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A palavra “personagem” deriva do latim, persona, que significa pessoa. A função dos personagens é simular pessoas, sentimentos e comportamentos reais. Mas é importante lembrar que só é personagem quem participa da história, direta ou indiretamente.
O que faz uma história são as ações que nela acontecem. Quem tem o poder de fazer essas ações são os personagens. Eles são tão importantes para a história quanto o enredo. Sem personagens não há história.Para se ter uma boa história, então, é necessário existir verossimilhança (que é quando o que acontece na história poderia acontecer na vida real, caso houvesse uma explicação lógica para isso). No caso dos personagens, os autores precisam fazer os leitores acreditarem que os personagens poderiam ser pessoas reais, como a sua vizinha, a sua mãe ou a sua melhor amiga.
Pensando em ajudar os autores nessa tarefa vários teóricos e críticos literários dividiram a construção de personagens em três partes: a função dos personagens, que diz respeito ao papel do personagem na trama; a caracterização dos personagens, que falam sobre os tipos de personagens; a evolução dos personagens, que fala sobre as dimensões psicológicas e evolução dos personagens dentro da trama.
Nessa coluna vamos falar apenas sobre a evolução dos personagens. Ela é dividida em dois grupos: o dos personagens esféricos e dos personagens planos. Foi pensada pela primeira vez por Edward Morgan Forster, citado por Antonio Cândido em A Personagem de Ficção.
Personagens Planos são aqueles que não evoluem durante a história. Eles são sempre bons ou maus, como as princesas e a vilãs da Disney. Não possuem grande profundidade psicológica, tendo apenas um punhado de qualidades ou defeitos. Não apresentam contradições em seu comportamento, agindo sempre como o herói ou o vilão. Um grande exemplo desse tipo de personagem é o vilão da saga Harry Potter, Voldemort. Ele foi mau desde o início da história, e sempre agiu de acordo com isso.
Personagens Esféricos ou personagens redondos são aqueles que mudam ao longo da história. Eles possuem várias qualidades e defeitos, não podem ser definidos como mocinhos ou vilões. São cheios de contradições e buscam representar a verdadeira natureza humana. O personagem Severo Snape, cheio de ações dúbias, e o famoso Tony Stark (Homem de Ferro) são exemplos desse tipo de personagem. A própria J.K Rowling disse em seu twitter uma vez, sobre o personagem Severo, que ele não poderia ser classificado como vilão ou herói devido a sua natureza tão contraditória.
É preciso lembrar, entretanto, que nenhum modelo de personagem é melhor que o outro. Personagens planos e redondos têm, cada um, suas dificuldades e vantagens ao serem criados. Para decidir qual o melhor tipo de personagem é preciso ver a necessidade da sua história. Se ela exige personagens complexos ou simples. Planos ou esféricos.
Algumas vezes, a utilização de personagens esféricos onde seria melhor os planos pode colocar uma história a perder. Por isso é preciso sempre lembrar: qual tipo de história eu quero contar?
Coluna por Bianca