Um.
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O sol tinha nascido há pouco tempo no horizonte quando dois estampidos puderam ser ouvidos por toda a rua, o que fez alguns cachorros próximos latirem, mas não foi o suficiente para acordar os trouxas.
Os Black seguiram juntos até a terceira casa à direita, encarando-se por um instante antes de passarem pela porta azul. Olharam ao redor, notando o silêncio do local, mas logo escutaram passos apressados vindos do segundo andar da casa. Andrômeda chegou às escadas descendo afoita e olhando para os lados, sorrindo assim que seus olhos pararam em Sirius e %Samantha%, abraçando-os ao mesmo tempo.
— Ouvi a notícia de que Você-Sabe-Quem está morto tem poucos minutos, naquela rádio clandestina! — disse aliviada, olhando de um para o outro. — Parecem cansados! Vamos, sentem-se, vou fazer um lanche para vocês, devem estar famintos! Como estão todos? Por que Ninfadora não está com vocês? Ficou para ajudar no Ministério?
— Andrômeda… — Sirius começou com a voz baixa.
— Daqui a pouco Teddy acorda de novo, ela precisa estar aqui para amamentá-lo — a mulher dizia distraída, andando de um lado para o outro na cozinha pegando canecas para um chá.
— Andrômeda! — o homem repetiu segurando-a pelos ombros, abriu a boca, mas sentiu-se incapaz de proferir aquelas palavras.
— O que aconteceu? Dora está bem? — questionou no mesmo instante, colocando as mãos sobre o peito. — Sirius… — tornou nervosa ao notar a demora por uma explicação, logo sentindo os olhos marejarem. — Onde está Ninfadora? Onde está minha filha.
%Samantha% aproximou-se de cabeça baixa, puxando a varinha da prima do bolso e deixando-a sobre a mesa da cozinha, incapaz de segurar as lágrimas que voltaram a seus olhos. Andrômeda gritou desesperada ao reconhecer a varinha da filha, negando com a cabeça aos prantos, enquanto era abraçada por Sirius.
— Não! Não! Minha filha! Não! Sirius?! — gritava histérica, incapaz de controlar-se. — Ninfadora! Não!
Sirius a abraçava com força, a mulher tremia em seus braços, soluçando conforme o choro aumentava. Logo ouviram o choro de Teddy vindo do andar de cima e %Sam% virou-se em direção ao segundo andar, incapaz de olhar para a mais velha e ver o sofrimento estampado em seu rosto.
— Eu sinto muito… — Sirius murmurou para a mulher com a voz rouca.
— O que aconteceu? — questionou desamparada, encarando-o por um instante com os olhos vermelhos.
— Bellatrix — respondeu em voz baixa, olhando-a nos olhos. — Bellatrix e Rodolfo atacaram os dois…
— Dois…? — questionou confusa, o cenho franzido por um instante, parecendo então dar-se conta de que faltava mais uma pessoa com eles. — Remo…?
Sirius concordou com um aceno, vendo-a fechar os olhos, desacreditada. Levou-a até o sofá antes de buscar um copo d’água, permanecendo ao seu lado durante todo o tempo, abraçando-a.
— O que vai ser de Teddy agora, Sirius? — Virou-se para olhá-lo, chorando ainda mais ao lembrar-se do neto. — Sem mãe e pai? Eles estavam tão felizes… Como vou criá-lo, Sirius?
— Vocês não estarão sozinhos, Andrômeda. Estaremos aqui o tempo todo!
%Samantha% olhava o garotinho em seu colo distraído ao brincar com os cabelos soltos da mulher, não parecendo incomodar-se com o fato de estarem sujos. Teddy havia acordado assustado com os gritos, mas logo acalmou-se, permanecendo quietinho em seu colo e fazendo barulhos vez ou outra, ou colocando a mãozinha na boca, olhando para a mulher que estava com ele e, vez ou outra, em direção à porta como se esperasse que mais alguém entrasse para vê-lo. Black respirou fundo, fungando para evitar voltar a chorar enquanto estava com ele, mas sentiu um aperto no peito ao pensar que Dora não estaria mais ali e Teddy cresceria sem a mãe e o pai, assim como ela.
— Seus pais são os melhores do mundo, sabia? — disse baixinho, atraindo a atenção do bebê por alguns instantes. — Eles te amam muito, Teddy, foi por isso que a Dora foi para Hogwarts, porque ela e o Remo queriam garantir que você não sofreria por causa do Riddle, ok? Seu pai foi um dos melhores professores que eu tive, sabia disso? Ele era realmente incrível! E sua mãe é uma das pessoas mais maravilhosas do mundo todo! Ela sempre me ajudava com tudo, até acordava a noite pra dormir comigo quando chovia muito forte, porque sabia que eu tinha medo de trovão. E sempre me mandava chocolates da Dedos de Mel quando estava em Hogwarts. Você vai ser tão incrível quanto seus pais, tenho certeza disso. E eu nunca vou deixar você sozinho, ok? Eu sempre estarei do seu lado, assim como a Dora esteve do meu, eu prometo pra você!
Cedrico afastou-se de sua mãe após incontáveis minutos sendo abraçado por ela que não parava de chorar contra seu peito, feliz pelo filho estar a salvo, contente por Voldemort estar morto e, ao mesmo tempo, triste ao saber de todos aqueles que tinham perdido suas vidas durante a Batalha.
