se aproximou devagar até eles, sem tirar os olhos de . A escritora foi sentindo que a atenção de todos era típica daquelas cena de dorama em que o personagem aclamado está se aproximando da protagonista bobinha diante de um monte de pessoas, pronto para se declarar.
— Chang... — sussurrou entredentes, sorrindo ainda para Maurer, sem desfazer o contato visual com ele, pois, se olhasse para o lado iria ruborizar com toda aquela atenção, comcerteza.
— Shiii! Deixa o artista, ele deve estar achando que está no meio de uma gravação. — Chang sussurrou de volta, mas ainda zombou um pouco — Aish... Mas devo admitir, o cara tem uma presença.
Mayoree revirou os olhos, e percebeu que todas as pessoas sem exceção não tiravam os olhos de Maurer. A distância de seis metros entre eles parecia até estar em câmera lenta. Ela abriu a boca para falar alguma coisa e cortar o clima, mas seu assistente surgiu ao lado dela e levantou um copo de alguma coisa bem na cara da diretora. Prestes a xingá-lo, ela viu o rapaz fazer uma expressão de quem pedia para ela se conter.
Mario parou de frente para , sem deixar de encarar os olhos dela e sorrir largo, nem um segundo. Pegou a mão dela entrelaçando com a sua, e suspirou percebendo que estava em um transe. Então deu um risinho fraco, sacudiu levemente a cabeça e umedeceu os lábios a entregando as flores:
— Eu nem acredito que estamos frente a frente de novo... Essas flores são pra você. Bem vinda à Tailândia, .
sorriu tranquila, sentindo a tensão, daquela encarada que recebia dele, se dissipando. Se Maurer a agarrasse diante de todas aquelas pessoas, como ela cogitou que ele faria, não saberia quanto mais de elegância poderia manter.
— São lindas, muito obrigada Maurinho! Eu demorei pra vir, não foi?
— O importante é que você está aqui agora.
Finalmente o pigarro de Mayoree soou no recinto e os dois olharam ao redor, sem graça, e Maurer se direcionando para Chang indo abraçá-lo:
— É ótimo rever você também Chang!
— É recíproco, Maurer.
— Dessa vez você vai ficar na minha casa para eu retribuir aquele favor!
O ator mencionava a vez em que ele foi até Seoul para ver , em um bate-volta tão apertado de sua agenda que sequer conseguiu reservar estadia em algum hotel. não recebia hóspedes em seu, “cafofo”, como ela mesma dizia. Yoongi sempre zoava que a casa dela era uma caixa de fósforos universitária, mas apesar de implicar com ele, ela sabia que o amigo estava certo. Então, todas as vezes, durante um mês e meio que Maurer e estavam ficando, era ele quem ia à Coreia para estar com ela. E das cinco viagens feitas, aquela em que não tinha onde se hospedar por chegar em Seoul já de madrugada, ele ficou na casa de Chang. Claro que, também. Chang foi dormir na casa da mãe dele aquela vez, e apesar de morrer de ciúme do ator com a sua escritora, Chanyeol sabia que Mario era uma excelente pessoa, sempre muito afável com ele.
— Viu só? Não te falei que ele te esperava?! — ralhou com Chang que vinha insistindo em não ir para Phuket com ela.
— Bem, em nome de todos nós, — Maurer falou se afastando e apontando todas as pessoas presentes — quero dizer que estamos extremamente felizes de receber vocês dois, e justo em um evento tão importante! Esperamos que vocês fiquem tão orgulhosos do resultado do nosso trabalho como nós estamos!
— Garota Ocidental foi sucesso ininterrupto de audiência, escritora! — Nadech Kugimiya, ator da série, um coadjuvante importante que também conheceu quando estiveram na Coreia, falou sorridente e ansioso para cumprimentar aos dois.
— Nadech! Que bom revê-lo! — se adiantou indo até ele, e recebeu um abraço caloroso do rapaz que já tinha escutado muito sobre as maneiras simpáticas dela, do próprio Maurer — Anyarin e Luana estão aqui também?
olhou ao redor, e as duas atrizes que faziam par romântico dos rapazes se aproximaram igualmente felizes em vê-los.
— ! Nós estamos muito felizes mesmo, por sua vinda! Obrigada por ter separado essa data tão importante pra nós na sua agenda! — Luana Songyu, a atriz coreano-brasileira, se aproximou calorosa assim como Nadech.
— O que precisar enquanto estiver por aqui, conte com a gente, escritora! — Anyarin, a outra atriz respondeu também risonha, contudo, mais contida em suas maneiras.
Chang cumprimentou aos três, e logo, Maurer e Mayoree estavam apresentando toda a sua equipe de maior confiança para os visitantes: dos contrarregas aos outros atores (não todos, apenas os mais próximos), figurinistas e maquiadoras, alguns sonografistas e roteiristas assistentes. Não era toda a equipe de superprodução daquela filmagem, mas, aqueles eram os principais. Geralmente, líderes de suas sub-equipes.
Chang e comeram, beberam, conversaram bastante e souberam todas as fofocas sobre o drama. De fato, entre pessoas que estavam muito orgulhosas, até as “picuinhas” de elenco e a competição entre os programas e diretores da emissora quanto ao trabalho de Mayoree, não tivera sequer uma fofoca sem ser contada. Os tailandeses eram bem mais alegres e receptivos do que os coreanos, na opinião de . Ela estava pautando-se no fato de que, quando chegou na Coreia anos atrás, demorou até ela se acostumar com a “falsa frieza” que percebia neles. Depois de um tempo, descobriu que não era frieza, apenas seriedade. Já ali, recém chegados entre aquelas pessoas, era como se todos fossem amigos de longa data.
O lugar também não era um salão. Era uma espécie de sala de um apartamento de cobertura, por isso, a sensação de lar era maior. e Chang agradeceram por aquela sacada deles, já que estavam exaustos da viagem e não queriam ficar em pé. Quando o relógio marcava 20 horas da noite as pessoas começaram a ir embora. Uma hora depois, estavam apenas Chang, Anyarin, Mayoree, Mario, Luana, Nadech e no apart-hotel. O voo de Seoul até a Tailândia, durou 04 horas e 36 minutos. Logo, eles que haviam decolado às 14 horas, chegaram por volta das 17 horas ali, e ficaram com aquelas pessoas na “social” armada por Mayoree, Nadech e Mayoree desde então.
— Vocês estão cansados, e todos já foram embora, então não vamos mais nos prolongar também! — Mayoree informou para .
Estavam conversando próximos ela, a escritora, Maurer, Nadech, e Luana. Anyarin e Chang também, entretanto, acerca de uma hora aqueles dois haviam entrado em um papo tão interessante entre eles que sequer interagiam com os demais.
Mayoree olhou para eles no sofá ao lado, super conversantes, e soltou um riso malicioso para :
— Eu acho que não precisamos nos preocupar tanto, ele está aproveitando!
gargalhou junto com os outros.
— Ele só finge que não namora, Mayô. — já havia até apelidado a diretora e contou piscando — Chany é bem discreto, confia em mim.
— Confio! Quando se trata dele, eu sei que você sabe bem o que está falando! — Mayoree mencionou virando o último gole de sua bebida e batendo no assento do sofá com uma expressão de sábia e sacana: — Dá pra ver bem que essa parceria é antiga! Abre o olho, Maurer! Você é sem noção e um pouco ingênuo às vezes!
Nadech e Luana soltaram uma gargalhada com o comentário, Mario encarou com a sobrancelha arqueada e a escritora apenas voltou a beber sem comentar nada.
— Bem, nós vamos então! — Luana falou puxando Nadech que a abraçou sem qualquer problema de mostrar que estavam juntos.
— Espera! — comentou por fim — Estão namorando?
— Não é porque ela foi a protagonista junto com o seu Maurinho que signifique que ela não notou o meu charme! — Nadech brincou sendo repreendido por Luana.
E então foi a vez de Maurer se vingar da diretora:
— Você não sabia da maldição da Mayoree casamenteira? — perguntou pra escritora, e a diretora bufou se levantando, um pouco zonza, sendo apoiada por Luana e Nadech e apontou um dedo acusador para ele declarando:
— Está cortado da minha próxima produção Maurer!
— Você não fica sem mim, Mayoree!
— Quer apostar? — A senhora ralhou e se virou indo até o banheiro do apartamento — Eu vou ao banheiro antes de partirmos. Nadech, bebi demais você dirige meu carro!
— Sim senhora, Mayoree.
Como Nadech e Luana não beberam nada alcoolico, se dispuseram a realmente levarem a diretora no carro dela, e depois, voltariam para suas casas como desse.
— Qual a maldição? — perguntou por fim.
— Sempre sai, um ou mais casais, das produções da Mayoree. Então os outros diretores que não a suportam, porque na verdade ela é a melhor da emissora, ouso dizer até do país, espalharam esse rumor sobre “A Maldição da Casamenteira”, e logo a mídia de fofoca se apropriou do termo.
— Hm... E vocês dois são o casal da vez... — comentou para os dois pombinhos em sua frente de modo curioso: — Uau, meu drama teve até um casal real nascendo! Foi só um?
— Bem... — Nadech olhou para Maurer de modo divertido ao dizer: — Tecnicamente se pensarmos que você também faz parte dessa produção, ... Nos digam vocês: foi só um casal?
— Para com isso, Dech! — Luana mencionou batendo no ombro do namorado tentando não deixar a escritora sem graça.
— Ué, eu não falei nada demais... Mais uma vez, o Maurer é o único imune à maldição.
— Como assim? — comentou interessada olhando para ele.
— O bonitão aí não namora as atrizes do drama. — Mayoree explicou retornando para a sala — Não sei se é uma regra, mas em todos meus trabalhos com ele, Maurer se relaciona profissionalmente com o elenco e só.
— Acho que ele esconde as concubinas ou os concubinos dele naquela ilha. — Nadech zombou o amigo falando com a diretora que apontou para ele concordando.
— Tem razão Kugimiya! Sabe que faz sentido? Ele é dono de quase tudo naquela ilha, e eu sei que, bem perto da mansão dele ficam aquelas praias depravadas que ele gosta. Aliás, , sabia que o Mario é naturista? Você vai para lá não é? Se prepare!
A diretora falava e Maurer abaixou a cabeça sentindo-se constrangido com os dois e começou a expulsá-los.
— Olha só, Luana, leve esses dois para casa! — pediu Maurer e os três começaram a despedir-se de verdade da escritora, e Maurinho ainda advertiu: — Dech, cuidado na ida e na volta, ok? Nos vemos amanhã.
— Já estão indo? — Anyarin perguntou ao notar a movimentação e se levantou dizendo a todos: — Também já vou!
— Eu acompanho vocês até o saguão. Preciso pegar as chaves. — Chang informou piscando para e Maurinho.
— Não precisa nada, esse apartamento é onde vocês vão ficar, tem duas suítes. — Mayoree explicou, mas entendeu o que Chang pretendia — Mas venha, nos acompanhe mesmo. A Anyarin precisará de um motorista particular, ela veio dirigindo, então você pode fazer companhia a ela.
Chang assentiu e não entendeu o motivo pelo qual Nadech, Luana, e Maurer riam.
— Viu só? É casamenteira mesmo. — Maurer provocou.
A diretora nem ligou, apenas acenou para todos já alcançando a porta. Os risos e conversas foram ficando distantes até que e Maurer estavam sozinhos no apartamento. suspirou cansada e deixou o corpo descer pelo encosto do sofá, finalmente tirando os tênis que calçava.
— Deviam ter dito que eu já estava no meu quarto do hotel, eu estava doida para tirar esses sapatos!
Maurinho riu, parado ao lado dela ainda a encarando contemplativo. Ele estava sentado de lado com a cabeça apoiada na mão, o braço no encosto do sofá, e um pouco mais baixa que ele, bocejava.
— Pode ficar à vontade, querida. Eu já vou indo também.
— Maurinho... — sorriu e o encarou agradecida — Muito obrigada por isso! Foi muito legal e divertido conhecer a equipe do set, ouvir tudo o que vocês diziam sobre o drama, saber o quanto essa produção foi divertida, e perceber o carinho de todos com a minha história... Eu me senti muito grata, feliz e orgulhosa por todos.
Maurer sorriu e levou a mão carinhosamente ao rosto de , roçando as costas dos dedos na bochecha dela.
— Não precisa me agradecer. Você merece tudo isso. E o Chang também. Se não fossem vocês acreditando no próprio trabalho nada disso teria chegado até nós. Eu me senti absolutamente honrado de ter este trabalho no meu portfólio.
— Até parece, você já fez produções bem maiores!
— Mas essa foi diferente. Em tudo. — Ele comentou com a voz baixa, e então o olhou de novo, notando que havia a mesma intensidade ao olhá-la quando chegou — Eu quem devo te agradecer. E à Mayoree, também. Mas, isso é algo que já fiz.
— Você e ela tem uma relação de trabalho muito cúmplice, não é?
— Ela é a melhor na minha opinião, merecia ser mais respeitada e até mais reconhecida. A TGN dá o devido valor a ela, tem a Mayoree em alto escalão do time de diretores, mas... Num geral, ela é uma pessoa muito criticada na mídia. Não fez o nome dela da noite pro dia, e quando a gente investe pesado na nossa carreira, alguns sacrifícios devem ser feitos. Eu entendo ela. O casamento dela não sustentou o embate em ser uma grande diretora, sabe? A Mayo foi bem humilhada e tem criado a filha de modo solo. Claro que, tem todo um personagem dela como diretora no set, e ela é meio casca grossa de deixar a gente adentrar, sabe?
— Há quantos anos você a conhece? — perguntou mais interessada, virando-se de lado, ficando de frente pra ele e apoiando a cabeça nas próprias mãos como se elas fossem um travesseiro.
— Ah.... Acho que desde o começo da minha carreira! Eu me lembro de que ela foi diretora assistente em “O Amor de Sião”, que foi a minha primeira produção. Ela me falou um dia: “você vai ser um dos maiores atores desse país, e eu vou te escalar em todos os meus trabalhos”. E bem... Aqui estamos.
sorriu admirada pela história e os dois ficaram em silêncio de novo, mas Maurer tocou de novo o rosto dela fazendo carinho, e a escritora, cansada, mas também apreciando o gesto dele, fechou os olhos. Só não esperava o beijo delicado que veio a seguir. Quando sentiu os lábios quentes de Maurinho sobre os seus, e a mão dele dedilhando com cuidado a nuca dela, abriu os olhos surpresa, entretanto, não o afastou. Se permitiu ser beijada por ele, afinal, gostava do beijo, gostava do cheiro dele, gostava do toque e gostou do momento.
— Eu senti falta disso... — Maurer falou ao final do beijo.
— Eu não posso dizer que senti falta, mas posso garantir que é sempre muito gostoso... — Ela respondeu sincera passando o indicador nos lábios dele — Mas...
— Relaxa. — Maurer a interrompeu do que diria — Eu não estou te pedindo nada e nem esperando, darling. Eu só estou dizendo que gosto de ficar com você, gosto de sentir você, e senti sim, a falta dessa amiga colorida lindona que eu conheci na Coreia...
— Se você morasse na Coreia, talvez fosse um problema... Porque não vejo nada que me impediria de sanar estas ausências. — comentou risonha.
— Eu sei. Se eu estivesse lá, talvez você teria quebrado a minha imunidade à maldição da Mayoree. — Ele confessou dando de ombros e o encarou curiosa:
— Por que não namora? Você tem tudo pra isso!
— Não quero. Não há a pessoa que tenha me feito querer isso. Eu tenho pouco tempo também... Realmente eu tenho muitos negócios entre a minha carreira e os resorts que administro, fora a ilha de Phuket... Mayo não zoou quando disse que a ilha é praticamente minha. — Ele riu um pouco sem graça, e deu um selinho rápido em concluindo ao se afastar um pouco mais: — Fora que a mulher que eu até tentaria namorar certinho, mora na Coreia e já tem fãs demais!
— Do que está falando? — perguntou confusa e Maurer apenas sorriu ladino.
— Da verdade. Você tem admiradores. — não entendeu o que ele estava insinuando com a expressão em seu rosto, mas não aprofundou o assunto, porque Mario se levantou beijando a testa dela, e informando: — Não precisa me seguir até a porta, vá descansar. Tome um bom banho e aproveite a melhor suíte do hotel! Nos vemos amanhã!
assentiu agradecida, mas se levantou sim para abraçá-lo uma última vez.
— Ah! E eu imagino que tenha trazido um belo vestido daquele estilista que comentou comigo, mas tomei a liberdade de encomendar outros modelos pra você e o Chang também. Podem usá-los ou não, se quiser. De qualquer forma vocês têm dois eventos amanhã: o jantar com os donos da emissora, e a festa de encerramento. E se não quiserem, não se importem de não usar, mas as roupas são suas. Levem de volta pra Coreia quando forem!
— Você armou um monte de coisa, não é? — reclamou.
— Que a estadia de vocês no meu país, seja memorável!
— Tenho certeza que será, Maurinho! — A escritora o abraçou e depois de deixar um beijo no topo da cabeça dela, Maurer saiu sorridente. Ela o acompanhou até a porta do apartamento, e depois foi tomar banho.
Antes de dormir, viu que Chang já tinha subido e saía da suíte dele também de banho tomado.
— , vou apagar, tá? Estou exausto! — Chanyeol comentou encontrando ela no corredor.
— Eu também vou. — Ela foi até o amigo o abraçando apertadamente. Estava feliz e ele notou, soltando um riso abafado. — E amanhã você me conta tudo da super conversa interessante com a Anyarin!
— Aisshhh! Não começa! Vai dormir garota!
Chang saiu dando as costas e gargalhava voltando para o próprio quarto. Os dois não demoraram nada em apagar, de tão exaustos que estavam.
23.
e Chang foram acordados pelos telefonemas da recepção, cada um em sua suíte, informando-os de que já era meio-dia e o almoço deles seria servido às 13 horas e se queriam que fossem servidos no quarto ou no restaurante do hotel. Coicidentemente, os dois escolheram o apartamento. Levantaram-se ao mesmo tempo, e depois da higiente após despertarem, se encontraram no corredor que saía das suítes paralelas à sala comunal.
— Te ligaram no quarto também? — perguntou e Chang assentiu. — Vamos ao menos fazer um café, eu vi que tinha algumas coisas na cozinha ontem. Não dá pra começar o dia sem café.
— Viciada. — O amigo murmurou esfregando os cabelos e bocejando.
riu ao vê-lo despojado. Já tinha um bom tempo que ela não o via daquele jeito. A última vez que dormiu na casa dele, havia sido há alguns meses.
— Você avisou alguém da nossa chegada? O Hiro estava segundo ele, “parindo um filhote de gato” de tanta preocupação. — Chang comentou indo até a cafeteira, enquanto sentava-se à bancada do que seria uma cozinha estilo americana, mexendo no celular.
— Eu mandei mensagem agora de manhã para quem precisava mandar. Como estão as coisas por lá? Falei com ele, mas ele não comentou nada comigo.
— Ainda estão falando de você na internet, e por isso a ME está um pouco bagunçada. O setor de agenciamento não para de receber ligações de reportéres e estão encaminhando tudo pra minha sala, e aí já viu... Hiro e Eun Hee que estão responsáveis por nossos telefones, estão surtando. Precisamos conversar sobre isso, .
— Ai que droga viu! Isso que é ser famosa? — reclamou ela levando a mão à testa.
— É bem pior que isso, acredite. Mas, tomei a liberdade de dizer a eles que vamos conceder entrevistas quando voltarmos. De alguma forma, você terá que falar alguma coisa sobre isso, e bem... Precisa conversar com o Park sobre o ocorrido.
— É... Eu preciso, mas não queria ter essa conversa por telefone. Pensei em lidar com isso quando voltasse. Temos muita coisa pra fazer hoje! Queria ao menos manter a mente livre por estes dias.
— Assistiu a entrevista?
— Não! Entramos no avião e depois que chegamos, você viu... Tivemos aquela recepção toda.
Chang assentiu e pegou duas canecas servindo-as de café e apontou o celular que segurava em suas mãos, a indicando que visse logo.
Assim que terminou de assistir a entrevista do Jay, concluiu que, realmente não houve nada demais. Se não fosse a foto dela com a Jessie dando flagrante de que estava na festa do Gray, ninguém associaria nada. A culpa era toda do post no instagram.
— Eu não sei o que fazer, Chany. Quer dizer... Ficou bem claro que os rapazes falavam de mim depois que descobriram a foto com a Jessie no perfil do Okasian! Não vai adiantar eu mentir agora! — reclamou.
Chang bebeu um gole do café e depois mexeu a caneca assoprando-a. o encarava em expectativa de orientações e o chamou ao notar que era ignorada:
— Chang! Diz alguma coisa!
— Certeza? — perguntou e encarou-a sobre os óculos de seu rosto. revirou os olhos e então, o agente a encarou diretivo ao explanar: — E se era isso, exatamente o que ele queria?
— Está dizendo que o Jay fez de propósito?
— Não foi você quem me falou que, o Park apareceu na sua casa de surpresa quebrando seja lá o que for, do protocolo de vocês?
— Tá, mas isso é sério, Chany! O Jay não ia forçar um escândalo para assumir que estamos saindo!
— Não sei... — Chang deu de ombros — É você quem nunca quer envolvimentos sérios com seus parceiros, e são eles que se apaixonam quebrando a cara. Quem garante que ele não queria isso?
sentiu uma pontada de crítica sarcástica no comentário do melhor amigo que parecia, em momentos como aquele, não ter superado o fora dela.
— Chang, o Jay não faria isso. É imaturo!
— Ok, então só ligue para ele e veja o que vocês vão dizer à imprensa. Precisam contar a verdade ou combinar bem a história. Negar alguma coisa, realmente é o mesmo que chamar as pessoas de burras, seria problemático para sua imagem. Você não deve negar. E isso é mais do que um conselho, é uma orientação do seu empresário!
coçou o cabelo jogando-os para o lado, como fazia quando ficava estressada. Ela pegou a caneca de café e o celular e caminhou até a varanda do apartamento de cobertura. Era uma linda vista dali de cima. sentou-se em uma das espreguiçadeiras de lá, e discou o número de Park, levando apenas um pouco menos do que três minutos para ser atendida.
— ! — A voz do outro lado era animada, mas também ansiosa. — Baby, como você está?
— Jay... — murmurou soltando um muxoxo e na hora, Park soube que não era o melhor tom dela — A gente tem que resolver essa bagunça. Juro que não queria tratar disso por telefone e ainda mais hoje, mas, pelo menos uma prévia do que faremos é preciso ser conversada. A minha agência está uma loucura e como estamos viajando, meus subordinados é quem estão aguentando o estouro aí em Seoul! Como estão as coisas do seu lado?
— Não é algo que me afeta tanto, ... — mencionou ele com a voz séria, triste na verdade, por saber que gerou um estresse para ela — Esse tipo de rumor é algo que...
— Você está acostumado! — o cortou incisiva.
— Não. Não era o que diria. Esse tipo de rumor é algo que não dura muito tempo entre a minha base de fãs, ou sequer causa algum tipo de deturpação da minha imagem. As pessoas já entendem meu comportamento adulto de outra forma. O que está gerando tudo isso é que... Você é a novidade.
— A culpa é minha então? — Ela mencionou ultrajada sentindo que perderia a paciência, sem notar que estava interpretando as coisas de um jeito errado, um tanto movida pelas emoções estressantes — Eu que sou o problema? Qual é o lance? É o padrão? Porque até onde sei não é você a celebridade liberal que sai com estrangeiras e uma pá de mulheres, e ninguém se importa com isso? Então porque o problema sou eu, Jay? Desde quando sua vida amorosa escandaliza a Coreia?
— Baby, se acalma. — Ele pediu suspirando frustrado — Não estou dizendo que você é culpada de nada! Não é isso! É sobre você ser uma escritora que está ganhando fama por aqui e é um puta mulherão inteligente, então um cara como eu, ou melhor, com a imagem que eles tem de mim, não é o que esperavam de você. Mas tudo isso , é só a mídia filha da puta manipulando as coisas pra tentar provocar alguma reação sua e então pintar a sua imagem sob as artimanhas deles! Não tem nada de errado contigo, baby! Não é a minha imagem que estão tentando desvendar, é a sua. Foi isso o que eu quis dizer...
suspirou e mordeu o lábio. Respirou três vezes de novo, se controlando. Então voltou a raciocinar de modo mais calmo:
— Eu quero saber uma coisa Jay...
— Pode perguntar, honey... — Jay perguntou igualmente tenso como ela estava, jogado no sofá do apartamento dele enquanto a ouvia.
— Como está se sentindo com isso? Por acaso, era o que você queria?
Jay ficou mudo por uns segundos. Fechou os olhos massageando a têmpora esquerda, depois jogou a cabeça pra trás e pegou a almofada que estava ao lado dele e jogou em Okasian, que estava sentado com Gray na outra poltrona.
— Eu não me importo nada de sair dizendo pra quem for que estamos juntos , mas acredite, eu jamais tomaria uma decisão que é sobre nós dois, sozinho. Essa situação toda foi realmente um azar.
— Certo. Eu vou acreditar por hora. Acho que precisamos realmente conversar pessoalmente, mas no momento, temos que lidar com o problema de modo paleativo, que seja.
— Estou aberto a dizer o que você quiser, baby. Vamos fazer o que for melhor pra você, não quero te prejudicar em nada, sério!
— Tudo bem... — suspirou bebendo o café que havia repousado na mesinha ao lado da espreguiçadeira e depois de um breve silêncio, mencionou: — Não podemos negar, vai ser estúpido. A foto do Okasian e as indiretas entre você e o Gray, entregaram tudo. Mas, a gente pode falar que... Sei lá, se conheceu na festa do Gray? E que não rolou nada, mas identificamos interesses em comum...?
— Posso dizer que fiquei interessado em você, mas que não te chamei pra sair e nem estamos nos conhecendo ou algo do tipo, só que, temos amigos em comum. Por hora deve bastar.
— É, também acho que dá pra meter a Jessie nisso... Ela se dispôs a ajudar, e podemos dizer que é ela a amizade em comum, que tal?
— Não. A Jessie e eu somos brothers demais, vai ficar ainda mais na cara que ela fez ponte pra gente. E depois, que tipo de interesses vocês teriam em comum?
— Então o quê? Não é como se eu fosse próxima de ninguém da sua galerinha!
Jay sentiu que ela estava mais incomodada com aquilo do que ele gostaria de admitir.
— Seong! — Park falou pra ela, olhando ao amigo na sua frente que fazia sinal de positivo para ele aprovando a hipótese: — Não dá para dizer que conheceu ele naquele mesmo slam que eu também estava, mas como ele é meio metido a sensível, então dá pra dizer que vocês se conheceram em... — Gray apontou a mão como se folheasse um livro sibilando “manhwa” e então Jay entendeu — Já sei! Um evento de comics! O Seong lê e coleciona quadrinhos e HQS, e aí dá pra dizer que vocês se conheceram no...
— Festival Internacional de Quadrinhos de Buncheon! — respondeu o interrompendo achando a ideia boa. — É isso! Vou falar com o Chang e podemos soltar uma nota aqui, e você não faz nada. Caso ocorra de buscarem confirmação contigo, então você explica a mesma história.
— Vai colar, relaxa baby. Ninguém vai vir encher meu saco com nada disso. A mídia não liga para o que eu relato ou não, eles só me pintam como querem.
A voz de Jay também tinha uma pontada de chateação, não sabia dizer se era com ela ou com o ocorrido.
— Certo... Então eu vou te avisando... Você pode falar com o Gray? Avisa que eu agradeço e entro em contato com ele quando der, por favor. É que estou bem ocupada por aqui.
— Eu aviso, não se preocupe. Mas ... — Jay se afastou dos caras para falar com um pouco mais de privacidade — Você está legal? Está tudo certo com os preparativos por aí?
— Eu estou bem, baby... — Ela respondeu suavizando um pouco a voz, o que fez Jay soltar a tensão dos ombros — Tudo correndo bem por aqui, também. Ficamos muito cansados ontem, acordamos há pouco e já temos uma agenda cheia pro resto da tarde até a noite. Eu não devo entrar em contato por ligação de novo, apenas mensagem, ok?
— Ok! Só aproveite! Eu tenho um lugar favorito aí, quem sabe a gente não possa ir juntos um dia?
— Ah é? Que lugar?
— , a comida chegou! — Chang gritou de dentro do apartamento para ela.
— Phuket, é uma ilha linda! Mas, vai lá, eu ouvi o Chang te chamar. Se cuida, gostosa.
— Ah... — ficou um pouco surpresa com a coincidência, já que Phuket era justamente o lugar para onde ela iria, mas logo se despediu: — Beijo Park, se cuide também. Até depois.
mordeu os lábios, preocupada se a ideia daria certo enquanto encarava o celular em mãos. Depois que entrou, informou tudo ao Chang que logo após o almoço deles já prepararia a nota oficial para as redes dela, e encaminharia o mesmo texto para a agência.
[xxx]
O jantar aconteceu no Wat Arun, porém, achou que o Wat Arun mencionado era a atração turística, o templo famosíssimo de Bangkok, entretanto era um enorme prédio chique de mesmo nome e em frente ao templo. De onde ocorria o jantar, eles já poderiam ver o templo de frente, e quando subissem à cobertura para a festa estariam alinhados ao topo do mesmo. Foi um jantar tranquilo com os magnatas diretores, principais acionistas e donos não só da produtora que prestava serviço para a TGN, como o próprio presidente da TGN.
decidiu que iria vestida com o presente do Maurer para o jantar, apenas para prestigiá-lo, já que dentre os atores, ele era o único que estaria naquele compromisso social, assim como Mayoree, Chang e . Apesar de nervosa com a cerimônia, rapidamente percebeu que estava tudo entre pessoas de mesmo interesse naquele jantar da alta. E notou também o grande salto da sua carreira. Não é que ela achasse que o sucesso na Tailândia fosse menor dentre os territórios asiáticos, tampouco, que tudo o que ouviu sobre seu drama desde que chegara ali, tivesse sido “exagero”. Contudo, o sucesso que ela imaginou não chegara mesmo a um terço da realidade, e apenas diante de todos aqueles figurões parabenizando-a e tentando negociar com Chanyeol para que passasse a incorporar um quadro efetivo e exclusivo de escritores de elite da TGN & Produções, foi que ela notou a grandiosidade alcançada. Chang, ao contrário dela, não parecia nem um pouco surpreso ou sem graça com a maneira como se portar diante ao diálogo negociativo que pegou-a de surpresa. A escritora também descobriu porque a Mayoree e o Mario eram tão requisitados, cada um em suas funções. Eles estavam dentro daquele corpo do alto escalão do audiovisual nacional, do qual os grandes investidores lhe faziam tentar entrar também.
No fim do jantar, todos se despediram cordialmente, com simpatia e satisfação, apesar de não ter sido fechado nenhum tipo de acordo ou contrato por hora, pois, segundo Chang “os termos apresentados precisariam ser analisados e talvez rediscutidos no futuro, para então decidirem algo”. Algumas das pessoas ali presentes também iriam ao Edifício Wat Arun (EWA), para a tão esperada festa de encerramento do drama na emissora. E de novo, depois que saiu acompanhada de Chang, Maurer, Mayoree, e dois diretores da TGN & Produções, a escritora notou que os degraus que subira eram ainda mais altos do que pensava. Não era a explosão colossal que esperava em sua carreira de roteirista de dramas na Coreia, mas foi a explosão colossal na Tailândia. E conforme Chanyeol lhe disse enquanto estavam à caminho do evento: “todo este efeito atômico por aqui, vai ressoar em Seoul como uma bomba de escala positiva”.
trocou de vestido no próprio prédio em que estava, no toilet um andar acima de onde ocorreu o jantar privativo, pois, após ter solicitado aquele modelo estilístico de Lie Sang Bon, um vestido tão lindo e exclusivo preparado com meses de antecedência, não poderia deixá-lo na mala. Por isso, aproveitou-se do assistente de Mario Maurer que encaminhou de volta ao hotel, a peça anterior que foi presente de seu chefe.
— Obrigada Maurinho por solicitar essa ajuda com a troca de figurino ao seu assistente. — Ela informou enquanto subiam o elevador para o topo do EWA.
— Imagine! Linda como você é, tem mesmo que desfilar todos os modelos por aí. Além do mais, é muito atencioso da sua parte prestigiar o meu presente mesmo que já tivesse um Sang Bong.
— Eu não quis deixar de prestigiar o trabalho lindo do estilista escolhido por você também. — Ela sorriu e Maurer ficou silencioso a observando admirado.
O silêncio entre os dois não era constrangedor para eles, mas para Mayoree...
— Tenham consciência! — A diretora falou estalando o dedo polegar diante deles e ordenou: — Vocês devem ficar um pouco distantes lá dentro! Isso, claro, se não pretendem assumir um romance publicamente. Nem falo por você querida... — disse para com um sorriso e, encarou ao ator como uma mãe que bronqueia: — Mas falo por você que precisa de um babador diante dela! Por Deus, Maurer! Quem te ver com essa cara de bobo vai garantir manchetes!
— Nada contra se vocês querem viver um romance esporádico... — Chang interviu — uma amizade colorida ou seja lá como chamarem, mas concordo com a Mayoree que precisam ser mais discretos. As coisas já não estão calmas com o seu nome em Seoul, ... E o Mario... Bem, é uma estrela assediada por aqui, então, ao menos vamos manter os burburinhos com seu nome por aqui na esfera profissional, sim?
— O que houve em Seoul? Por que as coisas estão confusas para você por lá? — Maurer perguntou surpreso, e Mayoree curiosa também se manifestou:
— Conte depois se a história for grande, chegamos ao andar do evento.
— Rumores românticos com certo rapper... — Chang comentou por alto, Mayoree assentiu saindo e o agente seguiu a diretora.
e Maurer ficaram no elevador ainda se olhando depois da soltada brusca de fofoca do agente. A escritora não estava culpada e nem sentia-se errada por nada, mas a expressão de surpresa de Maurinho a deixou curiosa por instantes.
— Surpreso? — Ela perguntou ao ator.
— Eu não esperava que ele fosse um rapper...
— Como assim?
Maurer logo sorriu de canto, acariciou a bochecha dela e falou baixinho antes de sair:
— Mas não estou surpreso é claro... Eu te disse que você tem muitos admiradores... — mencionou e deu o braço para ela entrelaçar ao dele saindo do elevador.
— Tem certeza? Chegar de braços dados com você acho que é o tipo de indiscrição que os dois guarda-costas acabaram de pedir para não termos.
— Tem razão... Sendo assim, vá na frente. Entre com eles, e eu chego na festa um pouco depois.
sorriu agradecida pela gentileza do amigo, e beijou o rosto dele ao notar que estavam sós no corredor.
— Não é como se eu não fosse ter sua companhia integral de novo em algumas horas... — Maurinho sussurrou perto da orelha dela quando a mulher beijou-lhe a face.
Ela sorriu simples e deu as costas para Maurer. Ao virar o corredor do andar, deu de cara com uma enorme porta de salão aberto e Mayoree e Chang a aguardando na entrada, onde também estavam alguns fotógrafos oficiais do evento.
[xxx]
A vista da cobertura do edifício era magnífica! Estavam tão alto e a lua cheia era tão grande que parecia poder ser alcançada com as mãos facilmente. Chang e deram um olhar 360 graus em torno da extensão de todo o ambiente, onde celebridades, empresários, elite e importantes figuras do cenário de entretenimento e sociedade tailandesa encontravam-se entre sorrisos, drinques e roupas chiques.
— Este é mesmo um evento apenas sobre “Garota Ocidental”, Chany? — perguntou sussurrando, um tanto emocionada para o agente.
— Parabéns minha querida, esse é só o seu começo. Eu não vou descansar até cumprir minha promessa. — O amigo sorriu para ela erguendo de modo sutil a taça de champagne que acabara de pegar para ambos, convidando-a a dedicar um brinde com ele.
— Tampouco eu deixarei de cumprir a minha a você, Chany. Obrigada por ser parte importante disso tudo ao meu lado.
Havia mais do que uma parceria de trabalho naquele momento entre os dois. Era uma cumplicidade e uma amizade leal de duas pessoas que sonharam muitos planos juntos e começaram do zero aquele projeto audacioso, que agora os demonstrava suas primeiras colheitas frondosas.
Na festa, tornou-se de fato, a atração como já imaginava que seria. A mídia da Tailândia compareceu avidamente para registrar o evento, registrar a presença da autora, e não só pelo trabalho dela, mas principalmente por seu envolvimento com Mario Maurer que já era conhecido desde que o ator estivera em Seoul. Afinal, Maurinho não escondeu seus posts. Porém, diferente do que os jornalistas imaginavam, o casal manifestou-se publicamente apenas como amigos e não negaram que tiveram um rápido romance meses atrás, e que não eram nada mais do que bons amigos na atualidade. Ao contrário do que temiam e Chang, não foi direcionada a ela nenhuma pergunta sobre os rumores que circulavam em Seoul sobre ela e Jay. O foco estava todo em desvendar que aproximação teria a escritora com seu ator protagonista do drama. A declaração dos dois, juntamente ao comportamento amigável, distante e respeitoso que demonstraram entre si perante todo o público e câmeras do evento, bastou para que o rumor daquele pseudo-romance não tivesse mais força do que o próprio sucesso do drama. Era como Chang a dissera: “se der menos importância à fofoca do que eles, ela perde a força”.
Após a festa, partiu com Chang de volta ao hotel, embora apenas tivesse ido buscar suas coisas e despistar a imprensa.
— Certeza que não vai comigo, Chany?
— , eu sei bem que intenções o Maurer tem e não serei eu quem irá até a mansão dele ficar de vela.
— Oras, mas que bobagem! E quem te disse que vou ficar com ele?
— Pra cima de mim?
Chang riu terminando de afrouxar a gravata enquanto entravam no flat do hotel, e segurou a peça desfazendo o nó, e manhosa pediu:
— Por favor, Chany! Você não tem nada pra fazer aqui sozinho!
— Deixa para a próxima, eu te espero no aeroporto para tomarmos o voo de volta! — Ele sorriu afastando a amiga depois de beijar o rosto dela, e evitar o contato visual.
Chanyeol evitando o contato visual dela só significava uma coisa: ele estava escondendo algo.
— Seu mentiroso! — o acusou — Você tem planos ou está me escondendo algo!
— Ok... — Chang pigarreou e sem graça suspirou ao retornar da “cozinha” do flat com um copo de água: — Eu tenho planos.
— Quem é ela? E por que não me contou!?
— Bem, digamos que eu não imaginei que aconteceria um convite quando chegasse aqui... Eu te conto tudo na volta!
— Sabia! É a Anyarin, não é?
Chang sorriu e assentiu, recebendo um gritinho alegre da amiga e uma tentativa falha de enchê-lo de cócegas, mas como sempre falhando. Chany pegou a amiga a colocando em suas costas e correu com ela para a suíte da mesma, protestando:
— Para de ser fofoqueira e vai logo se arrumar pra ir conhecer a tão esperada ilha! O Maurer não deve demorar para surgir aí no hotel e te sequestrar.
se arrumou e por volta das três e meia da madrugada, ela estava entrando no carro de Maurer com parte de sua bagagem, já que Chang levaria o restante para o aeroporto onde se reencontrariam dali um dia. Maurinho dirigiu até um aeroporto particular e logo os dois entraram no jato do ator rumo à ilha. Naquele instante, tivera certeza de que Mario Maurer não era apenas um ator comum. De fato, o homem construía riquezas.
Eles chegaram em Phuket por volta das cinco da manhã e sequer precisaram de mais viagens, pois, o jatinho de Maurer pousou no aeroporto particular de sua propriedade na ilha. Um funcionário o aguardava com um de seus carros, onde o ator pegou as chaves e dirigiu até sua mansão. Do aeroporto até a casa de Maurer foram quinze minutos. Assim que chegaram, funcionárias os receberam levando suas coisas para dentro e uma governanta avisou que o café da manhã estava preparado como ele pedira.
A escritora entrou na mansão que ficava no topo de uma pedra grande, entre a mata e a praia. Viu a floresta densa atrás da mansão, e a praia de frente para a varanda principal da mansão e ali do alto era como sentir-se escondida no paraíso. Maurinho avançou à varanda, onde a mesa do café estava posta e abraçou por trás, que estava escorada no cercado de vidro da varanda observando a praia e apontou para ela o lado aonde ficava o seu resort. Há alguns metros da praia, um pouco distante da propriedade particular dele, depois de um píer e onde muitos coqueiros podiam ser vistos, exibia-se a construção beira-mar do que era o resort de Maurinho.
— Uau! — sorriu entrelaçando os dedos de sua mão, à mão dele que estava sobre seu ombro em um abraço ladino — Isso é realmente o paraíso!
— Então não deixe de olhar a linha do horizonte. — Ele falou sorridente para ela apontando o Sol nascendo tímido sobre a linha do mar — Vamos tomar café da manhã enquanto apreciamos esse nascer do Sol!
Os dois sentaram-se à mesa posta na varanda e sentiu que aquele era seu novo lugar favorito no mundo!
— Estou apaixonada, Maurinho!
— Por Phuket, ou isso é uma confissão? — Zombou o amigo.
— Eu estou falando da ilha, embora... — pensou em Taehyung e deixou a frase morrer. Sequer sabia o motivo pelo qual o rapaz viera em sua mente naquele momento.
— Embora...? — Maurer a encorajou, deixando de comer para dar atenção e olhá-la fixamente. — Tem a ver com o tal rapper?
— Aish... — murmurou sacudindo a cabeça de um lado para o outro, olhando toda a vista linda à sua volta e murmurando: — Eu nem sei porque estou pensando em como seria legal visitar esse lugar com ele...
— Então é sobre o rapper? — Maurer perguntou com o cenho franzido, entendendo que falava de alguém que não era ele, mas também não sabia se era o suposto affair coreano dela.
— Não. É outra pessoa... — Ela suspirou e riu sarcástica: — Eu devo estar alucinando de tanto beber aquele drinque colorido na festa! Afinal, que ideia! Nem tenho motivo pra estar tão envolvida por ele... Que...
murmurou e logo silenciou. Maurer a analisava em silêncio, e ela, olhando a linha do horizonte declarou:
— Eu não sei porquê, mas esse lugar é a cara do Tae. Acho que é por isso que eu me lembrei dele... Ou estou mesmo ficando louca.
— Que tal me contar tudo do começo? Eu estou curioso para saber quem é esse que está tirando sua atenção de mim em um momento como este, e quem é o tal que te envolveu em um escândalo e se são a mesma pessoa ou não. — O amigo falou de modo calmo.
— Ai desculpa! — caiu em si da gafe que cometia em falar e pensar em Taehyung sendo que o amigo sequer fazia ideia de quem fosse — Era pra eu estar curtindo nosso café da manhã com você ao invés de ficar falando de outra pessoa!
— ... — Maurinho pegou a mão dela sobre a mesa e beijou os dedos da escritora e sorrindo confessou: — Eu não ligo se quiser falar dos seus casos comigo. Nós dois vivemos algo muito bom, apesar de breve, e claro que eu adoraria continuar, mas eu não me importo se você quiser ficar comigo enquanto está aqui ou se quiser separar as coisas e ser apenas uma amiga. Então, não fica achando que eu te convidei para cá, apenas para ser sobre nós dois, tá? Pode falar comigo sobre o que quiser.
— Você é incrível Mario. — falou beijando a mão do amigo de volta — É mesmo uma pena que nossa química seja tão boa, mas seja apenas isso.
— Achei que o problema eram nossas vidas e compromissos distantes, e não o sentimentalismo. — Maurinho zombou risonho.
— Isso também, é claro.
— Ok! Termine de tomar seu café e me conte tudo sobre esse carinha!
suspirou e retomou o olhar para a linha do horizonte, virou o café em sua xícara e em seguida pegou o iogurte que havia sobre a mesa, já fazendo sua habitual taça de salada matinal, com as frutas picadas que também estavam ali enquanto contava tudo desde o começo para Maurer.
Depois que falou para o amigo sobre como e quando conheceu Tae, do quanto ele mexia com a imaginação dela, e do quanto ela pressentia com ele uma história de amor que sequer poderia explicar de onde vinha, ela também contou que estava começando a estranhar aquela conexão que sentia por um cara que claramente ela nem havia beijado!
— Agora as coisas fazem sentido... — Maurer sorriu.
— Do que está falando?
— Ele não tirava os olhos de você naquele programa, e eu percebi que andou me observando quando estávamos juntos. O garoto do BTS vinha assistindo os meus stories apesar de não me seguir no instagram.
— Ele stalkeou você? — perguntou confusa e Maurinho riu explicando:
— Eu imaginei que isso aconteceria no mesmo dia em que te chamei para sair no final do programa. Ele não sabe disfarçar, estava bem curioso a seu respeito. Mas é estranho que ele não tenha feito nada. Por que?
também contou das confusões geradas entre ela e Yoongi que levaram Taehyung a se afastar, e do seu envolvimento com Park que para ela era só uma diversão gostosa e consensual, e do que gerou a fofoca antes de sua viagem. Maurinho escutou tudo e àquela altura, o Sol já estava inteiramente no céu e os dois haviam terminado de comer, quando ele começou a trazer suas leituras sobre o cenário:
— Primeiramente, acho que foi ótimo você ter vindo passar esse dia aqui comigo. Phuket vai te ajudar a se concentrar só em você, . A ilha é um lugar ótimo para um retiro...
— Pena que não terei tanto tempo assim...
— Mas o pouco que ficar aqui, vai ser especial. Deixa comigo! — Ele prometeu piscando pra amiga e sorridente continuou dizendo: — Em segundo, o Jay Park é um dos hóspedes VIPS do resort, então eu o conheço. Embora não sejamos próximos, mas sei bem como ele é... E realmente é um cara diferente do que dizem. É tranquilo, focado no trabalho dele, geralmente vem para cá se isolar e descansar, gosta de aproveitar e curtir a vida inteiramente, mas não acho que seja esse tipo de canalha que o Chang e Yoongi te pintaram. O cara é mulherengo? Talvez seja. Mas, você disse que entre vocês há uma relação madura de diálogo, não é? Então, não acho que precise se preocupar com essa fofoca da mídia. Talvez, ele esteja certo e o apelo no momento seja por sua causa e não dele, afinal, você viu como foi o evento ontem não é? Seu nome está ecoando, , essas coisas poderão acontecer mais vezes com qualquer pessoa que seja envolvida a você.
— Tem razão! Depois de ontem, percebi que esses rumores podem acontecer até com o próprio Yoongi se nós não tivermos cuidado. O Chang acha que o resultado de ontem vai reverberar na Coreia.
— Não tenha dúvida disso! A indústria do entretenimento asiático está sempre de olho uns nos outros. E se tratando de BTS... Sugiro que tenha mesmo cuidado, porque isso com o Jay Park não é nada comparado ao que seria se fosse um daqueles caras. Eles estão bem populares, e eu acho que não vai parar por aí.
— Você diz isso porque conhece o trabalho deles ou porque sabe de alguma coisa?
— Como eu disse, os figurões estão sempre atentos e o grupo deles é uma grande promessa da Ásia. A empresa deles tem interesse em explorar essa popularidade atual a nível mundial. Eu não acho que a BigHit vai querer deixá-los em um frasquinho coreano. E como grandes artistas que sei que eles são, acredito que os garotos também vão desejar estourar a bolha.
— Não me resta dúvida do motivo pelo qual você estava entre os figurões ontem e porque você é tão cotado por aqui ao te ouvir falar assim.
— Digamos que eu tenho meus interesses na indústria para além de ser um ator dentro dela... — Maurer sorriu piscando para a amiga. — E sobre o Taehyung...
— Me diz que eu tô louca, por favor, Maurinho? — A amiga disse em tom de manha. — Eu estou doida de me apaixonar por ele não estou?
— , paixão, amor, não tem explicação. Uma é algo físico, outro é algo cósmico. Acho que você está sim apaixonada por ele, e alimentando uma esperança de que algo físico se torne uma conexão maior. E o fato de você ainda não ter vivido nada com ele só aumenta essa sua expectativa aventureira.
— Expectativa aventureira? — Ela indagou e viu o semblante prático com um sorriso esperto do amigo soando-lhe como a ficha que não cairia em sua cabeça sozinha, então ela exclamou: — Maurinho... Sabe que faz sentido?! Total! É isso! Eu estou com fixação na ideia de viver uma aventura romântica com o Taehyung!
— É o que eu acho. Você é uma romântica, . Mas, não gosta de se prender no que é inseguro, então não vê problemas em se aventurar de forma madura como faz com o Park. Porém, não podemos negar que há algo nesse Taehyung que mexe com você e mistura esses seus impulsos de romance, paixão e defesa.
— Você vai cobrar caro pela consulta, Dr. Maurer? — A escritora zombou pelo modo quase “psicólogo” que havia na forma de falar do amigo.
— Pra você vai sair barato, basta me deixar te permitir relaxar enquanto estiver aqui... — Maurer confirmou.
— Eu deixo, claro que deixo! — Ela sorriu e se levantou da cadeira que estava sentada indo até ele, que também estava sentado na cadeira dele e sorria a observando curioso. se abaixou o abraçando pelas costas e beijando o rosto de Mario agradeceu: — Vai ser bom colocar a mente no lugar aqui, obrigada por me proporcionar esse descanso, Maurinho.
— Não vai descansar demais, temos que aproveitar! — Ele disse beijando o braço dela que estava envolto em seu pescoço e logo afastou-a para ele ficar de pé, e puxou para um abraço a fazendo o encarar ao dizer para ela: — A verdade é que você só vai entender que sentimentos têm pelo Taehyung quando vocês dois tentarem viver alguma coisa. Enquanto ficar nesse morde e assopra, tudo não passa da imaginação rodeada de diversos “e se?”. Tente dar um intimato nele! Não é possível que ele vai deixar passar uma mulher como você! Burro eu sei que ele não é!
— Ai Maurinho, só você... — riu com o jeito como o amigo falou — Eu não acho que ele seja burro. Na verdade estou em dúvida entre o gênio ou o covarde.
— Gênio?
— Ele está conseguindo me manter presa a ideia de homem difícil dele, não é?
— Hm... É verdade, mas até o charme tem limite. E você está chegando no seu, não é? Sem falar que não é como se você não fosse cheia de opções.
assentiu e logo um funcionária se aproximou perguntando se poderia retirar a mesa e o que deveria servir de almoço. Maurer deu instruções devidas e os dois não demoraram a curtir a visita de à ilha. Maurinho mostrou a ela o vilarejo, o resort, as praias, inclusive, levou à praia de naturalismo. Uma experiência que ela jamais imaginou que viveria, mas achou fantástica! O que seus amigos coreanos diriam quando ela contasse que praticou o tal “naturalismo” andando peladona ao lado de Maurer em uma praia e que não eram os únicos?
Além dos passeios turísticos, Maurer estava certo quando disse que Phuket era uma boa forma de realizar um retiro. Na última noite dela na Tailândia, depois de passear e aproveitar a presença do amigo de uma forma tão gostosa e cúmplice, pôde passar um tempo a sós com os próprios pensamentos enquanto caminhava na praia. Maurinho havia ficado na mansão, observando-a da varanda e pensando o quanto ela era uma mulher incrível e merecia ser feliz. Ele mentiria se dissesse que não havia se apaixonado por ela meses atrás, — daquele modo instantâneo, tipo “crush de viagem” — quando os dois estavam em um caso romântico. No entanto era só uma paixão. Era química e admiração. Não era amor. Depois da conversa franca que ela tivera com ele lhe contando sobre a sua vida na Coreia, Maurer percebeu que era sensível e buscava sim, o tipo de romance que a própria escrevia. Contudo, era uma mulher pé no chão o suficiente para acreditar em promessas vazias e por isso, a falta de atitude do tal Taehyung doía tanto nela. Ela não acreditava nas palavras mais do que nas ações, e quando conversaram sobre aquilo àquela tarde a resposta que ela lhe deu, fazia absoluto sentido. Maurer observava a amiga caminhando na praia entre as tochas das lareiras fincadas na areia e concentrada em olhar o mar enegrecido pela noite refletindo apenas o brilho da lua, e torceu para que ao retornar para Seoul, estivesse mais tranquila e descansada. E claro, que as fofocas com o nome da amiga não tirassem o foco dela na própria carreira que ela vinha cumprindo tão bem há tanto tempo.
Lá na areia, sentia a maresia do mar sendo trazida pelo vento da noite, batendo em suas narinas e pele de um modo tão nostálgico quanto poderia descrever. O mar, tinha para ela, cheiro de casa. Cheiro da família e de parte da sua vida no Brasil, uma parte que ela sentia muito carinho e saudade. Quando já havia dado uma longa caminhada ao longo da extensão da praia, ela retornou e sentou-se na areia entre dois postes das lanternas de querosene. Já estava de frente para a mansão, então olhou para trás e avistou a figura de Maurinho na varanda a olhando. Sorriu e embora tivesse amado a companhia do amigo, ainda queria mais um tempinho sozinha. Então olhou para o mar de novo, e pensou em todas as conversas tidas com ele até ali. Maurer era um homem e tanto! Tão livre, tão certo, tão seguro, tão focado, tão talentoso, tão... Tudo! Ele era uma daquelas pessoas de ouro na vida de quem quer que o tivesse. Maurinho era tranquilo, era uma pessoa calma, mas que se entregava com intensidade no que fosse: da amizade aos relacionamentos. Do trabalho ao lazer. E soubera desde que eles ficaram juntos na Coreia, que aquela seria uma amizade longa e quiçá eterna, se assim os dois quisessem. Sem a menor dúvida, Phuket era o novo lugar preferido de , não só por toda a beleza paradísiaca local, quanto pelas experiências adoráveis que ela vivenciou naquele curto tempo ali com o amigo.
Além disso, a ilha a proporcionou reflexões próprias. E suspirosa, ela recordou-se do momento em que Taehyung lhe surgiu à mente quando ela, ali chegou.
Por que a ilha fazia ela sentir a presença dele? Por que quando se viu na casa de Maurer a primeira pessoa a lhe vir na mente foi o Taehyung? Por que enquanto caminhava na praia, ela só conseguia pensar em como seria caminhar ali com ele? Por que ela só pensava cada vez mais no que não viveu com o rapaz? Que esperança e necessidade de aproximação estranha era aquela que sentia por ele? Por que os boatos com Jay a incomodavam tanto se eles estavam vivendo algo tão tranquilo e certo? O conforto de uma boa relação com Park não deveria ser mais desejada e “adequada” do que a instabilidade de um “não saber o quê” com o Taehyung? Que tipo de mulher inteligente, bem resolvida e madura escolheria incertezas imaginárias do que as certezas declaradas? Se tivesse que escolher entre a emoção cega e o conforto de saber no que pisa, o que ela escolheria?
Tudo aquilo lhe fazia repensar as palavras de Maurinho mais cedo para ela: “Você é uma romântica, . Mas, não gosta de se prender no que é inseguro, então não vê problemas em se aventurar de forma madura como faz com o Park. Porém, há algo nesse Taehyung que mexe com você e mistura esses seus impulsos de romance, paixão e defesa”. Será que era aquilo? Uma aventura romântica, que ela esperava viver com Tae? Seria por isso que ele não saía da sua cabeça? Na busca por tentar compreender aqueles sentimentos, ela esbarrou em outro momento de seu diálogo com Maurer ao longo da tarde daquele dia de estadia:
— Você não acha engraçado que, quando se trata de amor você escolhe não acreditar em conto de fadas, embora esteja vivendo um?
— Eu? — riu terminando de beber a água de coco que haviam comprado enquanto caminhavam no vilarejo — Vivendo um conto de fadas, Maurinho? Baseado em quê?
— , olha pra sua vida! Você é um sucesso dentre os novos nomes de mulheres roteiristas da atualidade aqui na Ásia. Uma grande promessa! Ainda não entendeu a magnitude disso?
— Mas, isso não é conto de fadas...
— Você parece ter saído de um filme clichê, . Admita. Saiu do seu país na América Latina, chegou na Coreia, lançou um mangá que te trilhou caminhos de sucesso até aqui, conheceu os seus ídolos da música coreana, se envolveu com alguns deles, viajou para outro país onde seu nome é uma promessa... Isso não é como um conto de fadas?
— E o trabalho? — Ela falou séria, embora sorrisse amigável para Maurer: — Nada aconteceu magicamente, Maurinho. E tudo o que eu deixei para trás? E tudo o que eu investi até aqui? E tudo o que eu tive que passar para conseguir um mísera oportunidade? Pode ser que as pessoas certas que surgiram no meu caminho, como o Chang, tenham sido golpes de sorte ou boas artimanhas de uma fada madrinha do destino... Mas... O mérito de cada escolha bem ou malfeita é meu.
— Tem razão. Eu não quis invalidar seu esforço, me desulpe. Eu só estava tentando demonstrar a metáfora de que... Tudo isso poderia ser uma história de livro, e você está vivendo na realidade. Então, porque ser tão “realista” quando se trata de romance? Você escreve romances mágicos que entretem suas leitoras e leitores, e agora... telespectadores, mas... Lida de um jeito um tanto prático e pouco fantasioso com seu próprio romance.
— Você está falando isso pelo modo como eu agi com você? Ou se trata do que eu te contei que há entre o Park e eu?
— Os dois... — Maurer disse parando em uma das barracas da vila por onde caminhavam e puxando um vestido artesanal de fio de seda tailandesa, o colocando na frente do corpo da amiga — Vai ficar lindo em você. Vamos levar. — Maurer comprava a peça da artesã conterrânea que não parava de dizer a ele como era bonita a moça ao lado e tentar vendê-lo mais coisas, que ele acabou comprando.
— Você vai gastar todo o seu dinheiro em cada barraquinha que a gente parar, Maurinho? Eu não quero ter que pagar peso extra de bagagem, aliás.
— É que eu não consegui dizer “não” para ela. São só uns artesanatos pequenos, nem vão dar volume, vai!
riu observando que realmente, os brincos, colares, aneis, pulseiras, tiaras, vestidos, lenços, e pequenos souvenirs que eles vinham comprando entre as barracas eram pequenos, mas certamente juntando com os presentes que ela estava levando para os amigos, dariam uma mala extra!
— Pode me explicar melhor o que quis dizer? — Ela retomou o assunto com o amigo.
— Você deixou tudo muito bem esclarecido comigo, e fez o mesmo com o Park. Como se deixar-se levar por qualquer emoção ou conto de fadas fosse errado. Ou como se estivesse guardando o espaço da loucura em seu coração para alguém.
— Bem, é só que... Você e o Jay foram bem francos em suas expectativas. O que nos uniu foi um desejo físico, uma paixão curiosa e só.
— Justamente. — Maurer parou de caminhar a fazendo parar e prestar a atenção nele, enquanto a encarava fixamente analisando-a: — Foi “só” porque você quis assim. Ao menos comigo, em nenhum momento você deixou rolar. Apesar de usar esse discurso.
— Como assim? Achei que tinhamos nos entendido bem quanto ao não criar expectativas vazias. Que sermos diretos um com o outro era o melhor.
— E era. Mas, não é exatamente isso o curioso? Você não se jogou . Não se jogou comigo, e não se joga com o Park pelo que me disse. É como se estabelecer os limites fosse importante pra evitar a frustração, mas você não percebe o quanto isso também é determinante para, até onde pode-se chegar com você.
— Maurinho... Espera... O que você está dizendo? Tem alguma coisa que eu tenha feito que o chateou?
— Não, ... — Ele riu e soltou uma das bolsas na outra mão e puxou a mulher em um meio abraço, risonho. tinha a testa vincada em confusão e ele tocou o meio da testa dela com o polegar depois de se afastarem, como se tentasse suavizar aquele semblante de dúvida enquanto a explicava: — Eu só estou querendo dizer que é curioso e engraçado o quanto você é racional e pé no chão com seus amores, ao invés de ser destas pessoas intensas que só pensa depois no que vai fazer ou viver, como as personagens que você escreve. Entre a escritora romântica e a mulher romântica há uma confusão. Não é a toa que você espera que o Taehyung aja como um dos seus personagens que só se joga no desejo do que sente, porém não perceba o quanto é cautelosa quando se trata das suas próprias ações.
ficou parada observando o nada tentanto ponderar o que o amigo havia dito. Tentando saber se entendia o que ele dizia, ou se Maurer havia dito algo sem sentido para ela.
— Eu só não entendi uma coisa... — Maurer voltou a falar depois de soltar aquela percepção sobre ela. — Se você está se jogando no Taehyung como esperava que ele fizesse de volta, por que se envolveu com o Park se refreando desse jeito? O rumor do namoro com o cara que está indo numa boa te incomoda mais do que o possível desinteresse de Taehyung. É como se você não acreditasse que o romance tão esclarecido que você tem com o Park fosse dar em algo de verdade, enquanto ao contrário, “o nada” que você vive com o Taehyung fosse ser o seu maior amor do futuro. Mas, nesse seu enredo, o Tae é o personagem misterioso enquanto o Jay Park é aquele que declara o que sente abertamente, mesmo quando não fala. Percebe o que eu quero dizer?
— Olha, em minha defesa... Eu não sei se te entendi, mas... Se trata de responsabilidade afetiva com o outro sabe? E comigo também. Mas, não sei se faz sentido isso que você diz sobre eu esperar que o Tae se jogue... É só que... Sei lá, parece que tem uma força que nos empurra um para o outro, e ao mesmo tempo nos impede de nos alcançar e isso mexe comigo. Me confunde!
Os dois já haviam voltado a passear e chegaram ao restaurante onde iriam almoçar. Então, enquanto se acomodavam na mesa e faziam o pedido, pensou um pouco rapidamente sobre aquilo que ele disse. E respondeu ao Maurer como se fizesse algum sentido:
— Sei lá. Eu não sei se compreendi os personagens ainda, ou se não entendi direito o que a protagonista desse enredo realmente iria querer. O que eu sei, Maurer, é que quando se trata de palavras, dizer é sempre mais fácil.
— Como assim? — ele perguntou ansioso, sem deixá-la terminar.
— As palavras são para mim, uma grande arma. Qualquer um que souber manipulá-las bem, tem qualquer jogo na mão. Por isso, eu nunca acreditei nas palavras que me dizem. Eu acredito nas ações. O que uma pessoa faz por você é muito mais sincero do que, o quê ela diz a você. Talvez seja porque eu escreva e saiba bem como criar qualquer sentimento baseado no meu jogo de palavras, e isso é um tanto perigoso, sabe? Isso nos dá poder de manipular as pessoas, suas mentes ou sentimentos. Não seria um tanto burro que uma escritora confiasse nas palavras de outras pessoas?
Maurinho não a contestou. Ele não soube o que dizer diante daquilo. Embora tenha dito algo:
— Eu não sei se compreendo o que você quer dizer, mas eu entendi que quando se trata de gestos eles são mais palpáveis que palavras. Então, acho que tenho uma certa noção do que você diz e concordo.
Os dois sorriram um para o outro e mudaram de assunto falando sobre a ilha, sobre as artes vistas, sobre as compras, e os próximos programas que fariam.
O pio de uma ave noturna perdida na praia ecoou cortando a vastidão daquele silêncio, atravessando os pensamentos de que, como em um despertar se distanciou das memórias daquele passeio e conversa com o amigo. Ela notou que estava esfriando mais e se levantou da areia, retomando a caminhada de volta para a mansão, ouvindo o sussurro das ondas do mar como se fossem seus próprios pensamentos. Olhou para cima e ainda viu que Maurinho a observava de pé escorado na vidraça da varanda. Ela acenou para ele e sorriu.
Enquanto subia, ainda martelava em sua mente uma coisa: havia dito para ele que gestos eram mais importantes do que as palavras. Então, o que ela vinha entendendo dos gestos do Park e do Tae? E o que as palavras ou ausências delas, de cada um lhe diziam? Quando chegou no topo da varanda, viu Maurinho de costas, ainda olhando a praia e bebendo seu uísque e ali do portãozinho de entrada ao acesso lateral pelo qual havia subido, ela decidiu que analisaria as intenções de Jay e Tae depois, com calma. No momento, só queria não pensar em nenhum deles.
Se aproximou de Maurer e se encolheu sentindo frio. O amigo notou-a friorenta, e estendeu a ela seu copo de uísque. Em silêncio, um do lado do outro, olhando pra praia, ela bebericou o drinque puro, ele foi até a espreguiçadeira que havia ali puxando uma manta e envolveu o corpo dele e o dela dentro do tecido, em um abraço carinhoso.
— Posso te aquecer? — Ele perguntou ao ouvido dela.
— Claro que pode. Eu bebi toda a sua dose. — Ela respondeu sacudindo o copo dele.
— Já vou pegar mais pra gente, mas antes me diz se você está bem.
— Eu pensei um pouco em tudo o que conversamos. — explicou repousando a cabeça no peitoral dele e fazendo Maurer a abraçar ainda mais apertadinho — Mas acho que não deu tempo de tirar muitas conclusões.
— Você não precisa tirar conclusões imediatas, reflexões são melhores se degustadas aos poucos. É como as melhores coisas... Bebidas, carinhos... O que importa é que você possa digerir com calma as coisas, começar a organizar.
— É tem razão. Não dá para querer fazer da vida um miojo. Resolver tudo em três minutos.
Maurer riu da analogia da amiga, ela riu também e se virou dentro do abraço para ficar de frente para ele, ao dizer:
— Mas há algo em que eu consegui pensar bem e me reorientar.
— É? O quê? — perguntou animado com um sorriso largo tão encantador quanto poderia ser.
— Minha carreira. Eu entendi o passo grandioso que foi dado aqui, Maurinho. E estou pronta para continuar subindo as minhas escadas, e dentre todos amores apenas um eu não vou abrir mão.
— Qual?
— O amor próprio. — Ela disse certeira e suspirou séria ao dizer: — Se não tiver um romance arrebatador ou doce, se eu não vivenciar o que eu escrevo, ao menos, quero sentir por mim tudo o que os outros não sejam capazes de sentir. Esteja eu só, ou acompanhada, meu amor próprio seguirá a cada passo que eu der. E a minha carreira é uma parte disso, do meu amor por mim. Da minha busca pela felicidade.
— Entendo. — Maurer sorriu acariciando o rosto dela: — Isso é o mais importante , porque se você acreditar no que eu digo, você só ficará sozinha se realmente quiser. Você é uma mulher que qualquer pessoa gostaria de ter ao lado. E eu tenho certeza que eles sabem disso.
— Vai ver é por isso que alguns podem querer pular do penhasco e outros se esconderem na caverna. — compreendeu e então retomando a decisão de não pensar em Tae ou Jay, ela sacudiu a cabeça e acariciou o rosto de Maurinho.
— E outros estarão prontos para caminhar no seu passo, ao seu lado ou aguardando-a no seu ponto de chegada.
— Isso é uma confissão, Maurer?
— Eu sempre estarei disponível com toda a nossa química e amizade, seja o que for que você queira : um amigo, um amante ou um sequestrador para te trazer a este paraíso chamado Phuket.
— Eu desejo que não espere eternamente, Maurinho. Você merece um romance melhor do que qualquer coisa que eu venha a escrever.
— Até que isso aconteça de verdade, se é que vai acontecer, eu me contento em atuar os seus dramas, escritora. — O amigo falou despreocupadamente.
Em seguida Maurer saiu do abraço de e foi buscar outra dose de uísque para os dois. Ela o seguiu ainda enrolada na manta para dentro da casa, e quando o amigo virou-se para entregar a bebida, perto do barzinho, a mulher perguntou:
— Podemos dormir juntos hoje?
— Só dormir? — Ele também perguntou, risonho e entregando o copo dela.
— Com você? Claro que não, Maurer! — sorriu largamente a amiga — Até porque...
deixou o próprio copo sobre um móvel próximo e puxou Maurer pela mão o guiando para o sofá da sala onde depois que ele caiu sentado, ela passou as pernas por cada lado do corpo dele sentando em seu colo e o abraçando; acariciou o rosto dele com o indicador rompendo o silêncio tenso da sedução entre os dois:
— Até porque vai saber quando é que vou poder matar a vontade de você de novo...
— Juro que eu achei que fosse embora da minha ilha sem me deixar te provar de novo, ... — sussurrou Maurer, deixando o copo no aparador de vidro atrás do sofá.
— Eu também achei, Maurinho... — sussurrou ela de volta e então os lábios dos dois se tocaram de forma lenta e calma.
O beijo foi calmo e os carinhos dos dois era confortável como só o carinho de duas pessoas que se curtem e não esperam nada uma da outra poderia ser. Não era a voluptuosa luxúria comum entre ela e o Park, não era como o amor transcendental que ela imaginava e pior — esperava que fosse ser — entre ela e Taehyung. Era como brisa de verão: fresca, mas com consciência passageira.
[xxx]
O retorno para Seoul foi repleto das reflexões que iniciaram na praia. Durante o voo, Chang dormia porque também havia aproveitado bastante a última noite com Anyarin e assim que soube, fez questão de pertubar o amigo com cobranças sobre aquelas fofocas. E por mais que ela também quisesse compartilhar com ele como foi o passeio em Phuket, o amigo estava bem cansado. Ela olhou o rosto tranquilo do agente dormindo na poltrona do avião ao seu lado e sorriu.
— Nadou de braçada, como diria meu pai... — Ela sibilou para si observando Chang e retornou a olhar para janela do avião e entre nuvens e nada mais do que nuvens, pensava.
Avaliava quais seriam as notícias ao retornar para Seoul, não só sobre o lance com Park, como sobre sua carreira. E como as coisas teriam ocorrido na agência? Quais seriam seus próximos passos de trabalho? E principalmente... Quais seus próximos passos sobre Jay Park? Continuaria deixando as coisas acontecerem sem qualquer compromisso?
Era mesmo aquilo o que ela queria? Ou, aquele princípio de comichão esclarecedor gerado em Phuket, estava certo sobre não ser um caso sem compromisso o quê ela esperava, e sim, um romance que pudesse fazer subir degraus de aventura e vontade de viver tal como ela fazia em sua carreira?
E se fosse aquilo... Taehyung daria conta? Ainda tinha um encontro marcado com ele para quando voltasse... Que atitudes ele teria? E que atitudes ela também gostaria que ele tivesse?
As perguntas eram ainda maiores no retorno à casa do que teria sido na vinda para a Tailândia, ao se tratar dos rapazes em sua vida. Por isso, lhe parecia ainda melhor pensar apenas em trabalho. Porém, precisava dormir um pouco mais para chegar em Seoul com a corda toda.
abaixou a máscara sobre os olhos, fechou o visor da janela do avião, e decidiu que imitaria Chang. Dormiram boa parte do trajeto, quando estavam perto de chegar, acordaram por acaso e começaram a contar o fim da viagem que tiveram separados, um para o outro.
24.
Pisaram em Seoul, e ainda no aeroporto estavam apreensivos. Ela não sabia se os paparazzi que, naturalmente, ficavam a postos ali em Incheon mexeriam com ela, ou se os rumores da fofoca teriam se acalmado. Infelizmente, não conseguiram evitar algumas fotos.
— Olha ali, não é a ? A escritora que está envolvida em um suposto romance com o Jay Park? — um dos repórteres informou e os outros concordaram — Será lucrativo se a gente tirar algumas fotos. Ela ainda não fez aparições ou declarações sobre o assunto.
— Eu soube que ela prometeu uma entrevista para aquele portal pequeno, o Pop Korea. Quando embarcou, a repórter deles, cercou a escritora e o agente aqui no saguão. — Outro comentou.
— Então melhor garantirmos alguns cliques, se um portal pequeno pegar algum furo, fotografias exclusivas podem valer bastante para os portais maiores.
E a pequena conversa entre três dos paparazzis que estavam ali, foi suficiente para que um pequeno grupo cercasse mais uma vez, e Chang na saída pelo saguão.
— Não precisa dizer nada, apenas sorria e os cumprimente. — Chanyeol instruiu-a enquanto caminhavam lado a lado, silenciosos e cumprimentando os fotógrafos.
Antes de saírem pelo saguão, logicamente, Hiro e Chang combinaram de que o hubae* estaria os aguardando com um carro. Por isso, assim que posou rapidamente para as fotos, com um sorriso sem graça e uma expressão ainda perdida, não demorou para que Chanyeol a guiasse até o automóvel em que Hiro dirigia. A escritora foi a primeira a entrar, no banco de trás. Chang guardou as bagagens na mala do carro e entrou no banco da frente em seguida.
— Eu devo surtar, não devo? — pronunciou assim que Chang fechou a porta.
Hiro sorria largo e olhou para trás antes de dar partida.
— sunbae! Você está ficando realmente famosa! — falou o mais novo, animado para ela e voltou-se ao outro sunbae: — Para onde, Chang?
— Vamos para casa, Hiro.
— Não Chany... — pediu : — Você se importa se nós formos direto para a empresa?
— , você precisa descansar. Se poupe ao menos hoje, sim?
— Tenho uma ideia! — Hiro comentou — Por que vocês não descansam e à noite nossa equipe se reúne em algum lugar para nos contarem como foi a viagem e a festa? E assim nós também atualizamos vocês sobre a repercussão daquela nota que soltamos nas redes sociais.
— Boa, Hiro! Ótima ideia! Onde nos encontraremos?
— Na minha casa. — Chang declarou e o mais novo encarou o mais velho, um pouco surpreso.
— Uwa!? Isso é sério, sunbae?
— Chanyeol está de bom humor, Hiro. Ele aproveitou bastante a viagem! — brincou e o mais novo começou a pentelhar aos dois para contarem a ele, as fofocas antes de reunirem toda a equipe.
Hiro deixou cada um em suas respectivas casas, retornou para a ME e avisou à equipe 77, ou seja, a equipe exclusiva deles, que haveria uma reunião pós-expediente na casa do Sang Chang Chanyeol.
Mal chegou da viagem, o celular de denunciou uma chamada de Jay Park. Ela estava deitada em sua cama, em seu pequeno cafofo, com um pijama confortável e pronta para dormir até um pouco antes do encontro com a equipe.
— Hey, baby! Vi seus stories. Já está em casa, não é? — Jay falou assim que ela o atendeu e o cumprimentou.
— Estou sim, bem exausta, aliás. Como você está Jay?
— Bem, eu só queria saber como você está... E claro, dizer que estou disponível para nos encontrarmos e conversar quando quiser.
— Certo... Podemos combinar isso depois? Eu realmente, ainda não sei nada de como rolou aquele assunto por aqui.
— … — Jay murmurou o nome dela de um jeito culposo — Não falei só por causa disso... Digo, eu quero ver você, entende?
— Jay, não precisa ficar com receio de que eu esteja fugindo de você, ok? — Ela falou forçando um risinho, estava cansada demais para uma DR àquela hora — Eu só estou mesmo cansada e assim que eu descansar, te ligo. Juro!
— Ok, não vou ficar te cercando. Estou aqui para quando você quiser e precisar, baby... Nos vemos em breve…
— Claro que nos vemos, baby. — mencionou soltando um risinho fraco.
— Senti sua falta. — Jay declarou soltando um risinho fraco também.
não soube decifrar o que aquela declaração lhe soava, sequer soube reagir. Não era uma declaração que a emocionava, mas era uma declaração que a preocupava.
— Eu... — Ela ponderou. Não poderia responder que também havia sentido falta dele, porque seria mentira. Então resolveu apenas soar como sempre, brincalhona: — Te ligo amanhã para sanarmos essa sua saudade, baby.
— Ok. — Jay respondeu frustrado porque aquela não era a melhor resposta que poderia esperar — Te espero. Beijo. Na boca.
— Outro. — Ela respondeu rindo.
Desligaram a chamada e a escritora encarou o próprio celular. Abriu o aplicativo de mensagens e viu que ninguém além de sua equipe havia lhe enviado “boas vindas” pós viagem. Então, abriu sua conversa no grupo que tinha junto com os BTS.
:
Bangtan, cheguei em Seoul.
Estou bem, mas vou dormir direto até amanhã.
Só queria avisá-los. Beijos.
16:00 pm
[xxx]
Jungkook estava sentado despojado, no sofá do Genius Lab assistindo a alguns vídeos para iniciantes em aulas de violão e decidindo se deveria aprender a tocá-lo, quando seu celular vibrou uma notificação no grupo e o nome “noona ” surgiu na tela. Rapidamente, movido pela curiosidade das ajhummas fofoqueiras de seu bairro de infância, ele abriu a conversa. Já fazia algum tempo que a escritora não mandava mensagens no grupo. E assim que leu, ele sorriu e se ajeitou chamando a atenção dos amigos. Jimin e Jin estavam dentro da cabine de gravação, enquanto Suga, RM e JHope estavam à mesa de som do Yoongi discutindo sobre o sample* gravado, entre si. Taehyung tinha saído para comer algo no refeitório.
— A noona chegou! — Jungkook anunciou na tentativa de fazer os outros o escutarem, mas os três continuaram atentos ao trabalho e ele insistiu: — Suga hyung! A noona já voltou da Tailândia!
Suga ainda não havia escutado, então Jungkook olhou ao redor e se levantou direcionando-se a ir para o refeitório da BigHit, atrás de Taehyung. E assim que chegou no lugar encontrou o moreno encarando o celular, imóvel, com uma expressão de quem não sabia se deveria mandar mensagem ou não. Ele soltou um sorrisinho debochado, porque apostava que Tae estava pensando se falava ou não com a escritora. Logo que se aproximou da mesa dele, roubou um pedaço do salgado de Taehyung que estava repousado no prato da bandeja.
— Não manda mensagem, deixa ela descansar. — Jungkook falou mastigando e puxando o refrigerante para tomar uma golada.
— Pede um lanche pra você! — Tae emburrou e olhando para a direção da lanchonete apontou ao atendente pedindo mais um salgado porque aquele, Jungkook não devolveria — O que está fazendo aqui? Já gravou a sua parte?
— A melhor voz fica para o final. — comentou soltando um risinho e Taehyung fez uma careta para ele deixando o telefone de lado e suspirando — Eu queria fofocar sobre a noona, mas ninguém prestou atenção quando eu disse que ela voltou.
— Com certeza se tem algo que ela não quer agora são as pessoas fofocando sobre ela, JK... — murmurou bebendo seu refrigerante e tomando seu próprio salgado da mão de Jungkook que apesar de não soltar o lanche deixou Taehyung morder.
— Hey, você vai fazer alguma coisa agora, não vai?
— Sobre ela? — Tae perguntou retoricamente e suspirou colocando as mãos atrás da cabeça — Eu já tenho tudo planejado pro nosso encontro que, se ela não cancelar, será essa semana...
— Ela não vai cancelar. Eu acho até que agora as coisas entre vocês vão engatar, se você não fizer nada de errado.
— Por que acha isso?
— Por que não acharia? — Jungkook perguntou óbvio com olhos arregalados e a bochecha cheia. E quando o atendente surgiu trazendo o lanche que Tae pediu, JK riu pedindo outro para ele também. — Você não está pensando em fazer besteira, não é?
Taehyung esperou o atendente sair para perguntar sem encarar ao amigo:
— Que tipo de besteira?
— Taehyung! Não brinca, não é! Você tem algum motivo para que as coisas não deem certo agora? — JK perguntou um tanto curioso por sentir que a expressão no rosto de Tae não era animada — Você deveria estar animado! Vai ter o seu esperado encontro com a noona essa semana!
— É só que...
— Ah não... — Jungkook interrompeu já fechando os olhos e mordendo os lábios, como quem lamentava o que ouviria. Tae revirou os olhos ignorando-o e continuou:
— É só que eu prefiro ver como as coisas acontecerão no momento para saber se devemos criar expectativas ou não. Embora eu tenha tomado uma decisão há alguns dias que... Eu acho que não será diferente.
— Se vai desistir, não deixe ela pensar que o encontro é para valer, Tae! Já fala logo e libera a ficha!
— É isso! Liberar a ficha... Por que parece que tem gente de todo lado interessado nela?! Isso me irrita de um jeito! Eu sinto raiva de pensar que preciso competir com outros caras por ela!
— Você é o único que não precisaria competir, ela está tão interessada em você que nem ela entende! — Jungkook riu ao dizer: — Sinceramente nem eu entendo. Se fosse eu já tinha desistido de você, Taehyung! Ela pulando de bungee jump* até você, e você entrando no poço e fechando a única entrada... Afinal de contas, o que você quer dela?
— Ela. Só ela pra mim, sem tudo isso ao redor. Sem toda essa gente observando, esperando, cobrando... Sem todos esses caras interessados, uns acreditando que é só amizade e outros só esperando uma oportunidade pra tornar a amizade colorida, quando claramente todo mundo sente tesão nessa mulher! Você não percebe isso? Parece que ela é uma fêmea fatal em círculo de machos alfa...
— Ué Taehyung, então vai fazer o quê? Sequestrar a e se trancar com ela em um esconderijo de guerra? — Jungkook riu e fez uma expressão maliciosa ao comentar mordendo os lábios: — Não é uma ideia tão ruim... Mas, uma hora teriam que respirar de volta às suas vidas...
JK encarava Tae tranquilo, enquanto apoiava sobre a mesa, a mão na cabeça e esperava o amigo explicar melhor os sentimentos.
— Você está com ciúme dela ou medo, Tae?
— Não consigo me sentir competente para desenvolver a minha relação com ela! Eu sinto que ela é muito para mim, que eu não só, não estou à altura quanto... Ela não se interessaria por muito tempo. E além do mais... — Tae suspirou mordendo seu lanche e mastigando um pouco em silêncio, sob os olhares curiosos e confusos de Jungkook.
— Está inseguro com o quê? Com aquela... — Jungkook ia falar quando o atendente trouxe o lanche dele e o assunto cessou na mesa pelo menos até ficarem sós. E logo que ficaram, Jungkook retomou a pergunta: — Está inseguro porque a noona é aquilo tudo de mulher, não é?
— Você pode dizer que a diferença de idade não importa tanto e que é pequena, mas realmente, quando penso nos caminhos e experiências de cada um... Eu me sinto... Só um garoto que enfrentou dificuldades para realizar seu sonho, sim, mas que teve muito mais sorte e oportunidades do que ela. Já leu algumas coisas sobre ela, Jungkook? — Tae perguntou e o amigo negou silencioso, mas atento ao que ouviria: — Ela demorou para ir atrás do sonho dela porque precisava pisar na realidade da própria vida e trabalhar. A vida dela era totalmente diferente no país dela... A achou que teria outras carreiras diferentes e entre algumas mudanças de escolha a primeira formação dela foi como professora de Educação Física, e apesar de sentir que era boa naquilo, o coração dela não estava naquele sonho. Mas ela precisou ajudar a mãe a cuidar do pai e por isso, abriu mão de algumas experiências que a levariam até o sonho dela. Então, ela deixou três oportunidades de sair do país e já estava desistindo de tudo que sonhou, quando o ex-noivo disse que iria aos Estados Unidos e queria que ela fosse com ele...
— Ela estava noiva? — Jungkook deixou o queixo cair em surpresa. — Uwa... O que aconteceu?
— A não quis adiantar o casamento e seguir os passos dele, embora fosse uma boa oportunidade para ela também. Ela conta que foi depois disso que criou coragem para vir para a Coreia sem falar nada da nossa língua e mal falar inglês. Ela não foi bem recebida e nem bem tratada no meio do entretenimento quando chegou. O Chang foi o primeiro, realmente, a dar uma oportunidade para ela. Mas até isso acontecer, a teve vários empregos de meio período aqui, passou seis meses morando em uma sauna, recebia pouco, comia o que sobrava dos empregos que cumpria e economizava para alugar a casinha que mora hoje. E tudo isso sem amigos que compartilhassem o sonho dela. Ela passou por tudo sozinha, Jungkook!
— Como sabe tudo isso?
— Eu investiguei. Depois daquele programa onde a conhecemos, eu fiquei curioso e interessado, então eu li trabalhos dela, li algumas entrevistas, mas essas coisas mais pessoais ela comentou nos canais de Youtube de alguns influenciadores que produzem conteúdo de Brasil e Coreia.
— Depois eu quem tenho hiperfoco... — Jungkook zombou e bebeu o refrigerante, já comendo o terceiro mandu que pediu quando perguntou: — Mas, o que todas essas coisas sobre ela tem a ver com você?
— Eu não quero dizer que a jornada dela foi mais merecedora do que a nossa, mas quando penso no que ela teve que viver para chegar onde está hoje, não consigo deixar de me sentir um pouco menor do que ela. Eu tive seis amigos lutando do meu lado, passamos dificuldades demais até aqui com todas as horas exaustivas de trabalho, o pouco descanso, esforços e sacrifícios, sair da casa dos nossos pais para morar juntos e estudar, trabalhar, mas... Mesmo assim... Ela estava sozinha, ela por ela, estrangeira, a um continente de distância sem chance de pegar um ônibus e uma licença para ver os pais, outra cultura, outra língua, terminou o noivado... Quero dizer... Ela simplesmente é uma pessoa muito incrível, e ainda consegue ser uma mulher fatal e humilde. Quando eu olho para ela, eu sei que ela pode ter quem ela quiser do lado dela, quanto pode não ter ninguém porque simplesmente, ela já é mais do que suficiente... Ela não precisa de ninguém para protegê-la. Você não acha que um homem precisaria ser “o homem” ao lado dela?
Jungkook sugou o refrigerante do copo fazendo barulho, deixando Taehyung sem resposta por alguns minutos enquanto o amigo comia.
— Eu acho que você pensa demais e pensa em besteira. E talvez ela não precise de alguém para protegê-la, é verdade, mas isso é raso. Quem vai mostrar se precisa ou não é ela. Às vezes ela só não teve alguém pra lutar todas as lutas do lado ou por ela, não teve ajuda como você disse que nós tivemos. De qualquer forma, eu não encaro assim, “alguém para protegê-la”. Eu encaro como “alguém para amá-la”. E se ela é “a mulher” que precisaria ter “o homem” ao lado dela, não é só estar ao lado dela? Quero dizer... Isso é mais sobre quem ela escolhe e enxerga como o grande cara do que, exatamente sobre quem você é. Você não se sentir o suficiente para ela não quer dizer que tenha que ser, ou que não seja. Essa régua não é sua e de ninguém a não ser dela. Eu só acho que se um mulherão como ela me escolhesse, cara... — Jungkook riu óbvio — Eu não precisaria de nada menos do que isso para já me sentir o maior homem do mundo. Pensa comigo: se o army diz que nós somos os melhores da Coreia, se a gente vir a ganhar um Grammy de maior talento do mundo, mas não nos sentirmos assim, quer dizer que não somos tudo que dizem?
— Acho que entendo o que você quer dizer... — Tae falou mastigando seu lanche pensativo, e então encarou ao JK como se ainda quisesse confirmar o que entendeu: — A chancela de “bom suficiente para estar com ela” é dela e não minha.
— Exato. Suas inseguranças não são sobre ela Tae, é sobre você, e eu acho que isso tudo o que você falou é mais pelo seu momento atual. Você sabe que tem estado estranho com os seus sentimentos e com sua arte, estamos todos em um momento muito doido do grupo nessa era do The Most Beautiful... Somos muito mais famosos do que éramos há dois anos, saímos da primeira turnê ano passado e ao mesmo tempo, estamos cheio de promessas e expectativas de sucesso de todos os lados, e o que mudou nas nossas vidas parece imperceptível já que estamos dando duro há tanto tempo... Eu entendo quanta coisa tem na sua cabeça agora... Mas, eu também acho que seu medo com a não tem a ver só com o que está bagunçado aí dentro, tem a ver com as expectativas externas.
— Quando você ficou tão maduro, maknae? Foi só completar 18 anos?
— Eu sempre fui, vocês que me tratam como criança. Eu posso ser o caçula, mas eu aprendo muito observando o mundo. — Jungkook riu e observou Taehyung pensativo sobre o que conversaram, então decidiu perguntar de novo: — Você vai desistir dela?
— Eu não acho que estou pronto pra ela. Na verdade, pra ninguém... Eu não quero entrar em um relacionamento com ela cheio de frustrações e medo da olhar pro lado e ver que as outras opções são melhores. Eu quero me ver como a melhor opção dela, pelos olhos dela. Não quero entrar em uma relação, cheio de auto cobranças e desconfianças, porque isso pode não ser bom pra nós dois... Quero me sentir forte e confiante sobre ela e sobre... Enfim, eu quero me sentir em paz primeiro.
— Eu posso estar sendo idiota, mas qual é... São só uns beijos e uma ajudinha pra você perd...
— Jungkook, não é assim que eu sinto. — Taehyung interrompeu — Não é assim que eu quero que as coisas sejam. Eu não pedi o telefone dela pensando em só dar uns beijos nela, eu fiz aquilo porque eu queria mesmo a conhecer, conversar com ela, descobrir o mundo dela e compartilhar o meu mundo. Só não achei que ficaria tão acovardado quando fui buscar informações sobre ela.
— Você está apaixonado por ela, pelo visto uma paixão platônica… Está igual a mim que até um tempo atrás tinha medo de garotas. — Jungkook percebeu que os sentimentos do Tae, como sempre, eram intensos e dramáticos demais sobre . — Aish!! Você deveria ter saído mais comigo e com os meninos da 97 line... Certeza que você teria curtido mais.
— Talvez, mas eu preciso estudar, sabe? — Taehyung ironizou porque para Jungkook que estava enrolando para cursar uma faculdade como ele, era mais fácil sair para curtir em suas folgas.
— Eu só quis deixar pra depois o que dava para ser depois. Eu vou me matricular em breve... Antes do serviço militar, juro. Quando vocês me deixarem sozinho aqui para servir, eu já estarei mais focado nos meus projetos paralelos...
— Dizem que até lá a gente pode nem precisar mais servir... — Tae respondeu terminando o seu lanche.
— Nossos pais morreriam de vergonha, e não acho que essa discussão vai dar em alguma coisa. — Jungkook comentou.
— Enfim... A é alguém que eu quero por muito tempo na minha vida, Jungkook, e se eu puder não estragar isso metendo os pés pelas mãos eu vou evitar.
— Então está dizendo que prefere desistir de dar uns beijos na boca dela, prefere deixar o Jay Park sentar na janelinha e ela te colocar na friendzone pra sabe-se lá quando você convidar ela pra sair de verdade?
— Estou dizendo que eu não quero só algo físico com ela. Eu não estou pensando no nosso encontro como uma desculpa para dar uns amassos nela e só. Eu quero ter com ela uma conexão, algo só nosso.
— Ah... Entendi. Como ela e o Yoongi tem. — Jungkook falou se levantando da mesa, e encarou Tae de um jeito maldoso, provocador: — Você quer superar ele. Matei a charada.
— Não é nada disso!
— É sim. Você não quer ser um caso, como o Jay Park e nem o amigo que ela coloca na eterna friendzone como o Yoongi, você quer penetrar o cérebro da coitada até ela definhar implorando por você! Que maldade!
Jungkook gargalhou zombando enquanto Taehyung se levantava sério, concentrado em contar o que sabia para Jungkook:
— O hyung... Não está assim tão na friendzone dela. — Tae declarou enquanto caminhavam rumo ao GL de novo, e só de lembrar sentiu a raiva subir à garganta. Ao notar a expressão fofoqueira de Jungkook aguardando, ele soltou: — Aquela noite que ela dormiu lá em casa, eu cheguei no quarto na hora em que ela perguntava para ele, se o Suga gostaria de transar e os dois estavam muito próximos discutindo a relação. Então o interesse do Yoongi parece ser recíproco.
— AIGOO! — Jungkook levou as mãos à boca e andando na frente do Tae ele começou a se agitar, mexendo os braços e fazendo mais perguntas: — Mas o que o hyung falou? Ele aceitou? Eles já fizeram não é? Aiiiiiishh! É claro que já! Só um sentimental como você fica dramatizando uma oportunidade de transar!
— Jungkook, dá um tempo! Não te contei isso pra você me criticar!
— Aigoo! O hyung é mesmo muito esperto... — JK cruzou os braços e raspou a garganta sorrindo ao dizer: — Qrrrrrrr… Me lembre de nunca deixar uma garota que me interesse na frente do Yoongi!
Taehyung levou as mãos ao bolso e sacudiu a cabeça de um lado para o outro.
