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– Por Fe Camilo.
Olá, queridas leitoras!
Hoje estou aqui com a importante missão de responder a uma das maiores dúvidas de quem está iniciando no mundo da escrita: a descrição deve ser longa ou curta? Qual seria a quantidade ideal de descrição para inserir em sua história?
Primeiramente, é importante entender que há dois tipos de descrição e ambas são válidas de se utilizar em diferentes tipos de história, inclusive é possível utilizar ambas em uma mesma fanfic. As descrições podem ser denotativas (também chamadas de objetivas) ou conotativas (também chamadas de subjetivas).
As descrições objetivas – como o próprio nome sugere – são mais diretas e sem “rodeios”, focando no que é literal, ou seja, naquilo que está acontecendo durante a cena e descrevendo objetivamente o cenário. Enquanto as descrições subjetivas permitem mais criatividade, uma vez que você pode utilizar de linguagem mais poética, metáforas e simbolismos para descrever o que está ocorrendo. A descrição subjetiva é utilizada quando queremos demonstrar os sentimentos e o que se passa na cabeça dos personagens (suas motivações, medos, dores etc.); e a objetiva, quando nosso interesse é se ater aos fatos e ações no decorrer da história.
Uma vez que a diferença entre as descrições está clara, é necessário que você – querida escritora – decida qual a melhor descrição para a história que você está escrevendo, e em quais momentos você deve optar por uma ou pela outra.
Dito isso, a resposta simples e objetiva para a quantidade ideal de descrição na sua história é: depende. Há diversos fatores que devem ser considerados no momento de criação para que a história não “deixe a desejar”, mas também não se torne maçante por “encher muita linguiça”. Como eu não gosto de respostas simples, trago aqui quatro fatores que devem ser considerados para você encontrar o equilíbrio perfeito para a sua história.
Fator número 1: A história é long ou short?
Você já deve saber que as shortfics tem uma certa limitação de quantidade de páginas/capítulos, certo? Logo, as descrições não podem ser muito longas, pois isso pode atrapalhar no andamento da história que deve ser mais fluída e direto ao ponto. É claro que, dependendo do tipo de história que você está criando, também não é viável ser completamente objetiva, pois isso pode fazer com que os leitores não estabeleçam uma conexão com os personagens, então a minha dica é: em shortfics, caso seja necessário acrescentar descrições subjetivas, escolha alguns momentos específicos para explorar a psiquê da(s) personagens. Exemplo de fanfic que traz essa característica: Staring at the Sunset.
Nessa história a minha intenção era escrever um drama, mas havia diversos elementos que deveriam ser colocados no decorrer da história e eu não poderia exceder quinze páginas, portanto escolhi alguns momentos cruciais para explorar o que se passava com a personagem de modo que as leitoras pudessem se conectar com suas emoções.
Fator número 2: Qual tipo de história você deseja criar?
Alguns tipos de história exigem naturalmente maior descrição do que outros, portanto é importante se atentar a isso quando estiver escrevendo. Se seu interesse é criar uma história de fantasia com diversos elementos novos em um universo próprio, quanto mais descrição, melhor. Nesse tipo de história, é importante que o leitor consiga visualizar claramente esse universo que está sendo criado com todas as suas particularidades, para que ele se sinta parte da história, portanto as descrições – tanto objetivas quanto subjetivas – são grandes aliadas em sua construção. Do mesmo modo, se seu interesse é escrever um mistério, no qual os leitores precisam desvendar as informações pouco a pouco, é interessante controlar as descrições subjetivas para não dar informações demais antes da hora, e é preciso ter o cuidado de descrever as situações com elementos o suficiente para que o leitor consiga utilizar o raciocínio lógico para inferir o que está ocorrendo de fato.
A minha dica é: se estiver escrevendo uma longfic, crie um guideline da história para ter em mente por quais caminhos sua história irá caminhar, dessa maneira você terá maior facilidade ao decidir em quais momentos acrescentar mais descrições e em quais se refrear um pouquinho. Exemplo de fanfic que traz esse equilíbrio de informações perfeitamente: Corvos e Harpias.
A Lika equilibra com muita perfeição a quantidade de descrições na história, o suficiente para que o leitor consiga se conectar com os personagens e compreender suas motivações e ações no decorrer da história ao mesmo tempo que deixa sempre um gostinho de quero mais, uma vez que ainda há muito a acontecer.
Fator número 3: Qual é a sua intenção/ motivação para a história?
Se a história que você está criando pretende fazer as leitoras chorarem rios de lágrimas, é interessante descrever muito bem a subjetividade da(s) personagens, pois dessa forma a leitora entenderá suas emoções perfeitamente e se sentirá mais conectada a ela(s), e com toda certeza sofrerá todas as dores da(o) protagonista. Porém, se você está criando uma comedia romântica e seu interesse é criar algo leve, que faça os leitores rirem e se divertirem, dê uma freada nas descrições, e se atente mais a descrições objetivas e simples focadas em construir uma circunstância engraçada ou nos diálogos. Exemplo de fanfic com descrições simples que entrega exatamente o que pretendia: A culpa pode ser até das estrelas, mas não é minha!
Essa é uma fanfic de comédia, e com uma situação tão “absurda” que a autora, Ly, decidiu focar nos diálogos para narrar a história com muita troca de farpas e xingamentos.
Fator número 4: Equilíbrio é a chave.
Independente do tamanho, tipo ou intenções por trás história, as descrições serão necessárias em todas elas, porém em algumas com mais frequência e densidade do que em outras. Encontrar referências que funcionem para você é um bom modo de saber como equilibrar esses quesitos mencionados no momento de escrever a história. Portanto, se você deseja criar um universo como o de Harry Potter, não deixe de ler a saga e entender como a autora utilizou as descrições a seu favor para tornar seus livros tão icônicos. Da mesma forma, se quer algo um pouco mais simples, não deixe de apostar em clássicos como “Diário de um banana” ou “Fala sério, mãe!”, e perceba que a sua história não precisa ter quinhentas páginas para ser incrível e de qualidade.
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