— Imagino que Shacklebolt organizará todo o funeral? — Amos questionou sentado no sofá, tão triste quanto a mulher e, ao mesmo tempo, sentindo-se mal por não ter ajudado como podia na luta, nem mesmo sabendo que tudo aquilo havia acontecido antes de Cedrico contar-lhes.
— Sim, mas o Conselho deve se reunir primeiro para escolher um novo Ministro da Magia, não? — respondeu, ainda dando palmadinhas nas costas de Rachel que aos poucos se acalmava. — Quem mais poderia concorrer ao cargo além de Quim?
O mais velho ponderou, passando a mão pela barba rala.
— Consigo pensar em mais um ou dois nomes, mas Shacklebolt deve ser escolhido como Ministro ao menos temporariamente, principalmente por ter participado de toda a luta contra Você-Sabe-Quem. Já havia rumores de que ele seria escolhido após Fudge renunciar…
— Tenho certeza de que ele fará um trabalho maravilhoso. — A mulher fungou, finalmente afastando-se do filho antes de virar-se em direção a cozinha, pensando em preparar algo para ele comer. — Kingsley sempre foi um ótimo funcionário e um excelente bruxo para o Ministério.
— Sim, sempre muito humilde também e, claro, devemos lembrar que se não fosse por ele, você teria tido problemas maiores nos últimos meses. — Amos apontou para o mais novo, lembrando-se da invasão do Ministério.
Cedrico concordou, sorrindo fraco ao sentar-se ao lado do pai no sofá da sala.
— Espero que agora que tudo acabou eu possa recuperar meu emprego… — comentou, cruzando os braços atrás da cabeça, sentindo o corpo dolorido ao recostar-se. — Preciso de dinheiro…
— Sua namorada não é rica, filho? Trabalhar pra quê? — perguntou divertido.
— Quero que Sirius pense que sou responsável até casarmos, depois disso vou largar o emprego e viver às custas dela! — respondeu no mesmo tom, piscando para o mais velho.
— Falando em Sirius e %Samantha% — Rachel comentou sorrindo ao voltar para a sala com uma bandeja com sanduíches e suco —, como eles estão com tudo o que aconteceu com Ninfadora e Remo?
— Nada bem. — Suspirou, agradecendo pela comida antes de pegar o sanduíche de carne feito pela mulher. — Não pude conversar muito com %Sam% depois da batalha, mas não vai ser nada fácil contarem para Andrômeda…
— Por Merlin — Rachel concordou, colocando a mão sobre o peito e negando com a cabeça. — Farei uma visita amanhã, não imagino como ela possa estar, perdendo o marido, filha e genro em menos de um ano!
— E duas irmãs também — Cedrico relembrou, terminando de engolir. — Embora não estivessem próximas, as coisas devem ser diferentes agora que sabemos sobre Victoria, não sei qual deles vai estar pior com tudo isso…
— Victoria Lestrange? O que aconteceu? — Amos questionou curioso ao ouvir o nome da mulher.
— Na verdade ela era inocente igual ao Sirius, bem, talvez não inocente, mas tudo o que ela fez foi tentando proteger a família. Morreu tentando derrotar Voldemort como todos nós, e %Sam% só soube disso horas antes…
— Pelas barbas de Merlin! — Amos exclamou chocado com a reviravolta, passando a mão pelos cabelos curtos. — Caramba, essa família não tem um momento de sossego?
— Sirius sabia sobre isso? — Rachel perguntou tão surpresa quanto o marido.
— Aparentemente sim, não sei bem como foi que descobriu, mas ao que tudo indica, foi Victoria quem o ajudou a escapar de Azkaban e os dois vinham se comunicando desde que ela fugiu da prisão junto com os outros Comensais…
— Em que foi que você se meteu, Ced? — o homem comentou, encarando-o por um instante ao negar com a cabeça. — Como deve estar a cabeça dessa garota com tudo isso? Os pais em Azkaban para depois de anos descobrir que os dois não eram Comensais e perder a mãe e prima na mesma noite?
— E matar a tia… — acrescentou, suspirando ao lembrar-se do momento, virando-se para os pais. — Ninfadora foi morta por Bellatrix e %Sam% a matou pouco depois...
— Eu acho… — Rachel começou em voz baixa, parecendo cada vez mais chocada com o que escutava. — Acho que você deveria tomar um banho, descansar um pouco e então visitá-la, %Samantha% vai precisar de você e do seu apoio!
— Sei que sim — concordou, levantando-se do sofá pronto para um banho longo. — Mas só amanhã. %Sam% vai ficar com Andrômeda essa noite.
Sirius tornou a abraçar a prima antes de despedirem-se, beijou a testa da filha e aparatou de volta para casa. Parou no galpão de Bicuço, jogando-lhe duas doninhas para comer e lhe acariciando a cabeça por alguns minutos antes do cansaço vencê-lo por completo e seguir para a casa. Foi direto para seu quarto tomar um banho e trocar de roupa, não se permitindo nem por um instante pensar em tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Precisava aliviar um pouco os pensamentos e o coração de toda aquela dor, embora não fosse uma tarefa fácil.