— Taehyung... Agora é sério... — JK mudou a postura e a voz ao dizer para o amigo passando o braço em torno dos ombros dele: — Seja franco com a noona. Eu entendo você estar com medo de se magoar ao ser dispensado por ela depois de vocês ficarem, sei que tem medo também de não se provar bom o suficiente pra ela e tudo o mais... Mas, você deve dizer pra , se não pretende dar um passo ousado nesse encontro, sabe? Ela ainda não sabe o que esperar de você e pode ter criado novas expectativas. Ela pulou um muro pra passar mais tempo contigo, aquele dia! Veja bem! Se não quiser acabar de vez com a possibilidade dela ser a mãe dos seus três filhos um dia, então, deixe claro que não vai rolar nada nesse encontro. Seja maduro com ela, porque como você mesmo sabe ela é o tipo que se relaciona com um homem e não com um menino.
Taehyung assentiu compreendendo o que Jungkook dizia, e os dois já estavam no corredor rumo à última porta, o laboratório do Yoongi.
— Mas se eu fosse você... Ai, ai... Eu deixava ela me ensinar tudo o que sabe, se é que me entende. — Jungkook gargalhou.
— Você ficou ninfomaníaco depois que perdeu a virgindade, ano passado Jungkook. Se o army sonhasse com as coisas que sabemos de você...
Jungkook começou a rir se recordando do seu aniversário de 19 anos (na idade coreana) alguns meses atrás, quando saiu com uma garota e perdeu a virgindade pela primeira vez, além de tomar um porre como se fosse morrer no dia seguinte.
— Eu não posso negar... Eu descobri que gosto muito da coisa. — Jungkook riu e bateu no abdômen de Tae do nada ao dizer: — Se tentasse mais vezes, tenho certeza que você é pior do que eu.
— Cala a boca.
O outro disse enquanto Jimin abria a porta da GL e Yoongi já dizia alto e bronqueando para Jungkook:
— Entra logo na cabine, é a sua vez Jungkook! Anda logo que ainda temos muita coisa pra gravar!
[xxx]
Hiro abriu a porta do apartamento de Chang para ela, e mal pisou na sala, o garoto já lhe entregava um copinho de soju.
— Quê isso, Hiro?
— É pra vocês não esconderem nada da gente, sunbae.
— Isso é uma reunião de trabalho, Song Hiro! — Chanyeol gritou para ele do seu sofá.
foi cercada por Eun Hee e Ailee, suas duas subordinadas da equipe.
— Olá meninas! Como estão? — A escritora perguntou abraçando-as.
— sunbae, por favor, na próxima não me deixe com o Hiro para controlar a situação não! Ele é...
— Já vai fazer a minha caveira para chefe, Eun Hee? — Song Hiro apareceu ao lado da colega e os dois se encararam implicantes.
— Eu fico feliz de ver que conseguiram trabalhar em conjunto. — falou zombando e caminhando até o sofá de Chang com Ailee ao seu lado — Eles não brigaram muito, não é, Ailee?
— Não enquanto a imprensa os ocupou. — A outra riu ao ser sincera.
— É que o Hiro deixou o poder subir à cabeça, só isso.
— Você que não é nada profissional, Eun Hee!
e Chanyeol trocaram olhares confusos tentando entender o que havia acontecido.
— Eu sei que vocês dois sentem uma emoção reprimida um pelo outro, mas realmente desejo que as notícias da equipe sejam profissionais o suficiente para que essas briguinhas de vocês se tornem inofensivas como sempre foram. — Chanyeol declarou de uma vez, deixando Hiro e Eun Hee sem graça.
— Emoções... O que está dizendo, sunbae... — Hiro resmungou.
— Bem, apesar dessa coisa toda entre eles... — Ailee comentou irônica tomando a frente da equipe para relatar o ocorrido — Tudo deu certo. Os projetos que deixaram conosco caminharam tranquilamente. Hiro desenvolveu o design dos personagens pedidos e a Eun Hee também. Yoona, Do Ho e eu revisamos os esboços.
— Ótimo! — Chang respondeu para Ailee. — E porque Yoona e Do Ho não vieram?
— Eles foram para Hongdae fazer a pesquisa de campo que a pediu, para o roteiro. Como nossa decisão foi um pouco de última hora, a Yoona achou melhor não vir e, o Do Ho acompanhou para que ela não fosse sozinha. — Hiro explicou.
— Por acaso eles também estão namorando? — perguntou preocupada trocando olhares com Chang que coincidentemente tivera a mesma preocupação.
— Não estão. É mais fácil você e o Chang surgirem namorando de novo do que aqueles dois. — Eun Hee disse tranquila sem notar que havia pensado alto.
— De novo? — Chang encarou a garota e notou Hiro fazendo uma careta para ela.
— Bem, já que esse assunto surgiu abertamente... A equipe toda sabe que vocês tiveram um namoro rápido naquela época, sunbae. — Ailee comentou corajosa.
— Hm... — murmurou sem saber o que dizer sobre o assunto e olhando a reação estática de Chang que sempre prezou para esconder aquela história de todos. O único que teve a confirmação foi o próprio Hiro que acompanhou o romance de perto. — Então tá. Já que sabem, não precisam ficar com essas caras. Então, só para o Chang e eu esclarecermos tudo... Do Ho e Yoona não estão namorando, mas... E quanto a você e a Ailee, Hiro?
— O que? — Song engasgou com o soju que bebia.
— Não estamos. Não precisam se preocupar com isso. — Ailee respondeu calmamente de novo. — Tivemos alguns encontros, mas já acabou.
— Podemos realmente ficar tranquilos quanto ao clima entre a equipe? — Chang investigou olhando para Song e Ailee de modo incisivo.
— Mas é claro, Chang! Sabe que eu jamais faria nada que atrapalhasse o desenvolvimento da equipe. A Ailee só queria se divertir comigo, não é Jung? — O designer mencionou o sobrenome da colega a fim de demonstrar seriedade sem deixar de soar uma brincadeira entre amigos.
A colega de equipe riu e empurrou Hiro para longe de si. notou que Eun Hee ficou calada durante toda aquela interação, e que virou uma dose de soju rápido demais quando a colega informou:
— Lógico! Até que o Hiro é um bom divertimento, mas nunca alguém pra se levar a sério.
— Certo... Então, não temos casais na equipe. Logo, vamos falar de como foi o encerramento de “Garota Ocidental”! — comentou animada para falar do sucesso do drama.
Depois que ela e Chang contaram para os três membros da equipe 77 sobre o evento, o jantar, a repercussão do projeto e da carreira de ; os subordinados ficaram imensamente felizes e ainda mais empolgados para tornar outros projetos da ME ainda maiores. E claro, tornar o próprio setor o melhor de toda a empresa. Em seguida, Hiro e Eun Hee que ficaram encarregados de focar a atenção na imagem pública de durante a ausência de Chanyeol, precisaram lhe passar as informações que tinham. Na equipe 77, Hiro e Eun Hee eram os ilustradores e designers, enquanto que, Yoona, Do Ho, e Ailee eram os roteiristas de apoio da . Chang dirigia toda a equipe e vinha treinando Hiro para aquela função, sem que o rapaz soubesse ainda. Como as suas funções estavam em menor número do que as de Ailee, Yoona e Do Ho, e justamente por Hiro ser o mais antigo dentre os subordinados e, portanto, sucessor natural de Chang, (segundo os planos que o agente tinha em mente) foram justamente Song e Eun os encarregados em segurar a bucha da fofoca com Jay Park.
— Bem, então agora preciso saber como a nota pública repercutiu. — perguntou adentrando com os três naquele assunto. — A curiosidade sobre minha vida amorosa cessou?
— ... — Hiro e Eun Hee se entreolharam preocupados com o que diriam: — Antes de qualquer coisa você precisa saber que a probabilidade de estar no foco por algum tempo seja grande.
— Eu tive muito hater?
— Não. Quer dizer... Essas pessoas sempre existem e estão em todo canto. — Eun falou — Mas, por incrível que pareça, os fãs do Park não se importaram em nada. Na verdade, gerou uma imagem bem positiva para ele ser associado a você.
— E os fãs dela? E a imagem dela? — Chang perguntou preocupado — É sobre isso que nos importa.
— Aí que está. Temos lados divididos. Uma parte dos seus fãs gostaram da associação, outros já acham que você não deveria se “misturar” com o Park. Mas não fazemos ideia de qual seja o motivo para isso! — Hiro informou surpreso — Pesquisamos os fóruns, recebemos muitas mensagens dos leitores também em nossas bases de comunicação, e os comentários são de que você é uma imagem positiva demais para ele.
— Espera. Quer dizer que não me odeiam, mas odeiam a ideia de que eu namore com o Park? — perguntou confusa.
— É isso. — Eun declarou e trouxe uma análise própria: — O que faz todo sentido, sunbae! Você é uma das principais romancistas do público feminino jovem, e temos constituído em suas relações públicas uma imagem exemplar de certo modo. Você é uma persona inteligente, divertida, jovial e que traz frescor em ambientes de mudança... Ou seja, você é um bom exemplo para as garotas coreanas dentre as estrangeiras famosas por aqui. É claro que vão idealizá-la como as heroínas que você escreve e de certo modo, desejar um príncipe para você.
— E as coisas não tendem a parar . — Hiro informou — Desde sua aparição no programa da KBS no começo do ano, sua carreira e imagem tem gerado interesse e curiosidade. Você sabe disso até pelos contratos que o Chang tem fechado...
— É verdade, não é porque não há repórteres assediando você desde aquele momento, que você não seja uma pessoa pública. Não foi justamente essa a mudança que nós dois discutimos tempo atrás? — Chanyeol constatou pra — Preenchi sua agenda de trabalho para os próximos meses graças a este passo que queríamos dar.
— Vocês só não imaginaram que o lançamento do nome “ ” no meio publicitário aconteceria por conta de um rumor de namoro. — Ailee se meteu na conversa servindo mais soju aos amigos — Ou seja, o Jay Park queimou a largada dos planos que o Chang tinha para você, sunbae!
— Eu deveria agradecê-lo por isso? — Chang comentou irônico, com um tom de voz nada feliz.
— Ok, entendi... A minha estreia na mídia não foi como planejamos. Mas, isso que me preocupa... O quanto esta situação pode ter influenciado na minha popularidade? Eu fiquei com uma fama ruim? É isso que eu não entendi!
— Depende do que vai dizer na entrevista. — Song sorriu falando claramente: — Quando emitimos a nota pública com a versão de texto que vocês enviaram de Bangkok para nós, a base de fãs se acalmou. Em contrapartida, a imprensa requer uma declaração mais direta do que uma nota pública nas redes sociais. Até porque, uma repórter vazou que você concederia entrevista, em seguida o sunbae Chang nos orientou a confirmar a informação.
— Ela vai. — Chang afirmou — A imagem que eu quero criar para a com o próprio público é de manter a transparência que ela sempre teve com os fãs. Então, nada melhor do que ela mesma falar da própria vida, e não a agência.
— E tem mais uma coisa. — Ailee se meteu complementando: — Eu ajudei a Eun a mapear as reações do seu público nas minhas horas vagas, e encontramos uma imagem positiva sobre você e o Mario Maurer. Logo, isso confirmou a teoria da Eun Hee de que o seu público tende a projetar que você deveria fazer par romântico com os arquétipos dos ídolos perfeitinhos. O protagonista dos doramas, por exemplo, foi super positivo para sua imagem. Já os músicos transgressores... nem tanto.
— Que merda! — xingou em português e bufou virando o soju e perguntando: — A mídia coreana está tentando me enquadrar no arquétipo da princesa moderna?
— É ... Se você vai começar a construir sua imagem realmente pública com o Chang, precisam saber que você se sairá melhor vestida como a nova princesa moderna e símbolo da representação de liberdade feminina. Afinal, sua posição como mulher estrangeira e bem sucedida na Coreia, é positiva. E quando isso acontece, das duas uma... — Hiro comentou.
— Ou o olhar da sociedade coreana começa a mudar, ou eles tentam te vestir com a máscara criada de um personagem dentro dos próprios padrões coreanos. — Chanyeol declarou preocupado, ao interromper o mais novo.
— Eu não vou vestir máscara nenhuma, Chang. — declarou decidida.
— Não quero isso. É arriscado demais se a gente permitir que a mídia manipule você assim, e não tem nada a ver com a sua história e trajetória. Precisamos marcar seu lugar de autenticidade desde o primeiro momento. Mas, não acho que precisamos fazer isso com agressividade. Dissociar a sua imagem com a do Park é a melhor coisa no momento. Você precisa subir por seu próprio mérito e não apoiada em ninguém.
— Que bom que pensamos igual. — declarou ao amigo.
— Sendo assim... — Hiro riu e se preparou para descontrair o clima, Eun e Ailee reviraram os olhos prevendo a graça: — Você vai terminar seu namoro com o Jay Park ou vai continuar brincando escondida, naquele parquinho, sunbae?
— Aigoo... Ele é ridículo... — Eun Hee mencionou e Hiro a provocou:
— Ora não banque a certinha! Estávamos curiosos para saber quem era o cara das flores e vocês também queriam saber se o boato desse namoro era verdadeiro ou não!
começou a rir embora Chang estivesse pronto para dar uma bronca neles por tamanha indiscrição enquanto equipe.
— Deixa Chany, eles também são nossos amigos. — murmurou e pigarreou chamando a atenção para si: — Ok, vou declarar a vocês o que está acontecendo. Eu estou saindo com o Jay Park há alguns meses, mas nós não temos um relacionamento. É mais uma amizade colorida e não vai passar disso. Não há esse interesse entre nós.
— Uwa! — Ailee não se controlou e mordeu os lábios começando a rir, então aplaudiu com um sorriso de orelha a orelha e deu um “joia” para ela dizendo: — Eu quero ser como você quando crescer, unnie!
— Tsc... — Hiro estalou a língua e apertou os olhos encarando a chefe, de um jeito investigativo: — Eu podia jurar que as flores eram coisas do seu amigo misterioso... O tal Agust.
Chang olhou para e suspirou cansado como se algo lhe dissesse que as coisas só tenderiam a piorar.
— Não, o Agust não é esse tipo de amigo. Ele não é de mandar flores também.
— sunbae... — Eun Hee mencionou baixinho, um tanto receosa, mas com coragem suficiente para fazer o que achava certo: — Eu... Eu acho que sei quem é o Agust.
a olhou de um jeito sério e preocupado, que motivou um semblante de alerta em Hiro e Ailee. Os dois notaram que a identidade do tal Agust era algo sério, e confirmou-se ainda mais a suspeita quando Chang apoiou a cabeça no sofá fechando os olhos de um jeito que parecia pensar: “Eu sabia que ia piorar”, e quando Eun Hee aconselhou à :
— Talvez... O sunbae Chang deve redigir um contrato de confidencialidade na agência. E não só para nossa equipe.
— O que está sabendo, Eun? — Chang perguntou.
— Bem... Eu... Eu vi o rosto dele um dia em que ele foi no escritório, mas a Sue, a recepcionista do nosso setor... Meio que comentou comigo que achava que ele era uma pessoa, muito, muito famosa e ia tentar descobrir. Parece que não é só o fato dele aparecer com o rosto tampado por lá, mas também, ele é meio suspeito... Age como se estivesse entrando escondido no escritório toda vez. Eu já notei.
— É verdade! — Hiro comentou dando de ombros: — Ele anda como um criminoso que não quer deixar as câmeras verem o rosto dele, e olha que ele só foi lá duas ou três vezes... O cara chama atenção mesmo quando não quer. É bem suspeito.
bufou sentindo que Yoongi definitivamente era o seu carma.
— Ele é alguém que não pode ter a identidade revelada mesmo. — Chang informou sério e encarou Eun de um modo certeiro: — Entendido? Ninguém pode saber quem ele é, Eun.
— Cla-claro! Eu... Eu achei que deveria dizer a vocês sobre isso, mas não comentei com mais ninguém, Chang.
— Ótimo. Fez muito bem. Eu vou redigir um contrato novo de confidencialidade, agora voltado também para sua imagem pública, . Além disso, diga a ele pra não passar nem na calçada da empresa, ok? — Chanyeol pediu para e anunciou antes da hora: — Com tudo isso acontecendo... Comece a se preparar para se desvincular da mangaká Agency, .
— O quê? — exclamou e os outros engasgaram com o que comiam e bebiam, enquanto Eun se sentia culpada — Do que exatamente está falando, Chanyeol?
— Não é sobre a mangaká Entertainament, é sobre o setor Agency. Eu ainda não sei quem vai te agenciar, mas...
— Você! É claro que é você! — se levantou alterada, e Chang levantou-se também se aproximando e pegando a mão dela, para ela sentar ao lado dele se acalmando.
— Já tem algum tempo que eu estou me preparando para te dizer isso, mas queria aguardar a repercussão do encerramento do drama em Bangkok para ter certeza, . É nítido que a ME não terá estrutura para manter seu agenciamento, querida. Sem falar que grande parte dos contratos que eu tentei fechar de trabalho com você, não aconteceram porque sua agência é pequena. Eu estive pensando em desvincular você da mangaká como artista exclusiva, manter seu contrato como escritora, mas...
— Deixar de ser roteirista da empresa, Chang!? O único lugar que aceitou me publicar e me dar uma grande chance?
— Não foi apenas a empresa quem fez isso por você, fui eu, . — Chang explicou calmo enquanto a equipe presente assistia a discussão com o coração apertado — E você continuará sendo a nossa escritora da M.E, mas seu contrato será por projeto e não como quadro exclusivo. Você viu a TGN querendo puxá-la para eles! Se você não estiver no quadro efetivo da mangaká, então poderá ser roteirista de outros projetos, de outras empresas e não só a ME.
— Chang! Os diretores não vão aceitar isso! Sabe que o fato de eu estar na ME é vantajoso para a empresa! A própria KBS está tentando há meses comprar os direitos do drama!
— Exatamente! É vantagem para eles, não para você! Seus roteiros só podem ser vendidos na ME por quem a ME quiser! Mas se você estivesse livre desse contrato, a KBS poderia te colocar como roteirista deles! E você não precisa trabalhar para uma produtora apenas, mas para quem quiser! Para quem pagar mais! A Mayoree e eu conversamos... — Chang suspirou segurando as duas mãos de olhando-a nos olhos de modo tranquilizador — E ela me contou que antes de assinar com a TGN, manteve o controle da própria carreira. Não foi fácil, ela passou por um motim dentro da indústria, mas se esforçou e se tornou o nome mais cotado para dirigir qualquer coisa na Tailândia. E só depois que já tinha seu status, ela se prendeu a um escalão. Eu acho que você tem muito potencial para isso, , para ser dona da sua própria carreira!
Todos estavam surpresos com a declaração de Chanyeol. Os três subordinados e amigos sentados no sofá mantiveram o silêncio, enquanto encarava Chang com um misto de confusão e choque em seu rosto.
— Eu acho que... — Eun Hee se meteu, falando baixo, mas diretamente para : — Não ter você como nossa roteirista da equipe 77 é a maior prova de que o Chang quer levar essa equipe ao podium, mas principalmente... Te permitir voar, .
— É. — Hiro comentou um pouco frustrado: — Você está presa a uma empresa que te deu muitas chances, é claro, mas se soltar a corda, até onde você pode ir, sunbae? — Ele falou olhando a escritora que tinha lágrimas nos olhos.
— Mesmo assim! Me demitir, Chang?
— Eu não estou demitindo você, o que é isso! — O amigo riu puxando para seus braços, e a abraçando fazendo carinho em sua cabeça, ele explicou risonho e tranquilo: — Aigoo! Você já está bêbada? Como eu demitiria o meu pote de ouro?
— Então eu não entendi! — falou se soltando dele, chorosa e o encarando perdida — Como me desvincular da agência não é me demitir?
— Eu estou falando de você trabalhar por projetos, . Atualmente, você é obrigada a lançar os romances da mangaká, recebe pelos direitos compartilhados deles, mas se quiser sair da empresa por exemplo, não pode levar suas obras para lugar nenhum. No entanto, se você trabalhar por projetos, você pode escrever romances para a ME, e outros projetos para outros lugares. Entende? É como se você fosse criar histórias para adolescentes na nossa equipe mantendo nossa linha editorial, mas pudesse compor uma equipe de roteiro de suspenses adultos para KBS, por exemplo. O contrato deles seria com você e não com a ME. Você pode criar histórias de todo tipo e para quantos lugares quiser, desde que não tenha um contrato de exclusividade. Ainda não é a hora de prender sua carreira desse jeito. Veja a Mayoree, por exemplo, ela nichou. É diretora de suspense adulto, não poderia dirigir um romance adolescente como o seu se a exclusividade que ela tem hoje, fosse no início da carreira. Mas, como ela já alcançou prestígio, ela deu as cartas! Por isso pôde pegar seu projeto e melhorar ainda mais o nome dela por lá! E aí sim, é vantagem você ser escritora exclusiva de uma empresa: quando você puder dar as cartas! Mas agora... Você precisa mostrar para o mundo o que tem além dos seus romances juvenis. Precisa mostrar principalmente para a Coreia, por quê atravessou os oceanos!
— Olha... — Ailee manifestou-se esperta: — Faz muito sentido, ! Se até a sua imagem pessoal está sendo moldada por causa do que você escreve na empresa... Pense... Será que você vai querer ser a princesa moderna pra sempre? Dentro da mangaká, você não tem só uma persona como pessoa pública, mas como artista. Se um dia quiser escrever uma grande história de terror, por exemplo, sabe que a ME não vai publicar isso, e nem você, porque está presa a um contrato exclusivo.
A luz na mente de acendeu. Eles estavam falando de liberdade e possibilidade criativa. Ela começou a rir por sentir-se patética em pensar que o melhor amigo e agente fiel estivesse tentando mandá-la embora da empresa, para que ela aceitasse a proposta da Tailândia. E de uma coisa, tinha certeza: não queria se mudar da Coreia.
— Ok... — se manifestou acalmando-se e rindo — Entendi! Você não está pensando na proposta da TGN! Ai Chany... Eu achei que...
Ela parou de falar e suspirou aliviada, tal como toda a equipe.
— Ele deu mesmo um susto! — Hiro resmungou olhando, reclamão, para o chefe — Pensamos mesmo que você demitiria ela da empresa e, iria deportar nosso maior talento!
— Não! É só que, o interesse deles confirmou as minhas suspeitas. Manter a na ME é vantajoso para nossa equipe, para a empresa, mas não será para ela por muito tempo, porque eu a conheço e sei onde ela quer chegar. — Chang falou olhando cúmplice à amiga: — E eu te fiz uma promessa que para ser cumprida também envolve, deixar você ir.
— Obrigada por mantê-la. — beijou o rosto do amigo e ao se afastar disse, séria: — Mas, como seria essa quebra de contrato?
— Seu contrato será renovado no final desse mês, então podemos aguardar para não ter quebra. Irei propor que você assine um contrato de um ano por projeto, então, você tem até o final do mês para pensar em até dois roteiros novos para o ano que vem.
Os amigos arregalaram os olhos assustados com a ordem do líder da equipe tão em cima da hora.
— Chang! Temos que finalizar “Little Sunshine” até julho do próximo ano, não tem como a ...
— Eu consigo. — A escritora sorriu para Ailee a interrompendo — Eu só não sei se vocês poderiam me ajudar.
— La-... — Ailee gaguejou surpresa e olhou para as próprias mãos — Eu, acho que se a gente dividir a equipe... Quero dizer... E se a gente não der conta de acompanhar o seu ritmo?
— É, eu sei. — comentou — Mas, enquanto vocês finalizam “Little Sunshine”, eu posso escrever pelo menos a metade de mais um projeto, e quando repassá-lo a vocês, eu inicio outro. — olhou pra Chang confiante: — Eu posso garantir dois roteiros novos para o ano que vem, mas até quando preciso apresentar o esboço?
— Se conseguir o release até o final deste mês, quando assinarmos seu contrato, eu garanto que faço os diretores me dar carta branca para que você tenha mais tempo de apresentar o esboço.
— Uwa... Vocês dois são uma dupla e tanto! É inspirador! — Hiro exclamou de modo admirado. Os amigos concordaram sorrindo.
— Bem, Ailee. Não se preocupe, não vamos separar a equipe de apoio. Pelo menos vamos focar em terminar “Little Sunshine” e vocês deixem o resto comigo. Se o Chang conseguir carta branca, em dois meses eu termino um roteiro e posso começar outro.
— Um dia eu quero mesmo ser como você, sunbae. Sua fonte de criatividade é única. — Ailee comentou admirada.
Eram raras as vezes em que a assistente pegou a escritora com dificuldade para desenvolver alguma história, com algum bloqueio, ou sem saber como sair de um furo de enredo. era tão minuciosa em seu trabalho, que as histórias pareciam criar vida fácil. A equipe de apoio sentiria muito a falta dela.
— A gente quem sai perdendo, mesmo. Não tê-la nos ensinando e compartilhando seu tempo de trabalho com a gente em todos os projetos será assustador, sunbae. Mas, com certeza... Isso também vai tornar muito mais especial para nós, aproveitar o tempo e os seus projetos pessoais. Espero que a ME não tente dificultar as coisas, porque certamente, se fosse eu, não abriria mão da cabeça que mais vende histórias em quadrinhos da minha empresa! — Eun Hee comentou.
— O corpo diretor vai argumentar, com certeza. Tentarão negociar um contrato melhor, subir a proposta, mas isso tudo vai depender do que você vai querer . — Chang comentou — Eu vou fazer o que é melhor pra sua carreira, mas acima de tudo o que você quiser que seja feito.
— Só tenho uma dúvida... Quem você pensou para me agenciar? Se eu vou ser uma artista livre, que agência acoplaria uma “escritora” no seu quadro de artistas?
Chang suspirou pensativo.
— Eu ainda estou pensando... Não temos nada relativamente grande assim... Se o foco for trazer grandes contratos publicitários, talvez a gente tenha que te vincular a uma empresa com grande nome... Se o foco for abrir um caminho totalmente novo, então...
Os outros aguardaram, mas Chang não falou nada. Ele apenas olhou para a amiga que entendeu em seus olhos o que ele queria dizer.
— Hiro... — comentou sem tirar o sorriso do rosto e o olhar de orgulho que lançava para Chang: — Acostume-se com a ideia de liderar a equipe no próximo ano junto com o Chany. Algo me diz que eu vou tirar mais tempo dele de vocês.
— O que isso quer dizer? — Hiro perguntou curioso.
Os amigos apenas mantiveram o suspense.
— Ainda não sabemos. — respondeu Chany — Mas, precisamos pensar para quais agências faríamos uma proposta, .
— Desde que não pense em se vincular à AOMG. — Ailee brincou ironizando por ser aquela a agência de Jay Park causando risos em todos.
e Chang decidiram ter uma semana de reuniões decisivas sobre a carreira dela, realizando não só um levantamento dos resultados gerados desde a Tailândia, quanto ao que a declaração dela viria a causar. No dia seguinte, eles retornariam para empresa, e enquanto iria focar suas direções no projeto que deixou com a equipe enquanto viajava e nos próximos, Chanyeol daria direcionamento às ações da imagem pessoal dela.
Os amigos não saíram tarde da casa de Chang, rapidamente, a escritora e o agente entregaram para Hiro, Ailee e Eun Hee os presentes que haviam trazido, e em seguida todos estavam indo embora.
— Quer carona pra casa, ? — Hiro perguntou quando o celular dela tocou indicando a chamada de Taehyung.
— Ah... Não precisa, eu... Vou chamar um carro de aplicativo. Podem ir.
— Tem certeza? — Ailee perguntou preocupada.
— Tenho sim! Vejo vocês amanhã, pessoal!
Os três despediram-se dela no saguão do condomínio de Chang, e Eun Hee pediu quando a abraçou:
— Eu sei que talvez seja invasivo, mas... — A mais nova falava baixinho e sem graça — Será que consegue um autógrafo dele pra mim?
— Do Jay? — perguntou surpresa ao saber que Eun Hee era fã do rapper.
— Não, o outro... O Agust.
— Ah! — sorriu sem graça e perguntou baixinho também: — Só dele? Eu acho que posso pedir uns sete autógrafos diferentes se quiser.
— Isso seria simplesmente o melhor presente de todos!
riu e acenou positivamente para ela, em seguida Hiro chamou Eun Hee do ponto mais afastado que estava com Ailee a apressando, e a garota abraçou a escritora se despedindo.
Ao notar a chamada perdida, pois não poderia atender perto dos amigos, ela telefonou de volta ao Tae que não demorou mais que um minuto para atendê-la.
— Oi... Desculpe, eu não podia atender. — Ela mencionou com um sorriso bobo no rosto por falar com ele, e o pior é que ela nem percebia aquilo.
— Eu imaginei. Fiquei a tarde toda pensando se deveria mandar mensagem ou não... JK disse que era melhor deixar você descansar da viagem, mas... Eu queria muito falar com você e... Se possível te ver.
— Agora? — perguntou a escritora surpreendida.
— É… — Tae mencionou e pigarreou: — Se você puder e quiser, é claro…
— Eu posso. Mas, onde devo te encontrar?
— Eu posso te buscar?
— Ah... — mencionou surpresa de novo — Eu estou na casa do Chang, saindo dela... Posso te mandar o endereço...
— Ok, eu peguei o carro do Yoongi emprestado. Estamos de folga hoje e amanhã. Me manda a localização e eu já chego aí!
— Ok... — sibilou e ouviu o risinho de Taehyung do outro lado da chamada, causando nela uma euforia contida: — Até já.
Assim que ela se despediu, mordeu o lábio inferior tentando segurar o sorriso que tomava conta de todo seu rosto se estendendo de ponta a ponta. Sentiu um frio na barriga de repente e não sabia se a razão eram as doses de soju que havia bebido ou se era o passo inesperado de Tae querendo vê-la. A morena começou a rir sozinha e foi interrompida pelo porteiro a chamando:
— Senhorita ? Está tudo bem?
— Ah! Oi, ahjussi, sim! Não se preocupe!
— A senhorita não vai dormir aqui hoje? Precisa que eu libere o acesso de novo ou interfone ao senhor Chang?
— Não, obrigada. Eu estou apenas esperando o motorista. Boa noite.
acenou e caminhou pela entrada do condomínio de Chang, um tanto quanto boba, ansiosa. Queria muito encontrar Taehyung e ouvir o que quer que ele teria a dizer para ela, ao mesmo tempo, sentia-se letárgica pelas decisões conversadas sobre sua carreira e recordando-se da conversa que tivera com Maurinho sobre o que ela sentia pelo cantor mais novo, ela se sentia também uma bobinha. Não é possível que estivesse mesmo apaixonada pelo marcha-lenta do Kim Taehyung.
25.
O carro de Yoongi parou em frente ao condomínio e que estava sentada em um banquinho de concreto do ponto de ônibus que havia ali perto, reconheceu o automóvel e sorriu sabendo que não encontraria Yoongi ali dentro, mas sim, Tae. Ela se levantou caminhando até a porta do carona e parou com a mão na maçaneta respirando profundamente. Os vidros estavam todos fechados e não era possível ver nada de fora para dentro devido ao insufilm.
Taehyung a observava desde que estava sentada no ponto, e quando a escritora se aproximou sorridente, ele passou as mãos no cabelo olhando pelo espelho retrovisor de um modo que jogasse as madeixas de um modo sexy, ajeitando uma pequena mecha caída na testa. parou de frente para a porta e olhava-se no vidro do carro, sorridente e respirando fundo. Parecia esperar algo, então, Taehyung pensou se ela estava aguardando-o abrir a porta para ela.
— É claro Kim Taehyung! Enfiou o cavalheirismo onde?! — Ele murmurou para si já tirando o cinto do motorista e descendo apressado para abrir a porta para ela antes que a mesma o fizesse.
viu Tae sair do carro e caminhar com um sorriso largo e quadrado na direção dela, tão lindo que quase se esqueceu que não era para ele descer. Ela arregalou os olhos assustada quando Kim parou ao lado dela, e assim que ele abriu a porta ela foi o empurrando para dentro.
— Menino do céu! — exclamou em português. — Taehyung, entra, entra!
Ela o surpreendeu o empurrando para dentro do banco do carona, mas Tae confuso, com a expressão boquiaberta firmou o corpo na frente do corpo dela, escorado na porta a impedindo de o empurrar enquanto segurava a cintura dela.
— , o que foi? Eu tenho que entrar do outro lado...
— Aigoo! — Ela olhava para todos os lados e empurrou-o para dentro fazendo Tae finalmente ceder e abaixar a cabeça para entrar no lado do carona enquanto ela dizia: — Desculpa, desculpa! Mas é que ninguém pode ver a gente! Entra por aí e pule para o seu banco, por favor!
A chance dele descer do carro todo sexy e abrir a porta para ela, todo galanteador foi por água abaixo diante da cena eufórica da escritora empurrando a bunda do homem para ir pro banco do motorista como um fugitivo. entrou logo em seguida sentando-se no banco dela, fechando a porta rapidamente e levando a mão ao peito, fechou os olhos, suspirando aliviada. Em seguida ficou olhando ao redor.
— Você está vendo algum fotógrafo, ou algo suspeito, Tae?
O rapaz olhou ao redor do lado de fora, ainda agitado pela situação passada e então quando os dois se olharam caíram na gargalhada. O cabelo milimetricamente arrumado dele estava todo bagunçado pelas mãos da escritora que saiu empurrando o rapaz.
— Meu Deus, me desculpe! Eu baguncei seu cabelo e ainda toquei na sua bunda! — gargalhava e ruborizava ao mesmo tempo.
Taehyung estava com a cabeça erguida e encostada no banco rindo divertidamente, depois da surpresa. Ele olhou para si pelo retrovisor central percebendo o cabelo desarrumado.
— Eu achei que estivesse esperando eu abrir a porta e quis ser cavalheiro...
— Me deixa ajeitar isso! — se aproximou tocando gentilmente o rosto dele e o virando pra si, arrumou o cabelo de Tae, o dividindo no meio e fazendo um arco que ela gostava. — Gosto muito do seu cabelo assim, com a franjinha jogada como um topete.
Taehyung observava o rosto da escritora atencioso ao sorriso e as maçãs do rosto dela rubras, e logo que disse aquilo e soltou o queixo e cabelos dele o olhando de novo, o rapaz se aproximou avançando sobre ela e a puxando em um abraço repentino.
— Eu vou deixar ele assim mais vezes então. — Falou baixinho perto do ouvido dela arrancando arrepios de e perguntou antes de deixar um beijo demorado na bochecha dela: — Como você está, ?
— Estou ótima Tetê. — Ela respondeu sorrindo e beijando o rosto dele também de modo demorado.
Os dois se afastaram devagar do rosto um do outro, absorvendo o cheiro que exalava dos respectivos perfumes um do outro, sorridentes e com os olhos vidrados entre si. pigarreou se afastando totalmente e afivelando o cinto. Taehyung ficou a contemplando lentamente e sorriu largo antes de voltar a ajeitar-se no banco para dar partida.
— Então os paparazzi estão te seguindo?
— Não sei na verdade, mas estou sendo cautelosa. Tem tanta coisa acontecendo agora que eu ainda não sei lidar com tudo, confesso.
— Bem, sendo assim, acho que nada de lugares públicos, não é? — Taehyung perguntou dirigindo para fora dali e observou o rapaz na direção de um carro pela primeira vez e até o modo como deslizava as mãos pelo volante eram sexy. Sentiu-se aquecendo e torceu para que seu corpo logo se alinhasse com a temperatura do ar condicionado do carro que estava ameno.
— O que você tinha em mente? Dependendo a gente pode ir a algum lugar reservado mesmo.
— Bem eu só queria te ver, conversar... Não parei de pensar em você um minuto desde a sua viagem e, porque acabei não me despedindo de você naquela noite. Não nos vimos mais pelas semanas seguintes e agora, toda essa coisa que rolou com seu nome me deixou preocupado. Então, podemos ir para onde você quiser...
pensou um pouco e se recordou que a vista do riacho Cheonggyecheon, à noite era iluminada, bonita, e pouco movimentada.
— E se a gente fizer uma caminhada no riacho Cheonggyecheon ?
— Legal, a essa hora não é muito movimentado por lá, certo?
olhou para o seu relógio no punho, marcando 22:30 e concordou.
— Acho que não, mas qualquer coisa podemos nos sentar nas escadas. É mais escurinho e podemos comer Odeng! Há uma barraca lá que o petisco é maravilhoso, e só funciona à noite.
— Ótimo! Vamos lá! Mas me conta, como foi a sua viagem?
sorriu olhando para ele, animada por estar ali e poder compartilhar com Taehyung sobre a viagem.
— Ah! Foi ótima! Cansativa na ida porque eu tinha voltado de Daegu e não descansei direito, além de todo o rumor estourando bem no dia... Enfim...
— Você foi em Daegu? — Tae perguntou confuso — À trabalho?
— Não, eu estava na casa dos Min. Passei dois dias por lá, porque a ahjumma Keung-Hee não parava de me ligar há algumas semanas.
— Você ficou mesmo próxima da família Min, não é? — Taehyung perguntou curioso, mas cauteloso.
— Tae, a mãe do Yoongi é doida! A relação dele com os pais é um pouco caótica.. Não, pouco não. A relação dele com a mãe é uma confusão só! E a mãe dele não tira da cabeça a ideia de que eu vou me casar com o Estranho... Vê bem! Eu e o Yoongi... Pfff.
Taehyung mordeu os lábios um pouco incomodado com o assunto, doido para perguntar mais para ela e se segurando. então voltou a olhar para ele ao notar o silêncio repentino e sua ficha caiu sobre o que o assunto poderia ter gerado.
— Olha Taehyung... Eu não sei se você ainda tem alguma dúvida, mas... Nunca tive nada com o Suga, ok? Essa situação toda gerada pela mãe dele é um erro da cabeça problemática dela. Ela acha que eu posso e irei controlar o Yoongi como ela...
— Tudo bem , não precisa me dizer nada. Você é livre para ter o que quiser com o Yoongi ou outro...
— Tae... — suspirou e disse por fim tomando coragem: — Eu não sei ainda por qual motivo, mas ultimamente, me incomoda muito você achar que eu e o Yoongi tivemos algo. Eu não quero que você pense que eu saio com quem eu não saio. Ainda mais o Yoongi! Não tenho nenhum problema de assumir pra você com quem eu esteja saindo, porque é a verdade, mas o Suga e eu nunca tivemos nada.
— Eu não te chamei para falarmos de nada disso, ... — Tae engoliu a saliva de um modo ansioso e sorriu sincero ao tentar mudar o assunto, explicando: — Na verdade, eu só quero desenvolver o que falta entre a gente.
Taehyung não pretendia com aquele pedido para ver naquela noite, conversar sobre a situação dela com Yoongi ou qualquer outro. Ele não pretendia conversar se quer sobre os dois, só queria passar um tempo com ela, revê-la após a viagem, até porque, desde que eles jantaram com os amigos no dormitório que não se viram mais. Então, quando ele mencionou que “queria desenvolver o que faltava entre eles”, Tae estava se referindo a passar tempo juntos, se aproximarem. Entretanto, na noite seguinte já seria o encontro que ele tinha marcado com ela, o esperado “date”, e o mesmo sobre o qual Jungkook avisou-lhe para ser sincero com a escritora, pois, provavelmente, ela esperava um encontro romântico. E bem, até poderia ser, se Tae não tivesse descoberto recentemente que ainda se incomodava com a ideia de que Yoongi e ela poderiam ficar juntos um dia, assim como, ele também descobriu após a primeira sessão de terapia e após a conversa com JK naquela manhã, que ele não desejava forçar uma aventura amorosa com ela diante tantas inseguranças que havia em seu coração. Inseguranças não apenas sobre ele e a escritora, mas sobre si, seu próprio trabalho, sua auto estima...
ouviu aquela frase: “Na verdade, eu só quero desenvolver o que falta entre a gente”, e não compreendeu do quê exatamente Tae estava falando, por isso o olhou curiosa, mas com um brilho nos olhos que demonstrava muita esperança ao perguntá-lo:
— Como assim? Desenvolver o que falta entre nós, seria... ?
Taehyung olhou rapidamente para ela e identificou toda a expectativa da autora de que eles talvez, fossem entrar no assunto que o mesmo tentava adiar para o outro dia. Não só sobre Yoongi e ela, mas como sobre o que Tae havia decidido a respeito de envolver-se com ou não. Lembrou-se de novo de Jungkook dizendo: “seja franco com a noona”, e com medo de que estragasse o encontro da noite seguinte, mas com a coragem de colocar alguns pontos e vírgulas nos devidos lugares, ele decidiu-se:
— Aish… Não achei que fôssemos entrar nesse assunto hoje... — Tae suspirou parando o carro em um semáforo, a encarou cauteloso e sério ao perguntar: — O que você espera do nosso encontro de amanhã, ?
— Sinceramente, não faço ideia. Eu não crio expectativas sobre o que vai acontecer entre nós desde a boate. Eu apenas quero estar com você e passar um tempo juntos. No dia do jantar, por exemplo, eu não esperava que a gente fosse ficar ou algo do tipo. Claro que se tivesse rolado eu ia curtir, mas na real, eu só queria me aproximar porque parece que entre a minha amizade com todos os meninos, nós dois somos os mais distantes um do outro. E olha que eu nem tenho tanto contato com vocês no dia a dia...
— Eu também sinto isso... Sinto que tivemos nosso tempo atropelado e de repente tem muita expectativa em volta... — Tae respondeu olhando de novo para a pista, já que o sinal havia aberto. — Como se a nossa amizade já tivesse a intenção clara de começar se pegando, e... Eu não quero que seja assim com você, não quero ser como os outros caras e nem pensar na sua relação com eles, porque eu não estou pronto para lidar com isso.
— Eu entendo. Aquela noite, na cozinha... A gente... Eu achei que você fosse me beijar, na verdade, mas senti que se tivesse acontecido ia parecer forçado. Nós não sabemos muito um do outro. Não além das figuras públicas é claro, então... Por que é que você deveria me beijar? Só porque existe uma atração física entre nós? Eu fiquei pensando nisso na viagem, sabe...
— Na sua viagem para a Tailândia? — Tae perguntou confuso, mas sentindo o coração aquecido por ela ter pensado nele enquanto estava lá.
— Sim. Pode parecer esquisito, mas você foi a primeira pessoa em quem eu pensei quando cheguei na ilha de Phuket.
— Sério? — Ele perguntou um pouco orgulhoso e tímido. — Por quê?
— Sei lá... Você me veio na cabeça. Acho que eu só percebi que tudo me lembrava de você. Era uma praia linda, tranquila, isolada... Um lugar paradisíaco que faz a gente querer ficar perto, por mais distante que seja. Essas coisas....
— Não sei se fico feliz por te lembrar algo paradisíaco, ou triste por te lembrar algo distante... — Tae comentou suspirando e trocando olhares entre ela e a rua.
suspirou pensando em suas memórias:
— Eu tive tempo pra pensar em mim, na minha vida... E como você ficava surgindo na minha cabeça eu pensei muito em nós dois. — Ela olhou de volta para Tae, e viu o garoto engolir a saliva de forma nervosa. — Eu acho que nós dois podemos assumir que sentimos uma atração um pelo outro, certo?
— Ce-certo. — Taehyung assumiu, ansioso, passando a língua nos lábios.
— Mas acho que eu percebi que eu não quero só ficar com você Taehyung. — confessou fazendo o rapaz a olhar rápido, mas curioso. — Se fosse isso, você não me afetaria tanto. Eu quero te conhecer melhor, saber coisas sobre você que só uma amiga poderia saber e, se essa atração física que temos, persistir, então que a gente fique um com o outro, mas não porque é o que todo mundo espera. Não porque eu acho você extremamente sexy e fico absolutamente curiosa pra provar sua boca e seu gosto... Mas porque nós dois estaremos na mesma sintonia. E nesse momento eu não sei se a minha sintonia é a mesma que a sua.
falou clara e calma, apesar de ser intensa em suas palavras e transparente em sua descrição. Taehyung soltou a respiração que prendia sem notar, parando o carro em outro semáforo. Ele estava absolutamente mexido com a confissão dela dizendo que o achava sexy e queria prová-lo.
— Uau. Você... Disse tudo isso sem hesitação... Você é mesmo prática. — Tae sorria um pouco bobo com as emoções que sentiu ao ouvir tudo aquilo, e ao mesmo tempo feliz por que, o que dissera que queria, não era diferente do que ele descobriu que queria com ela. Mordeu o lábio de modo contido, a fim de esconder a vontade de sorrir ainda mais e disse: — Então sobre o que você espera de amanhã?
— Você fez que tipos de planos? — perguntou após uma pausa silenciosa.
— Eu estava com medo de te decepcionar de novo. Há algumas semanas, após aquele jantar e também durante os dias que você viajou, o grupo passou por algumas sessões de terapia... Os garotos e eu, estamos todos um pouco, emocionalmente desajustados com nosso trabalho e vidas, enfim... Não que isso tenha a ver com o assunto, mas é que, depois das sessões e conversando com o Jungkook, eu percebi que não quero só isso... Não quero só te beijar, ficar uma noite ou duas, ser o seu flerte ocasional ou manter apenas uma ligação física.
Taehyung revelou e sentiu a necessidade de prestar mais atenção no momento da conversa, então parou o carro com o pisca alerta ligado no acostamento, para dizer aquilo olhando para ela com a mesma coragem que ela demonstrou — e que há pouco ele chamou de praticidade — em abrir seus sentimentos sem hesitar:
— Eu também quero te conhecer, entrar na sua vida como um grande amigo e depois... Ter a certeza de que quando ficar contigo, não vai ter outro. Eu quero fazer você se apaixonar por mim, . Eu quero você pra mim, e isso não vai acontecer com um encontro casual ou dois, como aconteceria se eu tivesse ligado pra você meses atrás e tivéssemos feito a coisa do jeito que todo mundo esperava. Eu demorei demais para flertar desse jeito.... Além do mais, você está certa! Não é essa a minha sintonia. Eu estou em outro momento da minha vida e carreira que não me permitem saber como agir... Digo, eu não quero ser irresponsável emocionalmente com ninguém, nem com você e nem comigo. Então, se eu te conquistar, eu preciso assumir isso conscientemente.
Foi a vez de se sentir eufórica e fora de si. Ouvir tudo aquilo com os olhos de Taehyung tão vibrantes sobre os seus, e a voz grave e baixa dele que não só demonstravam a seriedade imposta ao momento, mas mostrava a ela uma versão tão máscula condizente com a atitude de homem; e não a atitude de um menino... Kim Taehyung era o ponto fraco que não tinha a menor vontade de evitar. Ela respirou profundamente e começou a rir, nervosa.
— Pelo amor de Deus Taehyung, você faz isso de propósito? — ria mexendo no cabelo e se abanando sentindo-se abalada e com nenhum problema de demonstrar aquilo: — Quer me enlouquecer? Como você simplesmente diz isso assim... “eu quero você pra mim”... Meu Deus, eu... Olha...
levantou a mão com o dedo indicador como se fosse apontar para ele, mas hesitante, apenas olhou na direção dele em tom de aviso:
— Você tem que se responsabilizar se, em uma dessas eu simplesmente te agarrar, Kim!
Tae riu se sentindo vitorioso e um tanto travesso, e se lembrou de Jungkook dizendo-o:
— JK disse que eu quero entrar no seu cérebro até você definhar. Mas, juro que não é isso. Eu só quero ser o único e ter confiança nisso. E nesse momento, eu sei que não só eu não seria pra você o único, como eu não daria conta de ser. Então, se você me deixar ir devagar e aos poucos... — Tae suavizou sua face começando a rir pela referência da piada de Jungkook da qual ele citaria, buscando deixar o momento mais descontraído entre os dois: — Por favor, tente não definhar enquanto eu arrumo a minha mente confusa e invado o seu coração, ok?
assentiu rindo também e entendendo o que ele disse. Aos poucos, o riso foi diminuindo, os olhares deles se tornando mais compreensivos um sobre o outro, e o silêncio surgia como uma necessidade confortável para digerir as revelações trocadas. Taehyung retomou a direção do carro, os dois numa atmosfera densa de pura tensão e pensamentos. compreendia o que ele queria fazer e como, e concordava que de certo modo desejava o mesmo, mas também se pegou pensando: quão problemático seria se eles se beijassem no processo? Se ela quisesse dar uns “amassos” nele, Tae permitiria?
Por parte do trajeto eles seguiram risonhos, mas calados. Cada um ponderando as confissões feitas, e se suas atitudes teriam sentido, até dizer:
— Você, pode me dizer só... Se eu devo evitar te beijar quando me der vontade? Eu ainda não entendi o quão problemático isso pode ser no meio desse seu processo de se organizar e me conquistar.
— Pode me beijar. — Taehyung declarou direto e com uma entonação sensual causando nela outro arrepio, e sorrindo, complementou mantendo o foco: — Desde que você saiba que o peso disso não é só físico pra mim, eu não vou evitar se você quiser.
— Você se consideraria demissexual, Taehyung? — perguntou-o, mas o rapaz não compreendeu.
— Pode me explicar o significado?
— Se relaciona à orientação sexual onde uma pessoa, independente do gênero ou preferências, sente pouca ou quase nenhuma atração sexual num primeiro momento, precisando de uma conexão emocional maior para isso... — explicou de forma rápida, o raso conhecimento que tinha sobre o assunto: — É como se primeiro você tivesse que desenvolver laços afetivos, maior intimidade e conexão com sua parceira, com um peso emocional maior do que o físico. Em alguns casos, para a pessoa demissexual, nem mesmo o sexo precisa existir numa relação.
— Definitivamente, eu tenho muito desejo físico por você, . Eu realmente quero muito esse tipo de contato um dia... — Taehyung falou risonho e a olhando de cima a baixo passando a língua sobre os lábios — Mas.... eu nunca havia escutado esse termo, então, não sei se é sobre isso.
— É que me parece que você está evitando essa aproximação mais corporal, para prevalecer uma relação íntima entre a gente, certo? — perguntou na busca por melhor entender os sentimentos de Tae.
— Não é sobre evitar que a gente se beije ou algo mais, claro que não! Eu só não quero ser apenas isso pra você: um amigo colorido ou uma aventura casual. Eu quero mergulhar em você de corpo e alma, pensando que a gente vai ter um futuro, mas no momento, eu estou tentando lidar com algumas inseguranças minhas e também sobre você.
— O quê em mim te causa insegurança? O fato de eu sair sem compromisso com outros caras?
— É, isso também... — Tae respondeu se sentindo um pouco desconfortável. Não queria adentrar tanto naquela seara com , mas, ao mesmo tempo, sentia que deveria. Por mais constrangedor que fosse para ele admitir suas fraquezas a ela, a conversa tinha tudo para ser um marco importante naquele dito “futuro”, que ele desejava tanto costurar aos poucos com a mulher. Por isso, apesar de um pouco desconfortável e até mesmo cuidadoso, Taehyung continuou dando margem à expor seus pensamentos: — Não sei explicar a raiz dessa questão, mas o Jungkook me falou que talvez seja um medo que eu posso ter de ser deixado de lado em algum momento por você.
escutava tudo com um interesse tão grande, que era como se Taehyung fosse lhe dar todas as respostas para suas indagações íntimas sobre ele e sobre o que ele causava nela, desde que o conhecera.
— Geralmente eu sou sincera, Tae. Quando e se, o meu interesse acabar, eu vou ser franca sobre isso. Eu não brinco com os sentimentos de ninguém. As expectativas do outro... É uma coisa que eu sempre tento entender, sabe? Por isso, saber quanta distância você quer impor entre nós é importante para mim, porque eu vou respeitar sempre os seus limites.
— Não é sobre você e eu mantermos distância, o que eu estou dizendo é que eu quero um relacionamento com você , mas no momento, quanto aos meus impulsos eu prefiro ser cauteloso. Porque eu não quero mergulhar em algo que eu não saiba dar conta, entende? Eu não quero te frustrar de novo, pedindo o seu telefone e não te ligando, por exemplo. Não quero beijar você e parar, e nem dividir você com outras pessoas se tratando de relacionamentos abertos... Digo... Eu quero ser o único homem da sua cama, mas eu não quero só a cama, eu quero seu coração porque é isso que eu vou entregar pra você quando a gente começar a se envolver. Entende? Se a gente ficar, eu quero exclusividade e entrega de nós dois porque pretendo fazer durar.
— Entendo... E por isso, você prefere que a gente conheça melhor um ao outro... Os planos, sonhos, a vida... Eu entendo. — respondia à medida que mentalmente ia concluindo o quebra-cabeça de Kim e todas as coisas que ouvira dele até então: — E como tem coisas demais pra você lidar com o próprio emocional, você precisa ir por partes.
— É isso.
— Bem, eu posso ir no seu ritmo... — assumiu sorridente e suspirosa, depois, como uma pessoa empenhada em tornar as coisas entre eles ainda melhor, perguntou: — Tem algo que eu possa fazer pra te ajudar também quanto a nós dois?
— Só de você me permitir este tempo próprio já é incrível . Geralmente, as pessoas não entendem o meu tempo e espaço, me compreendem como um cara frio ou arrogante, até desinteressado. Mas é que eu sou assim... — Tae deu de ombros sem saber pôr em palavras a própria personalidade — Eu não tive tempo até agora para me preocupar com alguém para dividir esse tipo de afeto comigo, porque meu círculo de amigos é sempre o mesmo... Meu círculo de confiança estava bem... Até você chegar e eu querer te incluir. Só que eu preciso fortalecer minha autoestima, me sentir à sua altura, porém, não quero continuar fazendo tudo isso distante de você.
assentiu entendendo que Taehyung estava falando mais dos sentimentos e atitudes dele, do que necessariamente ditando o que ela poderia ou não fazer.
— Talvez eu lhe pareça um pouco possessivo agora, não é? — Ele perguntou ao ver que ela não respondeu.
— Não sei se é isso. Não me parece que você esteja sendo possessivo, eu vejo que você é intenso. Não quer se jogar no escuro, não quer apenas sanar o desejo... Você espera mais da gente, não é? — se virou um pouco no banco, para observá-lo melhor enquanto ele ainda dirigia.
— Você vai rir se eu disser que imagino nós dois namorando sério? Eu faço isso... Projeto um cenário imaginário de futuro pra entender como me sentiria. Pode ser uma forma de autodefesa, mas se tratando de você, desde que te vi, me empolga a ideia de um dia você ser a minha garota... — Taehyung explicou calmo, porém falou baixo evitando olhar para , por se sentir um pouco mais constrangido.
não evitou sorrir largamente achando fofo o que ouviu: “ser a minha garota”. E perguntou ainda mais fascinada por aquele Taehyung todo “tântrico”, como um príncipe da Era antiga coreana, um homem sensível e quase transcendente em relação ao amor.
— Você sempre foi assim com suas namoradas?
Taehyung soava aos olhos dela um ser puro que agora a própria não sabia dizer se era muito ou pouco para ela, mas logo que ele a respondeu sua pergunta, ficou ainda mais excitada com a ideia de conquistá-lo:
— Eu... — Taehyung pigarreou — Nunca namorei ninguém... Você é a primeira com quem eu quero fazer isso, e espero que seja a única.
sorriu de orelha a orelha, como se o último bilhete premiado da fábrica Wonka estivesse nas mãos dela. Ficou em dúvida se ele falava de namoro ou de virgindade também, mas sentiu-se extremamente honrada e feliz de saber que, independente das experiências que ele tinha ou não, ele queria que ela fosse a sua primeira namorada e única. Taehyung então, era aquele tipo que todo amor é o amor da vida toda até que se prove o contrário.
— Isso... É ruim pra você? — Ele perguntou um tanto amedrontado de que o achasse estranho, confuso, imaturo e pouco viril.
— De forma alguma! Eu sei que vocês foram mantidos sobre outras experiências de vida por conta do confinamento diante do trabalho e que talvez, algumas coisas tenham se sobressaído à outras nas suas vidas. A adolescência de cada um foi entregue ao BTS, não é? Você vai completar 20 anos agora... Quer dizer... 21 na idade coreana, ou seja, está só começando a vida adulta.
— Aish… — Ele murmurou um pouco brincalhão estalando a língua e fazendo careta para ela: — Você me faz parecer muito mais jovem do que você, e como se eu fosse um garoto que acabou de sair do colegial.
gargalhou e se desculpou:
— Não foi minha intenção! Eu só tenho 22 anos... Não, espera... 23. Eu não me acostumei com o sistema de contagem de vocês... Enfim... — Ela ria explicando e escorou a cabeça no banco do motorista relaxando ainda mais com a conversa: — Nossa diferença de idade é pouca, mas nossas experiências de vida talvez sejam mesmo bem diferentes. Eu comecei a namorar com 18 anos, e numa ótica cultural bem diferente da sua. Então, é normal que você não tenha namorado ainda, Tae. Não se envergonhe comigo por isso!
— Eu ainda pareço um garoto que acabou de sair do colegial com você falando assim... — Tae reclamou ainda rindo junto com ela.
— Um garoto que acabou de sair do colegial não faz 1/3 das coisas que você já fez, e sequer conquista o que conquistou, Tae.
Outro semáforo e Taehyung freou levemente, passou a marcha do carro e jogou a cabeça um pouco para o lado a fim de tirar o cabelo dos olhos, de um modo que achou ainda mais sexy agora que tinha em sua mente uma imagem ingênua dele. “Você é muito pervertida, !”, ela pensou recriminando-se enquanto o encarava.
Tae olhou-a, sorrindo contido e feliz de ter sido sincero com ela. Falou até mais do que pretendia, compartilhou com ela, coisas que não achou que compartilharia ainda. Mas, tudo simplesmente fluiu de um jeito natural e respeitoso entre eles, e o mesmo reconheceu isso:
— Não imaginei que nosso diálogo seria tão livre assim. Tive medo de que a sua reação com tudo o que eu disse até aqui fosse diferente... Ainda estou com medo de você ver que é boa demais para um romântico inexperiente como eu.
— Pelo contrário, Taehyung. — confessou: — Acho que eu é quem tenho muito a aprender contigo, e pra ser sincera, esse seu “eu” recém-descoberto, me faz querer conhecê-lo ainda mais.
— Fico feliz com isso! — Ele sorriu mais aberto, mais aliviado e sincero, com uma expressão de criança que ganhou um elogio da professora dando partida no carro após o sinal abrir — Eu prometo que vou te trazer pro meu mundo, cada vez mais. Só que... Talvez seja diferente do que você esperava desde o início.
— O fato de você reconhecer que não consegue e não quer lidar com uma relação aberta ou sem rótulos já de cara, é muito maduro e responsável, Tae. Você está impondo o seu limite, e eu aprecio isso. Eu vou me esforçar pra fazer você se apaixonar por mim também... Eu quero isso, mas sem precipitações. Do seu jeito. — falou tocando a mão dele que estava sobre a marcha e, para quebrar o clima sentimental, ela riu zombando-o ao lembrar: — O Yoongi já tinha me dito que você é um romântico à moda antiga, que pensa em entrar em algo que terá um futuro com alguém um dia e não só passar o tempo, mas não imaginei que me sentiria uma concubina tentando desvirtuar o precioso príncipe da dinastia Kim... Sabe? É coisa de mangá e dorama histórico...
gargalhou e Taehyung entendeu. Ele estava mesmo parecendo um personagem de quadrinhos ou de dramas antigos. Então ele sorriu um pouco envergonhado porque aquela imagem de cavalheiro arcaico e inalcançável que os amigos zombavam dele, foi a mesma que havia chegado até ela.
— Quem sabe um dia você não escreva um roteiro para mim, em que de fato eu seja o príncipe intocável, precioso e ingênuo de uma dinastia?
riu ao imaginá-lo no papel e mencionou lembrando-se de novo da conversa com Maurer:
— Depois dessa conversa, eu acabo de notar que eu quero que você seja o protagonista do meu romance. Então... Vou me esforçar pra ser a sua musa inspiradora também.
— Bem... Você já é. Desde que eu entrei naquele palco e vi o seu sorriso, seu jeito espontâneo, toda orgulhosa em falar do seu trabalho...
Taehyung dizia dirigindo com um sorriso nostálgico no rosto, e um brilho nos olhos como se estivesse revendo o cenário do dia que se conheceram na avenida em sua frente. Suspirou e fez uma careta fofa, dizendo com um biquinho infantil:
— Vai soar piegas, e certamente se você contar isso para o Yoongi ele vai zoar até a minha quinta geração, mas... — De repente a postura de rapaz envergonhado deu lugar ao olhar de homem misterioso e devotado de novo — Eu não via mais nada além de você aquele dia, era como se eu tivesse encontrado alguém que já esperava há muito tempo... Tudo parece colorir quando você chega, então... Seria muito cafona ou prematuro se eu disser que acho que você pode ser a minha alma gêmea, senhorita ?
sentiu o coração palpitar e estava disposta a amaldiçoar Kim Taehyung se tudo aquilo fosse um personagem cafajeste de um filme clichê, utilizado por ele apenas para enganar a mulherzinha frouxa que havia dentro dela, e que de algum modo ele já houvesse percebido. Para ela, das duas coisas uma era verdade: ou Tae era muito puro, ou era o maior sedutor que ela havia se deparado naquele país até então.
— A gente vai descobrir se eu sou enquanto vamos devagar, se conhecendo. E quer saber? — perguntou retoricamente respondendo convicta: — Você não vai encontrar dificuldades para fazer eu me apaixonar por você. Não se preocupe porque quando você estiver emocionalmente pronto para se jogar inteiro em um romance só nosso, eu já estarei te esperando.
— Eu espero que sim. Sei que talvez haja outro que consiga te conquistar antes, ou assumir o tipo de aventura aberta que você prefere e eu sou incapaz agora.
— Está falando do Jay Park? — perguntou curiosa, confessando franca sem aguardar resposta dele: — Tudo aquilo são apenas rumores da mídia, e o que eu e ele temos é só sexo. Estamos conscientes disso, entre ele e eu, é justamente o contrário do que você quer.
— Tudo bem mesmo para você se formos apenas amigos agora? — Taehyung perguntou com uma centelha de desconfiança sobre estar certo quanto aos sentimentos dela recém confessados, ou se ela apenas estava dando o espaço e tempo que ele precisava para se ajustar. — Quero dizer... Você pensa em que tipo de relação duradoura você vê no seu futuro?
parou de olhar para ele e focou nas faixas pintadas na estrada, mordendo os lábios, pensativa sobre a pergunta. Logo, sua mente retornou para a mais recente viagem.
— Um romance como os que eu escrevo... — murmurou com as falas do amigo em Phuket ressoando em sua mente mais uma vez — Mais do que uma aventura passageira....
— Pode ser que você tenha outras opções, e eu não quero me apegar à ideia de que você estará me esperando, . Por isso prefiro que a gente não se frustre, e apenas... Vá se conhecendo, se tornando parte da rotina um do outro. E nos permitindo se entregar um ao outro conforme formos sentindo confiança mútua para isso.
— Você está tentando se preservar também, eu compreendo. Acho que o que eu quero no futuro... — Ela retomou a reflexão sobre aquilo: — Ainda não é algo que eu tenha definido completamente. Por isso, precisamos, os dois, nos alinhar com os próprios sentimentos. Só que eu não vou prometer que vou lidar com isso do mesmo jeito que você!
— Claro que não! Nós temos personalidades diferentes. Enquanto eu preciso mergulhar em mim pra me entender, você consegue fazer isso se divertindo do seu jeito. — Tae mencionou mordendo o lábio inferior e dizendo sério: — Eu compreendo, e não posso acompanhar esse ritmo. Por isso ver você com outro cara me irrita, mas não sou aquele que vai entrar no jogo. Não é meu perfil, odeio a ideia de ter que competir pela sua atenção com outro homem... Pode parecer que eu estou abrindo mão ou desistindo, mas eu sou diferente desse jeito... Não é que eu não queira, eu só não acho que devemos nos desgastar pra ser importante pra alguém... Isso te frustra?
— Não mais, você está me explicando o que eu não entendia. É o seu jeito, o seu ritmo, como você disse... ‘Tá tudo bem! Eu vou aprender a lidar com isso como for possível e melhor para nós dois. — sorriu e tocou a mão dele apertando-a ao dizer: — Mas sabe... Se você soubesse o que me causa, não teria medo das outras opções que se colocam à minha frente e nem se preocuparia em entrar em duelos românticos.
confessou e sorriu, ao ver que haviam chegado e Tae estava estacionando. Logo, ela avistou também a barraquinha de Odeng que estava aberta, então a apontou, mudando finalmente o assunto:
— Ali está! O melhor Odeng da região!
Taehyung sorriu e depois que ele colocou a máscara no rosto, os dois desceram e espontaneamente entrelaçou o braço ao dele para se apressar até a barraquinha. Tae sentiu o corpo reagir imediatamente ao toque dela, sentindo-se tenso.
Ela tinha mesmo aquele jeito “despojado, livre, carismático ou grudento” como disseram os amigos ao mencionarem entre si, o comportamento dela de querer sempre estar abraçada ou mantendo algum contato físico. Tae se lembrou da conversa com os amigos enquanto a escritora falava com a senhora que atendia na barraca.
— Já li que os povos latinos são mesmo mais calorosos, mas que mesmo na América Latina, nenhum é como o povo brasileiro. Eles lidam com a corporeidade de um jeito muito único, gostam de beijar, abraçar, demonstrar carinho corporalmente, e não tem o mesmo pudor quanto a maioria de nós. — explicava Namjoon.
— Isso faz muito sentido! A sempre está tocando na gente, ela pode não ser grudenta, mas se repararem ela nunca chega e fica sem nos abraçar ao menos uma vez! É despojado esse jeitinho dela, lembram no programa de TV? Ela é cheia de carisma, eu gosto disso. Parece livre. — dizia Jimin.
— Ela é grudenta isso sim! Tem mania de beijar a bochecha de todo mundo que dá abertura. Vocês precisam ver no escritório dela, ela abraça e beija o rosto das pessoas quando chega! Não sei como não processaram ela por assédio ainda! — Yoongi resmungou se metendo na conversa.
— Ah, eu adoro esse espírito livre dela! — Hobi também comentou entre eles — Eu queria poder me soltar mais também... É um jeito que torna a vida mais leve, eu acho. Já pensaram se a gente saísse beijando e abraçando todo mundo por aí? Ia ser divertido!.
— Ou escandaloso... — comentou Jungkook — Se entre nós já tem quem crie várias especulações com nossa proximidade, imagine se a gente abraçasse quem nem conhecemos direito? Aish... Me deu um pouco de medo em imaginar.
— Ela não me abraça tanto, será que ela me odeia? Ou ela só se sente muito apaixonada com meu lindo rosto sempre que chega perto?
— Ela não te odeia e nem se apaixona, Seokjin. É que você é chato mesmo! — Yoongi zombou o outro amigo.
Pegando seu pedido, pediu dois caldos para eles beberem junto com o Odeng.
— Não quer soju? — Taehyung perguntou sacudindo a cabeça afastando a lembrança e sentindo o coração aquecido ao ver o braço dela ainda entrelaçado no seu.
— Não Tae, eu já bebi na casa do Chang! E soju em excesso me causa amnésia alcoólica, sem falar que amanhã tenho trabalho.
— Hm, bom saber. Não achei que sua resistência a soju era baixa para quem bebe tequila daquele jeito!
— Eu também não sei o que acontece! — gargalhou e depois que pegaram seus pedidos começaram a caminhar, ainda de braços dados, com Tae segurando a caixinha de Odeng, e o seu caldo. A mulher logo perguntou espiando em volta: — Ei, podemos comer?
— Acho que sim, só tem nós dois andando desse lado. Ninguém vai notar que sou eu, acho. — Tae falou olhando ao redor, e já distantes da barraquinha, sendo o único casal caminhando daquele lado do riacho, logo, abaixou a máscara de Tae. Ela segurava o próprio caldo, dividindo mordidas no espeto entre ela e Tae, dando na boca dele, já que as mãos do rapaz estavam ocupadas. Eles caminhavam risonhos e divertidos entre si, com bem menos pesos e tensões de uma aproximação esquisita como estava sendo antes de toda aquela conversa franca.
— O que você quer fazer amanhã?
— Você já não tinha tudo planejado?
— Sim, mas eu ainda quero saber o que você prefere. Vai que a minha escolha é ruim? Ainda dá tempo de mudar.
— Ah é... Você está na missão de fazer eu me apaixonar por você, ou melhor... Invadir meu cérebro até eu definhar... Não é? — comentou rindo e fazendo Taehyung gargalhar, mas concordar dando de ombros.
— Eu pensei em irmos a um parque de diversões. Tem tempo que não me divirto assim e com o lançamento do “The Most Beautiful Moment in Life - parte 2” no final do mês, os nossos compromissos serão apertados então, não terei outra folga boa para isso. Mas, quero fazer algo que você também queira!
— O Lotte World? Ele funciona à noite?
— Até às 22 horas. Podemos ir mais cedo se você preferir, de qualquer modo estou de folga amanhã.
— Eu trabalho até às cinco da tarde, podemos ir direto para lá e sair para beber depois, o que acha?
— Defina “sair para beber”... — Taehyung perguntou sabendo que ela era um tanto mais baladeira do que ele.
— Me surpreenda! Eu só disse para gente beber juntos. Você foi bem mal educado com a minha tequila daquela vez, então me deve isso! Pode ser até na minha casa se quiser.
Taehyung sorriu largo dando outra mordida no petisco e, tal como ela, sendo espontâneo, beijando o rosto da escritora mencionou:
— Eu estou ansioso para conhecer o seu cantinho, confesso, mas dessa vez deixe que eu planeje tudo!
— Ok... Na próxima eu te chamo pra comer lamen na minha casa. — Ela zombou o olhando maliciosa.
Os dois riram e sentaram-se na escadaria abaixo da ponte do riacho, onde havia ainda mais privacidade do que ficar caminhando e correndo o risco de serem reconhecidos. Conversaram animados sobre a viagem de , sobre a terapia — que o Tae contou para ela ter sido pedida por Namjoon para todos os membros —, e Taehyung ainda contou sobre como estava se sentindo em relação ao trabalho no álbum e à agenda futura. Nem perceberam o horário passar e quando decidiram ir embora, o relógio já marcava duas horas da manhã!
— Então amanhã eu te pego aqui às sete? — Tae perguntou já encostado no banco do carro, estacionado em frente ao sobrado onde morava.
— Estarei prontinha! Vai vir com o carro do Estranho de novo?
— Não sei. Talvez eu chame um carro particular. Eu vou dormir no apê do hyung hoje, mas não sei dos planos dele para amanhã.
— Ele saiu com a Maya?
— Maya? — Taehyung perguntou confuso — É o nome da garota que o Namjoon falou que ele está interessado?
— Sim, até onde sei, ele só dorme fora do apê quando está no dormitório, quando está na GL, ou quando está com ela.
— Hm, não sei. Ele não parecia animado para quem sairia com uma garota, estava estressado.
— Então é ela. Passar a noite trabalhando nunca estressa o Yoongi, não é? E dada a quantidade de burradas que ele pode cometer com uma mulher, essa é a razão do estresse. — declarou risonha, querendo não sair do carro. Se deitou ainda mais ao banco olhando para Tae com um sorriso preguiçoso: — Eu estou enrolando para sair.
— Eu também não quero me despedir. Hoje foi incrível. Foi especial e muito bom saber que entre nós a conversa é assim... Gostosa e leve. Acho que devemos instituir um hábito de sairmos em todas as brechas das nossas agendas para passar um tempo juntos, ou só fazer algo! Eu adoraria! Nem vi que ficamos quase três horas falando sobre tantas coisas!
— Eu apoio! Amanhã discutimos como faremos isso! — sorriu abertamente e desafivelou o cinto — Eu tenho que ir, antes que acabemos dormindo no carro.
— ... — Tae pegou na mão dela assim que ela soltou-se do cinto — Obrigado. Obrigado por me compreender, por ser franca e...
— Shiii... — Ela interrompeu levando um dedo indicador aos lábios dele e sorrindo emocionada, a mulher lhe disse: — Não precisa agradecer. Você me pediu para deixá-lo me amar do seu jeito, mostrou que não quer só transar com uma mulher atraente, mas que deseja entrar com responsabilidade na minha vida Tae. Você poderia muito bem vir, fazer uma bagunça no meu coração e não assumir nada. Mas você me quer. Eu não acho que precise me agradecer por isso.
Taehyung sorriu e beijou a mão dela que ele segurava, e apoiando o braço no volante, com uma das mãos brincando com os dedos da mão dela, ele a encarou sorrindo e fechou os olhos orgulhoso de si, respirando fundo antes de dizer:
— Eu ainda acho que eu não sou bom o suficiente para você, mas eu prometo que depois que eu entrar na sua vida, eu só sairei se você quiser!
— Eu preciso sair desse carro agora, é sério. — riu mordendo os lábios, e de repente avançou rápida sobre ele, o deixando um beijo demorado no rosto, depois se despediu: — Sonha comigo, Kim Taehyung.
— Sonha comigo, . — Ele devolveu o beijo e o pedido.
saiu do carro acenando, atravessou a rua e subiu as escadas de metal externas do sobrado, sempre olhando para trás e acenando ao carro. Tae abaixou só um pouquinho o vidro para que ela o visse sorrindo como um bobo, e esperou ela entrar pela porta do cômodo do último andar do sobradinho, para então dar partida no carro, mordendo os próprios lábios, contendo todos os dentes que queriam ficar à mostra. Estava tão eufórico e feliz, que retornou para o apartamento do Yoongi cantando, rindo, sorrindo, e fazendo caretinhas fofas e animadas.
[xxx]
Quando Taehyung abriu a porta do apartamento, Yoongi havia chegado há poucos minutos. Suga observou o mais novo todo sorridente e feliz como alguém que estivesse sonhando acordado, e arqueou a sobrancelha com uma expressão desconfiada. Tae deixou as chaves no aparador, e se jogou no sofá rindo largo encarando o teto. Quando Yoongi ia largar seu copo de água para perguntar o que houve, Taehyung começou a se debater no sofá como uma adolescente apaixonada. Foi então que Yoongi começou a sorrir, porque Tae era mesmo fofo até quando agia estranho.
— O que foi, hein? Seu oppa confessou os sentimentos para você? — Zombou Suga, após deixar o copo sobre a bancada da cozinha americana e com braços cruzados se aproximar de Tae, que levou um susto ao vê-lo ali.
Logo a expressão de susto sumiu de sua face, dando novamente lugar ao sorriso alegre.
— Ei hyung! Achei que não voltaria hoje!
— Não vamos falar sobre isso. — Suga pediu sentando-se na poltrona da sala ainda curioso, com as pernas cruzadas e a mão sob o queixo analisando a felicidade de Tae: — Você transou com alguém?
— Melhor do que isso!
— Melhor? — Suga fez uma careta descrente e confusa — O que você estava fazendo?
— Eu estava com a ...
— E desde quando isso é melhor do que... — Yoongi parou de falar juntando os pontos, e perguntando assustado com a boca aberta, e um tanto curioso: — Aigoo! Foi com ela? Você transou com ela finalmente!?
— Por que tudo para vocês se remete a isso? — Taehyung perguntou nervoso sentando-se de uma vez no sofá e colocando uma almofada no colo, onde apoiou os braços cruzados — Não foi isso, mas ela e eu tivemos um final de noite maravilhoso, ficamos horas conversando e se conhecendo e... Uwa... Ela é perfeita.
— Está feliz assim porque aquela maluca ficou horas falando na sua cabeça?
— Ela pode ficar só em silêncio do meu lado por dias, que eu ainda vou sorrir, hyung.
— Meu Deus, isso é grave. — Yoongi mencionou assustado — Você não está só apaixonado pela , está muito apaixonado!
— Estou? Eu acho que já estou... — Tae perguntava mais para si, enquanto fazia caretas analisando seus sentimentos.
— Bem, vocês se acertaram então? Eu já posso quebrar a cara do Park sem ter culpa de estar batendo no casinho imundo dela?
— Sim para a primeira pergunta, mas quanto ao Park, eu não sei se ela vai terminar com ele agora... De qualquer modo, eu até apoio que você quebre a cara dele. Só não conta pra ela que eu disse isso.
Yoongi riu achando graça na reação de Tae, que finalmente havia expressado o quanto Jay e também incomodavam a ele.
— Ok, mas se vocês se acertaram porque ela ainda sairia com o Park? O que exatamente vocês vão fazer?
— Não ficamos e nem estamos ficando, a gente só vai deixar as coisas acontecerem com calma.
— Por Deus, Kim Taehyung! Como você consegue se conter? Ficar perto dela e não fazer nada... — Yoongi reclamou e o encarou percebendo a mesma cara que Tae fazia quando julgava os sentimentos de Yoongi — Digo... É a garota que você gosta!
— Chega de falar sobre ela com você. — Taehyung informou respirando fundo e analisando Yoongi — Por que voltou cedo? A Maya te mandou embora?
— Como sabe da...? — Suga começou a pergunta com olhos arregalados e então constatou: — A já fez fofoca da minha vida de novo!?
— Qual o problema? Você se meteu na minha vida amorosa, eu posso me meter na sua.
Taehyung parecia mais feliz e mais disposto a provocar Yoongi, inclusive. O hyung então coçou a sobrancelha e desabafou:
— Ela e eu nos reencontramos depois de algum tempo, e tínhamos brigado. Era pra resolver as coisas essa noite, eu deveria ter contado o que sentia, mas... No fim das contas, ela e eu só... Ficamos de novo, e ela me mandou embora em seguida porque tinha que pegar um avião logo mais...
— AH... Então foi só sexo. E isso te incomodou?
— Muito.
Taehyung começou a rir, divertido, vingado e percebendo a ironia. Não eram eles que o julgavam ou zombavam por desejar algo sólido antes de algo frívolo? E eis que agora Yoongi tentava deixar de ser apenas a opção sexual que melhor satisfazia a sua garota, para ser alguém importante para ela, e não estava conseguindo.
— No fim das contas, o príncipe intocável aqui é o que parece agir melhor... Que irônico...
Tae se levantou indo para dentro do quarto de Yoongi, que ficou sem entender o que ele quis dizer, mas logo foi indagando e o seguindo:
— Ei! O que isso quer dizer?
— Esqueça, hyung! Vamos dormir!
— Yá, yá! — reclamou Yoongi — Para onde você vai? Não vai dormir na minha cama, não é?
— Claro que vou! Você quer que eu durma no sofá quando cabem três pessoas aqui? — Taehyung murmurou indo até o banheiro de Suga com sua necessaire para escovar os dentes.
Yoongi tirou suas roupas indo para seu próprio banheiro já reclamando na tentativa de vencer a discussão:
— Não Taehyung! Você gosta de ficar dormindo pendurado nos outros! Não vamos dividir a cama!
— Oras hyung, então pode dormir no sofá, mas eu vou dormir na sua cama! Foi você que me chamou pra dormir aqui hoje dizendo que não voltaria... — Taehyung falou ao terminar de escovar os dentes e olhou para Yoongi entrando no chuveiro e zombou: — Não tem nada aí que me interessa, não se preocupe!
— Eu não quero saber de você dormindo agarrado em mim, ouviu!? — Yoongi gritou quando o amigo já tinha saído do banheiro.
Quando terminou seu banho e entrou no seu quarto já vestido com seu pijama, e esfregando os cabelos, Yoongi olhou para a cama e Tae já dormia com três travesseiros agarrados em si, inclusive o dele.
— Aish... Ele tinha mesmo que pegar meu travesseiro? — reclamou e foi até a sala pegar uma almofada no sofá, em seguida entrou no cômodo com seu celular nas mãos checando se tinha mensagens de Maya, mas não tinha. Então olhou de novo Tae dormindo, e sorriu ladino com ar de maldade. — Vou dar um presentinho pra minha amiga Estranha...
Yoongi tirou uma foto de Tae dormindo em sua cama, e outra, uma selfie onde ele sorria com Tae no fundo apagado entre os lençóis e enviou para com a seguinte mensagem nas fotos:
Yoongi:
[foto do Taehyung dormindo]
Podia ser você ali do lado dele…
03:19 AM
[foto selfie de Yoongi rindo e Taehyung dormindo no fundo]
Mas serei eu a dormir do lado do seu amado inalcançável!
♥♥
03:19 AM
Riu animado por provocar a amiga, e se ajeitou na cama pronto para dormir, quando a notificação vibrou em seu celular e prevendo que seria o xingando ou fazendo uma piada mal humorada, Yoongi abriu a conversa animado. Mas, o xeque-mate era sempre dela. enviou para ele uma selfie dela deitada em sua cama, com os cabelos soltos e espalhados de um jeito sexy, uma expressão divertida dando língua e ficando vesga, fazendo um mini coração com os dedos e vestida em uma camisola de seda rosa bebê, que não mostrava nada na verdade, mas o conjunto da obra... Yoongi sentiu a garganta secar, sem saber se aquilo era fofo ou totalmente sexy. E sem dúvida, a legenda da amiga zombando-os só piorava tudo! Junto com a selfie, escreveu:
Estranha:
[selfie de ]
Poderiam ser os dois dormindo do meu lado. Quem perdeu mais?
03:20 AM
Na ausência da resposta do amigo, enviou uma figurinha que era um meme de Jungkook rindo e escreveu também:
Estranha:
[figurinha do JK]
Tá pensando na resposta não é? kkkkkk
Desiste Yoongi, eu sempre te deixo sem palavras,
você não é tão bom em provocar quanto pensa, Estranho!
Cuida do Tae pra mim, mas não toque nele.
Ele é puro demais para você!
03:25 AM
Yoongi não respondeu mais, apenas fechou o aplicativo de conversas e fechou os olhos, frustrado, tentando finalmente dormir.
26.
A entrada da mangaká não estava lotada de repórteres, mas já via-se a incomum presença de alguns. estava dentro do carro de aplicativo, encarando a fachada da empresa.
— Senhorita? — O motorista chamou-lhe a atenção — Não é este o endereço?
— Ah... Por favor, ahjussi, pode aguardar um momento? Talvez eu tenha que ir em outro lugar antes...
— Claro senhorita.
sorriu agradecida e pegou seu celular discando para Chang. O empresário informou a ela que seu dia estaria totalmente cheio e que os repórteres estavam aguardando notícias da entrevista. Ele havia planejado que falasse naquela tarde, afinal, quanto antes lidassem com aquilo, melhor. Contudo, a escritora ainda não havia conversado com Park e, por tal motivo, Chanyeol aconselhou que ela fizesse aquilo antes de entrar na empresa.
— Certo... Pensei mesmo em despistar esse burburinho assim que cheguei.
— Está na porta da empresa? Bem, de todo modo, eles ficarão aí até a tarde com certeza. Vá falar com o Park agora de manhã, não tem como ser em outro momento mesmo.
— Eu farei isso agora então. Assim que terminar a conversa com ele eu retorno. — desligou a chamada e sorriu para o motorista dizendo: — Só mais um instante, por favor.
O senhor assentiu a olhando pelo retrovisor, e discou o número de Park, que não demorou em atendê-la.
— Baby! Bom dia! — Jay respondeu animado e ofegante — Como você está?
— Bom dia, baby. Estou bem... Eu preciso falar com você! E precisa ser agora. — foi direta tentando não dar dicas ao motorista sobre quem era a pessoa na chamada, pois, o homem estava curioso com a movimentação da imprensa na porta da empresa alguns metros à frente.
— Claro... Eu estou na academia da minha cobertura, você tem a senha então pode entrar.
— Libera minha entrada na portaria então, ok?
— , há algum tempo que você não precisa mais se identificar aqui, é só subir. — Jay confessou.
— Chego em alguns minutos, até logo.
— Ok…
Assim que encerrou a chamada, Jay ficou observando seu telefone enquanto corria na esteira. O que esperar daquela conversa? A escritora pareceu absolutamente séria e fria pelo telefone, e ele fechou os olhos, frustrado. Aumentou a velocidade da corrida e pôs-se a descarregar a pressão que começava a sentir, na atividade física.
— Ahjussi, neste endereço por favor. — falou confirmando a nova rota de viagem pelo aplicativo do motorista, e após confirmá-lo o senhor dirigiu discretamente.
Chegando ao condomínio de um bairro onde outras celebridades e pessoas ricas moravam, agradeceu finalizando a corrida e o pagamento automático, no entanto, ao colocar a mão para descer, o mais velho impediu-a:
— Senhorita! Por favor! — Ela o encarou e, o mesmo puxou algo do porta-luvas do seu carro — E-eu tenho uma filha... E...
O homem estava sem graça olhando para as mãos que segurava um embrulho em papel de presente, ainda aberto.
— Pode falar ahjussi. No que eu posso ajudar o senhor? — informou ao notar que ele sabia quem era ela, e desconfiada de que o embrulho escondesse um de seus manhwas.
— Ela me pede para comprar esses livrinhos desde o começo do ano, mas eu só consegui agora comprar o primeiro da coleção dela. Eu percebi quando a senhorita pediu para deixá-la na porta daquela empresa que era a mesma empresa que fabrica essas histórias, e pelo seu nome... A senhorita é a autora, certo? Então eu pensei se... — O motorista sorriu sem graça olhando ao redor do lugar em que estava a deixando. Era um condomínio de gente milionária, provavelmente onde ela morava, e a coragem de fazer o pedido para a filha foi se esvaindo à medida em que ele pintava uma imagem irreal da escritora, em sua mente — Se a senhorita poderia autografar... Mas, se for muito inconveniente... — Ele começou a sorrir sem graça, alisando o embrulho nervoso e tentando o guardar de novo.
— Eu posso. — respondeu simpática, com um sorriso enorme no rosto e uma mão estendida que surpreendeu o motorista com os gestos.
Ele sorriu de volta, tirou o manhwa do embrulho de jeito cuidadoso e feliz. viu que ainda era a primeira edição da história, indicando que a menina estava iniciando sua coleção com um ano de atraso. A escritora pensou: “o quanto o pai não precisou se esforçar para dar à filha aquele presente?”. Seus manhwas nem eram caros, o preço mais barato variava entre quinze e vinte cinco dólares das edições mais antigas, no entanto... Para aquele senhor, talvez, quinze dólares (o equivalente ao exemplar na mão dela) fosse uma quantia alta, afinal, eram quase vinte mil wons coreanos. Quando encarou o semblante do pai dedicado, atento aos gestos dela, e retomou o olhar ao manhwa em sua mão, fazendo aqueles cálculos mentais recordou-se de quando chegou ali na Coreia. Vinte mil wons, eram preciosos. Que condições e necessidades o pai daquela família teria? Algumas coisas se passaram à mente da autora e contendo a emoção, ela permaneceu sorridente, pegou a caneta em sua bolsa e encarou gentil ao homem perguntando:
— Qual o nome da sua filha, ahjussi?
— Bong Cha! — O pai respondeu amorosamente — É uma criança fantástica, senhorita Diias. Ela não me pede muitas coisas, mas queria especialmente esse livrinho. Não tem muitos amigos também, por isso, ela gosta muito de ler!
— Eu adoraria conhecê-la, ahjussi. — mencionou e assinou. Após autografar entregou o livro ao pai da garota e perguntou: — O senhor acha que pode levá-la à empresa no sábado de manhã?
O motorista ficou estupefato. Os olhos arregalados e a boca aberta em uma descrença sutil.
— A senhorita vai mesmo receber a minha Bong Cha e eu?
— Bem... O senhor acha que ela gostaria de conhecer a mangaká?
— Claro! Isso... Ela, adoraria senhorita Diias! — O pai respondeu animado.
— Então traga sua filha no sábado às nove da manhã até a empresa, certo? Deixarei meu agente avisado da sua visita, ahjussi... — leu novamente o nome do motorista no aplicativo do próprio celular, e favoritou o perfil dele — Ahjussi Si Woo.
— Muito obrigada senhorita! Muito obrigada! A minha Bong Cha ficará muito feliz!
— Nos vemos em breve. Tenha um bom dia e obrigada por seus serviços!
abriu finalmente a porta e saiu do carro. Adentrou a guarita de segurança do prédio se identificando, em seguida rumou para a portaria do bloco onde a cobertura de Park ficava.
O senhor Si Woo, acompanhou a caminhada calma e elegante da escritora que por acaso esteve em seu carro aquela manhã, com os olhos cheios de lágrimas ao ver o livro assinado em suas mãos. Sua filha ficaria tão feliz com as notícias! E enquanto se distanciava, ele observava pensando que julgou errado a mulher. Ela era simples, apesar do endereço ao qual aparentemente morava. Era uma pessoa simpática e atenciosa. O dia do senhor Si Woo ganhou outro significado depois daquela corrida, porque sabia que ao chegar em casa haveria um motivo realmente bom para sua filhinha sorrir para ele.
Diias passou pela portaria, onde o porteiro sequer a anunciou, apenas a acompanhou até a porta do elevador.
— Que bom revê-la, senhorita !
— Bom vê-lo também. E como está, ahjussi? — Ela sorriu agradecida e entrou no elevador.
— Estou bem, senhorita. Espero que também esteja apesar desses rumores...
— É, eu poderia estar melhor. Agradeço se mantiver a discrição.
— Não se preocupe, nós temos ordens bem diretas de zelar pela privacidade de nossos moradores e seus visitantes. Espero que a senhorita não seja prejudicada com o que aqueles repórteres podem dizer.
— Obrigada por sua solidariedade.
assentiu e o porteiro saiu deixando-a finalmente só no elevador. Ela apertou o botão da cobertura e suspirou pesadamente. Ao chegar no último andar, digitou a senha já conhecida do apartamento de Jay e entrou pronta a subir para a academia no terraço, no entanto, foi surpreendida com a figura de Park descendo a escada dos quartos com uma toalha enrolada à cintura e outra sacudindo os cabelos. Ela sorriu e logo que ele a viu, fez o mesmo.
— Você não estava na academia, Jay? Ou isso é uma tentativa de me seduzir? — falou zombando, deixando sua bolsa na mesa aparador da sala e se aproximando dele, tranquila.
A brincadeira de certo modo o deixou mais calmo. Park estava preocupado com o efeito que todo aquele burburinho teria entre a amizade e a relação causal dos dois, mesmo que a escritora já o tivesse dito que não estava, o evitando.
— Dessa vez eu não tive má intenção, baby...
Ele sorriu ao responder, jogou a toalha que secava os cabelos no sofá, e abriu os braços para receber a mulher. logo abraçou-o como sempre, e beijou o rosto dele o cumprimentando com afeto. E quando ia se soltar, Jay a segurou um pouco mais, dizendo afetuoso:
— Eu senti sua falta.
— Sei bem do que sentiu falta, Park... — falou risonha ao ouvido dele e então soltaram-se.
Jay a encarava com um sorriso mínimo, e parecia preocupado. Então sorriu e entrelaçou os dedos nos cabelos molhados dele e o beijou calmamente. O beijo não foi intensificado, era um beijo calmo e até cauteloso, de ambas as partes.
— Já tomou café? — Jay perguntou e assentiu — Ok, mas um expresso você não nega mesmo, então, me acompanha.
Ela riu, com ele pegando-a pela mão e puxando até a cozinha do seu apartamento.
— Não quer se vestir primeiro?
— Está incomodada com o fato de que não tem nada por baixo da minha toalha, Diias? — Jay brincou encarando, safado à mulher.
— De modo algum, até porque tem sim algo aí embaixo. Só estou falando que caso você tenha algum compromisso ou horário a cumprir, pode subir pra se vestir que eu arranjo o seu café da manhã.
Jay observou-a já inclinada à geladeira tirando alguns frios de dentro, e ficou um tempo mudo, apenas observando ir de um ponto a outro, buscando prato, talher, ativando a cafeteira de cápsula... Ela já sabia onde ficava tudo ali.
— Jay? — A escritora o chamou, surpresa por ele ainda estar parado e em silêncio.
— Você quer terminar? — A pergunta dele tão surpresa para , não deixava sombra de dúvida que ele estava ansioso com o motivo que levara a escritora ali e ela percebeu.
— O conceito de terminar para você se refere aos nossos benefícios, certo? — Ela sorriu arrumando as coisas e ainda o olhando.
— , eu lamento muito que...
— Park. — Ela o interrompeu tranquilamente, dizendo: — Por que está se sentindo tão culpado por algo que não foi você quem fez?
— De todas as pessoas que rumores com meu nome possam prejudicar, você definitivamente não é alguém que eu desejaria isso.
— E a culpa é de quem, se fazem fofocas com o seu nome ou o meu? — perguntou de novo, se fazendo entender que não buscava por culpados.
Jay suspirou, contrariado, passando a língua sobre os lábios e ficando sério.
— Vá se vestir primeiro. Eu estou aqui para nós termos uma conversa importante, porém, tenho muitos compromissos agora de manhã e acredito que você também.
O rapper concordou e se direcionou novamente ao andar de cima. Enquanto Jay subia, mordia o lábio buscando entender o que ela havia lido nos olhos dele ao perguntar de modo tão arredio: “você quer terminar?”. Ela preparou as xícaras de café para ambos, mas para Park, ainda preparou um copo de suco de laranja e dois sanduíches. Não era o café da manhã que ele gostava de ter, mas ele não se importaria. Talvez ele nem tivesse tempo para uma refeição longa, , certamente não tinha.
