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Na coluna anterior, sobre a construção de personagens, falamos sobre a evolução dessas criaturas que movimentam nossas histórias favoritas. Dividimos eles em dois grupos: personagens planos e personagens redondos.
Para quem não se lembra, personagem plano é todo aquele que, basicamente, não muda (nasce herói e morre herói ou nasce vilão e morre vilão). Já o personagem redondo muda e evolui, como o Wolverine de X-Men. Porém, a criação de um personagem não se restringe apenas a sua evolução. Nela está envolvido o tipo de personagem e a sua caracterização. É sobre a caracterização que iremos falar hoje.
Quando falamos de caracterização não estamos falando sobre a roupa ou sobre a aparência, apesar de também envolver, em parte, a parte física. Falamos sobre a personalidade de seu personagem. E a personalidade dele vai depender, acima de tudo, do objetivo de sua história. Se sua história é uma comédia ou uma sátira (ou os dois juntos, no estilo de Scream Queens), pode ficar ótimo se seus personagens forem completamente estereotipados. Já um drama, pode exigir personagens muito mais complexos e que imitem quase que perfeitamente nós, seres humanos.
Com isso em mente, os personagens (quanto à caracterização) são divididos em três grupos: Indivíduos, Caricatos e Tipos.
Personagens Indivíduos possuem características marcantes, que acentuam a sua individualidade. Parecem, de fato, com seres humanos. Um exemplo desse tipo de personagem é Capitu, do Machado de Assis. Quando alguém fala em “olhos de ressaca”, logo lembramos dela e isso faz com que se pareça ainda mais um indivíduo.Personagens Caricatos são personagens em que um determinado traço ou padrão de comportamento é acentuado de propósito. Normalmente são usados em comédias ou sátiras.
Um bom exemplo de personagens Caricatos pode ser encontrado na série Friends. Lá temos o ator-burro, a maníaca por limpeza, o esquisito piadista e etc.Personagens Tipos são, talvez, os mais fáceis de serem identificados, já que possuem um traço distintivo comum a todos de uma mesma categoria. Exemplos? A nordestina, o operário, a patricinha, a nerd, etc.
É preciso que, apesar de, na maior parte das vezes, os personagens Caricatos e Tipos serem clichês, não significa que não podem ser muito bem trabalhados dentro do contexto da história. E, claro, você ainda pode brincar com todas essas definições e transformar um personagem caricato ou tipo em um indivíduo ao longo da história. Como James Wood uma vez disse: O que importa é a sutileza – a sutileza da análise, do exame, da preocupação, da pressão que se sente – e, para a sutileza, basta uma minúscula via de acesso. Com isso, ele quis mostrar que a criação de seu personagem deve estar em constante harmonia com a mensagem que você quer passar com sua história.
Coluna por Bianca