Sirius descia as escadas vestindo uma roupa mais velha e confortável quando ouviu o estampido alto no quintal. Andou até a porta ao ver pela janela da sala o afilhado atravessando o terreno, carregando apenas uma mochila pequena e parecendo tão cansado quanto ele próprio.
O garoto sorriu assim que o viu parado à porta, abrindo os braços para dar-lhe as boas-vindas após tantos meses distantes.
— Bem-vindo à sua nova casa, Harry Potter! — disse ao abraçá-lo apertado, sendo correspondido da mesma forma.
— Nem sei como agradecer, Sirius! — respondeu em voz baixa, sentindo-se genuinamente feliz ao pensar que finalmente era bem-vindo no lugar que passaria a morar.
— Tente não me dar tanto trabalho ou preocupação nos próximos meses e será agradecimento o suficiente — pediu sorrindo, dando-lhe espaço para entrar e mostrando-lhe a casa: — A cozinha é por ali, sinta-se à vontade para atacar os armários, apesar de que preciso comprar mais comida essa semana… Talvez faça isso amanhã. — Coçou a barba, distraído.
— Você tem uma televisão? — Surpreendeu-se ao ver o objeto na sala de estar.
Sirius o encarou com a sobrancelha arqueada.
— A maioria dos bruxos podem evitar os trouxas, mas não quer dizer que eu não aproveite algumas coisas úteis que eles inventaram, televisão e pizza sendo duas delas.
Harry riu concordando com a cabeça, enquanto o mais velho apontava para o outro canto após a sala.
— Temos um banheiro aqui embaixo e no andar de cima. — Começou a subir as escadas, sendo seguido pelo mais novo. — Você e %Sam% vão dividir esse aqui, boa sorte, ela passa horas no banho — avisou, olhando-o por sobre o ombro. — Meu quarto é o no final do corredor, este é de %Samantha% — apontou para a porta pintada de roxo — e esse é o seu. Ainda tem algumas roupas de Diggory espalhadas, mas eu não sou contra você jogar tudo fora se quiser. Podemos fingir que foi um acidente! — Piscou, vendo-o rir ao negar.
— Jogar fora? Eu vou pegar pra mim, estou carregando duas camisas há meses!
— Podemos resolver isso também — acrescentou rindo, parando de braços cruzados na porta, enquanto o afilhado deixava a mochila sobre a cama e olhava ao redor. — Não decoramos muito além do básico porque achamos melhor você mesmo montá-lo como preferir — começou, aproximando-se de uma caixa mais ao canto. — Mas imaginei que você gostaria de ver isso aqui primeiro!
O homem deixou a caixa de papelão em cima da cama ao lado do garoto, antes de colocar a mão em seu ombro, apertando-o gentilmente.
— Espero que você goste de morar aqui, Harry, e que seja feliz como merece. — Sorriu. — Depois é melhor você tomar banho e comer alguma coisa, deve estar faminto, não? E descanse, você está acabado! — Piscou, virando-se para sair do quarto.
— Vai dormir na casa dos Tonks, deve voltar em alguns dias — explicou, sorrindo pequeno antes de sair, fechando a porta atrás de si.
Harry tornou a olhar ao redor, sorrindo sozinho ao pensar que tinha um quarto só pra ele, após todos aqueles anos. As paredes eram todas brancas, a cama de casal ficava de frente a uma janela que dava visão para o grande terreno ao redor da casa. Ao canto, um armário de quatro portas, o qual ele abriu para deixar suas coisas: uma camiseta azul, um par de jeans e seu pijama que consistia em uma bermuda velha e uma camisa branca com alguns furos. Tirou a jaqueta que vestia deixando-a de canto, sabendo que precisaria lavá-la antes de guardar. Na segunda porta do armário notou algumas roupas bem dobradas que deveriam pertencer a Cedrico. Tirou os tênis deixando-os de lado e então voltou a sentar-se na cama, abrindo curioso a caixa que Sirius havia deixado ali, imaginando ser algum presente de boas-vindas.
Entretanto, ao abri-la, notou um livro de Transfigurações usado, folheou-o curioso e então viu o nome escrito ao canto da primeira página:
James Potter. Sorriu sozinho ao notar a caligrafia do pai, passando para as páginas seguintes com anotações aleatórias sobre feitiços ou desenhos de pomos-de-ouro. Deixou o livro de canto e tornou a olhar a caixa, pegando um punhado de fotos antigas que estavam ali. Na primeira delas, claramente cortada, conseguia ver James, Lily, Sirius e Remo, todos mais jovens e ainda usando as vestes de Hogwarts em frente ao Lago Negro — o que o fez imaginar que a pessoa faltando na foto deveria ser Rabicho. Na seguinte, James segurava %Sam% no colo e Sirius carregava Harry, os amigos rindo para a foto enquanto as duas crianças se encaravam, não parecendo tão animadas quanto os pais com a interação.