Quando Park desceu de novo e entrou na cozinha, já bebia sua xícara de café sentada em frente à ilha. Jay sentou-se ao lado dela e virou o rosto da morena para selar seus lábios rapidamente.
— Obrigado! Tem certeza que não quer comer?
— Tenho sim. Fica à vontade.
Ela sorriu e ele assentiu servindo-se, mas o clima ainda era estranho.
— Eu sei que você não está me culpando... — Jay começou a dizer sem olhar nos olhos de ainda — Mas, eu insisto em pedir desculpas a você, . Depois de ler algumas coisas notei que foi bastante desastroso que esse rumor acontecesse logo agora, no começo da sua carreira. Então, mesmo que eu não tivesse como evitar, eu não consigo deixar de me sentir mal por você.
— Jay, eu entendo o que diz e não precisa me pedir desculpa. De verdade, não estou buscando culpados. Não estou com raiva de você ou do Okasian, na verdade, não estou com raiva de ninguém. É uma situação que poderia ter acontecido mesmo se eu estivesse com o Yoongi, por exemplo. Se uma foto minha vazasse com ele, entende?
— Isso me deixa muito frustrado também. Saber que ele pôde esfregar na minha cara que nunca te expôs desse modo, apesar de toda a dificuldade que é guardar segredo das amizades.
— Espera... — afastou sua xícara já vazia e se concentrou em Jay: — Yoongi falou alguma coisa com você?
— Não é nem preciso. Eu sei que é exatamente o que ele diria... Me acusando como faz bem.
Ela suspirou aliviada por Yoongi não ter se metido em nada daquela vez, e então foi direto ao ponto:
— A questão é que não tem como prevenir mais nada. No entanto, estou aqui pra gente alinhar melhor a desculpa que já pensamos desde a minha viagem, porém, também quero delimitar novamente nossos limites, Jay.
— Ok... — Park assentiu deixando seu sanduíche de lado, e virando-se de frente a ela na bancada. — Uma coisa por vez. Vamos repassar a nossa história...
— Seong Hwa e eu nos conhecemos no festival de quadrinhos no último ano, nos tornamos amigos eventualmente, e por isso eu estava na mesma festa que você e os demais, já que era na casa dele. Quanto a você e eu, nos conhecemos através dele, mas apenas conversamos melhor no dia da festa. Não temos nenhum envolvimento amoroso, e sequer somos amigos. Apenas nos aproximamos ali, e nos falamos de vez em quando.
Jay terminava seu café enquanto ouvia tudo concordando, até que uma parte do discurso o deixou um pouco ofendido.
— Sequer somos amigos? , é mesmo necessário fingir toda essa distância?
— Jay, isso pode parecer rude, mas... — suspirou um pouco frustrada — Eu não posso neste momento ter a minha imagem associada a sua desse jeito, e eu temo que se contarmos que somos amigos há mais tempo, essa história só vai ganhar mais força. Não vai convencer ninguém se eu disser que somos amigos, mas não nos pegamos. Não depois das suas declarações no programa, porque se fosse só a foto do Okasian era mais fácil explicar o motivo de estarmos no mesmo lugar. Porém, o que causou o cruzamento das informações foi você ter declarado interesse amoroso por...
— Mulheres inteligentes e escritoras. — Jay afirmou, um pouco bravo. Tentou não transparecer sua irritação, que na verdade era consigo e com a mídia, não com .
— Entende? Desculpe por ter que ser assim tão agressiva e...
— Entendo. — Ele a cortou — Eu li os comentários, . Sei bem que não sou o tipo ideal que sua base de fãs prefere. Não precisa se desculpar por não querer ser vista comigo.
— Jay, eu juro que se não fosse por causa do meu trabalho, eu não faria questão de esclarecer as coisas agora e...
— , relaxa. — Ele sorriu tentando confortá-la — Bem vinda ao business, baby. Essa é a nossa indústria, e eu sei que não é pessoal. Não me importo de fingirmos que não nos conhecemos publicamente por quanto tempo for preciso. Desde que nada mude entre a gente, vamos ficar bem, não é?
sorriu e Jay acariciou o rosto dela de forma carinhosa, e com uma mão forte direcionando à nuca dela, ele a puxou lentamente para um beijo intenso. A mulher não negou, mas também não se deixou entregar totalmente e ele percebeu.
— O que houve? Você não parece confortável em me beijar...
— É que... Jay, a gente... Vamos terminar de alinhar as coisas sobre a imprensa primeiro... — Ela se levantou sacudindo os cabelos de modo nervoso e ali sim, Park compreendeu que não sairia tão ileso como gostaria, daquela situação. estava de costas para Jay, com uma mão na testa e outra na cintura, organizando os pensamentos.
— Bem, sobre a mídia acho que é isso. Eu confirmo e nego tudo o que você me disser para fazer, . Sobre o Gray, não se preocupe porque eu já falei com ele enquanto você estava na Tailândia e ele concordou em confirmar tudo o que a gente disser.
— Jura!? — Ela se virou finalmente aliviada, porque estava sentindo-se muito mal de envolver outras pessoas naquilo — Ai nossa, que alívio! Bem, nesse caso eu vou falar com ele hoje ainda por telefone. A coisa é urgente porque nesta tarde darei uma coletiva de imprensa para finalizar qualquer vestígio de rumores entre nós dois.
— Ok.
Jay respondeu e se levantou também da ilha, levando as louças e talheres para a pia e retornou, escorando as costas na ilha, com os braços cruzados, encarando o chão e silencioso, esperando falar mais alguma coisa. Ainda estava digerindo o modo como ela não parecia nem um pouco incomodada de ter que fingir que não o conhecia, e pior, não parecia também interessada em continuar o caso que vinham desenvolvendo naquele tempo todo.
— Bem, agora... — Ela falou se aproximando dele de novo, e esticou um braço na ilha, apoiando-se de pé, com outra mão na cintura, e ao lado do corpo de Jay de frente, o analisando dos pés à cabeça: — Eu já sei ler as suas feições, baby. E está bem óbvio que você está chateado com o modo como eu estou lidando com frieza a tudo isso e...
— Não é isso. — O rapper a interrompeu sério e sem a olhar — Não é essa merda de fofoquinha e o jeito como vou me passar de fantasma na sua vida que está me incomodando agora. É que claramente, as coisas não estão iguais. Você e o Maurer lá na Tailândia, saíram de novo? Você está tentando não me dispensar de um modo direto, é isso?
arqueou a sobrancelha e encarou Park com um semblante de superioridade e sabedoria que era tão incisivo quanto frio.
— Olha só...! Eu estou começando a ver a face que tanto me disseram do Jay Park imaturo, ou é impressão minha?
— Ah , para com isso! Fala logo que quer terminar e ponto! — Reclamou numa entonação de voz comedida, mas chateado, a encarando demonstrando mais um pouco da própria irritação.
— Se você for babaca comigo uma vez, saiba que é a primeira e última. Então pense bem, Jaebeom aonde quer levar essa conversa. — A mulher não desviou os olhos, dos dele, um centímetro sequer, e ele suspirou mordendo os lábios e sacudindo a cabeça olhando para o chão. permanecia impávida o observando em sua postura de início, e soltou: — O que você realmente tem a me dizer, Jay?
— Eu não quero que você me deixe por causa do Maurer.
Park confessou e então ergueu os olhos e a expressão séria para a escritora que respirou profundamente e com o dedo em riste, na altura do rosto do Park, mas sem soar agressiva com o gesto, decretou:
— Eu garanti que não te deixaria pular nesse abismo, não é? Então vamos definir algumas coisas de novo, Park.
— Não estou apaixonado por você. Não se trata disso.
— Vamos conversar e definir de novo os nossos combinados, Jay Park. — Ela foi enérgica — Eu não vou deixar qualquer conversa necessária para depois e claramente estou certa em me preocupar com alguns riscos, já que você está me mostrando sinais perigosos.
— Eu quero exclusividade agora, só isso. Que mal tem? Não é como se eu já não estivesse ficando só com você.
ouviu aquilo e sentiu a nuca doer. Não era possível que àquela altura do campeonato em que as coisas com Tae pareciam se acertar, Jay entraria num “mode boyfriend” que nem era real.
— Jay. — Ela falou massageando as próprias têmporas e então o puxou pela mão, guiando-o a sentar-se com ela no sofá da sala. Park jogou a cabeça para trás no encosto do sofá, e apoiou os cotovelos nos joelhos com as mãos na testa antes de discursar: — Eu não vou ficar apenas com você, e isso é inegociável no momento.
— Então tem outro cara mesmo!
— Sempre teve e eu já tinha dito isso a você!
— É o Maurer?
— Não importa quem seja, a questão é que nós começamos isso sendo transparentes e sinceros. E certos de que se o sentimento ou objetivos mudassem nós deveríamos dizer um ao outro e ver como lidar. A questão é que, eu não vou permanecer saindo contigo e envolvendo seus sentimentos no meu lance de divertimento. Eu já falei que não brinco com o coração das pessoas e não aceito que brinquem com o meu, por isso as coisas precisam ser claras. Então, não minta para mim, ok? Você se apaixonou?
— Claro que não, ! — Jay declarou com tanta veemência que até soava ofensivo, mas não acreditava muito naquilo — Eu só quero continuar fodendo e me divertindo com você!
— Park, se essa é a questão, não importam quaisquer outros envolvimentos. Somos amigos com benefícios e é só isso. Mas o problema é que você não quer só isso e eu não sei se está tentando se convencer ou me convencer do contrário.
— Eu só não quero dividir você com o Maurer que é o queridinho dos seus fãs pelo visto! Por eu ser uma péssima figura do seu lado, ele vai poder ficar colado contigo e... E se você se apaixonar por ele? Vai se afastar de mim!
— Pode me explicar de onde surgiu essa coisa com o Maurinho? — perguntou confusa e assustada com a viagem que Jay havia entrado.
— Eu sei lá! Você foi pra lá e voltou toda estranha! Está querendo se afastar de mim e ele era seu affair, sem falar que é conveniente para sua imagem e tal.
— Não importa. Não importa se eu saio com o Maurer ou com outra pessoa, isso não deveria estar afetando você desse jeito, Jay! Que droga! Você está apaixonado, Park!
— , eu não estou! Que bobeira! Eu não sou esse cara emocionado. Eu só não quero deixar de ter contigo o que temos, e agora que vamos ter que ficar afastados em público como nunca precisamos, é melhor que nós dois não nos envolvamos com mais ninguém. Além disso, você é quem mais precisa proteger a sua imagem e...
— Porra, não! — levantou o dedo em riste em sinal de alerta, xingando em português, e logo explicou: — Caminho errado, Jay! Essa possessividade não combina com você e estou começando a dar razão aos odiadores da nossa amizade!
— O quê? — Ele se sentiu um tanto envergonhado por ter causado aquela impressão nela, e tentou se fazer entender melhor: — ...
Park pegou-a pela mão e a colocou sentada em seu colo, puxando o rosto dela para o seu numa tentativa de explicar o que não fazia sentido:
— A gente estava ficando um com o outro de um jeito tão gostoso, baby... Eu só não quero perder esse nosso... Essa nossa... Conexão, entende?
— Eu não vejo porque perderíamos isso, Park. Mas não consigo deixar de achar que na verdade, não te satisfaz mais que a gente só fique um com o outro. Você está querendo outra coisa, e não é de hoje. Desde o dia da festa você me pergunta direto se eu estou com outra pessoa, quer saber quem é, insiste em entrar no meu mundo particular como...
— Conhecer sua casa, seus amigos, seu trabalho... O que tem demais nisso? Eu te trouxe para cá, te levei à mansão da minha família, te apresentei os meus amigos e....
— Eu não pedi por nada disso, não me importo. — Ela respondeu sincera até demais — Isso foi o que você quis, e tudo bem, foi bem legal participar disso tudo, mas eu estou ocupando o posto de sua nova amiga Jay. Uma amiga que você proporciona alguns orgasmos deliciosos vez ou outra, mas para mim é só isso. Eu não acredito que você tenha feito tudo isso esperando que eu fizesse de volta. Você sabia desde o começo que esses não eram nossos — ela fez aspas com as mãos ao dizer: — “protocolos”.
— Não é isso, eu não fiz esperando retorno, mas eu achei que seria legal também me sentir nesse posto de seu amigo. Caso você não tenha notado, eu me sinto como o seu sugar daddy e não o seu amigo. Até porque, o Maurer, o Yoongi, eles sim são seus amigos com benefícios de verdade. Eu tenho sido apenas o benefício.
deixou o queixo cair em choque. Tirou as duas mãos de Jay que passaram a segurá-la pelos glúteos, mantendo a mulher sentada ao colo dele, e se levantou um pouco confusa.
— Hey baby, espera... Não fica chateada... Eu não quis dizer que...
— Jay, olha só! — estendeu a mão na frente dele retomando sua racionalidade e disse: — Me desculpe! Eu realmente sinto muito por tê-lo feito se sentir apenas um benefício, e reafirmo que não foi esta a visão que eu tive. Para mim você é um amigo, bem mais do que o sexo, mas acho que não fui tão clara assim contigo. Por isso, acho melhor a gente dar um tempo disso tudo. Vai ser bom também para você, assim colocamos a cabeça no lugar entre tantas coisas e você pode pensar com mais calma sobre o que espera de nós dois.
— não... Não precisa disso, baby! Eu me expressei mal, vem cá... — Jay se levantou pegando a mão dela de novo e entrelaçando a cintura da mesma a fim de se olharem nos olhos e conversarem com mais calma, mas era decidida. Ela encarou-o nos olhos e foi decisiva:
— Pensa com calma no que espera de nós dois, e então depois que souber me fala. E eu também vou pensar nisso tudo. Com as certezas na mesa nós voltamos a conversar pra ver se vamos continuar ficando ocasionalmente ou se seguiremos apenas na amizade, ok?
— Eu não forço ninguém a ficar comigo, se parar é o que você quer... — Ele a soltou suspirando chateado e olhando para o chão. — Pode só me dizer se... — Jay coçou a nuca com uma mão na cintura, fechando os olhos para perguntar sem demonstrar irritabilidade: — Se este tempo que você diz, significa que não podemos nos encontrar mais para fazer qualquer coisa juntos?
— Você consegue agir apenas como “o amigo” e não “o benefício”?
— ! — Ele reclamou do tom irônico dela.
— Foi você quem disse que eu não te considero um amigo, então só estou tentando compreender como você agiria Park, porque para mim não há problema algum se a gente sair juntos sem que eu termine gozando na sua cama. Mas não acho que isso é algo possível para você, não é?
— Você me entendeu errado.
— Você é quem não sabe o que quer, Jay. — murmurou já cansada e irritada: — Parece que eu tenho ímã para homens perdidos e confusos...
— Me desculpa. Eu... Enfim, vamos fazer isso. Me dê uma semana para pensar melhor no que estou sentindo e depois vamos conversar de novo. Pode ser, baby?
— Deve ser. Não tenha medo de me contar ou assumir seja lá o que você sente quando tiver a resposta, ok? Eu realmente quero continuar como sua amiga apesar de qualquer coisa. — afirmou e Jay assentiu calado, então ela pegou sua bolsa no sofá e se despediu: — Agora eu tenho que ir. Meu dia está uma agitação só. A coletiva será às 14 horas, então pode ser que você receba mensagens e etc. Mantenha nossa história e caso tenha qualquer dúvida me manda mensagem, ou direto para o Chang, ok?
— Boa sorte, e desculpe. Não queria que nada disso estivesse acontecendo dessa forma.
se aproximou dele acariciando o rosto dele com carinho, e beijou o rosto de Jay como se dissesse que estava tudo bem, embora a conversa tenha se desencontrado.
— Não precisa me acompanhar, tá? Se cuida, baby.
Jay observou sair pela porta do seu apartamento e ao ouvir o som seco da maçaneta fechando ele se deixou cair sentado de novo, com as mãos na cabeça, perdido e irritado.
— Que merda eu fiz aqui? — murmurou para si.
[ xxx ]
chegou na empresa e o movimento do escritório 77 estava agitado. Do Ho e Yoona vieram até ela a cumprimentar pela viagem, pelos resultados que souberam através dos amigos, e informaram ter deixado na mesa dela as pesquisas que haviam sido feitas.
— Chang, já se reuniu com a diretoria? Bom dia! — Ela falou entrando apressada na sala do amigo, ainda segurando a bolsa em sua mão e demonstrando que acabara de chegar da casa do Park.
— Estou subindo agora para isso. Já ajeitei tudo para a coletiva que será às 14 horas mesmo, inclusive fiz um script de possíveis perguntas para você dar uma olhada. Mas, antes de qualquer coisa, como foi a conversa com o Park?
Chanyeol digitava em seu notebook sem olhar para , apenas direcionando total atenção a ela quando fez a pergunta chave. E foi só encarar o rosto dela, e ver sua testa vincada para entender que ela estava preocupada.
— Ele concordou com a história que eu tracei, Seong Hwa também. Vou telefonar pro Gray para conversar diretamente com ele já que o Jay quem intermediou tudo. Então, vai dar tudo certo na coletiva. Estou mais preocupada com sua reunião com os diretores.
— Tem certeza que foi tudo bem? Não parece que está tão tranquila assim...
— Foi sim. Chany, por favor, só... Me traga o quanto antes o resultado do anúncio para os diretores. Eu estou mesmo uma pilha com a reação deles à sua proposta.
— Não se preocupe. Faça a reunião com a equipe sobre os projetos atuais sem qualquer estresse, eu já te falei que eles irão trazer uma contra-proposta. Não é pra você se concentrar nisso agora . Seus focos hoje são a coletiva, o projeto atual e a assinatura publicitária do seu comercial de cafés. Deixa o resto comigo.
O agente voltou a falar tudo de modo calmo, sabendo que a amiga não diria mais nada sobre a conversa com o rapper.
— Ok, então Chany. Obrigada por seu trabalho duro! — afirmou sorrindo e lançando um beijo no ar — Estarei em minha sala e depois vou me reunir com a equipe na sala cristal.
Mal entrou em sua sala do escritório, seu celular tocou denunciando a chamada de Yoongi. sentou-se em sua cadeira e já retirou seu scarpin massageando os pés, e atendeu a chamada do amigo. Toda vez que ficava tensa era como se os pés endurecessem dentro dos sapatos.
— Oi Yoon. Bom dia. — A voz desanimada foi facilmente percebida pelo amigo.
— O que aconteceu? Você parece chateada, Estranha… — E a voz dele tornou-se também preocupada.
— Hoje é um daqueles dias de cão. Muita coisa está acontecendo na minha rotina aqui na M.E... E por aí?
— Estou de folga, liguei para saber se podíamos nos ver. Não te encontro desde a semana em que dormiu lá no dormitório... Mas, pelo visto não vai ser hoje, não é?
— Não vai rolar Estranho... — falou um tanto decepcionada — Hoje eu tenho reunião de equipe, contratos a ler e assinar, decisões importantes a tomar e ainda tenho a maldita coletiva com a imprensa aqui na M.E. para falar sobre os rumores com o Park.
— É hoje? Que horas? Será ao vivo em algum lugar? — Yoongi perguntou ainda mais preocupado.
— Vai ser uma coletiva ao vivo, mas como e quando os veículos transmitirão eu não sei... O Hiro comentou algo sobre transmitir na minha rede, eu acho... Não tenho certeza, mais tarde aviso você.
— Ok, e você conversou com o Park, está tudo bem?
suspirou e soltou os pés, pegando álcool em gel sobre sua mesa e passando nas mãos.
— Conversei, mas confesso que não faço a menor ideia do que aconteceu. Enfim, temos muito a conversar, Estranho, de preferência com muita bebida e comida do lado. Infelizmente, não será hoje.
— Eu gostaria de passar aí para te distrair um pouco ou fazer você se sentir melhor, mas entendo que não posso. O seu melhor amigo número um já entrou em contato comigo me proibindo de passar até na calçada da M.E.
— Ai Yoon, por favor não leve para o pessoal, ok? Eu não aguento mais tanto homem brigando e se desentendendo por minha causa ao meu redor.
— Ah , se enxerga! — Yoongi zombou — Você não é a última garrafinha de água no deserto.
— Claro que não, eu sou o oásis inteiro, meu querido. — Ela mencionou e riu.
Yoongi sorriu do outro lado da chamada, conseguiu arrancar um risinho frouxo e leve da amiga, de modo a distraí-la um pouco.
— Não se preocupe, eu não briguei pelo oásis não. O Chang me explicou educadamente, na verdade, o que aconteceu. É melhor mesmo evitar que mais alguém aí me reconheça, em todo caso você tem um passe livre aqui na BH, não é? Use essa merda mais vezes quando puder!
— Eu vou usar, só me deixe me livrar das muitas tarefas que tenho e apareço aí de surdina, e invado seu Genius Lab.
— Eu vou esperar por você. Fica bem, tá?
— Eu ficarei! Hoje à noite pelo menos tenho um encontro com o Tae, finalmente! A recompensa do caos.
— Ah é verdade! — Yoongi falou zombando e olhando para as mãos dele cheias de coisas constrangedoras — Eu não poderia mesmo me esquecer do seu encontro hoje!
— Por que diz isso?
— Taehyung está me punindo, segundo ele, por ter me metido entre vocês. Me trouxe para ajudá-lo a preparar algumas coisas... E olha, como seu amigo eu me sinto no dever de te alertar… — Yoongi contou a última parte sussurrando e falando baixo vendo o amigo mais longe de si — Ou o Tae tem uns fetiches estranhos ou vocês dois não vão mesmo transar hoje, então não crie expectativas, tá?
— Yoongi! — gritou e depois levou a mão à boca preocupada de alguém ter escutado, mas, estava trancada em sua sala e provavelmente ninguém ouviria. — Não acredito que vai me deixar curiosa sobre isso, seu idiota!
— Eu tenho que desligar, o Tae está me chamando de novo… — O amigo respondeu risonho e instruiu antes de desligar: — Beba mais água e menos café! Boa sorte, Estranha, vai dar tudo certo com os abutres da mídia!
A mulher viu a chamada ser encerrada na sua cara e fez uma careta antes de focar totalmente no seu trabalho. Primeiro telefonou ao Gray a fim de esclarecer e agradecer por sua contribuição quanto à desculpa a ser dada para a imprensa, e passou a manhã analisando o material trazido por Yoona e Do Ho, revisando os scripts de Ailee, avaliando os gráficos de Eun Hee e Hiro, lendo as perguntas esboçadas por Chang, escrevendo um pré-discurso para a coletiva de imprensa.
Depois que a equipe inteira foi almoçar, retornaram às 13 horas para o escritório, foi se retocar para a coletiva, e quando o relógio marcava 13:50 hs, ela e Chang desceram para a sala de conferência da empresa. No elevador ela avisou no grupo de whatsapp dos Bangtans que a coletiva seria transmitida ao vivo também pelo fan café e instagram da escritora.
Yoongi e Tae já haviam chegado ao apartamento dele àquela altura, e se prepararam para assistirem juntos, assim como Jungkook e Jimin que decidiram brotar lá no apartamento do hyung. Namjoon, Jin, Hobi assistiram juntos, no dormitório.
Chang e notaram que tudo estava pronto e entraram na sala com dez minutos de antecedência para prestarem os esclarecimentos com a imprensa que estava aguardando.
— Boa tarde a todos, agradecemos pela presença de vocês nesta coletiva. — Chang informou assim que sentou-se ao lado da agenciada e pegou o microfone. — Estamos adiantados em dez minutos, mas se não houver objeção gostaríamos de começar, pois ainda temos alguns compromissos importantes no dia de hoje. Alguém se opõe?
Ninguém se opôs então Chang olhou para assentindo-a que podia falar.
— Boa tarde, eu sou Diias e gostaria novamente de agradecer a todos os presentes nesta que é a minha primeira coletiva de imprensa para tratar de assuntos que não envolvem o meu trabalho diretamente. Nas últimas semanas, enquanto estive em uma viagem até a Tailândia para cumprir agendas de encerramento do meu drama no país vizinho, o qual foi, felizmente, um enorme sucesso, eu fiquei surpreendida com alguns rumores acerca da minha vida pessoal na internet. Antes de abrir o espaço para suas perguntas, eu gostaria de me posicionar sobre os fatos, embora já tenha feito isso por meio de nota oficial nas minhas redes sociais.
pausou e percebeu os jornalistas todos atentos e olhou para Chang de modo a saber se estava indo bem ou não, e o amigo assentiu num meneio sutil de cabeça.
— Nas últimas semanas, estive em uma festa na casa de Seong Hwa já que nos conhecemos no último Festival de Quadrinhos de Buncheon, ano passado. Sendo colega de Gray, fazia sentido que eu estivesse presente na festa dele e conhecesse outros amigos do rapper, e nesta ocasião, eu conheci o Jay Park. Nós conversamos e interagimos de maneira social como quaisquer pessoas que estão em um ambiente com amigos em comum. Não entendo a razão para estes rumores terem ganhado tanta força, apenas por eu estar presente em um mesmo evento com ele. Portanto, esclareço que Jay Park e eu não somos um casal e não temos envolvimento amoroso algum, sequer somos amigos ainda. Contudo, isso não significa que futuramente não possamos conversar ou ser vistos em outros eventos, já que nosso ciclo de amigos tem sido o mesmo.
suspirou discreta, preocupada se havia dito algo equivocado. Então, ela sorriu e depois de olhar de novo para Chany, o agente sorriu e direcionou-se a dizer no microfone, dando a ela chance de beber água:
— Vocês podem fazer suas perguntas agora, pedimos que mantenham a linha de interesse e questionamentos dentro do assunto ao qual estamos esclarecendo aqui, e já afirmo que minha agenciada tem a nossa total liberdade de responder ou não questões de outras naturezas na data de hoje.
E enquanto assistiam ao pronunciamento pelo instagram de , os amigos BTS faziam suas observações. Primeiro na casa de Yoongi:
— A noona parece nervosa... — Jungkook mencionou sério, um pouco preocupado enquanto enchia a mão de amendoim japonês — Mas acho que está se saindo bem, não é?
— Pode ser pela mentira. Eu me lembro a primeira vez que eu tive que mentir para a imprensa. Não foi nada dessa magnitude, como relacionamentos amorosos, mas, mesmo assim... Me senti culpado com os fãs. Espero que a fique bem. — Jimin comentou.
— Ela vai tirar de letra essa exposição desnecessária... — Yoongi falou roendo a unha do polegar, com o cenho franzido. — Isso é só o começo do mundo que ela ainda vai ganhar.
— Só espero que acabe tudo bem, não quero que ela passe por toda a pressão cruel que essa coisa toda é capaz de causar. — Taehyung murmurou com os olhos vidrados no próprio iphone.
E depois no dormitório:
— Eu queria saber como o Jay Park está se sentindo agora. Quero dizer... Ela está claramente negando até que é amiga dele... Será que eles conversaram sobre isso? — Namjoon comentou.
— A me parece uma mulher bem íntegra, tenho certeza que nada disso é surpresa para ele. Embora... — Jin comentou fazendo uma careta de escárnio e zombando — Aigoo! Ser rejeitado desse modo é bem constrangedor! Apesar de dormir com ela, ela nem mesmo disse que são amigos!
— Ela deve ter as razões dela. — Hoseok comentou atento nas falas de Chang — Pelo que eu vi na internet, a última coisa positiva para carreira dela é estar associada à imagem do Jay Park e apenas por puro preconceito. Os fãs não tem sequer um motivo para isso.
— É por conta da imagem errada que fazem dele... — Namjoon mencionou.
— Olha aí, agora vai começar o show de horrores, a imprensa vai poder perguntar! — Jin falou e os três se calaram de novo.
A primeira pergunta surgiu:
— Escritora , eu sou o repórter Hoon Jae! A senhorita assistiu a entrevista dada pelo Jay Park? O que poderia nos dizer da sua interpretação para as perguntas do mesmo quando ele diz que se interessa amorosamente pela senhorita?
suspirou enxergando a maldade na pergunta.
— Eu assisti apenas depois que todos estes rumores falsos começaram, afinal, eu queria entender a raiz de onde nascia toda esta difamação sem sentido. E acredito que o senhor cometeu um equívoco, repórter Hoon Jae, pois, se bem me lembro, em momento algum o Jay Park menciona um interesse amoroso por minha pessoa. Meu nome sequer é citado ao longo de todo o programa, apenas na internet, após alguns fãs especularem a minha presença na mesma festa que tudo começou a ser distorcido.
— Então a senhorita não concorda que pode haver relação na fala do senhor Park com a sua presença no evento? Ele disse claramente que se interessa por mulheres inteligentes e escritoras.
— Primeiro, gostaria de agradecê-lo pelo elogio, repórter Hoon Jae. — sorriu — Eu também me considero uma mulher muito inteligente. Mas isso por si só não responde a nada. Na verdade, só prova que o Jay Park tem um bom senso de se interessar por mulheres inteligentes e que compartilham do mesmo ofício que eu.
— Senhorita, eu insisto, não é ingenuidade achar que ele não estivesse falando sobre a senhorita que estava na mesma festa que ele?
— Não acho que seja ingenuidade e sequer sou prepotente de achar que ele referia-se a mim. Essa questão apenas quem poderia responder, é o próprio Jay Park. O que sou capaz de esclarecer é que mesmo enquanto estivemos na mesma festa, não houve flerte dele comigo. Então, baseado em quê eu acreditaria que se trata de minha pessoa?
respondeu e apesar de insegura com o rumo de suas respostas, os jornalistas pareceram incomodados.
— Senhoria , repórter Song Bae aqui! Eu gostaria de mudar o tom da questão do meu colega! A senhorita disse que não conhecia o senhor Park antes e que apenas se encontraram no evento do Seong Hwa, poderia nos dizer sobre o que conversaram na festa? E que impressão a senhorita teve do Park?
reconheceu a jornalista, e achou a pergunta dela muito conveniente para que a escritora tentasse limpar a imagem de Jay Park, contudo era também uma pergunta capciosa.
— Ãn... Repórter Song Bae, sinceramente, eu não me recordo quais assuntos foram trocados entre nós naquela ocasião. Talvez eu tenha dito algo acerca das músicas da empresa dele, já que sou fã do trabalho de muitos artistas além do próprio Jay e Gray. E com isso posso responder que a minha impressão sobre o Park foi absolutamente diferente do que a mídia expõe. Ele me pareceu uma pessoa séria, dedicada ao seu trabalho, respeitador e tranquilo... Como posso dizer... — olhou para Chang se enrolando nas palavras e o amigo arqueou a sobrancelha como se dissesse a ela para falar pouco sobre aquilo — Bem, ele me pareceu ter uma personalidade bem diferente do cantor e do homem narrado nas letras das próprias músicas.
— A senhorita encontrou-se ou teve a oportunidade de falar com o Jay Park após a situação de comoção causada na internet?
— Na verdade, minha equipe entrou em contato a fim de esclarecer o que ele poderia ter dito na entrevista, uma vez que fomos pegos de surpresa enquanto viajávamos. O Park foi bastante atencioso com Chang e eu, e pediu desculpas por ter seu nome envolvido ao meu nessa situação equivocada.
— Diante de todas as declarações, o seu público manifestou desaprovação quanto a qualquer relacionamento entre a senhorita e o Jay Park, ao quê a senhorita associaria esta reação? Acha que seus fãs estão sendo preconceituosos?
observou a expressão da jornalista carregada de brio. Aquela garota poderia ir longe em sua carreira por seu faro apurado para perguntas e fatos. Foi ela quem deduziu algum envolvimento romântico entre e Chang, e a escritora esperava que a informação não viesse à tona mais uma vez. Quanto à pergunta que ela acabara de fazer, havia um grande risco escondido ali também. Se dissesse a verdade, que sim, achava que seus fãs eram preconceituosos; certamente daria um tiro no pé. Mas, não queria mentir ainda mais do que já fizera até ali. Ela estava pensativa na resposta, estática, que nem percebeu o silêncio ansioso instaurado entre ela, os cliques das câmeras e os repórteres.
— ...? — Chang sussurrou chamando a sua atenção e ela então o olhou, saindo do transe e vendo o olhar preocupado dele sobre si. Sem dúvida, seu agente estava receoso quanto ao que ela responderia.
— Bem... — iniciou a autora — Acredito que parte dos meus fãs idealizaram um perfil sobre mim por conta do meu trabalho. E isso é comum com qualquer artista. O público sempre imagina, desenha uma imagem mental de seus ídolos. Porém, não devemos nos esquecer que algumas coisas influenciam nisso, como por exemplo, aquilo que é dito e mostrado sobre nós pela mídia. Desde que tudo isso começou, eu notei o quanto a imagem do Park é rodeada de um estereótipo de “mau exemplo, de rebelde”, e sinceramente, desconheço o que justifica isso, mas acredito que quanto mais os tablóides dizem que ele é assim, mais essa coisa cresce. Então, talvez meus fãs tenham sido motivados por uma impressão que vocês da imprensa coreana imprimiram sobre ele. Se é verdadeira ou não, sou incapaz de responder, porque não conheço a tal ponto. Mas, eu acho que todas as pessoas que levantam suposições sobre alguma pessoa pública, seja o Jay Park, uma escritora em ascensão, influenciadores digitais ou grandes ídolos artistas, devem ter o mínimo de bom senso e refletir sobre suas ações. Não posso dizer como o Jay se sente, mas vocês já pararam para refletir sobre o que tantos comentários maldosos podem causar sobre ele? Pessoas públicas ainda são pessoas, e não máquinas de entretenimento. Este é um ponto de crítica que eu quero enaltecer aqui e deixar muito claro: o limite da privacidade. Comparado ao Ocidente, vocês respeitam a privacidade das pessoas de algumas maneiras muito eficientes, em contrapartida, tratando-se de relação entre celebridades, mídia e fãs, algumas vezes esta exposição é extremamente tóxica. No Ocidente, é difícil garantir a privacidade dos famosos com tanta eficiência quanto vocês, porém, por lá, essa coisa de “mandar” na vida dos artistas não pesa como aqui. Às vezes, vejo algumas bases de fãs e empresas agindo como se fossem donos do artista.
dissera tudo de forma educada, calma, mas diretiva aos repórteres que digitavam freneticamente em seus notebooks, alguns a encaravam de olhos esbugalhados sem nem piscar — provavelmente achando-a um tanto audaciosa em sua atitude —, e Chang a observava disfarçando o nervosismo porque acreditava que a resposta poderia ser distorcida. Assim também, Seokjin, Namjoon e Hoseok estavam boquiabertos ao presenciarem a postura crítica e sem pudor da amiga. Um verdadeiro tapa na cara da sociedade, e um grande risco também. Ela poderia ser bastante criticada por seu posicionamento. A autora fez uma breve pausa em sua fala, e encerrou a resposta dizendo:
— Quero aproveitar para pedir aos meus fãs que sejam cuidadosos com o que vierem a dizer sobre outras pessoas no futuro. Tenho um grande desejo de me tornar cada dia mais próxima de vocês, de manter uma relação de amizade e respeito entre nós, e embora viva na Coreia há quase dois anos, eu tenho convicções morais pertencentes à minha cultura que não deixarei de lado. Por isso, lamento profundamente, e me sinto invadida por ter lido tantos comentários ruins sobre a hipótese de Jay Park e eu nos envolvermos. Gostaria que no futuro, sejam quem forem as pessoas que estiverem comigo em parcerias de trabalho ou relações pessoais, que vocês, fãs e imprensa, tenham mais empatia e respeito por estas pessoas e claro, por mim. Espero ter respondido bem sua questão, senhorita Bae.
A repórter assentiu com um sorrisinho de canto, que não soube se era admiração ou sarcasmo. Chang ficaria de olho no Pop Korea News, o portal ao qual ela representava.
— Respondeu! Eu ainda gostaria de fazer mais algumas perguntas! — Bae informou quando outro colega iria falar.
— Ela pensa que é quem? Pop Korea News, ninguém acessa aquilo... — uma jornalista murmurou tentando constranger a colega.
— Pode perguntar. — assentiu olhando fixamente para Bae.
— Obrigada senhorita Diias. — Bae agradeceu — Eu farei minha pergunta e depois, os caros colegas podem continuar, embora as perguntas tão vagas e despreparadas deles certamente não serão tão boas quanto as minhas.
A provocação de Bae iniciou um pequeno início de discussão entre dois repórteres que foi providencial para que e Chang trocassem sussurros.
— Cuidado com essa repórter, . Ela não só faz boas perguntas como é a mesma que nos parou no aeroporto. Fico receoso de como ela poderá manipular suas declarações.
— Eu sei, Chang, não se preocupe. Além do mais, Hiro está transmitindo tudo nas minhas redes sociais. Seja o que for que ela tente distorcer, não vai dar certo.
Os meninos que assistiam tudo nos seus celulares estavam não só surpresos com a desenvoltura inteligente da amiga, como estavam preocupados com tanta mentira contada. Namjoon dizia que sairia dali moralmente culpada, porque conhecia pouco dela, mas já sabia o quanto ela detestava mentiras.
— Escritora! — Bae iniciou a pergunta depois que os ânimos foram acalmados e o foco voltou em : — Tudo o que disse sobre transparência e respeito com seus fãs é muito bonito, e portanto, acredito que não seria invasivo da minha parte perguntá-la sobre o tipo de homem que a interessa e citar algumas das suas relações. Mauro Maurer foi o ator principal de seu drama estrelado na Tailândia, e vocês tiveram um envolvimento amoroso recente. Pode nos falar sobre sua relação com Maurer? Também gostaria de perguntar sobre seu envolvimento com o agente ao seu lado, Sang Chang Chanyeol, pelo qual há um grande favoritismo também de sua base de fãs. Este favoritismo tem algum fundamento? Ou essa relação é apenas um delírio dos seus fãs? E considerando os perfis tão diferentes entre Chang, Maurer e Park, se pudesse citar alguém como seu tipo ideal, e não apenas entre eles, mas até mesmo algum “crush” famoso, quem seria? Obrigada pela disponibilidade, autora.
Chang estava pálido. Quando Bae citou sua desconfiança sobre o fato de ter se envolvido com o agente, partindo de alguns poucos shippers que existiam sobre os dois por parte dos leitores e leitoras da mangaká, os outros jornalistas arquearam a sobrancelha pasmados, e sussurravam entre si.
— Bem, já que citou meu agente e vejo que estão todos confundindo a situação, eu vou deixá-lo igualmente responder, porque também se trata da imagem dele.
mencionou e enquanto Chang negava qualquer relação com a autora, os meninos comentavam entre si, no apartamento de Yoongi:
— Uwa! A e o Chang já namoraram, mesmo? — Jimin perguntou olhando para Yoongi.
— Aigoo... — Jungkook emendou: — Eu me lembro deste assunto ter surgido no programa aquele dia! Eles negaram não foi?
Taehyung estava calado e como os outros, olhava para Yoongi atento e aguardando a resposta. Já Suga, não sabia o que dizer. Havia descoberto há pouco tempo sobre aquilo, durante uma discussão com a amiga em seu quarto, mas não sabia se ela gostaria de partilhar a informação.
— Bem, vamos ver o que eles estão respondendo pra saber.
— O Chang negou. Mas, você não sabe nada mesmo, Yoongi? — Jimin falou atento ao telefone.
— Claro que sabe! Eu lembro dele dizendo ao Tae no dormitório, quando conheceu a , que o agente dela era um obstáculo para o Taehyung!
— Jungkook está certo. Você disse. — Tae se manifestou.
— Aish! Ouçam o que ela vai dizer! — Yoongi bronqueou fugindo do assunto.
E seguia a sequência de respostas do amigo:
— Eu confirmo a declaração de Chang, nós não temos nenhuma outra relação além da profissional que não seja a amizade. Ele foi uma pessoa muito importante na minha chegada e início aqui na Coreia, então é óbvio que tenho por ele um grande afeto, e nossa relação atualmente é tão íntima quanto a de dois irmãos se é esta a dúvida de vocês.
Yoongi soltou um risinho sarcástico ao lembrar-se do que ela disse antes, resmungando:
— Tsc...! Exceto que irmãos não transam.
— Eu sabia! — Jungkook acabou escutando e gritou batendo palmas e apontando para Yoongi — Eles namoraram sim!
— Nossa Taehyung, está mesmo difícil pra você. — Jimin mencionou com solidariedade.
— O que quer que ela tenha tido com Chang ou qualquer outro não será um problema enquanto ela estiver comigo.
— E ela está com você agora? — Jungkook perguntou curioso.
— Mais tarde ele conta. — Jimin mencionou lembrando-se do encontro dele.
Voltaram a ouvir pela tela do celular que dizia:
— Quanto ao Maurer, nós tivemos um rápido, mas satisfatório envolvimento meses atrás, e terminamos devido a dificuldade de nossas agendas e distância. Isso não é nenhum segredo, tanto o Mario quanto eu já fizemos declarações públicas sobre isso. Inclusive, o assunto voltou à tona nesta última viagem e reafirmamos tudo e esclarecemos que atualmente somos bons amigos. E apenas amigos. E sobre sua outra pergunta, Bae, eu até poderia citar alguns nomes famosos de homens que acho extremamente admiráveis apesar de não conhecê-los, mas, mesmo que eu me relate como fã aqui, eu temo muito que as pessoas criem novelas sobre isso. Portanto, eu vou deixar os meus ídolos como um segredo divertido.
sorriu e arrancou alguns risinhos falsos e sem graça, dos presentes. Logo os meninos estavam falando do encontro de Tae e , depois de ouvir toda a resposta da mulher, que assim que encerrou as questões da repórter, respondeu algumas outras e finalizou a entrevista.
Subiram ao elevador, Hiro, Chang e , e os dois rapazes estavam sentindo como se um peso tivesse saído de suas costas, o contrário da autora.
— sunbae, você parece exausta.
— E estou, Hiro. Isso sugou todas as minhas energias.
— Vamos à minha sala para eu te dizer como foi a reunião da manhã com a diretoria, assinar seus contratos e depois pode ir embora. Você deve estar com a sua moral arrasada, não é? — Chang declarou.
— Eu falei tantas mentiras... — murmurou decepcionada consigo, e Hiro tocou no ombro dela de modo solidário — Odeio isso.
— Quanto maior você ficar, infelizmente isso será mais recorrente . — Chang informou com as mãos nos bolsos da calça — Por mais que tenhamos uma boa relação com seu público, você já compreendeu que não temos como fugir disso. Hoje foi só uma prévia, e a tal Bae, tem talento.
— Por que não contam a verdade sobre vocês, sunbae? — Hiro perguntou olhando de um para o outro.
— Se eu conto isso, a minha carreira morre, Hiro. Vão dizer que só cheguei até aqui por interesses escusos com o Chanyeol, e a ética dele também seria colocada à prova. Essa verdade pode até ser esclarecida um dia, mas não agora. Além do mais, nós não mentimos. Falamos de nosso presente, que não temos outros vínculos agora. Nunca nos perguntaram sobre nosso passado.
O designer assentiu e os três chegaram no andar deles.
— Obrigada por seu trabalho Hiro. Faça uma cópia das transmissões e salve no meu acervo pessoal, por favor? Pode ser importante ter tudo registrado. — pediu.
— Claro! Eu farei isso agora mesmo.
Chang e ela caminharam para a sala dele, e respiraram mais calmos. O dia havia sido turbulento, e aquela tarde foi ainda mais. assinou os contratos publicitários, com a cabeça ainda cheia de tudo o que falou e ouviu na coletiva. Chanyeol explicou que a direção relutou em aceitar a mudança do contrato dela, mas aceitaram receber o esboço de seus novos manuscritos e caso fossem bons, eles poderiam rediscutir o assunto.
— Ou seja, só vão aceitar a mudança do contrato se eu fizer algo tão grande quanto “Garota Ocidental”.
— É por aí, mas não se preocupe, foi só uma maneira de nos pressionarem a desistir da ideia e ficar. A diretoria toda gosta de você e do seu trabalho, não querem abrir mão de um contrato tão vantajoso para eles, mas nós iremos pressionar do nosso lado também.
— Isso não vai ser ruim pra você? Eu sei o que está fazendo, Chang. Abrir sua agência me levando contigo é nosso plano antigo, mas não será tão fácil assim...
— Eu não vou cuspir na tigela que nos alimentou, . Mas, não vou ceder também. É o momento de dar esse passo, preparar o Hiro para assumir um dos meus cargos aqui, e fazer você voar. Claro que, no princípio, nós teremos que nos apoiar em alguém.
— Já sabe em quem? Eu vi que você listou a SM, a YG e a JYP Entertainment como algumas opções, nas suas anotações... — perguntou curiosa.
— Sim, eu tenho os olhos atentos a estas, mas também recebi uma sugestão de proposta um tanto quanto inovadora e surpreendente de outra empresa. Ainda estou analisando a situação e te falo sobre isso depois. Confie em mim.
— Eu confio. — sorriu e terminou de assinar um papel, fechou a pasta e entregou ao amigo, dizendo: — Então, agora vou para casa. Obrigada por me liberar mais cedo.
— Descanse, querida. — Chang sorriu e se levantou indo abraçar a amiga em despedida — Evite sair pela entrada, eles ainda podem estar lá. Quando pedir um motorista, peça também que estacione na rua de trás.
— Ah! — soltou-se do abraço do amigo se lembrando: — Vou te passar os dados de um motorista, e ele trará a filha aqui no sábado para conhecer a empresa a meu convite. Você pode organizar isso, por favor? Ele se chama Si Woo e a filha dele é Bong Cha.
— Claro, me passa os dados dele que eu entro em contato. — Beijou a testa da amiga e ela acenou positiva. — Fez um ótimo trabalho hoje, minha querida.
— Você também, oppa!
passou em sua sala, pegou suas coisas, despediu-se da equipe e foi para casa, exausta mentalmente, mas ao entrar no carro de aplicativo e se lembrar que veria Tae em algumas horas, sentiu-se um pouco mais empolgada.
27.
Ele telefonou a ela às 18:00 horas, ansioso, sem conter a empolgação por aquela noite. Queria ter certeza que nada daria errado. Jimin, Jungkook e Yoongi encaravam o amigo andando de um lado ao outro na sala do hyung, e sorriam entre si.
— Oi Teteco! — atendeu à chamada com uma voz doce e animada, chamando-o pelo apelido “brasileiro” que dera a ele.
— Oi ! — Taehyung respondeu sorridente, um pouco constrangido e incomodado com os amigos que ficavam sussurrando para ele colocar em viva-voz enquanto ele negava silencioso com as mãos, e os afastando — Er... Eu só queria saber se tudo certo mesmo para hoje.
— Você não achou mesmo que depois da eternidade que esperamos por isso, eu cancelaria, não é? — falou risonha abrindo novamente o chuveiro e o rapaz escutou o barulho de água.
— Ah, sei lá... Eu estou um pouco ansioso, confesso. — Tae falou baixinho e deu as costas para os outros tentando mais privacidade com a escritora: — Você já está em casa?
— Sim, estou tomando banho para me arrumar para você. — Ela falou com um risinho malicioso que deixou Tae petrificado, sua imaginação voou longe.
— Jogo baixo, senhorita Diias.
— Você chega às sete, certo? — Ela desconversou ainda rindo.
— Isso mesmo! Então até logo, fica bem cheirosa que eu gosto.
Taehyung decidiu provocar de volta com um sorrisinho travesso e ouviu a risadinha da mulher do outro lado da chamada e mordeu os lábios pensando o quanto deveria ser adorável ouvi-la rir daquele jeito ao seu pé de ouvido.
Os dois se despediram e Tae, assim que se virou, deparou-se com Jimin e Jungkook provocando e zombando ao amigo com uma dancinha sexy. Yoongi era o único que não fazia nada, só observava aos amigos e ria.
— Eu disse que ela não iria cancelar nem que perdesse uma perna, Tae. — Yoongi respondeu.
— Eu vou me arrumar... — Ele afirmou com um sorriso quadrado contido, trincando o maxilar e passando a língua nos lábios, nervosamente. — Eu posso mesmo pegar o seu carro?
— Pode sim! Aliás... — Yoongi parou a pergunta e encarou JK e Jimin que assentiram para ele o encorajando com os polegares para o alto: — A gente estava pensando se...
— Você quer o apartamento do hyung hoje, né? — Jungkook atropelou Yoongi.
— Jungkook!
— Ué, você fica enrolando para falar como se estivesse preocupado com isso! É só perguntar! — JK mandou a real de novo dando de ombros e foi até Tae o abraçando pelos ombros e explicando: — Não é que a gente esteja dizendo que vai acontecer alguma coisa, mas se quiser trazer ela para cá pode dizer! A gente deixa a chave do apartamento do hyung com você e voltamos para o dormitório.
— Não precisa, Yoongi, mesmo.
— Olha, não tem problema, Tae! A casa dela é mesmo um ninho de duende de tão pequena!
Suga insistiu e Taehyung apenas negou silencioso com um sorriso mínimo, e saiu para o banheiro de Suga, cantarolando feliz a um Jazz qualquer.
— Ele está feliz como a gente não via há muito tempo, não é? — Jimin falou também contente pelo amigo e os outros sorriam assentindo.
— E como não estaria? A noona é a maior gatinha! — Jungkook sorria com uma expressão safada lembrando-se de e levou uma almofadada de Yoongi na cabeça.
— Não pense nela desse jeito!
Os três começaram a discutir um pouco, enquanto preparavam mais comida e bebida e selecionavam os programas que assistiriam aquela noite. Taehyung se arrumou inteiro, estava lindo de um jeito casual, mas sexy. Ele não queria que sentisse que era um encontro com outras intenções, já tinham conversado sobre aquilo, e por isso vestiu-se como um jovem que levaria a namorada no parque de diversões. E na mente dele, aquela era a ilusão que ele mais queria que fosse real com ela.
Pegou a enorme cabeça de urso, e alguns apetrechos que havia comprado com Yoongi e levou para o carro de Suga. Logo que deu seu horário ele saiu, os amigos acenando e desejando boa sorte em frente a porta do elevador do prédio.
por sua vez, também estava animada e ansiosa para esquecer tudo o que havia estressado ela naquele dia, e pensando na roupa que precisaria vestir definiu-se por algo confortável, afinal, iriam a um parque de diversões. Ela estava com uma calça jeans tradicional de corte reto, uma cropped soltinha branca, em decote canoa e mangas curtas largas, com outro cropped de alcinha em cetim vermelho por cima. Nos pés usava vans branco. Tinha os cabelos soltos, o rosto com maquiagem leve e a sua bolsa era atravessada ao corpo para sentir-se mais confortável, além de brincos e jóias delicados.
Taehyung optou por uma calça jeans também, um tênis branco, uma t-shirt de mangas curtas, soltinha e branca escrito “Boston” na frente. Os cabelos dele estavam do jeitinho que ela dissera que gostava, dividido ao meio com uma mechinha solta na testa de propósito. Tae colocou seu relógio clássico no pulso, um colar de ouro com miçangas, sutil, e claro, enfiou uma máscara no bolso para oportunamente proteger sua identidade.
A escritora terminou de pegar seus documentos colocando-os em sua bolsa, e já iria espiar se avistava o carro de Yoongi chegando, quando as batidas na sua porta se fizeram ouvir. Ansiosa, ela correu até o espelho e observou-se, também encarou ao redor de sua “sala” e viu que nada estava fora do lugar. Com um sorriso largo no rosto, abriu a porta e levou um susto! Uma enorme cabeça de urso no corpo de alguém com um arranjo de girassóis nas mãos, a pegara de surpresa. O ursão estendeu as flores para ela, e começou a gargalhar surpresa.
— Meu Deus! Que coisa mais adorável, mister Bear! — Ela apelidou e riu puxando o rapaz para dentro.
Tae ficou estupefato de entrar ali, e não falava nada, mas era porque não conseguia tirar os olhos dela.
— Não vai dizer nada, ursinho? — perguntou e ele continuou mudo, então, preocupou-se de ter se enganado e puxado um maluco qualquer que também errou a porta, para sua casa, e por isso, deixou as lindas flores numa mesinha e se aproximou do rapaz tirando cuidadosamente a cabeçona de urso dele.
E no exato instante que terminou de revelar o rosto sorridente e divertido de Taehyung, o rapaz puxou a escritora pela cintura, a segurando firme, — o que a fez soltar um gritinho — e colando seus corpos.
— Ah! Tae?!
— Você é a mulher mais adorável que eu já conheci. — Ele declarou com os olhos brilhando sobre ela da cabeça aos pés. Lento se aproximou mais do rosto dela desviando os lábios para a bochecha de , quase a infartou.
— Kim Taehyung, isso é tortura...
— Gostou da surpresa? — Ele falou rindo travesso e ainda recuperando o fôlego sentindo as mãos dele quentes e firmes em sua cintura um pouco desnuda pelo cropped, apenas meneou com a cabeça que “sim” — Eu pensei em te surpreender com a cabeça de urso na porta do parque, mas já tinha combinado que eu te buscaria...
— Eu adorei. Não entendi o conceito, mas amei. Principalmente os girassóis, que são minhas flores preferidas.
— O conceito é “fazer sorrir uma mulher incrível que teve um dia cheio”. — Tae sorriu e soltando-a, pegou na mão da escritora entrelaçando seus dedos e imediatamente ficou encarando seus dedos cruzados. — Podemos ir?
— Po-podemos. — respondeu ela baixinho, ainda abalada pelo toque dele.
— Aliás, eu adorei sua casa. É aconchegante, faz a gente querer ficar… Assim como você. — Ele olhou ao redor e foi a vez da puxá-lo para fora.
— Prometo que você vai conhecer cada cantinho dela depois, agora vamos, temos muito a nos divertir hoje! Vai vestir sua cabeçona de novo, ursinho?
— Não, ela estragou meu cabelo milimetricamente arrumado pra você! — Taehyung declarou e puxou a máscara do bolso vestindo-a em seu rosto para disfarçar a identidade, e depois que trancou a porta da frente, ela virou-se de frente para ele e ajeitou o seu cabelo puxando o rapaz pelo queixo ao ponto de provocar nele a mesma excitação que foi provocada nela minutos antes.
— Prontinho, podemos bagunçar ele quantas vezes precisarmos hoje, que eu vou milimetricamente deixá-lo do jeitinho que gosto de novo!
piscou e deu a mão para Tae, entrelaçando seus dedos e o guiando ao carro de Yoongi do outro lado da rua, dessa vez, com ele sendo o abobalhado a encarar suas mãos juntas e tão perfeitamente encaixadas.
Primeiro, Taehyung dirigiu até um restaurante que ficava abaixo da ponte do rio Han, um lugar escondido que ele adorava. Era um restaurante simples, de uma senhorinha chamada Nari. A “vovó”, como ele chamava, era uma velha conhecida da família Kim que ao se mudar para Seoul muitos anos atrás, abriu seu pequeno restaurante familiar. Ela era como uma verdadeira avó para Tae, e ele queria muito que conhecesse o lugar.
Claro que, assim que eles arrastaram a porta de correr em madeira, estilizada como um típico restaurante de vilarejo e que remetia muito à infância de Tae, tudo estava devidamente pronto do lado de dentro. A começar que não havia clientela, apenas a ahjumma Nari a modelar alguns doces artesanais em um balcão, enquanto a mesa de Taehyung estava devidamente posta e enfeitada. O lugar por dentro, tinha girassóis pendurados em todas as paredes e mesas, e tudo estava “solar” apesar da noite.
— Taetae! — A senhora falou assim que viu a figura do rapaz entrando de mãos dadas com uma bela mulher.
— Vovó! Como a senhora está?
sentiu-se não só surpresa e acolhida pelo ambiente, quanto envergonhada assim que o escutou chamando a senhora de “avó”.
— Estou ótima! Preparando o Sakura Mochi que você adora! — Ela já havia se aproximado dos dois, e agora segurava Tae pelos braços o olhando debaixo para cima devido sua altura, e analisando se ele estava bem — Meu querido, preparei tudo como pediu! Essa moça bonita ao seu lado é a sua namorada então?
sorriu simpática e ruborizada, como poucas vezes a presença de algum homem a deixava, e olhou para Taehyung esperando ele responder a ahjumma.
— Ela vai ser. — Tae respondeu sem tirar os olhos de — Bem mais que uma namorada, vovó.
— Aigoo, vocês ficam muito bonitos juntos! O meu garotinho falou muito de você, senhorita! Ele preparou tudo isso! — A senhora falou apontando a decoração do restaurante.
— Obrigada ahjumma, é um prazer conhecê-la! Meu nome é !
— E eu sou Nari, uma velha conhecida da família Kim, por isso ele me chama de vovó. Não precisa ficar nervosa porque ainda não está conhecendo a matriarca Kim. — Nari riu notando como a mulher havia ficado ansiosa em sua presença e suspirou aliviada — Bem, agora Taetae, sentem-se, eu vou servir seus pratos.
— Eu te ajudo, vovó!
— Aigoo! Dê atenção à sua garota, primeiro!
— Eu também ajudo! — declarou fazendo Tae sorrir feliz pela atitude dela, e a senhora Nari a encarar sorrindo igualmente satisfeita.
Os três seguiram para dentro da cozinha do estabelecimento, e enquanto Nari servia as tigelas, as organizava na bandeja e Tae levava à mesa deles. Após tudo estar pronto, Tae e convidaram Nari a se juntar-se a eles, mas a vovó negou veemente.
— Outro dia! Outro dia! Onde já se viu isso... Esses jovens! Vão namorar! — Nari abanava o ar ralhando, sorriu e pôs-se aos fundos do estabelecimento dizendo: — Seus Sakura Mochis estão na geladeira da cozinha, Taetae. Quando sair apague as luzes e deixe que eu arrumo tudo, ouviu?
— Sim vovó, mas antes de ir nós vamos lá nos despedir.
— Tudo bem! Se o Makgeolli aparecer por aqui, me avise. Tem dois dias que aquele gato não aparece!
A senhorinha saiu se arrastando sorridente e falante para o fundo da loja. sorria largamente, encantada pela figura, e pelo lugar que embora simples estava tão bem decorado e era tão confortável.
— Ela mora nos fundos da propriedade, em sua casinha. E tem um gato branco chamado Makgeolli. — Tae explicou para depois de estarem sós. — Espere um momento, vou colocar uma música pra gente!
Ele foi até uma radiola de discos antiga, e escolheu um disco de Sinatra que ele já havia deixado ali pela manhã. Quando os acordes de “Fly me to the moon” começaram a tocar, sorriu ainda mais abertamente com Taehyung fazendo uma dancinha atraente do Jazz. Ele sibilava a letra da canção como se fosse o próprio Sinatra em seus trejeitos, apesar de não sair som de sua voz. apoiou a cabeça na mão, o cotovelo apoiando o braço na mesa, e sorria maravilhada, ou melhor, apaixonada pelo Taehyung que se despia aos poucos para ela.
Tae estendeu a mão para ela e a pegou, então o rapaz a puxou num solavanco rodopiando-a já na parte final da música, cantando:
— “Fill my heart with song, let me sing forever more, you are all I long for all I worship and adore...”
E foi pego de surpresa por o acompanhando no cantarolar quando soaram uníssonos entre passinhos delicados:
— “In other words, please be true... In other words, in other words... I love You”. — Encerraram juntos, sob risinhos sutis, corpos colados e uma vontade absurda de se beijarem.
Contudo, movidos por um sentimento de receio a tudo que haviam conversado na noite anterior, não se beijaram, apenas se afastaram risonhos.
— Você também gosta de Jazz?! — Tae perguntou feliz.
— Está brincando, não é? Que romancista não gosta de boas referências musicais? Eu sou apaixonada por Jazz e Bossa Nova, Tae! — contou já puxando-o para a mesa onde a comida deles esfriaria caso demorassem mais.
Outras músicas iam embalando o momento de conversas e jantar romântico simples, dos dois.
— Você gostou? — Tae perguntou apontando tudo ao redor.
— Eu adorei! Esse lugar está incrível!
— Podemos vir outras vezes! A vovó gostou de você e com certeza vai adorar recebê-la sempre que voltar.
— Os meninos conhecem esse lugar?
— Sim, eu os trouxe há muito tempo! Nossa… — Taehyung esboçou uma expressão de incredulidade ao dizer: — Agora que você falou eu tenho tido mesmo pouco tempo para vir aqui.
— As coisas estão muito corridas, não é? — Taehyung assentiu dando mais uma colherada em seu caldo, e pegando alguns acompanhamentos os colocava na tigela de que o observava analisando a expressão dele. Apesar de lindo e arrumado, era notório que ele estava cansado — Tae, além da terapia, pode falar comigo sobre tudo, ok?
— Você também, . Eu quero que essa noite seja muito divertida para você, eu acompanhei a coletiva e sei que não foi fácil.
— É, não foi. As coisas vão piorar... — falou olhando pela janela de vidro do lugar, o céu estrelado do lado de fora — Minha vida vai mudar bastante de agora em diante, eu pressinto... Mas sabe, eu não me importo se eu puder terminar as noites sorrindo como estou sorrindo hoje.
— A gente pode fazer uma promessa de dedinho pra se ajudar! — Tae esticou o mindinho para que rindo entrelaçou o dela ouvindo-o atenta: — Vamos prometer que no caos dos nossos dias, vamos ser o girassol um do outro.
— Isso foi lindo, Tae! — comentou com a voz baixa admirada e embalada por sentimentos bons, e selando a promessa de dedinho ela complementou: — Faremos um ao outro sorrir nos dias de chuva e cinza! Promessa de dedinho, selada e carimbada!
Os dois terminaram de comer para não perderem o restante da diversão da noite. E depois que, desobediente, Taehyung lavou as louças da vovó e depositou uma justa quantia de dinheiro no caixa dela em um envelope, o rapaz pegou os doces japoneses que adorava e ia fechando o restante do bar e apagando as luzes. Ela pegou uma das flores de girassol do bar, para levar de lembrança consigo. Saíram pelos fundos do restaurante, com Tae dando a ela as mãos de novo, e dividindo mordidas no mesmo Sakura Mochi que segurava. A ahjumma Nari estava sentada em sua varanda olhando as estrelas, quando viu a figura dos jovens “namoradinhos” dividindo um doce, risonhos e de mãos dadas, se aproximando.
— Ah, como é bom ser jovem... — Ela murmurou para Makgeolli que apareceu de repente e estava recebendo o cafuné da velhota. — Eles não são um casal bonito Makgeolli? Algo me diz que vamos vê-los bastante...
— Vovó! Observando a noite? — Tae perguntou ao se aproximarem.
— Eu me senti inspirada ao ver um casalzinho dançando nesta bela noite... — Falou a senhora risonha para os dois, confessando tê-los flagrado. — Sei que você programou muitas coisas pra fazerem hoje, Taetae. Não quero ficar os segurando, mas por favor, senhorita, espero revê-la em breve! Graças a você, meu menino veio me visitar após algum tempo.
— Aish, desculpa vovó... As coisas têm sido...
— Hehehe — Interrompeu a ahjumma rindo — Não se preocupe Taehyung, eu sei como é sua rotina! Mas sempre que puder, volte para me ver, traga sua namorada e amigos! Diga ao fofo do Jimin que eu farei mochi de chá verde para ele!
— Pode deixar vovó! — respondeu, surpreendendo Tae — Eu vou me garantir a voltar e sempre trazer o Tae e os meninos, tudo bem?
— Obrigada querida! Agora não percam tempo, noites belas assim passam num piscar de olhos. Vão se divertir!
Os dois se despediram da senhora com um abraço, Tae entregou a ela as chaves do estabelecimento e voltaram para o carro. A próxima parada: o Lotte World. No caminho, seguiram conversando sobre gostos musicais, pratos favoritos e quando notou uma sacola no banco de trás e perguntou o que era, Tae pediu que ela a pegasse. Dentro, haviam arquinhos de cabelo fofos e combinados para que ela escolhesse qual eles usariam naquela noite.
— Mas, aqui tem vários!
— Vamos ter muitos eventos para usar vários diferentes! — Ele justificou e com o olhar desconfiado de sobre si, confessou: — Eu só não sabia qual você gostaria e o Yoongi é um imprestável. Não sabia me ajudar a escolher nada do seu gosto!
— Então era disso que ele estava falando... — riu ao se lembrar do amigo dizendo que Tae tinha fetiches estranhos. — Como descobriu sobre os girassóis?
— Fiz o Yoongi perguntar ao Chang para eu não levantar suspeitas.
— Muito esperto! — riu e escolheu arquinhos de orelha de urso que havia ali — Esses aqui! Por que seremos o senhor e a senhora Bear, depois de um ursinho aparecer na porta da minha casa!
gargalhou e Tae a acompanhou.
— Gostei disso. Temos um apelido só nosso agora. Senhor e senhora Bear.
— Ou apenas ursinho e ursinha, são mais simples.
Eles trocaram olhares e um silêncio delicioso, daqueles silêncios contemplativos da presença de alguém que faz bem, se instaurou entre eles. observou Tae cuidadosamente e deu-se conta só naquele momento de que os dois estavam vestidos quase como um casal.
— Minha nossa, agora entendi porque a ahjumma Nari achou que eu fosse sua namorada! Nós estamos vestidos combinando um pouco.
Tae arqueou a sobrancelha e encarou suas vestes e as de , e sorriu ao explicá-la:
— Não foi isso. É que eu disse que queria preparar uma surpresa para minha garota preferida, então ela só deduziu.
— Eu sou sua garota preferida? — zombou: — E quantas outras garotas estão envolvidas a você para eu ser a preferida, senhor Kim?
— Não! Não foi isso que eu quis dizer e... — Tae começou a se explicar, mas o interrompeu.
— Estou brincando com você, Taehyung. — falou e esticou-se para beijar o rosto dele, deixando o garoto sorridente e envergonhado, fazendo charminho ao volante o que a provocou mais gargalhadas: — Você não existe!
— Claro que existo!
Os dois permaneceram durante o caminho cantando mais canções de Jazz juntos, que tocavam no carro, e depois de chegarem na Lotte World, sentiu-se uma princesa de contos de fadas. O parque inteiro fechado apenas para os dois! Todo iluminado, com alguns shows de luzes em alguns brinquedos, e vários clássicos do gênero musical que curtiam desde o começo da noite, tocavam por todo o ambiente.
— Você não fez isso... — falou com a boca aberta.
— Eu me preparei com antecedência. — murmurou ele, convencido.
— AAAAAAAHHHHHH! Isso é como estar em um doraaaaama! — , o assustando de repente, saiu correndo em círculos com os braços abertos gritando aquela frase.
Tae ficou estático, com olhos esbugalhados, surpreso, mas também admirado por ver a mulher agir como uma adolescente perdida no mundo de contos de fadas. saiu correndo pra dentro do parque e gritando:
— Venha logo, senhor Bear! Não tem fila para nenhum brinquedo! Uhul!
Tae gargalhou e pôs-se a correr atrás da garota. Primeiro foram na roda-gigante. E dentro dela, um do lado do outro, puderam conversar sobre o dia que ela tivera. Partiu da própria escritora o desabafo repentino:
— Eu achei que não ia conseguir. — Ela revelou, Taehyung a olhou curioso e ela continuou: — Mentir daquele jeito. Eu odeio mentiras, Tae. Eu odeio que controlem a minha vida ou me digam o que devo ou não fazer. Mas, eu não estou em casa, eu não posso simplesmente não dançar conforme algumas músicas...
— Entendo. — O amigo passou os braços ao redor do ombro dela, a trazendo para si em um abraço discreto — É muito difícil mesmo ter que lidar com a ausência da nossa individualidade quando nos tornamos essa coisa toda pra outras pessoas. Mas você foi muito bem, . E eu sei que apesar das mentiras, o Jay... Se ele se importa mesmo com você, se ele é seu amigo apesar de qualquer coisa, ele entendeu.
— É ele entende, é mais uma frustração comigo mesma, de não poder fazer nada diferente disso agora…
— Você e ele...? — Tae começou a perguntar, mas desistiu no meio da frase. Contudo, queria compartilhar a informação.
— Eu pedi a ele para nós darmos um tempo na pegação. — Ela falou de modo tranquilo — Não só pelas fofocas e qualquer risco de sermos vistos juntos, mas, porque as coisas entre a gente não estavam como antes.
Taehyung sentiu o canto da boca repuxar um sorrisinho que, obviamente, ele segurou. Não queria render o assunto sobre Park, felizmente, não estava mais envolvida com ninguém. Ele poderia sentir-se ainda mais disponível para mergulhar nos próprios desejos por ela.
— Ei. Não fica se martirizando por tudo isso, tá? Encare a necessidade de ocultar as coisas, como uma difícil parte do nosso trabalho de criar entretenimentos felizes para outras pessoas. Você é uma mulher incrível, , e ninguém poderá mudar isso.
— Obrigada. Eu vou superar... Vou aprender a enxergar essas manobras com um pouco mais de frieza.
— E se precisar de mim, eu estou aqui. — Tae afirmou.
Os dois ouviram que estava tocando dentro da roda-gigante: “Lovely Day”, de Bill Withers e um sorriso ia surgindo no rosto de cada um, e ao mesmo tempo, tal como se pensassem a mesma coisa, os dois começaram a cantar em plenos pulmões o refrão da música que poderia facilmente ser sobre eles, ao menos era sobre o que Tae sentia ao olhar para ela:
— “Then I look at you, and the world’s alright with me, just one look at you, and know it’s gonna be, a Lovely day, lovely day, lovely day, lovely day...”
E dispararam a rir de como pareciam dois bobos. se levantou um pouco ficando em pé e dançando enquanto cantava com Tae aquela parte, mas a cabine começou a balançar e o rapaz assustado, puxou-a pela cintura e a mulher sentou em seu colo. Tae segurava firme o corpo de , e jogava a cabeça para trás rindo, tal como ela.
— Você é doida!? E se essa coisa caísse?
— É seguro! Eu posso dançar um samba aqui, que a gente não cai! — Ela contestou risonha.
— Melhor não arriscar, mocinha. Eu vou te proteger! — Taehyung afirmou com um rosto que fingia seriedade enquanto a prendia em seus braços, e não desgrudava os olhos da expressão feliz de .
— Olha só, agora começou a tocar “Maneater”! A culpa é sua! Como eu vou ficar parada com essa sessão dos anos 70 e 80 de baladas românticas? Você que selecionou as músicas?
— Não, eu só pedi para o coordenador do parque e o destino fez o resto. Ei, já sei! Nosso programa ritual, que conversamos ontem, podia ser fazer noites retrô de canto e dança! O que acha?
— Eu aceito fazer qualquer coisa com você, Kim Taehyung.
revelou, um pouco mais séria, ainda sentada ao colo dele e encarando fixamente os lábios do rapaz, ponderando se seria mesmo adequado que o beijasse e que o primeiro beijo deles fosse ao som de: “Oh, here she comes, watch out, boy, she’ll chew you up... Oh, here she comes, she’s a maneater”.
Man-eater... Uma devoradora de homens, dizia a gíria, e é o que ela realmente vinha sendo, mas tentada a não devorar também Taehyung, sacudiu a cabeça de um lado ao outro dissipando a ideia de grudar seus lábios ali. E tentando se levantar para sentar ao lado dele, foi surpreendida com a atitude do rapaz que a segurou ainda em seu colo. Tae olhava intensamente para o rosto dela, esquadrinhando a expressão aturdida da mulher e ouvindo a canção que mais parecia o advertir “cuidado garoto, ela é uma devoradora de homens”, ele ficou tentado. Mas não queria mesmo que o primeiro beijo deles fosse tão movido a uma ação impetuosa logo no começo da noite. Então, Taehyung, na tentativa de resistir, mas esvaindo-se um pouco mais de toda a resistência que já vinha segurando desde que a conhecera, levou os seus lábios ao pescoço da mulher em seu colo. Com uma mão nos cabelos dela massageando sua nuca, e outra segurando com carinho a cintura dela, ele distribuiu alguns beijos no pescoço de . A escritora sentiu o corpo primeiro ficar tenso, depois tremer, e arrepiar-se inteiramente.
— T-Tae-Taehyung... O que...
— Não é nosso primeiro beijo, mas eu não podia resistir mais.
— Para. — pediu manhosa — Por favor, para. Eu não quero me arrepender.
Tae sorriu soltando a respiração no pescoço dela, e passando a língua sobre os lábios de modo sensual.
— Desculpa, eu peguei pesado, não é?
— Você quer me fazer colapsar, garoto? — riu e saiu do colo dele dando um beliscão na costela do homem.
E como se o universo tivesse entendido que foi péssima ideia prender os dois em uma cabine há metros do chão, a roda gigante começou a descer, só então fazendo-os notar que estavam retornando para o térreo.
Eles saíram do brinquedo, agradecendo ao funcionário que o controlava de dentro de uma cabine, e assim foram em muitos outros: carrossel, montanha-russa, carrinho de bate e bate, sala dos espelhos, barracas de jogos, e por fim, o túnel do amor, já que disse que se fosse no túnel do terror não conseguiria dormir aquela noite. Tae achou graça daquilo, e seguiram em um passeio de carrinho pelo túnel do amor, só não esperavam que o fim da trilha levaria-os a atravessarem por fontes de água e luzes coloridas, o que encharcou os dois da cabeça aos pés.
e Tae se divertiram como há anos, eles não se divertiam com qualquer outra pessoa. Conversaram sobre tanta coisa! contou para ele os planos de sua carreira futura, em sair do agenciamento da mangaká e o desafio que teria que enfrentar em escrever os scripts novos em tempo recorde. Tae se dispôs a ajudar ela, e por isso, encontrariam-se uma vez por semana sempre que ele tivesse uma folga, para não só, curtirem programas juntos como os daquela noite ou que fosse apenas ficarem cantando e dançando na sala da casa dela, mas também, para que ele a ajudasse com suas ideias. O rapaz estava estudando para ser ator, e quando foi lembrada por ele sobre aquilo, era mesmo uma ótima ideia que Tae a ajudasse.
— Nem acredito que nós conseguimos ir em todos aqueles brinquedos sem ter que esperar por uma fila enorme! — dizia com um sorriso de orelha a orelha, de mãos dadas com Tae e sacudindo-a.
— Eu não acredito que consegui vir no parque, quem dirá ir em todos meus brinquedos preferidos... — Taehyung respondeu olhando para ela igualmente radiante, e passou a língua nos lábios ao notar que os cabelos dela estavam bagunçadíssimos, devido à diversão, mas também ao banho que tomaram no túnel do amor. — Você está descabelada e encharcada, e mesmo assim continua linda.
olhou para o próprio corpo, e depois olhou para ele, que também havia se molhado, até mais do que ela, porque jogou seu corpo sobre o dela para a proteger dos jatos de água. Os cabelos dele também estavam desgrenhados.
— Você também fica adorável de qualquer jeito, Teteco. — Ela sorriu ficando de frente para ele, caminhando de ré e passando a mão nos cabelos dele como se os chacoalhasse para secar. — Mas eu queria muito dizer que eu acho que aquele garoto nos sacaneou! Não é possível que as pessoas se molhem tanto no fim daquele brinquedo!
— Tem razão. — Taehyung começou a rir e parou de andar quando assim fez, para ajeitar o arquinho de orelhas de ursinho na cabeça dele, e ele fez o mesmo com ela, agora os dois jogando o cabelo para trás. — Acho que ele pensou em se vingar.
— Por quê? — perguntou e Tae observou-a tão fofa, puxou de um jeito travesso o queixo dela e beijou o rosto da amiga, que quase infartou ao pensar que ele iria a beijar na boca finalmente.
— Porque um BTS muito abusado alugou todo o lugar por uma noite, fazendo os funcionários trabalharem mais, já que apenas três deles vieram cobrir esse evento. — Ele explicou sorrindo um pouco culposo, e abraçou pela cintura e eles voltaram a andar, ainda trocando as pernas porque as aproximações estavam partindo dele e aquilo fazia seu estômago tremer com a revoada de borboletas dentro dele — Entende? Contrato de confidencialidade e tal...
— Ei Tae! — parou de andar e o rapaz encarou-a, confuso, sem a soltar arqueando a sobrancelha para que ela continuasse falando: — E se você tirar uma foto com eles? Sabe, só você. Pra eles poderem ao menos ter uma lembrança. Não é possível?
Taehyung olhou para a portaria do Lotte World, onde os três controladores dos brinquedos e o coordenador do parque estavam parados, aguardando-os como foi acordado, para cumprimentá-los.
— Eu não tinha pensado nisso, realmente. Mas, talvez você esteja certa.
— Eles estão...
ia elogiá-los, e parou de falar sendo pega de surpresa por “Garota de Ipanema”, ou melhor “The boy from Ipanema” na voz de Nancy Wilson, tocando nos alto falantes do caminho por onde passavam.
— Isso é...
— Você não me falou essa noite que Bossa Nova era um de seus gêneros preferidos? — Taehyung sussurrou no ouvido dela, acariciando o rosto da mulher com a ponta dos dedos. — Vamos dançar.
Antes que o perguntasse em que momento entre uma ida e outra de um brinquedo ele conseguiu fazer aquele pedido, para que tocassem uma canção de Bossa Nova na saída deles, Taehyung grudou seus corpos um no outro a guiando numa dança romântica e tranquila a dois, no meio do caminho. Sentiu um pedacinho de sua casa de novo, e a sensação de lar não era apenas por causa dos acordes harmônicos de um clássico brasileiro, mas pelos braços de quem a fazia sentir-se como um garotinha de novo.
Os funcionários que os aguardavam no portão de saída, podiam vê-los a certa distância e sorriam admirados entre si. O coordenador do parque, piscava aos outros como se os parabenizasse pelo esforço e por tudo ter dado certo. Estavam bem felizes embora Tae tivesse brincado que eles se vingaram do artista, afinal, o bônus de pagamento que aqueles quatro funcionários receberam pelo evento inusitado e secreto era três vezes maior do que o bônus de final de ano.
— Uau, eu nem acredito que nós estamos vendo Kim Taehyung e sua namorada no parque! — Um dos rapazes falou entre eles — Eu não vou esquecer dessa noite nunca em minha vida.
— Ele torna as coisas difíceis para qualquer um, não é? — Outro deles falou: — Até eu me apaixonei por ele depois dessa noite.
— Vocês fizeram um bom trabalho, pessoal! — O coordenador mencionou — Obrigado por seu empenho.
— Imagine sunbae! A gente só ficou com medo quando ele pediu por essa música de nome diferente, não sabíamos dizer se estava certo.
— Pelo jeito estava, eles estão dançando como se nenhum erro tivesse sido cometido. Será que a gente poderá presenciar um beijo também?
— Aigoo, eu quase vi um na roda-gigante! Eles ficaram de carinho lá dentro! — O rapaz que controlou o brinquedo afirmou e, os outros arregalaram os olhos surpresos.
— Eles estão vindo, então mantenham a postura. Não comentem nada, não façam perguntas, continuem sendo educados e discretos. E claro, nunca comentem nada disso com ninguém, vale reforçar que o agente do rapaz envolveu uma multa catastrófica para a administradora do parque! — O coordenador do parque ordenou e voltaram todos a sorrir e manterem-se eretos e prontos a despedirem-se.
Taehyung e se aproximaram ainda bastante risonhos, apesar de não estarem mais tão alinhados do que quando entraram, devido às roupas molhadas e amarrotadas. agradeceu aos funcionários falando diretamente com eles e cumprimentou-os com um aperto de mãos, e Taehyung repetiu o gesto da mulher. O coordenador agradeceu a visita deles, em nome do parque disse que poderiam voltar quando quisessem e que o Lotte World sempre prestaria os melhores serviços a eles.
Em seguida, um dos três funcionários entregou um urso grande de pelúcia embrulhado em fita para , como presente especial da noite, e outro, entregou nas mãos de Tae uma cesta com brindes e souvenirs do parque, tudo em dobro, um pra cada um.
— Eu agradeço muito a gentileza que tiveram conosco esta noite! — Tae reverenciou agradecido: — Temos um contrato de confidencialidade que os senhores assinaram, mas eu posso tirar uma fotografia com vocês. Gostariam?
Os quatro começaram a rir animados e gratos, e claro, como bons fãs que eles eram, aceitaram. foi quem pegou o celular deles e registrou a foto em grupo, e depois, uma foto individual com cada um junto ao Tae. Ela não saiu na foto de nenhum deles, mas nem precisava. Nenhum dos funcionários esqueceria o rosto da primeira garota que publicamente apareceu envolvida com Kim Taehyung.
Despedidas feitas, Tae e caminharam pelo estacionamento rumo ao carro de Yoongi, decidindo se iriam comer alguma coisa em algum lugar escondido ou se comeriam na casa dela. Taehyung não queria que sentisse que ele estaria a pressionando a recebê-lo em sua casa, assim como ela não queria que ele sentisse que a mulher estava com más intenções. Por mais pecaminosas que viessem ser suas intenções com Taehyung, naquele momento ela apenas queria passar mais tempo com ele, e principalmente mostrar seu “cantinho secreto” para o rapaz.
— Para ali naquela loja de conveniência, eu vou descer para comprar bebida e uma pizza!
— Certeza? Você ainda está com as roupas molhadas e...
— Relaxa ursinho! Me espera no carro!
falou e Tae seguiu a instrução. Ela comprou tudo e eles retornaram para a casa dela, animados, mas não falavam muito, apenas cantavam juntos outra leva de canções que ecoavam pelo som do carro. Tae e descobriram naquele dia, que uma das coisas que mais gostariam de fazer juntos, eram os duetos de clássicos musicais.
Quando estacionou na porta do sobrado dela, do outro lado da rua, Taehyung vestiu a máscara em seu rosto de novo para sair do carro, observava a casa de Nini que tinha luzes acesas.
— Temos que subir caladinhos, se não a Nini aparece na janela pra me dar boa noite.
— Ok, serei sorrateiro, não se preocupe!
Os dois subiam pé por pé, segurando risos e abriu a porta de sua casa no maior silêncio possível. Eles entraram, tiraram os sapatos deixando-os em um cantinho alinhados. calçou sua pantufa e estendeu outra ao Tae, depois ela jogou sua bolsa no sofá pequeno dizendo que ele ficasse à vontade.
Enquanto ela foi diretamente ao forninho de sua cozinha preparar o embrulho de pizza congelada para assar e pegando dois copinhos de soju em seu pequeno armário, Tae olhava ao redor um tanto perdido sobre sentar-se ou ficar em pé. Ela virou-se para ele entendendo o dilema do rapaz não querer “molhar” nada, embora já nem estivessem tão molhados assim, apenas com as roupas grudadas no corpo.
— Tire sua camisa, Tae. Aliás, pode tirar as calças também!
Ele a encarou com uma expressão entre a surpresa e a malícia.
— Você é sempre direta assim?
— Seu bobo! — Ela mencionou rindo — Não é isso. Claro que se você quiser eu quero, a qualquer hora, mas eu só estava falando de cuidar da sua saúde mesmo.
Taehyung sorriu mordendo os lábios, sentindo os olhos faiscando na direção dela. “Se você quiser eu quero a qualquer hora”, soou muito sensual aos ouvidos dele.
— Eu vou trazer uma calça de moletom e um roupão pra você enquanto colocamos suas roupas na minha secadora.
— Você tem uma lavanderia aqui?
— Não, exatamente, mas eu comprei uma mini secadora. Geralmente eu deixo tudo secar no varal mesmo.
Tae assentiu e suspirou tranquilo. ainda o encarava esperando que ele tirasse a roupa e riu quando pensou que, talvez, ele estivesse constrangido.
— Você pode ir ao banheiro se quiser... — Ela apontou sorrindo com ironia.
— Ah! Tá, tirar a roupa! — Ele se ligou e puxou a camisa de uma só vez a entregando para e brincando com um tom cafajeste que ela sequer imaginou que ele saberia usar: — Não vai tirar a sua agora?
— Não vai sair correndo? Ou, talvez você queira tirar... — Ela devolveu a provocação e Tae sorriu soltando uma longa lufada de ar.
Não podia brincar daquele jeito com ela, porque não tinha receio algum e isso era o problema. Se ele se deixasse levar pela aura de joguinhos sensuais, não pararia mais. Na verdade, naquele instante ele já pensava que todo seu discurso caiu por terra e não fazia nenhum sentido, que ele reprimisse algo tão genuíno como tudo o que vinha sentido por ela, apenas por auto-defesa. Havia sido sincero com ela, não é? Fez sua parte, certo? Poderia avançar, não poderia? Eram pensamentos que como flashes de sinapses corriam de um neurônio a outro em sua cabeça.
— Eu já volto. — , achando que o rapaz não demonstraria outras ações, falou dando as costas.
Ela entrou no que seria seu quarto em seu pequeno apartamento sem cômodos definidos, a não ser o banheiro e a porta do quarto. Tirou suas roupas lá dentro vestindo-se de um pijama confortável e enrolou os cabelos em uma toalha. Pegou uma de suas calças de moletom masculina, porque sim, ela gostava de calças masculinas largas para ficar em casa, e também pegou seu roupão preto felpudo para Tae não ficar sem camisa totalmente e outra toalha para secar o cabelo dele.
Quando retornou, Taehyung já estava sentado ao seu sofá, apenas de cueca e meias. retesou totalmente ao vê-lo. Tae igualmente não achou que a acharia tão convidativa em um conjunto de pijama de flanela com uma toalha enrolada na cabeça. Quem era mais estranho? Ela, por ficar abalada com o homem seminu e de meias, sentado como se estivesse vestido de terno em seu sofá, ou ele, por ficar abalado com uma mulher de pijamas e toalha na cabeça? Os dois encaravam-se de cima a baixo, um pouco surpresos e engraçados.
Tae se levantou, se aproximando dela, e pegou as peças de roupa na mão da escritora, já que não parava de morder o lábio inferior o encarando hipnotizada. Ele riu e vestiu a calça decidido a mandar toda sua “contenção” para as cucuias, logo em seguida. Esticou o roupão dela no ar, e notou do que se tratava a peça e vestiu-a, mas deixou ele aberto com a faixa para dar o nó pendurado aos lados. ainda o observava, silenciosa, e não tirava o olhar de cada pedaço de pele que prescrutava com suas íris castanhas. Então, Tae sentindo o quanto ela estava mexida com o que viu e já desistindo de todo seu discurso sobre “ir com calma” e apenas deixando-se levar pelas próprias emoções, dessem elas o que dessem, puxou pela cintura a abraçando e a encarando. As mãos dela colaram diretamente ao tórax dele em uma ação automática, assim como os olhos um do outro direcionaram-se aos seus lábios, a cabeça deles se aproximava pela segunda vez naquela noite prestes a beijarem-se.
Mas o universo também gostava de brincar de “morde e assopra”, porque o timer do forninho acusando que os primeiros minutos de assamento da pizza haviam passado, tirou-os do transe. se afastou imediatamente, mas sem surpresa para Tae. Claro que ela iria se comedir! Ele a pediu aquilo! Então nem foi frustrante para o rapaz a atitude dela.
— A... A to-toalha para secar seu cabelo. — disse pegando a pequena toalha de cabelo que Taehyung nem viu que deixou cair quando pegou as peças na mão dela.
— Obrigado, ursinha. — Ele agradeceu sorrindo e começou a esfregar os cabelos.
virou-se para a sua mesa e pegou a sacola de soju, os copinhos que enfiou dentro deles, a mão de Tae e o puxou para fora da casa. De novo, pedindo absoluto silêncio e cuidado. Ele arregalou os olhos sem entender onde ela estava o levando, mas seguiu-a com uma das mãos esfregando os cabelos, e subindo uma escadinha do lado de fora da porta do apartamento, que parecia dar em um terraço. Quando chegou lá em cima, Taehyung não podia acreditar.
— Uau...
— Eu já vivi uma noite inteira de cenário de dorama, então, queria aproveitar que o causador disso tudo está aqui para viver mais uma. Bem vindo ao meu refúgio particular, ursinho.
— Uwa... Então, esse é o lugar que só as pessoas mais especiais conhecem na sua casa? — Tae sorriu largo olhando ao redor.
A máquina de lavar ficava em um cantinho coberto daquele terraço, os varais pendurados de ponta a ponta estavam vazios. No restante do terraço, havia no centro um tablado de madeira à céu aberto, que servia para sentarem-se, servirem-se de comida e observar as estrelas, e uma pequena parte coberta ainda tinha um sofá confortável, poltronas e almofadas, além de um armário ao lado, trancado à chave e que a escritora guardava alguns edredons, mantas e itens de sobrevivência para quando Nini ou ela ficavam ali. Embora, Nini, só subisse quando estava lá.
— Essa é a minha cobertura. — Ela zombou e puxou Tae para se sentar no tablado. Depois pegou uma manta no armário, duas almofadas no sofá e juntou-se a ele ali — Que bom que o céu está lindo e limpo, podemos ficar aqui vendo as estrelas e encerrando nosso encontro.
— Você fechou com chave de ouro.
Tae respondeu já servindo o soju a eles, e abria a manta sobre o corpo de Tae advertindo:
— Se não vai fechar esse roupão, então ao menos se cubra para não pegar um resfriado, o ventinho da noite está gelado.
— Eu não pretendia ser interrompido pelo forninho. — Tae confessou.
o olhou, surpresa.
— Tem certeza, Taehyung?
— Tenho. — Ele sorriu virando um gole de soju e suspirou — Eu disse que não precisávamos evitar, não é? Que se te desse vontade de me beijar que poderia, mas que...
— Não seria só um beijo sem importância pra você. — complementou.
— Absolutamente nada hoje foi sem importância para mim, . Ficou tudo marcado na minha alma e no meu coração, então se a gente não der certo, já tenho essa noite para me fazer sangrar no futuro. Por isso, eu quero beijar você e correr o risco.
— Eu não vou te magoar! Nunca! — falou sorrindo e tocando o rosto dele.
— Eu não pretendo me magoar e nem a você. Vou colocar tudo na terapia, mas eu quero poder te beijar e te tocar quando sentir vontade, sem pensar muito e me entregando por inteiro. Você quer me aceitar inteiro sobre você?
estremeceu com a pergunta. Não era num sentido pederástico que ele falava ou ela entendeu. Era no real sentido de quem tanto esperava a permissão do rapaz para deixar-se mergulhar nos sentimentos dele assim como, permití-lo mergulhar-se nos dela.
sentou-se sobre os próprios pés, levando as duas mãos ao rosto de Tae, e pôs-se a aproximar devagar, mas ele tirou as mãos dela de seu rosto e engatinhou para ficar por cima do corpo da escritora, que foi deitando-se aos poucos no tablado e quando estava completamente encostada na madeira, encarou com euforia os olhos calmos e contemplativos do homem. Sim, do homem, e não garoto. Aquele paradoxo perfeito que Tae se mostrava a ela dia após dia.
Taehyung passeou a mão delicada pelo rosto dela, e apoiando-se em seu braço para respeitosamente não grudar demais seus corpos, ele desceu a mão do rosto para a cintura da mulher e finalmente selou seus lábios. Um selinho rápido, molhado, superficial. Depois outro, mais lento, ainda superficial, explorando devagar a maciez dos lábios dela. Em seguida, um selinho virou um beijo, que brincava ainda mais com os lábios um do outro, com os dois delicadamente conhecendo a boca, a textura e a temperatura da língua um do outro. E por fim, quando a língua de avançou na boca de Taehyung, tal como suas mãos foram apertar a cintura dele por entre o roupão ainda aberto, Tae deixou seu corpo cair sobre o dela. As mãos dele iam massageando e acariciando, cintura, maçãs do rosto e nuca da mulher. Beijaram-se como quem sabia que teriam todo o tempo do mundo para repetir o gesto por diferentes formatos e vezes, com toda a calma, romantismo e dedicação que o momento de seu primeiro beijo pedia.
Não tocava nenhuma música naquele momento único da noite, no ambiente, mas na cabeça deles, os dois podiam ouvir a voz de “Nancy Wilson” e “The Temptations”. E quando terminaram de se beijar os dois se encararam tão surpresos e felizes que arregalaram os olhos e caíram na gargalhada.
— Era ”My Girl”! Não tem sinos, o Jungkook estava errado!
— Para mim, foi “I wish you love”! — respondeu ainda gargalhando. — Eu realmente escutei a música!
— Eu também! Foi a música que ouvimos hoje e que veio primeiro em minha cabeça. E nossa, ela fez tanto sentido porque... “What can make me feel this way? My Girl…”.
riu contagiada pelo sorriso quase infantil dele, e concordou, compartilhando o trecho da música que veio em sua mente na hora do beijo e que para ela também fazia muito sentido:
— “I wish you bluebirds in the spring to give your heart a song to sing, and then a kiss but more than this, I wish you love...”
