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Tá, mas que ponto de vista eu uso?
|| terça-feira 5 de abril de 2016 às 14:16 - Comentários
|| Arquivado em: Colunas

Então você quer saber qual seria a melhor narrativa para escrever? Não há exatamente pontos positivos e negativos entre os vários tipos de narrativa, mas, claro, há aquela que tem tudo para fazer sua história funcionar. Portanto, eu vou ajudar você a perceber como a sua história precisa ser narrada.

PERSPECTIVA EM PRIMEIRA PESSOA

– É uma conexão direta entre os leitores e o narrador. É bem mais fácil mergulhar em uma história quando estamos literalmente nadando na mente do personagem. Isso porque na vida real nós vivemos dentro das nossas próprias cabeças e esse tipo de narrativa é o melhor jeito de reproduzir essa sensação.

– Algo que pode ajudar muito dependendo da história é o fato de termos informação limitada. O leitor só vai saber aquilo que o personagem sabe. O que pode atrapalhar é que um personagem que está em todos os lugares e sabe de tudo pode ficar estranho, sabe?

– Um dos maiores problemas com a primeira pessoa é quando os leitores não se identificam com a personagem. Temos que tomar muito cuidado com isso, porque será uma história com os julgamentos de um único personagem e quando não gostamos do protagonista não vamos nos importar com o que acontece com eles, vamos? Claro que não.

– Você pode alternar o ponto de vista entre os personagens se quiser mesmo manter a primeira pessoa, mas olhe lá, tome cuidado para não fazer todos os dez narradores soarem do mesmo jeito, sim?

– Outra coisa que você não precisa fazer é colocar o personagem principal como narrador. Ora, nos convém escolhê-lo porque é ele que participa das aventuras, mas, dependendo da história, você pode brincar com isso escolhendo um narrador que possa contar a história do mesmo jeito.

PERSPECTIVA EM TERCEIRA PESSOA

– É uma conexão mais distante entre o leitor e os personagens. A onisciência é uma possibilidade, você pode brincar com ela o quanto quiser. Se for sua intenção manter algo em segredo, você não precisa fazer com que o narrador saiba de tudo. Para mim há dois tipos de narradores em terceira pessoa:

1. Aquele que é distante dos personagens e que não parece estar contanto a história de perto. Exemplo:

Angela tremeu ao contato dos seus dedos gelados com os dele. De longe se via o sorriso envergonhado e enquanto Daniel olhava para frente, seu rosto foi ficando cada vez mais vermelho.

2. Ou aquele que até parece estar dentro da pele dos personagens. Exemplo:

Angela até tentou não tremer. O calor da mão dele era amedrontador. A vergonha lhe subiu pelo pescoço e transbordou por entre seus dentes quando ela sorriu e enquanto Daniel fingia não perceber, ela sentiu seu rosto ficando cada vez mais vermelho.

“Tá, Gabi,” você me pergunta, “mas aonde você quer chegar?”

– Seguinte, com o narrador em terceira pessoa você pode brincar com isso. A sensação no primeiro trecho é bem menos íntima do que no segundo. Ou seja, não é porque você está na terceira pessoa que não dá para fazer algo tão pessoal quanto na primeira.

– Nessa narrativa, você pode fazer cenas em que a personagem que narraria na primeira pessoa não precisaria estar e tão pouco se encaixaria. Quantas vezes não lemos o clássico “Ai, amiga, fiquei com ele ontem!” “Nossa, amiga, me conta tudo!”? Porque todas as personagens tem uma amiga super aberta em relação às suas intimidades? Fazemos isso porque a narradora tem que descobrir cedo ou tarde.

– Ou seja, com a terceira pessoa você tem a chance de desenvolver personagens diferentes de maneira homogênea e esse desenvolvimento não vai ter nada a ver com quem o protagonista gosta ou não.

Well, é isso por hoje, espero ter ajudado vocês. Pense no que você quer transmitir com a história e qual das narrativas poderia te ajudar com isso. Como sempre não se esqueça do equilíbrio e de nunca deixar de se divertir com suas horinhas de escrita!

Coluna por Gabi





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