Sentiu as lágrimas começarem a escorrer por seu rosto ao ver a foto dos pais o segurando no que deveria ser seu aniversário de um ano. O pequeno Harry estava no colo do pai e batia palmas animado para a vela no bolo que sua mãe segurava. Na última imagem, um homem mais velho de óculos o segurava sorrindo e James abraçava a mulher ao lado. Harry passou algum tempo olhando para o casal, notando ser a primeira vez que realmente via uma foto dos avós. Por fim, ao olhar mais uma vez dentro da caixa, puxou uma camisa comprida parecida com seu uniforme de Quadribol, embora mais gasta e um tanto desbotada, o número 7 e o nome POTTER na parte de trás ainda eram visíveis.
Harry sorriu deitando-se na cama de barriga para cima enquanto encarava a foto dos pais.
A loira olhou para os braços machucados enquanto a água quente caía sobre seu corpo e fez uma careta leve ao reparar que em alguns pontos os machucados estavam mais doloridos e profundos que outros, olhou a água avermelhada que descia pelo ralo antes de virar-se para pegar um pouco de shampoo. Demorou incontáveis minutos para conseguir tirar a camada grossa de sangue seco de seus cabelos embolados para finalmente passar um pouco de condicionador e então limpar o restante dos cortes que havia sobre si com o sangue coagulado.
Secou-se ainda dentro do box antes de enrolar a toalha nos cabelos compridos e então vestiu um pijama que havia deixado na casa dos tios. Andou o mais silenciosamente que pôde pelo corredor, imaginando que a tia havia voltado a descansar devido ao horário, mas notou a luz acesa no quarto de Andrômeda, pensou por um momento antes de caminhar até lá, batendo na porta e abrindo uma fresta, logo vendo a tia a olhar sorrindo triste, sentada na cama com as mãos sobre o colo.
— Não consigo dormir! — confessou baixinho, passando a mão pelo rosto molhado.
%Sam% concordou com um aceno sentando ao seu lado na cama e passando o braço por seus ombros, a mais velha suspirou encostando a cabeça entre o ombro e pescoço da sobrinha, chorando em silêncio.
— Você sabe que sempre vai ser minha família e que não está sozinha, né, tia? — perguntou baixo, apertando-lhe o ombro em consolo, sentindo as próprias lágrimas rolarem. — Independente do que tenha acontecido nos últimos anos eu sempre considerei você e Ted como meus pais desde o começo. Eu sei que não é a mesma coisa, mas eu vou sempre estar do seu lado do mesmo jeito que vocês estiveram do meu.
— Sei que sim, %Sam%. — A mais velha sorriu triste, passando as mãos pelo rosto antes de suspirar e encara a mais nova, olhando para os pequenos cortes em seu rosto e braços. — Tem certeza que está bem? Talvez devêssemos fazer curativos...
— Não se preocupe — negou com um aceno —, não foi nada grave.
Andrômeda a abraçou por incontáveis minutos antes de levantar-se da cama puxando uma cadeira mais afastada, colocando-a na frente da loira.
— Sente-se — pediu ao tempo que procurava por uma escova de cabelos, voltando e tirando a toalha dos cabelos compridos da mais nova, secando-os por alguns instantes antes de se sentar na cama, começando a penteá-los. — Fazem alguns anos que não precisa mais da minha ajuda com isso, não é? Lembra quando você era pequena e não queria cortar os cabelos porque achava que eles não cresceriam de volta? Foi só quando você viu que eu havia cortado e, com o tempo, os meus voltaram ao tamanho anterior que você me deixou cortar os seus. Quase um ano depois. Estavam enormes!
A garota riu sentindo as mãos habilidosas da mais velha separar mechas de seu cabelo para desembaraçá-lo aos poucos.
— Você tentou me enganar cortando o da Dora, mas ela mudava sempre que queria! — comentou, lembrando-se do momento.
— Sim, você passou dias chorando quando descobriu que não poderia mudar as cores ou o tamanho do seu como ela fazia… — Sorriu tristemente com a memória.
— Você lembra da vez que ela se escondeu para vocês acharem que tinha fugido de casa?
— Oh, é claro que sim! Passei horas desesperada para depois descobrir que ela estava escondida embaixo da sua cama o tempo todo. E você nem mesmo para nos dizer, começou a chorar dizendo que estava com saudades dela… — Negou com a cabeça, relembrando do momento. — Vocês duas eram impossíveis!
As duas mulheres ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo o barulho da escova passando pelos cabelos da mais nova, até Andy terminar e deixar o objeto na cama, logo começando a separar algumas mechas para fazer uma trança.
— Obrigada por ter ficado, querida — disse pouco mais alto que em um sussurro. — Não sei como farei sozinha nessa casa, apenas com Teddy.
— Vocês poderiam morar com a gente, tia, você ouviu o que meu pai disse…
— Não, não. — Negou com um aceno, embora ela não pudesse ver. — Não poderia sair daqui, principalmente agora.
— Eu volto pra cá, te ajudo a cuidar do bebê e você não fica sozinha — sugeriu, olhando-a por sobre o ombro.
— Você deve ficar com seu pai, %Samantha%, depois de tanto tempo vocês dois merecem uma vida sossegada.
— Papai não vai se importar, além do mais, agora que tudo acabou não temos mais com o que nos preocupar, posso visitá-lo todos os dias!
— Ou você pode fazer o contrário: morar com seu pai e vir nos visitar sempre que quiser. Além do mais, eu não posso ficar responsável por você e seu namorado — comentou, rindo baixo. — Sirius ficaria louco se soubesse que eu não me importo com Cedrico dormindo aqui!