Taehyung a olhou e sorriu de orelha a orelha, um sorriso quadrado, infantil e alegre, assim como o sorriso de , seguido de um riso incrédulo porque havia finalmente acontecido! Ela se sentia tão boba, mas tão pura e tão cheia de alguma coisa que nem sabia nomear.
— Uau... — Tae falou rindo se deixando cair do lado dela, os dois olhando as estrelas agora — Ninguém vai acreditar quando eu disser que o beijo do amor verdadeiro é embalado ao som de Jazz!
— Eu acho que só o nosso beijo tem defuntos de Orleans tocando nas nossas cabeças, Taehyung! — falou e gargalhou de novo e o músico gargalhou junto com ela até que ela se deu conta: — Espera, você disse, “amor verdadeiro”?
arregalou os olhos, sem saber se aquilo era preocupante por ser emocionado demais, ou uma brincadeira de Tae, ou apenas era o que era. E esperou uma resposta dele, mas Taehyung apenas “deu de ombros” e sem demorar, de novo, puxou para cima de si e ouviram o som da garrafa de soju caindo no chão. Eles a chutaram, e nem se importaram. Taehyung só queria beijar um pouco mais a mulher que lhe virou a cabeça, e também o seu mundo, de ponta-cabeça.
A escritora só acreditou que não estava sonhando quando o estômago de Taehyung roncou e eles se lembraram que tinha uma pizza no forninho do apartamento. Ela desceu correndo para pegar, enquanto Tae abria outro soju e reorganizava tudo sobre o tablado. Eles comeram, beberam um pouco, e ficaram conversando e se beijando sob as estrelas, com mais uma infinidade de assuntos novos que pareciam brotar como se alguém no universo estivesse, com muita criatividade, escrevendo aquele roteiro.
E o resto da noite de Tae e , foi de um clichê namorico adolescente, trocando beijinhos e carinhos até adormecerem abraçados sob as estrelas, involuntariamente.
28.
O Sol ainda não havia nascido quando Taehyung abriu seus olhos de forma lenta, e deparou-se com o cenário que achou ter sonhado. estava deitada em seus braços, abraçada a ele pela cintura, com seu rosto repousando entre seu braço e ombro. E ele, igualmente agarrado à ela como geralmente fazia com seus travesseiros, tinha as pernas jogadas sobre as dela, abraçando o corpo da mulher como se não permitisse que ninguém a tirasse dele. Sobre os dois, os edredons que ela havia pego na noite anterior, e apenas uma almofada recostava a cabeça dele, naquele tablado duro de madeira. A almofada de já estava ao chão junto com as garrafas de soju e o corpo dele era o travesseiro dela. Tae suspirou sorridente, aspirando a brisa orvalhada dos primeiros momentos de uma manhã que nascia, ainda sem a presença altiva do Sol.
Quem quer que visse aquele pequeno caos carinhoso, em torno do casal deitado a céu aberto, imaginaria que os dois tiveram uma agitada noite de bebedeira, pizza e amor. E tiveram, mas não agitada como de fato poderia se presumir. Tae gravou cada instante da noite, desde o momento em que sóbrios trocaram mais confissões, beijos carinhosos e boas conversas, até os momentos pré-sono, em que já bêbados, os dois não falavam coisa com coisa e apenas morriam de rir de tudo e de nada. Contaram estrelas, se beijaram mais, quis dançar de repente sem música, e Tae cantava para ela dançar. Até que...
Flashback da noite anterior...
— Eu posso ser a sua última dança daqui para frente? — Taehyung comentou um pouco aturdido e parou de se mexer de repente, o encarando, confusa, piscando lentamente. — Aish... — balançando a cabeça ele começou a rir — Esquece…
— Está falando do que eu te disse na noite da boate, Taehyung? — Ela rebateu.
estava bêbada, mas não esquecida de suas memórias. Lembrava-se muito bem o que havia dito para ele no dia em que, teoricamente, era para ser o primeiro encontro dos dois, armado por Namjoon e Yoongi. E que, consequentemente, ela levou tantos “foras” do Taehyung naquela noite, que acabou indo de encontro ao Park.
“— A partir de agora eu só aceito as suas danças. Aliás, minha última da noite será sua. — ela piscou brincando pra Tae — Vou pegar uma bebida e ir para o palco, vem comigo?
Tae então mordeu os lábios, sem graça. Namjoon piscou para ele o encorajando a ir, mas o garoto se ergueu, pegou a mão dela e se desculpou:
— Desculpe , mas eu já vou indo... Já pedi um carro.
(...)
sorriu desapontada e sentiu o rapaz beijar seu rosto, afagando seus cabelos em sua nuca e apertando sua mão na dele. Primeiro fora: o brinde da tequila. Segundo fora: o beijo durante a dança. Terceiro fora: não ficar até o fim com ela. Ela havia deixado claro todos aqueles sinais, nas mensagens subliminares e até mesmo nos seus gestos tão permissivos.
— Podemos ? — perguntou de novo, Tae queria se certificar de que não a havia magoado.
— Tae... Sabe que até aqui eu fui clara, não sabe? — Ela perguntou e ele apenas assentiu. — Então, não se arrependa se outros caras quiserem ser a companhia que me concede a última dança da noite.
Taehyung engoliu seco. Podia estar soando totalmente errado para ela; o que ele mais queria era ficar com ela, mas não conseguia. Não enquanto via paixão nos olhos de Yoongi sobre ela. Ele suspirou, beijou a mão de e se desculpou baixinho.
— Desculpe, noona, eu não vou pedir para ter paciência comigo. Mas, ainda que não seja a sua última dança, eu espero poder dançar de novo com você um dia.
apenas assentiu sorrindo fraco. Taehyung beijou a bochecha dela de novo, pegou suas coisas, apertou o ombro de Namjoon se despedindo e saiu.”
chacoalhou a cabeça afastando as memórias e viu que Tae não olhava na direção dela, mas às próprias mãos, como se também estivesse relembrando da noite em que agiu como um completo idiota com ela.
— Naquela noite... — disse em tom baixo, embolado, mas lúcida — Você interpretou muitas coisas erradas por causa do Yoongi de novo...
— Eu ainda acho que ele sente algo por você. — Tae murmurou, igualmente em tom baixo.
— Talvez você tenha razão. — confessou — Mas, eu vou continuar acreditando no meu amigo, que me declarou várias vezes não ser apaixonado por mim. Não acreditar nele seria alimentar uma fantasia, porque no fim das contas, a gente só pode considerar como verdade aquilo que é dito para nós. Nossos olhos também podem nos enganar com o que veem mais do que nossos ouvidos com o que escutam, Tae.
comentou e suspirou, sentando-se cambaleante ao lado dele. Taehyung a encarou, surpreso, pensativo no que ela acabou de dizer, e ela continuou:
— Eu vi você me rejeitar várias vezes, e depois tentar se aproximar. Eu acreditei no que vi e achei que você não tivesse nenhum interesse romântico por mim. Então por que estamos aqui, finalmente nos beijando?
Taehyung pensou um pouco e respondeu ainda em dúvida:
— Porque... Conversamos?
— Uhum! — murmurou acenando a cabeça com os olhos abrindo e fechando devagar — Porque você falou o que sente e como se sente. Geralmente, eu acredito mais nas atitudes do que nas palavras. Porque... Palavras podem mentir mais do que as atitudes. Só que, quando são ditas, só podemos lidar com as palavras de dois jeitos: ou acreditamos nelas, ou não acreditamos.
— E tudo o que você viu? Não pode também ser verdade ou mentira?
A pergunta de Taehyung não era estranha. Na verdade, fazia todo sentido já que o discurso de parecia ambíguo para quem dizia que preferia gestos à promessas.
— O problema de acreditar só nas atitudes dos outros é que a gente só sabe metade das coisas. Quando você vê e interpreta a situação, aquilo é uma interpretação própria. Para se tornar verdade, precisa de uma afirmação da outra parte. Então, a sua rejeição que eu interpretei por todos os seus gestos, só seria real, se você também me dissesse que era. Entende? — Ela perguntou retoricamente sem dar espaço a ele de responder: — É assim com o Yoongi também. Eu prefiro acreditar que todo o cuidado dele comigo, é coisa de amigo porque é o que ele diz, e eu vejo isso. Se eu acreditar que tem outro tipo de interesse nas ações dele, então eu vou acreditar em uma mentira criada pela minha cabeça.
— Porque o que ele diz sentir é o que torna a coisa verdade pra você... — Taehyung concluiu.
assentiu com a cabeça e suspirou passando a mão no rosto de Tae.
— Se o Yoongi estiver mentindo sobre o que diz, Tae, a gente só vai descobrir se ele também assumir a mentira um dia. Até lá, eu encaro como diz o ditado da lei: “todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário”, e para provar as atitudes sozinhas não bastam. Até em um julgamento, as intenções são interpretativas.
beijou soltou a mão do rosto dele que ela fazia carinho, e Tae de novo a olhou de um modo profundo e sério, dizendo:
— Eu não estou agindo conforme eu te falei. Eu disse pra irmos devagar, mas eu estou segurando o que realmente quero dizer e fazer... — Taehyung riu se sentindo imaturo.
— O que você quer dizer e fazer agora, Tae?
— Eu quero ficar colado com você todas as vezes em que estivermos juntos... E eu quero dizer que estou me sentindo apaixonado por você.
arregalou os olhos, não surpresa, mas admirada, feliz de ouvir sobre o afeto dele.
— Pode parecer repentino para quem até ontem te pediu pra ir com calma, mas... Eu acho que eu só fiquei com medo de assumir que eu me importo demais com a possibilidade de você não sentir a mesma necessidade que eu... E também, tenho medo de estar me lançando nesse sentimento como uma válvula de escape sobre tantas outras coisas… — Taehyung respirou fundo, bufando um pouco e continuou, aparentemente decidido: — Só que depois de hoje... Eu consigo imaginar uma linda fantasia futura ao seu lado; e a única certeza que tenho é que eu nunca mais quero que você termine a sua noite dançando com outra pessoa.
suspirou pela milésima vez e riu. Taehyung era um poço de confusão sentimental. Ele estava apaixonado, mas não sabia se era realmente paixão ou desespero. E ela nem poderia julgá-lo, já que a própria estava vivendo aquela noite como se nunca houvesse se sentido tão especial na vida, e ela sabia que era apenas pela presença dele ao seu lado. Mas, “estar apaixonada”, para ela, era algo natural e passageiro e por isso a mulher não se assustava tanto quanto ele se mostrava assustado. Para , dizer “estou apaixonado” não era maior do que “eu te amo”. Declarar amor era, sim, mais sério do que declarar paixão. Por isso, ela achou engraçado que Tae estivesse com medo da paixão que sentia.
— Eu... Acho mesmo que estou apaixonado por você, noona. — Tae falou coçando a cabeça, frustrado e sem graça, tirando dos próprios pensamentos. — E isso é muito repentino, não é?
sorriu e negou com a cabeça.
— Não é nada repentino, Tae. É normal, não fica com medo disso. — Ela não sabia muito o que dizer, então se mexeu para sentar de frente pra ele e puxou o rosto dele com as duas mãos, de modo delicado, e beijou-lhe de novo separando-se do beijo só para garantir a ele: — Não tenha medo. Sentimentos só assustam enquanto a gente não os conhece, mas para conhecê-los, precisamos sentir. Viva sua paixão por mim, ou pelo que for, porque só assim você vai descobrir se isso se tornará amor um dia.
Tae encarou a expressão sonolenta dela, sorridente de olhos fechados, ainda segurando o rosto dele em suas mãos, e sentiu o peito palpitando. Levou a mão à nuca de e com calma aproximou-a ainda mais para outro beijo, depois a puxou para se deitar ao lado dele, e foi aí que os dois pegaram no sono.
Fim do Flashback
— Como você é emocionado, Kim Taehyung... — ele murmurou baixinho para si, observando a mulher dorminhoca em seus braços e sentindo o coração confortável de estar ali.
Taehyung olhou para o céu e bocejou finalmente despertando. Com cuidado, aninhou-se ainda mais em , abraçando a mulher e prendendo suas pernas com as dela.
— Hm... Você está tão quentinho... — Ela murmurou, acordando, e ele sorriu a encarando.
tinha um sorriso afável e os olhos bem abertos na direção do rosto dele.
— Mas não podia ter dormido com esse roupão, eu deveria ter pegado um casaco pra você! — ela reclamou preocupada com o cenho franzido, acariciando a pele das costas dele. — Se você ficar doente a culpa vai ser minha!
— Eu não vou. — Ele respondeu e, a voz mais rouca do que o natural fizera sentir um arrepio novo no corpo — Bom dia, ursinha.
— Bom dia, ursinho... Nós dois fomos muito irresponsáveis de dormir ao relento desse jeito. — Ela riu levantando um pouco a cabeça para olhar em volta.
— Que nada! Tirando essa madeira dura, foi muito confortável dormir agarradinho em você.
— Você realmente dorme agarrado! — zombou, mexendo o quadril para demonstrar como estava presa pelas pernas de Tae — Não teria como fugir dessa chave de perna!
— Você não viu nada! Na verdade, foi bom saber que seu corpo encaixa perfeitamente com o meu desse jeito.
ruborizou e Tae riu do jeito que ela evitou o olhar dele ao dizer:
— Se não fosse uma situação inesperada eu diria que você ficou ensaiando essas coisas pra me falar, Taehyung!
— Mas eu ensaiei muita coisa pensando em você mesmo. — Tae respondeu rindo e passando a língua nos lábios, deixando ainda mais rubra.
— Aish! Você é perigoso, Kim Taehyung! — ela falou rindo virando o rosto para encarar o céu, e Tae segurou o rosto dela a beijando.
O selinho que ele deu nela, foi como um carimbo da realidade. então não havia sonhado com nada daquilo, era tudo real! Enquanto os dois se encaravam cheios de afeto e Tae beijava de novo os lábios dela, prevendo que ele tentaria aprofundar mais o beijo, o afastou devagar.
— Espera aí, eu nem escovei os dentes! — justificou — Você não vai gostar do gosto, e eu não quero estragar nossa experiência que foi tão boa!
Taehyung suspirou e riu abafado. Em um ato rápido, se colocou sobre ela a deixando surpresa, ainda com as pernas prendendo o quadril de , e beijou o pescoço dela, seguindo até a orelha e sussurrando:
— Quem disse que você não tem um gosto bom? — e beijou os lábios dela como somente um homem apaixonado e cheio de desejo faria.
Tae não se importava com o gosto amargo do sono misturado ao álcool. Não se importou com a atmosfera nada romântica que todo beijo matutino tinha. As pessoas não gostam muito de falar, mas, ninguém acorda com a boca com gosto de chocolate, contudo, aquilo não importa muito para um casal apaixonado. E ele não se importava nem um pouco com os cabelos embaraçados dela, o próprio rosto inchado, ou o gosto de suas línguas. Ele só queria beijar aquela mulher e massagear o seu corpo com todo carinho. Quando Tae percebeu o movimento de abaixo de si, aproximando mais seus quadris, foi o momento em que sua coxa apertou a dela e ele precisaria se afastar se não quisesse ficar constrangido por outra coisa.
— Viu só? Eu não me importo de te beijar recém-acordada, . Mas, é claro que... — ele saiu de cima da escritora se jogando deitado ao lado da mulher — Se você disser que eu estava com mau hálito, eu não vou mais fazer isso.
Os dois caíram na gargalhada, e se sentou no tablado, toda descabelada e alegre, olhando pra Tae que se sentava também e disse:
— Você não ouse deixar de me beijar quando quiser agora que já começou! E não tinha mal hálito nenhum, Tae. Mas convenhamos, nós podíamos ter escovado os dentes.
De novo eles riram e então, suspirosa, percebeu que o Sol estava prestes a nascer.
— Acordamos muito cedo!
— Que tal se a gente tomar um café vendo o Sol nascer? — Tae perguntou — Eu sei que você precisa de cafeína para realmente acordar, e modéstia à parte, eu faço um café muito bom!
— Eu não recusaria essa oferta nem que estivesse atrasada. — arqueou a sobrancelha sorridente. — Vamos descer! Eu te ajudo a preparar o café da manhã.
Tae e deixaram as coisas como estavam no terraço e desceram silenciosos e sorridentes, com Taehyung abraçando-a pelos ombros por trás, todo felizinho. Assim que entraram, foi puxando ele para o banheiro pequeno de sua casa, e abriu a gaveta do armário dando a ele uma escova de dentes nova. Tae olhou para o porta-escovas na parede dela, e sorriu.
— Eu sei que deixar a escova na casa de uma mulher pode significar algo mais, porém, eu acho que você deveria deixar a sua aí. — Ela apontou o próprio porta-escovas e Tae sorriu ainda mais largo.
— Isso significa que eu posso dormir aqui mais vezes? — A pergunta dele tinha um tom infantil abobalhado, com um biquinho e uma expressão feliz que não evitou sorrir.
— Claro! Você é o primeiro homem a dormir na minha casa.
— O quê?
— Eu nunca deixei um namorado dormir comigo aqui, afinal, esse é o meu refúgio. E meus amigos... Bem, aqui é pequeno, não tem espaço pra ficar recebendo pessoas para dormir...
— E o terraço?
— Tae... — sorriu e abraçou-o pela cintura, olhando em seus olhos, sincera: — Os únicos a conhecerem a minha casa são o Chany e o Yoongi. Fora a Nini, que mora lá embaixo. Eu tenho uma certa... Proteção com o que eu chamo de “lar”. E eu só trago pra cá, pessoas que também signifique “lar” pra mim. O Yoongi na verdade eu não trouxe, ele só invadiu. Mas aí... Com o tempo, eu fui percebendo que ele é uma dessas pessoas.
— E... — Taehyung coçou a nuca, sem graça ao perguntar: — Mario Maurer...
— Ah! — riu lembrando de Maurinho contando que Taehyung o stalkeava — Certamente você sabe das vezes que ele veio para Seul por minha causa...
Taehyung pigarreou e fugiu ao olhar dela, um pouco constrangido e riu antes de explicar:
— Nós nos encontramos na casa do Chang. Eu nunca trouxe o Maurinho aqui. E antes que pergunte, nem o Park. Sempre fiz questão de ser discreta com minha casa, e quanto aos meus amigos ou amigas, como eu disse, eu que durmo na casa deles.
— Entendo... Sua casa é seu santuário... — Tae sorria feliz se sentindo realmente especial.
— É, e eu espero que você entenda que não é por um interesse bobo que eu quero você por aqui... Por isso, mesmo que aqui seja “uma casa de duende”, como diz o Yoongi, se você quiser deixar sua escova de dentes... Eu não me oponho.
comentou e deixou Tae sem palavras, a encarando e observando o banheiro pequeno e típico de uma casinha de estudante. Não era tão pequena na verdade. A sala e a cozinha eram conjugadas, o banheiro pequeno e só tinha um quarto, além de uma pequena despensa ao lado da cozinha, totalizando uns 35 ou 40 metros quadrados. Taehyung entendia que com certeza, havia uma razão sentimental para continuar vivendo ali, quando ela já tinha recursos para um lugar maior. E perceber o afeto dela pelo lugar, o fez se sentir ainda mais especial, afinal, ela estava permitindo que ele fosse parte daquilo.
Enquanto ela foi buscar as roupas dele do dia anterior, ele escovou os dentes e se pegou pensando em como tudo parecia familiar com ela.
— Ei, Tae! — surpreendeu-o na porta do banheiro com o rosto sério — Você quer tomar banho?
Taehyung cuspiu a água na pia quase se engasgando com a pasta de dente.
— É que daqui até o apartamento do Yoongi é um pouco longe, e você vai acabar se atrasando. Acho que você precisa ir direto pra Big Hit, não?
— Ah... — Ele terminou de enxaguar o rosto e pegou a toalha que ela estendia para ele secando-se. — Não precisa se preocupar.
— Hm... Faz o seguinte! Prepara o nosso café e depois que a gente comer, você se apronta por aqui mesmo, tudo bem?
sequer esperou resposta dele, saiu empolgada pela porta deixando Tae confuso. Ele pendurou sua nova escova ao lado da que pertencia a ela, e sorriu. Quando chegou na sala, viu sobre a pia da pequena cozinha tudo o que ele precisaria para preparar o café, e estava fazendo algum barulho da portinha ao lado, onde ficava uma espécie de quartinho ou despensa.
— , o que está fazendo?
— Sua roupa está seca! — Ela saiu risonha dali, com a roupa dele dobrada — Vou deixar no banheiro!
Tae assentiu e continuou o preparo do café. Logo, juntou-se a ele e quando tudo estava pronto, subiram pra comer no terraço vendo o nascer do Sol.
— Uwa... É uma bela vista! — Ele murmurou — Esse bairro é um pouco nostálgico, mas tem umas lojas modernas... Umas casas tradicionais bonitas e é...
— Muito quieto. — completou — Foi por isso que eu adorei aqui. Eu tinha problemas para escrever no antigo bairro em que eu morava, aqui foi a opção mais barata para uma escritora fodida na época, e em um lugar mais tranquilo. Todos os vizinhos são tranquilos, em geral, pessoas mais velhas. Não tem muitos atrativos jovens, mas tem tudo o que eu gosto: cafeteria, biblioteca, barraquinhas de rua à noite, lugares práticos para necessidades básicas, mercado acessível, silêncio e... Nenhum paparazzi.
Tae assentiu. Estava curioso para conhecer mais da história da quando chegou na Coreia, mas feliz por fazer parte daquela fase de sua vida.
— É, realmente... Notei que o lugar é bem silencioso durante a noite. É ótimo para quem quer ouvir os próprios pensamentos...
Os dois sorriram e logo que terminaram de comer, começaram a arrumar o terraço. O barulho das garrafas no entanto, os denunciou, e os dois foram pegos de surpresa com a voz de Nini subindo os degraus:
— !? Unnie? É você que está aí em cima!?
— Aigoo! — arregalou os olhos e apontou para Tae que se escondesse ao lado do armário onde guardava os cobertores. Ela adiantou-se para caminhar até a escada e surpreendeu a amiga desconfiada no meio dos degraus — Bom dia Nini! Sim, eu estou limpando aqui!
— Ah... — Nini levou a mão ao peito aliviada — Que susto! Já faz muito tempo que não ouço você aí em cima... Está tudo bem?
— Sim! É que eu bebi um pouco ontem, e deixei as garrafas espalhadas. Só estou limpando tudo antes de ir trabalhar.
— Aigoo! — Nini reclamou — Não acredito que bebeu naquela noite linda aí e não me chamou! Você ainda nem me contou como está o seu namoro com o gostoso do Park!
— Ah... — riu sem graça — Não tem namoro, Nini! Tudo foi um mal entendido! Você não viu as notícias?
— Eu vi, só não acredito nelas! Bem, eu tenho que ir! O Min Suk está me dando nos nervos me escalando para trabalhos em viagens! Há semanas que eu não durmo em casa direito, e vou passar mais quinze dias fora então, tenha cuidado, unnie!
— Relaxa! Você sabe que aqui é tranquilo! Mas, e o trabalho na cafeteria?
— Aish... — Nini fez uma careta ao dizer: — Você está mesmo mergulhada no trabalho não é? Não está sabendo de nenhuma das fofocas! Eu precisei sair da cafeteria, fui promovida!
— E isso é ruim?
— Quando o Min Suk é meu chefe, é sim! Bem, depois vá até a cafeteria e a ahjumma te conta as notícias do bairro! Tem uns tarados rondando por aqui! Aish... Me dá calafrios só de pensar!
— Ah... Eu realmente não tenho andando muito por aí.
— Por isso fique atenta! Talvez você devesse dormir na casa do Chang! Bem eu tenho que ir, mas você ainda está me devendo uma noite das amigas, unnie!
— Faremos uma quando você voltar! — respondeu acenando e Nini descia as escadas em direção à rua.
aliviou-se quando olhou para Tae que já havia organizado tudo silenciosamente, e ele a olhava com o cenho franzido e preocupado.
— Você realmente vai ficar bem, sozinha aqui? — perguntou depois do que escutou.
— Não se preocupe, eu luto capoeira! — ela brincou e voltou a juntar as garrafas.
Depois de checar se ninguém mais estava os vendo, eles desceram e entraram de novo na casa dela. no entanto surpreendeu Taehyung o empurrando para o banheiro.
— Vá tomar seu banho! Já vai dar sete horas! Enquanto você estava escovando os dentes o Yoongi te ligou, mas como não atendeu ele me mandou mensagem avisando que você precisa estar às 8:30 na Big Hit!
— Então aconteceu alguma coisa... — Tae coçou a nuca preocupado, porque não se lembrava da agenda do dia estar marcada para tão cedo.
— Vamos! — o empurrou para o banheiro, e antes que Tae agisse, ela perguntou: — Qual o tamanho da cueca que você veste?
— O que? — Ele ficou rubro e olhou para as calças que Tae vestia, pensativa em se lembrar da cena da noite anterior: — Hm, você está de boxer, não é?
— Está me constrangendo olhando assim... — Taehyung riu puxando a toalha para estender na frente do corpo e riu.
— Não me faça olhar a etiqueta, Kim Taehyung!
— Você por acaso tem um estoque de cuecas em casa? — perguntou curioso.
— Só me fala o tamanho, tem uma conveniência 24 horas aqui perto!
— , eu só vou me trocar e posso tomar banho em...
— Certo, você pediu por isso! — soltou a porta do banheiro e entrou, assustando Tae com a mão no cós da calça dele, prestes a tentar ver o tamanho na lateral da peça íntima, mas Tae segurou a mão dela, nervoso:
— Se você fizer isso, nós não vamos chegar no horário! — advertiu sério, olhando fixamente para a mulher que sorria divertida e então Tae respondeu suspiroso e constrangido: — O tamanho é M!
— Tem certeza? Eu achei que era P... — encarou o quadril de Tae com uma expressão de divertimento.
— É grande, ! — Tae insistiu com certo orgulho e apenas quando ela começou a rir, que ele percebeu como aquela conversa estava ambígua tentando consertar sua frase: — O tamanho da peça! Quero dizer... Eu visto de média a grande, depende da numeração, para mim varia do 42 ao 46... É que na coxa e no cós ela parece “P”, mas no... er... — Tae começou a se enrolar na explicação.
— Tae, relaxa! Eu entendi o que você disse, só estou implicando. — ria bastante e puxou o rosto dele apertando as bochechas do cantor em uma mão só, formando um biquinho fofo nos lábios dele, que ela beijou após dizer: — Na dúvida eu pego um tamanho 44! Agora, vai tomar seu banho que eu não demoro!
saiu fechando a porta do cômodo. Sacana, ela abafou um risinho com a mão e foi até seu quarto pegar sua carteira. Nem tirou o pijama de flanela, apenas prendeu o cabelo em um coque alto, e calçou o tênis da noite anterior, na porta de casa. Seguiu pela rua, caminhando tranquila, alegre, e um tanto icônica até a loja de conveniências duas ruas após a sua.
Taehyung, dentro do banheiro, apoiou-se na pia para encarar seu rosto no espelho. Parecia que havia bebido suco de pimenta se tratando das bochechas rubras. Novamente, ele encarou as escovas de dente juntas, e pensou: “o que fazer agora?”. Mordeu os lábios e olhou em volta... O banheiro tinha um cheiro doce de mar... Era como se estivessem em Jeju*. Então, notou o aromatizador de ambientes espirrando uma névoa perfumada. era mesmo diligente em tudo, até mesmo, em tornar aquele pequeno lugar, como ela mesma dizia, “um refúgio”.
Movido por curiosidade, Tae abriu o armário do banheiro de , e encontrou além dos estoques de produtos de higiene comum, a parte onde ela guardava alguns cremes e cosméticos. Observou os itens gravando em sua memória os nomes das marcas, sentiu os aromas... Depois tirou a roupa que vestia, e notou que o box pequeno era mais novo. Ela com certeza mandou colocar aquilo, porque não era comum nos lavabos mais tradicionais. Abriu o chuveiro notando a água quentinha e confortável, e tal como fez com os cosméticos do armário, ele pegou o xampu de , sentindo o cheiro e atento à marca. Depois do banho, Taehyung saiu do box e começou a se secar. Alguns minutos depois, enrolando-se na toalha ouviu as batidas de na porta.
— Hey Teteco! — A voz dela ecoou abafada do outro lado — Abre a porta, prometo não espiar seu tamanho G!
Taehyung começou a rir motivado pela risada dela, e abriu a porta encarando com uma falsa expressão de ofensa. Ela ria abertamente, e quando o viu enrolado na toalha com os cabelos molhados, parou imediatamente.
— Segundo a marca, é 44, G. Espero que fique confortável. — e esticou o pacote lacrado com as peças. Encarou o rapaz da cabeça aos pés e estalando os lábios, disfarçando o quanto queria pular em cima dele, zombou: — Poxa… Ele se cobriu mesmo…
— Se preferir eu tiro a toalha, longe de mim frustrar seus planos, mas como eu disse, nós vamos nos atrasar...
— Eu gosto bastante dessa sua versão safada, Kim. — confessou séria e ordenou entrando de repente no banheiro: — Pode se vestir no meu quarto, eu tenho que me arrumar também.
soltou o cabelo e começou a desabotoar a blusa de flanela do pijama pronta para ir ao banho, e sem tirar os olhos de Tae que a espiava pelo espelho, hipnotizado. Quando deixou a blusa cair ficando só de sutiã na frente dele, Tae se deu conta da situação e raspou a garganta, ansioso. Ele pegou suas roupas que ela havia deixado no banheiro e saiu pela porta, apressado.
— Pode ficar à vontade, vou me trocar no seu quarto!
riu vitoriosa por conseguir deixá-lo sem graça.
Ela sabia que Taehyung escondia uma fera embaixo de toda aquela contenção ingênua e mal esperava o momento em que ele deixasse de ser tão polido. Mais algumas experiências como a que tiveram naquela noite e início de manhã, e ela conseguiria matar sua total curiosidade por ele.
— Eu não demoro! — Ela falou mais alto da porta do banheiro em direção ao seu quarto.
tomou seu banho sorrindo como poucas vezes. Aquela sem dúvida foi a melhor manhã de muito tempo desde que se lembrava, e olha que ultimamente não havia nada a reclamar. Tae se vestiu e terminou de arrumar o cabelo com as mãos, quando apareceu enrolada na toalha no quarto.
— Olha, tem um secador no banheiro se você quiser secar os cabelos, Tae.
Ele se virou percebendo ela escolhendo as roupas que vestiria no seu guarda-roupa e colocando-as sobre a sua cama. Taehyung sequer piscava com a imagem da pele bronzeada dela desnuda, as panturrilhas tão torneadas e as curvas latinas por baixo da toalha, que embora não fossem exageradas, eram atraentes o suficiente. E os cabelos molhados de , exalavam o cheiro do xampu que ele também utilizou... Era uma das visões mais sexies que ele tivera da escritora. Taehyung só saiu daquele transe de um artista diante de sua musa, quando , sem qualquer vergonha puxou a gaveta de roupas íntimas e colocou o conjunto de lingerie branca sobre a cama compondo o seu look do dia.
— E-eu vou pegar... — respirou nervoso — o secador.
não percebeu a reação dele, apenas fechou a porta depois que ele saiu e trocou-se. Depois de vestida, abriu a porta e começou a se maquiar levemente. Ouviu o som de água na cozinha e reclamou:
— Kim Taehyung! Deixa essa louça aí! Eu lavo!
— Já terminou de se arrumar? — Ele falou de volta — Se apresse que ainda tem que secar seu cabelo!
riu achando adorável o modo como os dois estavam lidando com naturalidade em tudo.
— Eu já estou quase acabando! — avisou ela e terminou de passar o rímel e um batom fraquinho.
Pegou sua toalha e a de Taehyung, e subiu apressada no terraço para estendê-las, enquanto ele terminava de enxugar a pia.
— Eu disse que eu fazia isso! — reclamou entrando de novo.
— Ainda vou te deixar na sua empresa, então temos que ser rápidos. Vem, eu vou secar seu cabelo!
— Tae não precisa.
— Por favor. — ele pediu com o secador nas mãos, e uma carinha de quem pedia o último pedaço de torta.
riu e sentou-se na banqueta da mesa da sala. Tae ligou o aparelho na tomada que havia ali, e começou a secar os cabelos da escritora, com todo o carinho do mundo.
— Sabe... — ela começou a dizer — Eu queria só confirmar uma coisa, antes de seguirmos para nossa rotina.
— Pode perguntar, ursinha.
— O que estamos fazendo? — perguntou genuinamente — Porque você não quer uma amizade colorida. Então, eu posso encarar que estamos ficando um com o outro e que, a partir de agora, somos um casal? Digo... Eu posso falar sobre isso com algumas pessoas…? Quais são as suas condições?
Tae desligou o secador por um momento, e parou na frente dela, sentando-se na banqueta. Cara a cara, os dois se encaravam com curiosidade e expectativa.
— Bem, eu não tenho muitas condições. Eu já disse a você antes, eu só não quero que se envolva romanticamente com outros caras se você ficar comigo... Eu também não ficarei com outras pessoas, se isso te preocupa!
— Sei que você não ficaria, Tae. — Ela sorriu e explicou melhor, gesticulando um pouco: — Eu só estou confirmando porque eu nunca saio com gente famosa sem ter alguns entendimentos, e além do mais nem é só a questão pública, mas aquilo que conversamos sobre impor nossos limites...
— Entendo. Não acho que seja novidade mas, sabe que eu não posso expor um relacionamento, certo? Ontem, foi algo estritamente planejado e secreto com o nosso manager, o que me lembra que... Eu acabei não te dizendo ontem, mas... Meio que o que aconteceu envolverá você e o Chang em uma reunião com o Seijin.
— Eu já imaginava. — Ela suspirou — Um encontro daquela grandeza com toda aquela exposição e um contrato de confidencialidade... Já estava me preparando psicologicamente para o Chang surtando logo mais...
— Te causei problemas? — Taehyung perguntou preocupado com uma expressão de dúvida.
— Não! — declarou tentando tranquilizá-lo, e gesticulando ainda mais: — Não é isso! É só que... Lembra que eu te falei das mudanças na minha carreira e do quanto estamos sendo mais cuidadosos com minhas relações públicas desde o escândalo com o Park? Eu só quis dizer que essa nossa situação de ontem vai pegar o Chang de surpresa. Ele não sabe do meu interesse em você, Tae. Eu tenho escondido isso dele e...
Taehyung franziu a sobrancelha, confuso, quando ela parou de falar. encarou os próprios pés e mordeu os lábios notando que deveria ter dito antes. Então encarou-o firme ao contar:
— O Jay sabia que eu estava envolvida emocionalmente com outra pessoa e por isso eu não assumiria nada com ninguém, Tae. Há algum tempo ele queria saber quem era, e também acha que é o Yoongi. Claro que eu não confirmei, mas assim como todo mundo, ele não acredita que o Suga é só meu amigo. Apesar disso, eu nunca falei que era você a pessoa que eu esperava, então ninguém do meu círculo sequer sonha que eu possa ter um interesse romântico em você. Eu achei que estava se tornando tumultuado demais essa coisa com o Suga, e depois... Eu não tinha certeza nenhuma de que você e eu daria em alguma coisa, então, preferi preservar sua imagem. Isso é um problema?
Tae piscou algumas vezes, e coçou a nuca. Não sabia se incomodava-se mais com a hipótese de ninguém desconfiar do interesse dela por ele, ou se estava aliviado.
— Bem... Não acho que seja um problema. Nós realmente não podemos assumir nada em público. É uma das coisas que me deixam mal e inseguro sobre nós. Eu teria que te esconder, .
— Certo, eu já sabia disso. Não se preocupe! — Ela sorriu tranquila — Mas, nós vamos contar aos nossos amigos, não é?
— Claro! Não vai ter como esconder nada daqueles bobos! — Tae revirou os olhos rindo e voltando a ligar o secador, ele puxou a banqueta dela para mais perto. fechou os olhos e ele continuou secando os cabelos da escritora enquanto falava: — Eles vão ficar felizes de saber que estamos juntos! E talvez, um pouco insuportáveis…
— Ótimo, então somos um casal agora, não é? — perguntou ainda em dúvida.
— Você quer um rótulo? — Tae perguntou surpreso.
— Não! Não precisa! Pelo amor de Deus, nós estamos só nos conhecendo ainda... Eu não estou tentando te pressionar, Tae!
Taehyung riu e olhou para o relógio em seu pulso.
— Ok, vamos terminar com isso e ir logo, se não eu vou ter muitos problemas com seu agente, ursinha!
sorriu e aproveitou o momento em que ele cuidava dela. Não demorou mais do que cinco minutos secando o restante do cabelo de , e os dois pegaram suas coisas para sair. De novo, Tae colocou a máscara no rosto e quando entraram no carro ele retirou.
Ele deixou a mulher no trabalho primeiro, antes de ir para a Big Hit, e no trajeto os dois combinaram que “domingos” seriam os dias de fazerem algo juntos. Afinal, queriam que aquela relação-ainda-não-namoro se desenvolvesse da melhor forma possível.
29.
adentrou no seu escritório com um sorriso em seu rosto tão grande, que sua equipe não deixou de notar. Ela havia saído dali tão exausta, tensa pelas mudanças que estavam por vir, que aquela expressão feliz até parecia que a escritora havia ganhado na loteria.
— Sunbae, bom dia! — Hiro comentou sorrindo largamente.
então se aproximou o abraçando e desejando “bom dia”, e foi abraçando também os outros membros da sua equipe 77. Chang saiu da sala de café da equipe com sua xícara em mão, e retesou confuso, ao ver a cena de sua escritora risonha cumprimentando os funcionários, tão calma e animada ao dizê-los:
— Vamos dar o nosso melhor hoje, equipe! Eun, estou com ótimas ideias para o esboço dos personagens dos nossos próximos projetos, passe em minha sala para uma reunião de branding uma hora antes do almoço. Do Ho, Ailee, Yoona, assim que eu sair da sala do Chang esta manhã, encontro com vocês na sala cristal para uma reunião sobre os roteiros também!
— E eu? O que faço? — Song Hiro perguntou tão empolgado quanto . Parecia contagiado pela autora.
— Você provavelmente ficará encarregado com o Chang hoje, bonitinho. Mas assim que ele chegar nós...
— Já estou aqui, querida! — O amigo falou rindo e chamando atenção atrás dela, parado ainda no mesmo lugar. — E sim, hoje o Hiro ficará comigo por toda a manhã.
— Que delícia... — murmurou risonho o mais novo fazendo piada com o chefe.
— Você vai gostar das novidades, Hiro. — comentou tocando o ombro do garoto e sorriu abertamente para o agente o cumprimentando: — Chany! Bom dia, meu querido! — Ela ajeitou a sua bolsa no antebraço e acenou aos demais: — Vamos trabalhar pessoal!
Todos riam, contagiados pela animação, sobretudo, curiosos, em qual tipo de bebida ou acontecimento a deixara daquele jeito. pegou a mão de Chang o puxando para a sala dele em seguida. O agente encarou a amiga lhe guiando e soube na mesma hora que estava empolgada, porém, ansiosa para falar sobre algo.
— Ok... Você tem boas notícias, não é?
— Chany, não sei se são boas para você, mas para mim, são ótimas! — deixou sua bolsa no sofá da sala dele, onde se sentou e esticou o braço para ele se sentar também.
— Certo... — Chang suspirou com o indicador e polegar apertando a ponte do nariz, abaixo dos óculos. — O que você aprontou?
— Eu estou finalmente saindo com a pessoa que esperava há meses, e isso pode ser uma bomba pra você ou não, mas com certeza nos dará certo trabalho.
— Espera... — Chang paralisou a xícara no ar, antes de levá-la à boca. Suspirou preocupado pousando a caneca na mesa. — Você está namorando? Você realmente assumiu um relacionamento com alguém? Aliás... Quem é o felizardo!? E por que você me pegou de surpresa? Como seu melhor amigo achei que, quando se apaixonasse por alguém, primeiro você me contaria quem... Espera não... — Chang chocou-se de novo espalmando o ar, com a hipótese em sua mente: — , nós estamos no meio de uma situação delicada com a sua imagem e não me diga que o Park e você...
— Calma, Chanyeol. Respira, e só me escuta, ok? — ficou mais séria para explicar: — Eu não te contei exatamente quem era o rapaz que eu estava afim, porque você me ouviu dizer que não era nada correspondido, mas nós nos entendemos e estamos nos conhecendo, com disposição para tornar isso um relacionamento futuro.
— Então não é só um caso temporário?
— Não! Nem pra mim, e nem para ele.
— Tá, e se você escondeu o nome é porque é uma pessoa pública.
olhou em volta, e se levantou para fechar as persianas da sala.
— Ok... Não é qualquer pessoa pública diante desse segredo todo... — Chang suspirou já coçando a nuca preocupado observando-a.
— Eu vou do começo. — explicou sentando-se no sofá de novo — Se recorda de quando saímos do programa da KBS e o Taehyung pediu o meu telefone?
— Sim, você comentou, mas e daí? Já descobrimos que era coisa do Yoongi.
— Não era, Chang. Você e essa persistência também... Que implicância com o Suga... — revirou os olhos e continuou: — A questão é que o Tae não quis se aproximar por uma tempestade de desencontros e desentendimentos entre a gente, Chany. E finalmente, nos entendemos e estamos saindo. Só que ontem ele... — começou a rir — Ele fechou o Lotte World para nós dois. E com isso, acabou envolvendo a gerência de relações do grupo BTS, contrato de confidencialidade e ...
— Vocês foram vistos em público?! — Chang se alarmou desesperado.
— Não, não exatamente. A questão é que com certeza o Seijin nos convocará para uma reunião. E eu também... Tive aquela conversa com o Bang sobre namoro quando ele achou que eu e o Yoongi... Enfim, você lembra! Então eu não quero que as coisas sejam feitas da forma errada. Tae e eu sabemos que teremos que manter tudo escondido, mas não, de todo mundo.
— do céu... — Chang repetiu a expressão corriqueira da mulher, em português, o que a fazia sorrir por achar engraçadinho toda vez, e levou as mãos ao rosto, se deixando cair em descompostura no encosto do sofá.
— Ah, para Chany! Nem é para tanto! Só temos que gerenciar toda essa situação de forma discreta, é sobre isso.
— Eu não vou dizer que isso não me preocupa porque não é simples como se fosse o Maurer. É um idol do BTS! E logo um dos mais influentes a nível de mercado entre eles!
— Do que está falando?
— Os três nomes que são a bomba atômica de namoro naquele grupo, . Você não sabe? Eles são seus amigos e não te disseram?
— Pode ser mais claro? Eu não passo tanto tempo com os meninos pra falar de mundo show-business...
— Jeon Jungkook, Kim Taehyung e Min Yoongi. São os piores escândalos amorosos envolvendo o grupo, porque eles são os queridinhos do apelo público, ! Não só por toda questão do fandom, mas eles são os três artistas do grupo mais populares e com isso, aqueles que a imagem mais tem valor. Um rumor de namoro com eles, em qualquer época do BTS é no mínimo, um escândalo mundial. Além do mais... Se fosse o Suga ainda seria menos complicado gerenciar, por ter todo um discurso de ser um dos mais velhos, mas o Tae... não tem muito tempo desde que ele conquistou a maioridade coreana dele, as fãs tem verdadeira posse por ele... E...
— Chang. — o chamou séria, piscando incógnita e dizendo em bom português: — Foda-se.
— O quê disse? — Ele perguntou confuso com o idioma, embora ela já tivesse mencionado outras vezes aquela expressão e ele só não se recordava bem do significado.
— Fuck it! — Ela riu ao traduzir e Chang revirou os olhos, então ela sorriu justificando: — Não estamos anunciando ao mundo, Chany. Eu só estou te informando que precisaremos contar isso entre a empresa dele, e a minha. Embora eu ainda não tenha um novo agenciamento...
— Você não precisa se preocupar com isso, exatamente... Temos uma reunião essa tarde na Big Hit que tem a ver com este assunto.
— Como assim?
— , só termine de me explicar, por favor... — Chang voltou a beber seu café antes de perguntar: — Vocês estão se conhecendo em segredo e ele já deixou isso explícito para a empresa dele?
— É isso. Eu não sei mesmo como foi a reação da BH. Quando o assunto veio à tona comigo e com o Suga foi tranquilo, mas tinha uma coisa sobre os mais velhos receberem uma certa prioridade de liberação no contrato e... Eu realmente não sei o que esperar da BH, mas eles virão até nós.
— Sendo assim... Me deixe fazer uma ligação e me inteirar de como estão as coisas por lá.
— Ok, enquanto isso eu vou pegar um café para mim, quer mais?
— Por favor!
Chanyeol pediu e se levantou imediatamente indo até a própria mesa e telefonando direto para o número que já vinha dialogando há alguns dias: a sala da presidência da BH. E assim que conseguiu ser atendido, retornava na sala, tranquila, com uma xícara em mãos fumegante, e os olhos atentos no amigo.
— Sim, entendi ahjussi Bang. Estou ligando porque e eu temos mais um assunto de cunho pessoal dela para tratar, algo que surgiu só agora… Sim, envolve seus interesses… É, é isso mesmo! Bem, pelo visto estamos com muitas questões a tratar em comum e este é mesmo um sinal do universo... Claro, claro. Não se preocupe, chegaremos uma hora antes então! É mesmo um bom horário para o senhor? Ótimo, obrigado por sua atenção e até mais tarde!
Chang desligou a chamada e o encarava com olhos arregalados em expectativa.
— Bem, nossa reunião da tarde foi adiantada em uma hora, e com essa sua novidade, eu preciso te contar sobre o que estava esperando pela confirmação também.
ajeitou-se no sofá, tensa, deixando sua caneca na mesinha.
— No dia do jantar na casa do Bang, ele não me convidou apenas como cordialidade, você lembra?
— Lembro, claro. Ele queria que eu fosse visitar a família dele, mas queria colocar em pratos limpos com você a minha relação real com o Yoongi.
— Sim, exatamente. E na ocasião, enquanto falamos de vocês, o Bang se mostrou curioso e interessado em você como artista. Eu comentei com ele que tinha planos maiores pra nós dois como nomes da indústria asiática literária e cinematográfica. Não contei exatamente o quê, mas dei dicas. Bang se interessou ainda mais em saber, futuramente, dos nossos projetos. Então, quando você concordou com a minha proposta de te desvincular do agenciamento da Mangaká, percebi que poderia ser interessante falar com o presidente da BH sobre nosso plano.
— Contou para o Bang sobre a Jinju*?
— Sim, mas não deixei claro que já tenho tudo pronto. Ele me perguntou especialmente para quais agências, eu pensava em encaminhar as propostas com seu nome, e... Você sabe que aquela lista são de concorrentes da BH, não é? E a BH tem crescido muito por conta dos rapazes, mas o Bang pensa longe.
— Espera aí Chany, eu conheço esse seu olhar! — declarou observando a expressão de quem marcou um grande gol em final de campeonato, que estava no rosto do Chang. — Não me diga que a BH quer me agenciar?
— Não só te agenciar como artista da empresa, como investir no nosso negócio como uma subsidiária da BH. Nós dois podemos abrir a nossa agência de roteiristas exclusivos tendo o Bang como sócio.
— Está falando sério?
— Marquei a reunião da tarde para conversarmos sobre isso. São coisas diferentes, entenda: como artista da BH, eles cuidarão de ações publicitárias para você, embora o Bang ache que possa te lançar como mais do que uma escritora. No entanto, ele não quer misturar muito os nichos dentro da BH, e é aí que o investimento em nossa empresa se torna eficaz. Você terá o agenciamento próprio e independente da nossa própria marca em todo o mercado audiovisual e literário, e nós teremos a estrutura para ser a agência número um de vários roteiristas treinados e formados por nós, como sonhamos, !
— Mas, no quê a BH me teria como artista? Eu não sou cantora, Chang!
— Mas tem tudo pra ser uma ótima modelo, influencer e apresentadora. E eu concordo com o Bang. Ele vê possibilidade de você ser uma artista de peso na mídia coreana, principalmente depois de observar o seu termômetro com o público, . Ou achou que ele não estava mesmo de olho na garota que ficava andando pra cima e pra baixo com o Yoongi?
— E você? Sabia que ele estava de olho em mim, seu cretino?!
Chang sorriu e deu de ombros pra dizer:
— Tem algo sobre a sua carreira que eu não saiba, ?
— Você é muito esperto, Chang! Tem tudo pra ser um grande CEO um dia, sua mãe sempre esteve certa! — riu animada e constatou: — Então, minha relação com o Tae pode acabar sendo toda gerenciada por uma única empresa! É assunto de interesse em comum com a BH...
— É, embora como casal, eu não saiba se isso poderia se tornar um problema pra vocês no futuro... — Chang relatou sincero.
— Bem, então temos agora três situações a discutir mais tarde: onde eles se envolvem entre Tae e eu, onde eu entro no agenciamento deles, e como e quais condições de investimento em nossa empresa, sócio!
Chanyeol assentiu e se jogou no sofá sem acreditar que as coisas estavam se encaixando daquele modo. Ela sorria largo, ainda um tanto surpresa com o que descobriu.
— AH! A propósito... — Chang falou atraindo a atenção dela — É por causa dele, do Taehyung, essa sua alegria?
— É sim, Chany! Eu estou completamente apaixonada pelo Kim, e quero muito que a gente dê certo! Ele e eu estamos com os pés no chão, seguindo cada passo por vez, mas... É como se eu também me sentisse nas nuvens. De um jeito bom, claro!
— Bem, então por enquanto estou a favor dele. Acho bom ele nunca tirar esse sorriso do seu rosto, ou eu mesmo farei ele se arrepender com BigHit envolvida ou não!
riu e se levantou sentando ao lado do agente e melhor amigo, abraçando ele de lado e beijando o rosto com o sorriso protetor dele.
— Obrigado por tudo, de novo, Chang!
— Eu te amo e só quero a sua felicidade, então parabéns, espero que vocês evoluam mesmo para um namoro pleno e feliz! Aliás... Não me agradeça, princesa. Nós dois fizemos um juramento, sonhamos juntos com a Jinju Agency e estamos chegando aos poucos lá...
— Eu nunca abrirei mão de você, Sang Chang Chanyeol!
se declarou emotiva, e observando o brilho do Sol pela janela externa da sala de Chang, só uma coisa passava em sua mente naquele instante. A frase de uma das suas músicas preferidas do Emicida, que ela carregava tatuada na alma desde que foi para a Coreia do Sul. Aquelas palavras ecoaram em sua mente, como o mantra que ela repetia a cada conquista:
— “Procuro simbiose nunca o parasitismo, desprezo a vassalagem e meço a dose. Autonomia, palavra que espanta, pois fazê-la de mantra é meta até a metamorfose”.
recitou com olhos brilhantes e um sorriso largo de felicidade. Chang a abraçou de lado, pois, ele conhecia o significado da frase em português que a amiga lhe apresentou há muitos anos. E inclusive, tornou ao Chang, um fã de Emicida também.
[...]
Taehyung dirigia rumo à BH curioso com o motivo pelo qual precisavam estar mais cedo na empresa do que o que foi informado antes. Ele até iria para a casa de Yoongi primeiro para voltarem todos juntos de suas folgas, até porque, Seijin foi informado de que Tae estaria com Suga, JK e Jimin no apartamento do hyung. Mas a ligação de JK, assim que ele saiu da Mangaká o surpreendeu.
“Pegamos um carro por aplicativo, vá direto pra BH que o Seijin convocou uma reunião mais tarde com o Bang, então as atividades da tarde ficaram para agora de manhã”. Foi o que Jungkook o informou.
Um pouco antes de Tae chegar, os meninos chegaram primeiro. Yoongi, Jungkook e Jimin desciam com suas mochilas nas costas, em frente ao prédio da BigHit, e entravam silenciosos quando Jimin parou e os impediu tocando seus braços.
— Espera!
— O que foi? — Yoongi perguntou bocejando.
— O Tae. Ele não deveria voltar com a gente?
— Mas ele não dormiu com a gente, Minnie! — Jungkook riu — Tô ansioso para ouvir como foi que ele passou a noite!
— Não, JK! Não é isso! Quero dizer... O Tae informou ao Seijin sunbae que não ficaria no dormitório com o Namjoon e os outros, mas com a gente na casa do Yoongi! Como vamos explicar ele não ter vindo agora?
— É simples, a gente diz que ele não dormiu em casa, oras... — Yoongi deu de ombros um pouco mau humorado por estar acordado e com sono.
— Hyung! Mas esqueceu que o Tae fechou um parque de diversões pra sair com a noona? Se a gente contar que ele dormiu fora, o manager vai pensar que ele está namorando escondido!
Yoongi ficou um pouco confuso devido à sonolência, sobre que razões estavam intrincadas àquilo e por qual motivo o gerente de relações do grupo acharia ruim que Tae tivesse passado a noite fora com , se ele mesmo fez aquilo várias vezes.
— Aigoo, hyung! Você não funciona direito de manhã! — Jungkook reclamou trocando olhares com Jimin para que ele explicasse melhor.
— Yoongi, temos um contrato que impede namoros, e sabemos que o Tae é o segundo mais novo do grupo, por isso ele não poderia mesmo ter as mesmas liberdades de passar a noite fora como você, Hobi, Jin e Namjoon… Além disso, o que aconteceu ontem pode configurar quebra de cláusula contratual!
— Aish... Entendi... — Suga murmurou com as mãos na cintura — Vamos entrar, a gente discute isso no saguão. Estamos muito expostos aqui na entrada.
Eles caminharam para um ponto mais afastado do saguão e conversavam entre si.
— Essa reunião da tarde... — Jungkook mencionou com expressão investigativa, e então Jimin e Yoongi se olharam ao mesmo tempo assustados e disseram uníssonos:
— O Tae foi pego!
Mal Jungkook iria abrir a boca para perguntar como eles teriam certeza daquilo, e um dos staffs da equipe aparecia no saguão e notou os rapazes juntos indo até eles.
— Fomos pegos! — Jungkook falou mordendo o canto da boca e ajeitando sua postura como se estivesse pronto a sair dali.
Suga e Jimin olharam para trás e viram o staff sorrir os cumprimentando e dizendo:
— Ah, que bom que estão aqui! O Seijin sunbae está aguardando vocês quatro na sala de treino! Hobi, Namjoon e Jin já estão lá!
— Ah... A gente está subindo, Jack! — Suga falou tranquilo, passando uma confiança que às vezes só a sua expressão de tédio era capaz.
— Então vamos! Onde está o V?
— O Taehyung está estacionando o carro! Vamos subindo, ele já vem! — Jungkook soltou, e puxou Jimin pelo braço.
Jack assentiu olhando para a porta de entrada e estranhando que os três estivessem ali parados, mas acreditou que eles estavam esperando o amigo. Jimin e Jungkook começaram a caminhar e Jack os seguiu. Suga olhou para Jimin, que disfarçando sibilou um “avise a ele”.
— AH! Eu preciso passar no GL! Já subo pra encontrar vocês! — Yoongi informou no elevador apertando o botão do andar do seu estúdio.
— Yoongi, não é por nada não, mas o Seijin está um pouco...
— Irritado? — Jungkook perguntou fazendo os outros dois amigos o encararem como se estivesse dando bandeira.
— Sério demais, mas não irritado. Por que estaria? Vocês aprontaram? — Jack mencionou rindo.
— Não se preocupe Jack, eu vou só pegar uma coisa que deixei e não demoro. Sei que essa mudança na nossa agenda tão cedo tem alguma razão.
— Nem reclame, Suga. Se visse como eu e os staffs tivemos que correr para ajustar as últimas coisas... — o elevador abriu e Jack apontou para Yoongi sair — Não demore, por favor!
— Não irei.
Yoongi saiu e assim que ficou sozinho no corredor, ele correu até seu estúdio e digitando a senha entrou já com o celular em chamada para Tae. Cinco minutos depois, o amigo atendeu.
— Hyung! Bom dia! Já chegou?
— Kim Taehyung, o que foi que você fez!?
— O que?
— A atmosfera na BH está como se um espião fosse descoberto! Seijin nos aguarda de surpresa em uma reunião agora, e nós chegamos sem você! Onde está e quanto tempo pra chegar?
— Ah... Hyung está me assustando! Não fiz nada demais!
— Jungkook falou que você estava estacionando o carro, então esteja onde estiver, melhor você chegar bem rápido e com uma boa desculpa para o atraso!
— Eu estou na rua da empresa já! Não se preocupe!
— Peça ao vallet para estacionar o meu carro na vaga e corre pra sala de treino!
— Tudo bem, até mais hyung!
— Tô sentindo que vou te bater hoje, Kim Taehyung... — Suga murmurou bufando e Tae soltou um risinho.
Desligaram a chamada e Suga se apressou para a sala de treino, assim como Tae fez o que ele havia aconselhado. Yoongi chegou na sala com o carregador do celular na mão, como se tivesse ido buscar aquilo e Seijin o encarou desconfiado.
— Bom dia, sunbae! Desculpe o atraso, eu precisei passar no GL. — e ergueu o cabo de celular, já entrando na farsa completa e procurando uma tomada para deixá-lo carregar.
— Bom dia Yoongi. Não é você que está atrasado. Taehyung já estacionou o carro?
— Ah... Eu não sei, acho que sim. Eu subi com os meninos e não vi ele no corredor...
— Cheguei! Foi mal! Bom dia! — Tae entrou correndo na sala, sorrindo como um bobo e acenando para todos, e dando a desculpa ao se aproximar para sentar no chão com os amigos: — Um funcionário me parou e pediu alguns autógrafos lá embaixo, acabei me enrolando!
Suga revirou os olhos quando viu Tae entrando e foi sentar-se perto de Namjoon. Notou que Seijin olhava para Taehyung analítico, observando aquele sorriso quadrado enorme de quem estava despreocupado com a vida. Yoongi, assim como os amigos, ficou observando a razão para aquele aura absolutamente despreocupada e feliz de Tae, que não vinha sendo daquele jeito há algum tempo. Apenas um nome ecoava na mente dele, e sequer notou quando pensou alto sussurrando:
— Isso é coisa da Estranha...
— Hm? O que disse, Yoon? — Namjoon olhou para o lado falando com o amigo.
— Ah... Nada, nada! — Yoongi desconversou olhando para Nam com a boca aberta e piscando várias vezes, em sua expressão “Suga Confused”. Namjoon riu do amigo e sussurrou de volta:
— Ou a fez um ótimo trabalho, ou o Taehyung fez uma merda tão grande que está usando seus dotes como ator pra parecer tranquilo... Seijin não está com uma expressão de quem terá um dia calmo.
— Você está sabendo alguma coisa?
— Mais ou menos... Mas ele vai falar agora, fique quieto.
Yoongi olhou de Namjoon para Seijin, assim como os outros, depois que Tae sentou-se do lado de Jungkook. O manager do grupo tinha um tablet em mãos e suspirou antes de começar.
— Bem, vocês precisariam estar aqui hoje às dez horas, mas tivemos mudanças urgentes. Então, a reunião que teríamos no fim da tarde foi adiantada em duas horas, por isso, os staffs reordenaram suas atividades do dia. Mas eu não estou aqui para dizer algo que o Jack poderia dizer tranquilamente... Nós teremos uma reunião importante hoje, Bang, eu e o setor de relações públicas, bem como nosso setor jurídico. E é uma reunião que tem a ver com o futuro de alguns contratos de vocês, por isso, gostaria de pedir que sejam meticulosos nas tarefas hoje, para que possam estar disponíveis a participar da reunião das dezoito horas. Acredito que o Bang vai chamar alguns de vocês senão todos.
— Sunbae... — Hoseok pediu para falar — Tem alguma coisa grave acontecendo? Porque sua expressão e palavras me assustam um pouco.
— Não é grave, mas sério. Como sabem, os mais velhos têm algumas regalias comparados aos mais novos. E isso não é à toa... Seokjin, Namjoon, Hoseok e Yoongi são os primeiros a conquistarem mais autonomia à medida que sua idade vai aumentando. É a nossa hierarquia. Mas, nos últimos meses temos conversado e observado alguns de vocês. Todos já são maiores de idade, exceto o Jungkook, e nós precisamos rever algumas questões e permissões.
— Isso tem a ver com aquilo que vocês conversaram comigo no começo do ano? — Yoongi perguntou preocupado e corajoso: — Comigo e com a ?
Seijin observou o rosto confuso de todos, e a expressão preocupada do Taehyung.
— Tem sim.
— Pode nos dizer pelo menos, se algum de nós está encrencado? — Yoongi perguntou de novo, piscando com o cenho franzido em preocupação e, claro, todos entenderam que ele estava sondando sobre Tae.
— Não é essa a palavra. — Seijin respondeu sorrindo ameno e entregou o tablet ao Jack dizendo: — Apresente-os o cronograma e prossigam com as tarefas do dia. — E voltou-se aos demais: — Bom dia de trabalho garotos, vejo vocês mais tarde. Ah! Taehyung, você me acompanha, por favor.
Tae assentiu coçando a nuca e passando a língua nos lábios de um jeito confuso. Levantou-se do chão e seguiu o gerente com todos os outros olhando para eles um pouco preocupados.
— Ganhei cem dólares! — Jack riu enquanto os outros dois saíam e os meninos encaravam a porta.
— O que?
— Eu e alguns staffs apostamos, cem dólares como a correria de hoje tinha a ver com a escritora !
— Por que fizeram isso? — Yoongi perguntou sério.
— Vocês vão saber logo, mas confesso que estou surpreso. Não era você que deveria estar sendo levado pelo Seijin, Yoongi?
Namjoon pigarreou surpreso com a brincadeira fora de hora de Jack e o staff logo continuou sem dar tempo de resposta para Suga:
— Então vamos começar! Animem-se pessoal, já pedi o melhor lanche da manhã para vocês daqui a pouco!
Nem Jungkook, que era dado a descontrair o ambiente quando se tratava de comida, deu atenção àquilo. Os rapazes se mantiveram focados no início do treino, mas no fundo, estavam todos um pouco preocupados com Tae.
[xxx]
Taehyung e Seijin estavam na sala do gerente, de frente um para o outro diante da mesa do mais velho. Tae estava tranquilo, sua consciência limpa de que fez tudo como deveria, mas um pouco curioso sobre toda aquela conversa de manhã.
— Acho que assustei vocês, não é?
— Um pouco, sunbae. Eu fiz alguma coisa errada? — Tae perguntou tranquilo passando a língua nos lábios.
— Não... — Seijin suspirou antes de apoiar-se com os braços na própria mesa e o perguntar: — Como foi o seu encontro com a ?
— Foi legal! O pessoal do parque foi bem discreto!
— Sim, até agora sem nenhum problema. Você tirou fotos com os funcionários, não é?
— Ah, é... Eu quis agradecer de um modo mais pessoal... Mas a não saiu nas fotos e eu orientei que não divulgassem sem antes entrar em contato com você.
— É, o coordenador do parque me ligou. Queria saber se os funcionários poderiam divulgar a nível pessoal a foto, e claro, me mandou a nota do parque no site oficial deles com a mentira que preparamos.
— Então vão mesmo dizer que eu fechei o parque para usufruir do ambiente com mais privacidade?
— Você está arrependido de sua imagem soar como extravagante depois disso?
Taehyung suspirou e negou com a cabeça. Na verdade, quando procurou o gerente para pedir que preparasse tudo aquilo, ele foi alertado de que seria considerado um pouco excêntrico pelo público e que a situação poderia não ser tão bem recebida quando divulgassem que “o Lotte World foi fechado por um dia para Kim Taehyung se divertir sozinho”. Claro que Seijin deu a ele a escolha de não se expor daquela forma, mas o rapaz foi contundente com a decisão e teria de arcar com as responsabilidades.
— Bem, eu falei que poderia ao menos ter levado os garotos. Seria mais fácil inventar uma promoção ou ensaio... Mas, você queria ficar sozinho com a escritora...
O tom de voz utilizado por Seijin era cheio de intenções.
— O que está acontecendo entre vocês? Você disse que era só um passeio entre amigos, porque queria se desculpar com ela por um desentendimento, mas eu tive acesso a algumas informações, Taehyung. O administrador do parque nos perguntou sobre o que fazer com as imagens das câmeras de segurança dos brinquedos em que você foi com a sua namorada. E então? Eu, como seu manager, devo tratar a Diias como sua namorada? Desde quando isso está acontecendo?
— Eu não estou namorando com ela, sunbae. — Seijin respirou aliviado quando Tae mencionou, mas logo ficou tenso ao ouvir o mais jovem enfatizar: — Ainda.
— Vocês estão envolvidos romanticamente ou não, Taehyung? Até onde sei não era você o integrante envolvido com ela desse modo...
— Bem, eu preciso dizer que estou interessado nela desde o dia do programa na KBS. Mas, eu acabei deixando para depois a tentativa de me aproximar dela, então, e o Yoongi ficaram amigos e sim, eles são só amigos! Mas a e eu... Tínhamos um interesse mútuo que foi aumentando conforme fomos ficando amigos.
— Ela não falou nada disso quando conversou com Bang e eu.
— Mas não tinha porque falar. Ela não sabia do meu interesse! E depois, ela se aproximou mais do Yoongi e todo mundo ficou especulando eles... Ela tratou do que tinha que tratar. Só que eu decidi contar o que sinto para ela há alguns dias, e depois que ela voltou da Tailândia eu a chamei pra sair e foi quando te pedi o Lotte World.
Seijin levou as mãos às têmporas.
— Tae, eu preciso que seja sincero com a empresa. Hoje toda essa questão de relacionamentos de vocês será revista com as equipes e com o Bang. Você não está entre os contratos que serão alterados. Nós vamos dar liberação de relacionamentos amorosos aos mais velhos primeiro, o que não significa que nós não estaremos a par do que acontece.
— Sunbae... São apenas três anos de diferença entre o Yoongi e eu. E está dizendo que a empresa não vai permitir que eu, adulto, me relacione com a mulher que gosto? Mas se for ela e o Yoongi tudo bem?
Seijin suspirou um pouco confuso com o que dizer. E lembrando da conversa entre ele, , Bang e Yoongi, o manager soltou um risinho irônico.
— Como você e o Yoongi foram se envolver desse jeito com a mesma mulher? — perguntou baixinho.
Taehyung não gostou do que escutou e retrucou.
— Não nos envolvemos do mesmo jeito! O Yoongi e ela são apenas amigos! E ela e eu...
— Estão apaixonados? — Seijin arqueou a sobrancelha surpreso — Não é um pouco cedo pra dizer isso, Tae? Saiu com ela apenas uma vez! Foi só uma vez, certo?
— Não era o que eu ia dizer! Ela e eu estamos interessados em nos conhecer melhor, mais do que amigos. Isso não existe entre ela e o Yoongi! Por que você fala como se eles fossem o casal da Bighit!?
— Porque seria assim se você não tivesse me surpreendido com essa história. — Seijin suspirou ao dizer, de forma cautelosa ao mais novo: — Bang aprova a relação entre ela e o Yoongi, e nós criamos uma estratégia de marketing para isso, Tae.
— O quê? Como assim?
Quando Seijin explicaria um pouco melhor, sua assistente bateu na porta da sala os interrompendo:
— Senhor Seijin, o presidente Bang o chama na sala dele. É sobre a reunião com o senhor Chang e a senhorita Diias.
— Ok, eu já vou.
Assim que ela saiu, Seijin o informou:
— Tae, eu vou precisar conversar sobre isso com o Bang agora. Você frustrou algumas ações com esse envolvimento repentino e teremos que ver como essa situação vai ficar. Essa tarde a virá aqui com seu agente e certamente, vocês entrarão em pauta de assunto, então, não se preocupe. Eu vou fazer o possível pra tentar...
— Nos ajudar? — Tae perguntou desconfiado.
— Deve ser isso... — Seijin respondeu incerto — Enfim, vá se unir com os rapazes nas atividades e esqueça o assunto. Eu já tive a confirmação que precisava de você depois de ficar surpreso com as coisas que chegaram até mim.
— O que farão com as imagens do parque?
— Claro que vamos comprar e manter em nosso arquivo de segurança. É a sua privacidade e a da escritora. Isso é assunto nosso.
— E da .
— Talvez, em breve, os assuntos dela sejam nossos também! — declarou e se levantou.
Encerrando o assunto, Seijin mencionou que Taehyung o acompanhasse para fora da sala. Taehyung saiu com mais dúvidas do que quando entrou. Por que parecia que as coisas não estavam mais prontas a caminhar tão bem como antes?
Minutos depois, Tae entrou na sala de treino, onde os meninos dançavam, e aos poucos eles foram parando e olhando o amigo entrar com a cabeça baixa, sério e pensativo. Hobi fez um sinal de pausa para Jin que estava com o controle do equipamento de som, mais perto.
— E aí Tae, está tudo bem? — Namjoon perguntou e os garotos fizeram uma redoma em torno dele.
Taehyung levantou a cabeça suspirando e deu de ombros.
— Por enquanto está, mais tarde é que vamos ter certeza... — E olhou para Yoongi de um jeito doloroso.
O hyung sentiu nos olhos de Tae a mesma expressão de quando o mais novo achou que ele havia ficado com : um olhar de julgamento e ciúme.
— Por que está me olhando desse jeito, Taehyung? — Yoongi perguntou sério e ofendido — Não fui eu quem dormiu com ela ontem!
Os outros amigos todos inflaram o peito, em surpresa, e Jin tomou o controle da situação se aproximando entre os dois.
— Ya! Vocês dois não estão nem pensando em começar a discutir por causa da de novo, não é?
— O Yoongi que está se ofendendo por nada, eu só olhei para a cara dele!
— Taehyung! — Yoongi riu ao mencionar irônico o nome do outro — Você sabe muito bem que está me encarando como se eu tivesse feito alguma coisa errada!
— E você fez, hyung! — acusou, sem perder o controle do humor e voz: — Você fez a diretoria pensar que havia algo entre vocês dois! E não sabemos até onde isso pode chegar!
— Como assim, o que o Seijin te disse, Tae? — Hoseok perguntou preocupado.
Tae apenas acenou a cabeça de um lado ao outro desconversando:
— O assunto foi sobre a e eu, mas não tem nada resolvido. Ele só declarou que, eu estar com ela pode ser um problema agora... Mas só à tarde, depois que ele se reunir com o Bang, é que vou ser chamado de novo.
— Um homem não pode nem levar uma garota em um parque de diversões hoje em dia!? — Jungkook comentou com as mãos na cintura, frustrado.
— Não é “um homem”, JK... — Namjoon falou ao maknae, sorrindo um pouco como todos os outros pela postura engraçada do mais novo, e logo ficou sério ao concluir: — É que somos nós.
Jungkook bufou, assim como Jimin e Taehyung, e antes de voltar à sua postura coreográfica, ele apontou aos amigos os chamado, e com outra mão na cintura, com o corpo relaxado e despretensioso de quem dava um aviso, informou:
— Olha só! Eu já vou avisando que um dia eu me liberto, viu? — JK dizia sério, sacudindo o dedo indicador para todos os amigos e ameaçando: — Um dia eu vou mostrar o que eu realmente faço e penso e não quero nem saber! É que eu só tenho 19 anos agora, acabei de estrear minha maioridade, mas esperem eu passar dos 20!
— Ah cala a boca, Jungkook! Não pode nem votar ainda… — Yoongi comentou risonho, e fez todos os outros rirem também não levando o mais novo à sério: — Vai tomar Yakult!
Apesar da descontração causada pelo maknae, que apesar dos risos dos amigos continuava repetindo que ele “não era fácil e vai fazer tudo o que quiser quando for um pouco mais velho”, Taehyung estava sério e concentrado nas suas ações. E assim se seguiu por toda a manhã.
[xxx]
Na sala da presidência da BigHit
— Senhor Bang? Mandou me chamar? — Seijin entrou na sala do presidente da agência e recebeu um sinal de Bang para sentar-se. — Bom dia, presidente!
— Sem formalidades demais entre nós, Seijin. Bom dia! — Bang comentou parando de assinar alguns papéis e voltou sua atenção ao outro sorrindo: — Tudo certo para a nossa reunião de mais tarde?
— Ah.. Qual delas?
— Não gosto desse tom. De todas, Seijin! O que há? Os meninos estão bem?
— Como anda a sua expectativa com a entrada da Diias na BH?
— Acho que ela já é nossa, e tudo o que o agente dela planejou também... Não vejo nenhum impedimento para prosseguirmos com a contratação dela.
— E se ela estiver se relacionando com um dos meninos? O que o senhor pensa disso?
Bang piscou e ficou mais sério jogando o peso de seu corpo no encosto de sua cadeira.
— Ela e Yoongi finalmente assumiram algo? — perguntou retoricamente, continuando: — Bom, isso não é de todo ruim! Nós já tínhamos a estratégia com o setor de marketing e publicidade para inserir uma nova imagem mais madura deles, de acordo com a sequência de trabalhos que vão vir, as fases das idades deles e os temas, e... Não vamos tornar público ainda qualquer tipo de relacionamento amoroso, mas é bom que ela seja vista com eles já que uma hora vai aparecer namorando o Yoongi. Ainda mais com a mãe que ele tem!
— Não é o Yoongi. — Seijin suspirou ao explanar sua interpretação de tudo o que aconteceu: — Acho que o Yoongi foi um bode expiatório não planejado, ou um intrometido. Ainda não entendi o que o Yoongi quis fazer, mas... Era o Taehyung interessado na escritora esse tempo todo. E isso justifica o fato de ser ele quem veio junto com o Yoongi me pedir aquela autorização de entrada na empresa para a . Não era o Yoongi que queria ela por perto, era o Tae.
— E por quê o Yoongi?
— Eu realmente não sei. Espero que ele não tenha se interessado nela também, porque se não...
— Eu não quero nem pensar em ter que lidar com uma briguinha de garotos apaixonados pela mesma mulher, Seijin! Isso nunca aconteceu antes e não é à toa. Nossos contratos restritivos já existem por isso!
— Bang, o Tae me pediu a Lotte World pra sair com a , mas ela é amiga de todos eles, nós não imaginaríamos que seria um encontro. Não pensei em negar, porque não vi problemas dele utilizar a folga dele para ir onde quisesse. Não somos este tipo tão restritivo de agência.
— Era um encontro e o Kim escondeu isso de nós? — Bang perguntou, sério.
— Não, ele não escondeu. Ele disse que ia sair só com ela, porque eles haviam se desentendido e ele queria resolver as coisas. Eu desconfiei um pouco dessas intenções, mas não achei que estaria tão avançada a coisa. Como eu disse, optei por não ver o que não existia.
Seijin estendeu ao Bang o tablet com as cenas das câmeras da LW e algumas fotos que o próprio encarregado da BH tirou do casal, de modo confidencial, para entregar ao Seijin.
— Ele não sabe que eu coloquei um dos nossos fotógrafos para tirar essas fotografias. Eu queria garantir alguma segurança e entender o contexto. Mas o administrador do parque me ligou, as câmeras dos brinquedos não são desligadas enquanto os brinquedos funcionam, então, existiam esses vídeos e queriam saber se deveriam nos entregar antes de excluir. Eu pedi as cenas, claro, e já fui informado que elas não estão mais no arquivo das filmagens desse dia, porque o parque achou melhor excluir e não correr nenhum risco futuro de quebra de contrato. Inclusive, já assinei o termo de que recebemos as imagens e a autoridade e responsabilidade delas estão em nossa jurisdição agora.
Bang respirou profundamente, e passou as imagens fotográficas. Não tinha nada demais, além de dois jovens adultos se divertindo juntos, algumas fotos mais íntimas do que outras, mas nenhum atentado ao pudor ou algo comprometedor demais. Exceto pelas fotos em que eles estavam dançando juntos, outra em que Tae abraçava , e por fim, a cena do rapaz beijando o pescoço da escritora dentro da roda gigante, com ela sentada em seu colo. Aquilo sim era perigoso.
— Você falou com ele?
— Ele quer assumir diante da empresa que está saindo com a escritora. Disse que não é um namoro ainda, mas pretendem. E que já informou a ela que também terá que cooperar conosco.
— Isso aqui é uma quebra de contrato! — Bang falou enérgico apontando as fotos e encarando Seijin: — Explicou isso a ele também?
— Ele está ciente só agora de que eu vi as filmagens dos brinquedos, e como eu precisava falar com você não dei tantas informações ao Tae. Mas, comentei que o contrato dele não está previsto entre os outros para ser alterado. E que, inclusive, a gente esperava essa notícia do Yoongi e não dele. O Taehyung não gostou nada, e ele vai ser temperamental, a gente conhece nosso garoto. Mais difícil de lidar do que a sensibilidade dele, só mesmo a teimosia de Jungkook que é implacável.
— Essa relação agora é um desastre! — Bang informou descontente — Bem, não é o momento! O Tae, aliás, todos estão há algumas semanas de uma turnê nova! Até entraram em terapia para focar o cuidado com suas saúdes mentais, que ideia é essa de namoro agora!? Não, Seijin! Kim Taehyung e Diias não podem se envolver agora! E eu não pretendo ceder para ele! Se eu abrir exceções, então Jimin e Jungkook também poderão reivindicar essa autonomia agora! E não é isso o que está planejado!
— Tudo bem, mas e os outros? Jin, Hoseok, Namjoon e... Yoongi?
— Os mais velhos são mais maduros e mais condescendentes. Vamos discutir isso de novo com a equipe jurídica e de relações públicas hoje, mas não acho que precisamos manter a cláusula de proibição de relacionamento amoroso dos mais velhos agora. Não é como se eles fossem nos causar problemas, a agenda do grupo está lotada até 2023! Só precisamos ter certeza a partir dos mais velhos de que serão discretos e cuidadosos.
— E a escritora? Alguma notícia por parte dela sobre isso?
Assim que Seijin perguntou o telefone da sala de Bang tocou. Sua secretária informou o contato de Chang, e ele conversou com o agente de pelo telefone. Encerrando a chamada, explicou ao Seijin:
— Eles acabaram de dizer que tem um novo assunto a discutir conosco. Certamente está lembrada da promessa que me fez.
— Ela é uma mulher honesta, não achei que pretendia esconder nada mesmo. — Seijin comentou e os dois foram chamados para a primeira reunião do dia.
Bang saiu de sua sala acompanhado por Seijin até a sala de reuniões da presidência, onde estavam as diretorias das equipes de marketing e publicidade do grupo BTS, a de relações públicas (RP) dos integrantes do grupo e os principais advogados do grupo como corpo jurídico da BigHit.
— Bom dia a todos. — Bang falou quando entrou e os demais se levantaram em respeito, ele olhou ao redor vendo-os lhe responderem e perguntou ao setor jurídico: — Trouxeram todos os contratos?
— Como pedido, incluindo dos mais novos.
— Bom, então vamos começar. Antes, Seijin tem algo a reportar para nós e precisamos nos debruçar sobre isso.
Os demais encararam atentos ao manager dos meninos que suspirou olhando para Bang, como se perguntasse se era mesmo para falar. E o presidente o encarou com confiança.
— Um dos rapazes está envolvido romanticamente com uma mulher. Eles estão apenas se conhecendo, mas há um interesse de tornar isso um romance futuro.
— Bem, se estão apenas se conhecendo... — Nala, a diretora de relações públicas do grupo começou a falar sem dar muita importância: — Não é momento de nos preocupar ou intervir. Eles não podem assumir um namoro, nada público ou sério, mas um flerte aqui e outro ali é comum em todas as empresas. Eu já havia alertado que isso começaria a ocorrer desde a última do Yoongi!
— Depende, Nala. — Hoon-Kyu, o principal advogado da equipe comentou: — Não é para intervir se não tiver acontecido uma quebra de contrato. — E olhando para Bang e Seijin ele perguntou: — Houve algo assim? Foi o Yoongi?
— E se foi ele, tem a ver com a herdeira da Eulora & Co? Por que se for, eis um problema. — Nala reforçou a pergunta.
Bang e Seijin trocaram olhares cúmplices. Era o momento de Bang decidir se colocaria na mesa seu conhecimento da quebra contratual do Tae, ou se colocava panos quentes em tudo.
30.
Momentos antes, na sala de Bang, antes de irem à reunião, o presidente informou ao gerente:
— Eu sempre sigo a minha intuição, Seijin, você sabe! Foi ela que nos trouxe até aqui, certo?
— Certo, Bang.
— Não quero parecer intencionado a favoritismos, e meu coração não quer ser abusivo com os mais novos, principalmente com o Taehyung. Todos os meninos sempre foram responsáveis e colaborativos... Sei que acabei de dizer que não vou facilitar para ele, mas... — Bang estava com a mão no bolso, de costas ao gerente, e parados em frente à porta fechada de seu escritório. Então, ele virou um pouco o corpo para trás, de modo que Seijin pudesse ver seu semblante dividido entre a justiça e o poder, e Bang perguntou ao subordinado: — O que você pensa sobre isso? Se estivesse no meu lugar, o que faria, Seijin?
Seijin ajeitou os óculos de grau que usava naquele momento, e suspirou um pouco pensativo, aproximando-se do chefe, parando ao seu lado e o encarando com respeito ao dizer:
— Eu ouviria aos outros primeiro, porque são variados os contextos que podem surgir com uma mudança como esta, de flexibilizar a restrição contratual. Temos que pensar em diferentes hipóteses: a primeira, dos meninos colaborarem, outra, deles não colaborarem contrariando tudo o que vêm sendo, e até uma terceira, que seria a de eles não darem conta das escolhas que podem ter que fazer futuramente. Então, a nossa equipe de excelência existe para isso, Bang. Para ajudá-lo, como CEO, a tomar suas decisões com base em nossas análises também.
— Você tem razão. Como sempre.
Bang assentiu e Seijin continuou:
— E sobre a situação de quebra de contrato do Taehyung... A multa contratual pela quebra da cláusula dele se faz em um valor que o Taehyung pode pagar. Apesar de perder dinheiro é uma multa mais branda porque não foi exposto na mídia. Então, se quiser, o setor jurídico notifica o artista e nós passamos por isso sem maiores complicações.
— Talvez o Tae já soubesse que teria esta sanção... Ele é inteligente e cauteloso em tudo, não acho que não vá esperar por essa multa... Mas apesar de um pouco incerto, algo me diz que neste momento apoiar qualquer relacionamento é o melhor a fazer por eles, e por nós...
— Essa é uma decisão que envolve o seu coração e consciência também, e claro, a análise das nossas equipes.
— Certo... Vamos à reunião! Este será o primeiro assunto.
Fim do flashback
De volta à reunião com a equipe da BigHit...
— Um dos rapazes está envolvido romanticamente com uma mulher. Eles estão apenas se conhecendo, mas há um interesse de tornar isso um romance futuro. — disse Seijin para o restante da equipe reunida, atenciosa em suas palavras.
— Bem, se estão apenas se conhecendo... — Nala, a diretora de relações públicas do grupo começou a falar sem dar muita importância: — Não é momento de nos preocupar ou intervir. Eles não podem assumir um namoro, nada público ou sério, mas um flerte aqui e outro ali é comum em todas as empresas. Eu já havia alertado que isso começaria a ocorrer desde a última do Yoongi!
— Depende, Nala. — Hoon-Kyu, o principal advogado da equipe comentou: — Não é para intervir se não tiver acontecido uma quebra de contrato. — E olhando para Bang e Seijin ele perguntou: — Houve algo assim? Foi o Yoongi?
— E se foi ele, tem a ver com a herdeira da Eulora & Co? Por que se for, eis um problema. — Nala reforçou a pergunta.
Bang e Seijin trocaram olhares cúmplices. Era o momento de Bang decidir se colocaria na mesa seu conhecimento da quebra contratual do Tae, ou se colocava panos quentes em tudo.
— Houve. — Bang respondeu ao Hoon-Kyu. — É o Taehyung. Ele saiu em um encontro romântico esta semana, e apesar de nos contatar e eu ter dado ao Seijin autorização, temos a comprovação de que ele está envolvido em um romance, e mesmo não tendo vazado nada, configura-se uma quebra.
— A ida ao Lotte World, não é? — Hoon-Kyu perguntou se recordando dos documentos que ele mesmo tivera de preparar.
— Sinceramente, Bang... — Nala mais uma vez se manifestou: — Já era esperado! Estou há meses, desde que Jungkook completou seus 19 anos alertando ao Hoon-Kyu de que precisaríamos repensar a paridade desta cláusula entre os membros!
— Este não é bem o seu departamento, sunbae Nala, me desculpe. Mas, como pode ter tanta certeza do que diz? — Sarah, uma das advogadas assistentes da equipe jurídica falou de maneira educada à outra, mais velha.
— Não é? É o meu setor e as minhas equipes que praticamente se dividem entre assessoria de imprensa, relações públicas, segurança e hackers investigadores sobre tudo o que envolve o BTS, Sarah. Somos nós que estamos sempre impedindo uma foto ou outra de vazar, um comentário ou outro de chegar até eles, em todas as redes sociais, tabloides e etc... Estou neste meio, para além do BTS, por tempo demais para saber que proibir namoros de artistas após a maioridade só traz mais problemas do que simplesmente aceitar que cedo ou tarde, eles viverão suas vidas.
— O que sugere Nala? — Bang falou interessado em suas palavras.
— Que todos passemos a tratar esses artistas como os verdadeiros adultos que já são, senhor presidente. O Lotte World, por exemplo... Vocês acham que foi o único destino do Tae?
Seijin encarou ao Bang e à Nala de forma confusa.
— Ingenuidade do Tae e de vocês também, é claro, de não perceberem que ele não ser reconhecido não é garantia de nada se ela for reconhecida.
— Aliás, quem é a mulher de quem falamos? — Hoon-Kyu perguntou e Nala olhou para os dois principais parceiros para saber se poderia dizer a verdade.
E eles assentiram. Então ela entregou algumas pastas, com algumas informações já separadas por sua equipe a respeito da escritora. Um conteúdo que somente ela e as equipes envolvidas de seu setor conheciam:
— Diias, a escritora mais falada na Coreia desde que seus trabalhos começaram a repercutir fora do país, e desde sua primeira entrevista na TV coreana. Inclusive, no programa em que conheceu os meninos. Ela não está em alta apenas por seu trabalho, como pelo recente rumor de affair com Jay Park. Até aqui, vocês podem pensar que o Taehyung realmente deslizou em não imaginar que havia paparazzis em torno dela, não é? Mas, acreditem ou não, estamos bloqueando várias notícias e furos sobre ela desde o começo do ano, quando Min Yoongi nos fez o favor de, mais uma vez, sair perambulando por aí como se fosse uma pessoa comum.
No dossiê de Nala, havia várias fotos de e Yoongi saindo juntos em diferentes lugares desde que se conheceram. As imagens da escritora entrando e saindo da BigHit em algumas poucas ocasiões e de Yoongi entrando na empresa dela. Além do mais, havia fotos de , dias antes, saindo do condomínio de seu agente com sua equipe, e entrando no carro de Yoongi, onde Taehyung era a pessoa a buscar ela. Os dois comendo Odeng na rua, e as últimas, da noite de seu encontro, imagens de Tae e no restaurante da senhora Nari, em seguida, entrando e saindo do Lotte World, além das cenas de Taehyung subindo na casa de após o parque e dos dois subindo também para o terraço, em roupas mais informais.
Seijin e Bang deixaram o queixo cair como todo o resto da equipe.
— Bem, não se espantem por tanto material estar conosco e não na rede. Como eu disse, eu tenho anos de carreira e excelentes contatos! A maioria das imagens de com Tae foi coisa nossa, plantei um dos meus para ficar na cola da escritora quando comecei a comprar as fotografias de com Yoongi.
— Tem certeza que nenhum tabloide tem posse de nada disso? — Sarah perguntou preocupada.
— Quando se trata de BTS, cara Sarah, os tabloides não publicam nada que eu não saiba que vão publicar. Como acha que nós protegemos tão bem a imagem desses garotos nesses três anos? Mas Bang... Preciso alertá-lo, de que a partir da turnê do mês que vem, as coisas só piorarão. Eles não são mais um grupo qualquer, estão começando a atrair holofotes ao redor do mundo... Não dá para agirmos como se pudéssemos ter o controle dos sete como tivemos desde o começo. E como eu disse, eles precisam ser tratados como adultos e assumir a responsabilidade disso também!
— Nala... — Seijin perguntou levantando uma foto de e Park saindo de mãos dadas de um restaurante de madrugada — E sobre essas fotografias aqui?
— O mesmo paparazzi que a seguia quando começou a notar a amizade dela com Yoongi, descobriu que ela e o Park... — Nala ponderou ao dizer — São próximos, e gerou material também. E eu comprei e garanti que não saísse nada sobre isso na mídia.
— Por quê? — Hoon-Kyu perguntou — Nenhum dos dois tem relação com nossa empresa. Pelo contrário, para nós pode ser ótimo que ela seja associada ao Park, assim protegemos nossos meninos de rumores.
— Que baixaria é essa Hoon-Kyu? — Nala ironizou competitiva ao advogado.
— Só estou falando que não é assunto nosso.
— Bem, sabem quem apresentou ou tornou possível que e Park se conhecessem? — Nala perguntou cheia de razão perante todos com uma expressão convencida e, no silêncio dos outros, Bang suspirou como se soubesse o que responderia.
— O Yoongi. — Bang relatou numa afirmação, mas ainda sem ter certeza.
— Exatamente, e talvez o Namjoon. Os dois foram a um evento privado de rap, há alguns meses. Os eventos que nós já sabemos que acontecem entre os jovens idols de diferentes empresas, e neste em especial, foi quando chegou com Yoongi, Taehyung e Namjoon e saiu com Park. AH! — Nala reiterou ainda: — Taehyung voltou antes para o dormitório e sozinho.
— Suga só tem cara de tédio, pelo visto, ele é mais arisco do que eu imaginava. — Sarah comentou achando graça.
— Olha, tudo isso... Nala... Você é absurdamente eficiente e merece um bônus por segurar essas coisas todas! Obrigado! — Bang comentou e a funcionária sorriu agradecida — E isso só mostra que ela tem razão, Hoon-Kyu! Talvez, essa meta dos 25 anos não seja tão eficiente. Devemos repensar a proibição da relação deles, pelo menos, até os 22 anos. Acho que é uma idade apropriada.
— E se fizer isso, vai tirar um pouco da corda do meu pescoço, Bang. — Nala comentou aliviada, arqueando a sobrancelha e suspirando. Os outros a encararam confusos, e Bang, prevendo mais bombas fez sinal para que ela prosseguisse: — Significaria que o Yoongi poderia parar de nos dar trabalho um pouco. Ele já tem 22 anos, revogando a proibição, nós das relações públicas apenas teríamos que montar uma estrutura diferenciada de privacidade. Pode parecer que não, mas... Garantir a privacidade dos artistas é mais fácil do que limpar a zona que eles fazem quando tentam agir escondidos sozinhos.
— Maya Lee-Cafrey, não é? — Sarah perguntou para Nala que assentiu — Sinceramente... O Suga poderia se afastar dessa herdeira! Ela é bem mais visível do que ele, e a equipe jurídica dela não se preocupa em esconder suas ações, eles já entram com os processos e a Cafrey faz o que bem entende. É uma mulher livre!
— Me parece um pouco com a postura da escritora ... Essa coisa de mulher ocidental e livre. — Hoon-Kyu comentou.
— É diferente, Hoon-Kyu. — Nala o respondeu — ainda não tem toda a atenção que a Maya tem. E a escritora, é sim, livre e bastante honesta com seu público e tudo o mais, mas ela tem o afeto público que a Cafrey não tem. Em poucas palavras, há uma xenofobia massiva sobre a Cafrey que não existe sobre a . De algum modo ela caiu nas graças do povo coreano. O agente da , ele... É um cara bem inteligente! Ele conseguiu construir uma imagem muito positiva antes mesmo de fortalecer o nome dela, então, a ... Tem tudo para ser uma queridinha da Coreia. Por isso eu sugeri que nós explorássemos a imagem dela com os meninos, Bang! — Nala falou empolgada voltando-se novamente para o CEO — Vai ser excelente para ela e para eles, que sejam relacionados como amigos, desde que sejamos nós a fazer isso. E seria ótimo que eu não precisasse ficar comprando fotos e calando informantes. Isso tudo aí... — Nala apontou para a mesa com as pastas que ela mostrou — Poderia ser muito bem aproveitado e utilizado do jeito certo por nós.
— Hoon-Kyu. Me diga, em relação à quebra contratual do Taehyung...? — Bang mudou um pouco o foco do assunto.