Andrômeda abriu a porta vendo Rachel e Cedrico parados, a mais velha logo se adiantou a abraçando apertado, sendo correspondida da mesma forma pela amiga.
— Eu sinto tanto, Andy! Não consigo nem imaginar… — disse baixo, consolando-a como podia.
— Obrigada — respondeu sorrindo triste, virando-se para Cedrico, o qual carregava uma torta feita pela mãe, passando-a para o braço esquerdo antes de curvar-se ligeiramente sobre a mulher, abraçando-a sem jeito. — Fico feliz que esteja bem, querido!
— Eu sinto muito, de verdade… — Beijou-lhe a bochecha, escutando-a fungar baixo, agradecendo.
A mulher pegou a torta, agradecendo novamente a gentileza, virando-se para o rapaz.
— %Sam% está no quarto com Teddy, pode subir!
Diggory sorriu pequeno, vendo as duas mulheres andarem em direção a sala antes de virar-se para as escadas, subindo de dois em dois degraus. Viu a namorada em pé, balançando o garotinho que mexia-se agitado em seus braços.
%Sam% sorriu, virando o rosto em sua direção quando ele aproximou-se o suficiente, beijando-lhe por alguns segundos e então mexendo com o bebê, segurando-lhe a mão e apertando-a gentilmente.
— Por favor! Faz pelo menos uns trinta minutos que estou com ele no colo e nada de se acalmar, Andy deixou a mamadeira pouco antes de vocês chegarem, mas ele não pegou.
Cedrico concordou, segurando com cuidado o pequeno Teddy em seus braços, balançando-o um pouco desajeitado por alguns minutos até que o garotinho, aos poucos, se acalmou.
— Inacreditável! — A loira negou com a cabeça, cruzando os braços.
Diggory riu baixo sentando-se na cama, ainda balançando-o devagar. %Sam% entregou a mamadeira e, pouco depois, a criança abriu a boca aceitando de bom grado o leite que lhe era dado.
— Parabéns, Cedrico, está contratado! — Sorriu, virando-se pelo quarto à procura de um prendedor de cabelo ao tempo que o namorado se encostava na parede, ficando mais confortável.
— Vai ficar aqui mais alguns dias? — questionou ao vê-la amarrar os cabelos em um coque frouxo.
— Sim, falei que poderia voltar a morar aqui, pelo menos por um tempo — contou, procurando por outra camisa no armário, já que a que estava usando estava com um pouco de vômito do bebê —, mas Andy não quis, então vou ficar por pelo menos estas primeiras duas semanas, garantir que estejam bem.
Ele concordou com um aceno, vez ou outra olhando para o garotinho, garantindo que ele estava bem e não se afogaria com o leite, enquanto a namorada trocava de blusa, aproveitando para assobiar, apenas para vê-la rolar os olhos, rindo sem graça. Cedrico tornou a olhar para seu rosto por alguns instantes, notando o quão cansada ela parecia.
— Quase nada, durante o dia fiquei conversando com Andy e depois Teddy acordou e demorou a voltar a dormir. Quando realmente consegui dormir eram quase seis horas e acordava de tempos em tempos, e você?
— Muito menos do que eu esperava pelo cansaço que estou sentindo — confessou. — Se quiser pode tentar dormir mais um pouco, eu fico com ele.
— Não, tudo bem, não estou com sono agora, só cansada. — Deu de ombros, finalmente sentando-se ao seu lado na cama, cruzando as pernas e olhando de Cedrico para o afilhado.
Permaneceram admirando o bebê em silêncio por alguns minutos até que ele terminou a mamadeira e Diggory o segurou em pé, dando duas palmadinhas em suas costas até que ele arrotasse.
— Como é que você sabe tanto sobre crianças?
— Tenho primos menores — deu de ombros —, além de ter visto Ninfadora fazendo isso algumas vezes.
%Sam% concordou com a cabeça, sorrindo triste ao pensar na prima. Cedrico a encarou de canto, passando a língua pelos lábios antes de tornar a perguntar em voz baixa:
— Bem, só cansada — respondeu de imediato, sem nem mesmo olhá-lo.
— %Samantha% — suspirou —, você sabe o que quero dizer.
Cedrico esperou pacientemente até que a namorada começasse a falar, aproveitando para mexer o bebê em seu colo, balançando-o com cuidado tentando fazê-lo dormir.
Black encostou-se na cabeceira da cama, olhando para as próprias mãos enquanto pensava em como colocar o que sentia em palavras, havia uma confusão enorme entre seu coração e cabeça.
— Estou feliz que tudo acabou finalmente — começou em voz baixa, sem olhá-lo, mas sabendo que Diggory a encarava. — Obviamente triste por todos que perdemos não só na batalha, mas durante todos esses anos. E estou mal pela Dora, gostava de todos, mas ela é a que mais me faz falta. Os Tonks foram a única referência de família que eu tive por anos, não sei o que fazer agora que Dora e Ted não estão mais aqui… — A voz saiu falha e o nó em sua garganta apareceu ainda maior que das outras vezes, sentia como se aos poucos sufocasse com tudo aquilo.
Cedrico estendeu a mão, envolvendo a da loira e apertando-lhe gentilmente, tentando transmitir algum conforto. %Samantha% olhou para suas mãos juntas por alguns instantes, antes de virar-se para ele.
— Não sei, Ced, eu sinto que estou triste, mas não sei… — Suspirou, fechando os olhos por alguns segundos. — Dora era a pessoa que eu tive mais próxima por anos e eu mal consigo chorar pela morte dela… Passei horas conversando com a Andy, mas não parecia certo, é como se eu não estivesse triste o suficiente…
Diggory negou com a cabeça, passando a língua pelos lábios.
— Você não pode comparar a forma que sente a perda de alguém com outra pessoa, você pode só reagir a isso de forma diferente, não significa que não está triste. Ou talvez só demore um pouco mais para realmente assimilar tudo isso.
— Mesmo assim, Cedrico, algumas vezes eu acho que estou mais aliviada de tudo ter acabado do que realmente triste…
— É claro que você está aliviada, %Sam%, todos estamos. Voldemort está morto, Comensais estão sendo presos. Não precisa se sentir mal por isso, não quer dizer que você sofre menos a perda de Ninfadora e todos os outros por também se sentir feliz por tudo ter terminado.
Black suspirou, concordando devagar e tornando a olhar para suas mãos, mordendo o lábio inferior.
— Bellatrix — começou olhando-o por alguns segundos antes de continuar. — Eu sei que talvez possa parecer que foi uma decisão lógica tê-la matado, estávamos em uma guerra, talvez ela tivesse matado várias outras pessoas — disse lentamente —, mas eu não consigo me sentir culpada por ter feito aquilo. Não digo nem pela parte de termos o mesmo sangue, porque não éramos próximas e foi ela quem matou Dora, mas por ter matado outra pessoa. Achei que me sentiria mal por isso, sabe? Mas não sinto nada. Na hora até me senti aliviada… E eu tenho plena consciência que só o fiz para me vingar, porque não estava pensando na batalha nem em ninguém...
— Sinceramente, eu me senti extremamente aliviado quando isso aconteceu. — Deu de ombros, tornando a passar a língua pelos lábios antes de se explicar: — Me senti horrível por saber que não podia te ajudar naquele momento e saber que ela esteve tão próxima de te matar acabou comigo — sentiu a própria voz quebrar — porque eu senti que falhei com você em não poder te ajudar. E pensar que algo poderia realmente ter acontecido com você…
A garota aproximou-se, beijando-lhe a bochecha antes de encostar-se ao seu lado, colocando a cabeça sobre seu ombro, fazendo carinho na cabeça do afilhado.
— Mesmo que algo tivesse acontecido, não teria como evitar, Ced, nós dois sabíamos disso quando resolvemos entrar na Ordem, não é? Teriam coisas que ficariam fora de nosso controle. Eu me senti péssima todas as vezes que você se machucou em alguma missão…
— Pelo menos nossa cota de hospital e missões está completa, não?
A garota riu fraco e então continuaram a olhar Teddy, sonolento, fechando os olhos lentamente.
— Você não precisa se preocupar por nada disso, %Samantha% — o rapaz começou a dizer após alguns minutos de silêncio. — Faz todo o sentido você sofrer mais pela perda da Ninfadora, e sua confusão de sentimentos não é nada tão fora do comum, você tem que se dar um tempo, em algum momento isso tudo vai passar, você vai sofrer o que precisa pelas perdas que teve e também vai seguir em frente quando estiver pronta pra isso. — Cedrico sorriu pequeno para a namorada, mirando seus olhos cinzentos nos %castanhos%. — Você não é uma má pessoa por sentir tudo isso, %Sam%.
— Espero que não… — concordou em voz baixa, vendo o afilhado dormir nos braços do outro.
Diggory pensou por um instante, mordendo o lábio inferior antes de fazer a próxima pergunta que tinha em mente:
— Você e Sirius conversaram sobre Victoria?
— Ainda não — negou com a cabeça —, não tivemos tempo, ele só explicou o que aconteceu na batalha para Andy, mas não deu muitos detalhes… Estavam de fato se comunicando o tempo todo, mas não explicou como tudo aconteceu, vamos conversar quando eu voltar para casa…
— Você está bem? — tornou instantes depois, prestando atenção em suas reações.
— Não sei ao certo o que sentir disso tudo, fico triste pelo que ela passou, mas não é como se estivesse chorando, sabe? Não éramos próximas, nunca me importei com ela, então é apenas estranho…
— Imagino que seja, mesmo — concordou baixo o rapaz, sorrindo de canto para ela em seguida. — Sabe que se precisar de algo, estou aqui, não?
— Sempre! — Sorriu, beijando-lhe a bochecha, Diggory fez careta.
— Errou o lugar, era aqui. — Fez um bico, vendo-a rir ao negar apontando com a cabeça para o afilhado.
— Temos uma criança presente, talvez mais tarde. — Piscou, vendo-o rir baixo.
%Sam% aproveitou que o garotinho estava dormindo, ficando em pé e pegando-o com cuidado para levá-lo de volta a seu berço, deixando-o deitado e esperando alguns minutos para garantir que ele não acordaria. Quando voltou ao quarto, encontrou Diggory esparramado por sua cama, os tênis jogados de qualquer jeito no chão e os olhos fechados, respirando tranquilo. Black parou na porta, sorriu de canto enquanto o olhava reparando em alguns machucados que ele tinha espalhados por seus braços, além de um corte no supercílio e outro em seu queixo. Notou as marcas do incidente de pouco mais de um mês atrás ainda visíveis e um tanto avermelhadas, mas muito melhores do que nos primeiros dias.