— Vou notificar ele e o Yoongi, porque os dois quebraram a cláusula. Nala acabou de nos mostrar as provas que envolvem Yoongi.
— Não tem como provar que ele está envolvido em um romance com a escritora a partir dessas imagens, Hoon-Kyu.
Bang falou confuso revendo as imagens da pasta. Então Seijin comentou, um pouco baixo e constrangido:
— Última página, Bang.
O presidente folheou e os outros abaixaram a cabeça envergonhados, foi quando Bang viu algumas fotografias de Yoongi com Maya em um hotel de luxo, no quarto, em cenário nada duvidoso de que uma relação íntima foi exposta. Nenhum dos cliques era explícito, mas os dois estavam sob lençois, nus e se pegando.
— Co-como...E... O Yoongi... — Bang gaguejava, atônito.
— Eu abafei esse caso com a ajuda da equipe da Cafrey também, Bang. Yoongi não sabe que foi pego, mas a Cafrey, com certeza. Ele não é mais um garotinho. É disso que estou falando com todos vocês quando digo que é ingenuidade a gente achar que pode controlar esse tipo de coisa. E se o senhor me permite, Bang, com todo respeito... — Nala pediu suspirando e alertando — O Jungkook vai me dar muito trabalho, eu simplesmente sei. E um contrato em que ele continue proibido de se relacionar amorosamente, até os 22 anos, me garantem uns três anos aí de cabelos brancos! Então, se eu puder não me preocupar tanto com os outros, seria ótimo.
— Nala, acha que pode formar uma equipe focada em atender a privacidade deles? — Seijin perguntou.
— Claro! Minha equipe já está pronta estrategicamente para isso há um bom tempo. É como uma subdivisão nossa em que seguranças, fotógrafos, alguns staffs quase espiões, se assim posso comparar... Enfim, é uma subdivisão focada em proteger a imagem e os espaços deles, então os rapazes são mais livres para agir sobre nossa orientação. Como podem ver, o Lotte World foi muito bem, não foi? As imagens das câmeras estavam conosco antes do Seijin ser contatado. Eu mesma repassei a ele o comunicado da administradora do parque. E como podem ver, nada disso vazou porque fomos habilidosos. Mas, sinceramente, se nós pudéssemos preparar tudo para os meninos seria muito melhor do que ficar indo atrás deles, espionando-os e varrendo a sujeira.
Bang assentiu surpreso com a eficácia de Nala.
— E neste caso, a equipe agiria como com os outros que ainda tiverem restrição? Você quis dizer que o JK e o Tae, por exemplo, podem ser transgressores apesar disso, não é?
— Bang, por mais responsáveis que jovens possam ser, eu acredito que não deixam de ser jovens. Os ímpetos deles não vão ficar reprimidos 100% do tempo. Então eu prefiro pensar que tudo o que é proibido cedo ou tarde, me fará limpar a sujeira de alguém. Por mais que eles saibam que podem contar com nós a partir de seus 22 anos, eles ainda irão às festas, escondidos, sairão com garotas, escondidos, ou colocarão uma mulher dentro do dormitório, escondido. Não é Seijin?
Seijin pigarreou constrangido com os colegas, ao receber o olhar de Bang um tanto reprovador, já que o CEO acreditava que aquilo havia ficado só entre ele e Seijin.
— A ... Conhece o dormitório. Ela foi convidada a jantar com eles algumas vezes. Mas, é claro que o senhor Bang sabia.
Hoon-Kyu sorriu ladino se sentindo um pouco surpreso com Bang ao reclamar:
— Senhor, me desculpe, mas... Se sabia disso foi conivente com as ações deles. Então, como posso notificar um rompimento de cláusula se o presidente sabia que a escritora estava envolvida com um deles? Acho que, juridicamente, perdemos argumento sobre as ações do Taehyung!
— Mas não sobre o Yoongi. — Sarah comentou apontando a pasta que tinha em sua frente. — Ele transou com a Maya e foi pego. E até sobre Taehyung, Hoon! — Ela arrumou o argumento mostrando a foto dele subindo e descendo o terraço de — Isto foi ontem! E não foi comunicado, ou foi?
— Era a folga dele, ele tinha autorização para sair e dormir onde quisesse. E me informou que estaria com Yoongi.
— Mas estava com . Na casa dela. Flagrado em fotografias tendenciosas. E isso não foi notificado por ele, então se pensarmos nas hipóteses de risco, Tae e Yoongi assumiram riscos contra a própria integridade quando agiram por trás da empresa. Se algo acontecesse, a responsabilidade recairia sobre nós. A quebra não é da cláusula de namoro apenas, mas na cláusula de transparência e segurança à integridade.
— Sinceramente, este contrato tem umas cláusulas bastante utópicas! — Nala alfinetou ao trabalho de Hoon-Kyu — Ninguém quer ter a sua vida íntima exposta, assim como não quer ficar prestando contas a ninguém de nada, depois que se torna adulto. Isso é um contrato para menores de idade! Eles deveriam ter sido atualizados há mais tempo! Afinal de contas, com exceção de Tae, JK e Jimin, os mais velhos deixaram de ser menores há mais tempo!
Bang levantou de sua cadeira, com a mente cheia. Nala estava coberta de razão! Ele preocupou-se tanto com os números e lucros, as ações e promoções do trabalho dos rapazes, ficou tão preso à responsabilidade musical dos jovens que não acompanhou muito o trabalho do setor jurídico quanto aos direitos e deveres dos rapazes. Até porque, Seijin, como gerente dos meninos, nunca teve nada a reclamar. Aquele grupo era impecável e absolutamente obediente e dedicado! Mas, como a BH se tornaria uma empresa de excelência em outros grupos futuros, se erros como aqueles continuassem a acontecer? Bang então suspirou de frente para a sua grande janela espelhada da sala, vendo a Seoul que se preparava para a chegada do inverno em alguns meses, do lado de fora, com as folhas coloridas de outono.
— A Nala tem razão! — Bang anunciou apontando para ela e encarando Hoon-Kyu um tanto, desapontado — Ela e a equipe do RP salvaram a pele de todos nós aqui! O Setor jurídico deveria ter revisto esses contratos e essas pequenas minúcias com mais afinco, Hoon-Kyu! Não se trata apenas de questões trabalhistas, mas temos questões pessoais sobre a vida desses garotos! E toda a responsabilidade que temos com eles!
— Me desculpe, senhor. — Hoon-Kyu falou constrangido se levantando da cadeira e fazendo a reverência de desculpas.
— Bem, a partir de agora então, notifique ao Yoongi e ao Tae da quebra de cláusulas. Revogue as atuais e atualize os adendos necessários para um contrato mais justo e robusto dentro das nossas novas expectativas.
— Para confirmar senhor... — Sarah perguntou com Bang voltando a se sentar na mesa — Nós iremos dispor que os rapazes não poderão se envolver em namoros publicamente até seus 22 anos, certo?
Bang olhou para Seijin e Nala e os dois assentiram para ele.
— Sim. Qualquer dúvida que tiverem, entrem em contato imediatamente com Nala e Seijin. Acredito que eles são os setores mais próximos da realidade diária dos rapazes, e poderão humanizar um pouco mais esse contrato burocrático da equipe jurídica. A BigHit não é o que é, por escravizar ou desrespeitar nossos artistas, não é essa a imagem que eu quero passar, apesar de saber que, inevitavelmente, teremos que ser duros com eles daqui para frente e isso por si já pode soar rigoroso para o resto do mundo. Mas nós vamos levar esses garotos ao topo do mundo se for lá que eles quiserem chegar!
Todos suspiraram após notar o discurso um tanto inflamado de Bang.
— Bem, mas ainda temos um problema. — Nala comentou — Taehyung não terá seu contrato digamos... Liberado. E esse romance, o que faremos?
— Vamos conversar com ele e com a mais tarde. Mas, se me permitem... — Seijin comentou — Acho que uma coisa é não tornar o namoro público, outra é não namorar. Sarah disse “não poderão se envolver em namoros publicamente”. Então, desde que nós tenhamos consciência e possamos esconder a situação... Não seria mais... Possível?
— Mas aí não é proibir de namorar, é proibir de tornar público. Isso muda bastante as coisas, Seijin. E vocês não podem pensar em um fato isolado de um deles, tem que pensar na equidade entre todos. Uma cláusula dessa, daria ao JK, por exemplo, o direito de aparecer com uma namoradinha por aqui também. — Sarah pontuou atenta aos termos certos.
Bang e Seijin suspiraram.
— Deixem o JK e o Tae comigo! — Nala falou certeira — Liberem esses meninos para serem pessoas normais pelo menos dentro da empresa, dentro de suas relações entre eles e suas equipes de trabalho! Aposto que vamos economizar em terapia. Além do mais, eles já têm pressão demais sobre si referente às suas agendas! Não irão sequer ter tempo de pensar em namoradinhas. Mas se tiverem, deixem eles comigo!
Bang arqueou a sobrancelha olhando para Nala, e sentia confiança e sensatez no que ela dizia. Seijin também, e até mesmo Hoon-Kyu, que tinha lá as suas diferenças com a diretora de RP, concordou quando Bang o encarou pedindo uma ação de opinião.
— OK. Então, a responsabilidade está sobre a equipe de RP. Vocês, jurídicos, apenas mudem os termos. Os rapazes estão permitidos a namoros desde que não se tome conhecimento público até os 22 anos no mínimo. E se houver necessidade de esconderem por mais tempo, que seja algo decidido por eles junto a nós, em diálogo maduro.
— Conheço meus garotos muito bem para saber que eles não quererão expor namoros ao fandom, até o exército no mínimo, como é o nosso plano original. — Seijin confirmou.
— Ótimo! — Nala comentou alegre por saber que conseguiu aliviar o trabalho da sua equipe, porque organizaria tudo de um modo mais estratégico e melhor. Ela também ficou feliz por saber que deu um pouco mais de humanidade aos contratos dos rapazes.
— Agora, vamos falar da nossa possível próxima contratada... — Bang empolgou-se ao dizer: — Essa tarde, Diias virá e eu quero que ela saia daqui com um contrato assinado conosco.
— O que a BigHit faria com uma escritora? Ela vai se lançar como cantora ou algo do tipo? — Hoon-Kyu perguntou confuso.
Nala riu de novo ironizando:
— Como você é limitado Kyu! — e olhando para Bang, a diretora brincou: — Eu te digo isso desde a universidade, Bang! O Kyu não tem visão a longo prazo!
— Nala! Não somos colegas de universidade neste momento, estamos aqui como funcionários do Bang! — Hoon-Kyu reclamou constrangido diante de Sarah e Seijin.
— Certo, certo... — a mulher reclamou e fez um sinal de “joinha” para o presidente ao dizer: — será uma ótima aquisição ao nosso quadro de artistas! Eu sei que poderemos aproveitar muito bem os talentos dela como roteirista dentro de ações dos grupos, mas acima de tudo, podemos lançá-la como a primeira imigrante brasileira, escritora, modelo e influencer da mídia coreana! E iremos mostrar que o império da BigHit não é só o número 01, na música, Bang!
— Calma Nala, eu não quero misturar as coisas. Existe a possibilidade da BH atribuir-se em uma subsidiária nova. — O CEO explicou.
— Sobre isso... Estou com todo o material pronto para apresentar ao Chang Chanyeol, e entrei em contato com a advogada deles. Se o senhor tiver algo mais a acrescentar na proposta antes de apresentá-la esta tarde, peço que dê uma lida e me informe por favor. — Hoon-Kyu comentou estendendo outra pasta — E o mesmo se estende ao contrato da autora.
— Eu acho que a vai aceitar tranquilamente, se você não estiver tentando colocá-la em cláusulas que pareçam jaulas, não é Hoon-Kyu? — Nala alfinetou de novo.
Bang e os demais continuaram a comentar sobre a aquisição de como uma agenciada nova da BigHit, porém, dentro da Jinju Agency, se tudo der certo na fusão de sociedade que Bang queria apresentar para os futuros sócios: e Chang.
[xxx]
Na pausa para o almoço do grupo
Os garotos estavam todos no refeitório da empresa caminhando para terem o seu almoço. Conversando, já despreocupados com tudo o que aconteceu. Na verdade, haviam se esquecido. Exceto Tae e Yoongi. Suga, ao ver os amigos entrando pelo refeitório, tocou o punho de Taehyung o impedindo de seguir.
— Yá, a gente pode conversar um pouco? — Yoongi perguntou.
— Agora?
— Vamos ao Genius Lab. Este é o único momento sem os meninos por perto no dia.
— Tudo bem.
Os dois deram as costas ao refeitório, que com exceção do grupo e alguns atendentes já estava completamente vazio, e caminharam em silêncio até o estúdio de Yoongi. E assim que entraram, Suga o perguntou:
— O que eu fiz dessa vez, Tae? Por que estava me olhando daquele jeito mais cedo?
Taehyung suspirou se jogando sentado no sofá do estúdio, assim que Suga lhe perguntou aquilo sentando-se também.
— Foi mal, Hyung... Eu fiquei nervoso com a conversa com o Seijin. E com ciúme de novo, de você e da .
— Mas por que? O que o Seijin falou pra você?
— Pelo que entendi... Eu não tenho a aprovação para namorar ninguém, nem mesmo sendo ela. Mas você sim. Eles queriam te usar como marketing, eu acho.
— Me usar?
— É, eu não tenho certeza se entendi direito, porque quando o sunbae me explicaria, a secretária dele o chamou. Mas... Tive a impressão de que a BH iria se aproveitar da sua imagem com a , para... Sei lá, expor um namoro falso?
— O que?! — Yoongi fez uma expressão descrente e abriu a boca rindo — Isso não faz sentido algum Taehyung!
— Eu sei! Eu acho que só entendi tudo errado, mas fiquei muito nervoso quando ele começou a insinuar vocês como se fossem algo um do outro de novo!
— Esquece isso Tae! — Yoongi comentou suspirando e tocando o ombro do mais novo — Agora vocês estão se acertando, não tem porquê ficar alimentando ciúme. Não é?
— É. Tem razão. — Taehyung concordou.
Suga assentiu, silencioso, olhando as próprias mãos entrelaçadas em seu colo, o corpo encostado todo no sofá, e Tae na mesma postura. Então passando a língua nos lábios e piscando várias vezes de modo ansioso, Yoongi limpou a garganta antes de perguntar:
— Você dormiu com ela?
— Sim. — Tae respondeu sorrindo fraquinho, com a cabeça viajando em suas recentes memórias. Yoongi olhou para ele e prendeu a respiração ao ver aquele sorriso pequeno no rosto do mais novo, e antes de tomar fôlego por não acreditar no que finalmente estava escutando, Taehyung comentou: — Não dormi desse jeito que vocês devem estar pensando, mas... Ficamos juntos a noite toda, e a me mostrou um lado dela que não mostra a ninguém. Ela me levou pro terraço e...
— O terraço!? — Yoongi piscou surpreso — Então... Ela... Ela deixou você dormir na casa dela? Achei que tinham ido para um hotel...
— Não! Eu deixei ela em casa e ela me chamou pra subir e ficar mais. Então a gente comprou pizza, e tiramos a roupa molhada também, porque nos molhamos no brinquedo do Lotte. Então, dormimos juntos, abraçadinhos no terraço depois de falar o que sentimos um para o outro.
Yoongi ouvia a Taehyung, atento, surpreso, porque na verdade não achou que as coisas seriam daquele jeito entre eles. Por mais que todos dissessem que Tae e perderam tempo demais, Yoongi achou que os dois ainda iriam um pouco mais devagar, mas realmente abriu as portas da sua vida para Tae entrar... Deixá-lo conhecer o “cantinho secreto” de sua casa...
— Só isso? — Ele perguntou raspando a garganta — Só comeram pizza e dormiram naquele tablado duro de madeira?
Tae encarou Yoongi confuso.
— Você já esteve lá?
— Ela não contou?
Os dois ficaram se olhando um pouco sem jeito. Yoongi piscando sem parar, com sua expressão falsa de desinteresse e Tae passando a língua nos lábios tentando se recordar de dizendo-lhe alguma coisa a respeito.
— Acho que disse. — Suspirou enfim: — Não lembro. Na verdade, deixei na minha memória só as partes mais importantes da noite.
— Que foram?
— Hyung... — Tae o encarou risonho, como se estivesse entendendo o que Yoongi queria saber — Nós não transamos!
Yoongi riu sem graça por estar parecendo-se com Jungkook.
— Foi mal...
— Tudo bem, acho que estão todos curiosos com isso. — Tae suspirou e sorriu ainda mais quadrado e largo, feliz de até fechar os olhos sorrindo: — Mas nos beijamos! E como nos beijamos, hyung! Ela é perfeita! O gosto da boca dela, o cheiro da pele dela... O som da voz dela quando está bêbada e feliz... Tudo nela é encantador!
Yoongi desviou os olhos de Taehyung e sorriu ladino, achando graça da sua situação e querendo gargalhar, mas se segurando.
— Eu... Fico feliz que vocês se acertaram, Tae. A tem verdadeira admiração por você.
— E eu por ela, hyung. — Tae comentou sorrindo e batendo na coxa do amigo disse: — Eu ainda vou casar com ela um dia! Anota aí.
Taehyung se levantou, deixando Yoongi piscando com olhos arregalados e surpreso mais uma vez.
— Vamos? Temos que almoçar e aposto que todo mundo quer ouvir sobre ontem. Vou dar mais detalhes para todo mundo.
Taehyung chamou o amigo e saiu pela porta deixando Yoongi um pouco atônito no sofá.
— Casar? — Yoongi murmurou assustado e baixinho — Esse garoto ficou doido ou o quê?
Se levantou e olhou seu reflexo no vidro da sala de gravação em frente à sua mesa de aparelhagem. E de novo, murmurou para si:
— Por que está tão surpreso, Min Yoongi?
[xxx]
Os meninos tinham acabado de almoçar e estavam em uma algazarra só conversando sobre o encontro de Tae. Taehyung era puro sorriso, a felicidade transbordando de seus poros e ele mesclava suas expressões das infantis às mais maliciosas à medida que os amigos comentavam sobre o que tinham ouvido.
— Mas agora é sério, Tae! Você tem mesmo que nos levar na vovó Nari! Eu vou fazer a noona me ajudar a te cobrar isso! — Jimin comentou.
— Ah, o Makgeolli! Saudades de brincar com ele! Ele parece o Yoongi, branco e emburrado! — Seokjin comentou.
Os demais riram e Yoongi soltou um risinho fraco revirando os olhos, e teve sua atenção tomada por Hoseok que cochichou na mesa perto dele:
— Você está bem?
— Estou, claro. — Ele olhou desentendido para o amigo — Por que não estaria?
Hoseok desconversou dando de ombros.
— Ei Tae! — Seokjin perguntou sorrindo e atraindo a atenção de todos eles: — E depois que saíram do jantar da vovó Nari e chegaram no Lotte World, em que brinquedo vocês se pegaram, hein?
Os outros começaram a rir e Tae ruborizou, sorrindo largo e escondendo o rosto com as mãos, um pouco constrangido, fazendo cena.
— Eu aposto como foi no túnel do medo! — Namjoon apostou em um clássico.
— Não, não! Carrossel! Clichê dividir o cavalinho! — Seokjin comentou rindo alto.
— O carrinho de bate-bate é uma boa também! — Jimin falou.
— Claro que não Jimin! Como que se beija com os carrinhos todos batendo em você, tá doido? — Seokjin comentou e Jimin se defendeu:
— Não tinha mais ninguém no parque! O carrinho dele não ia nem andar, só ia ficar lá parado e apertadinho no curto espaço com ela!
— Uwa! — Hoseok gargalhou comentando: — O Mochi tem visão!
Todos gargalhavam e Jungkook pensativo, bateu seu copo na mesa, apontou o dedo pro alto e declarou:
— Carrinho de bate-bate é bom, mas eu apostaria na montanha russa!
Todos se calaram, surpresos, encarando Jungkook com sua expressão divertida de coelho e começaram a gargalhar em coro.
— Yá! Yakult! — Yoongi jogou uma casca de banana em Jungkook zombando: — Você tem cada ideia! Como que você beija uma garota presos na cadeira, descabelados e gritando numa montanha russa!?
— Ai Jungkook, só você... — Namjoon ria mais calmo.
— Eu gosto de desafios, e comigo a coisa é radical. — Jungkook deu de ombros sem pensar muito fazendo todos rirem ainda mais, e Jimin até se jogar deitado na cadeira com a mão na barriga de tanto rir.
— Tá, tá, mas conta Tae! Qual o brinquedo? — Seokjin insistiu.
Taehyung coçou a nuca e perguntou de volta:
— Não nos beijamos exatamente em um brinquedo...
— UWA! O que vocês fizeram!? — Yoongi alarmou-se como os outros arregalando os olhos.
— Kim Taehyung! — Seokjin o apontou um tanto envergonhado — Você cometeu algum crime de pudor?
— Não é nada disso!
— Ah que pena. — JK murmurou dando de ombros: — Seria uma bela história! Mas afinal, você beijou a noona no parque ou não? Conta logo o que vocês fizeram!
Taehyung, enfim, contou que chegaram no parque e foram realmente aos brinquedos para se divertirem, contou das músicas que os embalavam, e do quase beijo-quase-pegação na roda gigante. Sendo ovacionado por risos e palminhas dos amigos quando ele disse que provocou a sentada em seu colo ao som de “Maneater”. Claro, alguns não conheciam a letra e só depois de conferirem a música que eles viram o quanto Tae investiu em balançar não só o coração da escritora, como seus sentidos.
Yoongi deixou um risinho sair abafado pelo nariz, prevendo como surtaria o contando daquela roda-gigante.
— E depois vocês foram para onde? Porque você não dormiu na casa do hyung Yoongi com a gente... — Jimin entregou.
Jungkook começou a rir batendo palmas, junto com Jimin que zombavam ainda mais.
— Fomos para casa dela.
— Uuuuuh!!! — Hobi gargalhava animado.
— Tae, me diz que você foi responsável e ... — Namjoon começou preocupado e foi interrompido por JK:
— Ah não Hyung! Por favor, né! Esse papo de biologia escolar agora não! O Tae pode ser devagar, mas ele já sabe o que tem que fazer, até eu já sei!
— Claro que sabe! Foram preparados pelo melhor! — Namjoon comentou orgulhoso de ter sido ele quem muitas vezes conversou sobre sexualidade com os mais novos.
— Não se preocupe, Namjoon... — Tae comentou cortando o assunto — Eu sei me cuidar.
— Tá, mas o que a gente quer saber é: rolou ou não rolou um hentai com a nossa noona mangaká? — Jungkook comentou fazendo todos rirem e Yoongi jogar de novo, agora, a casca de banana do prato de Hoseok nele.
— Respeita a , garoto!
— Aish, esqueci que o “irmão” — JK fez aspas com a mão — da noona está entre nós!
Os demais todos riram, mas não deixaram de olhar para Tae, que agora estava um tanto sem graça de continuar contando tudo pra eles.
— Eu não vou expor o que aconteceu entre nós na casa dela, mas não transamos. Só... — Tae sorriu ao se lembrar — Nos divertimos muito um com o outro. Mas, não chegamos a tanto.
— Um cavalheiro, como esperado do nosso Taetae! — Seokjin aplaudiu — Ele é um exemplo, que você deveria seguir viu, Jeon Jungkook!?
Seokjin falou jogando outra casca de banana nele.
— Vocês querem parar de jogar coisas em mim!? — Reclamou e apontou para Taehyung ao se justificar para o Jin: — Isso não é cavalheirismo! É medo. O Tae demorou tanto que está com medo de decepcionar a noona.
— Não é nada disso, seu ninfomaníaco! — Taehyung reclamou fazendo careta para ele.
— Até porque quanto aos atributos do Taehyung, decepção não é a palavra... — Jimin zombou com uma risadinha maliciosa.
E enquanto eles faziam caretas e reclamavam entre si, e os outros prestavam atenção neles; Hoseok viu pelas paredes de vidro do refeitório, na sala de espera e descanso em comum, duas pessoas inusitadas se aproximando do sofá onde estavam os sunbaes Nala, Seijin e Sarah conversando.
— Aigo! — Hoseok comentou: — A !
Os outros observaram para onde ele apontava. estava com uma boa aparência, apesar de séria, com um coque bagunçadinho propositalmente, a franja caindo repicada como cortininha em seu rosto e a maquiagem leve e formal. Também vestia uma calça preta de alfaiataria, um salto azul marinho de seu scarpin arredondado, uma camiseta branca social e justa, um blazer preto em conjunto com a calça de mangas 3/4, e como sempre, acessórios que deixavam o seu look mais elegante. Estava vestida tal qual uma executiva e linda, como naturalmente era.
Taehyung sorriu largamente ao vê-la, estava um tanto eufórico, doido para ir até ela. Mas logo voltou a si, quando viu que ela e Chang caminhavam de encontro aos três membros das principais equipes do BTS.
— Ela foi chamada pelo Seijin? — Seokjin pontuou.
E só então, os meninos pararam de sorrir ao vê-la como sorriam pela expressão alegre de Tae. Taehyung já estava com seu semblante sério e preocupado de novo, tal qual Yoongi, que o encarava curioso.
e Chang reverenciavam as pessoas presentes, e Seijin que já conhecia as formalidades da autora, estendeu a ela sua mão para que pegasse em cumprimento, e assim ela o fez.
— Vocês foram pontuais! Obrigado pela prontidão e agradeço que tenham vindo mais cedo apesar de nossa agenda. — Seijin comentou com os dois.
— Imagine, nós temos mesmo muito a falar esta tarde toda, não é? — comentou olhando os três ali.
— Nós estávamos aqui discutindo algumas coisas, mas essa é só uma sala de convivência comum, e o presidente Bang ainda não retornou do almoço dele, então podemos subir até a sala de reuniões e começar a discutir algumas coisas antes dele chegar, tudo bem por vocês? — Seijin perguntou aos dois visitantes.
— Claro, nós só estamos esperando a nossa advogada Lauren, ela está estacionando o carro. — Chang comentou.
— Ah ela aqui! — comentou apontando a mulher com porte de advogada de excelência se aproximando deles. — Senhor Seijin, Senhoritas Nala e Sarah, está é Lauren Smith, a nossa advogada que tratará de todas as questões envolvendo as duas propostas que discutiremos.
Assim que falou a apresentando, a mulher cumprimentou aos funcionários da BH, e em seguida trocou beijos no rosto com e um aceno de cabeça com Chang.
— Podemos ir? — Chang perguntou olhando o relógio.
— Claro! — Seijin comentou e tocando o ombro de avisou: — Os garotos estão ali atrás, gostaria de ir... — e virou-se apontando para a sala de vidro onde os sete pares de olhos os encaravam — …cumprimentá-los.
Seijin se surpreendeu com todos os olhando. sorriu abertamente e acenou para os rapazes que acenavam, mandavam beijos e corações de dedo, curiosos e brincalhões.
— Depois eu falo com eles. Melhor não demorarmos, sei que a agenda está corrida pra vocês hoje.
— Você é profissional. — Nala comentou — Gostei disso.
apenas sorriu amena.
— Então prossigamos. — Seijin guiou a todos pelo corredor para irem até a parte onde os elevadores ficavam.
Os meninos ficaram absolutamente curiosos e surpresos por e todas as pessoas envolvidas saírem tão apressados.
— O que será que ela faz aqui? — Jimin perguntou curioso.
— Ei, Bangtan! — Jack falou surgindo perto deles no refeitório — Essa hora de almoço está virando hora extra já! Vamos rapazes, já terminamos tudo. Estúdio de gravação 3C. Vamos!
— Vamos gravar o Run agora, não é? — JK perguntou animado.
— Sim, será divertido! — Jack falou ao mais novo e ouviu Namjoon responder atencioso:
— Sempre é!
Yoongi e Taehyung permaneceram olhando pela direção onde o grupo de “executivos” seguiram, e se aproximando do elevador, os dois, sem notar, olhavam para em expectativa de que ela viesse até eles. Mas a porta do elevador dela se abriu, e ela entrou imediatamente junto com os outros. Os dois suspiraram, e só se deram conta de que fizeram aquilo juntos quando se ouviram. Aguardaram silenciosos ao elevador, enquanto os amigos do grupo não paravam de falar com Jack.
— Não se preocupe Tae, não deve ser nada demais. — Yoongi murmurou pra ele — Ela vai ficar bem.
— No momento, hyung, estou preocupado, é se eu e ela vamos ficar bem.
Taehyung respondeu sincero sussurrando. Suga olhou para ele, surpreso de novo. E a porta do elevador abriu.
31.
, Lauren e Chang haviam terminado de ler o contrato proposto de agenciamento da autora. Bang também já estava reunido com eles. Sarah foi quem explicou os termos jurídicos gerais para os três antes de Lauren começar com suas explanações. E Bang, no momento em que os visitantes começaram a ler o contrato, chegou junto a eles e permaneceu em silêncio após cumprimentarem-se, dando aos três a oportunidade de analisar tudo com calma.
— Bem, eu cheguei a conversar com o Hoon-Kyu, sobre alguns termos que vejo ainda estarem aqui, e sinceramente, são os que mais incomodam. — Lauren informou.
Todos olharam para Sarah, Nala, Seijin e Bang.
— Eu fui informada. — Sarah comentou, com a autoridade que Hoon-Kyu havia lhe passado aquela tarde para orientar as reuniões. — Mas, tivemos uma reunião interna esta manhã e a alteração dessa proposta dependia do resultado da manhã, por isso vocês não puderam discutir conosco de novo o assunto.
Sarah olhou para Bang, buscando a orientação do presidente se ela deveria continuar ou não. segurou a mão de Lauren sobre a mesa sorrindo para sua advogada, pedindo a palavra, e trocou olhares seguros com Chang.
— Bang. — pronunciou risonha para ele, de forma simpática e o presidente sorriu da mesma forma.
Ela entendeu o que estava acontecendo. Eles aguardavam um posicionamento dela sobre o que provavelmente já sabiam.
— Agora que você chegou, acho que precisamos inverter as etapas aqui. Tem um assunto que entre nós, provavelmente casa com a situação que a Sarah informou. Tiveram mudanças a serem consideradas por vocês, e terão também por nós. Bang, Seijin... Vocês estão a par da situação de Taehyung e eu?
A pergunta direta da escritora arrancou um sorriso de Nala, e um olhar observador e curioso de Sarah. Seijin também sorriu piscando para Bang, como se soubesse que passaria no teste.
— Eu gostei mesmo de você, escritora. — Nala mencionou respeitosa — Uma mulher direta e franca. Como eu!
Os funcionários da BigHit sorriram comedidos pelo clima imposto pela diretora de RP da empresa.
— , estamos cientes de tudo. Mas, o seu caso é diferente. Sarah pode explicar a ela as questões, por favor? — Bang pediu.
— Senhorita , de fato, seu recente envolvimento com um dos BTS é uma pauta de peso em nossa reunião, e por isso, modificaram-se algumas coisas aqui mais cedo. E por tal razão, Hoon-Kyu está trabalhando neste momento em questões jurídicas dos rapazes. Em seu contrato antigo, há a cláusula que a impede de se envolver romanticamente com qualquer um dos rapazes da BH, e também, nos dá algumas garantias de segurança sobre seus assuntos pessoais, uma vez que ser uma agenciada BH é também ser a cara da nossa empresa. Gostaria de nos expor sua opinião pessoal, e claro, da sua advogada sobre isso? — Sarah pediu olhando as duas mulheres em sua frente.
— Posso falar primeiro? — Lauren perguntou a assentiu. — Bem, a primeira coisa senhores e senhoritas, é que não aceitamos que a autonomia dos assuntos pessoais de sejam controladas pela agência ou empresa que vier a fechar o contrato com ela, de maneira limitante. A tem sido representada pela Mangaká, única e exclusivamente como escritora, e pela assessoria do senhor Chang Chanyeol de forma pessoal. Sendo assim, ela está acostumada a ter o total controle e gerenciamento de sua imagem, e nós entendemos que buscar uma agência agora é importante e um passo a mais para que ela cresça profissionalmente, mas... Em suma... As leis e opressões que regem os contratos de alguns idols e empresas, não nos interessam.
— Bang... — mencionou olhando ao presidente e com cuidado concluindo: — A questão é que eu não aceito que me digam como devo pensar, agir ou me comportar. Eu tenho meu próprio senso de dever e limites. E tenho certeza que você não estaria tão interessado no meu trabalho e na competente imagem que Chang e eu construímos sobre mim até aqui, se não acreditasse nisso, não é? Eu sei que ocidentalizei e até... Humanizei mais, a ideia de pessoa pública aqui na Coreia. Eu sei disso, e não estou interessada em mudar isso. Entende?
— Entendo. Mas, eu preciso que você, seja na BH ou na Jinju, entenda que algumas questões se tornam delicadas quando se cresce . Um escândalo amoroso, por exemplo, dependendo da grandeza dos envolvidos pode ser uma grande dor de cabeça. Lembra da nossa conversa?
— Lembro, e me lembro que o senhor e Seijin ficaram muito tranquilos quando acharam que era eu a namorada do Yoongi. Como disseram mesmo? Uma pessoa sensata e tranquila para dialogar e ajudá-los a gerenciar este tipo de informação. Não foi isso o que disseram? — perguntou e os dois assentiram sem pestanejar — Se o que lhes preocupa é a forma como situações envolvendo meu nome, como a que aconteceu recentemente entre Park e eu, seja um problema, então me digam por favor: O que acharam da forma como sozinhos, Chang e eu articulamos a resolução desse conflito?
— Certamente vocês foram pontuais e cuidadosos na coisa toda. Foi inteligente de Chang não evitar o seu posicionamento e constituir uma transparência com seu público. Isso de fato me interessa muito, e você mentiu muito bem diante das câmeras querida. — Bang comentou, solidário, para .
— Menti? — perguntou um pouco confusa.
— , — Nala suspirou e comentou: — sabemos que estava realmente envolvida em um romance com o Park, e que junto ao seu agente e sua equipe, que acredito deve ser uma equipe muito boa e enorme, deram conta de mapear o alvoroço dos seus fãs na internet e evitar que os rumores fossem maiores. E foi eficaz e sensato você mentir para o seu público, de que não estava envolvida com ele quando na verdade estava. Mas é isso que nos preocupa. Você é capaz de mentir dessa forma por mais vezes se necessário, e garantir essa dita imagem de transparência com o público?
e Chang se olharam surpresos. Nala então entregou a pasta com todas as imagens de que mostrou aos internos da BH mais cedo.
Ela, junto com sua advogada e Chang analisaram tudo. Lauren reclamou inclusive, em termos jurídicos, pelo que seria uma violação da privacidade da autora. Nala explicou que apenas as questões com Park poderiam parecer uma invasão, mas sendo envolvida com os BTS como amiga, e tendo ela saído acompanhada de Park da mesma festa que os meninos, então tornou-se uma segurança da BH garantir que nada fosse a público. Nala explicou que não foi ela quem mandou produzirem aquelas imagens e conteúdos, pelo contrário, ela interceptou-as dos paparazzis e informantes para não virem a público. se sentiu extremamente invadida ao saber que era observada há muito mais tempo e nada poderia fazer se não fosse a eficácia de Nala.
— Sua equipe, se não fosse a aproximação da com os meninos... — Chang constatou um pouco com o ego ferido ao olhar de Nala para e dizer: — Você não teria entrado com a imagem tão bem assim se essas fotos todas tivessem vazado. Era sobre esta estrutura que não temos, de que eu estava falando.
— Não tem? Quantas pessoas trabalharam no incidente do Park enquanto vocês estavam na Tailândia? — Nala perguntou curiosa.
— Duas. Eu tenho apenas sete pessoas na minha equipe. — respondeu e Nala abriu a boca chocada, então ironizou: — Por que o espanto? Não são sete garotos que basicamente sustentaram e ergueram esse prédio? — Ela não queria soar grosseira ou como se quisesse alfinetá-los, por isso emendou: — Sete garotos e claro, uma estrutura inteira. Mas, sem os sete, a estrutura não seria necessária.
Chang sorriu, ladino, orgulhoso por ela falar com tanto brio de sua equipe.
— Certo! — comentou diretiva, com um bolo de orgulho ferido na garganta: — Eu entendi. Dar satisfações da vida pessoal faz parte dessa coisa de ser pessoa pública até mesmo para proteger a privacidade. Mas, senhores... Bang... — olhou para ele ao defender: — Autonomia é uma palavra que eu valorizo muito, assim como liberdade. E desde que eu comecei a me tornar mais conhecida, desde o meu primeiro escândalo, o recente com o Park... Desde eu ter que me esgueirar pelos lugares para sair com algumas pessoas... Eu tenho aceitado e trabalhado a minha mente para lidar com a limitação da minha liberdade. Então, ao menos no meu trabalho, a minha autonomia é algo que eu não abro mão. Se isso for mais uma coisa que eu tenho que vender... Então, eu prefiro não fazer parte da BH, não como agenciada.
Chang suspirou e apertou a perna da amiga de modo solidário, já que as mãos dela estavam ocupadas segurando a pasta sobre a mesa.
— Estes são os termos da e o que podemos fazer caso isso não seja negociável, é analisar a proposta de sociedade entre o senhor Bang Si-Hyuk, Chang e , para a Jinju. — Lauren confirmou.
— Espera, ! Não desista ainda, estamos aqui para tentar encontrar um acordo bom a todos. — Bang pediu se manifestando: — Explique o que você quer dizer com autonomia.
— Já começa por aqui: essas cláusulas de relacionamento proibido dentro da empresa... Inviável! Eu não posso não me relacionar a nível pessoal com os meninos. Yoongi é meu melhor amigo, e eu estou — ela fez questão de enfatizar com uma entonação mais assertiva — em um relacionamento com Kim Taehyung que não pretendo abrir mão por causa de um contrato. Não sei que sanções vocês deram a ele, porque eu ainda não pude conversar com o Kim, mas quando Chang me falou da possibilidade de ser agenciada pela BH, eu achei que seria mais fácil e mais tranquilo manter meu relacionamento com eles, porque seríamos todos um grupo interessado. Eu esperava proteção da BH para nossos interesses pessoais e não restrição. Dizer o que devo fazer, com quem me relacionar ou não, é ditador. E eu não aceito. Não sei se o Tae tem como não aceitar isso também, mas se eu só posso falar da minha autonomia, então é sobre ela que eu vou me basear. E neste caso, eu não vou deixar que outras pessoas tomem decisões por mim. Na minha vida, eu só cheguei até aqui, porque eu assumi as minhas próprias escolhas e lidei com as consequências delas, senhores.
Bang e Seijin olharam um para o outro, e depois para Nala que sorria para eles como se de novo, ela tivesse vencido uma discussão. estava argumentando e provando exatamente a teoria de Nala na reunião de mais cedo.
— O que você acha de ter que nos informar e nos deixar gerenciar seus planos pessoais, ? Como o quê o Taehyung fez ontem com você na Lotte World? — Nala perguntou intervindo — Sabe que fomos nós que preparamos tudo, não é? E, portanto, precisamos saber de tudo o que ele queria. Você soube disso?
— Soube, claro! Bem, levando em consideração que ele não foi proibido de nada ou não sofreu nenhuma punição por isso... Não sofreu, eu espero... — comentou em dúvida os avaliando com os olhos e continuando sua linha de discurso: — Então, é sobre esta proteção e parceria que eu estava falando. Isso é o tipo de coisa que eu acredito piamente que uma agência deva fazer por seu artista: garantir que ele viva uma vida equilibrada e segura entre o pessoal e o trabalho, já que quem joga os holofotes em cima dos artistas são vocês.
Nala soltou uma gargalhada orgulhosa e divertida pegando a todos de surpresa.
— Vocês não sabem o quanto essa mulher é necessária! Eu queria esfregar as palavras dela na mente fechada do Hoon-Kyu!
— Nala, por favor... Se contenha. — Bang pediu.
— Bang, vamos contar para a o que aconteceu com os meninos. — Seijin aconselhou.
Bang assentiu e então, Sarah explicou os problemas causados pelo encontro de e Tae, a nível contratual. Assim como os problemas que poderiam ocorrer se eles não tivessem o mínimo de controle de tudo aquilo. E para melhor explicar, foi Nala quem mostrou e contou para a escritora, sobre as escapadas de Yoongi e Maya; e como ela e sua equipe tiveram problemas por serem surpreendidos. E então, Sarah justificou de novo junto com Nala, que as alterações contratuais dando aos meninos maior autonomia, confiando na relação de responsabilidade compartilhada entre artistas e empresa, poderiam tornar tudo mais eficaz e seguro. Porém, a privacidade deles nunca seria plena, afinal, eles não eram pessoas comuns. A empresa sempre precisaria saber de tudo, e em algumas ocasiões até mesmo, intervir.
Chang pediu alguns minutos a sós com Lauren e para discutirem aquilo. Então foi feita uma pausa na reunião, e Sarah, Seijin, Bang e Nala deixaram os três a sós onde estavam.
— . Na verdade, tudo o que eles disseram não é diferente do que eu e você temos. Só que... Antes era apenas eu controlando e estando a par de suas ações e vida particular e profissional. Por isso você tem a impressão de não ter sido invadida antes. Porque era eu, seu melhor amigo e agente fiel. Agora, não será apenas eu. Seremos eu e a equipe deles. Então na prática, não muda muita coisa, só a burocracia que aumenta.
— E eu li tudo enquanto vocês conversavam, e concluí que com exceção dessa cláusula de proibição que eles garantiram que vão mudar, então não tem nada de abusivo no seu contrato. Talvez, você precise só rever se realmente quer permitir que eles decidam aonde você irá atuar. O contrato prevê autoridade para te encaminhar a trabalhos publicitários como modelo, sendo uma artista da BH.
— Modelar? Eu vou ser modelo da BH? — perguntou para Lauren após ouvir sua opinião técnica.
— Isso. E se a Jinju se firmar como subsidiária da BH, você, além de uma das donas da empresa, também poderá ser escalada ou solicitada para projetos de roteiro interno da empresa para os grupos atuais e futuros.
coçou a nuca, um pouco assustada.
— Lauren, tem certeza de que eu não vou me tornar um robozinho deles?
— Não tem nada disso em cláusula nenhuma. — Lauren respondeu sorrindo e novamente, com sua altivez de advogada tranquilizou seus clientes: — Eu li o contrato em casa, e é o mesmo que apresentaram agora. Apenas, vou insistir em alterar algumas coisas daquele inciso 12.
— O que importa, é que você é a minha agenciada até que você queira, ! — Chang comentou — Eu estarei no meio, a BH não vai te agenciar sozinha. Eu continuarei sendo seu empresário, agente e assessor principal. Nada passará para você sem passar antes por mim! Mas, teremos uma estrutura maior para te ajudar a ter uma equipe separada. Afinal, o nosso grupo 77 da Mangaká, com sorte estarão conosco na Jinju.
— Promete que a Nala não vai ter a última palavra? Ela me assustou um pouco, parece meio megalomaníaca. Um tanto pior que a Mayoree, ela me olhava como se eu fosse um troféu para ela... — comentou com Chang que riu junto com Lauren.
— Ela é extremamente eficiente. Eu pesquisei a ficha deles todos, . — Lauren falou.
— E ela foi capaz de prever e proteger você de coisas que eu não consegui. Ela tem uma grande rede de contatos e networking, . A Nala é meio uma manda-chuva das informações. Nada é divulgado sem ela permitir, nem mesmo aquilo que chamam de “vazamento”. — Chang afirmou.
— Vazamentos também são estratégias, na maioria das vezes. — Lauren reforçou.
fechou os olhos e perguntou se eles poderiam deixá-la pensar um pouco. Os outros dois saíram, e Chang reforçou uma última vez antes de sair da sala:
— Ah, ! Sobre a Jinju, não se preocupe. Ela é algo totalmente nosso, e nós, que seremos os CEOS e decidiremos tudo, o Bang entra como um investidor e a BH como um nome. Não se preocupe, ok? Pense apenas no que se refere a você, à sua carreira de escritora e artista. Pense no que você realmente quer e no que mais incendeia o seu coração.
assentiu sorrindo e ficou de braços cruzados encarando a vista de Seoul depois que seu melhor amigo e sua advogada saíram. Após cinco minutos sozinha e reflexiva, ouvindo a própria intuição, olhou no relógio. 15:25 horas. Precisava apostar alto e confiar um pouco no universo e nas pessoas competentes ao seu lado.
Bang entrou sozinho na sala e caminhou devagar até ela, sorrindo e lhe chamando a atenção. Parou ao lado dela e a mulher sorriu para ele.
— Desculpe se fui um pouco direta, Ahjussi. É que eu defendo alguns princípios com unhas e dentes.
— Sei disso. Mostra que você é virtuosa. — Ele comentou acenando positivamente — Não me ofendi. Eu gosto dessa sua postura. Você é madura, decidida, sabe onde quer chegar e o que não aceita. Tem convicções fortes e ninguém chega a lugar nenhum na vida se não acredita nas próprias convicções, e sobretudo, se não prepara um alicerce sólido para elas.
— Que bom que o senhor me entendeu.
— ... — Bang comentou olhando para ela: — Eu não vou dizer que em algum momento nós não iremos divergir enquanto empresa, mas eu posso te garantir que o sentimento que tenho com todos aqueles que eu ponho sob minha proteção é de lealdade. Eu tirei aqueles sete garotos de suas famílias, eu moldei e investi neles, e nunca menti para eles. Os sete trabalharam duro, mesmo quando não tínhamos nada. Eles panfletaram, foram debaixo de Sol ou chuva fazer seu nome. E você disse algo que realmente me tocou... Realmente... Esse prédio enorme, foram sete garotos que construíram com a ajuda de outras pessoas. Mas sem eles, não teríamos colocado o primeiro tijolo.
— É bom que reconheça isso Bang, mostra que tem humildade e gratidão. Porque eu também estou com meu coração bem aflito de deixar a Mangaká. A diferença é que... A equipe 77 já existia quando cheguei lá, mas só se tornou a equipe de sucesso que é, porque nós sete, demos nosso sangue e suor ali. E eu não quero dar um passo para fora daquela equipe se não for para ir mais alto. Porque a minha saída de lá, também vai abalar a vida e o trabalho deles.
— Chang me disse que vocês querem levá-los para a Jinju.
— Sim, mas é uma escolha pessoal, né. Eles podem preferir ficar na Mangaká. E bem, a empresa fará o possível para eles ficarem, Chany e eu já soubemos. Por isso, estamos preparando-os para estarem no nosso lugar com competência. Não quero que meus roteiristas fiquem com fama de que não são capazes porque eu saí. Eles são muito bons e podem manter nosso padrão. Mas é claro, são como uma família, e tê-los na Jinju seria ótimo!
— Tenho certeza que eles acompanhariam você. — Bang falou ainda com as mãos atrás do corpo e o olhar no horizonte à sua frente: — Se até a minha funcionária fiel e co-fundadora da BH, a Nala, está do seu lado... Porque a sua equipe pensaria em ficar na Mangaká e não te acompanhar?
riu agradecida, e comentou fazendo Bang rir um pouco:
— A senhora Nala é um pouco megalomaníaca, não é?
— Ela é! Mas é uma das pessoas mais confiáveis que conheci. Pode não parecer, mas é.
— Engraçado... Mulheres megalomaníacas gostam de trabalhar comigo. Mayoree também é assim.
— . — Bang mencionou a fazendo o olhar e estendeu a mão para ela pegar em um aperto: — Me permita te levar ao topo?
— Antes de respondê-lo preciso saber uma coisa. O que você pensa sobre Tae e eu?
— Hm... — Bang recolheu sua mão. — Eu acho que você e o Yoongi tem mais química... Mas talvez eu só esteja sendo influenciado pela senhora Min e as coisas que ela nos disse...
— Ah não! Ela de novo não! — reclamou com a mão da cintura e outra na testa dizendo altiva: — O que foi que a Keung-Hee falou ou fez agora!?
— Nada, nada! — Bang riu — Ela só foi muito convincente meses atrás quando veio nos procurar exigindo que revíssemos as cláusulas de contrato sobre proibição de namoro e nos apresentou os prós e contras de Yoongi namorar você. Na época, não dei tanta atenção porque vocês nos disseram que não era real, mas, depois, eu fiquei pensativo e achei que ela tinha razão... Observando os dois, percebi que o Yoongi mudou de um jeito positivo desde que começou a sair com você, em alguns pontos. Ele ficou um pouco mais... Afetuoso com os meninos e os fãs. Mais expressivo. Seijin e eu ignoramos a questão do contrato, porque se a equipe jurídica não falou nada, não tinha o que ser discutido, mas hoje tivemos uma prova de que na verdade, Hoon-Kyu falhou em não perceber que à medida que os meninos envelhecem, as necessidades pessoais deles vão ganhando mais espaço.
— É claro, eles já são homens e não meninos. Precisam tratá-los como tal.
— Você vai descobrir com o tempo, que se parece muito com a Nala. — Bang falou ao rir do comentário idêntico que a escritora fez.
— Tá, mas a senhora Min é uma iludida com essa história, viu? Não dê ouvidos , por favor, Bang! Ela quer ter o controle do Yoongi e acha que eu sou a chave para isso. Aliás, essa coisa de autocontrole pode se virar contra vocês um dia... Acho que realmente, a empresa precisa amadurecer essa ideia de que os rapazes são de fato maiores.
— Estamos cientes. Decidi confiar no bom senso e na lealdade deles de compartilharem responsabilidades conosco. Por isso que não serão mais proibidos de namorar, só não poderão exibir relações publicamente no mínimo até os 22 anos.
— Sério? — perguntou interessada — Ah, então o Yoongi pode assumir namoros públicos agora se ele quiser?
Bang assentiu.
— Conto com a sua ajuda para que ele não faça isso ainda com a tal Maya. Não é nem pela herdeira, embora Nala não aprove nada esse envolvimento, mas por mim é mais porque o Yoongi não dá conta de gerenciar muitas coisas ao mesmo tempo. Eles não tem nem tempo agora, e a tendência é piorar. Aliás... Você está mesmo certa de que isso com o Taehyung não é algo de momento?
— Ele não teria uma escova de dente na minha casa se eu não quisesse que ele entrasse na minha vida, Bang. — declarou certeira e altiva.
— Ah... Então... Vocês estão desse jeito... — O presidente comentou sem graça.
— Por que ficou sem graça? Vocês não tiraram fotos nossas e não é isso o que você está me exigindo: saber da minha vida pessoal e íntima? Então não ruborize por saber que o Tae dormiu na minha casa, e que isso pode acontecer mais vezes, ahjussi.
Bang tossiu um pouco desconcertado e escondeu o risinho de escárnio. Ela fez de propósito para provocar, como uma verdadeira alfinetada elegante.
— Certo. Então, isso quer dizer que você vai apertar a minha mão e confiar em mim como eu confio em você? — Ele estendeu, de novo, a mão para ela.
sorriu e cumprimentou ao presidente da BH e comentou brincalhona:
— Vocês sempre vão agenciar as namoradas e melhores amigas de todos os rapazes?
— Como assim?
— Oras, eu me tornei melhor amiga do Yoongi e ganhei um passe vip pra empresa, me tornarei a namorada do Taehyung e estou assinando um contrato com vocês, então... Isso é privilégio meu ou será assim com as outras também?
Bang gargalhou ao entender a piada da mais nova e comentou, indo até a porta da sala falando:
— Se todas forem um pé de coelho como minha intuição diz que você é, quem sabe? Nosso interesse em você tem menos a ver com a sua relação com os meninos do que imagina, ! E por isso eu digo... — abriu a porta pedindo aos outros do lado de fora para retornarem — Vamos terminar nossa reunião e falar de negócios?
— , o que você resolveu? — Chang perguntou preocupado entrando.
— Temos uma agenciada, Chang! Pode dividir essa responsabilidade de cuidar da senhorita comigo? — Bang o perguntou.
— Posso, mas eu sempre dou a última palavra. Vamos ajustar algumas coisas então, não é Lauren? — Chang sorriu orgulhoso da amiga e comentou com a advogada que já estava sentada abrindo seu notebook em frente à Sarah, onde as duas advogadas alterariam os contratos e iriam finalizá-los, junto com Nala que precisava saber os detalhes do que as partes poderiam ou não fazer, já que ela seria a relações públicas responsável por também.
Enquanto as advogadas e Nala trabalhavam em um extremo da mesa, Hoon-Kyu apareceu na sala com o contrato dos rapazes refeito para Chang avaliar. O advogado foi apresentado ao Chang e à que até então conversavam com Bang sobre Jinju. Seguidamente, Hoon-Kyu começou a prestar a assessoria jurídica da sociedade que viria a ser discutida algumas vezes ainda, antes de ser de fato concretizada.
32.
Depois que Sarah e Lauren terminaram tudo, se reuniram com eles, e Nala foi junto com Seijin até os rapazes que seriam os próximos a terem uma reunião, e com cordialidade se despediram de , Lauren e Chang.
— Estou ansiosa para trabalhar com vocês. — Nala comentou — Não se arrependerá, !
— Obrigada senhora Nala.
— Primeira coisa a aprender: sem formalidades. Você é ocidental, consegue romper essa hierarquia coreana, não é?
— Os rapazes também lhe tratam assim?
— Não, claro que não! — a mulher falou com autoridade explicando: — Eu tenho que deixar a rédea deles curta! Para eles é de sunbae pra cima. Mas eu estou dando um voto de confiança a você.
— Obrigada! Me sinto honrada, não vai se arrepender. E eu também estou te dando um voto de muita confiança.
falou erguendo uma sobrancelha e se impondo de modo que Nala riu divertida:
— Deixa comigo! Colaborando juntas você pode dar umas beijocas no Tae sem problemas! — brincou e arranhou a garganta ao ironizar: — Krrrrr... Aquele garoto... Só a cara de sonso! — e falou de novo para Bang — Eu sempre te disse que eu tenho bom olho para pessoas, não é? Eu avisei que o Taehyung não ia aparecer com uma idol quando acontecesse.
— Certo, certo... — Seijin falou revirando os olhos e guiando a colega: — Vamos, Nala! Temos que falar com os dois descarados.
Os outros riram e acenaram vendo Nala e Seijin saindo da sala e deixando Bang, , Chang, Sarah e Hoon Kyu discutindo mais questões de outro negócio.
— Ah! Seijin! — Bang informou: — Transfira a reunião com eles, para amanhã de manhã. Ainda vamos demorar um pouco aqui, acredito. E eles devem estar cansados.
Seijin confirmou, passando a ordem à secretária de Bang quando passaram pela mesa dela, e dentro do elevador, Nala escorou a cabeça na parede e fechou os olhos cansada.
— Fôlego, ainda temos o terceiro round.
— Eu vi, Seijin. — Nala comentou ignorando o comentário dele, e então abriu os olhos com um sorriso travesso no rosto: — Os olhares que você trocou com a advogada estrangeira bonitona deles.
— Aigoo! — Seijin reclamou ruborizando e desconversando: — Que bobeira é essa?
— Bobeira nada! Já fique avisado que para a noite de amanhã, prepararei um jantar de boas vindas para , e vou convidar a Lauren. Vamos ver se conseguimos te desencalhar!
— Ah é? E quando você vai parar de implicar com Hoon-Kyu e assumir esse sentimento reprimido por ele desde a faculdade, huh? Bang e eu, às vezes queremos jogar vocês da janela!
— Não fale besteira! Isso sim, é uma baboseira absurda! — Nala reclamou — Ele é só um velho amigo, um insuportável, mas apenas amigo.
— Parece o Yoongi dizendo que não sente nada pela . — Seijin riu e depois os dois se entreolharam cansados e suspiraram, cúmplices com suas ideias sobre aquele assunto, então Seijin reclamou: — Você também está tentando entender quem se meteu na frente de quem ali? Ou já sabe de alguma coisa?
— Yoongi foi atrás da primeiro, pelo que sei. Acho que ele só não percebeu que gosta dela ainda. Para mim, até então, o Taehyung é que furou a fila. — o elevador chegou e a diretora resmungou massageando a têmpora: — Aaaaishhh! Se não fosse a teimosia do Hoon-Kyu, eu não teria tanta dor de cabeça com esses namoricos escondidos! Se você souber o quanto gastamos do orçamento do RP só pra segurar as fofocas!
— Vamos lá, coragem! Ainda temos que dar bronca nos dois encrenqueiros.
— Na frente de todos, por favor, porque eu quero que sirva de aprendizado!
Os dois caminharam até a sala 3C, onde as gravações terminavam.
— Encerraram por aqui? — Seijin perguntou para Jack e alguns staffs que estavam na sala ainda, eles concordaram e o mais velho fez sinal para que saíssem. — Estão liberados por hoje, obrigado.
Os staffs saíram todos juntos, deixando apenas os meninos na sala. E mal Seijin e Nala entraram chamando a atenção do grupo, Taehyung se levantou com a boca aberta, os olhos arregalados em ansiedade e caminhou até Seijin fazendo bico, um pouco emburrado e preocupado:
— Sunbae! Sunbae! O que a...
— Sua namoradinha está conversando com o Bang e está ótima, Kim Problema Taehyung. — Nala falou enérgica, reforçando o tom na palavra “namoradinha”, com as mãos no bolso da calça de linho, tal qual uma mafiosa.
Os demais se calaram e mais do que Tae, Yoongi se preocupou com .
— Vamos conversar aqui mesmo rapazes. Acomodem-se. — Seijin informou e fechou a porta atrás de si.
Nala se jogou sentada em uma das almofadas gigantes que havia ali, e olhou para Seijin ao vê-lo em pé:
— Você quer começar ou vai me deixar... — ela apertou os dentes com cara de zangada olhando para Yoongi e Tae — ter uma conversinha com aqueles dois ali primeiro?
Seijin suspirou e fez sinal com as mãos para ela segurar a onda. Yoongi nem encarava a sunbae, porque já sabia que sempre que avistava Nala, era para ter algum tipo de advertência. Já Tae, se encolheu um pouco assim como Jungkook que olhava pra baixo como se fosse ele a ter feito algo errado.
— Todos vocês estão sabendo, provavelmente, de que Taehyung quebrou uma cláusula do contrato, certo? — Seijin comentou e os outros ficaram quietos.
Namjoon olhando para os amigos, negou com a cabeça se levantando e fez reverência pedindo desculpas:
— Desculpe sunbaes, como mais velho eu deveria ter aconselhado as atitudes de Taehyung.
— Hyung! — Tae murmurou reclamando — Não é responsabilidade sua!
— Taehyung está certo Namjoon! É ele quem tem que arcar com as consequências! — Nala falou enérgica.
Taehyung suspirou e se levantou então repetindo o gesto e o pedido de Namjoon que havia se sentado.
— E você Yoongi? Não vai pedir desculpas? Você também quebrou uma cláusula e me deu mais noites em claro trabalhando do que se eu estivesse me divertindo!
— Eu? — Yoongi perguntou confuso e Seokjin o olhou duro, como se estivesse o culpando e dizendo “eu te avisei”. — O que eu fiz?
— Ah... Ele não sabe Seijin... — Nala ironizou.
— Nala... — Seijin pediu, mas ela ignorou. A diretora abriu a pasta em sua mão e pegou apenas uma das fotos que tinha de Yoongi e Maya.
— Ele não sabe o que fez de errado, Seijin... — comentou caminhando até o rapaz e entregando a foto dele. — Isso aí te responde?
Yoongi arregalou os olhos e deixou o queixo cair quando viu a imagem e se reconheceu, assim como reconheceu Maya, o local, e as memórias da noite.
— C-co-como...? — Yoongi ficou ainda mais pálido e sem voz.
— Byeontae*, Yoongi! — Hoseok comentou surpreso e depois gargalhando pegando a foto da mão do amigo.
Os outros meninos todos se aproximando para ver a cena, engolindo suas risadas e comentários, mas surpresos por terem vazado algo daquele tipo. Enquanto isso, Nala encarava Yoongi, séria; Seijin apertava a ponte do nariz entre os óculos e Yoongi continuava pasmo, embasbacado, pálido.
— ESSA É A MAYA!? — Seokjin gritou olhando com raiva para o amigo.
— Não vai brigar com ele, não é, Seokjin? — Namjoon advertiu — Se foi você que apresentou a sua melhor amiga pra ele!
— Como isso chegou até você, sunbae? — Hoseok perguntou já que Yoongi estava mudo.
Nala pegou a foto da mão de Jungkook que segurava um riso ao ver a fotografia, guardou-a e comentou em pé ao lado de Seijin.
— Essa não é a única, Yoongi!
Suga fechou os olhos levando as mãos ao rosto, preocupado com o que mais havia daquela noite. E antes que o burburinho recomeçasse, Nala falou em postura séria para todos eles:
— Quando vocês decidem fazer qualquer coisa contra a nossa ciência é esse tipo de situação que acontece! Não interessa se a parte famosa é vocês ou os outros, sempre tem gente de olho! E é esse tipo de bagunça que recai sobre a minha equipe e setor para ficarmos limpando! Vocês sabem quantas pessoas trabalham na RP da BigHit em escala de turnos, vigiando internet, controlando redes sociais, Weverse, tabloides, comunicação e claro... A parte podre que tem que ficar negociando com as ratazanas que espreitam para jogar o nome de vocês no lixo junto com todo o nosso trabalho? Vocês tem a mínima ideia de que, de 2013 até aqui, só se passaram três anos e vocês crescem como idols mais rápido que bambu na mídia?! Tem noção da seriedade disso?
Os garotos não comentavam nada. Nala abriu a pasta e entregou uma imagem para Taehyung. O garoto assustado, pegou a fotografia e viu a cena dele subindo de roupão aberto e mãos dadas com de pijamas para o terraço da casa dela. Os outros, curiosos como ficaram com a foto de Yoongi, se aproximaram de Tae.
— Pelo menos não estava pelado... — Jungkook comentou baixinho.
— Rapazes! — Nala chamou suspirosa — Vocês não podem ser e agir como pessoas comuns. Vocês escolheram essa vida de idol! Então, tudo o que pessoas comuns fazem como namorar, sair para um motel ou para um parque de diversões, ir em festas e sair carregados de bêbados... Tudo isso não pode ser feito sem que a nossa empresa fabrique o cenário mais seguro para isso!
Os garotos acharam ruim ouvir aquilo e Seijin notou em seus rostos, por isso, ele participou do choque de realidade:
— A Nala e eu não somos inimigos seus, ninguém aqui é! Na verdade, a reunião da manhã... Vocês tem muito a agradecer a esta sunbae aqui! — Seijin apontou para Nala — Ela defende vocês e cuida de sua imagem quase como suas mães fariam! Ela luta por seus direitos e faz o que pode para tentar manipular da maneira mais humana possível, os seus assuntos pessoais! Yoongi, não é a primeira vez que você sai com a Maya ou com a e é fotografado por paparazzis! Só que as suas diversões com a Cafrey são piores, porque esse tipo de coisa da foto, por exemplo, é um prato cheio para quem quiser deturpar a sua imagem, e claro, a da própria Cafrey! A Nala sacrifica o tempo e a equipe dela, muitas vezes, em horas extras para dar conta de fazê-los sentirem o mínimo de uma vida normal como todos jovens da sua idade. Mas nós precisamos que vocês assumam a responsabilidade que virá com o peso do tempo, da fama e da maturidade de cada um!
— Olha só... — Nala continuou: — Eu consegui mostrar para o Bang e para o jurídico, que vocês não são mais garotinhos! Já estão até transando por aí, não é?! Então está na hora de agirem como os homenzinhos que são também!
Jungkook não segurou a risada e riu do jeito que Nala falou e se desculpou em seguida.
— Desculpa, sunbae! É que eu fiquei pensando: o que é que você já não viu nosso.
— Você, Jungkook, pode ser mais safo do que os outros, mas não pense que eu não saiba o que você apronta com Yugyeom e companhia! Eu só não tenho nada a dizer de você, agora!
Jungkook abaixou a cabeça, sério.
— Todos vocês, amanhã de manhã terão reunião com o Bang e o jurídico. — Seijin comentou olhando o relógio — Porque ele ainda está em reunião com a , e estamos todos cansados. Mas, de qualquer modo, adiantando o assunto... — olhou para eles dizendo: — Vocês não estarão mais proibidos de namorar.
Os rapazes todos arregalaram os olhos, surpresos, para Seijin e, Nala interviu:
— Não, espera aí! Deixa eu explicar melhor! Vocês podem namorar, desde que isso não se torne público até no mínimo os seus 22 anos de idade. Depois disso, então se torna uma decisão em conjunto entre vocês, adultos, — ela enfatizou — e a empresa de divulgarmos ou não! Antes dos 22 anos, qualquer beijinho, casinho, namoradinha, ou aventurazinha romântica de vocês deve ficar em completo e absoluto sigilo! Ou seja, nós vamos saber, principalmente Seijin e eu! Mas gerenciaremos as coisas para não serem pegos.
— E isso inclui nada de namorinhos dentro da empresa, ok, Taehyung? — Seijin comentou.
— Por que eu namoraria dentro da empresa?
— Você vai saber já, já. — Nala comentou. — Você e o Jungkook, especialmente, estão sob a minha vigília absoluta!
— 22 anos? Então o Yoongi e o Seokjin... — Jimin apontou para eles pensativo perguntando — Já podem assumir relacionamentos públicos?
— Depois que assinarem o novo contrato, sim. Mas pelas bênçãos de Buda...! Yoongi, você não vai assumir nada com aquela encrenqueira da Cafrey, não é?! — Nala comentou quase ameaçadora de tão incisiva, e então Seijin tocou o ombro da parceira que respirou explicando melhor: — Eu quero dizer que, não é só sair falando que namora por aí. É ponderar todas as ações e consequências disso.
— Vocês entram em turnê no mês que vem, então tudo isso pode ser deixado para depois, já que prioridade existe para ser listada. — Seijin comentou — Mas acima de tudo, o fato de poderem assumir namoros, Yoongi e Jin, não quer dizer que a equipe de RP não precise preparar todo o cenário: preparar o marketing pessoal positivo, estratégias de segurança, privacidade, os fãs... Enfim... Tudo isso é mais do que falar que está namorando por aí.
— Não tenho ninguém para assumir, não se preocupem. — Seokjin comentou tranquilo. — Mas já entendi que se tiver, é pra ser responsável e transparente com vocês.
— Eu também não tenho nada para assumir. — Yoongi comentou cabisbaixo.
— O que acontece comigo e o Suga hyung já que quebramos o contrato? — Tae perguntou voltando ao foco inicial.
— Isso, vamos voltar ao foco principal! — Seijin falou explicando a eles: — Além de se desculparem com Bang, Nala e eu, vocês vão arcar com a multa contratual. Mas o jurídico explica melhor amanhã. E Taehyung... Você entendeu que seja o que for que você e a tenham agora ou futuramente, não pode vazar não é?
— Podemos ser vistos como amigos? — Tae perguntou preocupado.
— Não precisa se preocupar com essa questão em si, porque eu e minha equipe vamos introduzir a como amiga do grupo BTS com toda estratégia e cuidado possível. Mas amigos não transam e não beijam na boca, então se puder colaborar, é disso que o Seijin está falando!
— Nala está sendo direta demais... — Seijin reclamou baixinho pra ela.
— Eu preciso ser Seijin! Não quero ser pega de surpresa, assistindo o Yoongi e suas performances +18 por aí, e nem o Taehyung bancando o vampiro em rodas gigantes!
— Uwa! Você viu aquilo? — Tae perguntou constrangido.
— Todos os brinquedos tem câmeras que não podem ser desativadas por segurança, espertinho! — Nala comentou revirando os olhos — Mas nós interceptamos tudo já.
— Uwaaaa! — Jungkook comentou com os polegares para o alto — Sunbae, você é tão eficiente quanto o FBI não é?
— Ela é. Então cuidado, Jungkook! — Seijin zombou e depois olhou para Nala perguntando: — Temos mais alguma coisa a dizer de urgente?
— Não vai contar pra eles sobre a ?
— Por favor! — Tae e Yoongi falaram alto juntos e se olharam. Então Tae continuou: — O que ela estava fazendo aqui com o Chang e a outra moça? O que está acontecendo e porque ela está até agora em reunião com o Chang!?
— Conta logo, Seijin! — Nala reclamou querendo ir embora.
— é a nova contratada da BigHit.
— O QUÊ?! — todos os garotos gritaram assustados e surpresos.
— Me agradeçam depois, mas amanhã eu vou programar um jantar de boas vindas com a equipe dela e vocês poderão tirar suas dúvidas todas! Agora, vamos todos embora, por favor!
Nala pediu sem dar muitas explicações da notícia que os deixou boquiabertos.
— Isso mesmo! — Seijin confirmou — Vão tomar banho e se arrumar pra voltar ao dormitório, a van de vocês estará os aguardando em dez minutos no estacionamento! Amanhã, todos aqui às nove horas para se reunirem com o Bang! Ah, e principalmente... Taehyung e Yoongi... Se puderem não ser flagrados com a de novo, pelo menos até a Nala sinalizar que a equipe dela está pronta para lidar com possíveis rumores, nós agradecemos. O setor de RP tem trabalhado em excesso há alguns dias.
— Yoongi! — Nala pediu olhando diretamente para ele — A e a Maya. Por favor, sua situação me preocupa mais por causa da Cafrey. E apesar da bronca, eu estou do seu lado, ok? Se quiser conversar ou precisar me contar qualquer coisa, não esqueça que eu também quero o melhor para você. — Nala falou mais carinhosa e amena olhando a todos eles e apontando-lhes falou: — Isso serve pra todos vocês, rapazes.
A maioria dos meninos respondeu com um sorriso e palavras de gratidão.
— Descansem rapazes! Amanhã ainda teremos um dia cheio. Tae, não se preocupe com a , porque ela está bem. Melhor que você, na verdade.
Taehyung assentiu, ansioso para que a noite e o dia passassem logo, assim, ele teria o domingo inteiro para estar com ela. E por um segundo pensou melhor, e achou que deveria conversar com sobre contar de seus programas semanais para Nala.
— Seijin! — Yoongi se aproximou do gerente, abalado, e perguntou: — Posso ir para o meu apartamento de novo, ao invés do dormitório?
— Por quê?
— Quero ficar sozinho pra...
— Pensar nisso tudo, não é? — Seijin comentou antes dele e Yoongi assentiu. O sunbae o arrastou para mais longe perguntando: — Está tudo bem com você e o Taehyung?
— Claro. Claro! — Yoongi falou tentando soar convincente, e Nala que se aproximou sem eles notarem insistiu:
— Yoongi, só me explica uma coisa por favor? — Ele meneou a cabeça em afirmativo e ela perguntou direta: — Você consegue lidar bem com o Tae e a nesse pseudo-namoro, e agora, tendo o apoio da BigHit?
— Por que não conseguiria, sunbae?
— Por quê temos sido mais exigentes quanto você e Maya? Por quê eu acho que você ainda não passa segurança sobre seus sentimentos pela sua amiga?
— Yoongi, não queremos ser pedantes. — Seijin aproveitou para tentar entender: — Mas eu ainda não entendi onde o Tae e a se cruzam nessa história. Você e ela nunca falaram do envolvimento dele com a escritora, quando Bang e eu lhe perguntamos.
— Queríamos proteger o Tae quando conversamos com você e o Bang. A história é que o Taehyung pediu o telefone dela no dia do programa da KBS e nunca a contactou por receio, então eu me aproximei dela deliberadamente para tentar uma aproximação entre eles.
— E quando esses rumores de namoro aqui dentro da empresa começaram? — Nala perguntou confusa ao Seijin.
— Quando a veio visitá-los e viram o Yoongi sendo carinhoso com ela. Já o Bang e eu, porque a mãe dele fez questão de contar que o Yoongi é namorado da e a escritora estava frequentando o dormitório.
— A sua mãe conheceu mesmo, a ? — Nala perguntou e Yoongi só assentiu, então Nala deu de ombros concordando: — É, observando vocês dois, entendo sua mãe. E conhecendo a escritora esta tarde... Eu também ia querer uma nora decidida como ela.
— Bem, vamos? Aos poucos eles nos contam tudo... — Seijin comentou vendo Yoongi um pouco mexido.
Nala também notou as maneiras de Yoongi e se preocupou em como ele estaria.
— Posso ir então, Seijin?
— Pode, pode sim. Vá para o seu apartamento e não faça besteiras.
— Suga. — Nala tocou o ombro dele e o mais novo a olhou, então ela o abraçou repentinamente — Sei que não gosta de abraço, só farei dessa vez. — Ela falou para o rapaz: — Me desculpe se fui dura demais, ok?
— Você não foi. Você salva minha pele, eu quem devo desculpas, Sunbae.
— Vai descansar garoto. — Ela comentou.
Os três começaram a caminhar para fora, e Taehyung aguardava Yoongi na porta. Ao passar por Tae, Nala comentou segurando o queixo dele:
— Teve sorte, Taehyung.
— Obrigado, sunbae! — Tae sorriu feliz.
Depois que ficou só com Yoongi, os dois caminharam juntos e o mais novo perguntou sem graça para o mais velho:
— Você está bem, hyung?
— Não sei... O dia não foi muito calmo e agora, tudo isso... — Murmurou passando a mão no rosto — Será que a Maya sabe daquelas fotos? Será que a equipe dela...
— Ela não te diria se soubesse? — Taehyung perguntou meio óbvio.
— Eu não sei. Eu sequer sei o que nós temos... — Yoongi murmurou descontente e mudou o assunto: — Vai esperar a ?
— Não vai dar, a van já vai sair. Eu mandei mensagem para ela.
— Hm... Ok. Eu vou pro meu apartamento. Você deixou a chave do carro na administração do estacionamento, não é?
Taehyung assentiu e os dois se separaram. Yoongi caminhou cabisbaixo sem nem se despedir dos outros. Estava bravo, triste, envergonhado, revoltado... Ele pegou a chave de seu carro e entrou no mesmo, jogando a cabeça no encosto do banco e fechando os olhos cansado. O falatório do dia inteiro passando em sua cabeça como um flash. Passou a mão nos cabelos e quando abriu os olhos, pelo retrovisor viu as coisas no banco de trás. Além de um urso grande de pelúcia com a roupinha temática do Lotte World, ainda havia ali, a cabeça de urso da fantasia do Tae e a sacola de adereços que eles compraram juntos no dia anterior.
Yoongi encarou aquelas coisas e fechou os olhos de novo, cansado. Ficou em silêncio e deu partida para sair dali, ignorando a presença das coisas no banco do seu carro.
33.
, Chang e Lauren já haviam se despedido dos presentes na reunião da Big Hit, e conversavam no elevador quando o celular de tocou, tirando-a do assunto.
— Ei, estranho! Onde você está? — Ela perguntou sorrindo ao atender Yoongi e imediatamente se lembrou do babado que soube a respeito dele na reunião.
— Hã... Era isso que eu queria saber... Digo... Você, ainda está na BigHit? — Yoongi perguntava com a voz baixa.
Ele estava dentro do seu carro estacionado, com os vidros fechados e protegido de qualquer nova exposição pelo insufilm. Um dos seus braços estava apoiado na porta, o banco todo deitado para trás e o músico; entre roer a unha de seu polegar e balançar um dos pés que estava apoiado no próprio volante, pensava se ligava ou não para a amiga.
A mente de Yoongi não conseguia ficar em paz depois de ver o seu flagrante e, quando parava de pensar em Maya e em como aquela situação poderia ter batido nela, seu inconsciente o traía, lhe fazendo pensar em todas as outras coisas que soubera naquele dia. Imediatamente, notou pela voz dele, que o amigo não estava bem.
— Estou saindo daqui agora, mas aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou mais baixinho.
— Eu estou na porta da sua casa, te esperando. Ou você quer que eu volte e te pegue pra ir comigo para o meu apartamento?
foi pega de surpresa pela informação. Achava que Nala diria a ele para evitar aparecer perto dela aqueles dias, mas Yoongi ou não foi avisado, ou desobedecia de novo. A escritora até pensou que ter o Suga dando sopa na porta da sua casa não era boa ideia, afinal, geralmente os paparazzi continuavam rondando um lugar após pegar um furo; e eles haviam pego ela e Tae uma noite antes. Logo, talvez ainda tivessem pessoas ali, porém, ela também não poderia ir para o apartamento do amigo já que no dia seguinte precisaria chegar cedo na Mangaká.
— ? — Ele perguntou novamente ao notar o silêncio dela pela chamada.
— Ãhn... Eu já te ligo!
sabia que se respondesse, Chang que estava atento em sua conversa pelo telefone perceberia de quem se tratava a ligação. Ter o agente dando uma “bronca” por ela estar a caminho de encontrar o Yoongi após tudo o que viram naquela tarde não era o que a escritora desejava. Por isso, encerrou a chamada desconversando.
— Era o Yoongi? — Chany perguntou enquanto os três saíam do elevador e assentiu.
— Era, ele quer desabafar.
— , não é prudente que vocês se vejam por enquanto.
— Eu sei, Chang. Mas é só uma ligação. — Ela sorriu mentindo.
— Bom, algum de vocês quer uma carona? — Lauren perguntou e os outros dois negaram — Então, nos vemos em breve. , parabéns querida! Você não tem porquê ficar preocupada, ok?
— Obrigada Lauren! Não só pela assessoria jurídica com a minha carreira durante todo este tempo que o Chang e eu estávamos independentes, como pela sua presteza com os assuntos da Jinju!
— Imagine! — A advogada sorriu, um tanto orgulhosa — A Jinju será a maior agência do seu ramo nesse país!
Se abraçaram e a loira americana saiu acenando aos dois, em direção ao seu carro no estacionamento da BH. Chang tocou o cotovelo da a chamando:
— Vamos, eu te deixo em casa.
— Chany, eu posso pegar um carro de aplicativo, já está tarde.
— Que bobagem! — O amigo deu de ombros e virou-se, a puxando pela mão: —Vamos.
Enquanto entravam no carro, ela pensava que não seria nada legal se Chang reconhecesse o carro de Yoongi na porta da sua casa. E embora não quisesse mentir ou omitir aquilo pra ele, estava cansada demais para ouvir reclamações. Então, ela decidiu mandar mensagem para o Yoongi, entretanto, Chang foi mais rápido:
— Não vai ligar para ele? — perguntou ao vê-la abrir o canal de mensagens.
— Ah, não. Vou só avisar que estou indo pra casa, ele fala demais e depois de hoje... Você sabe, a cabecinha do Yoon deve estar perdidinha.
— . — Chang riu e arqueou a sobrancelha ao encará-la, desviando a atenção da estrada rapidamente — Ele está na sua casa te esperando, não é?
A amiga pensou, com cara de paisagem, mas depois começou a rir e revirou os olhos ao declarar:
— Não tem como esconder as coisas de você e não tem como o Yoongi me ajudar... Pois é, ele está lá sim.
— Sinceramente... O que ele está pensando? Em gerar outro escândalo amoroso para você?
— Ah Chany... O Yoon não pensa direito quando as coisas desandam para ele, não é por mal.
Chang suspirou soltando uma pesarosa lufada de ar pelo nariz:
— Hunf... Mas custava ele esperar alguns dias ou só conversar por telefone? Que necessidade de ver você!
— Isto é ciúme ou precaução, Chang Chanyeol? — zombou.
— Ciúme? De onde tirou isso? — exclamou ultrajado: — Que bobeira! Quem é ele para eu ter ciúme? Eu sou o seu melhor amigo e sei mais de você do que ele saberá um dia. Ciúme... Essa é boa.
gargalhou e os dois retornaram o caminho todo comentando aleatoriedades.
[ xxx ]
Assim que ela o avisou por mensagem que estava voltando para casa de carona com Chang e pediu para Yoongi estacionar um pouco afastado, Suga soltou um sorrisinho de lado.
— Até parece que eu tenho medo daquele seu agente quadradinho, ... — Suga comentou debochado para o próprio celular ao ler a mensagem dela.
Então, assim que Chany parou o carro em frente ao sobrado que morava, os dois avistaram o carro de Suga do outro lado da rua.
— Que teimoso! — murmurou.
— E irresponsável... — Chang alfinetou baixinho.
— Enfim, até amanhã Chany. Obrigada.
Beijou o rosto do amigo que absteve-se de mais comentários óbvios. Ela desceu do automóvel e foi direto até a janela do motorista do outro carro batendo com pouco cuidado ali. Yoongi se assustou e abriu uma brechinha do vidro e disse:
— Entra!
bufou e deu a volta ao banco do carona. Depois que entrou, Chang finalmente dirigiu para longe deles e Yoongi ao ver o carro passar à sua frente deu língua e fez careta.
— Tão maduro, Min Yoongi! — reclamou. — E então? No meu país, minha mãe diria “está me procurando porque quer mamar?”, mas eu tenho até medo de perguntar isso pra você.
Yoongi estava com a expressão de uma criança emburrada, olhou para a amiga de soslaio e levantou-se do banco ajeitando-se para sair dali, já que estava deitado. Bateu a chave na ignição e perguntou surpresa:
— Para onde vamos?
— O que é “mamar”? — Ele perguntou no seu péssimo português arrastado imitando o som da palavra que a amiga proferiu.
— Depois você pesquisa na internet! — desconversou sem menor preocupação de que se ele não entendesse que deveria procurar pelo “ditado popular brasileiro”, aquilo seria traumatizante para ele. Mas ela estava cansada e curiosa com o motivo de estarem saindo dali: — Diga logo, para onde está me levando? Eu estou exausta Min Yoongi! Eu só quero a minha cama!
— Vai ficar com a minha cama hoje, desculpe. — Ele respondeu simples e antes que ela reclamasse, Suga prosseguiu explicando: — Dez minutos atrás vi que tem um paparazzi de olho na movimentação da sua casa, então, não tinha como a gente ficar ali. Por sorte, ele saiu um pouco antes de você chegar e foi até aquele kombini da esquina.
— Por isso eu disse para você estacionar longe!
— Achei que era por causa do metido do Chang.
— Não implica com ele, Yoongi. Você mal chegou e quer sentar na janela... — resmungou e ele a encarou, confuso, então ela desconversou: — Não era nem pra você estar na minha cola hoje, Estranho! Eles estão de olho em mim depois das minhas fotos que tiraram com o Tae ontem!
— Você viu as fotos?
— ‘Tá preocupado com a minha foto com o Taehyung ou com a sua bunda branca exposta?
— AH NÃO! — Yoongi ruborizou e resmungou, ainda mais irritado à medida que gargalhava e zombava:
— Eu sempre soube que veria sua bunda um dia, mas não imaginei que seria em uma fotografia e menos ainda que não seria em uma ação coletiva! — gargalhava com vontade batendo na própria coxa — Dos advogados ao presidente da empresa! E olha que não foi apenas em um ângulo!
— Não acredito! Que inferno! Por que é que você, logo você, teve acesso a isso? — Yoongi reclamava com ela dentro do carro — Que humilhação!
— Ora meu filho, a culpa não é minha se você não pega a cobertura do prédio mais alto! — continuou zombando — Mas não se preocupe! Os ângulos te favoreceram, parecia que você estava em uma bela performance! — ergueu os dedos em um sinal de “joia” e voltou a rir limpando as lágrimas dos olhos.
— Alguma foto expôs a Maya? Digo... Nua...? — Ele perguntou com a dignidade ferida, mas muito mais preocupado.
— Não! Fica tranquilo, só deu pra ver a expressão satisfeita dela... Não tinha nem como, você estava por cima a protegendo. — tentou controlar o riso — A maioria das imagens o lençol estava cobrindo grande parte do seu ato... Exceto... — Ela voltou a gargalhar: — A bunda branca que a dona Keung Hee passou talco!
— Chugulë? Eu te odeio ! — Yoongi resmungou bravo.
— Sério, Yoongi... — voltou a se controlar, mas continuou zombando: — Sua mãe exagerou no talco, eu achei que ia ficar cega! Sua bunda pálida até reluz!
E caindo na gargalhada de novo, e dessa vez nem Yoongi conseguiu se segurar com o comentário da amiga. ria tão fartamente e tão divertida que era contagiante. Quando se deu conta, Yoongi estava sacudindo a cabeça em negação gargalhando da própria desgraça e zoação junto com ela.
— Aish... — Ele murmurou depois de um tempo em que os dois estavam recuperados do riso — Você consegue ser mais idiota do que o Jungkook.
— Bem, pelo menos eu te fiz rir um pouco! — A amiga comentou passando a mão no cabelo dele e bagunçando. — Eu notei que a sua voz estava péssima. Isso tudo te deixou bem mal, não é?
Yoongi sentiu o calor da mão dela afastar de seus cabelos quando ela tirou-a dali, e olhou para ela, agradecido. Agradecido pelo momento de piada, e principalmente por ela não negar estar com ele, mesmo quando seria certo que ela fizesse.
— Eu estou chateado.
— Não é sua total culpa, Yoon. ‘Tá certo que faltou uma dose de cuidado e foi uma certa irresponsabilidade... Você poderia confiar na sua equipe, sabe? Não quero me comparar porque as nossas grandezas no trabalho são diferentes... Mas, por exemplo, o Chang sempre soube o que eu pretendia fazer e o que eu não queria que soubessem. Talvez, se você e os rapazes tivessem procurado a Nala ou o Bang mais cedo para discutir esse interesse em modificar o contrato, nada do que aconteceu agora seria necessário.
— Não é isso... — Yoongi comentou suspiroso — Nenhum de nós tinha qualquer preocupação ou interesse em rever essa coisa de namoro com a BH. Até você aparecer, claro...
— Eu? — perguntou surpresa e indignada — O que eu tenho a ver com isso, Min Yoongi? Não surta!
— Oras, não é por sua causa que o Taehyung fechou a porra de um parque de diversões inteiro armando o circo com os sunbaes? — Ele comentou tranquilo, para não soar ofensivo: — É ele quem quer namorar, .
— Não é só por causa da ação dele! Não tem a ver só comigo! E você vai dizer agora que não está doido para namorar com a Maya? Saiba que quando cheguei na reunião tinha uma ficha enorme de ocorrências suas na mesa! O Tae só foi pego agora, você é que está brincando de esconde-esconde com seus sunbaes há mais tempo! — defendeu Taehyung.
— Calma! Não estou dizendo que a culpa é dele! — Yoongi justificou, surpreso pela maneira como a amiga agiu — Estou apenas falando que essa coisa de namorar não passava pela cabeça de ninguém, então não nos preocupamos em mudar contratos se podíamos fazer tudo escondido.
— E esse foi o problema! — comentou — Você é péssimo nisso! Até o JK esconde melhor, Yoongi. Você não sabe fazer as coisas sem parecer um elefante branco numa bicicleta.
Yoongi estalou a língua murmurando ofendido:
— Eu sou sempre o errado, né?
percebeu que o amigo estava se chateando ainda mais e decidiu mudar o foco:
— Não. Nesse quesito você só deu azar de ser pego mais vezes e de ter feito tudo de modo muito despreocupado, Yoongi. Não é como se eu também não tivesse sido pega com o Park. Aliás... Que ratazanas habilidosas, hein!?
— Falou igual a ahjumma Nala.
— Yoon... A questão é que agora, graças a tudo isso vocês podem se relacionar como pessoas não oprimidas por mais uma babaquice dessa cultura do seu país, e me desculpe por dizer dessa forma! E no seu caso, já pode até assumir publicamente! Olha que positivo! Só tente fazer as coisas do lado da sua equipe agora, e não contra. Não tem porque tentar esconder. — pausou o tom sério e voltou a zombar: — Até porque não conseguiu esconder nem a sua bunda...
— Você nunca vai esquecer isso, não é?
— Não mesmo! E se alguém me perguntar vou dizer que são redondinhas e pálidas! — Ela sorriu e Yoongi finalmente deu um peteleco na orelha dela que riu mais um pouco antes de perguntar: — Você chegou a ver as suas imagens?
— Não... Mas, você disse que tinha coisa sua com o Park também? — Perguntou confuso já chegando em Gangnam.
— Sim! Algumas fotos nossas saindo de um restaurante que frequentamos... Fiquei bem surpresa por Nala interceptar aquilo. Eu poderia estar, em uma pior agora.
— A ahjumma Nala não é como essas pessoas que só se importam com os próprios agenciados. Se ela fez isso é porque sentiu empatia por você, e talvez, porque já havia o interesse da BH. Em todo caso... Mesmo se você não tivesse nenhuma relação com a gente, acho que ela te protegeria ou daria um jeito de avisar ao Chang.
— Bem, agora ficará tudo na conta dela também...
Yoongi então se lembrou de algo e abriu a boca em um “O” , indagando:
— Uwa! É mesmo! Que história é esta do contrato com a BH?
— Te conto lá em cima! — falou quando o carro de Yoongi passou pela guarita de segurança do condomínio dele. Ela viu a cabeça de urso pelo retrovisor e animada olhou pra trás: — Ah! Isso está aqui!
abriu o sorriso mais largo que Yoongi já tinha visto. Ele sorriu pequeno e comentou enquanto estacionava:
— Parei na sua casa para te devolver essas tralhas também, mas não deu. Você leva amanhã ou eu entrego para o seu namoradinho.
— Ele ainda não é meu namoradinho. — Ela comentou beliscando a costela dele pelo modo zombeteiro com que ele falou.
— Minha nossa, mas vocês gostam de enrolar... — Yoongi reclamou impaciente dizendo para ela: — Dá um jeito nisso, mulher! Até a empresa foi envolvida agora! Se isso não se tornar um namoro eu não sei o que faço com vocês dois!
sorriu debochada revirando os olhos para ele e desceu do carro. Os dois subiram pelo elevador do estacionamento do prédio de Yoongi, e começou a contar:
— Bang ofereceu ao Chang que eu fosse a nova agenciada da BH, porque estou saindo da Mangaká. Com essa coisa de encontro eu acabei nem te contando não é?
— Saindo de lá, mas por quê? — Yoongi apertou o botão do elevador, e cruzando os braços encostou-se na parede de frente para a , preocupado e já ralhando: — Isso é consequência do tumulto com o Park, não é? Eu te falei que esse cara só traria problemas para você!
— Jaebeom não tem absolutamente nada a ver com isso, bunda pálida! — comentou irritada — Que paixão, hein? Você quer que eu arrume um encontro com ele para você? Porque acho que o seu problema é tesão pelo Jay!
— Como você fala merda! — Suga fez uma careta para ela e desconversou: — Mas por quê vai sair da sua empresa então?
— Ué Yoongi, porque eu quero crescer! A Mangaká é ótima, mas... Eu já fui ao topo de onde poderia ir sob o nome deles com o meu trabalho... Depois da viagem para a Tailândia, Chang e eu vimos que era o momento de darmos um passo adiante em um sonho antigo nosso e também que o meu nome precisava de uma nova ação. No fim, a BH não estava entre as empresas que o Chany estava tentando me encaixar, porque como sabe, eu sou escritora e não é fácil me enquadrar como agenciada da maioria das agências em Seul, porém... — suspirou — Pelo que eu soube, a Nala convenceu ao Bang que me ter por perto era bom e uma boa jogada.
Yoongi fechou a boca que estava aberta enquanto ouvia a amiga e franziu o cenho se lembrando do que Tae disse naquela manhã:
— Escuta! Te disseram algo sobre usarem nós dois como uma estratégia de marketing?
— Eu e você? — Yoongi assentiu silencioso e fez uma careta: — Não! Isso nem passou perto das minhas negociações. De onde tirou essa ideia?
— Hm... Foi o que eu pensei. Mas, o Taehyung ficou confuso com isso mais cedo, disse que o Bang e o Sejin preferiam que o relacionamento fosse nosso e até se preparavam para usar isso.
suspirou torcendo os lábios e se recordou da conversa que tivera a sós com Bang.
— Olha Yoongi... Na verdade, existe um fã clube declarado dentro da presidência realmente! E a culpa é da sua mãe que lá atrás andou falando e fazendo mais do que a gente soube! O Bang disse que nós dois temos mais química! Acredita? — comentou rindo e lançou um olhar enviesado, mas atento, para o amigo.
Yoongi a olhou dos pés a cabeça, e deu de ombros a esnobando ao zoar:
— É, só se for a química de um experimento estranho! Como que eu vou ter química com uma mulher que vê a minha bunda perfeita e ri na minha cara?
— Aaaahhhh! Para! — gargalhou e ele riu disfarçado enquanto saía pela porta do elevador e ela seguia atrás rindo e zoando: — Você quer que eu defina o significado de perfeição para você, Yoongi?
— Não precisa. Eu tenho espelho em casa. — Ele comentou abrindo a porta do seu duplex e dando passagem para ela passar sem deixar o assunto morrer: — Mas porque o Bang te disse isso?