— Vai ficar me olhando por quanto tempo? — questionou ainda de olhos fechados, embora um sorriso pequeno estivesse presente em seus lábios finos.
— Sei lá, pra sempre — respondeu baixo, ouvindo a risada rouca do namorado, aproximando-se instantes depois e sentando-se ao seu lado. — Como é que você continua bonito desse jeito?
Diggory abriu os olhos, arqueando a sobrancelha.
— Olha só quem fala… — respondeu baixo, sorrindo de canto. Ela negou por um instante.
— Estou falando sério, Ced, mesmo todo machucado você ainda é o cara mais lindo que eu já vi na vida!
Cedrico riu sem graça, sentindo as bochechas esquentarem.
— Fico feliz que continue achando isso após todo esse tempo juntos, estaria com problemas se você pensasse o contrário — respondeu em voz baixa, inclinando-se alguns centímetros ao colocar os cotovelos sobre a cama, elevando o tronco. — Mas você realmente não deve se olhar no espelho com muita frequência, não é? — questionou sorrindo. — Mesmo quando estava com metade do corpo coberto de sangue, estava incrível como sempre. Ainda que esteja cansada e com olheiras, continua sendo a garota mais linda e gostosa que eu já conheci. Como foi que eu dei sorte de você me dar uma segunda chance? Não sei, mas graças a Merlin que me quis de volta. — Diggory viu a garota corar fortemente, tentando segurar a risada ao desviar o olhar do dele. — É irreal você achar que eu sou a pessoa mais bonita dessa relação quando você é simplesmente perfeita em todos os sentidos.
Black fez uma careta negando veementemente.
— Sabe que isso não está nem perto de ser verdade, Cedrico.
— Pra mim é, mas eu sou apaixonado por você, então é diferente… — respondeu, ouvindo-a rir baixo. — Definitivamente os beijos e o sexo são bastante satisfatórios.
—
Satisfatórios? — a outra questionou com a sobrancelha arqueada. — Satisfatório vai ser o soco que eu vou dar nessa sua cara, seu palhaço.
Cedrico começou a rir, não conseguindo se conter da reação exagerada da loira.
— Estou brincando, meu amor, os beijos são sempre a melhor parte do meu dia — piscou — e, bem, fico triste de não conseguir me esconder no seu quarto mais vezes, porque o sexo é realmente uma loucura!
— Ai, cala boca, Diggory! — %Sam% negou com a cabeça, segurando a risada, o rosto ainda mais vermelho do que antes.
— Uhmm, com licença. — Andrômeda apareceu na porta olhando para o lado, claramente segurando a vontade de rir da conversa que havia escutado. — Se vocês quiserem descer para comer, está tudo pronto…
— Obrigada, tia! — respondeu por sobre o ombro, sorrindo pequeno.
— Não se preocupem, não escutei nada, Sirius não vai saber por mim! — avisou, olhando o rapaz por um instante antes de sair do quarto.
Cedrico Diggory continuou a encarar a porta, estático. A cor sumiu de seu rosto por um momento para em seguida tomar uma cor vermelha, conforme ele processava a informação do que a mulher havia acabado de ouvir.
— Eu nunca mais piso nessa casa — sussurrou, completamente sem graça.
— Não se preocupe, ela já sabia — %Sam% avisou, dando risadinhas. — Definitivamente não precisava te escutar falando sobre, mas diferente de papai, ela não acha que estamos só andando de mãos dadas.
— Não tive escolha, ela e Dora notaram que ficamos horas sozinhos na praia e depois voltamos aos risos para casa nas férias, então quando elas me perguntaram eu confirmei.
— Pelas barbas de Merlin, como você nunca me falou isso? Caramba, você acha que meus pais também sabem?
— Ficaria surpresa se não soubessem. — Deu de ombros, embora também se sentisse um tanto constrangida.
— Vai lá e pega um pedaço de bolo pra mim, não vou sair desse quarto tão cedo… Nunca mais vou olhar pra Andy, por Merlin… Todo esse tempo… — Negou apreensivo, ainda desacreditado que outras pessoas soubessem sobre aquilo. — E se seu pai também souber?
— Ced, quais as chances do meu pai não ser a pessoa mais inconveniente do mundo quando descobrir?
%Sam% desceu as escadas sozinha, visto que o namorado parecia constrangido demais para encarar qualquer uma das mulheres, principalmente considerando que Andrômeda talvez contasse para Rachel sobre o que havia escutado. Black não considerou a segunda opção por confiar na tia, sabia que a mais velha seria discreta, assim como foi quando a sobrinha contou sobre o que tinha acontecido entre o casal.
A garota sorriu sem graça quando viu a mãe de Cedrico sentada no sofá, tomando uma xícara de chá. Sra. Diggory sorriu tão sem jeito quando a outra, mas se levantou segundos depois, aproximando-se para abraçá-la, um tanto constrangida.
— Eu sinto muito, %Samantha% — começou a dizer em voz baixa, afastando-se alguns centímetros da loira para encará-la nos olhos —, por tudo o que aconteceu, por todos os que você perdeu e, também, porque sei que errei com você várias vezes por me preocupar com meu filho. Espero que possa me perdoar algum dia e que saiba que por mais que eu não tenha sido a melhor das pessoas com você nos últimos meses, nunca te quis mal. E, por mais estranho que pareça, também sempre fiz muito gosto do namoro de vocês, tenho certeza que Ced não poderia achar uma pessoa melhor.
Black concordou, ainda um tanto sem jeito.
— Não se preocupe, entendi todas as vezes seu posicionamento. Talvez tivesse feito o mesmo se estivesse no seu lugar.
— Estamos bem? — Quis garantir, sorrindo mais confiante, vendo-a acenar positivamente.
A mulher tornou a abraçá-la com um pouco mais de força e sendo correspondida da mesma maneira. %Sam% sentiu-se genuinamente feliz com aquilo, gostava de Rachel e, definitivamente, não gostaria de estar brigada com a mãe do namorado, principalmente por saber que o relacionamento dela com o filho era tão bom quanto o que a loira tinha com Andrômeda.
— E cadê o Cedrico? — Andy perguntou olhando para as escadas, como se esperasse que ele estivesse descendo atrasado.
— Disse que está muito cansado para descer, vai tentar dormir um pouco. — A mais nova a encarou por alguns instantes, vendo-a sorrir leve ao entender o motivo.
%Samantha% abriu a porta vendo Kingsley Schaklebolt parado do lado de fora, parecendo ainda mais cansado desde que o tinha visto após a batalha. Sorriu leve para o homem, dando espaço para que entrasse na casa.
— Como está, Quim? Já passou a ser Ministro? — perguntou, abraçando-o por alguns instantes.
O homem negou com a cabeça, piscando lentamente.
— No momento temos coisas mais importantes para fazer antes de pensarmos nisso. O próprio Conselho achou melhor esperar alguns dias antes de decidirmos qualquer coisa.
— Pode ser que esteja na hora de você descansar também, não? — comentou, vendo-o suspirar ao concordar.
— Infelizmente isso também terá que esperar. Andrômeda está? — pediu enquanto sentava-se no sofá.
— Só um minuto, está colocando Teddy para dormir — explicou a jovem, sentando-se ao seu lado. — Como estão as coisas?
— Melhor do que estavam nos últimos meses, mas ainda temos trabalho pela frente. Comensais foragidos, Trouxas que precisamos apagar a memória e coisas do tipo… E por aqui? Fiquei um pouco surpreso de não te ver na casa de Sirius, passei lá mais cedo.
— Ah, achei melhor passar uns dias por aqui antes de voltar — disse sorrindo pequeno.
Quim concordou com um aceno, levantou-se quando viu Andrômeda descendo as escadas, adiantando-se para abraçá-la.
— Eu sinto muito, qualquer coisa que vocês precisem…
— Eu sei, muito obrigada.
Andrômeda não queria mais chorar na frente dos outros, gostaria de passar uma imagem forte. Gostaria de ser tão corajosa quanto a filha, achava que Ninfadora merecia isso de sua parte, mas era sempre mais difícil à noite quando se deitava e os pensamentos dominavam sua cabeça. Durante o dia conseguia se distrair com o neto e seus afazeres, mas quando se deitava, ficava sozinha com suas memórias.
— Parece cansado, Quim, talvez seja hora de você tirar uns dias de folga, não? — tornou quando sentaram-se, o homem sorriu pequeno.
— Como falei para %Samantha%, isso vai ter que esperar um pouco mais. — Suspirou, assumindo em seguida sua pose profissional, a voz profunda e calma de sempre. — É por isso que estou aqui, Andrômeda. O Conselho aceitou a proposta de um funeral em Hogwarts. Será uma forma de relembrarmos todos que perderam suas vidas na Batalha e ao longo do ano, assim tentaremos, de alguma forma, homenageá-los. Preciso saber se você está de acordo, se podemos incluir Dora, Ted e Remo nessas homenagens.
A mulher sorriu triste, assentindo.
— Não vejo lugar melhor para fazerem isso — começou, fungando. — De quem foi a ideia? — perguntou, vendo Schaklebolt sorrir pequeno, modesto. — Por que não estou surpresa? Muito obrigada, Quim. Até mesmo por ter vindo até aqui, outros teriam mandado uma coruja...
— Outros não lutaram ao lado de Ninfadora e Remo. Era o mínimo que eu poderia fazer — explicou com a voz calma. — O funeral será na próxima sexta-feira quando completarmos sete dias desde a Batalha, começará às onze horas.
— Todo mundo aceitou? — %Samantha% questionou quando o bruxo tornou a levantar-se.
— Sim, tivemos um pequeno problema para conversar com os pais de Colin Creevy, mas eles também aceitaram, apenas pediram para levar o corpo para o velório da própria família no sábado.
— Será apenas para os familiares? — Andrômeda perguntou quando se aproximaram na porta, Quim negou.
— Será aberto para todos que quiserem prestar suas homenagens, assim como foi o de Dumbledore, pois todos são tão importantes para nosso mundo quanto ele.