— Foi o seguinte...
tirou seus sapatos calçando as pantufas do próprio Yoongi que estavam no chão e tirou seu casaco e bolsa pendurando por ali. O amigo retirou outro par de pantufas de uma sapateira discreta da entrada a ouvindo atento:
— Entre várias coisas que conversamos ao redor da minha participação na BigHit, eu fiz questão de deixar esclarecido os meus limites e a forma como eu aceitaria a intrusão deles... Meu contrato, antes da coisa com o Tae vazar para eles, previa que eu não poderia me relacionar com qualquer outro contratado. Então, lógico, eu já fui jogando para o Bang na mesa que estou em um relacionamento com o Taehyung e ponto. Foi aí que, depois a sós, o Bang confessou que achava que você e eu tínhamos mais cara de ficar juntos.
— Assim do nada ele levantou a bandeira? — Yoongi perguntou preocupado puxando os próprios joelhos para abraçá-los, sentado no sofá da sala.
— Não! Eu perguntei antes de fechar negócio o que ele achava do meu envolvimento com o Tae, e foi então que ele me disse isso. Senti uma preferência dele por você, mas só por achar que eu te influencio para melhor. Coisa que está óbvia, é claro!
— Para de ser metida! — Ele jogou uma almofada nela e zombou rindo: — Você é uma péssima influência! Uma loba em pele de cordeiro! Já até desencaminhou o príncipe do grupo a dormir pelado no seu terraço!
— Olha! — comentou fingindo seriedade: — Em minha revolta e defesa, ele não quis ficar totalmente sem roupa!
Yoongi fez uma careta e se levantou negando com a cabeça apontando para ela:
— O Taehyung não sabe o risco que corre com você!
— Depois de ontem posso garantir que ele não é tão quietinho quanto vocês pensam ou fazem parecer, tá?
— Ah é! Fiquei sabendo que ele te torturou na roda gigante! — Yoongi riu sendo seguido por enquanto entrava na cozinha.
— MIN YOONGI DE DEUS! — gritou em português se jogando sentada na ilha da cozinha do apartamento dele e se abanando de um jeito dramático.
— Desce daí, sua doida!
— Yoon! Se o Tae brinca só mais um pouquinho eu teria ficado nua naquela cabine e ele não teria como escapar! Minha nossa! Aquilo mexeu com meus fetiches!
— Tá, tá... — desconversou ele rindo — Vai para o meu quarto tomar banho que hoje eu até deixo você usar a banheira...
— Nossa! — comentou risonha descendo do tampo da ilha — Por que a benevolência de vossa majestade?
— Eu sei que está cansada, eu também estou exausto, então vai logo enquanto eu preparo um jantarzinho para gente.
— Min Yoongi... — levou as mãos à cintura desconfiada ao dizer: — Você não pretende me assassinar e sumir com meu corpo não, né? Me deixando usar a banheira, dormir na sua cama e ainda vai cozinhar pra mim... Me subiu até um arrepio aqui!
— Arrepio é…? — Yoongi sorriu ladino ao dizer para a amiga: — Então vê se não se apaixona.
— Este seria o seu sonho. — debochou.
Suga encarou de modo sombrio mudando completamente a aura da provocação a fim de assustar a amiga, já que ele sabia que detestava quando ele apertava os olhos e ficava sério. Ela dizia que aquela expressão dele causava uma mistura de tesão com pavor. Segurando-se para não rir, porque sabia que espantaria , Yoongi a encarou amedrontador ao dizer:
— Não é hoje que o meu lado psicopata vai sumir com você...
— Ai credo! Não me olhe assim! Já falei que tenho medo dessa sua expressão! — saiu da cozinha sacudindo os ombros como se tirasse um encosto de perto de si e gritou: — Seu estranho!
Yoongi jogou a cabeça para trás rindo enquanto lavava algumas folhas de alface.
Depois de começar a preparar tudo, com as panelas no fogão, ele foi até o quarto separando uma roupa dela que, há algum tempo, a mulher havia deixado ali. Com a muda de roupas na mão, Yoongi bateu na porta do banheiro e não escutou nada. Bateu de novo, e continuou sem resposta.
— ? — chamou, e ela não respondeu.
Então, entreabriu a porta de sua suíte e espiou pela fresta com cuidado. Deparou-se com desacordada e a cabeça baixa, caída no próprio ombro, dentro da banheira. Assustado, ele entrou em um rompante chamando por ela.
— ! — Aproximou-se dela e com cuidado levantou a cabeça da amiga escorando-a no travesseirinho da hidro. — Ô Esquisita! Não morre na minha hidromassagem! Acorda, !
A escritora se assustou com o amigo sacudindo levemente seu rosto dando pequenas batidinhas nas bochechas dela, de forma delicada, para a mulher acordar. Abriu os olhos confusa, sonolenta e ao se ver na banheira com Yoongi de olhos arregalados encarando o rosto dela, se ergueu um pouco sentando melhor e cobrindo os seios com as mãos.
— O que aconteceu!? Eu dormi?!
— Puta que pariu, ! — Yoongi repetiu o palavrão em português que aprendeu há meses com ela e raramente dizia, e caiu sentado no chão do banheiro levando as mãos aos olhos, aliviado — Você quer se matar e me matar junto?!
— Nossa, Yoon! Desculpa! Eu estava tão cansada que apaguei aqui... — Ela deitou-se de novo levando a cabeça para trás a fim de relaxar do susto — Foi mal o susto!
— Achei que você tinha desmaiado, sua maluca! — Yoongi comentou se levantando e já virando de costas para a amiga, apontou as roupas para ela sobre a pia dupla: — Suas roupas... Aproveita e já sai logo! O jantar está quase pronto e eu quero tomar banho.
Yoongi saiu fechando a porta com a mão no peito e respirando aliviado. Por um minuto realmente pensou que havia desmaiado em sua banheira. Não sabia dizer se a sua reação foi exagerada ou não, mas de repente, a visão de desmaiada em sua banheira mexeu com seu instinto protetor como poucas vezes, Yoongi já tinha auto presenciado.
A mulher observou a reação dele e ficou preocupada pelo susto que o amigo sentiu. Saiu da hidro, esgotou a água enquanto se secava e vestia, e antes de sair do quarto de Yoongi, ela encheu a banheira para o amigo.
Minutos depois, estava vestida soltando os cabelos secos do coque que tinha feito e caminhando para a cozinha onde Yoongi terminava de picar os legumes que colocaria por último no seu ensopado. A escritora se aproximou cautelosa dele, Yoongi não a notou por estar disperso nos seus pensamentos e abraçou-lhe por trás apoiando a cabeça no ombro dele.
— Estranho, desculpa pelo susto de novo! Eu realmente não me percebi pegando no sono...
— Não tem problema, Estranha. Você não tem nem culpa disso. — Ele falou baixo, ainda paralisado com a faca e a batata nas mãos sobre a tábua de corte, um pouco aturdido pelo abraço e recordando a imagem dela em sua banheira, que de certa maneira era bastante sexy — Me desculpe pelo jeito que agi, eu fiquei constrangido e preocupado, só isso.
— Tudo bem, Yoon... Eu imaginei que sua reação foi só constrangimento. — Ela sorriu beijando a bochecha dele e o soltando rapidamente ao dizer: — Um abraço e uma beijoca e já tô te soltando.
— Hoje você está muito parecida com a Nala! Ela também me abraçou se justificando.
— É que você tem nojo de gente, né. — comentou risonha destampando a panela.
— Não tenho não! Eu melhorei bastante! Você sabe que dos seus abraços eu gosto.
— Sabe… O Bang comentou sobre isso também, essa coisa de você ter melhorado um pouco em expressar afeto depois que me conheceu! — E após provar uma colherzinha do caldo preparado pelo Yoongi, a mulher sorriu dando um “joinha” — Muito bem! Obedece a sua mãe!
— A minha mãe?
— Não lembra que ela falou para você cozinhar direito pra mim?
— Aish... Até parece! Dê-se por satisfeita que só hoje estou fazendo isso! — O amigo falou fazendo beicinho irritado.
— Não faz biquinho, Estranho! Estamos cada vez mais íntimos e foi você quem quis isso quando se autodeclarou “meu melhor amigo”. — zombou.
Yoongi jogou um estalo de dedos molhados na amiga e virou os legumes na panela, tapou e já ia lavar as louças usadas quando o interrompeu.
— Deixa que eu lavo! Vai logo para o banho, eu enchi a banheira pra você também. Então se apresse porque eu tenho que te contar como foi o meu encontro com o Tetê! — Ela falou animada e Yoongi fez uma careta desanimada — Nem faz essa cara! Vai ouvir minha versão sim! E depois, eu sei que não me trouxe aqui à toa... Você deve estar engasgado com alguma coisa e não podemos dormir tarde hoje porque eu tenho que sair cedo amanhã!
Yoongi suspirou sem teimar e saiu obedecendo a amiga.
[ xxx ]
Os dois já tinham jantado e organizado toda a bagunça, contou parte do seu encontro com o Taehyung e estava terminando aquele assunto, quando Yoongi entrou no quarto com o celular dele e dela nas mãos e já estava deitada na cama afofando os travesseiros.
— Não achei o controle da TV!
— Na cabeceira... — Yoongi falou depositando os dois celulares no móvel ao seu lado da cama.
encontrou o controle, ligou a TV e escolheu um filme aleatório do catálogo do streaming. Enquanto isso, Yoongi puxava uma touca em sua gaveta, jogava os cabelos platinados desbotados para trás, e vestia a peça. Em seguida como um ritual de um senhorzinho, ele girava a touca na cabeça três vezes, se aproximou da cama, puxou o edredom do seu lado, bateu no travesseiro tirando-o do lugar, afofou o travesseiro e colocou na posição certa de novo, sentou-se na cama; primeiro jogou as pernas para debaixo da coberta, ajeitou-se sentado e só então escorou totalmente na cabeceira levantando o edredom até a cintura. E durante tudo isso, o observava como se estivesse diante de um idoso.
— Bença, vô. — Ela falou em português e ele a encarou, confuso, mas ao notar o sorrisinho cretino no rosto dela, revirou os olhos sabendo que era alguma piada — Quanto ritual para deitar na cama! Está enrolando por medo de eu te morder?
— Eu não tenho medo de você, me morde para você ver. — Yoongi falou com um sorrisinho provocador e cruzou os braços o encarando com travessura, mas Yoongi sabia que não levou maldade no que ele disse e era bem capaz de morder ele de verdade, assim, mudou de assunto: — Anda, termina logo a sua história romântica da cinderela moderna, !
— Ah, eu já falei praticamente tudo que deveria! Foi incrível! — A amiga deu de ombros risonha entregando o controle da TV para ele.
— E vocês realmente não transaram? Ou o Tae só não quis nos contar?
— Nada além de uns bons amassos. Mas tudo muito cristão... — fez uma careta pensativa e corrigiu com um sorriso malicioso de quem se lembrava: — Não tão cristão assim, a gente se pegou com vontade. Foi delicioso… Mas, o Taehyung é um cavalheiro. E eu não ia forçar uma situação, sabe? Tivemos aquela conversa para ir com calma e tal... O máximo que consegui foi deixá-lo excitado de cueca e roupão.
Yoongi arregalou os olhos e riu com travessura.
— Para você ver o meu limite! Eu descobri que o garoto é bem dotado e fiquei comportadinha!
Yoongi gargalhou, surpreendido pelo comentário. Realmente, Taehyung tinha a natureza a seu favor, o rapaz era realmente bonito da cabeça aos pés e Yoongi não poderia contestar aquilo.
— Bem, para quem dizia que ninguém dorme na sua casa e nem visita o seu cantinho... A regra foi para o ralo, né?
O sorrisinho debochado de Yoongi não durou nem um minuto com a resposta absoluta e — como sempre — vitoriosa, de :
— Mas eu nunca te disse que essa regra se aplicava ao Taehyung, pelo contrário, sempre reforcei que ele é a exceção de tudo... — Ela comentou virando-se de lado, e apoiando a cabeça na mão, deitada a encarar Yoongi e completou: — Ou quase tudo.
Suga ficou boquiaberto e calado. Uma pontada de ciúme apertou-se em sua garganta, entretanto, ele sabia que era maluquice da sua cabeça. Não poderia e nem deveria sentir-se enciumado pela posição que Tae passava a ocupar na vida da mulher. Encarou o semblante óbvio e tranquilo da melhor amiga, enquanto piscava sem parar processando a informação. Pigarreou e voltou a atenção para a TV ao dizê-la:
— É, você está mesmo apaixonada...
— Estou! E nem consigo explicar... Deve ser algo espiritual, sabe?
— Não vai demorar e ele já vai deixar coisas por lá... — Yoongi comentou sorrindo fraco ao olhar para ela, e tocou na mão dele como se pedisse ajuda:
— Estranho! Ele já tem! Taehyung agora tem escova de dentes do lado da minha e cuecas na minha gaveta! Estou muito emocionada? Ou tudo normal para um cara que dormiu na casa da garota que está ficando pela primeira vez? Há tanto tempo que eu não me permito me prender em um homem desse jeito, criando expectativas… Às vezes acho que estou igual a você, emocionada e sem noção.
Yoongi arregalou os olhos, ainda mais chocado. O que ela dizia era verdade, ao menos, desde que ele a conheceu, evitava tanto que os homens se aproximassem dela daquele jeito que era realmente surpreendente o modo como ela escancarou as portas para Taehyung.
— Ah... Se pararmos para pensar, você já deixou suas roupas aqui, e uma escova no meu banheiro na primeira vez que dormiu na minha casa, e também no dormitório... — Yoongi comentou coçando o queixo — Não leve isso tão à sério...
— Você tem razão! — Ela suspirou e então mudou o assunto: — Agora, me conta por quê essa cara de quem caiu da mudança?
— Eu não estou com cara de quem caiu da mudança! — Yoongi falou defensivo, achando que a amiga se referia ao choque que todas aquelas coisas que escutou sobre ela e Taehyung haviam causado nele, mas ela estava falando de outra questão.
— Bem, você está assim desde que nos encontramos! Me diz logo o que aconteceu, porque eu só deixei esse filme aí rolando para não ficar tão silencioso, em um clima esquisito só nós dois conversando. Eu sei que você tem algo incomodando. Já contei tudo sobre mim, sua vez!
A amiga sorriu, mostrando-se totalmente atenciosa a ele.
— É que... — Yoongi suspirou cruzando os braços e apoiando a cabeça na cabeceira olhando pra cima. — Essa coisa toda do flagra com a May me deixou chateado. Não só pela vergonha, é claro, mas porque ela já não é muito querida pela mídia, pela Nala e pela maioria das pessoas, então eu imagino o trabalho que isso deu não só à BigHit, como ao grupo jurídico dela...
— Por que ela não é querida? Que imagem ela tem?
— Ela é a herdeira da Eulora & Co., uma grande companhia de tecidos de luxo. E bom, a May é CEO da empresa e por si só, isso já é alvo de...
— Machismo! — comentou já com o rosto indignado — Então posso ver que a Maya não é o problema, tudo se trata de perseguição a uma mulher poderosa. Típico!
— Também. Podemos dizer que se resume a isso sim... — Yoongi acenou sutil com a cabeça enquanto se concentrava em suas explicações: — Ela é livre, faz o que bem quer, sai com quem e quantas pessoas quiser, adora festas e não se intimida. Na verdade, é ela quem é uma figura intimidante, sabe?
— Entendo... E você está preocupado em como ela pode ter se sentido sabendo que as pessoas viram a sua bunda pálida e a carinha gozante dela no flagrante?
Yoongi encarou e apesar de estar séria ao dizer aquilo, ele não evitou o peteleco na testa da amiga que apenas sorriu.
— Não só isso, ... Me incomoda que ela saiba que isso vazou e não tenha me procurado para contar ou dizer algo, entende?
— Ah Yoongi... Às vezes ela não sabe de nada ainda, já que ficou tudo sob os panos mesmo. Ou talvez, ela deduziu que você não está ciente e preferiu evitar o seu estresse... Além do mais, esse tipo de coisa não é muito adequado se conversar pelo telefone, sabe? Quando eu viajei eu não quis conversar com o Jay por telefone, apenas trocamos uma desculpa em comum, mas a conversa mesmo foi depois que estávamos frente a frente. Como a rotina dela é bem apertada, pode ser que ela esteja aguardando vocês estarem juntos para falar disso! Quando vocês vão se ver de novo?
— Eu não sei, estamos meio estranhos... Por causa da última discussão.
— Bom, se você quer falar com ela a respeito, então diga! Telefona, manda mensagem, mas diga o que aconteceu e que quando tiverem oportunidade gostaria de conversar a respeito. As coisas são simples, Yoon, você que tem hábito de complicar.
— Eu gosto dela, mas às vezes acho que simplesmente não é para ficarmos juntos.
— Tudo parece ir contra, não é? — perguntou fazendo um beicinho de dó antes de consolá-lo: — Ah, Yoongi... Não pensa assim. Acho que é só o timing errado. Tira por mim e pelo Tae! Eu não estava até semanas atrás dizendo a você exatamente a mesma coisa? E nós dois agora estamos resolvidos! Ou, caminhando para isso.
— Você faz essa coisa de sentimentos parecerem fáceis... — Yoongi riu bagunçando o cabelo da amiga.
— É fácil quando a gente coloca para fora. Você precisa encarar o que realmente sente, Yoongi.
Os dois trocaram um olhar de cumplicidade, e pegou a mão do amigo cruzada no próprio colo dele e apertou-a com carinho confortando:
— Você precisa perder esse medo que tem de se expor para a Cafrey se quiser que isso dê certo. Já que o mundo não está do lado dela, ao menos você precisa estar para dar a ela segurança de se envolver contigo, Estranho...
Yoongi suspirou ciente de que mais uma vez, e como malditamente sempre, estava certa.
— Eu gosto dela, mas não sei se o suficiente para me jogar como você fez com o Tae, esquecendo até mesmo um pouco das próprias convicções para fazer dar certo. Mas principalmente, eu não acho que ela goste dessa forma também. São as duas pessoas que precisam querer, não é? E ela... Ela tem outras opções melhores do que eu pra quebrar essas barreiras um dia...
— Hm, esse discurso…. Descobriu que ela sai com outras pessoas?
— Conversamos sobre isso e realmente, tem outros caras... O Wonwoo, conhece?
— Jeon Wonwoo do Seventeen? Da galerinha Yakult do Jungkook? — Ela perguntou mencionando o apelido que o próprio Yoongi havia dado para as amizades mais novas de JK.
— É. Ela está saindo com ele. O Jin já tinha me falado que a May não era de se apegar a ninguém, que ela gosta de ter opções e se divertir livremente, mas depois de tudo o que você conversou comigo eu precisava saber dela se havia outros caras. Ela abriu o jogo então, e ainda me disse que eu não precisava achar que existia alguma exclusividade entre nós, porque ela não me cobraria nada. Aquilo meio que feriu meu ego, mas ao mesmo tempo, me senti aliviado porque se eu sentir algo por outra mulher não preciso me sentir culpado. Não estaria sendo canalha com a May. Só que... Ao mesmo tempo que tudo parece muito racional, ao mesmo tempo que eu não quero alimentar ser passional com ela, eu tenho me sentido estranho... Aquela coisa que já conversei com você, lembra?
— Sobre se sentir usado e querer uma ligação mais do que física com alguém?
— Eu... Eu tenho pensado muito no que sinto por ela e apesar de não conseguir ainda dar um nome ao sentimento, é como se tivesse um ruído. Como se eu estivesse apaixonado, mas...
— Não sabe se está realmente apaixonado por ela. — concluiu o interrompendo.
Yoongi a encarou um tanto assustado. Era como se entrasse na mente dele e visse até mesmo as partes que, para ele, estavam ocultas.
— Yoon... — suspirou jogando o próprio cabelo para trás e olhando o teto do quarto como se quisesse ser o mais “cautelosa” o possível no que diria: — Quando estive em Daegu na casa dos seus pais da última vez, Keung Hee e eu tivemos uma conversa e há algo que ela disse que não saiu da minha mente.
— Não estou apaixonado por você, ! — Yoongi entregou a fim de cortar o que imaginava que ela diria — Isso é coisa da cabeça da minha mãe e do meu irmão.
— Ah... Então o Geumjae também acha é? — perguntou retoricamente encarando Yoongi, desta vez realmente surpresa por saber que não era loucura só da senhora Min. — Olha Yoon...
suspirou sentando-se na cama.
— A sua mãe me disse algo que não saiu da minha cabeça apesar de eu evitar pensar nisso. Ela disse que vê nos seus olhos que existe algum sentimento diferente de você por mim. E eu confesso que estou começando a me preocupar seriamente com essa coisa de todo mundo falar disso como se fosse óbvio. Quer dizer, eu sei o que eu sinto claramente, mas e você? Agora descubro que até o seu irmão acha que você é apaixonado por mim?! E você me diz que não sabe o que sente pela Maya... Como eu posso ficar tranquila com isso? Yoongi, você precisa descobrir o que realmente sente...
— , já te falei várias vezes, confia em mim! Eu não te amo, não assim! Não desse jeito que todo mundo fala! Nós já tivemos muitas oportunidades de ficar, aliás, agora mesmo, você aqui na minha cama! Se eu sentisse algo acha que eu sobreviveria a essa situação?
sorriu ladina. Yoongi, tal como a vez que ela o colocou contra a parede na conversa que tiveram a sós no quarto dele do dormitório, estava na defensiva. Ele sempre se irritava quando perguntavam ou acusavam-o de ser apaixonado por .
— Você é ingênuo se acha que estar na mesma cama que eu e não fazer nada é parâmetro para confirmar que você não sinta algo... Se até o Taehyung para quem declaradamente eu correspondo é capaz de segurar o tesão que sente por mim, como você não iria? Às vezes acho que você só não encarou esse sentimento que todo mundo diz que você sente por mim, por culpa. Afinal, são duas amizades suas em risco. Mas... Alguma vez eu te dei alguma esperança, Yoongi? Porque eu tenho certeza que não.
— Claro que não! — Yoongi falou pegando na mão dela já em tom de voz irritado como se estivesse implorando para ela acreditar nele ao dizer: — por favor! Acredita em mim! Não adote você também essa postura de que estou apaixonado por você. Eu estou confuso com o que sinto pela Maya, mas por você... Eu já defini o seu lugar na minha vida há muito tempo!
— Isso não é garantia de nada. Definir qual lugar você quer me dar na sua vida, não significa que é o lugar que você realmente gostaria que eu estivesse. — falou certeira e suspirou apertando os lábios e passando a mão no rosto do amigo, ao pedir: — Só te peço Yoongi, o mesmo que eu pedi ao Jay Park: Por favor, reflita sobre o que você realmente sente por mim e seja sincero quando descobrir. Entre nós dois não tem razão para mentiras, ok?
— Acredita em mim! — Yoongi riu — Eu não sei o que sinto pela Maya, mas por você eu sei que o que eu quero, é tê-la pra sempre do meu lado e vê-la feliz com o Tae ou quem quer que você escolha, Estranha.
suspirou ainda preocupada. As respostas de Yoongi desde que a senhora Min disse a ela que via nos olhos dele o que ele sentia, não lhe passavam segurança. E na verdade, depois de escutá-lo falar que Geumjae também concordava com a mãe... estava realmente surpresa e desconfiada de que Yoongi estava em um dilema não só com Maya, mas com sua amizade e o pior, ela não tinha noção do que fazer. Ela não queria perder a amizade dele por maus entendidos, ela percebia que não poderia mais imaginar sua vida sem o afeto e a parceria quase fraterna dele. Se Yoongi ao menos confessasse, talvez ela pudesse junto com o amigo, lidar com a verdade de um jeito mais assertivo. Contudo, enquanto ele continuasse dizendo que não havia motivos para se preocupar, não ficaria criando chifres em cabeças de cavalo.
— Ok, Estranho... — Ela suspirou e declarou uma última vez: — Não toco mais nesse assunto! Continuarei lhe tratando como meu amigo e sem preocupações de que você esteja vivendo um dilema sobre nós dois. Se algum dia seus sentimentos mudarem ou você perceber mudanças é sua obrigação me dizer, ok?
— Não se preocupe esquisitinha! — Yoongi comentou rindo como se a escritora estivesse agindo ingenuamente e a puxou para um abraço ao dizer: — Nosso sentimento e amizade não vão mudar! Pode confiar em mim!
soltou-se do abraço segundos depois e o encarou desconfiada. Enfiou o indicador na bochecha dele o cutucando e Yoongi reclamou enquanto ela continuava a falar:
— Ai, ai, !
— Você vai me deixar de cabelos brancos mais cedo, Yoon! — E soltando a bochecha do amigo ela voltou à postura e assunto anterior: — Bem, voltando a esta sua situação com a Maya, sobre você achar que não gosta dela o suficiente pra estar apaixonado por ela e ela por você... Então se ninguém sabe o que quer, a primeira coisa é descobrir! E às vezes dar um tempo um do outro é o melhor pra organizar a mente. Eu fiz isso com o Jay, sabe?
Como se estivesse ouvindo a conversa dos amigos, Jay Park enviou uma mensagem fazendo o celular dela apitar ao lado de Yoongi. Suga pegou o aparelho no móvel ao seu lado e leu o visor:
JP: Temos que conversar.
às 23:45
— Você não se livrou desse cara ainda, ? — Yoongi estendeu o telefone a ela, com a voz já modificada em irritação.
— Ah... — A amiga leu a mensagem e não respondeu, concentrando-se em explicar ao Yoongi: — Não exatamente.
— Como assim “não exatamente”?! Você não pode ficar com o Taehyung e com outro cara, sabe disso. Não é o acordo de vocês dois?
— É, mas não é como se eu estivesse flertando com os dois, Yoongi! O que aconteceu é que eu pedi um tempo para o Jay antes de me resolver totalmente com o Tae.
— Pediu um tempo? Mas se não foi pelo Tae, foi pelo quê?
— Porque... — suspirou sentando-se na cama de novo, dessa vez, ficando apoiada na cabeceira assim como o Yoongi. — É como eu te disse, às vezes se afastar é o que as pessoas precisam para entender seus sentimentos. Eu percebi que o Jay...
— Está apaixonado por você! — Yoongi a interrompeu dizendo como se tivesse sido ofendido — Só agora você notou? O cara fez uma ceninha piegas lá na casa do Seong com você; ficou quebrando vários mini combinados, insistindo para entrar no seu ciclo social e te levar para o dele, tentando descobrir quem era a outra pessoa do seu interesse, deixou criar-se um rumor sobre vocês publicamente e só agora você percebeu que ele está realmente apaixonado por você?
— Do jeito que você fala, eu de fato, vou aderir à ideia de que você está ofendido porque não era você dormindo com o Park! Não é pela Maya ou por mim que está apaixonado e não sabe, é pelo Jay. Que raiva é essa, meu filho?
— É só que é irritante pensar que você deixou esse idiota sair contigo ao ponto de se apaixonar! Claro, não é difícil se apaixonar por você, mas por favor ! O tanto que o Chang e eu te avisamos!
sorriu ladino achando graça da postura do amigo e ia respondê-lo, mas a ligação de Jay demonstrava que ele estava insistindo para falar com ela e não ser ignorado.
— Atende o mala, prometo ficar quieto.
então atendeu.
— Oi Jay... Tudo bem?
— Oi, linda. Desculpa, sei que está tarde, mas é que eu... — Jay suspirou dando-se conta de que poderia ter esperado para falar no dia seguinte e nenhuma desculpa casaria tão bem, então era melhor ser sincero: — Eu não consegui esperar até amanhã por uma resposta da sua mensagem.
— Tudo bem, eu só não te respondi porque estava conversando com o Yoongi, não é que tenha te ignorado, ok?
Yoongi sorriu ao notar que se ela citou que estava com ele, Park provavelmente entraria em parafuso.
— Yoongi? — Jay pigarreou — Hrrm... Está com ele agora?
— Sim, estou. Mas, diga... Você já quer conversar? Sobre a conclusão que você precisava chegar, não é?
— É... Eu quero. Queria saber se podemos nos ver amanhã e resolver esse tempo de pausa logo...
— Eu acho que podemos, Jay. Na verdade... — Quando escutou a expressão dita pela mulher, Jay fechou os olhos e mordeu os lábios se preparando para ouvi-la dizer que não o queria mais — Eu tenho mesmo que te contar algumas coisas.
— Droga. — Ele murmurou baixinho, mas ela ouviu — Tá... Eu devo ir à sua empresa então?
— Não! Vamos tomar um café amanhã à tarde, que tal? Te mando um endereço seguro depois.
— Na minha casa. — Jay afirmou: — Eu acho que podemos nos encontrar lá sem nenhum problema de paparazzi.
— Melhor não, Jay. Nem no apartamento e nem na mansão da sua família, tá? Eu realmente estou sendo bem vigiada. Espera a minha mensagem amanhã.
— Hm... Ok. Então... Boa noite, baby.
— Boa noite Jay, nos vemos amanhã! Um beijo!
se despediu e encerrou a chamada depois de ouvir o suspiro do outro. Quando entregou seu celular para Yoongi recolocar o aparelho ao lado do móvel ao seu lado, notou que o amigo sorria divertido.
— Nossa se eu soubesse que me ver marcar um encontro com o Park mostraria este sorriso cheio de dentes, eu teria feito antes e já estaria dormindo!
— Você vai dar um fora nele amanhã! — comentou alegre — Eu posso ir junto?
— Claro que não! Que ideia!
— Ah, ... — Yoongi falou todo sorridente apertando a bochecha da amiga como se a parabenizasse e proferiu antes de começar a se ajeitar deitando: — Vamos dormir como anjinhos, agora!
— Idiota! — A amiga comentou rindo e se ajeitando também para dormir, implicou: — Chega essa bunda pálida para lá, é a primeira vez que vamos dividir a cama e eu já aviso que vou te empurrar se você ficar se mexendo!
— Essa é a minha cama, só pra lembrar...
Suga desligou a TV que apenas gastou energia já que eles não assistiram a nada, e ao ver se cobrindo e aninhando entre o edredom como uma criança dorminhoca, Yoongi coçou a orelha lembrando de algo.
— O que foi, Yoongi?
— Me deu um frio na espinha de pensar se a minha mãe chega aqui e nos dá um falso flagrante de novo...
— Deus me livre! — bateu nele com o travesseiro dele — Bate na boca! Tranca a porta do quarto!
— Isso não resolveria... — Ele riu — Sabe rezar? Então reza para não dar a louca na senhora Min, em fazer visitinha surpresa. Porque a dona Keung Hee às vezes parece que pressente as oportunidades...
— Ai pronto, agora me tirou até o sono!
— Problema é seu, eu quero dormir. E não vai se aproveitar de mim, ouviu? — Yoongi falou depois de dar as costas para a amiga olhando sobre o próprio ombro de um jeito desconfiado para ela: — Sei que você é tarada.
sorriu travessa e esperou Yoongi se deitar e dar totalmente as costas a ela, para provocar ao sussurrar no seu ouvido:
— Se isso acontecer, é porque eu estarei sonhando com o Taehyung.
Em seguida, ela lambeu o mindinho e fez um cotonete molhado na orelha de Yoongi que gritou enojado xingando-a enquanto ela gargalhando, se preparava para dormir.
[ xxx ]
O despertador de tocava sem parar e a mulher sentia-se deitada sobre um desnível e achou estar sonhando. Mas deu-se conta de que o calombo abaixo de si era real e não era normal. Com sono, ela tentou tatear a cama atrás do celular, mas ao tentar bater as mãos ao lado ela continuava batendo em algo não-plano, não poderia ser o colchão. Confusa, abriu os olhos e espantada notou que não estava em seu quarto. Lembrou-se de ter dormido na casa de Yoongi, e descobriu que o calombo que mais lhe parecia um “quebra-molas” era o corpo do amigo enrolado no edredom, ao qual a escritora — sabe-se lá como — estava deitada atravessada sobre ele, com a cabeça, inclusive quase de ponta-cabeça.
— Minha nossa, será que ele está morto? — murmurou ao perceber que Yoongi não se mexia e nem acordava com o barulho.
Ela levantou-se cheia de dor nas costas e um tanto lenta, saindo da posição de cruz em que se encontravam, e apoiou a mão das costas do amigo para alcançar o celular no móvel ao lado dele.
07:00 am
— Droga! Esqueci de ajustar o despertador para mais cedo...
Desligou o alarme, sentou na cama bocejando, e ao se espreguiçar sentiu que até os ombros doíam. Quando dividia a cama com as pessoas era sempre daquele jeito: desconfortável. A escritora tinha o hábito de se mexer e às vezes até se virar na cama durante o sono, como aconteceu ali, e não só incomodava quem dormia com ela, como a própria. As noites com Jay Park, por exemplo, era sempre ele que se levantava primeiro porque apesar das maneiras gentis do rapper, ela sabia que o incomodava. Até Jay entender que precisava prender em um abraço para imobilizá-la durante o sono. Então, ela já falava aquilo para seus parceiros quando a coisa ficava recorrente, e se habituou a dormir abraçada quando estava acompanhada.
— Yoongi? — Ela chamou estranhando o fato do amigo não se mexer nem um pouco e estar dormindo como se estivesse em uma nuvem. — Será que eu te matei?
levantou o edredom que cobria a cabeça do amigo e o viu dorminhoco, com a boca aberta em sono profundo. Chamou outras vezes, mas ele não levantava. Então ela utilizou a única técnica que funcionava com ele desde que ela o conheceu: enfiou o indicador na bochecha o cutucando. Mas Yoongi estava tão cansado, que apenas bateu no próprio rosto como se tirasse algo dali. de novo, enfiou outro cotonete molhado na orelha dele que bateu de novo em si, e se assustou abrindo os olhos.
— Yá! — Reclamou ele com um olho aberto e outro fechado — Que droga!
— Como você pode dormir do meu lado tão profundo assim? Eu praticamente sambei nessa cama!
Yoongi não falou nada, voltando a dormir. o empurrou duas vezes e Suga se virou rapidamente segurando a mão da amiga antes de caísse da cama.
— Que chata, !
— Levanta! — Ela gritou implicante de volta. — Eu não durmo mais com você! Acordei quebrada!
— E aposto que não foi minha culpa! Eu tenho o sono pesado e nem me mexo! — Yoongi murmurou se sentando e ajeitando a touca de cabelo enquanto se levantava indo para o banheiro: — Por que me acordou tão cedo? Aliás, que horas são?
— Sete! Eu deveria ter levantado antes! Droga!
— Calma, vai dar tempo de chegar no seu trabalho... Vai se arrumar primeiro, eu faço o café.
— Me arruma uns relaxantes musculares, também! — Ela gritou com a porta fechada.
Yoongi ouviu o barulho do xixi da amiga e inevitavelmente pensou ao olhar para o cenário em que se encontravam: “Isso é intimidade demais...”
— É Yoongi... Caminho sem volta mesmo... Essa maluca já ocupou todos os espaços dessa casa. — murmurou ele se arrastando sonolento para a cozinha enquanto reclamava — E porque eu tenho que fazer café pra ela?! Eu nem como nada a essa hora! Como ela é folgada!
Depois que ele preparou o café quente e forte que gostava e deixou o iogurte com algumas frutas picadas na tigela, pois, sempre começava o dia com salada de frutas e café, ele foi para o quarto e viu a amiga saindo da suíte, enrolada na toalha e apressada, abrindo o closet dele e reclamando:
— Onde foi que eu deixei as minhas roupas do trabalho ontem, Yoongi?
— E eu vou saber? — Deu de ombros observando-a, com boca aberta entre bocejos e uma cara pensativa antes de advertir para ela: — Não bagunça as minhas coisas!
— Espera aí! Cadê as minhas calcinhas? Onde você pegou aquela ontem?
— Na mochilinha que você deixou. Onde mais estariam suas roupas?! — Yoongi reclamou enquanto entrava no banheiro para escovar os dentes — E por que está mexendo nas minhas gavetas?
— Yoongi, nem para colocar minhas roupas em uma gavetinha? Olha o tanto de gaveta aqui, custava tirar uma para mim?!
— Ah, você é muito espaçosa mesmo! Eu não tenho nem uma cueca na sua casa e você quer um pedaço do meu armário!?
— Você é um péssimo amigo! E não reclama! Não mandei me sequestrar ontem!
— Me aguarde se acha que eu vou ficar nessa desvantagem! — Ele rebateu com uma ideia implicante na cabeça e um sorriso no lábio.
tirou a lingerie de sua maletinha deixada ali na casa do amigo e notou que precisava trazer outras peças.
— Eu vou deixar mais roupas aqui, não posso ir para Mangaká com esse vestido...
Yoongi saiu do banheiro escovando os dentes e vendo ela puxar o vestido esvoaçante e curto.
— Por que não? Hoje é sábado.
— É que eu tenho reunião com a diretoria agora de manhã! Ai meu Deus eu vou me atrasar! Puta que pariu viu Yoongi! Eu te odeio!
— Vai com o vestido e joga seu blazer de ontem por cima.
— Acho que hoje vai fazer calor, mas talvez fique mais formal se eu seguir sua ideia... Dá licença então para eu me vestir!
Yoongi arregalou os olhos, ultrajado, e deu o dedo do meio para a amiga entrando no banheiro de novo e fechando a porta. ia reclamar, mas não teria tempo.
— Fica aí dentro até eu falar que pode sair então! Estou pelada! — Ela gritou começando a se vestir. Depois de vestida ela gritou: — Pode sair!
Yoongi abriu a porta saindo com os braços cruzados e se aproximando dela, ele a empurrava para fora do quarto:
— O seu café está pronto, saia daqui que agora eu vou me arrumar e eu não quero te ver no meu quarto!
— Anda logo! Você vai me dar uma carona porque eu já estou atrasada por culpa sua!
Os dois terminaram de se aprontar, ela tomou café e reuniu as próprias coisas, Yoongi não quis comer mesmo ela tendo insistido para ele comer ao menos uma fruta, e logo, estavam os dois a caminho da Mangaká.
— Estou com torcicolo. — comentou massageando o pescoço.
— Coitado do Taehyung... Vai ser espancado toda noite e não de um jeito bom.
— Não vai não. Ele dorme agarradinho. — comentou sorrindo e se dando conta de algo: — Engraçado, eu nem precisei ensinar a ele como dormir comigo. A sinergia foi tão natural que ele entendeu que precisava me abraçar, e aí eu percebi no outro dia que é o jeito dele de dormir.
— Ele parece uma jiboia, Deus me livre. Odeio dividir a cama com ele, eu sempre acordo me sentindo sufocado! — Yoongi sorriu ao se lembrar da última vez que o amigo dormiu na sua casa — Você não quer mesmo ir na sua casa primeiro?
— Por que? Está muito informal essa roupa, não é? — Ela perguntou preocupada terminando de se maquiar pelo espelho do carro.
— Não por isso! Você está saindo da empresa mesmo, que se dane!
— Ah tá, não vou sair chutando o balde, Estranho!
— Eu sei... — Ele comentou rindo e então bocejou reclamando: — E eu vou ter que ficar com as tralhas e esse urso empalhado aí atrás até quando?
olhou para o banco de trás e riu.
— Não fala assim! Não são tralhas! São memórias! Leva pro dormitório e entrega ao Tae.
Yoongi revirou os olhos e sentiu o tapa da amiga no seu braço rindo em seguida.
— Vamos fazer alguma coisa amanhã, nós e todos os outros meninos, que tal? — Yoongi sugeriu.
sorriu ao recordar-se do seu acordo com Taehyung e respondeu:
— Não posso. Meus domingos agora são do Tae. A não ser que ele queira fazer algo coletivo... Vou ver com ele.
— Domingos do Taehyung? — Yoongi perguntou surpreso.
— Sim... Nossa agenda não permite que nos vejamos todos os dias e quando quisermos, então decidimos que todo domingo de folga passaríamos juntos fazendo alguma coisa para nos conhecermos também...
— Uau. — Yoongi não sabia mais o que dizer então apenas estalou a língua antes de dizer: — Isso sim é um casal empenhado.
— Você podia tentar algo assim com a Maya. É uma boa forma de criar um vínculo que te tire dessa sensação de garoto de programa que você tanto reclama. — riu. — Embora, talvez seja bom você dar um tempo para entender os seus sentimentos, ou quem sabe você não deva seguir também o exemplo dela e começar a sair com outra pessoa?
— Hm... Se ela voltar a falar comigo, eu vou sugerir essa coisa do dia fixo... E não é como se tivesse outra pessoa em que eu esteja interessado. Você sabe que eu tenho estado com preguiça social nos últimos meses…
— Na verdade, as coisas vão piorar pra vocês né? A turnê começa no mês que vem…
— Nem me lembre… Bem, acho que a gente se vê hoje ainda, a Nala comentou sobre isso ontem.
— Não fui avisada de nada. Meu único compromisso com BTS neste fim de semana é meu dia com o Tae amanhã.
— Domingos do Taehyung… — Yoongi murmurou com um meio sorriso surpreso — O Taehyung, quem diria que ele sabia o que estava fazendo...
gargalhou com o comentário do amigo e guardou o celular na própria bolsa, e Yoongi entrou na rua da empresa dela. Eles se despediram há um quarteirão da empresa. havia pedido que ele parasse mais afastado e ela continuaria andando para evitar qualquer “problema”, depois, Yoongi foi para a BigHit. Obviamente, foi o primeiro a chegar com uma hora de antecedência para uma reunião que seria às nove.
34.
teve uma reunião produtiva com os diretores e com sua equipe e, havia acabado de descer para comprar café e lanches matutinos em uma cafeteria adorável que havia no outro lado da rua da empresa. Ela foi até lá apenas para pedir que entregassem na Big Hit aquele pedido. Não só ficou preocupada se Yoongi havia comido algo, como também queria agradar Taehyung e já que faria pelos dois, comprou um combo para todos os membros do BTS. Estava voltando para o prédio da empresa, quando olhou no relógio: nove e meia.
— Ai minha nossa, me atrasei para encontrar o ahjussi Si Woo e sua filha! — cochichou.
Apressou os passos novamente em direção à entrada principal da Mangaká, quando notou um pequeno tumulto de um dos porteiros da fachada com duas pessoas: um senhor e uma jovem cadeirante. Aquilo chamou sua atenção e só após se aproximar, ela reconheceu o motorista do táxi tentando explicar algo para o funcionário que apenas negava e apontava para o homem o outro lado da empresa.
— O que está acontecendo aqui? — indagou parando perto dos três.
A pré-adolescente que estava cabisbaixa em sua cadeira ergueu o olhar para a mulher e seus olhos brilharam ao notar que era . A escritora sorriu pra ela, mas logo voltou-se ao funcionário:
— Me explique por favor, qual o problema?
— Senhorita , é que este senhor disse ter uma reunião com a senhorita e eu indiquei que ele deveria entrar pela porta lateral, mas ele insiste que foi informado que deveria seguir por aqui.
— Bom dia, ahjussi. — olhou ao motorista e sorriu simpática o cumprimentando, e logo lançou um olhar cortante para o funcionário da empresa enquanto pedia ao pai da garota: — Me desculpe por isso! Certamente este funcionário foi mal instruído já que eu não posso acreditar que a empresa incrível onde trabalho há anos, tenha ordenado uma ação tão discriminadora dessas!
— Co-como? — O funcionário perguntou aturdido.
— Chang foi quem orientou o senhor Si Woo e sua filha Bong Cha a virem e entrarem como todas as pessoas, pela porta da frente. O fato de você dizer que ele deveria entrar com sua filha pela porta lateral, local em que eu sei que é a passagem para carros e descarregamentos da empresa, pode ser considerado discriminação por Bong Cha ser uma pessoa cadeirante. Por favor, me diga que eu estou enganada ou do contrário, terei que ir pessoalmente ao andar da presidência fazer justiça quanto a isso!
comentava tudo de maneira elegante e polida, mas ao chegar no final da frase seus olhos e entonação de voz deixavam claro o descontentamento e a revolta da escritora com o que presenciava.
— Perdoe-me senhorita , acho que cometi um erro com as informações recebidas. — O porteiro comentou.
— Peça desculpas aos nossos ilustres visitantes de hoje.
— Ah... Claro! — O funcionário direcionou-se ao pai e à menina e abaixava-se em reverência pedindo: — Me desculpe senhor, me desculpe senhorita! Por favor, perdoem minha inabilidade, queiram entrar!
deu uma última encarada brava para o funcionário e desceu seu olhar agressivo para o crachá do homem lendo seu nome e deixando-o assustado. Em seguida ela sorriu para os visitantes e se colocou atrás da cadeira de Bong Cha empurrando para dentro e conversando com eles.
— Ah, por favor, eu faço isso, senhorita ! — Si Woo comentou tentando impedi-la de empurrar sua filha.
— Não, não. O senhor está aqui a meu convite então apenas deixe que Bong Cha seja guiada por mim. Não se preocupe ahjussi, divirta-se também! — comentou deixando o homem sem graça e a filha dele não parava de virar o pescoço para trás, deslumbrada de estar com a sua ídolo ali. notou o brilho de admiração nos olhos da garota e sorriu animada ao dizer: — Eu vou apenas avisar ao meu agente que vocês já estão aqui embaixo e que eu vou guiá-los agora, ok?
Os dois assentiram e caminhou, na opinião de Bong Cha como uma modelo linda em seu vestido fofo. E enquanto trocava palavras com o recepcionista da Mangaká, Si Woo observava encantado com o rosto de sua filha.
— Está feliz não é, minha pequena Cha? — Ele abaixou-se com um largo sorriso passando a mão nos cabelos da menina, um tanto emocionado por vê-la sorrir de novo.
— Esse é um dos melhores dias da minha vida, appa! Ela é tão... Tão linda! E o senhor viu como ela nos defendeu? Minha nossa, ela é mesmo tudo o que eu vi na TV e na internet appa! — Bong Cha comentou animada e segurando o choro: — Eu quero ser como ela quando eu crescer appa! Como ela, e como a mamãe! A mamãe ia adorar estar aqui...
— Ela iria, Cha... — O pai suspirou logo mudando o assunto se aproveitando do retorno da escritora: — Olha, ela está voltando.
— Bem, antes de iniciarmos deixem-me saber se já tomaram café da manhã. Gostariam de comer algo?
— Eu estou até sem fome de tanta ansiedade, unnie! — Bong Cha comentou animada apertando ainda mais nos seus braços, um caderno que segurava.
riu junto ao senhor Si Woo.
— Não precisa se preocupar senhorita , pode nos mostrar o que preferir primeiro...
— Sendo assim eu deixarei o melhor para o final, tudo bem?
— E qual é o melhor, unnie?!
— O meu setor é claro, a minha equipe! — comentou piscando.
— Appa! — Bong Cha exclamou animada puxando a mão do pai e balançando eufórica: — Eu vou conhecer todos eles, appa!!!
— Hahahahaha — riu empolgada — Você conhece mesmo tudo sobre nós?
— Claro! Eu até sigo a sua equipe no instagram!
— Minha nossa, então vamos logo senhor Si Woo! Ela com certeza vai querer passar mais tempo com o team 77!
— Unnie! — Bong Cha perguntou enquanto empurrava a cadeira dela: — O Song Hiro está aqui também?
— Claro! O Hiro vive grudado no Chang e eu, Bong Cha! Você gosta dele?
A garota ruborizou e fez sinal afirmativo com a cabeça.
— Eu acho o Hiro muito fofo e divertido, unnie! É muito bonito, também!
— Ele é mesmo, Bong Cha! Espere até conhecê-lo!
Si Woo riu ao notar a filha pré-adolescente pela primeira vez desde a morte da mãe tão animada, e falando de garotos bonitos na frente dele ainda por cima!
Os três foram guiados por por todo o prédio da empresa. A escritora apresentou os setores criativos de cada gênero de mangá da empresa, algumas equipes estavam trabalhando no sábado, outras não, por causa do esquema de escalas, mas mesmo assim eles puderam visitar as salas. Uma das preferidas de Bong Cha foi a sala dos desenhistas, que era igual em todos os setores.
— Uwa, unnie! Esta é a sala de criação dos desenhos? — Ela comentou assim que visitou a primeira.
— Sim! Vamos entrar mais! Você já viu uma mesa de desenhista?
— Só na internet... Unnie, mas sendo inclinada assim é confortável?
— É sim! Foi desenvolvida para manter a postura do profissional mangaká mais saudável. Bom, lá em cima, o Hiro pode te falar e mostrar tudo da nossa sala de desenhos. Toda a estrutura das salas dos times aqui da Mangaká são iguais, Bong Cha. Só muda a decoração que cada equipe vai acrescentando com o tempo. O legal de visitar cada setor é justamente isso: você vai ter acesso às decorações de cada ambiente. Aqui, acreditamos que para os criadores entrarem cada vez mais dentro do gênero que escreve, eles precisam estar imersos no sentimento, na atmosfera...
— Ah! Por isso que essa sala tem tantos desenhos infantis na parede? Parece até uma escolinha!
— Isso mesmo! Aqui é o setor da equipe 11. A Mangaká começou no mercado como uma empresa que escrevia mangás do gênero kodomo* e produzia animes infantis para a primeira infância. Isso, claro, lá no Japão! A sede de lá é incrível, Bong Cha! Já tive a oportunidade de visitar há alguns anos. E bom, sendo a menina dos olhos da empresa, o nicho do infantil recebe este primeiro lugar e portanto, o primeiro andar da empresa.
— Então cada time é numerado conforme o andar e a ordem que a empresa começou o gênero?
— Exatamente!
— Senhorita ... — O senhor Si Woo, interessado e curioso pelo universo, perguntou algo que não sabia, mas talvez, se fosse mais “curioso” com o hobbie de sua esposa e filha, já soubesse por elas antes: — Pode nos dizer quantos gêneros de manhwas existem e qual a diferença entre os mangás japoneses e os manhwas coreanos?
— Appa! Finalmente está se interessando por isso, não é? Mamãe e eu falamos que era divertido! — A jovem Bong Cha comentou orgulhosa e animada e em seguida direcionou o reforço da pergunta para : — Apesar de ter uma ideia, eu gostaria muito de ouvir de uma profissional, unnie!
sentou-se em uma cadeira perto da garota e ofereceu ao pai dela que se sentasse também.
— Com certeza, o Song Hiro, Eun Hee e Yoona são as melhores pessoas para te contar tudo o que quiser saber entre os diferentes tipos de história em quadrinhos, a história dos manhwas coreanos e tudo o mais. Eu aprendi muito do que sei aqui na empresa, na verdade. Sempre fui mais escritora e roteirista do que mangaká. Mas... Eu posso responder essa pergunta.
— Mal vejo a hora de conhecê-los! Acho que uma manhã vai ser curta para todas as minhas perguntas!
e o senhor Si Woo sorriram pela empolgação contagiante da garota.
— Primeiro... A diferença entre o mangá e o manhwa basicamente está na sua origem cultural. Recebem nomes diferentes devido sua localidade: no Japão as histórias em quadrinho são os mangás, na China, os manhuas, na Coreia, chamamos manhwas e no Brasil... Você sabe?
Bong Cha negou com um aceno de cabeça, silenciosa, e seus olhos se arregalaram em expectativa.
— No Brasil, nossa língua é variada então tanto chamamos de “HQ”, sigla que define no português “História em Quadrinhos”, como também chamamos na nossa raiz cultural mais original, e popular no século passado: revistinha ou gibi.
— Djebe? — A menina tentou pronunciar a palavra em português no sotaque coreano.
— Quase isso... — sorriu porque a pronúncia era parecida, mas puxou um bloco de notas e uma caneta da mesa próxima e escreveu em português mostrando para eles a palavra, no entanto pronunciando “Gibi”.
— Se eu lesse isso diria que está escrito “Djalbaí”. — Bong Cha leu como se pronuncia na Coreia e comentou — Puxa o mundo é mesmo imenso!
— E o português é uma língua difícil, minha filha! — Si Woo comentou para a mais nova, e voltou a atenção para as explicações de . — Mas essa é a única diferença? O local onde é escrito?
— Não ahjussi! Tem também o traço de cada estilo cultural, a diagramação, o número de capítulos por livro... Cada país tem digamos... Seu manual de estilo para histórias em quadrinhos. No Japão, a leitura é da direita para a esquerda nos mangás, mas aqui na Coreia e no Brasil por exemplo, não. O mangá é em preto e branco, o nosso manhwa é colorido assim como no Brasil e na China... Também na China, o manhua geralmente é edição única. Já os demais podem ter vários volumes de uma mesma história... Hm... Deixa-me pensar o que mais...
mordeu o lábio pensativa e recordou-se:
— Ah! Uma boa curiosidade é que a Coreia tem uma grande publicação de manhwas por webtoons, ou seja, em formato online. E a venda dos quadrinhos aqui equivale a aproximadamente 25% da venda de livros no país! E entre tudo isso, a principal diferença dos três, está nas narrativas, é claro! O mangá incorpora mais às histórias do gênero fantasia e sobrenatural. Os manhuas tem como preferência relatar a historicidade e características do povo chinês, e portanto, são populares as narrativas de artes marciais e sempre enaltecendo nas tramas o cavalheirismo. E quanto aos nossos manhwas...
— Iiiih, appa! Nós já temos quase tudo, não é unnie?
— É sim, Bong Cha! A cada ano os gêneros e os enredos são mais enriquecidos com a influência da sociedade coreana. É como ocorre nos doramas, senhor Woo. Antigamente, os dramas históricos eram mais populares, atualmente eles apresentam mais a cultura da nação, trazendo debates da própria sociedade como diferença de classe, os preconceitos, o excesso de trabalho, as castas... Não é? — O senhor Si Woo concordou silenciosamente e continuou: — No universo dos quadrinhos temos percebido que a variedade de temas também tem aumentado, apesar do sucesso dos clichês e da concentração de manter as narrativas invocando a beleza da cultura coreana. Mas vocês também querem saber quantos são os gêneros de classificação de manhwas, não é?
— Eu gosto mais dos Tchungnyun, apesar de serem destinados ao público jovem adulto... — Bong Cha comentou sem qualquer vergonha.
— Isso é história adulta?! — O pai perguntou preocupado.
— Calma, appa! A mamãe me ensinou a identificar que tipo de Tchungnyun eu posso ler pela tarja classificativa na capa! Ela falou que eu posso ler os de tarja amarela, onde apesar da idade indicada ser maior que a minha é como se fossem as histórias de transição da adolescência para o mundo adulto. Não tem nada erótico neles.
riu com a interação entre pai e filha e ela reforçou para o pai:
— Os gêneros nos quadrinhos coreanos seguem a faixa etária e para qual público destinam-se. É diferente da literatura tradicional ocidental por exemplo, onde temos uma variedade de gêneros. É como a Cha disse, o gênero é mais pela classificação de quem lê do que pela própria história. O gênero Tchungnyun, é destinado aos jovens adultos, como ela bem disse. O Sonyung é destinado aos garotos e o Sungjeon às garotas, esses dois além desse recorte do público também vão se diferenciar pelo estilo de história. Tem o gênero Ttakji que é voltado para as histórias de aventuras e particularmente publicadas na década de 50 com ambientação Ocidental. E por fim, o Myeongnang que são as histórias destinadas às crianças. Este, é o gênero foco do setor 11, como eu comecei a apresentar a vocês.
— Ah, então são... — O ahjussi Si Woo contou nos dedos repetindo na tentativa de aprender as pronúncias e fazendo e Bong Cha acharem muito fofo o seu interesse — Cinco gêneros: Myeongnang das crianças, Sonyung dos meninos e Sungjeon das meninas diferenciados por tipo de história e classificado em idade, o Tchungnyun que é para jovens e adultos e esse Ttakji que é como se fossem historinhas clássicas e estrangeiras. Não é?
— Muito bem ahjussi Woo! O senhor entendeu direitinho! — comentou piscando para a menina que fez um “joinha” para o pai e sorria animada.
— Mas unnie... Sobre o primeiro andar... Por que o setor do gênero começa no “Eleven” (11) e não no “One” (01)?
riu ao confessar aquela curiosidade da Mangaká:
— O presidente da empresa tem uma superstição de que os números não podem começar com “zeros” por causa da energia do número, por isso, o numeral de cada equipe é dobrado para duplicar a energia de prosperidade dele. Por isso, “One-one” (11), “Two-two” (22), “Seven-seven” (77) e assim por diante... — riu e Bong Cha olhou para seu pai como se o perguntasse o que achava daquilo.
— Até que faz sentido... O “zero” é o vazio, já 1+1, 1x1... Resultam no próprio 1. E se pensarmos em termos de divisão, se um número é dividido por ele mesmo, não dará resultado zero. É uma superstição que faz até algum sentido matemático. — O Sr. Si Woo respondeu sábio à filha.
— Nunca achei que falaria de matemática dentro de uma empresa de quadrinhos! — A garota comentou revirando os olhos porque odiava a matéria.
Os mais velhos riram do comentário e continuou:
— Outra coisa legal é que cada sala de criação tem não só a atmosfera decorativa imersiva, mas as músicas que tocam ajudam os mangakás a entrarem no clima criativo certo para cada gênero, desde os aromatizadores e até os lanches são pensados para isso!
— Minha nossa, Unnie! Que coisa fantástica!
— É, é sim! E o melhor é que para cada setor o líder de equipe junto com sua equipe, claro, é que vão construindo isso. O que permite que as ideias e a atmosfera dos ambientes sejam constantemente renovadas. O Hiro, por exemplo, adora quando estamos na temporada de planejamento do escritório porque ele pode colocar muitas ideias malucas no setor. Teve uma época que o bloqueio criativo do nosso primeiro manhwa pegou forte!
começou a contar:
— Chang tinha acabado de ser promovido a líder de equipe e éramos todos um time recém formado. Eu, recém contratada, os outros, já participavam da empresa, mas em outros setores e foram remanejados para equipe 77. O nosso primeiro manhwa de romance se chamou “Jung Ho e a Rosa de Sharon”. Você já leu?
Bong Cha assentiu que sim e, animada começou a dizer a sinopse como se fosse uma narradora e uma atriz, com a mão em postura de microfone, e cheia de caras e bocas a garota contava:
— Jung Ho é um general sul-coreano que enquanto esteve lutando pela nossa forte nação perde esposa e filha sequestradas por generais inimigos. A Rosa de Sharon que é o símbolo da nação coreana era também o símbolo do amor daquela família. O que Jung Ho não sabia, era que sua esposa era também uma guardiã da paz no país, e por isso, ela nascera com um sinal mágico em sua pele. Apenas descendentes dos guardiões da paz nasciam com a Rosa de Sharon no corpo. Jung Ho descobriu anos depois de sua busca por esposa e filha, que ambas haviam morrido, mas não apenas esta desgraça recai sobre o nosso herói! Sua filha, Yunah não era sua legítima filha! Trocadas na maternidade, a verdadeira descendente guardiã estava viva! Oh céus, onde estaria a verdadeira filha de Jung Ho!
Bong Cha dizia com a mão na testa em postura dramática. Seu pai a encarava com olhos arregalados e expressão curiosa de quem estava absolutamente interessado no drama contado pela filha e observava a garota talentosa para artes cênicas com um grande sorriso orgulhoso e se divertindo com a menina que continuou:
— E assim, nosso general Jung Ho fortalece-se em coragem e com esperança continua a perseguir o paradeiro de sua verdadeira criança tendo como pista o símbolo mais importante de todos: a marca da Rosa de Sharon!
Si Woo viu a pose final da filha com a mão e olhar erguidos ao alto e saiu do seu transe de interesse pela história, soltou uma lufada de ar com um sorriso comentando:
— Minha Bong Cha é uma atriz e como eu não percebi mais este talento, huh?
— Muito bom, Cha! — comentou rindo e batendo na palma da garota — Você é uma ótima narradora!
— Eu treino bastante! Quero ser mangaká e escritora como você quando crescer, então, saber guiar a atmosfera de uma história é importante! Eu vi isso na sua entrevista do ano passado.
— Mas ano passado eu só dei entrevistas em português para canais e mídias brasileiras e algumas poucas do Youtube na Coreia... — comentou espantada.
— Eu sou mesmo sua fã, unnie! — Bong Cha comentou orgulhosa.
— Eu me sinto lisonjeada! — Ela sorriu acariciando o rosto da menina e batendo palmas em seguida continuou: — Mas como eu dizia... Nós estávamos produzindo este manhwa, e a equipe conhecia-se pouco, ainda não estávamos tão entrosados, e particularmente, eu era a mais deslocada entre todos porque era funcionária há menor tempo. Então, na primeira reunião de planejamento do setor, o Hiro, como eu falava das ideias malucas dele, sugeriu que contratássemos um violinista clássico para tocar na sala de criação uma vez por semana assim entraríamos na vibe de tristeza e no clima de um drama mais adulto que a história pedia...
— E vocês contrataram?
— O Chang foi um tanto relutante no início, mas optou por tentar. Deu certo! Claro que, às vezes a gente sofria tanto que até chorava contando a história do Jung Ho, mas aos poucos... As coisas foram se ajeitando. O manhwa acabou se destacando entre o público feminino adulto, e por muito tempo nosso setor ficou focado nesse público até vir o...
— Garota Ocidental! — Bong Cha comentou animada, o título de autoria da .
— Isso mesmo! — A escritora sorriu e curiosa perguntou: — Como você começou a ler nossas histórias? Acho que não foi por minha causa, não é? “Jung Ho e a Rosa de Sharon” é mais antigo e geralmente não é lido por pré-adolescentes...
Bong Cha e o pai se olharam cúmplices e o senhor Si Woo comentou no lugar da filha, que havia abaixado a cabeça.
— A mãe de Bong Cha... Ela... Ela lia muitos manhwas. Era o hobbie dela e foi assim que a minha Cha começou a ler.
— “Jung Ho e a Rosa de Sharon” era o favorito dela. Foi a mamãe que me ensinou a ler e gostar dessas coisas. Era o sonho dela ser uma mangaká também, mas... Ela nunca pôde então, isso era uma coisa meio nossa, sabe? Ela dizia que eu poderia ser uma grande escritora se eu quisesse. Nós gostávamos de ler juntas. O “Garota Ocidental” surgiu quando... — A menina sentiu a voz embargar.
— Tudo bem Cha, não precisa me dizer, querida! — falou tocando a mão da garota e sentindo-se mal por fazê-la reviver aquelas memórias.
— Não, tudo bem. Eu quero contar! Eu preciso! A mamãe... Ela ficou muito doente. Enquanto estava no hospital eu levava os manhwas para ela ler. O papai sempre comprava o que ela pedia. Quando “Garota Ocidental” surgiu, ela já estava bem desanimada e fraquinha por causa do tratamento, mas ela me disse que era uma linha editorial para mocinhas sonhadoras como eu, uma nova aposta da Mangaká e que a escritora era estrangeira. Ela disse que nada era impossível, porque se uma brasileira estava conquistando o mercado de manhwas coreanos apesar do preconceito da nossa sociedade, então uma linda coreaninha cadeirante também poderia! Mamãe me fez olhar para você e sua história com esperança... Acho que ela já sentia que eu não teria mais ela por perto para me espelhar, então, ela pediu que eu começasse a ler aquele manhwa. O papai comprou a primeira edição e todos os dias eu ia ao hospital ler com ela. Foi a nossa última leitura juntas...
não conseguia mais conter as lágrimas. Não conseguia evitar abraçar Bong Cha que também chorava. Jamais imaginou que haveria tanto significado em seu trabalho para aquela família.
— Uau, Cha! — comentou depois de respirar fundo e limpar as próprias lágrimas — Você me fez ser a sua fã agora. Sua mãe estava certa quando disse que você será uma grande escritora e que não há nada que você não possa fazer, ok? E saiba que pode contar comigo para continuar sendo a sua esperança. Vou levar a sua história em meu coração por toda a minha vida!
— Obrigada unnie! — Bong Cha comentou enxugando as lágrimas.
tocou o ombro do ahjussi Si Woo apertando-o em sinal de condolências e se levantou em seguida, mudando o clima do ambiente.
— Mas vamos, vamos! Ainda há muito para ver! Que tal conhecer o setor 22 agora? O nosso setor das histórias Sonyung para os meninos da sua idade e é o primeiro andar onde estão os manhwas de suspenses e terror!
— Ai nossa, podemos começar pelo terror! Appa! Nada de ficar de fora! — Bong Cha advertiu ao pai e comentou para : — O Appa morre de medo de histórias e filmes de terror!
Bong Cha e Si Woo sentiram-se muito acalorados pela receptividade e simpatia da escritora durante todos os percursos dentro da empresa. Ficaram maravilhados com cada setor visitado e principalmente com as salas criativas! Realmente, a sala do thriller deixou o senhor Si Woo um tanto ansioso para saírem rápido dali.
Dos setores criativos visitados ou como a empresa se referia: “os times/teams”, Bong Cha e Si Woo descobriram que não só dividiam-os pelas classificações tradicionais dos manhwas coreanos como explicou no começo da visita, como também por área temática.
Sendo: O time 11 do gênero/setor Myeongnang, histórias infantis de fantasia e aventuras. O time 22 do setor Sonyung, onde as divisões criativas começavam de fato, ali as histórias para o público masculino transitavam entre a divisão do suspense, thriller, ação, aventura. O time 22 era o segundo mais lucrativo da empresa, até o time 77 alcançá-lo e superá-lo. O time 33 era do setor Sunjeong, e a divisão dos temas eram aventura, fantasia, ação feminina, comédias românticas e histórias colegiais.
No time 44 estava o começo do setor de gênero Tchungnyun que aborda tanto as narrativas para mulheres ou homens dentro do universo jovem adulto, e nele as divisões eram individuais. Portanto, seguindo:
Time 44 - Tchungnyun das histórias eróticas; o qual obviamente não convidou a pré-adolescente para visitar, afinal, aquela era uma seção bastante privada na Mangaká. E dentro da empresa, os outros setores até tinham certo estigma com os criadores, embora, dissesse a qualquer colega que menosprezasse o time 44 que, na verdade, o universo das histórias eróticas era um dos mais rentáveis e poderia ser melhor aproveitado se não houvesse um olhar tão pejorativo. As pessoas costumavam confundir o setor “erótico” com “pornografia”, e por isso aquela era uma equipe menor e mais isolada. até perguntou ao senhor Si Woo se ele gostaria de visitar a sala do time 44 já que só era permitida a maiores de idade, mas o pai da garota, envergonhado claramente negou.
Time 55 - Tchungnyun das histórias de suspense e ação;
Time 66 - Tchungnyun das histórias de terror e sobrenaturalidades;
Time 77 - Tchungnyun das histórias de romance, lendas & História Coreana, e assuntos contemporâneos;
E o time 88 - Tchyngnyun das histórias de aventura, magia e fantasia.
Dentre o time preferido e mais aguardado por Bong Cha para conhecer, logicamente, era a equipe 77 que ela mais ansiava encontrar. Portanto, assim que terminou de mostrar os outros setores, levou-os até o sétimo andar e assim que a porta do elevador principal do andar se abriu e a garota viu a secretaria de recepção com os personagens de “Garota Ocidental” estampados em todas as paredes, os olhos de Bong Cha encheram de lágrimas.
— Aigoo! Eu não estou acreditando ainda!
— Minha filha, mas a sua ficha ainda não caiu? — O pai dela comentou alegre e brincalhão com a jovem que levou a mão à roda da cadeira ansiosa.
— Pelo visto eu não preciso empurrar, não é? — falou ao pai assim que viram a menina se aproximar girando as rodas até a mesa da secretária da recepção que se ergueu para recebê-los.
— Seja bem vinda senhorita Bong Cha! Meu nome é Sue, e eu sou a recepcionista do time 77. Todos estão aguardando-a, ansiosos!
— Olá unnie, Sue! É um prazer conhecê-la, muito obrigada! — A garota respondeu acenando com a cabeça.
O senhor Si Woo também se apresentou à recepcionista e a escritora a cumprimentou logo se posicionando diante da porta grande e amarela onde daria acesso ao salão do escritório. Assim que empurrou a grande porta para o lado, as conversas que aconteciam lá dentro cessaram e a equipe deu atenção para quem chegava.
Chang se levantou da cadeira em que estava sentado com um sorriso alegre e carismático, caminhando com as mãos nos bolsos até próximo da entrada, e os demais o seguiram para receber a jovem visitante e seu pai enfileirando-se em ordem: Yoona, Ailee, Do Ho, Hiro e Eun Hee.
— Bong Cha? — a chamou ao ver a menina com a boca aberta e o olhar admirado encarando cada rosto dos integrantes da equipe.
— Uwa! Esse é o time 77!
— Sim, são eles. — comentou rindo fraco por achar graça — São as pessoas que dão vida às histórias lindas que você lê!
— Eu sou muito fã de todos vocês! — A menina exclamou se mexendo na cadeira e apertando seu caderno ainda mais nos braços.
— Você é linda, Bong Cha! — Eun Hee comentou para a menina, realmente encantada com o rostinho tão perfeito dela.
— Bong Cha, essa é a unnie Eun Hee, ela é ilustradora da equipe, assim como o oppa Hiro que está ao lado dela... — comentou e ao olhar para Hiro a pré-adolescente ruborizou. — Bem... Mas, você já conhece todos, não é? Então, ao lado do Hiro está o Do Ho, Ailee e Yoona que são nossos co-autores. E este oppa de óculos sorridente aqui ao meu lado, você já sabe quem é, não é?
— Oppa Chang! O nosso herói porque foi ele quem te ajudou a começar a sua carreira! — A jovenzinha comentou animada.
Chang abaixou-se para ficar na altura da garota e estendeu a mão para ela pegar, e logo que a mocinha tocou a mão do agente de ele beijou a mão dela dizendo:
— Estamos muito felizes de te conhecer Bong Cha! Seja bem vinda ao time 77!
A garota ficou sem reação e apenas sorriu. então apresentou o pai dela aos membros da equipe e algum tempo depois, Bong Cha estava falante e animada, totalmente entrosada com a equipe. E claro, a menina se mostrou muito interessada em saber tudo o que Hiro falava. O “oppa” que ela com muita admiração perguntava muitas coisas, levou-a junto com Ailee e Yoona para conhecer a sala de criação do escritório, e a garota nem acreditou quando eles contaram a ela que havia uma mesa preparada para ela desenhar. No entanto, a surpresa foi saber que Bong Cha não precisaria de uma micro aula de desenho, pois ela já desenhava muito bem!
— O que é este caderninho, Cha? — Yoona perguntou ao caderno que a menina tinha em seu colo.
— Ah... Aqui está o esboço da minha primeira história... Eu queria muito mostrar para a unnie ... — comentou sem graça.
— Uwaa! Então estamos diante de uma colega mangaká! — Ailee falou animada — E você mostrou para a sunbae?
— Não... Eu estou com um pouco de vergonha na verdade, não são tão bons... — Cha respondeu apertando o caderninho no colo.
Os três mangakás presentes trocaram olhares e sorrisos entre si.
— Nós podemos ver, Cha? — Hiro perguntou e a menina assentiu corada.
— Oppa, mas não vai rir hein!
— Claro que não princesa! — Hiro comentou rindo.
Assim que eles folhearam o caderninho vendo a história e os desenhos da garota ficaram surpresos. Disseram que eram muito bons e incentivaram-a a continuar se dedicando à atividade. Chang, Si Woo e conversavam enquanto Bong Cha era elogiada por seu trabalho por Hiro, Yoona e Ailee. Do Ho e Eun Hee foram até a sala de criação juntar-se a eles e pediram para a menina fazer um desenho de seus personagens para a equipe ter de recordação em um quadro do escritório. Estavam em volta da menina vendo-a desenhar, orgulhosos.
— Senhorita , não estamos atrapalhando? Digo, a manhã está quase no fim e ficamos ocupando vocês... — O ahjussi Si Woo perguntou tímido.
— De forma alguma ahjussi! Nos preparamos para recebê-los hoje!
— Além disso, já adiantamos nosso trabalho enquanto os mostrava tudo. E pedimos uma reserva em um restaurante para almoçarmos juntos, senhor Si Woo! Nada de recusar, por favor! — Chang explicou.
O ahjussi arregalou os olhos surpreso, olhou para sua filha risonha e animada desenhando na sala de criações junto com toda a equipe empolgada à sua volta e os olhos dele encharcaram-se de emoção. O senhor Si Woo abaixou a cabeça agradecido, segurando o choro. percebendo a situação fez sinal com a cabeça para Chang, e os dois convidaram o ahjussi à sala de café do escritório 77. Lá, puderam conversar e oferecer a ele um copo de água e uma xícara de café.
— Ahjussi, não precisa ter vergonha de sua emoção, sim? É claro que ver sua menina tão feliz é mesmo algo que emociona! — Chang comentou dando a ele o copo de água enquanto preparava-o uma xícara de café.
— Eu não tenho nem como agradecer a vocês por tudo isso... Desde a nossa chegada aqui, fomos tão bem tratados e a Cha está tão feliz...
— Ahjussi, me desculpe por perguntar, mas... Há quanto tempo sua esposa faleceu?
A pergunta de fez Chang ficar surpreso, mas discreto, ele apenas observou o diálogo.
— Minha amada Yang Mi faleceu no fim do ano passado... Desde então eu tenho contado com a ajuda da minha irmã para cuidar da Cha. Bong Cha é uma ótima filha, se comporta bem, não me exige nada e é muito estudiosa e dedicada... Mas ela não tem amiguinhos. Eu também tive que mudá-la de escola desde a morte da mãe, porque ela sofria muito bullying.
— Por causa da condição dela? — Chang perguntou.
— É... As crianças também são cruéis... Quando Yang Mi estava viva, era ela quem lidava com essas coisas pequenas enquanto eu trabalhava. Mas depois que ela faleceu, Bong Cha me contou o que acontecia na escola. Achei melhor mudar ela de ambiente, recomeçar em uma nova escola com novas pessoas. Ela não sofre mais bullying, mas também não fez amizades ainda. Bong Cha se fechou desde que a mãe se foi, e eu me sinto tão culpado por não poder dar mais atenção a ela...
— Ahjussi... Não se culpe. É mesmo difícil estar presente o tempo todo, já que o senhor tem que trabalhar. Mas... Bong Cha realmente precisa de ajuda para superar essa despedida e se abrir para novas pessoas...
— O senhor já tentou levá-la a um psicólogo? — Chang perguntou cuidadoso — Nossa sociedade é um pouco receosa com os cuidados à saúde mental, e eu entendo o medo de estigmatizar Bong Cha com mais um tabu, mas... Não deveríamos nos importar com o que os outros pensam quando se trata de buscar o nosso melhor, não é?
— Chang tem razão senhor Si Woo. Olha, geralmente as escolas têm este apoio, sabe? Converse com a professora da Bong Cha, ou tente uma forma da escola auxiliar nisso... Se é uma escola em que ela não sofre bullying, eu tenho certeza que é porque a direção se importa com o bem estar dos alunos. Particularmente, como estrangeira eu percebo que o sistema educacional de algumas escolas aqui é tão rigoroso quanto tóxico. Talvez, esta escola seja mesmo diferente de um jeito positivo. — comentou.
O ahjussi sentiu-se grato pelos conselhos cuidadosos e eles ficaram conversando mais um pouco sobre a garota, até Hiro aparecer empurrando a cadeira dela em risos animados.
— Sunbaes! — Hiro chamou a e Chang — Já mostramos tudo para nossa pequena visitante, até suas salas pessoais!
— É tudo tão perfeito aqui, unnie! Oppa Chang, eu quero trabalhar com vocês um dia! Vou me esforçar muito para isso!
— Será muito bem vinda em nossa equipe Bong Cha! — Chang respondeu-a.
— Inclusive, ela tem algo a mostrar para vocês dois! — Hiro encorajou com a mão no ombro da menina.
Ela mostrou o caderninho para e Chang que ficaram surpreendidos em como a garota de 14 anos era mesmo talentosa! Os desenhos e texto da história dela eram muito divertidos! Depois de encorajarem-na mais, Yoona mostrou aos sunbaes o desenho que ela fez presenteando a equipe e carinhosamente disse que colocaria em uma moldura muito bonita.
— Então vamos tirar as suas fotos com nossa equipe completa antes de irmos almoçar! — comentou.
Bong Cha tirou fotos com o pai e em cada um dos lugares que visitou no prédio, mas sem dúvida aquela foto com todo o time 77 ela faria questão de emoldurar também. também tirou uma fotografia sozinha com a menina e seu pai.
— Bong Cha! Você tem instagram?
— Tenho sim unnie! Mamãe... Digo, papai e titia que supervisionam agora. Mas, eu não me mostro muito porque... Bem... Eu não gosto muito que as pessoas me vejam... — Bong Cha comentou envergonhada.
Todos entenderam que a verdade era porque a garota se escondia dos ataques preconceituosos que poderia sofrer expondo-se na internet, já que, além de cadeirante, ela era muito bonita. Os traços e a pele de Bong Cha eram exatamente o padrão de perfeição coreana, mas suas pernas não. ficava revoltada em pensar o quanto aquela sociedade era cruel e absurda em alguns aspectos, o que não era algo generalizado, mas ainda havia traços muito presentes do preconceito dos mais antigos!
— Eu gostaria de postar nossas fotos no meu perfil e te marcar. Poderia? — perguntou e a garota assentiu risonha e alegre.
A escritora seguiu a jovenzinha no instagram, e também pediu a ela seu número de kakaotalk, com a promessa de que Bong Cha mantivesse segredo do número pessoal dela. E pelo kakaotalk, enviou todas as fotos tiradas daquele dia para a menina. Foram para o restaurante todos juntos, almoçaram animados e ainda no estabelecimento, tirou mais fotos com a menina e postou algumas em seu story. Em poucos minutos já tinham muitas curtidas e comentários positivos dos fãs da escritora na postagem com Bong Cha. E a pré-adolescente também se espantou quando viu a crescente de seguidores no seu instagram. Animada com aquilo, Bong Cha viu que alguns colegas da escola estavam deixando comentários positivos e até mensagens no seu kakaotalk sobre a sua postagem.
— Appa! Olha! — Bong Cha mostrou animada as mensagens das colegas — Minhas amigas da escola viram a nossa foto!
— Uwa! Você tem amigas na escola nova, Cha? — O pai perguntou surpreso.
— São só duas colegas appa... Eu não queria muito, no começo ficar perto delas, mas a Hyo e a Pam são mesmo muito engraçadas...
— Aigoo, Bong Cha! Não sabe como seu appa fica feliz de saber disso! — O ahjussi sorriu abraçando a filha.
— Achei que um empurrãozinho para a popularidade dela poderia ser uma coisa boa... — sussurrou para Chang que sorriu de volta à amiga. — E sabe, Chany... Conhecer a Cha me deu uma ideia para algo na Jinju.
— Acho que tivemos a mesma ideia então!
Chang respondeu de volta e os dois continuaram observando a animação da garota em conversar com sua equipe. Eun Hee era a unnie mais parecida com ela, e Bong Cha não parava de conversar animada com a ilustradora, e claro, com seu oppa Hiro.
O almoço foi uma das memórias mais inesquecíveis que a jovem garota passaria a ter, e o ahjussi Si Woo notou que a boa ação de , poderia ter recuperado algo dentro do coração de sua filha, que desde a partida da mãe ele não conseguia reacender: a alegria.
35.
Na saída do restaurante em que almoçaram juntos, a equipe 77 despedia-se de Bong Cha e Si Woo com muita felicidade. A menina estava muito feliz porque eles disseram-na que poderia se considerar amiga de todos eles, a “mascote” do time 77. Bong Cha adorou aquilo, e mais ainda o fato de ter sido seguida de volta por cada um deles no instagram e trocado telefones. Os membros da equipe sentiram-se até um pouco “celebridades”.
O carro do senhor Si Woo partiu com a menina acenando animada pela janela e todos os outros acenando de volta com sorrisos e comentários de “até breve”, e Chang guardou o celular no bolso, onde havia acabado de receber uma mensagem. Cutucando o braço de informou:
— A senhora Nala preparou um jantar de boas-vindas para você, com a equipe da empresa. — Falou discreto para não dar bandeira sobre a relação de com os BTS.
— Pelo visto, em breve teremos que fazer um jantar de despedida da nossa sunbae escritora... — Yoona comentou ao notar a conversa de Chang e e todos os colegas atentaram-se ao assunto.
— Não fala isso Yoona, se não eu choro. — pediu em tom de brincadeira, mas também sabendo que seria difícil se despedir.
— Então já assinou mesmo com outra empresa, sunbae? — Eun Hee perguntou com voz desanimada.
— Assinei, mas não tenham pressa de se verem livres de mim. Chang já ajeitou tudo com a diretoria da ME e eu fico com vocês até o final do ano, afinal temos projetos para finalizar. Mas, também já iniciarei algumas reuniões de planejamento com a nova empresa...
— Podem dizer qual é a empresa? — Ailee perguntou.
Chang assentiu e respondeu a eles:
— agora é agenciada pela BigHit. — Os colegas de equipe se entreolharam confusos, pois, a empresa era do ramo musical, o que faria ali? Chang se adiantou em explicar antes da chuva de perguntas: — Eles se interessaram em apostar em algo novo, e principalmente na como modelo e influencer. Talvez, futuramente ela atue como roteirista para projetos de alguns grupos.
— Minha nossa, sunbae! — Hiro bateu palma animado com uma expressão de surpresa e abraçando-a pelo ombro cochichou no seu ouvido — Você vai ver de novo os BTS de pertinho! Uwaaa! Já pensou se fisga um deles?
Chang abaixou a cabeça segurando o sorrisinho debochado e perguntou ao Hiro:
— Quem você acha que faz o meu tipo, Hiro? Em quem eu deveria investir?
— Jungkook! Apesar de mais novo, eu acho que vocês dois tem tudo a ver!
— O Jungkook é meio ingênuo, não? Ele tem aquela pose de quem tem medo de mulher, embora eu ache que na verdade, ele seja caótico! — Eun Hee comentou implicante com Hiro e respondeu: — Mira no Taehyung, unnie! Ele é um príncipe e vocês fariam um casal lindo.
sorria curtinho, travessa em olhares cúmplices e divertidos com Chany.
— Eu iria no Suga. — Ailee falou — Há rumores de que rappers são muito bons com a língua, sunbae. Ops! — Ailee colocou falsamente a mão sobre os lábios ao zombar : — Acho que você já pode dizer sobre isso, não é?
Todos os outros encararam Ailee de um jeito surpreso. Ela era discreta geralmente, mas dentre a equipe era quem tinha a personalidade mais forte. Do Ho não se espantou com o comentário obsceno e como se já esperasse deu um peteleco na orelha da companheira de equipe.
— E você, Yoona? Quem acha que é o melhor partido ali? — perguntou para a outra amiga de equipe, geralmente, a mais calada.
— Namjoon. Apesar de jovem, ele me passa uma sensação de que será cada vez mais másculo. Além disso, ele é inteligente, atencioso e delicado. Gosto dessa mistura de virilidade com sensibilidade, e também é mais alto do que eu. Homens mais altos são charmosos.
Hiro gargalhou depois que Yoona falou aquilo e Eun Hee fez um careta para ele o beliscando para se calar do que ela também percebeu, mas Hiro não segurou a língua:
— Está descrevendo o Namjoon ou o Do Ho, noona?!
— Aish! — Yoona resmungou olhando Do Ho ao seu lado de cima a baixo e agindo com sua habitual falta de interesse: — Do Namjoon. Não era sobre o Do Ho que estávamos falando.
O rapaz que tinha um crush pela parceira de trabalho e não era nada escondido, suspirou já acostumado com o desinteresse de Yoona por ele. Do Ho então viu que Chang e começaram a caminhar para onde estavam parados os carros e perguntou, retomando o assunto anterior e seguindo-os:
— Sunbaes! — e Chang pararam e olharam para ele atenciosos — indo embora da empresa no começo do ano... Vamos ter que nos despedir de você também Chang?
Do Ho tinha um grande carinho e gratidão por Chang e nunca imaginou que um dia teria que se despedir do chefe amigo.
Como um estalo, Hiro percebeu o óbvio:
— Quando Chang começou a me treinar para as funções eu achei que seria promovido, mas não que o substituiria. Mesmo depois de dizer que a teria que sair da empresa, eu não imaginei que você também iria... É por isso que estou sendo treinado, não é sunbae? — Hiro comentou.
e Chang olharam-se e encararam a equipe, silenciosos, e também trocando por suas expressões, indagações sobre dizer ou não da Jinju naquele momento. Se olharam e encararam a equipe aos mesmo tempo três vezes, até que Ailee comentou:
— Por que ficam se olhando e olhando para nós?! Chang vai nos deixar também ou não!?
rompeu o silêncio ansioso e olhares aflitos da equipe, e explicou:
— Chang e eu pensamos que antes de sairmos deveríamos organizar vocês e prepará-los para as mudanças que vão acontecer. Por isso, Hiro assumiria a posição de líder da equipe. Ele trabalhou com Chang por todos estes anos como assistente dele, mais perto do dia a dia do trabalho e é quem tem melhor perfil para encarar esse cargo e suas demandas, o que faria sua posição de ilustrador diminuir um pouco, mas nada que ele já não tenha lidado quando várias vezes precisou cobrir o Chang em algo. — comentou.
— Pensamos também que Eun-Hee seria uma ótima opção para pegar o cargo do Hiro como assistente do líder de equipe, mas duas coisas nos atentaram. A primeira, que vocês dois implicam mais do que concordam um com o outro. E a segunda que, sem o Hiro como ilustrador, a Eun Hee desenharia praticamente sozinha e as demandas do trabalho de ilustração são bem maiores do que a escrita. Então Eun Hee permaneceria só como ilustradora no time. — Chang completou.
— Porém, ela não pode fazer tudo sozinha... — continuou — Analisamos que Yoona já se mostrou competentemente capaz de escrever junto com Ailee, o que permitiria que Do Ho trabalhasse como ilustrador com Eun Hee já que ele é ótimo nisso, e sempre foi nosso coringa. Além do mais, separando-se da equipe de co-autores não quer dizer que você não possa ajudar Yoona quando precisar, Do Ho. Você só estaria agora, no seu lugar de origem. Afinal, como Chang me lembrou, seu talento maior é a ilustração.
— Eu acho ótimo! Do Ho é excelente co-autor, mas eu já cansei de dizê-lo que o verdadeiro talento dele deveria ser mais aproveitado. Ele que insistia em ficar na cola da Yoona! — Ailee comentou. — Mas, e eu? Permaneceria na minha função?
— Sim Ailee, você ficaria com Yoona na equipe de co-autoria, mas também seria assistente do Hiro já que sabe lidar com ele como ninguém. O Hiro pode precisar da sua praticidade e racionalidade mais vezes, já que ele é um tanto passional.
— Eu sei mesmo colocar esse garoto nos trilhos. — Ailee comentou encarando Hiro com pose ameaçadora.
Ele, um tanto metido para cima de sua colega respondeu:
— Ailee noona, você seria minha assistente, portanto não mandaria em mim, ok? Eu quem mandaria em você!
— Ai nossa... — Eun-Hee levou as mãos à cabeça, massageando as têmporas ao reclamar implicante: — Song Hiro como nosso chefe e líder... Não, isso não pode ser real! Acabou, é o fim da equipe 77!
— Ei sua pirralha, eu sou um ótimo líder, ouviu?
— ! -ssi! , unnie!! — Eun-Hee pegou a mão de e começou a exclamar fazendo aegyo* causando constrangimento em todos, e risadas em : — Sunbaenim! Me leva com você! Eu não posso aceitar o Hiro como meu chefe, Sunbaaaaae!
Os amigos começaram a rir do drama que Eun fazia, enquanto Hiro já começava a implicar com a garota de novo, apontando o dedo na direção dela e começando uma típica discussão coreana e barulhenta. Enquanto e Ailee tentavam fazer os dois parar, Chang notou o olhar de Yoona sobre Do Ho que não parava de sorrir totalmente atento à discussão dos outros colegas. Do Ho raramente prestava atenção ao que acontecia no grupo, quando não estava concentrado em alguma outra coisa própria, ele estava observando as reações de Yoona. Chang pressentiu que as mudanças sugeridas para eles não agradaram tanto à Yoona e aquilo teria a ver com a possível ausência de Do Ho ao seu lado.
— Pessoal! — Chang chamou fazendo Eun-Hee soltar-se do abraço que dava em , e Ailee largar a orelha que puxava de Hiro. A equipe inteira se recompôs dando atenção a ele — Ainda ficaremos com vocês até o final do ano os preparando, ok? Não precisa de desespero. Como disse, nós pensamos juntos em sugerir essa organização visando o que de melhor há em cada um. Por isso, alguns vão dividir tarefas e outros não, e claro, são sugestões. Consideramos a opinião de vocês, então pensem direitinho e na segunda-feira estaremos de coração e ouvidos abertos, não é ?
— Isso mesmo! — A escritora colocou as mãos nos bolsos olhando para o rosto atencioso de cada funcionário: — Está sendo muito difícil imaginar que não estarei com vocês em breve, e nem o Chang. Mas, nós dois conhecemos o potencial de cada um e queremos deixá-los preparados para assumir um novo time 77, que não perca a essência que mantivemos até aqui. Chang e eu queremos ver vocês brilhando com seus projetos, e onde quer que estejamos nos sentir orgulhosos pelo nosso time e seus feitos, que com certeza ouviremos falar. Não queremos que a equipe 77 deixe de ser a equipe de ouro da Mangaká. E saibam que vocês sempre serão como uma família para mim, a família que me abraçou quando cheguei. Sei que sem vocês eu não estaria dando o passo que dou agora.
— Aigoo! — Eun Hee comentou já chorando, um tanto envergonhada e infantil ao ouvir a sua sunbae — Não é pra se despedir ainda, unnie!
Hiro também emocionado e choroso, limpou a lágrima que caiu de seu olho e puxou Eun Hee ao seu lado em um abraço consolador:
— Tem razão bobinha, então porque está chorando sua desenhista maluca?!
Ailee sorriu vendo a interação dos dois que há pouco se pegavam discutindo. Ela olhou para os demais e percebeu que embora emotivos, ninguém chorava exceto os dois ilustradores.
— Olha ele chorando também. Tem razão , Hiro é muito passional. Precisará de mim se for líder. Na verdade, acho que posso liderar bem melhor do que ele, que tal Chang? — Ailee provocou piscando para Chanyeol apenas para ver Hiro retomar sua compostura.
— Essa mulher é traiçoeira... — Hiro comentou no ouvido de Eun Hee com o braço ainda descansando no ombro da colega que ao notar a proximidade dele, ruborizou e o beliscou afastando-o.
— Também prefiro que a Ailee seja minha sunbae! — Eun Hee comentou. — Na verdade, eu gostaria que nada mudasse, mas entendo que é o futuro de vocês.
Ailee e notaram a reação de Eun Hee. Elas já desconfiavam há tempos que a garota gostava do colega de empresa, e maldosa como era, Ailee decidiu plantar uma sementinha em dois pseudo-casais:
— Mas sabe Eun... Você e o Do Ho vão se dar muito bem! O Ho é um excelente colega de equipe, além de super cuidadoso e dedicado. E os desenhos dele são inspiradores, você sabe. Acho que juntos vocês darão o match perfeito, não acha Do Ho?
Ailee olhou para o amigo caladão, que puxou o braço tatuado para trás da cabeça, coçando a nuca de um jeito tímido e com seu olhar sério e até um pouco frio, sorriu ladino e discretamente para a mais nova, dizendo:
— Trabalhamos poucas vezes juntos com alguma tela, mas eu me lembro de você ser ótima em aceitar as minhas sugestões, Eun. Nossos desenhos podem mesmo dar match.
— Sem falar que Do Ho é um colírio à parte! Talvez eu vá até sentir falta de passar horas trancada na sala com você, Ho. Sorte sua viu, Eun-Hee? — Ailee comentou lamentando e olhando a outra coautora mais velha: — Nossas reuniões de briefing não serão as mesmas, Yoona...
— Bem vamos ver. Até lá, você deveria aproveitar que tem até o final do ano trancada em reuniões de briefing com ele então! — Yoona comentou indiferente para Ailee e voltando-se aos sunbaes disse: — Podemos ir?
— Sim! Podemos! Eu tenho mesmo que me preparar para mais tarde. Você vai ao jantar, Chany? — perguntou.
— Irei, quer uma carona? — Chang perguntou.
— Quero para agora e para mais tarde!
— Então até segunda-feira sunbaes. — Yoona acenou e começou a caminhar mais rápido ao seu carro olhando para Ailee: — Você vem ou vai de carona na moto do Do Ho?
— Eu levo a Ailee, Yoona. Pode ir. — Do Ho respondeu indiferente como ela estava se fazendo parecer.
A mulher já branca ficou ainda mais pálida e acenou aos outros ajustando sua bolsa no ombro e descia a rua um tanto apressada, enquanto os demais caminhavam atrás, mais devagar.
— Ei, só eu achei que a Yoona ficou estranha? — Hiro perguntou.
Ailee e Do Ho se entreolharam e sorriram cúmplices.
— Ela ficou com ciúme. — comentou caminhando de braço dado com Chang que ria também — Será que antes de eu ir embora, eu verei você finalmente sendo aceito pela Yoona, Do Ho?
— Acho que não, sunbae. Yoona demorou muito...
— Ora, ora! — Ailee falou parando ao lado da moto dele e pegando o capacete animada ao dizer — Huan Do Ho finalmente vai desistir?! Pode me chamar para sair quando quiser, ouviu Ho?
Chang negou com a cabeça e riu fazendo uma posição de arminha com a mão e piscando na direção de Ailee como se ela desse um tiro.
— Nada de namoro entre a equipe até o final do ano! Temos muito trabalho para liberar! — Chang comentou baixando a mão de como se a repreendesse por apoiar a cantada de Ailee.
Do Ho ignorou o comentário de Ailee subindo na sua moto e a amiga fez o mesmo na garupa. Eun Hee e Hiro desciam a rua cochichando sobre Do Ho e Yoona e pararam diante do carro de Hiro para acenar se despedindo de Chang e . Assim que Ho passou pelos quatro buzinando, eles acenaram, e viram que Yoona ainda não havia saído com o carro. A mais velha esperou a moto de Ho passar e então ela saiu com seu carro, sem buzinar aos outros. Hiro e Eun Hee saíram na frente no outro carro, e Chang com seu carro abriu a porta para entrar, sendo eles os últimos a deixarem a rua do restaurante.
— Chany... — comentou dentro do carro com voz suspirosa — Eu não quero me despedir deles.
— Calma minha gigante... — Chang respondeu usando o apelido carinhoso que deu à há alguns anos — Até o final da semana que vem, podemos comentar sobre a Jinju e ver se eles gostariam de nos acompanhar.
— Eu não sei... Acho que eles não deixariam uma empresa sólida como a Mangaká para se aventurar em outra que está começando, mesmo sendo nós.
— O tempo dirá. — Chang pegou a mão de sobre a perna dela e apertou acariciando — Agora... — Começou a rir — Eles comentando do BTS tão inocentes sem saber que a senhorita já está atirando ali naquela horta há algum tempo...
— Que mal juízo, Chany! Eu sou apenas amiga dos meninos! Não faz nem uma semana que realmente comecei a beijar um deles.
— Te conheço! Com seu sangue latino quente, se eles topassem você pegava os sete, não ia sobrar nem o Yoongi na lista! — Chang zombou.
— Não tenho capacidade de negar, realmente. Acho que só não peguei o Yoongi lá atrás porque as coisas foram muito esquisitas.
— É que ele não deu espaço, praticamente te mobilizou a colocá-lo na friendzone. Embora, eu sei, você sabe, e todos sabemos que ele sente uma atração por você.
— Chang para. — pediu séria — De verdade, nós conversamos sobre isso pela última vez ontem, Yoongi e eu não temos este interesse um no outro. Ele me garantiu que não pensa em mim dessa forma e eu não quero lidar com este tipo de comentário de novo. Não quero, primeiro porque o Tae é o meu maior interesse amoroso agora. Segundo, porque já coloquei mesmo o Yoongi na friendzone, ao seu lado, inclusive. E terceiro, porque isso desgasta muito mais relações do que apenas a minha com o Suga.
— Friendzone ao meu lado é? Bem, pelo menos eu saio na vantagem! — Chang falou de um modo vitorioso e cretino encarando e piscando ao dizer: — Eu já fui seu namorado.
— Quando quer você sabe ser cretino... — gargalhou.
— Não tenho culpa se todo mundo já pegou você menos o emburradinho.
riu e começou um longo argumento de defesa sobre “não foi todo mundo que me pegou...” e saiu falando os nomes da lista de amigos que ela tinha que nunca havia ficado, não só dentro do BTS como fora. E também falou dos outros nomes que a interessavam, mas que ela não poderia contar mais se a coisa com Tae realmente engatasse. A conversa se estendeu entre risos e piadas dos dois amigos, inclusive Chang falando os nomes de algumas famosas que o interessavam, e zombando-o de que, quando ela fosse muito famosa arranjaria encontrinhos para ele.
[ xxx ]
estava pronta para sair de sua casa quando olhou pela janela e viu o paparazzi em frente. Provavelmente o mesmo que Yoongi comentou na noite passada.
— Mas que inferno! — Ela discou o número de Jay explicando-o quando foi atendida — Hey Jay! Eu vou demorar um pouco, tem um paparazzi na minha porta e eu precisarei despistá-lo.
— Baby, venha para o Nine One! Sabe que ninguém vai entrar, é o condomínio mais seguro.
— Jay, não faz sentido eu ir para o seu condomínio! Me deixe pensar um pouco...
— Ok, então, vá para Gangnam. A Jessi tem um apartamento lá, acho que está nele inclusive. Não seria estranho se você fosse ao condomínio dela.
— Mas aí, a minha visita para Jessi se torna um problema se você for visto entrando lá também! Precisamos de um lugar mais neutro.
— Não, precisamos de uma estratégia para eu não ser reconhecido entrando onde quer que você vá. Já sei, vá para o lugar original, a cafeteria que você sugeriu. Eu dou meu jeito de despistar o cara. A Jessi pode ir na frente e fingir que ela vai se encontrar com você, enquanto vocês estão lá, eu vou para casa dela. Assim, quando vocês chegarem juntas não vai ter problema.
— Nossa Jay sério, era só uma conversa... — revirou os olhos um pouco frustrada.
— É o show business, baby.
— Ok. Mas Park, eu realmente não posso demorar tenho outro compromisso a noite, então, se puder falar logo com a Jessi... Em todo caso, eu vou sair de casa agora e ir para o lugar.
— Deixa comigo, gostosa!
Park desligou a chamada e checou novamente suas coisas antes de sair de casa. Enquanto descia as escadas, viu que o paparazzi a percebeu e começou a tirar fotos dela de longe. colocou seus óculos escuros e entrou no carro que já havia chamado.
— Senhor, acho que tem um fotógrafo nos seguindo. Poderia despistá-lo antes de me deixar no endereço da corrida?
— Claro senhorita. Se não se importar, há uma rua atrás deste café, que é a entrada de um shopping. Posso deixá-la ali, a senhorita entra no shopping e saindo pelo subsolo, a senhorita consegue acessar a rua lateral do café. É um bom recurso se estiver sendo seguida.
— Ah, eu não sabia disso. Obrigado senhor, vamos com este plano então.
— Mas, a senhorita é famosa? — O motorista perguntou observando atencioso o semblante da estrangeira no banco de trás a fim de reconhecê-la.
— Bem, não muito. Eu sou escritora e tenho recebido alguma atenção deles nos últimos tempos.
— Entendo... — O motorista riu e comentou com ela de forma amigável: — Talvez a senhorita devesse contratar um motorista particular, de alguma forma é mais seguro contra esses perseguidores.
— É outra boa ideia, ahjussi. — respondeu com um sorriso simpático.
Tal como o plano do motorista, ela conseguiu despistar o fotógrafo e chegar na cafeteria. Pediu três cafés para viagem, dois americanos que ela sabia que Jay e Jessi gostavam, e um machiatto para si. E logo que pegou a caixinha com os cafés prontos, Jessi apareceu na porta do lugar que estava bem vazio.
surpreendeu-se com a rapidez, vendo a amiga entrar com um rabo de cavalo baixo, óculos escuros e um conjunto de moletom no corpo, ela ergueu a mão para Jessi.
— É aqui que há uma cinderela para ser resgatada? — Jessi sorriu largo mostrando seu lindo sorriso e já chegou puxando em um abraço.
— Hey Jessi! — A escritora sorriu de volta e agradeceu ao atendente que ficou olhando boquiaberto para Jessi. — Vamos, não quero correr risco de descobrirem um dos meus lugares preferidos.
— Eu te dou um beijo se prometer ficar calado e não tirar nenhuma foto. — Jessi comentou para o rapaz que a reconheceu.
abriu a boca em choque sem acreditar no que ouvia, e o jovem acenou um tanto confuso e igualmente chocado.
— Quantos anos você tem? — Jessi perguntou.
— V-vin-te cinco. — O atendente respondeu.
— Bom. Então eu posso te beijar. Você quer?
— Jessica o que está fazendo!? — perguntou tocando a mão da amiga.
— Comprando o silêncio desse bonitinho.
Jessi respondeu, subiu no banquinho do balcão de joelhos ficando um pouco mais alta e puxando o rosto do rapaz com as duas mãos de forma calma, e depositou um selinho na boca dele. Como o atendente não correspondia e sequer tinha alguma reação, ela soltou-o logo e saiu puxando e acenando os dedos da mão em despedida ao rapaz, dizendo:
— Você prometeu!
sabia que não havia câmeras internas na cafeteria, apenas as externas da entrada, mas não duvidava nada se outra câmera flagrasse aquilo. As ruas de Seul pareciam um Big Brother.
— Você ficou maluca! Aliás, não! Você é maluca!
disse já dentro do carro de Jessi que gargalhava e começava a falar alto e divertida:
— Você viu a cara dele de garotinho assustado? Owwwwn, eu adoro um garotinho com medo! — Jessi ria — Mas meu amor, se eu não fizesse aquilo ele tiraria uma foto assim que déssemos as costas a ele, .
— Olha, eu realmente não sei se estou preparada para esse estilo de vida.
— Aproveite a sua privacidade enquanto pode! — Jessi sorria com os olhos apertadinhos, mas ficou séria aos poucos enquanto perguntava: — O Jay parecia ansioso quando me ligou, está tudo bem?
— Como chegou tão rápido, inclusive?
— Eu estava no shopping, coincidentemente. Mas me diz, o que houve?
— Primeiro, esse americano é seu. — entregou o copo e Jessi pegou-o com suas unhas enormes e cheia de penduricalhos que faziam rir. — Então, o que houve é que Jay e eu estamos dando um tempo e hoje ele queria conversar sobre isso. Na verdade, eu também tenho que contar algo pra ele.
— Ah não! — Jessi reclamou — Não acredito que a única mulher que eu aprovo que o Jay nos apresenta, já está terminando com ele! O que ele fez? Me fala, eu arrebento ele!
— Ele não fez nada... — riu — Quer dizer, acho que claramente ele se apaixonou e esse não era o nosso lance, entende?
— Amiga, mas por que não? Vocês dois são tão fodas juntos! Gray e eu comentamos isso outro dia, que achamos que você era a ultimate do Jay!
— Pois é, somos isso tudo, mas eu estou apaixonada por outro Jessi. Park e eu fomos o casual um do outro e eu já estava investindo e me envolvendo com outra pessoa. O Jay sabia disso e quando eu notei que ele estava se apaixonando, eu pedi um tempo. A última coisa que eu quero é magoar o Park, mas não dá para gente continuar desse jeito.
— What the fucking! — Jessi exclamou chateada — De quem é o pau que te tirou do meu irmão?
— Foi mal Jessi, mas eu não posso expor ainda. — justificou rindo por pensar que não foi o “pau” que a tirou de ninguém.
— Não, não, tudo bem! Imagina! Eu entendo! Mas... Posso tentar uma dica? — A mulher perguntou e deu de ombros. — É um BTS?
— De onde tirou isso? — perguntou já achando que a resposta seria o Yoongi.
— Primeiro porque o Gray me falou da desconfiança dele, depois porque o Suga apareceu lá na casa do Seong, e terceiro porque o Jay ficava repetindo semanas atrás: “eu não acredito que estou perdendo ela para aquele implicante do Suga!” — Jessi falou emendando a voz de Jay.
— Não é o Suga, nós somos só amigos. Mas ninguém acredita nisso pelo visto.
— Se você me diz que não é, então eu acredito! — Jessi respondeu batendo no volante como apoio feminino e depois sorriu largo de novo, com sua cara travessa pedindo pra : — Mas já que é amiga dele e estamos falando deles... Promete que me conta se pegar alguém dali?
— Minha nossa, mas por que o interesse?
— Eles são os intocáveis da Coreia, garota! — Jessi falou gargalhando — Qualquer mulher boa o suficiente para rodar naqueles parquinhos merece minha lealdade! Se eu fosse você, pegava todos eles! Não precisa nem ser um por vez! No dia que a empresa deles parar de palhaçada e deixar os caras fazerem tudo às claras, seria incrível se você surgisse dizendo “eu peguei os sete!”.
— E sou morta ou deportada no dia seguinte! — riu.
Jessi disse algo então que lhe pareceu muito providencial:
— Alguém tem que enfiar o pé na porta nesse nosso meio, sabe? O estigma que nos acompanha depois disso, não é bom, mas se você tiver bons fãs, você sobrevive. Eu sou atacada de diferentes maneiras pelos haters, mas não faria nada diferente. E pelo que vimos, seus fãs são uma base pequena, mas te amam, não é? O Jay nem poderia competir pela torcida deles, praticamente escorraçaram meu maninho quando aquela merda surgiu no ventilador, mas mostraram um padrão. Você sabe né?
— Sei, minha equipe comentou isso... Os fãs me querem com um principezinho, pelo visto.
— Tenta sair com o Cha Eun! Ele é o rostinho adorável da Coreia, seus fãs com certeza vão apoiar e ir à loucura, mas ele é novinho... — Jessi ponderou: — Ainda acho que quanto ao BTS você também teria apoio do seu público, mesmo com os mais novos, já as fãs deles... É, seria algo à parte. Mas é esse o teu perfil, pelo visto: os bons moços.
— Eu não tenho muito um tipo ou idade específica, eu me conecto com personalidades.
— É eu sei, e gosto de você por isso. Você é autêntica ! — Jessi falou sorrindo orgulhosa e batendo na perna da amiga, mas logo sorriu sacana e comentou brincalhona: — As pessoas podem até te querer com os bons moços, mas que você é inclinada a um bad boy bom de cama, o Jay está aí para provar isso!
— Eu não tenho como negar. Eu pegaria outros da sua crew, sabia? — comentou e Jessi já ia gritar pedindo nomes quando interrompeu: — Mas agora eu estou focada nesse cara que... Sinceramente Jessi, ele torna tudo melhor.
— Uow! Ele deve ter um pouco dos dois então... Ser um príncipe e um canalha...
— Eu não tenho certeza, mas acho que é o equilíbrio certo das duas coisas.
— Me diga que não é o Gray e nem o Jackson Wang! — Jessi falou séria de olhos esbugalhados.
— Não! — gargalhou — Embora esses nomes estavam na minha lista. Mas, não é nenhum dos dois, quando puder contar, eu prometo te dizer!
— Ótimo, porque estou de olho no Wang e o Gray é o melhor amigo do Jay! Vou esperar ansiosa! Só pelo seu sigilo dá para ver que é um idol ou alguém bem influente e famoso. Dá para notar que é o tipo de relação que até para sair na mídia vai ser muito escondida, não é? — Com a pergunta de Jessi, assentiu apenas soltando um suspiro frustrado, e a amiga repetiu o mesmo que Jay no telefone: — Este é o mundo de quem está no palco do show, amiga!
— Eu estou começando a ficar preocupada, isso sim! Olha o que eu tive que fazer para ter uma simples conversa com o Jay! Não me sinto pronta realmente para essa invasão de privacidade! E logo... Eu ainda não quero me mudar, Jessi. Se eu tiver que sair da minha casa agora, que não é a melhor do mundo, mas é meu refúgio, eu vou ficar bem mal. Tenho um plano e não é o momento de adquirir os meus bens.
— Como assim? Jay falou mesmo que não entende porque você vive como na época em que era estagiária.
— Eu não terminei minhas coisas no Brasil. Não posso investir aqui ainda. Tenho algumas promessas e metas a cumprir por lá.
Jessi acenou sem aprofundar o assunto e entrou em seu condomínio. Assim que as duas subiram, a amiga fez questão de dizer que estaria do lado de e de Jay quando precisassem. Entraram no apartamento, Jessi agradeceu pelo café e falou que os deixariam a sós na sala indo para seu quarto com suas bolsas do shopping na mão.
Park estava em pé na sala comendo uma taça de mousse, com roupas de quem estivesse em sua própria casa. Se aproximou de depois de deixar a taça vazia na mesa e a abraçou, saudoso. Um abraço que ela achou que seria rápido, mas notou que ele não pretendia. Depois que Park sentiu todo o aroma dela que ele achou possível guardar na memória, soltou-se dela sorrindo e passando a mão em sua face.
— Ei, e aí gostosa? Tudo bem? — perguntou massageando a bochecha dela com o polegar e sorrindo admirado pelo sorriso de covinhas da .
— Eu estou bem, e você? Vai dormir aqui?
— Vou. Acho que é mais seguro para sua imagem eu não ser pego saindo, mas principalmente, acho que este será um café amargo demais e precisarei do apoio daquela maluca que entrou.
suspirou tocando o rosto dele e mordendo o lábio.
— Ah Jay... Não quero mesmo magoar você.
— Você não está me magoando, baby! Relaxa! — Ele puxou ela para se sentar no sofá e perguntou pegando a taça vazia antes de ir para a cozinha: — Quer mousse?
— Não, obrigada. Leva isso e volta, eu trouxe seu café.
Enquanto ele saía, o observava um pouco dolorosa. Não queria que as coisas terminassem com Park apaixonado por ela e tomando uma dispensa. E automaticamente, pensar em mais uma amizade estragada por um sentimento de amor unilateral a fizera pensar em Chang. Não foi nada fácil terminar com ele anos antes daquele mesmo jeito, talvez, com uma coisa ou outra diferente. E também pensou em Yoongi. deu graças aos céus por ele não estar apaixonado e ela não precisar ferir o coração dele. Assim como foi com Chang, ela era incapaz de deixar Yoongi sair de sua vida. Aquilo a machucaria muito mais.
— E então, como você está?
— Estou bem, mas e você Jay?
— Tudo na boa. — Ele pegou o café que ela trouxe e os dois tomaram alguns goles em silêncio sentados um do lado do outro, e trocando olhares tímidos, até Park ir direto ao ponto — Bem, não somos de enrolar. Eu te chamei para conversar porque eu pensei no que você disse.
— Jay, antes de você...
começou, mas ele segurou na mão dela a impedindo e sorrindo ao dizer:
— Espera. Não precisa se preocupar, baby. Sério! Eu cheguei a conclusão de que não estou apaixonado por você, eu só curti demais o que a gente tem e não queria mesmo parar isso, mas eu não cai no abismo!
— Você está tentando acreditar nisso, não é? Eu já sei algumas coisas Jay, e a Jessi confirmou minhas suspeitas.
— Bem, a Jessi é fofoqueira. — Ele riu divertido passando a mão nos cabelos —Não é que não senti mudanças, . De fato, o que a gente tem vivido é diferente, é leve, é gostoso, é síncrono... E eu me apaixonei mesmo, mas não é como se eu não pudesse superar o toco que você vai me dar. Não é amor, é uma paixão de quem não quer romper o que tem, mas também acho que podemos ser menos distantes nesse lance de só ser um casual sem importância. Acima de tudo ficamos amigos, e eu gostei disso, dessa coisa nova de uma mulher que dorme comigo ser também minha amiga e não só de ser uma noite e um até depois pela manhã.
ouviu ao Jay dizendo tudo de um modo tranquilo, e sentiu-se mal por ter que dizer o que diria a ele:
— Eu realmente não queria que as coisas acabassem assim entre a gente, sabe? Digo, eu preferia que nosso… — fez aspas com as mãos ao dizer: — “término”, fosse um acordo mútuo e sem desilusões assim como quando entramos nessa. Mas, infelizmente eu não posso te corresponder Jay. É como eu disse pra Jessi... Se não tivesse outra pessoa, se eu não estivesse apaixonada por ele, talvez nós dois seríamos um casal e tanto! A química, a amizade...
— O sexo perfeito. — Jay comentou cabisbaixo.
— Isso... — sorriu apertando a mão dele — Tudo o que você falou, é realmente... Não fomos a amizade colorida um do outro, fomos o colorido que virou amizade e seria ótimo continuar, mas... Mas eu tenho essa outra pessoa, e nós finalmente nos entendemos. Depois de todo aquele tempo de desencontros, o cara que eu estava muito a fim, se declarou e eu... Bem, eu não poderia não ser sincera sobre isso contigo.
— Ele tem sorte. Eu passei esses meses tentando fazer você enxergar que talvez a gente pudesse ser mais.
— Eu sei Jay, eu percebi. Mas confesso, não queria parar com você o nosso lance então fui fingindo que não via cada vez que você me sondava, cada vez que perguntava o que eu sentia pela outra pessoa que eu não gostava de falar a respeito. Cada vez que você insinuava uma mudança futura na nossa rotina, como...
— Conhecer meu círculo.
— É. Aquilo foi um alerta muito grande, mas eu só desconfiei mesmo depois da festa do Seong. Ali eu percebi que você não estava caindo no abismo, você já estava nele só me gritando pra me jogar também. — Jay ia interromper ela para dizer que não havia sido daquela forma, tentar a convencer de que não era tão intenso o que ele passou a sentir, mas o impediu colocando um dedo nos lábios dele e continuou: — Não adianta mentir. Você pode até achar que essa paixão é coisa boba, e pode até ser, mas pra mim já é algo intenso justamente porque é unilateral. Por isso me sinto culpada, acho que de certa maneira eu não quis evitar que você se jogasse, porque achei que se tudo desse errado do outro lado, eu teria você.
— Não me importo em ser estepe para você se esse cara te decepcionar... Eu acho que a qualquer momento que você queira, eu ainda vou te querer, baby. — Jay comentou sincero — Tudo contigo foi diferente e nem sei quando isso começou, só sei que... Você me fez querer dormir contigo e só contigo enquanto estávamos juntos, e não sentir falta de ter alguém para conversar depois do sexo sobre as coisas mais bobas e triviais. Você me reconectou com o Jaebeom, sabe? E não só com o Jay Park pegador.
mordeu o lábio, culposa.
— Jay... — Ela soltou seu copo de café e ele também, e então ela o abraçou sendo correspondida — Me desculpa!
— Hey baby! — Ele riu a puxando para sentar no seu colo, rindo de um jeitinho como se tentasse animá-la e com a mão na nuca dela afirmou: — Não pode se sentir culpada por ser tão incrível a ponto de qualquer parceiro se apaixonar por você ! Você é diferente de todas as mulheres porque nos deixa confortáveis, é madura ao ponto de nos ensinar que tudo bem se a gente se despir pra você até nas vulnerabilidades. Consegue ser uma amiga antes de qualquer coisa e isso faz qualquer relacionamento ser mais do que a guerra dos sexos. Por isso é fácil se apaixonar por você! Você é uma amiga maravilhosa, uma amante maravilhosa e quem é louco de não querer uma pessoa maravilhosa assim do lado?
abraçou Jay ainda mais apertado e sentiu que ele afagava suas costas, apertando-se no abraço dela também.
— A gente não pode nem se despedir, não é? Você e ele já estão juntos, certo?
— É, eu peço desculpas por isso, mas se eu te beijar não é correto agora. Eu assumi essa exclusividade para ele.
— Então ele te pediu em namoro?! Achei que ele dormiria ainda mais no ponto!
— Podemos dizer que é um namoro coreano. — comentou fazendo referência ao fato de que na Coreia não existe “ficar” e explicando: — Você sabe, eu encaro como um “ficar fixo”, ou como você diz “being exclusive”.
— Espero que não completem os cem dias. — Jay comentou sincero sobre o período de comemoração de um namoro coreano — Não é pela sua infelicidade, é só que eu acho que o Yoongi não está a sua altura!
— O Yoongi? — franziu o cenho confusa.
— Qual é baby! Sei que tem que manter o sigilo, mas, não precisa fingir para mim que não é ele, ok?
suspirou e saiu do colo de Jay sorrindo e revirando os olhos.
— Pela última vez Jay... Não tenho nada com o Yoongi! Meu namorado não é ele.
Park viu que ela falava a verdade e sua postura mudou totalmente. Uma coisa era desistir da sabendo que o rival era o Yoongi, que tinha a única e exclusiva vantagem de ser melhor amigo dela. Outra era desistir sem conhecer o inimigo que poderia muito bem saber o mesmo sobre ela ou até menos.
— Então eu ainda vou conhecer o meu rival no amor?
— Sem essa de rivalidade, Park! — corrigiu e suspirou ao dar de ombros e dizer: — Mas conhecê-lo... Um dia, quem sabe...
— Eu quero conhecer ele! — Jay afirmou assertivo. — E cumprimentá-lo, é claro...
observou o olhar competitivo de Park e o sorriso leve dele sentindo uma ambiguidade no ar.
— Essa sua expressão me faz pensar que o fato de não ser o Yoongi te deixou mais... Confiante?
— O Yoongi não é páreo para mim, acredite! Mas, ele é seu melhor amigo, e isso me faria recuar um pouco mais. Em respeito a você principalmente, já que disse estar apaixonada. Só que, se não é ele... Eu posso sim ter esperanças de que você pode perceber que ele não é tudo isso. Seja lá quem for o cara! Estar apaixonada por um melhor amigo é um nível diferente de estar apaixonada por um cara qualquer.
— Está declaradamente dizendo que torce para eu quebrar a cara, Park?
— Não. — Jay sorriu cafajeste e mordeu o lábio provocante ao dizer a ela: — Estou torcendo para que você se divirta, mas perceba logo que nós dois somos muito melhores. E que eu posso aprender tudo sobre você e seus gostos, e te satisfazer de outras formas, como acha que este cara será capaz.
— Você nem sabe o quão envolvidos ele e eu estamos, Jay! — protestou em tom ameno e levando as coisas que Jay dizia, na esportiva.
— Com certeza, ainda estão no início. Ele ainda não te tocou gostoso como eu toquei, porque se tivesse feito isso, você teria me dispensado antes já que ele quer exclusividade. Você estava saindo comigo, , esqueceu? Você me disse que não tinha saído com outro cara, apesar de querer, então, isso tudo é mais sobre o que você sentiu por esse cara e alimentou do que pelo que os dois sentem. Ele pode não se interessar mais, ou você, pode ainda se desencantar. Em todo caso, eu continuarei disposto a ficar contigo quando você quiser.
riu. Um riso um pouco ultrajado, mas tentou não levar aquilo como algo ruim, apenas como uma determinação sincera de Park lhe dizendo o que era óbvio na perspectiva dele, que afinal, não sabia quem era a pessoa que a fazia “romper” com ele, como não sabia até onde ambos estavam envolvidos.
— Por isso eu repito, eu quero conhecê-lo. Saber quem é ele e me preparar para ser a melhor opção no seu futuro, se você ainda me der chances.
Jay sorria ao dizer aquilo com tanta “inocência”, que mesmo sentindo a aura competitiva de um leão alfa tentando convencer uma fêmea ainda na paquera natural, não levou a sério. Ela preferiu acreditar que Jay estava na verdade, sendo ingênuo e bobo de propósito, para esconder a frustração de levar um toco.
— É, quando pudermos tornar público, você vai saber quem é ele. Bem, agora eu tenho mesmo que ir Jay.
— Já? Não podemos nem assistir um filminho?
— Se eu não tivesse compromisso mais tarde ficaria, você sabe! Até porque você perdeu a foda, não a amiga.
— Fico feliz de ouvir isso!
Jay abraçou de novo cheirando o pescoço dela e beijando seu rosto e gritou por Jessi que não apareceu. Ele reclamou achando que ela estava dormindo, mas Jessi estava conversando no telefone rindo tanto e falando tão alto que não o ouviu. Jay avisou que estava indo e a amiga surgiu para se despedir.
Jessi pediu que ela esperasse o motorista lá em cima, e os três conversaram mais um pouco antes do carro chegar e ir para casa. Em sua casa, tirou um cochilo até a hora em que teria que se arrumar para o jantar.
[ xxx ]
No dormitório do BTS...
— Kim Taehyung eu não acredito que você não vai contar para o seu melhor amigo os detalhes do encontro! — Jimin dizia como se estivesse bronqueando Tae, com as mãos na cintura.
Os dois estavam em seu quarto no dormitório terminando de ajeitar algumas coisas, pois, logo começariam a se arrumar para o jantar de boas-vindas da . Taehyung ainda estava escolhendo que roupa vestir no primeiro jantar com os amigos e a sua garota.
— Mochi, eu já contei tudo mais cedo! O que mais você quer saber?
— Detalhes, Taehyung! — Jimin sorriu com cara de menino travesso e fazendo a “mãozinha italiana” esfregando os dedos como se segurasse os detalhes entre os dedos — Detalhes! Eu quero saber do beijo na roda-gigante direito! Eu quero saber das suas estratégias, do jeito que vocês se sentiram e claro... A pegação toda na casa dela, afinal de contas, não é todo dia que você se enrosca com alguém! E se tratando da noona , ela é... — Jimin sorriu malicioso fazendo um sinal de curvas com a mão. — Com todo respeito, amigo!
— Você está parecendo o Jungkook! — Tae reclamou jogando uma camisa embolada nele.
E tal como a invocação do maknae, coisa que os amigos brincavam entre si: era falar do golden boy e ele aparecia; Jungkook abriu a porta do quarto com seus grandes olhos esbugalhados por ver Tae jogar algo em Jimin e pronunciando o seu nome.
— O que eu fiz agora?! — reclamou JK.
— Nada...
— Anda, Taehyung! Abre a boca! — Jimin reclamou jogando de novo a camisa nele.
— Não é possível que eu não possa ter privacidade nem em casa!
— Não vem com essa, Kim Taehyung! Eu sou seu melhor amigo!
— Como que eu vou contar esse tipo de coisa, Jimin!?
— Mas você disse que nem aconteceu nada explícito! Aigooo! Você mentiu?
Jungkook, que logo que chegou sentou-se em sua cama apoiando os braços para trás ficava olhando de um lado para o outro, de Tae para Jimin, que discutiam gritando um com o outro, mas não como uma verdadeira briga, e sim como era o jeitinho próprio entre os amigos de se implicarem. Às vezes, Taehyung e Jimin pareciam mesmo irmãos, não que todos não se considerassem assim... Jungkook interveio assim que entendeu o assunto:
— Eu não menti! Mas é claro que nós dois nos pegamos do jeito... Do jeito dela!
— Aish! — Jungkook murmurou interessado, mas com certo constrangimento — Você está contando o que não disse antes sobre o encontro?
— Não faz o ingênuo tímido, JK! Larga esse personagem que não estamos diante de câmeras, e a gente te conhece! — Jimin zombou.
— Conta Tae! O que é o “jeito dela”?
Taehyung viu os amigos lhe encarando ansiosos e Jimin sentou-se ao lado de Jungkook, em postura de atenção. Tae suspirou desistindo de resistir e então sentou-se apoiado à uma mesinha de estudos do quarto.
— Bem... O jeito dela... O jeito latino, eu acho. Nunca fiquei com garotas latinas, vocês sabem e as coreanas são mais... Como eu posso dizer?
— Passivas! — Jungkook respondeu.
Jimin olhou para JK e riu.
— Entendido, hein? Isso tudo foi a Yeri que te ensinou?
— Eu não estou mais saindo com ela! — Jungkook comentou — Mas podemos dizer que sim, ela é bem... Passiva.
Jimin gargalhou ao comentar com Tae:
— Taehyung, até o JK que é o mais novo, é mais adiantado do que você!
— É mas, vamos admitir Minie, o Taetae superou todos nós! A noona... Aish... — Jungkook sibilou um chiado entre dentes — Não é só uma gatinha, como é...
— Hey Jungkook! — Taehyung interrompeu ele, sério: — Vão me deixar falar ou não?
Os dois amigos soltaram risinhos e olhadinhas cúmplices pelo ciúme do amigo, e se calaram.
— A é muito atraente. — Tae falou sentindo o rosto ruborizar e evitando olhar os amigos, enquanto contava: — Ela é afetiva e não tem problema algum em demonstrar isso. Não sei se é a experiência romântica que ela tem a mais do que eu, se é a cultura, mas ele me deixou muito à vontade. Claro que tem também um lado fofo dela, em que ela ficou constrangida... A pontinha do nariz dela fica vermelha quando ela fica com vergonha ou... Ansiosa? É, acho que é isso... E o beijo dela é realmente diferente de todas as garotas que já beijei. Embora eu não tenha beijado tantas assim.
— Uoooow! Conta tudo! Não vem resumir não! Começa por onde deram o primeiro beijo e como foi! — Jimin, fofoqueiro que só apontava ao amigo ordenando.
— Seria na roda-gigante. Mas nós dois, desde o início ainda estávamos indo com calma porque tivemos aquela conversa dias antes... Acho que nós dois ficamos nos segurando para não parecer afobados, e fomos curtindo a presença um do outro, sabe? Confesso que eu mesmo não estava dando conta! Quando ela quase caiu dentro da cabine e eu a segurei em meu colo, a gente ficou tão pertinho que eu senti que estava sendo um idiota de ficar agindo como se finalmente beijá-la fosse quebrar meu coração. Eu acho que é isso... Foi uma das coisas que eu queria falar com a terapeuta, sobre o meu medo de me frustrar com um envolvimento romântico com ela, mas como eu diria se estava sendo escondido?!
— Porque você achava ou acha que vai se frustrar com a noona? — JK perguntou curioso.
— Ela é tão... Tão livre. Sei lá, a gente tinha tanta coisa que nos obrigavam, ainda obrigam, a ser diferente dos outros que eu fico com medo dela se sentir sufocada com as dificuldades de sair comigo. E aí, ela tem opções melhores e...
— Bobeira Taehyung! — Jimin falou cortando o discurso inseguro dele — Ela gosta de estar com você! Ela quer isso, e como você disse, a é livre! Ela tem uma coisa muito forte de ser dona das próprias decisões! Acha mesmo que ela cairia fora por causa de dificuldades se ela realmente quiser estar com a gente? Se fosse isso ela nem teria se tornado nossa amiga! Sabemos o peso que só estar do nosso lado impõe, mas, pera aí né! Então não vamos ter o mínimo de uma vida comum?
— É Tae... Deu para ver que ela queria muito isso e não é de fugir de problemas. Ela entrou aqui no dormitório escondido pra estar com a gente, pulou muro para passar mais tempo com você, fez questão de deixar claro o interesse dela em você mesmo com suas inseguranças... Não acho que a consideraria qualquer outra opção se quiser estar com você. — Jungkook completou.
— Pra mim, parece que ela só vai parar de sair com você, se e quando você não quiser mais. A é aquele tipo de mulher que vai até o fim quando quer alguma coisa. Dez meses que estamos convivendo com ela, já deu para saber, não é!? — Jimin encerrou.
— É. Vocês estão certos, mas eu estava com todas essas inseguranças até ter ela nos meus braços naquela roda gigante. Foi ali que eu notei que estou rendido e ficarei ainda mais, a ela. Ela é incrível!
— Tá, tá, mas e a pegada!? — Jimin comentou curioso de novo, e JK riu.
— Quanta curiosidade! — Taehyung revirou os olhos e suspirou continuando a falar: — Bem, nós quase nos beijamos ali, mas me deu um... Uma…
— Tesão! — Jimin definiu fazendo Tae concordar com a cabeça e JK esconder o rosto em um sorriso.
— Enfim, o pescoço dela era tão convidativo! Ela tinha o cabelo de lado e quando sentou no meu colo ficou tão pertinho, mas tão pertinho que eu não resisti e deixei um beijo ali.
— ISSO! — Jimin comemorou e ele e Jungkook começaram a se empurrar de lado animados como dois garotos colegiais na puberdade falando de garotas.
— Hyung! — JK comentou animado — Provocando a noona! Uiiii! E ela?
— Ela... — Tae sorriu bobinho — Ficou molinha!
Os rapazes riram e Tae continuou contando sem olhar para os amigos senão não daria conta de continuar.
— Depois disso nós só nos divertimos, dançamos coladinhos, mas eu já contei isso tudo... O que vocês querem saber fofoqueiros, sobre a pegação, foi... Na casa dela.
— É disso que a gente gosta! — Jimin falou rindo e se ajeitando mais na cama, sentando em posição borboleta para ouvir o amigo e JK se jogava na cama rindo de Jimin.
— Bom, na casa dela as coisas foram ficando mais tensas... Quero dizer, ficou mais difícil evitar sair dali sem beijá-la, porque chegamos encharcados pelo brinquedo do parque e precisamos trocar de roupa e a não tem muita cerimônia. Então ela falou para eu tirar a roupa e... Bem eu tirei....
— Uwaaaa!! — JK e Jimin gritaram juntos e depois começaram a bater as mãozinhas uma na outra rindo.
— Taehyung é esperto! Já foi mostrando suas potências! — Jimin gargalhou.
— Ei, ei! Não é nada disso! Eu só fui... Obediente com ela. — Tae olhou-os, maldoso, e riu — Deixem eu terminar! — Os amigos assentiram — Então ela saiu do quarto dela de pijamas… Tão linda natural, mas tão linda que eu senti meu coração até acelerar! Naquele momento em que nos vimos um pouco sem graça, ela me deu um roupão e quando chegamos perto quase nos beijamos. Só que ela estava hesitante, acredito que por minha causa. Por causa do meu pedido para irmos com calma. Vesti o roupão e ela quis me mostrar o espaço do terraço, por isso vocês me viram daquele jeito na foto. Lá no terraço deitamos juntos vendo o céu, e conversa vai, conversa vem, eu falei para ela que não queria ter interrompido o beijo... Então, ela ficou mais tranquila e me deixou beijá-la...
— Ah! Mas como que foi?!
— Jimin, você quer que eu narre exatamente tudo!? Da próxima eu filmo então! — Taehyung falou um tanto constrangido e impaciente.
— Então mostra! — Jimin falou como se tivesse uma grande ideia — Estamos estudando para ser atores! Vem aqui, Jungkook!
— Eu o quê?! — JK parou de rir do nada, ficando sério com os olhos esbugalhados.
— Vai Tae! Mostra como foi o beijo com a no JK!
— Eu não vou beijar o Jungkook, você ficou doido?!
— Ei, ei! Eu não quero! — Jungkook começou a se jogar mais para o final da cama fugindo — O Tae não!
— Tá com medo de não resistir ao charme do Taetae, né? — Jimin gargalhava puxando Jungkook pela mão e Taehyung começou a rir, descrente de como seus amigos eram idiotas. — Anda logo JK, o Tae não vai te beijar de verdade! É só uma cena, como um laboratório!
— Taehyung, você não se aproveita de mim não que eu não respondo por mim! — Jungkook falou em tom sério, mas brincando.
Taehyung levou a mão aos olhos e outra a cintura e reclamou:
— Aaaaaish! Vocês são tão idiotas!
— Mostra logo! Eu quero saber a sua performance! — Jimin ria implicante, mais se divertindo em constranger o amigo do que de fato curioso.
— Ok, eu serei um ator! Tá tudo bem! — Tae falou tentando se convencer. Expirou o ar que estava em seus pulmões olhando para o chão, e mudando drasticamente sua expressão envergonhada para uma séria: — Deita na cama, JK.
— Uwaaa! Olha como ele é ator! — Jimin murmurou, segurando o riso, mas realmente surpreendido com o talento de Tae mudar sua expressão tão rapidamente. — Olha como ele é sexy, JK!
Quando Jimin olhou para JK ele já estava deitado na cama todo desmaiado, olhando para Tae com olhos surpresos, mas completamente entregue. Jimin começou a rir, Tae também e JK justificou:
— Que foi? Se ele falou assim com ela, eu tenho certeza que a noona só deitou e abriu os braços! — JK gargalhou.
— Jungkook todo entregue! — Jimin gargalhou — Vai Taehyung, mostra!
Tae recuperou a pose e Jimin saiu da cama sentando na cadeira. Jungkook ficou deitado rindo travesso e, atento para o amigo fazendo Jimin rir ainda mais e Taehyung se controlar para não sair do personagem.
— Eu estava deitado do lado dela... — Tae se deitou ao lado de JK — E então me ergui um pouco sobre ela pra falar que eu queria que o beijo tivesse acontecido. — Ele se inclinou sobre JK que segurava o riso e Jimin nem piscava, atento na cena — Então depois que ela entendeu, a colocou uma mão no meu rosto...
— Vai JK! Coloca a mão no rosto dele! — Jimin ordenou ansioso como se estivesse vendo um drama.
Jungkook colocou a palma da mão no rosto de Tae ainda segurando o riso. E Taehyung continuou:
— Então eu também coloquei a mão no rosto dela... — Tae encenou e começou a se abaixar sobre Jungkook, mas levou o rosto até a lateral do rosto do amigo apenas, falando ainda no ouvido de Jungkook que apertou ainda mais os lábios prendendo o riso e apertou também os olhos os fechando — Nos beijamos e enquanto eu fazia carinho no rosto dela, ela colocou as duas mãos na minha cintura por dentro do roupão deixando um carinho bom ali.
Jungkook estava paralisado, e Jimin gritou:
— AAAAAAARRRRRRGHHHH! — e caindo no riso comentou ao ver JK estático: — Vai Jungkook! Você é a agora!
— Você tinha que estar aqui no meu lugar pra ver que não é nada fácil, Jimin! — Jungkook brigou, mas fez o que o amigo falou levando as mãos na cintura de Tae e pediu: — Não empolga não, Taehyung! Vou só deixar a mão aqui porque eu tô quase te beijando de verdade!
Então Tae começou a rir assim como os outros dois, e se concentrou em continuar contando rindo:
— E eu levei a mão na cintura dela, segurando ela com carinho e firmeza... — Taehyung tocou a cintura de Jungkook tal como fez com e o maknae se remexeu como se derretesse fazendo os três rirem ainda mais.
— Como que a noona ia resistir a isso!
Os três riam, Tae ainda estava em cima de Jungkook perto do rosto dele rindo e segurando a cintura do mais novo, que por sua vez, estava fazendo graça quase desmaiado embaixo de Tae sem o tocar.
Jimin gargalhava jogando a cabeça para trás, e não viu quando a cadeira tombou e ele caiu no chão todo desajeitado, no mesmo momento em que Namjoon abria a porta do quarto entrando e se deparando com a cena: Jimin esparramado no chão com cara de quem ria muito, Tae em cima do JK rindo quadrado e segurando o mais novo como se estivesse “pegando” ele e Jungkook totalmente imóvel.
— Ok, eu nem quero saber o que estava rolando aqui. — Namjoon falou saindo e fechando a porta, com a expressão de quem perderia os cabelos a qualquer momento.
— E aí, quem vai tomar banho primeiro? — Jin perguntou vindo com Suga atrás pelo corredor.
— Não sei, Taehyung está dando uns amassos no Jungkook e não sei porque o Jimin está assistindo. — Namjoon deu de ombros e saiu sacudindo a cabeça em negação, um pouco chocado.
— O quê? — Jin comentou assustado e trocando olhares com Yoongi eles foram até a porta e abriram vendo a mesma cena de Namjoon, porém agora, Jimin estava sentado no chão gargalhando e Tae e JK abraçados na cama gargalhando também. — Aigoo... Esses garotos não são normais. Eu vou tomar banho então!
Jin saiu e Suga parou no batente da porta e perguntou vendo a algazarra deles:
— O que estão fazendo? Por que o Namjoon disse que estava rolando uma pegação aqui?
— O Tae estava mostrando para gente como ele beijou a noona! — Jimin falou.
Suga franziu a sobrancelha totalmente descrente.
— Você o quê? — Yoongi perguntou entrando com a boca aberta.
— Vamos mostrar para ele, Tae! — Jungkook falou empurrando o amigo pra refazer a cena e Jimin zombou:
— Gostou né, Jungkook?!
— Pior que eu gostei! — Jungkook respondeu zombando, e os outros dois gargalharam.
— Anda, mostra Tae! — Jimin pediu.
Suga não entendia afinal que raios estava acontecendo ali. E quando Tae encenou e narrou tudo de novo sobre Jungkook, Suga foi ficando vermelho de constrangimento, até JK dizer:
— Aigoo! E depois desse beijo eu até já imagino o que você quis dizer com “o jeito latino” da !
Yoongi pigarreou e revirou os olhos dando de ombros e saindo do quarto.
— Aish, o hyung não gostou de ver o que você fez com a irmãzinha dele! — Jimin falou rindo.
— Já chega seus dois sem juízo! — Tae falou — Daí para lá, a gente ficou se beijando e se pegando ao estilo brasileiro e isso é tudo o que vou mostrar ou declarar para vocês!
Taehyung se levantou da cama, e Jungkook continuou rindo e se sentou fazendo um sinal de “joinha” para o amigo, Jimin abraçou Taehyung o parabenizando como se aprovasse o estilo do amigo, e os três foram se preparar para o jantar.
[ xxx ]
chegou no restaurante reservado com Chang ao seu lado. Eles caminharam juntos para a sala privada em que todos aguardavam, e quando a hostess do restaurante abriu a porta da sala; Nala, Bang, Sejin, Sarah, Hoon Kyu e Lauren prestaram atenção, enquanto os garotos continuavam falando sem parar entre si. Até que Taehyung notou quem havia chegado e sentiu-se inquieto e doido para levantar.
— Boa noite pessoal! — Chang falou entrando sorrindo e todo charmoso ao lado de .
— Olá meus queridos! — falou sorrindo animada.
Eles entraram e primeiramente Chang e foram cumprimentar os mais velhos. Começando por Bang, em seguida, Sejin, Nala, Hoon Kyu, Sarah e por fim, Lauren que para a surpresa deles chegou antes.
— Achei que não viria, Lauren! — comentou com sua advogada.
— A Sarah me ligou confirmando e eu esqueci de avisar ao Chang que viria. — Ela comentou fazendo uma careta culpada e falou aos amigos em seu idioma nativo: — I’m sorry!
— Tudo bem, que bom que veio! — Chang falou sorrindo e depois de beijar a outra colega da forma ocidental como estavam acostumados, eles foram cumprimentar os garotos.
Chang saiu sorrindo e apertando a mão, e dando tapinhas nos ombros de todos eles, mesmo de Yoongi que geralmente implicava consigo. E logo, Lauren sentou-se de novo ao lado de Sejin (coisa que notou e faria comentários depois), e a escritora deixou sua bolsa e sobretudo em sua cadeira, e foi abraçar cada um dos garotos. Eles sorriram largamente se cumprimentando e extremamente felizes.
— Ora, ora! É uma das nossas agora! Bem vinda, ! — Namjoon falou a abraçando e sorrindo com covinhas, recebendo o agradecimento, abraço e sorriso de covinhas dela de volta.
— -! — Hoseok falou alto e animado com as mãos para cima, repetindo o nome dela como um trava língua divertido — Bem vinda! Estamos muito orgulhosos de tê-la como colega de agência!
— Obrigada Hobi! Eu é que estou me achando por ser da mesma empresa de vocês agora!
— Noona! — Jungkook falou rindo como um coelho e abraçando ela todo fofo, colocando a cabeça no ombro dela como um garotinho faria no colo da mãe.
— Hey, coelho! — comentou fazendo um rápido cafuné em JK. Em seguida ela abraçou Jimin que sorriu animadinho dando o abraço apertado e “brasileiro” que eles faziam sempre entre si quando se viam.
— Finalmente alguém tão bonita quanto eu chegou nesta empresa! — Jin comentou abraçando a amiga.
— Agora não vai ter para ninguém Jin! Nós dois vamos ofuscar tudo com nossos lindos rostos! — Ela cumprimentou-o ao cair na pilha.
Yoongi estava logo atrás dele. E assim que os dois se viram sorriram tenros como sempre.
— Ei, Estranha. — Yoongi cumprimentou a abraçando e sussurrando no ouvido dela: — O domingo pode até ser do Tae, mas os sábados são nossos, huh?
— Oi, Estranho. — falou e apenas riu sem maiores comentários da piadinha do amigo.
Quando finalmente parou diante de Tae que estava ansioso para a abraçar, todos prestavam atenção neles. Ela abraçou o rapaz que a abraçou de volta sorridente, ficaram um tempo coladinhos e Tae olhava em volta. Ainda abraçado com ela, ele perguntou para Nala:
— Todo mundo sabe?
— É claro que sabemos! Se fomos nós que limpamos a barra de vocês! Vai, dê logo um beijo nela que sabemos que está ansioso por isso, e esse casal aí não é segredo para ninguém aqui! — A mais velha falou rindo e Hoon Kyu ao seu lado lhe cutucou.
Nala e Hoon Kyu olharam-se implicantes. Taehyung sorriu pelas costas de e ergueu a sobrancelha como quem dizia em uma expressão: “então tá!”, e soltando que sorria um pouco tímida, ele segurou o rosto dela com as duas mãos e se aproximou bem devagar da mulher, enfim selando delicadamente seus lábios.
Jungkook e Jimin começaram a rir e comemorar lembrando da cena do quarto mais cedo. Namjoon, Jin e Hobi olhavam um tanto orgulhosos do casal que nascia. Bang e os demais mais velhos sorriam como “pais sábios e babões”. Yoongi sorria ladino, sem encarar muito aos amigos, mas realmente feliz porque aquilo estava finalmente acontecendo diante de todos.
— Ei! É o primeiro beijo de casal abertamente de um de nós! E diante do Bang PD! — Hobi falou batendo palma.
e Tae não tornaram o beijo intenso, apenas leve e longo. Esfregaram a ponta dos narizes um no outro se encarando antes de se separarem totalmente, e Tae sorria como um bobinho, dando a mão para ela.
— Ok, troco de lugar com você, ! — Chang falou indo sentar-se ao lado de Yoongi para que ficasse do lado de Tae na ponta da mesa perto da porta.
36.
sentou-se ao lado de Taehyung e durante todo o jantar, a equipe e seus agenciados conversavam animados, comendo e bebendo. O assunto da mesa mais frequente, na verdade, era a turnê “The Most Beautiful Moment in Life”. Estavam todos muito ansiosos com aquele passo gigante na sua carreira crescente, e aproveitando que todos os olhares estavam atentos a Yoongi que contava sobre seus sentimentos com o trabalho feito e suas expectativas, Taehyung se levantou para ir ao banheiro. havia saído uns dois minutos antes para também ir ao banheiro, e lógico que a saída dele era uma estratégia. Achando o momento oportuno para sair furtivo, Tae não fez sequer barulho ao afastar sua cadeira.
Depois que fechou a porta de correr da sala privada que estava, Tae deixou que um sorriso travesso e animadinho esboçasse em seu rosto. Viu o corredor das salas privativas vazio e olhou para os lados a fim de achar os banheiros, e ao ver a placa a seguiu. O banheiro feminino era do lado oposto ao masculino, por isso, Taehyung esperava que não encontrasse nenhum contratempo na arte de “sequestrar” . Um biombo separava a passagem aos banheiros, e era o único ponto cego daquele corredor.
Ele ficou em um cantinho do biombo, onde não poderia ser visto por quem passasse em frente as passagens, sequer por quem entraria nos corredores das salas privativas, mas seria difícil explicar o que ele fazia ali se acaso alguma outra senhorita tentasse ir ao banheiro, pois, passaria por ele já que não teria outro caminho.
seguia tranquilamente pelo corredor de saída do toalete. Havia acabado de ajeitar seu batom e maquiagem após ter se fartado com a deliciosa comida do jantar. Caminhava elegante e tão despreocupada que não percebeu que um certo alguém a aguardava na saída, escondido no biombo até sentir a mão grande de Taehyung pegando em seu punho e colando o corpo dela ao seu. Mal teve tempo de reagir, porque os lábios de Tae estavam colados aos seus em um selinho misturado com sorriso travesso e os olhos de ambos esbugalhados se encarando. Ele com animação, e ela, com surpresa. Tae então apertou a cintura de e tocou no rosto dela de modo mais sério, e sua expressão foi perdendo o tom de travessura e ganhando contornos sensuais. Taehyung desceu os olhos aos lábios dela grudados no seu, e iniciou um beijo de verdade que lógico, foi correspondido com tanta vontade dela quanto dele.
— Taehyung! — riu baixinho e sussurrava ao se afastar segurando os ombros dele e olhando aos lados: — Ficou doido!? E se alguém entra aqui?!
— Por isso precisamos sair logo daqui!
Tae vestiu a máscara que estava em seu bolso, e esgueirando como um espião expert em fugas pegou a mão de a puxando para o salão comum do restaurante, e ambos saíam de cabeça baixa tentando ser discretos para uma porta lateral que ficava um pouco à frente dos banheiros. Era uma saída de funcionários do restaurante que dava para a rua paralela, onde geralmente as pessoas poderiam sair para fumar, e os funcionários para descansar ou por o lixo para fora.
— Eu não acredito que você não aguentou uma noite, Tae! — ria dizendo enquanto era puxada e os dois corriam um pouquinho para mais distante do restaurante — Onde está me levando, garoto!?
Tae ria como um garotinho pimpão todo cheio das travessuras em mente, e achava aquela uma das mais adoráveis faces do homem.
— Tem um bequinho ali!
— Como pode saber tudo isso? — perguntou e logo que entraram no beco, ela sentiu suas costas à parede do muro do lugar escuro, iluminado fracamente apenas por uma baixa luz de um poste próximo. — Você já conhecia este lugar, seu safado?
— Jungkook me deu a dica! Esse é o restaurante que o Bang mais gosta de vir com a gente. — Tae falou e deu de ombros, e antes que falasse qualquer coisa ele encostou seu corpo mais ao dela — Gostou disso?
— Acho que posso gostar um pouco mais... — sugeriu puxando os cabelos da nuca de Tae, e o colarinho de sua camisa para beijá-lo de novo.
Dessa vez o beijo foi ainda mais intenso sem qualquer preocupação de que seriam vistos ou flagrados. As mãos de Taehyung apertavam a cintura dela, ora entrando por baixo da blusa dela e explorando a parte baixa e nua das costas da mulher, ora acariciando os cabelos e nuca da mulher enquanto seus lábios desciam em beijos pelo pescoço da escritora. E , assim como Taehyung sentia-se cada vez mais necessitada de tocar a pele dele, explorar os sentidos e gemidos baixinhos e ofegantes de Tae.
Mas, se Taehyung achou que saiu escapando sem qualquer suspeita... Ledo engano do jovem artista. Assim que ele mencionou levantar-se de sua cadeira, Nala já estava ciente de suas intenções, apenas não parou de prestar atenção em Yoongi para não dar alarde. A diretora contou dez minutos em seu relógio, e achou engraçado que ninguém dava falta ou comentava sobre a falta do casal. Claro que Bang, ela, Kyu, Sejin, Chang e até as advogadas notaram a ausência demorada de e Tae, mas não falaram nada, apenas trocaram olhares e sorrisos entre si. Eram sorrisos do tipo: “e então Nala? Está seguro?”. E foi quando Sejin pensou em tocar a mão da diretora para falar algo, que ela, antes dele agir, já pegava seu maço de cigarro e um pacote de lenços de bolso na sua bolsa virando seu soju em um último gole.
— Nala, tudo bem? — Sejin perguntou preocupado.
— Eu vou fumar. — Ela comentou tranquilizando todos, mas não evitou dizer aos rapazes: — Acho bonitinho o jeito que vocês se unem pra nos distrair, Bangtan!
— Do que está falando, sunbae? — J-Hope perguntou sorrindo animado e alcoolizado.
— Não se preocupe Sejin, está seguro, é lógico. Os perímetros estão com nossos seguranças, mas esse é um jantar para as boas vindas da ... O Taehyung tem que aprender a segurar os hormônios também, não é?
E só então todo mundo reagiu demonstrando que já esperavam que Tae havia sumido com de propósito.
— O quê? Vocês acharam mesmo que nós não notamos o V se esgueirando atrás da escritora enquanto o Yoongi falava? — Sejin falou risonho aos rapazes do grupo que começaram a rir.
E Bang complementou:
— Sem falar que já fazem mais ou menos uns quinze minutos que os dois saíram... Por favor, pessoal, nós já tivemos suas idades.
— Aigooo! — Seokjin falou levando a mão ao peito aliviado — Se não tinha problema o Tae sair pra dar uns beijinhos podiam ao menos ter nos dito! Eu fiquei mais branco que esse arroz quando vi ele sair na hora que o Suga falava!
— Eu queria saber em que lugar ele foi se meter com a em um restaurante, porque no banheiro não dá pra pegar ninguém, é muito... — Namjoon começou a falar e todo mundo o olhou desconfiado, como se ele estivesse se entregando — Não que eu tenha tentado! A gente só vem aqui com a equipe! Eu só estou dizendo que o ambiente não...
— Já entendemos, Namjoon. — Hoon Kyu comentou desconversando e ergueu a sobrancelha para Jungkook que escondia um sorrisinho cretino atrás de seu copo. — Nala estava mesmo certa sobre você Jungkook.
— Aish! Sunbae! Mas o que eu fiz? — JK respondeu sorrindo.
Bang negou com a cabeça de um lado ao outro e todos permaneceram em uma embalada conversa, até mesmo Sejin e Lauren, que não passou despercebido por Chang, Suga e Hoon Kyu.
Nala saiu pelo mesmo caminho que e Tae, e ao sair pela porta lateral, olhou os dois lados da rua e atravessou, escorando-se no muro do estabelecimento da frente. Ela estava bem abaixo de um dos postes e acendeu o seu cigarro ali, em seguida olhou para cima e riu. Era lógico que os dois estavam naquele beco. Ela decidiu que terminaria seu cigarro e então daria um jeito de fazer o casal parar seja lá o que fosse que estivessem fazendo. Olhou o relógio e constatou: por Deus! Quinze minutos só beijando era muita coisa! Taehyung realmente havia se tornado um homenzinho com alguma experiência... A mulher deu uma tragada forte em seu cigarro e a porta do restaurante se abriu de novo, a surpreendendo com a figura de Hoon Kyu. O advogado olhou para a direção do beco escuro, a luz do poste em frente a ele piscava, e sim, se Nala estava ali, aquele era o lugar onde seus ratinhos se esconderam. Kyu levou as mãos aos bolsos da calça não evitando um sorriso de lado, nostálgico. Nala o encarava um tanto confusa sobre o que o amigo viera fazer ali.
Hoon se aproximava dela, olhando entre ela e o chão. O olhar da mulher era sempre tão impávido quando se tratava dele. Escorou ao lado de Nala e puxou um cigarro do maço que ela segurava em sua mão, a diretora revirou os olhos insatisfeita, mas cordialmente acendeu o cigarro dele com seu próprio isqueiro sem tirar os olhos de Kyu. Os dois encaravam-se suspeitos, naquela habitual aura entre eles.
— Se você tivesse os ensinado não fariam tão igual... — Kyu comentou apontando com um aceno de cabeça o local onde Tae estava.
— Como se você tivesse sido um santinho, não é Kyu? Eu me lembro muito bem de você se enfiar em uns lugares mais improváveis com a sua amada Han Lee.
— Eu não disse que fui santo. Mas sabe... Por mais que precisemos pegar no pé deles... Esse tipo de coisa... — Kyu soltou a fumaça para o outro lado de seus rostos e apontou de novo com a mão que segurava o cigarro, o canto em que estavam e Tae — Faz a gente sentir que está vivo, não é?
— O quê? Você se sente mais vivo seguindo jovens transando em buracos por aí? — Nala falou sarcástica — É, você deve estar mesmo muito morto por dentro.
Nala jogou seu cigarro no chão pisando nele e o apagando, irritada porque Hoon Kyu a interrompeu.
— Estou falando de... — Kyu segurou o punho dela quando ela mencionou virar-se para sair — Amor jovem e despreocupado. E de saber que eles tem uma vida normal, às vezes.
— Ora, ora... Você continua muito volátil, não é? Então agora garantir uma “vida normal” para eles não é um problema? Isso que está acontecendo agora com eles todos Kyu, tem a ver com os meus esforços, porque se eu bem me lembro os seus contratos eram baseados em...
— Tá, Nala! Já chega! — Hoon Kyu falou mais alto bufante — Será que pode separar um pouco o meu ofício de quem eu realmente sou?
— Quem você realmente é, Kyu? — Nala perguntou retórica, e na ausência de resposta ela bufou levando as duas mãos na cintura.
— Veio com o Sejin, não é? — Hoon Kyu comentou desconversando e a mulher arqueou a sobrancelha sem entender — Ele e Lauren estão se entendendo bem, não volte com ele. Não vamos atrapalhar, não é?
— Tudo bem, eu posso pegar...
— Eu te deixo em casa. E obrigado pelo cigarro. — Kyu cortou-a e disse antes que ela discutisse com ele: — Vá, eu estou começando a achar que não é ali que eles estão.
Nala suspirou estalando a língua e guardando o maço de cigarro no bolso da sua calça de forma irritada.
Um pouco antes da diretora mencionar subir, havia escutado a voz dela e com muita dificuldade tirou a boca de Taehyung da sua.
— Tae..
— Hmmm..
— Tae... Espera... — o separou, ambos ofegantes — Eu acho que é a Nala.
— Ai que inferno... — Ele xingou pela primeira vez na frente de , com uma expressão brava e sexy que estremeceu o interior da escritora todo.
— A gente continua isso amanhã, eu prometo. — comentou sorrindo beijando a boca dele de novo, e sentindo o corpo do rapaz prensar-se mais e mais ao seu, então ela precisou pedir: — Tae, para... Você precisa se recuperar!
Taehyung olhou para baixo e riu, sendo acompanhado por que encarou a ereção do garoto certa de que não ficariam só em pegações bobinhas da próxima vez.
— A culpa é sua. Quem mandou ser tão gostosa? — Ele sussurrou no ouvido dela e soltou um risinho cretino antes de zombar mais: — Eu sou apenas um garoto ingênuo , como você é má influência!
A escritora riu e o empurrou um pouco para ele escorar-se do outro lado do muro.
— Dá uma respirada aí santinho, acho que é mesmo a Nala! Não vai querer ser pego desse jeito, não é? — esgueirou-se para espiar a rua, e viu há alguns metros abaixo que era mesmo Nala e Hoon Kyu — Droga!
Taehyung malicioso aproximou-se pelas costas de , abraçando-a e fingindo olhar a rua quando na verdade só estava a provocando e cheirando os cabelos dela. Ele simplesmente amava aquele cheiro.
— Taehyung! — sussurrou o afastando. — Para! Hoon Kyu e Nala estão discutindo logo ali!
O garoto então respirou profundamente, sentindo-se menos empolgado do que antes, e começou a racionalizar junto com como sairia dali.
— Bem, a gente não tem muita escolha jagiya. Vamos ter que sair desse beco.
— Já está pronto? — comentou olhando para as calças dele e rindo.
— É, acho que sim. Não tem muito o que fazer, ele vai se acalmar assim que ver a cara brava da sunbae.
soltou um risinho e ajeitou seus cabelos e os de Tae. A luz do poste piscava, mas pela fraca iluminação ela passou os dedos em torno da boca dele para limpar seu resquício de batom e ele fez o mesmo com ela. Os dois então deram as mãos e saíram do beco rindo fraquinho e comentando o quão “adolescentes” estavam sendo. disse que o pior seria voltar para a sala e ver todo mundo com cara de quem sabia o que eles estavam fazendo. Nala já estava subindo um pouco a rua quando os viu saindo do beco e parou. Esperou eles se aproximarem e logo que pararam diante dela, a mulher comentou:
— Obrigado por me pouparem de ver o que não era necessário. — E olhando para o rosto manchado dos dois, ela suspirou escondendo um riso e puxou o pacotinho de lenço do bolso entregando a eles — Má escolha de batom essa noite, .
— Não achei que o Taehyung encontraria uma brecha.
— Sinceramente Kim! — Nala ralhou logo que a respondeu — Você não pode esperar alguns dias? Tem tanto hormônio acumulado assim?!
— Eu devo mesmo responder, sunbae? — Tae perguntou em falsa inocência.
— Calado garoto! Vai na frente! Não é como se todo mundo não soubesse o que estavam fazendo, mas os clientes e funcionários do restaurante não precisam desconfiar.
— Obrigado por sua tão eficiente proteção de sempre, sunbae! — Taehyung comentou rindo largo e abaixando-se em reverência a ela. Aproximou-se de e deixou um beijo estalado no rosto dela e falou antes de sair: — Te vejo lá dentro jagi, prepare-se para as provocações daqueles bobões.
— Vai logo!
comentou sorrindo, estando muito sem graça diante de Nala e observando alegre a descida apressada de Tae pela rua até a porta do restaurante. Antes de entrar, o rapaz acenou para Kyu um sinal de “fighting” e o advogado apagou o cigarro que fumava rindo para o mais novo.
— Ele é muito especial, . Todos eles, mas o Taehyung...
— Eu sei Nala. — comentou para ela — Eu sei. Não vou ferir o seu garoto, não farei mal a ele, tem a minha palavra.
— Espero que ele também não meta os pés pelas mãos com você. A fragilidade do Taehyung é um defeito e um perigo para ele mesmo. Mas, não vamos nos preocupar com isso por enquanto... — Nala falou certa de quem sabia exatamete o que viria a ser um problema do casal, mas sem querer delongar-se naquilo, ela perguntou sincera para a escritora que já tinha limpado o rosto: — Ele não vai aguentar ficar alguns dias longe de você não é? Então me conta logo o que ele está tramando?
— Domingos são nossos dias de ficarmos juntos, tudo bem pela empresa?
— Amanhã? Então ele não podia ter esperado algumas horas? — Nala falou alarmada — Os domingos de folga, não é?
— É, claro. É uma forma de, nas brechas de agenda nós nos conhecermos e passaramos mais tempo juntos. Amanhã por exemplo, pretendemos só ficar quietinhos em casa mesmo...
— Em casa sim, quietinhos eu duvido. — Nala comentou e assentiu — Obrigada por dizer. Não acho que ele não ia contar, mas até agora ele não falou nada. Enfim, vá logo, retoque sua maquiagem, mas se aceita um conselho, não use mais esse batom com o Tae por perto.
— Anotado! — riu — Até mais, vou entrar e aguentar as provocações. Agora eu sou a namorada do grupo, não é?
— Não sei, ele já te pediu em namoro?
— Não.
— Então não aceite esse título sem um pedido decente! — Nala apontou para a mulher advertindo em tom protetor.
— Nala... — comentou ao ver enquanto elas desciam a rua que Kyu ainda as encarava — Tudo bem por aqui? Eu achei que ouvi vocês discutindo.
— Ah sim, tudo normal, querida! — A mais velha acalmou a escritora ao explicar — Estranhe quando Kyu e eu não estivermos discutindo, ok? Brigar um com o outro é o nosso lance.
— Hm... Sei. Então ok.
assentiu e acenou para os outros dois, e entrou primeiro.
Hoon Kyu e Nala trocaram olhares silenciosos dando uns cinco minutos para a mulher ir na frente. E depois, Kyu desencostou do muro chamando Nala para entrar cortando o silêncio que havia ficado entre eles.
Quando voltaram para o salão de jantar reservado, Nala e Hoon Kyu notaram que os rapazes estavam zoando Taehyung e . A escritora respondia à altura defendendo ela e o próprio rapaz, enquanto Tae sorria abobalhado encarando ela.
— Bem, é hora da diretoria sair e deixar os garotos se divertirem sozinhos... — Bang comentou.
— Eu também já vou. — Lauren comentou, e mais do que prontamente, Sejin se levantou a acompanhando.
Kyu, Nala, Chang e Bang sorriram discretos. E aos poucos os mais velhos foram saindo, enchendo os garotos de recomendações sobre suas imagens e etc. Chang que havia ido com , combinou com Yoongi que ele daria uma carona para a amiga, já que ela não pretendia ir embora ainda. E já mal intencionado, Taehyung pretendia que ela dormisse com ele.
— No dormitório? — Yoongi perguntou para Tae que chamou ele em um canto.
— Não hyung, na casa dela ou... No seu apartamento?
— A casa dela com certeza deve estar sendo vigiada...
— Não está não. — surgiu no cochicho entre os dois os surpreendendo — Vamos para minha casa Tae, amanhã já ficaremos juntos por lá mesmo.
— Eu te empresto meu carro, volto pro dormitório de van então. — Yoongi comentou com .
A amiga puxou o branquelo pelo colarinho e deixou um beijo apertado na bochecha dele, e Yoongi fez cena de quem não queria o carinho dela. Taehyung sorriu e passou o braço pelo ombro da escritora. Todos foram indo embora aos poucos, e quando restou apenas os idols e , a zoação foi maior ainda assim que a mulher pegou a chave do carro de Suga no bolso do amigo.
— Uoooow! Alguém vai dormir fora com a namorada! — Hobi gritou rindo.
Jimin abraçou pelos ombros e sussurrou alguma gracinha no ouvido dela, que gargalhou e fez Taehyung implicar com o amigo.
— O que você está dizendo, Jimin!?
— Nada que te “diminua”... — Jimin zombou e começou a gargalhar com .
A escritora foi a primeira a tentar sair daquela zorra, pegou Tae pela mão o puxando pra fora e os amigos começaram a se levantar da mesa e sair em seguida.
— Boa noite pessoal, nos vemos na segunda! — Taehyung comentou deixando o burburinho atrás de si.
— Segunda? Que história é essa? — Namjoon perguntou, mas e ele já tinham saído.
— Domingos são do Tae... — Suga comentou revirando os olhos — O casal inventou um dia só deles.
— Mas é claro! — Jin ironizou segurando o ombro de Yoongi — Se ele não fizesse isso além de ter que lidar com agendas complicadas, teria que lidar com você roubando a presença da garota dele.
Yoongi recomeçou sua versão ranzinza e bêbada a reclamar com Seokjin das implicâncias dele, enquanto os outros riam e saiam barulhentos pelo restaurante até a van.
[...]
Depois de pegarem o carro de Yoongi emprestado e irem para a casa de , Tae e ela demoraram a dormir de fato. Ficaram a noite inteira acordados conversando sobre diversas coisas! Era como se eles quisessem tirar todo o atraso do tempo que ficaram sem se aproximar, e os assuntos nunca terminavam. Falaram de suas vidas particulares, as coisas que mais gostavam, o que estavam vivenciando na rotina atual, e neste momento foi quando Taehyung começou a compartilhar com a escritora as dificuldades com o grupo.
Tae e os demais membros do BTS, sentiam o escalonamento da carreira cada vez maior, era como se todo o trabaho duro do início estivesse dando os primeiros frutos reais, no entanto, ainda havia muita inconstância em questões comuns e pessoais. O assunto do namoro era só uma das várias questões que os amigos vinham sofrendo mentalmente, e portanto, as sessões de terapia individuais eram cada vez mais intensas. compreendia o que Taehyung dizia quando lhe confessava sentir medo de perder cada vez mais o controle da sua individualidade. Ela também estava sentindo este medo com a ideia de deixar a BigHit controlar sua carreira. Para ela, que sempre foi livre e autônoma em suas decisões era um tanto incerto saber o que o interesse de uma empresa como a BigHit poderia proporcionar. Sem falar que assim como o BTS ia crescendo, a BH também. perguntou a ele como estavam sendo o trabalho com o álbum da turnê, e Tae comentou que apesar de gostar do que fazia estava sendo um tanto doloroso, porque cada música era como tocar a alma e sentir nas próprias mãos as inseguranças dos amigos. Segundo ele, era como ver a nudez de cada membro dando adeus a quem eles achavam que eram.
Por tanto conversarem, os dois foram dormir às seis da manhã de domingo, abraçados e sem qualquer intenção maliciosa. E aquilo também era novidade para : sentir-se satisfeita em apenas estar nos braços carinhosos de alguém, mesmo que não rolasse nada.
Quando o dia chegou à uma hora da tarde, o casal acordou. Taehyung sorria abraçando como um urso percebendo ela tentar esconder o rosto inchado de sono, ele puxou a mulher pela cintura rolando-a por cima de si. ficou deitada sobre ele, e Taehyung mais do que rapidamente puxou a nuca dela iniciando o dia com beijos quentes que não aconteceram de madrugada.
— Que tal se a gente saísse para comer? — Ela falou após cessarem o beijo.
— Tem algum lugar por aqui que seja tranquilo? Não sei se quero exatamente um restaurante...
— Temos a pensão da ahjumma Jung. Fica algumas ruas acima, podemos caminhar a pé pelo bairro!
— Então ótimo! Vamos tomar banho e nos preparar!
Taehyung se virou para levantar e ficou o observando se espreguiçar na cama, com a expressão confusa. O que ele quis dizer com “vamos tomar banho”? Ela se levantou também e observou o garoto caminhar totalmente íntimo com seu cafofinho, em direção ao banheiro. A toalha dele usada na noite anterior já estava lá. levou as mãos no rosto, absolutamente constrangida com as ideias que passavam em sua mente. Quando Tae terminou de escovar os dentes ele tirou sua camisa e apareceu despenteado na porta do banheiro, vislumbrando escorada na parede do corredor com o rosto escondido entre as palmas da mão.
— Jagi? — chamou-a carinhosamente. — Tudo bem?
assustou-se e olhou para ele, vendo Taehyung sem camisa com o cabelo todo bagunçado de um jeito fofo e sexy, e respirou fundo ao responder.
— Ah, sim, tudo bem.
— Hm, ok! Você quer tomar banho primeiro? — Ele perguntou sincero.
percebeu que ele não estava propondo a ela então o que achou que proporia, e arriscou:
— E se a gente tomasse banho juntos?
Taehyung arregalou os olhos surpreso, mas animado. Não que já não estivesse empolgado desde a hora que acordou com a mulher ao seu lado, mas ela estava mesmo dizendo que eles poderiam fazer aquilo não é? Eles ainda não haviam transado, e mesmo depois da pegação no beco na noite anterior, Taehyung não sentia-se exatamente pronto para transar com ela. Mas não negaria que sentia muito desejo de tocar e por ela ser tocado de outras formas, então escutar a proposta dela visualizando o rosto da mulher avermelhado de nervosismo ou de excitação... Era demais mesmo para ele que era acostumado a ir com calma.
Tae saiu da soleira da porta do banheiro se aproximando dela e quando menos esperava os braços dele a puxaram para si, fazendo suas testas colarem e seus olhos se encararem cheios de um desejo novo. Taehyung escorou na parede do corredor e ávido beijou o pescoço dela delicadamente, enquanto suas mãos percorriam a lateral do corpo dela retirando a blusa de pijama dela para cima. se permitiu ser despida por ele e quando estava totalmente nua na frente de Tae, viu o rapaz perder totalmente as ações.
— Eu não quero que se sinta obrigado a isso, eu sei que não está pronto para algumas coisas ainda Tae... Mas, podemos apenas tomar banho juntos, conhecendo o corpo um do outro de outras maneiras... Você quer?
— Eu seria louco se não quisesse... — Ele sussurrou rouco sem tirar os olhos admirados do corpo dela, esquadrinhando dos seios até o baixo ventre dela — Minha nossa você é tão linda... Tão perfeita jagi!
— Pode me tocar como quiser, honi...
E depois de ouvir as palavras dela, Taehyung ficou surdo para qualquer coisa que não fosse seu pensamento gritando em sua mente: “beije-a”. Ele tirou as calças ficando apenas de cueca e puxando o corpo nu de para si, beijando com paixão o pescoço, rosto e boca da mulher, enquanto suas mãos de modo firme mas carinhoso apertava, acariciava e explorava as curvas dela. Os dois caminharam trôpegos para o banheiro onde, juntos entraram embaixo do chuveiro e se beijavam com ardência. Taehyung abriu o chuveiro sob suas cabeças e sua saliva misturava-se a agua do chuveiro enquanto sua língua lambia a pele do maxilar de .
A escritora sentiu aos poucos a ereção dele aumentando e livrou-se da cueca molhada dele embaixo do chuveiro. Nus, os dois continuaram se beijando, se lambendo, se apertando e aprendendo a explorar o corpo um do outro. queria muito mais quando beijou a barriga do rapaz escorado na parede e se abaixava para proporcionar a ele um sexo oral, mas Tae segurou firme a cabeça dela fazendo-a olhar para ele.
— Ainda não. — pediu.
entendeu e então voltou a mordiscar e beijar as coxas dele até o peitoral, onde quando estavam em mesma altura, Taehyung a abraçou e beijou a boca dela. Ofegantes pela adrenalina em seus corpos eles se encararam e o rapaz disse justificando:
— Eu quero, mas não assim e não agora. Se você não parasse eu me sentiria mal de nossa primeira vez ser assim... Apesar de ser muito sexy, não é debaixo do chuveiro que eu quero que você se lembre.
— Tudo bem meu amor, não precisa se justificar, eu vou no seu ritmo e tempo! — sorriu o beijando de novo. — Vamos tomar banho de verdade agora.
— Me deixa lavar seus cabelos. — Taehyung mencionou pegando o shampoo e começando a dar banho em que igualmente, esfregava o corpo dele.
Depois que eles tomaram banho, se arrumaram e foram caminhando pelo bairro a pé, disfarçados, lógico, apesar do movimento ser baixo. Haviam ahjummas gritando umas com as outras na vizinhança enquanto jogavam joguinhos, ou voltavam das compras da feira do bairro. Crianças corriam brincando pelas ruas e Taehyung sentia como se pudesse viver aquela vida para sempre.
— Agora entendi porque você gosta tanto daqui... É um ambiente muito familiar...
— Sim, eu gosto dessa atmosfera nostálgica de vida mediana de bairro e a familiaridade dos vizinhos entre si. É um lugar seguro, bom para criar filhos e... Mesmo dentro das diferenças me lembra um pouco meu país.
Taehyung assentiu observando o rosto risonho de , do alto da rua em que estavam por onde podiam ver parte do bairro dela. Casinhas coloridas, comércios pequenos, casais solteiros apaixonados, famílias unidas e simples, mulheres conversando, homens bebendo, idosos brigando ou implicando entre si enquanto jogavam Baduk, as idosas e suas noras e netas descascando brotos de feijão... Aquilo era quase como se Tae retornasse a Daegu.
— Eu me sinto em casa também... — Ele falou e sorriu agradecido a abraçando e beijando-a — Muito obrigado noona, por vir pra mim.
parou de beber seu suco de caixinha, escorada na grade da rua em que haviam parado pra observar um pouco o movimento.
— Obrigada por me deixar ir para você, Tae.
Ele segurou o rosto dela com as duas mãos e sorrindo de um jeito fofo e quase infantil, se sentindo lisonjeado deixou um beijinho na testa dela. Eles deram as mãos e continuaram caminhando de mãos dadas descendo a rua onde estavam, rumo a pensão que havia dito a ele que poderiam almoçar.
37.
— Min Yoongi! Você não tem vergonha nessa cara?! — A voz da ahjumma Min ecoou estridente na chamada — Oh! Aigoo! Oh, Deus! O que eu fiz para ter um filho assim tão ingrato!?
— Ommoni! O que está acontecendo? — Yoongi perguntou sonolento, bocejando em seguida e se situando de que acabava de acordar no domingo com uma ligação de sua mãe, que nem o próprio sabia como atendeu.
— Você se esqueceu do almoço de família de novo?! Oras, Yoongi! Já havíamos dito que estaríamos reunidos com seu irmão e Jinah hoje, e que aguardávamos por você e ! Sinceramente... Você não escuta o que eu falo ou apenas é um miserável ingrato?
— Omma! Eu só me esqueci... — Yoongi começou a se levantar da cama e garantiu: — Estou a caminho! É para ir à casa do Geum Jae, certo?
— Ande logo! Aposto como acordou agora!
A senhora Keung-Hee desligou a chamada após a bronca e Yoongi arrastava-se pelo dormitório. Os amigos, alguns já acordados, notaram a pressa dele em se arrumar e não conseguiam imaginar nada além de “Maya Cafrey” ou “ ”.
— Hoje é o dia dela com o Taehyung! Nem pense em atrapalhar, hyung! — Jimin falou com as mãos na cintura encarando Yoongi com a expressão audaciosa de uma senhora coreana.
— Eu não vou atrás da ! — Suga falou com tom entendiado e revirou os olhos — Eu me esqueci de que a minha família iria se reunir na casa de Geum Jae.
— E sem a ? Ora, ora, então a sua mãe já sabe sobre você e a Maya? — Hoseok perguntou e Seokjin que estava tostando pães, ficou de orelha em pé pela resposta.
— Não! Nada de deixar a minha mãe saber da Maya ou dos meus escândalos, ok? Vocês todos levem isso para o túmulo! E quanto à ...
— Espera aí! Você assumiu a , alguém que você diz não ser nada além de uma amiga para a sua mãe, mas vai esconder a Maya? — Seokjin perguntou diretivo o interrompendo, um tanto irritadiço. — Você realmente pretende esconder a Maya do seu mundo, mesmo agora que as cláusulas contratuais mudaram?
O clima entre os amigos ficou um tanto quanto tenso. Yoongi não entendia porque Seokjin protegia tanto Maya daquela forma, embora eles fossem melhores amigos um do outro há mais tempo do que ele conhecia a ficante. No entanto, Jin sempre parecia vigiar a vida particular de Yoongi quando se tratava de relacionamentos amorosos ou relações que pudessem se estender até a Cafrey.
— Eu não poderia a assumir mesmo que eu quisesse, ela não é nada além de uma amiga com benefícios e isso é o que ela me diz para acreditar, Seokjin. Agora, eu estou mesmo curioso... — Impaciente, Yoongi cruzou os braços se aproximando do amigo: — Por quê tanto interesse na minha relação com a Cafrey, Seokjin?
— Eu sou o melhor amigo dela e apresentei vocês. Eu não quero nenhum dos dois ferido nessa... Nessa coisa que vocês tem e mal pode ser chamada de relação.
O tom de Jin não foi agradável e Jimin rapidamente percebeu, assim como Hoseok e os dois trocaram olhares prontos a intervir com alguma mudança de assunto, mas Yoongi, extremamente confuso com os olhos apertados encarando Seokjin deixou devidamente claro:
— Então você já está errando, Seokjin, porque se não quer um dos seus dois amigos ferido deveria dizer para a Maya não me tratar como um objeto descartável, já que este é o nosso maior impasse.
— E por que acha que ela te trata assim, Yoongi? — Seokjin subiu um pouco o tom de voz irritado, surpreendendo os amigos quando largou de qualquer jeito a espátula sobre a pia e se aproximou ainda mais do amigo — Por que você acha que ela está te afastando? Será que não é óbvio para você? Ou está focado demais na burrada que fez abrindo mão da , e agora tentando tampar esse buraco com a Maya que não percebe o quanto você é pouco confiável para ela?
— Você está fora de si. Pelo visto, ter me acusado de desleal tempos atrás, jogando sobre mim uma culpa em relação ao Tae foi a sua confusão sobre quem realmente estava sendo desleal com quem.
Hoseok e Jimin se aproximaram dos dois os separando, não que eles estivessem brigando ou prestes a partir para agressões físicas, mas se os outros amigos permitissem aquela conversa acabaria em muitas mágoas, portanto, Jimin e Hoseok não demoraram em agir.
— Acho que os dois estão falando muita besteira! — Jimin comentou puxando Suga pelo braço para ir comer.
— Realmente, vocês dois tem alguma coisa a ser resolvida sobre essa tal de Cafrey, mas não farão isso desse jeito e nem agora! — Hobi mencionou sério tornando a guiar Seokjin até o fogão que ele havia desligado, para terminar de tostar os pães.
— Eu não tenho nada a falar da minha vida com a Maya para ele. E também não vou comer com vocês, minha família está esperando. Até depois Hobi, Jimin...
Suga mencionou nervoso e saiu do ambiente sendo encarado por Jimin e Hoseok. Seokjin ao se dar conta do que tinha feito, fechou os olhos com força e suspirou arrependido voltando a preparar o café de todos.
— O que deu em você Jin? — Hoseok perguntou assim que Yoongi saiu.
— Você gosta dessa tal Maya? Por isso fica preocupado em como o Yoongi vai tratar ela, é isso? — Jimin perguntou de modo analítico.
— Não é nada disso. Eu só... Desculpa pessoal, mas é que ela é minha melhor amiga e às vezes eu fico um tanto superprotetor com ela... Bom, eu vou chamar os outros...
Seokjin sorriu amarelo, um tanto constrangido e deixou Jimin e Hoseok com suas teorias.
[xxx]
Yoongi decidiu não pensar no que Jin havia dito a ele. Sequer queria imaginar porquê razões ele falava sobre os sentimentos de Maya como alguém que sabia uma parte de uma história oculta. Por isso, foi para a casa do irmão desprendido de preocupações. Já não bastava sua mãe que, certamente, implicaria pela ausência de . Assim que Geum Jae abriu a porta o recebendo com um abraço, Yoongi ouviu o grito empolgado da cunhada:
— Onde está a unnie!?
— Olá para você também, Jinah! — Yoongi comentou revirando os olhos e viu a mãe saindo da cozinha do irmão com um avental no corpo e pauzinhos mexendo em uma tigela constatando que sua ommoni havia tomado posse do almoço. Como sempre.
— Aigo, onde está a , Yoongi? — Keung-Hee imitou o tom frustrado de Jinah.
— Omma, ela tem a vida dela! E depois, por quê eu traria ela em um almoço de família? A senhora ainda não entendeu que...
— é da família, oras! — Geum Jae respondeu interrompendo o irmão, e a mãe assentiu.
— Exatamente! Se você é bobo o suficiente para não a pedir em namoro, eu lamento, mas a já é considerada da nossa família. Todos nós gostamos dela, Yoongi.
A senhora Min falou dando de ombros e Yoongi chocado respondeu:
— Quão mais estranhos vocês ainda conseguirão ser?
— Afinal, porque ela não veio com você? Geum e eu a convidamos, ela sabia que seria hoje. — Jinah interrompeu o assunto entre mãe e filho.
— Porque ela tem a vida dela, eu já disse! — Yoongi respondeu indo até a cozinha do irmão e fuxicando as panelas.
Geum Jae, Jinah e Keung-Hee o seguiram. A ahjumma Min continuou batendo os pauzinhos na tigela misturando uma massa líquida, enquanto Jinah batia na mão do cunhado o impedindo de roubar comida das panelas.
— Acho que o tonsen sequer sabia que havia sido convidada por nós... — Geum Jae respondeu com um sorrisinho de graça.
— Não mesmo! Vocês acham o quê? Que eu sei de tudo da vida dela e vice versa? Inclusive, da última vez que ela esteve com vocês dois — Yoongi apontou para o irmão e a cunhada — eu nem mesmo imaginava, esqueceram?
— Telefone para ela Jinah! — Keung-Hee ordenou — Ela havia confirmado, se não veio alguma coisa o Yoongi fez!
— Omma! Por que tudo é sempre culpa minha? — Yoongi perguntou ultrajado, e logo que Jinah começou a discar, ele tocou a mão dela a impedindo e contou: — Não incomode a ! Ela já tem um compromisso mais importante.
— Algum trabalho de última hora? É sobre algum drama novo? Me conte se souber de boas novidades Yoongi! — O lado fã de sua mãe se iluminou, e a ahjumma se aproximou dele dando passinhos animados e largando a tigela na mesa.
— Não, é assunto pessoal dela.
Yoongi suspirou e puxou a tigela que a mãe largou e provou a massa. Ao ver que se tratava de um creme para fazer charutinhos de repolho, ele pegou uma frigideira e deu as costas a todos dizendo:
— Aliás, achei que a comida estaria pronta! Eu vim sem café! — Suga reclamou virando-se e dando de cara com os três lhes olhando, analíticos. — O que houve?
— Jinah, Geum Jae, vão até a feira. Seu pai deve estar voltando e precisando de ajudas com as sacolas. Andem.
— Estamos em Seoul, shiommoni... Ele foi ao mercado e... Outch! — Jinah dizia mas levou uma beliscadinha do noivo que a arrastou para fora.
Yoongi e Geum Jae trocaram olhares cúmplices, e o mais novo logo suspirou ao ver sua mãe o encarar como se estivesse pronta a iniciar um sermão.
— Yoongi. Por que ela não veio?
— Omma, não acha que está sendo invasiva mais uma vez? É assunto particular dela, e eu não tenho o direito de sair fazendo fofoca!
Yoongi já estava sentando-se à mesa da cozinha do irmão, largando a frigideira e tudo o que iria fazer. Sua mãe retornou a cozinhar em silêncio, no entanto, aquele era o jeito da senhora Min Keung-Hee de se preparar para uma conversa longa. E ele já sabia onde aquilo iria parar: ela não desistiria até saber o que fazia.
— Ela está namorando, não é? — Keung-Hee falou direta e Yoongi arregalou os olhos um tanto surpreso. A mãe se virou olhando para ele, e sentou-se em seu lado, explicando com obviedade: — Eu realmente gosto dela Yoongi, e já havia notado que a estava apaixonada ou encantada por alguém em minha última conversa com ela. Me diz... É aquele tal Jay Park? Aquele que houve um escândalo tempo atrás? Ora, se for eu não posso acreditar! A é muito mais inteligente do que isso, esse rapaz não é adequado para ela!
— Ommoni, concordo totalmente que ele não é adequado para ela, mas isso não é da nossa conta, sabe? Quem é ou deixa de ser adequado para alguém... Para ser sincero... — Yoongi engoliu nervosamente sua saliva ao se preparar para dizer: — Nem a minha vida pessoal é da conta da senhora, então porquê a de seria?
— Yá! Moleque abusado! — Keung-Hee gritou dando um tapa na cabeça do filho e dizendo de forma altiva e autoritária entre puxões de orelha: — Como sua vida não é da minha conta!? Seu bastardo! Não ouse achar que esses costumes ocidentais se aplicam a você! Aigoo! Quanta rebeldia!
— Omma! Pare de me bater! — Yoongi pediu segurando com paciência as mãos da mãe, que estava muito nervosa, e ele tentou consertar: — Só estou dizendo que não sou mais criança. Eu sou adulto, viajo o mundo, trabalho e tenho responsabilidades o suficiente para arcar com as minhas próprias escolhas! Inclusive com as mulheres que me relaciono!
— Mulheres? Quantas são seu... Seu...?!
— Não omma! Foi modo de falar, eu só...
— Você só não entende que a sua profissão é um risco enorme para nossa família também, não é? — A mãe o interrompeu sincera e nervosa, tentou se acalmar ao respirar fundo e explicá-lo: — Estou falando de manter nossa cultura e tradições, Yoongi! Você sempre foi inclinado a quebrar regras, e seu pai e eu esperamos que o mundo pelo qual você está começando a dominar, não destrua nossos valores básicos!
— Isso não vai acontecer por eu viajar o mundo ou pensar um pouco diferente, ommoni. Aliás, algumas tradições são retrógadas, não é? Como por exemplo... Essa coisa de... A família arranjar um casamento! Isso não tem a menor importância, na realidade omma, ou não deveria ter!
— Não faça isso Yoongi, essa foi a única promessa que você me garantiu manter quando seu pai e eu aceitamos a sua escolha em sair dessa casa e ir atrás desse sonho seu!
A mágoa na voz da mãe se manteve e Yoongi notou que não era o momento de falar novamente sobre quebrar a sua única promessa antiga que ele fizera à mãe.
— Claro ommoni, claro. Entendo o quanto isso é importante, mas... A senhora não acha que eu posso escolher sozinho a futura mãe dos meus filhos?
— Não! Se soubesse, a Mirae não teria ido embora e agora, a não estaria namorando aquele rapper estranho!
— Omma! — Yoongi suspirou frustrado — Isso é tão contraditório pela senhora! Eu entendo que não tenha superado Mirae e o fato de que, felizmente, ela foi embora do país, mas... Essa sua obsessão pela ... Isso não faz sentido! Ela é estrangeira! A senhora abominava que eu...
— Anyo, anyo! Yoongi, é diferente! é uma mulher admirável apesar de ser estrangeira. Esse é talvez o único limite que eu consiga quebrar: ela ser a única estrangeira que eu aceitaria para esposa de um filho meu. Isso já é um rompimento enorme com a tradição familiar, mas sendo ela, eu aceitaria. Por vários motivos, mas o principal é porque com ela, você é melhor. Você gosta dela e eu não entendo como deixou que o tal Park a tirasse de você e...
— Ommoni, sequer vou falar do cunho xenofóbico das suas declarações... — Suga suspirou cansado de mal começar o debate com a mãe, então disse já direcionando o assunto em interrompê-la: — A não está namorando com o Jay Park! E ela sequer foi alguém a quem eu deixei que tirassem de mim, pois, ela nunca foi minha desse jeito que a senhora fala.
— Claro que não foi, você demorou tanto! Agora eu só não entendo o motivo. Por que, Yoongi, você negou para si mesmo o que estava sentindo?
— Eu não sentia na-...
— Não adianta mentir, eu sou sua mãe! Eu sei o que eu vi em você diante dela, Min Yoongi. — Keung-Hee se levantou ansiosa e incisiva sobre ele, que abaixou a cabeça envergonhado. — O que aconteceu? O que te impediu? Foi algo inegociável para você abrir mão do que queria, já que você não é esse tipo de pessoa que não luta pelo que quer até o final. Você não hesitou em abandonar sua casa e família atrás do seu sonho, então o que te fez hesitar com ela?
Yoongi engoliu um bolo de saliva que parecia entalar sua garganta. E olhando para sua mãe, ele estava pronto a negar as hipóteses dela de novo, mas não suportou o olhar de Keung-Hee. Eram aqueles olhos de decepção e medo que ele tanto evitava encarar de novo. Os mesmos olhos que geravam nele pronfunda cobrança e culpa, tal como ele confessou à melhor amiga quando estiveram juntos na casa da família dele pela primeira vez.
— Quem é o namorado dela, Yoongi? Quem é a pessoa que já existia antes de você e te impediu de ir em frente?
A mãe perguntou enfática, o encarando preocupada com o olhar de leoa a defender um filhote. Ao mesmo tempo, a ahjumma apostava apenas que aquilo poderia ser uma teoria sem fundamento dela, e jogando um verde colheria um absurdo. No entanto, ela colheu...
— Taehyung. Ela já pertencia ao Kim Taehyung, omma.
A verdade.
Keung-Hee fechou os olhos e abaixou a cabeça. Entendia tudo agora. O filho havia se apaixonado um tanto tarde por alguém que já estava aparentemente envolvida com outra pessoa.
— Você ainda gosta dela como um homem gosta de uma mulher?
— Não. Não, omma, não confunda. Eu só te respondi que ela sempre esteve ...
— Tudo bem, se negar que se apaixonou um pouco por sua melhor amiga é a forma que você encontrou de encarar a realidade, eu não irei mais tocar no assunto. — Keung-Hee identificou que Yoongi manteria a negação até o final e não o permitiu continuar declarando aquilo que para ela, era ridículo de ouvir: — Mas eu ainda acho que você deveria ser sincero com ela, com ele e principalemte com você. E ser sincero com o seu sentimento não significa iniciar uma guerra com o seu amigo por uma mulher, Min Yoongi. Apenas se trata de ser digno com todos, inclusive, com você.
A mãe o interrompeu e saiu da cozinha por um momento o ordenando:
— Vigie as panelas e prepare os charutos, por favor.
Yoongi sentiu que a mãe havia se retirado com lágrimas nos olhos e não compreendeu o motivo daquela situação, até que a voz de seu pai ecoou na cozinha assim que Keung-Hee saiu e ele entrou pela mesma porta.
— Ela não desejava que isso acontecesse com você.
— Appa, do que está falando? Por que a ommoni reage assim toda vez que acha que eu vou sofrer por algum sentimento romântico?
— Não é sobre isso. É sobre uma história se repetir. Mas isso é algo que só ela deveria falar com vocês... — O pai dele suspirou e deixou as sacolas na mesa, e tocando o ombro do filho perguntou: — Ouvi a conversa. Você está bem, filho?
— Cla-claro. Nada disso é assim tão grande quanto a ommoni faz parecer. Na verdade, eu não me importo mesmo. A atração que eu já senti pela foi uma coisa momentânea, de pele... O senhor entende não é? Ela é linda, é sexy, é agradável, interessante... mas, não a amo desse jeito e na verdade, só me aproximei dela para levá-la até o Taehyung.
— E então, as coisas saíram do seu controle. — O pai afirmou — Tudo bem, se precisar conversar com seu pai sobre mulheres, eu estou aqui. Não acho que deveria contar para sua mãe sobre seus casos.
— Casos? — Yoongi sorriu com bom humor, enquanto fazia o que a mãe pediu — Eu não sei o que o senhor anda lendo, mas é fofoca.
— Eu não li nada. Só estou me colocando disponível para o meu filho, oras. Quando quiser falar sobre ela, estou aqui.
— Ela? — Yoongi arqueou a sobrancelha e o pai sorriu com ar de quem sabia algo.
No entanto, os pais de Yoongi eram o tipo que plantavam sementes para colher frutos desconhecidos e se ele demonstrasse qual o fruto, perdia o jogo.
— O senhor vai saber quando houver alguma mulher, appa! Pode deixar que eu até prefiro contar primeiro para o senhor do que para a ommoni!
Pai e filho terminaram de cozinhar juntos, até que Geum Jae surgiu com sua mãe — já mais calma aparentemente,— e Jinah e elas não paravam de falar um segundo. O assunto era sobre e Taehyung. Keung-Hee havia contado para a nora, que reclamava muito por não ser Yoongi o namorado da escritora, assim como a sogra. Suga ao ver aquilo, começou a rir jutno do seu pai e irmão, afinal, elas nunca iriam parar. Isso já era um fato.
A família comeu e passou a tarde unida. Keung-Hee e Ha Jun, antes de se despedirem dos filhos receberam de Yoongi a notícia do tempo apertado que ele teria à frente. E só então ele compreendeu que aquela tarde foi uma armação de Geum Jae e Jinah com os pais, justamente porque a turnê começaria em breve e o irmão ficaria mais afastado ainda. Depois de esclarecer as datas das viagens, Yoongi abraçou os pais apertadamente e se despediu. Não sabia se os veria de novo antes da tour, mas tinha certeza de que passaria alguns meses sem os ver pessoalmente.
[xxx]
Alguns dias haviam se passado depois da conversa com o seu filho, e Keung-Hee ainda estava inquieta com a notícia recebida. Então, impulsiva como só ela, a mãe de Yoongi decidiu ir até a escritora. não entendeu primeiramente quando Eun-Hee informou que havia uma senhora Min, na portaria da empresa a esperando.
— Ahjumma Min? — perguntou baixinho, e viu a mãe de Yoongi de chapéu e óculos um pouco ansiosa de estar ali.
— Oh, querida! Uau, eu estou um pouco nervosa de estar aqui! — A ahjumma ria ao apontar os papeis de parede de ponta à ponta com os personagens dos romances de .
— Eu imagino... — A escritora também riu pelo modo fã que nunca se habituaria em ver na senhora Min. — Mas é uma surpresa receber a senhora. Aconteceu alguma coisa?
— Podemos conversar? Eu queria muito vê-la.
— Ah... Cla-claro! — falou um tanto confusa a convidando para seu escritório.
— Pode ser em outro lugar, querida? Algum lugar mais calmo e reservado onde eu possa ficar à vontade?
parou de caminhar, e concordou silenciosa.
— Eu estou com o carro do Ha Jun. Vamos? — A ahjumma Min apontou a saída.
Dentro do carro, as duas seguiram conversando sobre amenidades de rotina, Keung-Hee contou de sua preocupação com a viagem da turnê do BTS, já que seria a primeira grande tour deles. E a acalmava quanto àquilo reforçando todas as questões de que a equipe deles era maravilhosa. Diante da fala, a senhora Min estranhou que ela defendesse Bang e seus subordinados como se os conhecesse. E foi então que soube por , da mudança de agência dela. Foram conversando sobre o assunto até o parque Hangang onde era possível caminhar à beira do rio Han e apreciar a paisagem calma. Outras pessoas caminhavam e frequentavam o lugar para piqueniques, andar de bicicleta, brincar ou apenas estavam de passagem.
— Então você irá trabalhar na BigHit? — A senhora perguntou ainda surpresa.
— Sim, as coisas vão mudar... Na verdade, já estão mudando. No entanto, são boas coisas ahjumma.
— É, eu imagino... — Ela sorriu e pegou a mão da escritora se colocando a caminhar de mãos e braços entrelaçados com a mais jovem. — Você não foi ao almoço de domingo na casa de Geum Jae. Aconteceu algo?
— Ah... — arregalou os olhos envergonhada por seu deslize — Minha nossa, ommoni! Me perdoe, eu simplesmente não me lembrei de que havia confirmado! Minha nossa, aigoo! Que vergonha! O Yoongi também não comentou nada que me lembrasse e eu...
— Tudo bem, tudo bem, querida. — Keung-Hee sorriu batendo de leve nas mãos dela, como se a confortasse: — Nem mesmo aquele rebelde se lembrou. Tive que o acordar pelo telefone!
— Isso é tão típico dele. — comentou rindo e olhando com culpa pediu de novo: — Me desculpe! Mas... E então, ele foi?
— Foi. Foi sim. Foi até bom termos um momento com ele sem você por lá, apesar de que, todos queríamos que você estivesse.
— Prometo ir no próximo, mas eu acabei fazendo outras coisas no domingo... Na verdade aquela semana foi repleta de tantos acontecimentos que eu fiquei com a cabeça cheia.
— Foi naquela semana que você se reuniu com Bang?
— Exatamente. Naquela semana tratei de assuntos de trabalho e pessoais, e tudo foi acontecendo rápido demais.
colocou as mãos no bolso e deu as costas para a ahjumma brevemente enquanto caminhava até a frente da margem do rio Han. A senhora Min parada atrás dela, levou as mãos aos bolsos de seu casaco também e observava a jovem, silenciosa.
— Ahjumma... — começou um tanto preocupada em como aquilo iria parecer. O que era estranho e contraditório já que não devia nada à família Min e sequer havia alimentado qualquer esperança entre eles. — Eu, bem... Eu estou me envolvendo com uma pessoa e não é o Yoongi.
— Eu sei. — Keung-Hee falou sorrindo e, se aproximando lenta e amável até ela, parou a caminhada de modo que as duas, lado a lado pudessem se encarar e contou-lhe: — Eu ainda quero que você seja dele. Quero dizer... Eu ainda acredito que você e o Yoongi possam ter algo e quem sabe formar uma família, mas eu não posso te obrigar a corresponder os sentimentos dele, minha querida.
ia falar sobre aquilo de novo, de que ele não tinha sentimentos por ela, mas a ahjumma ergueu a mão demonstrando que gostaria que ela a esperasse terminar de falar, e obedeceu.
— Eu desejo que você seja muito feliz apesar de não ser o Yoongi. Tenho certeza que você escolheu um ótimo rapaz. O que importa é vocês serem felizes, eu só não posso ser mentirosa em dizer que não tenho esperanças. Acho que algum dia, você e Yoongi ainda poderão viver uma história. Não considere como se eu estivesse agourando o seu namoro, querida, eu só gostaria de acreditar muito que meu filho não vá perder o amor da vida dele por medo. E o amor da vida dele seria perfeito se fosse você, mas isso é só um dorama que eu escrevo na minha cabeça... Eu entendo que não posso escrever esse roteiro de vocês.
enxergou um ar de decepção e tristeza no rosto da senhora Min, no entanto, sentiu que ela estava sendo sincera. Lógico que ela lhe desejaria felicidades, mas seria hipócrita se mostrasse que estava satisfeita já que o tempo inteiro, o sonho dela era torná-la o par perfeito para o filho.
— Eu amo muito o seu filho, ahjumma. Mas não desse modo. Yoongi se tornou uma parte importante e insubstituível da minha vida e eu não quero nem de longe o perder.
— Eu sei. Vocês dois se amam de um jeito muito bonito. Apesar de ser um amor incompleto. Um amor que se complementa com outras pessoas, não é?
— Outras pessoas?
— Sim, ele me contou. Eu sei que é assunto pessoal, mas eu precisava entender o que estava acontecendo para Yoongi não assumir os sentimentos dele por uma mulher tão incrível.
— Então a senhora já a conheceu? — perguntou confusa. — Bem, eu não sabia que ele estava declaradamente apaixonado por ela, ele me parecia tão perdido ainda...
Keung-Hee compreendeu no mesmo instante que estava falando de alguém que não era ela, a jovem não havia entendido que a senhora falava dela e de Tae, e astuta, tentou colher:
— Eu não acho que ele a ame. Ele só está tentando organizar os sentimentos ainda. Não acha?
— É o que eu falei para ele fazer, sabe? Ele precisa entender o que quer de verdade. Eu ainda não a conheço, mas eles parecem ter algo especial que se atravanca pela falta de competência comunicativa do Yoongi. A senhora sabe... Seu filho não é tão bom com as palavras quando não se trata de escrever músicas.
— Como é mesmo o nome dela? Ele fez tanto segredo que quando falou eu não gravei.
— Maya. Maya Cafrey. Ainda não fomos apresentadas, mas se ela for uma pessoa boa para ele, é o que importa, certo?
Keung-Hee guardou o nome como se a sua vida dependesse daquilo, e as palavras lhe fugiram totalmente da boca. Yoongi estava envolvido com alguém que não fazia questão de contar à família. E ela logo notou que algum motivo muito sério deveria existir para isso.
— Ahjumma?
— Ah, é... Eu não confio nas escolhas dele. É bom ficarmos atentas. — Keung-Hee falou mais séria, o que imediatamente não ornou com a postura amável que estava diante de minutos antes. A escritora temeu por ter dado uma bola fora. Antes que conseguisse consertar alguma coisa, a mais velha disse: — Taehyung é uma boa escolha, isso podemos ter certeza. É um rapaz puro de coração e obediente.
— O Yoongi te contou quem era... — declarou baixinho só então compreendendo de quem a senhora Min falava ao mencionar “outras pessoas”. E mudando o assunto, assim como defendendo o namorado com um sorisso bobo no rosto ela encarou a mais velha e disse com vontade: — Ele é mesmo tudo isso, ele é maravilhoso!
A ahjumma sorriu feliz por ela, a garota parecia uma jovenzinha apaixonada. Pegando a mão de de novo, ela apontou uma barraquinha de pipoca e as duas foram caminhando de braços entrelaçados e falantes. teve a impressão de ouvir cliques, mas ao olhar ao redor não viu nada. Elas compraram a pipoca adocicada e seguiram de volta ao carro da senhora Min. Depois de convidar sem muito precisar insistir, a ahjumma foi conhecer a Mangaká e tudo o que se referia ao setor de , inclusive a sua equipe.
Quando viram a mãe de Yoongi ali, os membros da equipe 77 ficaram surpresos, no entanto, como já sabiam da entrada de na BigHit supuseram que as duas se conheceram por lá. Assim que Keung-Hee declarou a eles o quanto era fã da escritora e dos trabalhos da empresa, eles acharam que aquela foi uma ligação de casualidade entre as mulheres.
Keung-Hee foi embora, e a primeira coisa que fez ao chegar em casa foi ligar o computador e pesquisar: “Maya Cafrey”. Tudo o que veio depois disso, não caberia ser mencionado por ela. A informação ficou guardada como uma munição poderosa que ela só utilizaria no momento adequado.
[xxx]
Uma semana depois...
Taehyung estava cozinhando ou tentando cozinhar, de novo, com a ajuda de Seokjin. A cena de muitos meses atrás se repetia: estava indo ao dormitório para jantar com eles algo preparado por Taehyung.
— Isso já não deu certo da primeira vez, porque o Taehyung vai cozinhar de novo? — Jungkook comentou.
— Cala a boca, Jungkook! Ela adorou meu último jantar!
— Ela só disse aquilo porque queria te dar uns beijos, Tae! A comida ficou horrível! E no fim, a coitada dormiu no sofá e saiu sem umas beijocas! — JK lembrou fazendo todos gargalharem.
— E é por isso que agora ele vai tentar compensar a memória frustrante! — Jimin defendeu o amigo.
— Então a gente não deveria sair? Deixar o casal a sós? — Hoseok comentou.
— É sério que a comida ficou ruim? — Taehyung perguntou ignorando tudo, apenas preocupado com a informação principal: a comida não tinha mesmo ficado boa?
— É sacanagem, Tae! Ficou ótimo sim, o JK só está implicando. — Seokjin confortou.
— Um desperdício! — Jungkook declarou sacudindo uma colher de pau acima da cabeça e apontando para Tae enquanto roubava pequenos tomates cortados de uma tigela — Um desperdício de tempo! Uma noona daquelas e você só vai cozinhar para ela? Um mulherão desses eu levaria para jantar em um restaurante com comida muito boa, ou seja, muito melhor do que a minha e depois a última coisa que faria é passar o resto da noite com mais seis homens em um dormitório! Pelo menos, não da forma casta como se pretende aqui!
Yoongi entrou na cozinha e deu um tapão na cabeça de Jungkook.
— Respeito com a namorada do seu amigo, JK! Como você fala assim dela? E depois, o Tae sabe que a gosta de sentir que é especial, e ele cozinhar para ela já é um gesto disso.
— Tudo bem, mas... Logo viajaremos e já está difícil ter um mínimo tempo como esse, então é um desperdício ele não ir com ela para outro lugar... — JK deu de ombros.
Os mais velhos ficaram ralhando com o maknae, enquanto na encolha, Jimin se aproximou de Taehyung reforçando que deveria concordar com Jungkook em algo.
— Er, Tae. Ele tem razão sobre uma coisa... Você e ela não deveriam aproveitar o tempo sozinhos?
— Eu sei, eu sei! Mas é que... Eu planejei uma coisa, só que o Seijin estragou tudo com essa viagem rápida amanhã para Jeju!
— A não pode ir?
— Para Jeju? — Taehyung despertou então uma hipótese — Eu não havia pensado nisso, até porque ela está mudando o escritório essa semana. Está um clima estranho porque ao mesmo tempo que ela está feliz, a equipe está triste já que foram anos juntos. Eu não quero sobrecarregá-la ainda mais com uma viagem corrida.
— Entendo... É, do jeito que as agendas andam, você vai para turnê sem ter tido a sua primeira noite com ela... — Jimin falou baixinho. — Sei que não é tudo sobre isso, mas sabe... Isso também é importante, Taehyung.
— O que vocês ficam cochichando aí? — Namjoon falou tirando o foco dos dois amigos. — Taehyung, vai se arrumar! Jungkook já foi buscar a .
— O Jungkook? — Tae fez uma expressão descontente — Por que ele? Ele anda com muita gracinha para cima dela! Eu vou acabar me estressando com ele!
— Ora, ora, ora! — Hoseok zombou começando a rir — Ciuminhos, Kim Taehyung!?
— Ele está certo, o JK é sem noção. E todo mundo aqui já tem declarada desconfiança de que o maknae é doido para pegar o Tae e a !
— Eu tenho é certeza disso... — Jimin falou rindo — Anda logo Tae, o Yoongi foi com ele. Relaxa.
Hoseok gargalhou de novo e Taehyung jogou uma batata em Hobi.
— Relaxa Tae! O que importa é que a vai dar um pé na bunda do JK, e no Yoongi ela já deu há tempos. — brincou Hoseok.
[xxx]
estava saindo de seu pequeno cafofo descendo as escadas quando ouviu um grito animado e alto:
— Noona! — era Jungkook.
Na mesma hora ela olhou ao redor assustada, e Yoongi puxou Jungkook pelo colarinho de seu moletom, dando cascudos no mais novo.
— Não grita moleque! Quer que o bairro todo saiba que estamos aqui?!
— Aigoo... Está de noite, ninguém vai ver nada!
— Fica na sua e já pule para o banco de trás. Ela vai na frente. Você precisa pensar um pouco nos riscos, Jungkook! Já pensou se sair flagrante nosso aqui? Já não basta o fato de que a não mostra esse lugar para ninguém, e eu só trouxe você de intrometido que é!
— De quem foi a ideia de gritar no meu portão?! — abriu a porta do carro de Yoongi entrando rápida no banco do carona, logo que viu que Jungkook caía no banco de trás. — Ah, foi você não é maknae?!
— Desculpa noona, mas eu fiquei empolgado para conhecer seu cantinho. Não vai me convidar para entrar?
— Outra hora, JK! — Ela não aguentou segurar o riso com a altivez e espontaneidade do homem mais novo, no entanto, mais malicioso de todos. — E aí, Estranho. Tudo bem?
Click, zzmmm... O barulho dos vidros do carro descendo assustou à e Yoongi que olharam para trás e viram Jungkook confuso em como subir de novo as janelas.
— Foi mal, eu só queria abrir uma brechinha para trocar esse ar condicionado por ar puro!
— Jungkook! — Yoongi reclamou desligando o ar e acendeu a luz de dentro da cabine para terminar de passar seu batom, e já bronqueou com ela também: — E você , quer que nos vejam?
— Foram seguidos? — A escritora perguntou preocupada.
— Não sei, mas do jeito como o JK parece um elefante branco, não desconfio que tenham. — Suga deu partida e fechou as janelas deixando o mínimo para correr uma brisa.
— Calma Yoongi! Que medo é esse? A Maya está no seu pé, é? Ela te proibiu de sair na mídia ou não vai mais te dar uns amassos?
— Ah! Maya! — se lembrou e terminou de passar o batom e desligou a luz da cabine, se preparando para contar ao amigo: — Me perdoa Yoon, mas acho que eu dei uma mancada com você!
— Mãnkadáh? — Jungkook pronunciou curioso a palavra nova e diferente, já procurando em seu celular no tradutor e dicionário.
— O que quer dizer com isso? — Suga perguntou diretamente para a amiga.
— Sua mãe. Falei de Maya com ela, mas eu juro que não entendi que ela não sabia. Ela estava falando comigo dos seus sentimentos e de você estar apaixonado, quando eu logo pensei que você tivesse resolvido suas questões com a Cafrey e contado para a ajhumma, mas... Se não era isso, o que eu iria pensar que seria?
— Ah... — Yoongi empalideceu — Quando a omma foi falar com você sobre mim?
— Semana passada ela esteve na Mangaká, queria me ver. Aparentemente ela não acreditou muito no que ouviu e foi tirar a prova, já que certo dedo duro contou pra ela sobre o Tae e eu.
— Yoongi é tão fofoqueiro. — Jungkook se meteu com um comentário aleatório.
— E se o assunto era você e o Tae, porque a Maya entrou no meio? — Yoongi perguntou já irritado.
— Porque a sua mãe começou com aquela história de ainda sonhar que nós dois nos casemos e tenhamos uma dúzia de filhos? — respondeu no mesmo tom e ainda confusa — Porque quando ela falou de você estar apaixonado por uma mulher eu logo deduzi o óbvio: que você contou sobre Maya para eles?
— Mas ele não ama a Maya, ama? — Jungkook se meteu de novo, confuso colocando a cara entre o banco do motorista e carona e olhando para de novo, ele disse mais esperto que ela: — A mulher que a ahjumma estava falando não era você, noona?
— Eu?! — arregalou os olhos — E desde quando o Yoongi é apaixonado por mim, Jungkook!? Isso já foi esclarecido!
— Para mim, desde sempre. Só que... Ele comeu o sentimento e a verdade, porque sabia que era sujo da parte dele com o Tae. E embora ele vá negar e você também, noona, foi um pouco óbvio que a ahjumma ainda ache que ele te ama, não é? Sei lá, a ahjumma Keung-Hee não iria ficar alimentando netos seus se ela não acreditasse que tem algum sentimento entre vocês. Porque assim... Sei lá, mas... — Jungkook olhou para Yoongi e concluiu com sua sabedoria repentina: — Mas se a ahjumma está nesse nível de sonhar com o namoro de vocês sem ter alguma prova ou certeza de sentimento, não era o caso de recomendar uma psiquiatria para ela, hyung?
O carro parou no semáforo e e Yoongi encararam Jungkook, um tanto incrédulos. Jungkook, como se nem estivessem falando com ele, aleatório e despreocupado, esticou-se para trocar a música que tocava no rádio do carro e ficou brincando com os próprios lábios enquanto observava o sinaleiro. Logo que o trânsito foi liberado, ele apontou para cima e se jogou no banco de trás fechando os olhos ao dizer:
— Vai logo hyung, eu tô com fome e o Tae caprichou no jantar.
e Yoongi trocaram olhares entre si, um tanto alarmados com JK, mas principalmente com aquele assunto de novo.
— Terminamos essa conversa depois... — falou baixinho.
— Esquece. Se você falou da Cafrey para ela, então já era. Ela vai jogar isso em sobre mim, mais cedo ou mais tarde.
— E qual o problema da sua mãe saber da garota que você está ansioso para namorar?
— Todos. Mas depois a gente fala sobre, apesar de eu ter certeza que já compartilhei isso contigo, não é?
se sentiu culpada e calou-se diante do diálogo. O caminho até o dormitório foi silencioso e incômodo.
38.
Este capítulo teve o auxílio da autora M-Hobi para ser escrito na perspectiva de sua personagem original: Maya Lee Cafrey.
Assim que chegaram, Taehyung logo notou que e Yoongi estavam chateados entre si. E mesmo que tivesse qualquer dúvida, Jungkook, o jornalista das fofocas, habitualmente o informou do acontecido quando após o delicioso jantar de Tae (graças à Seokjin que o ensinava pacientemente a receita). Estavam ele e Tae arrumando a cozinha pós-jantar, e lavava a louça calada.
— O que houve Jungkook? — Tae perguntou baixinho e sussurrado ao amigo, estando eles mais afastados da mulher — Ela me disse que não aconteceu nada, mas qual é… Ela e o Yoongi mal se falaram no jantar de hoje.
— Olha Taehyung, você sabe que eu não gosto de fazer fofoca. — JK falou e logo soltou uma risada abafada.
— Fala logo, JK!
— Eles se estranharam no carro porque a noona falou da Maya para a ahjumma Min. Mas eu acho que foi um mal-entendido… A mãe dele sabe que você e a estão namorando, apesar da sua coragem de ainda não ter pedido a mulher em namoro direito… Olha Taehyung, você… Sinceramente!
Jungkook atropelava as próprias falas com seus pensamentos acelerados e destoando do assunto, iniciaria a cobrança ao amigo que ainda não havia feito algo romântico com a escritora além da Lotte World. Entretanto, Tae não deu muita atenção.
— Tá, tá, já entendi. Obrigado por fofocar. — Ele agradeceu, caminhou até a pia onde lavava a louça e fechou a torneira delicadamente.
Ela olhou confusa para o rapaz. Ao ver a expressão carinhosa de Tae, sorriu. Ele retirou as luvas e objetos da mão dela e lhe deixando um cheiro no pescoço, falou baixinho para só ela escutar:
— Vá conversar com o Yoongi, eu já sei que vocês brigaram por alguma coisa, não é?
— Jungkook é um fofoqueiro. — zombou jogando o pano de prato mais próximo no maknae que deu uma risadinha travessa. — Não foi nada Tae, eu só estou mal porque vazei o segredo dele para a ahjumma… Mas como eu ia saber que ela não estava falando dele e de Maya, quando eu já disse mil vezes que Yoongi e eu…
No momento em que diria algo que achou que magoaria Tae, se calou e o encarou culpada. Taehyung soltou um muxoxo e acariciando o rosto dela, ele tranquilizou-a:
— Eu sei que ela gostaria de ver você com o filho dela. Todo mundo sabe disso, . E nem julgo a ahjumma, a minha mãe iria querer o mesmo.
— Não sei, não conheci a sua mãe para dizer… — brincou.
— Um dia vai conhecer, não se preocupe. — Tae falou puxando-a pela cintura e logo mudou o assunto: — Eu não quero que você me conte o que aconteceu, porque não precisa. Isso não tem a ver comigo, tem?
— Não, na verdade, nem comigo. A ahjumma sabe que eu estou namo… Digo, saindo com alguém, me envolvendo. O erro foi meu que levei a situação por um engano como se ela estivesse falando do relacionamento do Yoongi e não do meu. Ela descobriu da tal Maya da pior maneira e ele ficou muito chateado comigo. E eu sei o motivo.
— Por que ele ficou tão chateado? — Tae indagou curioso.
— É uma coisa muito pessoal dele, Tae. Não me sinto confortável de falar, no entanto, ele me confidenciou um pouco sobre o assunto quando fui a primeira vez em Daegu. Acho que tem a ver com isso.
— Certo, então deixe que o JK e eu terminamos com a louça e vai lá se acertar com o nosso amigo! — Taehyung beijou rapidamente em um selinho deixando a mulher cheia de orgulho por ele.
[xxx]
Antes que respondesse que ela poderia entrar, abriu a porta do quarto de Yoongi no dormitório, após as duas batidas na madeira. Yoongi havia ido ao quarto para buscar um console do jogo que Jimin estava pedindo e havia deixado ali, quando foi surpreendido pela amiga entrando.
— Você nunca bate?
— Você que está surdo. Como quer ser produtor assim? — zombou, apesar de séria e sentou-se na cama dele.
— Vai ficar aí? — Suga ignorou o comentário dela, um tanto bicudo.
— Senta aqui, a gente tem que conversar. Não vamos ser os dois uns bebezões, ok?
— O Jimin está…
revirou os olhos, retirou o console da mão dele que estava em pé à sua frente e caminhou efusiva até a porta do quarto e gritou:
— Jimin, vem pegar essa merda!
Yoongi a encarou um tanto confuso, mas segurou um risinho de lado porque ele adorava quando conseguia irritar a mulher, nem que fosse um pouquinho. Jimin apareceu correndo sem entender o que a escritora queria, afinal, o palavrão saiu em português.
— Merda? O que é isso? — Ele perguntou inocente.
esticou o console para ele e respondeu em coreano:
— Cocô.
— , isso não é cocô, é um…
— Ela está só xingando, Jimin! — Suga apareceu do lado dela cortando o assunto e puxando a mulher de volta para o seu quarto e fechando a porta, não sem antes pedir: — Nos deixem um pouco sozinhos.
— Tá… — Jimin encarou Yoongi como se soubesse que ele fez alguma besteira e saiu.
— Pronto Estranha. Vamos falar do quanto você é uma bocuda!
— Olha só, eu sei que eu pisei na bola, mas se a minha língua é grande a sua também é! Você contou para ela do meu … — pausou a fala, afinal, não era um namoro ou era? — Enfim, da minha relação com o Taehyung e nem me avisou! Eu fui pega de surpresa! Sabe como a sua mãe conversa entrelinhas, Yoongi! Não foi a minha intenção que ela soubesse desse rolo maluco que você tem com essa mulher que ninguém conhece!
— Todo mundo conhece ela. — Yoongi rolou os olhos parando sentado na cama, de frente para que agora estava em pé na sua frente.
— Todo mundo nada! Eu e sua mãe não!
— Você quer conhecer ela pra quê?
— Eu não quero, Yoongi. Não é disso que estamos falando, mas… Pasme! A sua família é doida e você sabe disso melhor do que ninguém, então por que está escondendo a tal da Maya?
— Você se lembra o que conversamos na noite que saímos juntos em Daegu? Você realmente não sabe?
— Lembro! — cruzou os braços e bufou sentando-se ao lado dele na cama. — Ainda está com medo, Yoongi?
— Não é mais só medo… É também a droga da promessa… Eu… Olha , eu não posso simplesmente apresentar qualquer mulher para a minha mãe, entende? E eu sequer tenho um nome para o que Maya e eu temos!
— Ora, mas é só falar para a Keung-Hee que você está conhecendo uma pessoa! Gente, qual é o drama?
— O drama é que a minha mãe encara os fatos do jeito tradicional coreano, escritora! Exceto com você porque ela ficou… Sei lá, ela é tão sua fã que eu acho que a minha mãe se apaixonou pela ideia de você entrar pra família de qualquer jeito!
— Isso é óbvio, mas me explica melhor essa coisa de jeito tradicional coreano...
Yoongi se ajeitou mais na cama, escorando-se na parede, e virou-se de frente para ele se sentando em posição de indiozinho.
— A omma quer que eu me case com a mulher que a família escolher, ou seja, ela quer escolher e o resto só vai dar o aval. Quando eu saí de casa para vir a Seoul, ela me fez prometer que fosse o que mudasse na minha vida nova, eu não a impediria de fazer o meu casamento. E fazer o meu casamento implica na coisa toda de escolher as famílias, ajeitar de um modo frio as relações e interesses e blá-blá-blá…
escutou aquilo boquiaberta. Não resistiu a soltar um suspiro e alfinetar:
— Minha nossa Yoongi, a sua vida é um dorama! — O rosto da escritora era repleto de um sentimento revoltado por tão antiquada cultura.
— Ei, você não viu mais disso por aí? Tem certeza? — Yoongi sentindo-se um pouco ofendido pela expressão dela de quem se achava superior culturalmente, fez questão de alertar a ela que a família dele não era a única a pensar daquela forma — Não é possível que nunca tenha conhecido casais coreanos que…
— Já, eu já vi disso por aqui. Eu sei mesmo como funciona, acredite. — falou o interrompendo e de um jeito que deixou uma pulga atrás da orelha de Yoongi, era como se ela mesma já tivesse passado por aquilo.
— Com quantos coreanos você já namorou? — Ele perguntou de repente a fim de sanar a curiosidade.
— Volta ao foco do assunto, Yoongi! — ordenou batendo na perna dele e perguntou: — E o que essa promessa tem a ver agora? Digo, você já tem uma data, uma noiva ou sei lá o que? É por isso que a Maya é um tabu? Não acredito em nada disso, já que, convenhamos… Essa versão não faz sentido nenhum, porque até ontem a sua mãe estava casando nós dois!
— Não tenho. Eu tive. A Mirae. Ela foi uma amiga de infância e nossas famílias formalizaram o acordo quando nós dois começamos a namorar na época da escola. Porém, graças a Deus a Mirae foi estudar fora do país e queria romper essa ideia maluca dos nossos pais, e eu também, então nós conseguimos que eles entendessem que os caminhos estavam divergindo e o acordo matrimonial não fazia mais nenhum sentido. Desde então eu nunca mais namorei com alguém a ponto de levar para minha família conhecer, por essa e todas as outras questões que eu já conversei com você. Eu saí de casa para realizar meu sonho, e isso foi uma ameaça aos valores e crenças tradicionais da família, e a ommoni se apoiou na ideia de que se mantivéssemos esta promessa, ao menos, ela não perderia tudo. Na época, eu só queria sair dali e ter algum apoio para realizar meu sonho, embora agora eu ache que tem alguma coisa que eu desconheça nas intenções da minha mãe… — Ele suspirou desconfiado e voltou ao foco do assunto: — Então pensa comigo… Diante dessa loucura que é a cabeça da minha mãe achando que ainda poderá escolher minha tradicional e perfeita esposa coreana, como eu chegaria com o assunto “Maya Cafrey” para ela? Aliás, a Maya é todo o inferno na mente da minha mãe! Ela é o dito perfeito oposto que dona Keung-Hee abominaria.
negava com a cabeça de um lado a outro, a boca aberta, a expressão de incredulidade e levando o polegar e indicador a apertar o septo nasal entre os dedos, murmurou:
— Céus da misericórdia, terapia não é o suficiente para você e sua mãe! Yoongi, isso é tão doentio, será que você não percebe? Digo… — começou a falar de um jeito nervoso — Desculpa julgar a cultura de vocês assim, mas pelo amor de Deus, mesmo eu que já vivi essa tradicionalidade em outra família posso garantir que a sua está passando da conta! Você tem que tomar a rédea da sua vida! Vai mesmo se casar com quem a sua mãe escolher? Essa não é a Era Joseon, Min Yoongi!
O amigo começou a rir do jeito expansivo e controlador de . Ele conseguia entender em cada gesto dela, o quê havia agradado tanto à sua mãe.
— Eu não vou me casar com ninguém, . Só que as coisas precisam ser feitas devagar, eu não posso meter o pé na porta com a minha mãe. E na realidade, quem é a Maya na minha vida agora? Não é como você e o Tae, sabe? Ela é só a foda fixa e volátil da minha atualidade.
arregalou os olhos e deu um soco na perna do amigo.
— Ai, que isso?!
— Foi pela Maya. Sororidade.
— E você? Quando vai falar do Tae para a sua família e… Espera… A sua família, você nunca nos apresentou!
suspirou e deu de ombros, óbvia:
— Ué, eles estão todos no Brasil. Quando a gente for para lá, ou quando eles vierem, vocês vão conhecer.
Yoongi estreitou os olhos e deu um sorriso descrente e enviesado ao encarar a amiga.
— Que cara é essa? — Ela indagou enxergando a feição ultrajada dele como se ela os devesse algo.
— Sério, ? Você não vai ao menos fazer uma chamada de vídeo para nos apresentar a eles? Há quanto tempo nós conhecemos você e nunca te vimos falar com eles? Você tem algum problema familiar?
— Claro que não, seu doido! — começou a rir — É só o fuso que é muito complexo, mas falo com minha família o tempo todo no telefone e toda semana por vídeo. Mas desde quando vocês precisam conhecer eles?
— Tá bem, se não quer apresentar seus amigos, seu melhor amigo e seu namorado, não vou julgar.
— Que namorado? Taehyung não me pediu em namoro… — Ela torceu os lábios.
— Ora, ora… Isso é um beicinho de irritação? — Yoongi zombou.
— Claro que é! Ele deveria ter vergonha! — parou de falar de repente se dando conta de um medo: — Espera aí… E se a família dele tiver essas loucuras como a sua? Ai meu Deus, será que ele tem um casamento arranjado?!
— A família do Tae é tranquila, relaxa. Os pais dele se ocupam só em fazer filhos mesmo.
riu e deu um tapa na cabeça de Yoongi.
— Então tá, nós dois estamos bem de novo?
— Não perdoei você completamente. Vai ser obrigação sua resolver se a minha mãe vier do nada com uma candidata por causa da Maya!
— Sua mãe não é assim. Ela age na espreita. Ela vai esperar a Maya ir até ela. Boa sorte com isso, aliás.
se levantou e deu a mão para Yoongi pegar e se levantar. Ele encarou a amiga em pé na sua frente, olhou para ela de cima a baixo e soltou sem remorso:
— Seria tudo mais fácil se fosse você.
— Mas isso não vai acontecer, perca as esperanças.
— Você não acha que está sendo muito taxativa? — Ele zombou com um sorrisinho de escárnio.
— Min Yoongi, me poupe! Nessa altura do campeonato!? — Ela colocou uma das mãos na cintura, enquanto a outra ainda estava estendida para ele, e o amigo deu de ombros como uma resposta vaga, então rolou os olhos enfatizando: — Aceite que as coisas são do jeito mais difícil para nós dois, você com a Maya, e eu com o Tae.
— Você e ele não estão mais nessa página complicada… — suspirou Suga, de um jeito invejado.
— Sei não, quando a maré é muito calma… Eu fico logo é atenta.
Yoongi riu e pegou a mão dela e os dois saíram do quarto dele meio abraçados, com o braço de Yoongi sobre o ombro dela.
— Aliás… Você pretende apresentar a Maya para gente? Ou pelo menos para mim? — o perguntou curiosa.
— Você quer conhecer ela? — Yoongi deu um risinho de lado.
— Não é questão de querer, só sinto que eu ouço tanto sobre ela que é esquisito não a conhecer pessoalmente. Além disso, sinto que ela vai durar um bom tempo na vida do meu melhor amigo. Seria interessante também saber quem é porque a sua mãe… Você sabe que precisará de uma boa aliada como eu, não sabe?
— É, entendo. Mas, eu não posso apresentar alguém que não quer ser apresentada. Embora eu ainda não tenha tido uma resposta clara sobre isso…
— Fale com ela sobre a ideia. Vai ver ela está esperando por isso tanto quanto você, mas como você é lerdo…
Yoongi deu um peteleco na testa da amiga, e chegaram na sala ainda abraçados e todo mundo encarou a cena de um jeito esquisito.
— Isso é o metaverso? — Jimin perguntou.
— Ela tem namorado, Yoongi! — Hoseok zombou.
— Não tem não. — Jungkook respondeu e alfinetou: — No máximo um ficante.
Todos riram na sala, e Tae deu um tapa em Jungkook que estava sentado na parte de baixo do sofá ao chão, entre as pernas dele.
— Com licença, JK. — falou aproximando-se e ordenando: — Quem vai se sentar entre as pernas do meu ficante sou eu.
Os meninos começaram a rir com Taehyung ruborizado e antes que ela fosse para o chão, ele a puxou para sentar-se no colo dele no sofá e passou o braço em volta do pescoço de Tae continuando a alfinetá-lo tal como os amigos:
— Você sabe que ele está certo, não é? Você é um ficante.
De novo os amigos riram zombando, e Yoongi aconselhou Tae:
— Pede logo ou vai se arrepender, e é bom você não estar noivo de ninguém.
Taehyung encarou o amigo um tanto confuso e deu um tapa no braço de Kim, enciumada, como se ele realmente tivesse uma noiva.
— É claro que eu não tenho uma noiva! Por que eu teria?
— Um homem lerdo desse mal tem uma namorada, vai ter uma noiva, Yoongi? — Jungkook comentou entre um ataque e outro que deferia no adversário de jogo.
E de novo, as gargalhadas foram gerais.
[xxx]
Keung-Hee nada comentou com o filho a respeito de Maya e Yoongi não seria a pessoa a introduzir o assunto. Aliás, se havia algo que Yoongi precisava era decidir o que acontecia de fato entre os dois. Maya e ele não conseguiam se ver com tanta frequência devido às agendas tumultuadas, mas sempre que possível estavam juntos. Desde o dia que Seokjin apresentou a melhor amiga ao Yoongi, em uma ocasião casual sem qualquer intenção maliciosa de quaisquer partes, o casal percebeu que havia uma química muito grande entre eles.
A última vez que Maya e Yoongi realmente haviam se visto ou falado, fazia mais do que algumas semanas.
~ Flashback ~
Nala recebeu as imagens das mãos do paparazzi e encarava ao homem que sorria enviesado. "Que porcaria esses meninos fizeram agora?!" era o que ela pensava. No entanto, quando puxou as imagens, o seu queixo caiu. Ela raramente demonstrava seus sentimentos em suas expressões e postura, o que a deixava sempre conhecida como uma mulher impávida. Mas aquilo era demais. Aquilo era um bombardeio enorme!
— Pode confirmar a identidade dela? — Perguntou com a voz entredentes devido ao engasgo do que Yoongi havia lhe aprontado dessa vez.
— Certeza que não sabe? — O paparazzi que atendia pela alcunha de Tony, sorria debochado para Nala ao explicar: — É a herdeira problema com quem seu garotinho anda metido. Maya Lee Cafrey.
— Maldita hora que o Seokjin apresentou esses dois... — Nala suspirou e foi direto ao assunto: — Quanto? Qual o preço dessa vez?
— Isso é uma coisa grande, sunbae... — Tony indicou de um jeito irônico — Dessa vez eu não posso considerar apenas a nossa habitual camaradagem nas negociações...
— Não imagino que você vá aliviar e deixar de barganhar, Suho. — Ela falou de modo enérgico, o nome verdadeiro daquele que havia sido seu pupilo muitos anos antes — Eu perguntei quanto. Qual valor vai pedir pelas fotos dessa vez?
— Talvez me ofereçam uns vinte mil dólares por cada foto dessa...? É, pode ser até um pouco mais dependendo do tabloide…
— Sua barata asquerosa... — Nala estalou a língua com as mãos na cintura ao dizer apontando séria pra ele: — Vai ficar milionário as nossas custas com esses seus joguinhos sujos!
— Fazer o quê se os seus garotos, em especial esse aí, gostam de me dar muito material? — Ele riu dando de ombro.
— Fale a verdade, Suho! — ordenou de novo — Para qual tabloide você pretende vender essa porcaria?
— O PopKorea News implora por um furo do BTS e não tem restrições de orçamento há meses...
— Eles vão te oferecer no máximo 10 mil dólares pelas três fotos. Eu te ofereço 45 mil dólares por tudo, as três fotos, os negativos e a exclusividade do próximo lançamento deles. O que você decide?
— Posso negociar o próximo lançamento livremente?
Nala ponderou, sabia que ouviria Hoon Kyu reclamar daquilo e Bang acharia uma grande perda de dinheiro, porém, no fim ela também sabia que estava até saindo barato já que Suho era pouco ganancioso e meio burro.
— Pode. Você pode comercializar como quiser. — Nala garantiu a contragosto.
— Então, vamos subir e negociar sunbae. É sempre um prazer fazer joguinhos com seus garotos!
— Eu só não mando você para o inferno porque preciso da sua falta de consciência às vezes, Suho.
— Você e eu fazemos o trabalho sujo, sunbae. Sabe que no fim é sobre isso...
Nala caminhou para dentro do prédio com rapidez e o envelope das fotos nas mãos sendo seguida pelo paparazzi. Mais tarde, informou ao Hoon o acontecido. Invadindo a sala dele como sempre, sendo encarada por Sarah, a assistente dele que detestava a outra mais velha.
— Não sabe mais bater Nala? — Hoon Kyu comentou olhando-a por cima de seus óculos.
— Preciso falar com você a sós. — disse encarando Sarah que não se moveu e então rolou os olhos ao pedir: — Sarah isso significa que você precisa sair, por favor.
— O sunbae Hoon Kyu e eu estamos trabalhando em...
— Sarah — Kyu a interrompeu educado e diretivo: —, aguarde lá fora um instante, por favor.
A jovem pegou seu material um tanto invocada e passou por Nala de modo rude. E o gesto não foi despercebido e tampouco ignorado em comentários pela diretora.
— Essa menina não sabe nem disfarçar mais o interesse romântico em você, Kyu.
— Você está sendo ridícula. Fale logo.
O advogado escorou-se na própria cadeira cruzando os braços e retirando os óculos deixando-os sobre a mesa, enquanto Nala mordia os lábios e massageava as têmporas preparando-se para contá-lo. Era algo pesado, Kyu sabia apenas pelos gestos de Nala a quem ele observava e sabia ler de cor e salteado.
— Yoongi foi flagrado transando com a Cafrey e isso me rendeu uma perda significativa do orçamento de marketing e imagem deles. Por isso preciso discutir os termos jurídicos dessa ação com você. Além, é claro, de pedir que você se vire com o jurídico daquela garota.
Kyu suspirou e revirou os olhos invocado. Ele odiava a pouca liberdade dos meninos e o que eles faziam com ela. Apesar de ser um dos redatores do contrato que os restringia em muitos aspectos, a falta de paciência e a rebeldia adolescente de alguns deles eram absolutamente irritantes, Yoongi, era a principal pedra no sapato de Hoon Kyu. E é claro que isso fazia dele, o queridinho da Nala, por mais que ela não admitisse.
Os dois se reuniram por quatro horas naquela noite e decidiram resolver a questão sem antes contatar Seijin e Bang. Falaram com a equipe da Cafrey sobre o que ocorreu e como a BigHit já tinha resolvido a situação. Só depois de muitos dias Yoongi viria a descobrirsobreaquilo.
[xxx]
Laue fechou a porta, respirando fundo como há muito tempo vinha fazendo. Dia após dia sua rotina se resumia em limpar sujeiras. Não é como se não fosse sua função também, mas não era disso que se constituía seu contrato.
— Eu não sei por quanto tempo a gente consegue manter essa fortaleza, Maya. — A advogada disse ao se sentar no sofá em frente à Maya novamente. A reunião com a equipe jurídica e de gestão de crises da Eulora&Co com a BigHit havia terminado.
— E você acha que eu devo fazer o que? Eles me perseguem, Laue! — Maya estava tensa, ela podia ver.
— Isso já acontece há muito tempo. Você precisa buscar uma outra abordagem.
— Então a melhor solução é eu mudar a minha vida. Mudar o meu jeito. Isso é sua visão como minha advogada e conselheira ou reflete ao que eles também pensam sobre mim?
Maya já segurava a raiva em seu tom de voz pelo que parecia ser a sugestão de sua advogada.
— Eu acho melhor a gente não se estender nesse assunto... Você está nervosa e sua cabeça não está concentrada no momento de agora. — Laue afirmou ao notar pelo rosto da cliente, que seus pensamentos estavam longe, e se levantou dando também um conselho para a Cafrey: — Vá para casa, tira um tempinho pra você.
— Eu vou tentar.
— Quando diz isso sei que vai se afundar no trabalho.
Maya também se levantou do sofá, indo até a própria mesa pegando sua bolsa.
— Eu vou pra casa.
— Vai encontrar ele? — Laue ousou perguntar.
— Não sei, primeiro preciso pensar. — Ela negou, saindo pela porta. Ao passar para o corredor de fora, encontrou sua assistente pessoal e ordenou: — Miyoung, desmarque todos os meus compromissos. Não volto por hoje.
Maya não parou para ouvir a resposta, continuou sua caminhada decidida até o elevador e ao entrar no cubículo, direcionou-o até a garagem. Durante sua descida, soltou um grito de puro estresse com toda sua situação. Será que iria conseguir viver suavidaalgumdia?
Alguns dias haviam se passado e Maya estava sentindo um certo comichão com uma ideia que não saia de sua cabeça: Yoongi. Ele estava fazendo morada em seus pensamentos. E também já tinha um tempo que não se viam ou se falavam. Mas Maya estava inquieta, não conseguia focar em seus afazeres. E, totalmente a contragosto, se viu sem opção a não ser falar com ele.
Estava em seu carro, dirigindo para fora da garagem do prédio da empresa, quando se deu por convencida.
— Siri, ligar para o Yoongi. — pediu à assistente virtual, logo ouvindo o barulhodachamada.
e Yoongi tomavam café no apartamento dele, o amigo rindo da mulher ainda preocupada de aparecer na reunião da empresa dela com aquela roupa de quem dormiu fora.
— Eu vou jogar o blazer por cima, você está certo! Esse vestido de passeio no parque pode soar até um abuso para diretoria. — falou encarando-se.
— Relaxa, Estranha, você está muito nervosa... Conhece seus diretores há anos e o seu queridinho Chang vai ter preparado o campo direitinho...
— Não é só isso que está me deixando afetada. É a equipe 77... Anunciar que agora eu sou uma agenciada da BH e estou levando tudo comigo... O Chang, os projetos... Será que eles vão topar ir com a gente para a Jinju's? Sem falar que Chang e eu não podemos falar da Jinju's ainda...
Yoongi apertou os lábios entendendo a ansiedade da escritora, e tocou seu braço assim que ela deixou a sua xícara na bancada da cozinha a puxando para um abraço entre suas pernas.
— Vai dar tudo certo, . Não fica assim. Sua vida está se ajeitando ao seu ponto mais feliz, profissional e pessoalmente!
A amiga suspirou e ouviu um som estridente na sala.
— Quando as coisas estão dando certo demais é o que me assusta. — Ela declarou suspirosa e se soltou dele apontando o outro cômodo: — Acho que o seu telefone está tocando. Atende porque se for sua mãe eu vou sair correndo.
Eles riram de como fugiam de novos falsos flagrantes de Keung-Hee.
— A ommoni nunca liga, ela simplesmente aparece. — Yoongi falou indo até o aparelho. E ao ler o nome no visto, mencionou surpreso e preocupado: — É a Maya.
— Atende. — indicou com obviedade.
notou a preocupação no rosto dele e se lembrou da conversa que tiveram na noite passada, e de como Yoongi havia dito pra ela e até para Taehyung, na empresa deles, o quanto o assustava que ela soubesse de todo o vazamento do flagrante antes dele e não o tinha contado ou procurado.
— Yoongi? — O chamou ao vê-lo sem ação.
— Será que ela sabe que, eu sei agora? Das fotos...
— Atende logo, ela não vai te morder pelo telefone. Você precisa saber até onde ela sabe também.
deu as costas indo até o quarto dele para arrumar e buscar suas coisas. E Yoongi ficou na sala ansioso com a chamada que atendeu antes que ela desligasse.
— Oi.Soueu.
Ainda prestando atenção no trânsito, Maya aguardou ansiosa para Yoongi atender. Quando ouviu a voz dele do outro lado, se tranquilizou e até mesmo sua direção que estava meio perdida, tomou um rumo.
— Onde você está, Yoongi? — perguntou sendo diretaeurgente.
— No meu apartamento... — respondeu confuso indo até o quarto onde terminava de arrumar a cama — E depois irei para a BH. Mas, aconteceualgumacoisa?
— Te encontro no seu estúdio, pode ser? Estouperto.
Maya mordeu os lábios levemente ansiosa. Ela não conseguia dizer um simples “quero te ver” quando se tratava dele. Yoongi cutucou que terminava de pegar seu carregador de celular para por na bolsa e indicou a ligação em mímica.
— O que foi? — Ela perguntou vendo o amigo ansioso.
Yoongi, por outro lado falou mais baixinho afastando o telefone.
— Você quer pegar meu carro para ir? Ela quer me ver, mas se eu aparecer no estúdio com ela, a Nala, você sabe... Então, não vou conseguir te deixar na empresa.
— Relaxa Yoon, eu já falei que não precisa me levar. Aliás, nem devemos aparecer juntos. Esqueceu o que Nala te pediu? Nada de ser visto comigo ou com ela.
— Hm... Foi mal. Eu que te trouxe ontem... Mas pode levar meu carro!
— Já pedi um motorista particular, relaxe. Responde a mulher! Está a tempo demais mudo na linha!
disse rindo e beijou o rosto do amigo acenando e saindo do quarto. Yoongi seguiu ela até a porta e piscou acenando quando a viu sair, sem deixar de responder Maya:
— Então... No estúdio é complicado. Eu não posso ser fotografado em situações delicadas, de novo. E até quero mesmo conversar com você. Tudo bem se você vier aqui? Se isso não for te atrapalhar, claro. Ou podemos nos encontrar em um lugarmenosvisado.
— Vai ser algum risco eu ir até sua casa? — Maya quisassegurar.
— Não, aqui estamos seguros. Eu até prefiro! — Yoongi respondeu empolgado. — Vai ser legal se você conhecer meu apartamento,finalmente.
— Me manda a localização, então.
Yoongi enviou a localização de seu apartamento para ela após se despedir rapidamente na chamada. E depois interfonou na guarita de segurança da portaria, informando que o carro de placa MC-0001 poderia entrar direto para o bloco dele sem identificação.
Enquanto esperava, Yoongi parecia um adolescente nervoso pra ver a namoradinha. Olhou-se no espelho e pensou se a roupa que escolheu para ele naquela manhã não estava "simples demais" para ver a Maya. A amiga havia aconselhado ele a andar discreto na BH, até para limpar a imagem de menininho problema que ele havia conquistado por causa dos últimos feitos. Mas, calça preta, camisa branca e casaco preto erguido até os cotovelos eram simples demais pra Maya, não? Ela sempre o viu mais arrumadinho e produzido quando não, nu.
— Que bobeira, Yoongi! Ela vai achar estranho se você estiver muito arrumado! E depois você está indo para o trabalho daqui a pouco... Ela não vai se importar.
E enquanto Yoongi caminhava de um lado ao outro no apartamento, ansioso pela conversa que poderia ter com a Cafrey, , a caminho do seu trabalho, enviou uma mensagem ao amigo:
Estranha:
E aí, Estranho? Sua musa tá indo?
Yoongi:
Sim! Estou nervoso! Ela nunca veio aqui!
Essa casa está arrumada, né?
Eu acho que sim, mas... Me diz você com seu olhar feminino!
Estranha:
Yoongi, ela não ‘tá nem aí para a casa, aposto!
E sim, não bagunçamos muita coisa ontem e já ajeitei o quarto de manhã.
Só dá uma conferida na cozinha, porque eu saí apressada.
Yoongi:
É, vou deixar tudo arrumadinho pra ela ver que sou limpinho!
Estranha:
Kkkk você parece um adolescente!
Será que o Tae ficou assim quando eu disse que ia no dormitório a primeira vez?
Yoongi:
Não, ele ficou emburrado porque fui eu quem te levei lá primeiro, lembra?
Hahahahahah Tchau, boa sorte na reunião. Até depois!
Estranha:
Boa sortetambém.
O caminho não foi muito demorado, Maya logo estava entrando no condomínio de Yoongi e seguindo as direções até o prédio dele. Antes de descer do carro conferiu o cabelo, as roupas e principalmente o rosto. Não queria demonstrar sua hesitação, afinal ela não sabia o que estava fazendo. Apenas fez.
Ao entrar, bateu à portaeesperou. Yoongi abriu a porta um tanto afoito e assim que viu Maya ali, ele passou a mão nos cabelos e sorriu tímido.
— Oi! Entre. Bem-vinda.
Falou sem saber o quedizeraocerto.
Quando Maya viu Yoongi, pensou em sair correndo, estava com medo de confundi-lo. Mas não tinha mais volta.
— Ei... Obrigada. — Ela disse entrando e olhando em volta ao parar poucos passosafrente.
— E então, um pouco estranho você estar aqui só agora... — Ele comentou rindo fraco. — Já tomou café da manhã? Pode ficar à vontade para sentar-se na sala ou me acompanhar na cozinha. Eu estava terminando de guardar a louça.
Yoongi disse sem graça apontando o sofá ou a cozinha a ver o que Mayapreferiria.
— Já comi, sim… — Maya se virou para ele. — Se você quiser continuar o que estava fazendo... Fica a vontade, não quero atrapalhar.
Ela sorriu um pouco sem jeito. Não sabia como começar o assunto e sentiu que deveriam conversarsobre.
— Sente aqui no sofá que eu já volto! — Yoongi disse e saiu em direção a sua cozinha, disparado.
Guardou a tigela que havia deixado na bancada, pegou um copo de água fresca para Maya e outro para si, que ele bebeu de uma única vez sentindo-se ansioso. Então era aquilo? Ele sentia mesmo uma coisa nova e indefinida pela mulher, apesar de não saber nomear o sentimento. Talvez estivesse certa ao dizer que ele precisava de um tempo para descobrir o que ele realmente sentia... Mas evitando pensar no assunto, Yoongi voltou três minutos depois de sair da sala, levando o copo para a Cafrey. Deixou a água dela na mesinha de centro e não encontrou a mulher no sofá. Maya estava parada diante da janela da sacada da sala de seu apartamento, as portas e cortinas ainda estavam fechadas, mas dava para ter uma bela visão do jardim planejado do condomínio.
— E então, May... Você está bem? Fiquei surpreso com a sua ligação depois de... Bem, tem tempo que não nos víamos. Como foi suaúltimaviagem?
Maya se virou sutilmente, olhando-o brevemente antes de dizer:
— Foi como todas as outras. — deu de ombros, desviando o olhar por um momento. — Eu... E você? Comovocêestá?
— Estou bem. Senti a sua falta essas semanas... Mas confesso que fiquei preocupado com você desde ontem... — Yoongi sentiu que precisava iniciar logo o assunto, sentando-se no sofá primeiro — Ontem, a equipe da Nala sunbae me mostrou um flagrante que mudou muita coisa na nossa gestão como grupo e eu tenho a ver com metade das crises públicas... Enfim, muitas coisas aconteceram desde que nos vimos dois meses atrás, e infelizmente eu só soube que fomos flagrados naquele hotel ontem. Me desculpe por isso. Me senti muito culpado de você achar que eu só não quis tocar no assunto, mas eu realmente não sabia. E você?Vocêsabia?
Maya sentiu o corpo tremer ao ouvir ele dizer que sentiu sua falta. Abraçou ao próprio corpo, ouvindo-o atentamente, ainda em pé.
— Eu sabia, Yoongi. — confessou, se sentindo culpada. — Só não falei antes porque eu precisei de um tempo para conseguir raciocinar... Nessa história, para mim é só mais uma tentativa de derrubar o nome que carrego, o mesmo de sempre. Mas pra você... Eu sei que deve estar sendo horrível. — A mulher fez uma pausa reflexiva, e depois de suspirar continuou: — Sinto que desde que entrei na sua vida, as coisas começaram a perder um controle. Eu é quem deveria pedirdesculpas.
— Não se culpe pelas coisas que acontecem comigo por ser visto com você. Eu também assumi esse risco quando decidi ser uma pessoa pública. Você não é a primeira pessoa a quem pode estourar uma bomba a qualquer momento só por estar comigo... — Ele falou sincero — Eu só fiquei preocupado de você achar que de alguma maneira eu dei pouca importância para o tamanho disso, e achei que essa era a razão de você não me procurar mais. Mas, estamos bem,nãoestamos?
— Estamos. — Maya respirou fundo. — E o que você achou disso tudo...Dasituação?
— Eu achei uma droga, é claro. A nossa privacidade foi muito desrespeitada! Fora que... Enfim, não importa. O que está feito está feito, e que bom que a sunbae Nala conseguiu conter mais esse deslize meu. — Yoongi suspirou e viu que Maya parecia incomodada ainda — Você tem alguma coisa que está incomodando em relação a isso... ou... a nós?
"Nós", uma palavra que ele teve dificuldade de dizer, eles erammesmoum"nós"?
— Na verdade... Não. — Maya relaxou o corpo, caminhando para perto de Yoongi. Se sentou no outro sofá, tomando um fôlego para prosseguir. — Pra ser sincera, eu só... Fiquei realmente preocupada com você, em como... ficaríamos, sabe? Isso não é algo simples, tiraram fotos nossas em um momento extremamente íntimo, Yoongi. E por mais que tenhamos equipes altamente capacitadas para cuidar, isso vai assombrar a gente prorestodavida.
— Tô tentando não pensar nisso, na verdade. Os garotos não tocaram mais no assunto e a me ajudou a me distrair também. Então, essa coisa de que até o presidente da minha empresa me viu em uma situação muito constrangedora assim, ainda não me assombrou o suficiente porque eu evitei pensar nisso... Até agora. — Ele suspirou e olhou para Maya — E como você conseguiu lidar com isso quando soube? Porque eu estou bem atrasadonessanotícia.
— Bem... a gente não se vê tem um tempo... — sua resposta foi curta. Sendo sincera, Maya esperou que ele compreendesse o que ela estava dizendo nas entrelinhas: no meio de tudo, sua melhor opção foi tomar um tempo para si e isso acabou sendo tempo demais. — E agoraeuestouaqui.
Yoongi piscou um pouco confuso porque a resposta dela não fazia sentido nenhum. Olhou o relógio no seu punho, já estava atrasando para estar a caminho do trabalho.
— Sim, eu fico feliz que esteja aqui. Nós podemos nos ver de novo aqui, outras vezes e com mais calma se você quiser... — falou se levantando e indo se sentar ao lado dela. Assim que parou ao lado de Maya, pegou em sua mão e disse: — Embora eu não sei se é o que você gostaria de fazer, já que isso significaria um passo maior do que você impôsentreagente.
Maya estreitou o olhar, soltando sem pensar antes:
— Ah, claro. Você fala como se eu fosse uma ditadora,Yoongi.
Yoongi arregalou os olhos surpreso com o tom descontente dela.
— Ditadora não, mas em todos os momentos que eu tentei me aproximar de ser ou te aproximar de ser algo além de um caso esporádico, você foi enfática sobre limites Maya. Ficar comigo na minha casa é algo que eu não sei se você vai querer de verdade, ou se vai acontecer como a última vez que você praticamente me expulsou da sua cama só porque eu dormi lá. — Ele falou também descontente — Estou tentando seguir seu ritmo desdeoinício.
— Se você mudou de ideia sobre o que quer, sinta-se livre.
Ela rebateu sem olhar para ele, afinal não era isso o que queria dizer, mas seu orgulho não deixou ser menos agressiva.
— Você tem todo direito de viver sua vida com… Como quiser, Yoongi.
Foi nesse momento que ela percebeu que talvez nunca diria "com quem quiser" para ele, porque seria perturbador de alguma formaimaginaraquilo.
— Você está se ouvindo? Agora você vai jogar sobre mim decisões que eram suas? — Ele estalou a língua ultrajado: — É mesmo muito difícil entender o que se passa na sua cabeça, Maya. Foi você que falou sobre não se apegar, você me colocou no escanteio em vários momentos e inclusive declarou ter seus outros casinhos e que estava muito satisfeita com essa vida. Eu nem sei por que fiquei me prendendo em um sentimento unilateral com você, mas não vou aceitar que agora você diga que eu mudei de ideia sobre qualquer coisa!
Yoongi se levantou do sofá irritado porque mais uma vez não conseguiu falar com ela sem que brigassem. Tentou pensar em qual o momento em que ele fez ou falou alguma coisa errada, mas quem parecia se contradizer era ela.
— O que você quer comigo afinal? — Suga perguntou olhando nos olhos dela de um jeito firme.
O celular dele tocava, denunciando a equipe querendo saber por que ele estava atrasado, então ele olhou o aparelho sobre a mesa e suspirou ao dizer de novo:
— Esquece, melhor nem responder. Não quero me sentir ainda mais idiota quando escutar a sua resposta.
Yoongi pegou o telefone o desligando e olhando paro chão, afinal, se fosse até a porta ele seria rude em mencionar que ela saísse. Então achou em bom tom esperar que ela se levantasse e o deixasse surtar sozinho como elasemprefazia.
Maya se levantou ajeitando a postura.
— Você mudou de ideia sim. Antes não tínhamos problemas, a gente sequer discutia. Hoje é diferente, você me pede coisas que sabe que eu não consigo lhe dar e sequer me dá motivos! Por que quer tanto dormir na minha casa? Por que é tão importante agora que a gente passe a agir diferente? E por que se ofender com o fato de eu ter outras pessoas? Você não é específico, Min Yoongi! E eu não posso adivinhar o que se passa na sua cabeça se você não me disser! — Ela desabafou, notando que foi ficando cada vez maispertodele.
— De novo isso? Voltamos na mesma tecla onde eu digo que eu quero experiências novas com você porque eu quero mais do que o que a gente tinha antes? — Yoongi levou as mãos na cintura — Não é óbvio que eu quero tentar algo mais ... Profundo?
Yoongi não podia dizer que amava ela porque não sabia ainda se amava. E ouvindo-se falar com ela, notou que Jin e todos os outros estavam certos: ele estava espelhando relações de outras pessoas na dele, querendo algo que ele via em outras pessoas. Derrotado, suspirou.
— Eu só posso dizer que, não quero mais ser só um cara com quem você transa. Não quero ser outro nome entre as suas pessoas. Mas não quero também lhe dizer ou cobrar algo que não tenha fundamento. Eu acho que gosto mais da ideia do que poderíamos viver se fôssemos um pouco mais do que já somos. Não sei se te amo, Maya. Não sei realmente o que sinto, mas sei que sinto a sua falta e queria poder ser mais do que sou na sua vida. O que a gente vem vivendo, não é mais suficiente pra mim. — Ele suspirou pesadamente — E você já sabe disso há tempos. Eu já falei de diferentes formas, mesmo quando toquei no assunto daquela amiga que vivia o mesmo que nós dois com outro cara, e o quanto eu achava que a gente podia mudar a forma como nos relacionamos. Até o Jin, parece que sabe mais do que você sente do que eu... — suspirou frustradodenovo.
— Ah, a amiga… — Maya levou as mãos a cintura, analisando-o. — Olha, Yoongi. Essa sou eu. — Maya abriu os braços. — Se você mudou mesmo suas perspectivas para algo diferente do que temos, Yoongi, eu não sei se consigo... Se consigo cumprir com suas expectativas. Principalmente se você não tem certeza do que sente. Às vezes você pode até estar confundindo o sentimento que tem direcionado a mim algo que sente por outra pessoa. — Ao declarar aquilo, assustada, Maya voltou asmãosàcintura.
— Tudo bem, eu entendo o que você é capaz de oferecer agora e por isso não te cobrei nada desde a nossa última briga. Por isso eu digo que estou indo no seu ritmo e não no meu, Maya. Você que falou como se eu te colocasse numa posição de mandona e eu só estou explicando que, exatamente por saber que você não tem a mesma perspectiva que eu, você ficar comigo em minha casa é algo que eu não sei se você iria querer, ou significaria passar a barreira de limite imposta entre a gente desde o início, só isso.
Ele explicou calmo e o telefone tocou de novo. Yoongi bufou atendendo. Seijin estava nervoso podia-se sentir pela voz dele que de novo ele tomaria uma boa bronca!
— Sunbae, me atrasei, mas já estou indo, desculpe!
— Sinceramente Yoongi, o que houve com seu senso de responsabilidade? Você tem cinco minutos! Está se tornando o rebelde que nunca foi ultimamente!
— Desculpe, sunbae, eu só fui dormir muito tarde, não consegui sair mais cedo!
— Cinco minutos! Quando chegar conversaremos de novo!
Yoongi desligou e bufou de novo.
— Preciso ir para o trabalho. A gente pode se ver depois? Inclusive o convite está feito, esse é meu apartamento... — Ele apontou ao redor — Se quiser vir passar um momento comigo aqui, você estáconvidada.
Maya assentiu, engolindo qualquer que fossem as palavras que sairiam em seguida. Era cansativo ficar nessa guerra com Yoongi, gostava de quando eles aproveitavam o tempo ao invés de ficarem brigando, não saindo do lugar.
E ali, naquele momento, estava com uma extrema vontade de se jogar nos braços dele e acabarem como sempre acabavam.
— Tudo bem. — suspirou, se preparando para sair. — Obrigada pelo convite. Se cuida, Yoongi. — Ela sorriu simples, já se encaminhandoparaaporta.
Yoongi segurou a mão dela de modo gentil a trazendo para perto. Em seguida segurou o rosto dela ao notar que Maya não esboçava reação e deixou um beijo respeitoso em seus lábios.
— Tudo bem se despedir desse jeito, não é? — Ele sorriu travesso e sentiu Maya se aproximar mais para um beijo de verdade. Logo que a mão dela apertou a nuca dele, Suga começou a se separar da mulher explicando: — Preciso mesmoir,Maya…
— Se queria ir, não devia ter me beijado. Você sabe que é como jogar faísca em gasolina. — Maya provocou Yoongi, mas sem beijá-lo, apenassegurandonele.
— Quando nos veremos de novo? — Ele perguntou sorrindo e pegando a mão dela a puxando para fora do apartamento, então voltou lembrando de colocar a chave docarronobolso.
— Me liga. Ela não se soltoudele.
— Ok... — Suga respondeu vago e entraram no elevador onde não resistiram e se beijaram fervorosamente antes da porta do elevador abrir e Maya sair primeiro, se afastando rápida e deixando ele desnorteado — Eu te ligo! Não vai me darumbolo,hein!
De longe, Maya acenou sem se virar, indo para seu carro. Antes de sair, olhou em volta, garantindo que não estavam sendo vigiados. Sorrindo boba e um pouco mais aliviada, partiu dali. Havia deixado sua bolsa e seus pertences no carro, então quando viu o celular, se assustou com a quantidade de mensagens e chamadas de sua mãe. Ligou para ela logo em seguida. Liz logo atendeu:
— Ah, que bom saber que minha filha está viva!
— Diga, mamãe. Estou dirigindo. Alguém morreu?
— Não ainda. Você quase me matou do coração, filha. Sua assistente me disse que não estava na empresa e está com a agenda desmarcada... O que houve?
— Nada, só tirei um tempinho para descansar mesmo. A senhora quer me dizer algo?
— Sim, liguei para lembrar você que temos aquela prova dos vestidos para a festa anual da Eulora. Você não se esqueceu, foi?
Maya revirou os olhos. Ela tinha esquecido. Não estava tão ansiosa para o evento.
— Maya... É um evento beneficente e...
— Eu chego em cinquenta minutos — interrompeu a mãe e explicou: — Estou dirigindo, vou direto para aí. Provamos e escolhemos o vestido amanhã e depois volto para a cidade. Pode ser assim?
— Por mim está ótimo. Essa mansão sente sua falta. E eu amo passar tempo com a minha menina. — Liz demonstrou mais animação. — Aliás, você convidou Seokjin para o evento? Ele vai poder ir? Sinto falta do meu filho do coração. Diga a ele para levar os amigos! Seria incrível receber eles.
— A agenda deles está bem ocupada. Mas vou tentar. Preciso desligar, mãe, vou pegar estrada.
Sem mais desenvolver a chamada, encerrou. Maya dirigiu o caminho com vários pensamentos em mente, mas o principal deles era a memória do beijo de Yoongi. Dentre todos os que já havia provado, o dele era o único a qual parecia ter um encaixe real. Em sua mente, algo cintilava. Pediu à assistente do carro para digitar uma mensagem a Seokjin.
"Fique feliz, você está sendo convidado para a festa de gala beneficente a Eulora&Co. Não aceito recusas. E você pode levarseusamigos."
[xxx]
Seokjin estava sentado junto com os outros rapazes aguardando a chegada de Min Yoongi Rebelde, quando seu celular apitou a mensagem.
— Seijin sunbae... Quando temos uma brecha em nossas agendas?
— Por que...
— Diga a situação e veremos se daremos uma brecha... — Nala, a diretora que também esperava por Yoongi interrompeu Seijin.
Os meninos não entenderam o que Jin queria, mas ficaram atentos àquilo.
— A festa beneficente da Eulora. Eu fui convidado e os meninos também e...
— De jeito nenhum! Sem brechas! — Nala falou já pressentindo o pior.
— O que a Nala quer dizer... — Tentou consertar Seijin — É que este evento não é importante para o grupo ao ponto de abrirmos brechas, Seokjin. Vocês estão muito perto da turnê, tem muita coisa para ficar preparada...
— E ainda que não estivessem ocupados, eu não acho nada inteligente vocês associarem a imagem de vocês a qualquer conglomerado sem uma negociação prévia. Os Cafrey carregam um nome pesado demais aqui na Coreia. E você sabe muito bem o quanto nós nos empenhamos em proteger sua imagem com sua amizade com a Maya, Jin. Vocês se conhecem há muitos anos e felizmente isso nunca foi um problema. O que infelizmente não é o caso do Yoongi!
Nala se levantou da mesa já andando de um lado ao outro.
— Aliás, você não se arrependeu de apresentar aqueles dois, Seokjin? Porque a Maya nunca foi um problema para nós quando se trata de você, mas com o Yoongi... Sinceramente, eu sinto que aqueles dois não me causaram nem a ponta do iceberg de terror... — suspirou nervosa — Taehyung, por favor, você pode perguntar para se ela ainda está com o Yoongi!? Que raios de atraso é esse? — estourou.
— Mas eles não estão juntos, por que estariam? — Taehyung informou duvidoso.
Os meninos olharam de Tae para Nala, e ela suspirou derrotada por revelar algo que o mais novo não sabia.
— Ele me fez o favor de desobedecer de novo. Ela estava no apartamento dele desde ontem.
— Mas por que ele não falou nada? Tem certeza, Sunbae?
— Claro que ela tem certeza! — Jungkook se meteu dizendo: — Ela sabe até a cor da nossa cueca antes da gente vestir Tae.
— Bom, ele não saiu muito bem daqui ontem depois de descobrir aquele flagrante, certamente ia precisar da melhor amiga dele. Nada de novo, não é pessoal? — Hoseok defendeu Yoongi antes que a situação se enveredasse para outro momento de ciúme de Tae.
— Seja como for, a está na empresa dela. Estamos nos falando desde a hora que ela acordou. — Taehyung deu de ombros não se importando com os outros e o que ocorreu.
Seijin se levantou prestes a sair da sala para ligar ao Yoongi, quando a porta se abriu revelando o atrasado.
— Desculpe, pessoal! — Ele se abaixou em reverência — Eu me atrasei porque...
— Porque estava com a , quando demos ordens expressas para evitar ela ou a Cafrey por uns dias, não é?
— Colocou um espião atrás de mim, sunbae? — Pela primeira vez, Suga a respondeu em um tom rude, ultrajado.
— Você sabe bem dos seguranças à paisana, Yoongi. Não me torne a vilã, quando o problema é que você está se tornando a cada dia, menos confiável! — Nala falou duramente — Não deu nem um dia, Yoongi! Você saiu daqui ontem dizendo que precisava pensar e ficar sozinho no seu apartamento quando na verdade foi direto atrás da na casa dela! E aposto como seu atraso tem alguma coisa a ver com a Cafrey, não é?
Yoongi ficou mudo e vermelho de raiva.
— Nala, eu preciso ir logo com os meninos agora que ele chegou. Faça logo o que precisa fazer com ele. — Seijin comentou suspiroso ao notar os meninos todos sem graça por causa de mais uma briga da diretora com um deles. Nala tinha um verdadeiro instinto protetor com os rapazes, e que as vezes soava rude.
— Certo. Vem comigo, Suga.
"Suga". Ela estava muito brava, ele sabia. Yoongi também estava com raiva, mas apenas a seguiu. Quando estavam na sala ao lado, a sós, foi que os dois desarmaran um ao outro e iniciaram uma conversa.
— Você me dá nós nervos quando age assim, Suga!
— Eu estou de saco cheio de vocês me controlando também, sabia? Qual a parte de ser uma pessoa que foi apagada daquela merda de contrato?
— Você é petulante mesmo, não é? Garoto você apagou tudo o que dissemos na sala de reunião ontem? Esqueceu a droga de manobra que eu fiz para encobrir seus segredos? E foram muitos: Mirae, Suran, , Cafrey... Eu estou há muito tempo defendendo você e seus interesses, Min Yoongi. Aliás, você é um ingrato! A porcaria do contrato só está mais suave agora porque era eu brigando pela liberdade de vocês lá no alto escalão! Mas liberdade e autonomia também devem ser merecidas Yoongi! Se você age como uma criança imatura, como quer que te tratemos como homem?!
Yoongi apertou os olhos ao cair em si.
— Desculpa. É só que é sufocante ficar o tempo todo...
— É sufocante para mim também! — Ela interrompeu de novo — Acha mesmo que gosto de ficar vigiando, comprando silêncios, montando estratégias e fabricando a imagem de vocês? Acha mesmo que eu gosto de ser a vilã da história? Pois saiba que eu não gosto, mas esse é o meu trabalho, assim como é o seu! Você escolheu isso.
— Desculpe. — Ele disse, bufando arrependido — Eu quis isso, foi escolha minha mesmo. Perdão.
— Não sou inimiga de vocês e já é a milésima vez que digo isso, Suga! Eu só estou tentando tornar as coisas menos problemáticas pra vocês, mas eu preciso confiar nos sete! Coloquei minha mão no fogo por cada um, mas principalmente por você e Taehyung. Um pouco de consideração é justo!
— Eu sei. Eu sei, você foi muito... Eu sei, Nala sunbae. Eu sei....
Nala suspirou e Yoongi a encarou como se dissesse para trocarem o assunto.
— Bom, vamos, não tenho mais muito tempo. Vocês têm gravação externa hoje, e eu só precisava falar com você antes de irem. Quero saber de uma vez por todas, o que você e a Maya tem? Eu devo agir com a mesma gestão e direção que tomarei quanto ao Tae e a ? Vocês estão namorando?
Yoongi abriu os olhos confuso e amedrontado pela resposta que daria pra ela.
— Por quê? Tae e tem alguma coisa de diferente?
— Eles assumiram que estão juntos pretendendo um namoro, oras! Apesar do Taehyung não ter tido a decência de pedir para escritora ainda, ele ao menos me deixa segura para criar estratégias futuras sobre o casal. Mas e você?? Até a estratégia sobre você e já está sendo montada, afinal, agora mais que nunca vocês precisam mostrar vínculos públicos. Porém, e você e a Cafrey? É como a Suran? Um caso que deve ficar no ocultismo por ser curto ou...?
— Eu não sei. Ela e eu não somos nada. Quer dizer... Somos amigos com benefícios e... Eu não sei Nala. Sunbae, não consigo imaginar como descrever o que ela e eu temos, não é como foi com a Suran, nem é como é a . Maya é minha amiga, mas também é minha... Digo...
— Ok... — Nala o interrompeu suspirando cansada e frustrada — Quando souber o que tem com ela me avise imediatamente. Antes que o mundo exploda em uma bomba sobre você e ela serem só casinho um do outro e eu não estar sequer preparada. Vá pro Seijin, já estão atrasados demais.
Yoongi assentiu e saiu um pouco aturdido, mas antes de se afastar totalmente Nala o aconselhou:
— Descubra de uma vez o que sente por essa mulher, Yoongi. Se isso não tem futuro, então pare enquanto há tempo. Se você demora demais para agir acaba perdendo algo precioso.
— Até agora não perdi nada, sunbae.
— Será mesmo?
A pergunta retórica ficou no ar e a mais velha saiu deixando Yoongi no corredor entre as salas sozinho. Depois que as costas da sunbae não poderiam mais ser vistas por ele, Yoongi entrou na sala onde todos os outrosesperavam.
~ Fim do Flashback ~
Yoongi estava deitado em seu quarto pensando em todas aquelas memórias. Desde a conversa com Maya e Nala, até mesmo ao evento da Eulora que ele e os outros acabaram não comparecendo, exceto Seokjin. Na ocasião, foi o único realmente liberado para ir e mesmo que Suga também pudesse, Yoongi sabia que não teria ido. Com que justificativa chegaria lá? Acompanhante de Seokjin de novo? Estava cada dia mais irritado por não conseguir dar um basta na sua relação estranha com a Cafrey, assim como irritava-o não conseguir avançar. “Me liga”, ela havia dito para ele da última vez, e ele havia dito que o faria. No entanto, depois da conversa com Nala… Depois de tantas conversas e principalmente depois de saber que sua mãe estava ciente de Maya… Yoongi sentia-se mal de tentar aproximar-se da mulher. Precisava resolver aquilo de uma vez por todas!
Eles viajariam para a turnê em duas semanas e só Deus sabia quando a veria novamente. Encarando o teto escuro de seu quarto, Yoongi pegou o telefone e discou o número dela. Maya atendeu com voz sonolenta.
— May… — Ele mencionou baixo e rouco e imediatamente ela sabia quem era.
— Yoongi. — Ela se levantou da cama aos poucos, olhando o fuso em seu relógio de cabeceira. — O que houve?
— Quando você volta?
— Ah, eu… Não tenho certeza agora… Preciso confirmar na agenda, mas por que…
— Eu quero te ver. — Ele declarou a interrompendo — Quero te beijar, te pegar como não fazemos há muito tempo.
A voz rouca de Yoongi dizendo aquelas coisas mexeram com o coração de Maya que havia sido surpreendido, e em seguida, apunhalado pela frase:
— E decidir de uma vez por todas se paramos com isso.
Maya engoliu as palavras dele com susto e medo.
— Então… — Ela suspirou ao tentar entender — Você pensou sobre o que sente… Digo… Você tem uma decisão pelo visto.
— Eu tenho.
— Quando vocês viajam para a turnê mesmo? — Maya perguntou com o coração aflito.
— Em duas semanas.
— Eu apareço antes disso. Nos vemos em breve, Yoongi. — Ela desligou sem deixá-lo dizer mais nada.
Maya levou a mão ao peito, além de quente, sentia-se com raiva e assustada. Yoongi diria que não era ela, não é? Ele diria que não queria mais e deixaria ela ir… A simples possibilidade era apavorantes, e Maya Cafrey sentiu-se uma impotente e ridícula! Como poderia permitir que aquele homem quebrasse com sua excêntrica personalidade forte daquele modo?
— Min Yoongi… — Ela sussurrou para si com lágrimas estranhas nos olhos — Se vai me deixar, eu te deixarei primeiro!
Yoongi observava o visor de seu telefone apagado. Ela desligou na cara dele, como sempre a última palavra tinha que ser dela, não é?
— Você gosta ou não dessa mulher, Yoongi? — Ele sussurrou para si mesmo.
— Talvez você esteja nesse impasse porque tem outra que você não teve a oportunidade de ter, e agora não sabe o que sente pela Maya. — A voz de Seokjin invadiu o quarto.
Yoongi assustou-se dando um pulo na cama e encarando o amigo que estava de pé o analisando e secando os cabelos.
— O que você sabe sobre meus sentimentos, Jin… — Yoongi sibilou em uma pergunta retórica.
— Eu sei que se você tivesse ficado com a , pelo menos não teria tantas dúvidas sobre a May.
— Que viagem! Você sempre vem com essa acusação de que…
— Yoongi — Seokjin o interrompeu de modo sério e pacífico ao dizer: — Não quero brigar. Eu só estou dizendo que as coisas são confusas para você porque no meio de direcionar o que sentia por uma, você aprofundou o que vivia com a outra. Pare de negar que a mexeu com você em algum momento!
— E se tivesse sido isso? Maya e eu nos envolvemos antes de eu conhecer a .
— E daí? Antes você aceitava qualquer coisa sobre e com a May, mas agora… Você está aí desejando que ela surja apaixonada por você se declarando só pra tornar mais fácil que você escolha se deixar apaixonar por ela também.
Seokjin suspirou e se deitou em sua cama do dormitório, um tanto certo do que dizia.
— Por que se mete tanto na minha confusão com a Maya, Seokjin? — Yoongi se levantou e sentou-se na cama.
— Eu que os apresentei e…
— Você gosta dela. — Yoongi declarou o interrompendo. — Já era apaixonado por ela quando nos apresentou?
Seokjin arregalou os olhos e ficou sem voz.
— Vocês já ficaram? — Yoongi perguntou de novo.
Jin sentiu que devia ter ficado calado desde que entrou no quarto. Aquela pergunta não deveria ter surgido entre eles, não mesmo.
— Você não está respondendo. Eu devo considerar que sim? — Yoongi perguntou com o cenho franzido, preocupado.
Se não dissesse alguma coisa, seria pior. Então Jin apenas falou:
— Não sou apaixonado por ela, e quando nós dois ficamos você sequer sonhava em a conhecer.
— Hm… — Yoongi murmurou um tanto incomodado por descobrir que Jin foi um dos casos da Cafrey no passado — Eu merecia saber disso antes, não acha?
— Deixaria de se envolver com ela? Acho que não.
— Deixaria. — Yoongi declarou — Se tivesse me dito que você já foi um dos casos dela, eu jamais teria me deixado envolver com ela.
— Não foi essa a sua atitude com o Taehyung.
Yoongi sentiu raiva, porque parecia que Seokjin não confiaria nele nunca mais. Além do tom de ciúme na voz do amigo que era ainda mais estranho.
— Eu não fiz nada com a e não fui um babaca com o Tae como você sempre menciona, Seokjin. E eu espero que nunca mais torne a mencionar isso. Estou ficando de saco cheio do seu jeitinho protetor com a Maya. Não se meta mais na minha relação com ela ou com a . Nenhuma das duas lhe diz respeito!
Suga se levantou emputecido e pegou o travesseiro indo dormir no quarto de Tae e Jimin.
Continua...
GLOSSÁRIO GERAL
noona: Pronome de tratamento coreano, utilizado de um rapaz mais velho para uma mulher mais velha, de idade aproximada. Comum entre amigos, namorados ou irmãos. Antônimo de ”oppa”.
Timing: Expressão americana utilizada para dizer que a pessoa perdeu o momento adequado para algo.
Mangá: Quadrinhos japoneses tipo “HQ”.
sunbae: Pronome de tratamento para alguém superior no trabalho, estudo. Tipo um “veterano”.
Uwa: Interjeição coreana como “uau”, “minha nossa”, “sério?”.
Oh My God: Expressão em inglês. Tradução: “Oh meu Deus!”.
Hall: Expressão em inglês que se refere a uma sala pequena, uma entrada ou espaço tipo salão.
Lakorn: Como são chamados os dramas televisivos (doramas) tailandeses.
Cartoons: Desenhos animados ou estilo de ilustração.
K-pop: Expressão designada ao estilo pop musical, coreano.
Debut, Début ou Debute: Expressão que se refere à estreia de um grupo de k-pop, ou de um trabalho.
Break: Expressão em inglês que significa “quebra”, mas no contexto da história se refere a uma parada para um comercial.
idols: Nome dado aos ídolos coreanos do K-POP.
army: Nomeação dada ao fandom de BTS mundialmente.
Fandom: Fã-clube.
Oppa: Pronome de tratamento designado de uma mulher para um homem significa que este homem é mais velho do que ela, e pode se referir a um irmão mais velho ou um pretendente a namorado.
Komawo: Maneira informal de se dizer “Obrigado”, em coreano.
Yá: Interjeição muito utilizada pelos coreanos para chamar a atenção num diálogo, tal como um “Ei!”.
Stalkear: Ação de vigiar, perseguir ou bisbilhotar alguém pelas redes sociais.
Aigoo e Aish: Interjeições coreanas de descontentamento, tal como “Ah não!”, “Droga!”.
Hyung: Pronome de tratamento de um rapaz para outro, que é direcionado a amigos ou irmãos que sejam mais velhos.
Anyeongseo: Maneira formal de dizer “Olá”, ou de dar cumprimentos iniciais ao encontrar as pessoas.
Ajhumma: Pronome de tratamento de jovens para mulheres mais velhas, similar à “senhora”.
Ajhussi: Pronome de tratamento de jovens para homens mais velhos, similar ao “senhor”.
Soju: Bebida alcóolica típica coreana, feita de fermentado de arroz.
KBS: Empresa de televisão sul-coreana.
Manager: Expressão em inglês. Tradução: Dirigente, chefe de empresa. Refere-se a pessoa que cuida da organização material de espetáculos, concertos, campeonatos etc.; Quem agencia a vida profissional e os interesses de um artista ou desportista; agente, empresário.
Seventeen: Outro grupo de KPOP.
Ommoni e Omma: “Mamãe” e “Mãe” em coreano.
Bastardo: em coreano é um xingamento muito comum, tal como o “idiota” utilizado no Brasil.
Anyo: “Não” em coreano.
Appa: “Pai” e “Papai” em coreano.
Ne e Eong “Sim” em coreano. Sendo “ne” o modo informal falado.
Maknae: Maknae é o membro mais novo de um grupo. É muito comum ver gente falando de “hyung line” e “maknae line” dos grupos, a linha dos membros mais velhos e a linha, dos membros mais novos.
Cheot-garak ou Jeotgarak: o nome dado ao “hashi” na Coreia. Na verdade, é o pauzinho feito em aço ou metal, utilizado tipicamente pelos coreanos.
Manhwa: Um estilo coreano de mangá, que diferente do tradicional japonês é colorido. Diferente do mangá, no manhwa a leitura é feita da esquerda para a direita, tal como no Ocidente. Além da diferença entre mangá (Japão), manhwa (Coréia do Sul) e manhua (China), serem seus países de origem, entre si, eles também têm características e estilos próprios.
Guys: Gíria americana equivalente a “caras”, “pessoal”, “galera”.
M.E: Sigla para o nome da empresa que ela trabalha, a “mangaká Enterteinament”.
Jae-Beom: O nome do Jay, é Park Jae-Beom sendo, “Jay” o apelido e alcunha artística.
Dakgangjeong: Prato típico coreano, de frango frito, sem pimenta e agridoce.
Dispatch: Um dos principais sites de notícias e fofocas das celebridades Sul-Coreanas.
Sakura Mochi: doce japonês feito com a flor de sakura como sabor.
Makgeolli: É uma bebida de vinho de arroz, mas aqui é o nome do gato também.
Mochi: Mochi é um bolinho de arroz tradicional coreano.
Jeju: Jeju ou Cheju é uma cidade da Coreia do Sul, capital da província de Jeju. É a menor província da Coreia do Sul, e a maior ilha do país conhecida por suas lindas praias.
Jinju: Significa “pérola” em coreano, e é o nome que nossos personagens querem dar para seu futuro empreendimento.
Byeontae: Pervertido, tarado.
Kombini: adaptação do termo “convenience store” em inglês. São pequenos estabelecimentos que oferecem uma variedade de produtos, desde comidas até itens essenciais e de higiene pessoal. Basicamente é como uma loja de conveniência no Brasil.
Chugulë: Expressão popular; significado “Quer morrer?”. Utilizada para quando um amigo é inconveniente ou dá algum trabalho, implica ou zoa. É uma forma amigável e sarcástica entre os coreanos de dizer que o outro está perturbando ou passando do limite.
Kodomo: refere-se à “criança”, e é o nome japonês dado ao gênero de mangá voltado ao público infantil.
Aegyo: Aegyo é um termo que significa "exibição de tons de voz doces e expressões faciais e gestos muito delicados". O aegyo literalmente significa "comportar-se de uma maneira graciosa"
Crew: Em inglês, “tripulação”. Utilizado como gíria de “grupo, galera” principalmente entre dançarinos de hip hop ou rappers.
Being Exclusive: A expressão “ficar fixo” em um relacionamento não é comum nos Estados Unidos. Em vez disso, os americanos usam a expressão “to be exclusive” ou “being exclusive” para indicar que estão em um relacionamento exclusivo com alguém. Isso significa que eles não estão saindo com outras pessoas e estão comprometidos em um relacionamento
Jagi ou Jagiya: gíria “querida” em coreano, forma pronominal carinhosa entre casais, usada do homem para a mulher.
Honi: referente a “honey” em inglês, porém gíria coreana carinhosa entre casais, usada da mulher para o homem.
Baduk: é um jogo de tabuleiro Baduk é um jogo de tabuleiro estratégico abstrato para dois jogadores, também conhecido como Go, Weiqi ou Igo. O objetivo do jogo é cercar mais territórios do que o oponente.
Tonsen: irmão ou irmã mais novo (de forma genérica).
Shiommoni: sogra da esposa (mãe do marido).