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Quando estamos idealizando uma nova história, principalmente aquelas um pouco mais longas, é normal a criação de fichas de personagens. Durante o processo de criação, embora muitas vezes não tenhamos certeza quantos anos eles possuem, nós sabemos se eles são adultos, idosos, adolescentes ou crianças. E é aqui que jaz o problema.
Quem nunca leu uma história em que o personagem tem atitudes pouco esperados para sua idade que atire a primeira pedra! É muito comum, infelizmente, encontrar obras em que os personagens adultos têm escolhas e pensamentos infantis, os quais são um grande contraste com a maturidade esperada pelo leitor. Há, no entanto, situações onde suas atitudes são justificadas: personagens que são criados com objetivos de serem mimados dificilmente teriam atitudes diferentes destas. Com isso, deixarei algumas dicas para que incoerências nessa área não prejudiquem a verossimilhança de sua obra.
1. Conheça seu personagem:
Parece ser uma ideia muito óbvia, porém é necessário ter ideia de quem seu personagem é. Assim como ele é criatura sua, lembre-se que o mesmo tem suas limitações; há coisas que a personalidade o impediria de fazer. Por exemplo: temos um personagem chamado Juan, ele tem 27 anos e é empresário de uma cidade do interior. É mulherengo, desapegado e não quer compromisso com ninguém. Consegue o imaginar inseguro por conta de uma mulher mais velha que deu em cima dele em um bar? Ou mesmo ficar machucado porque uma ficante demorou um pouco mais para responder sua mensagem?
Eu não, pois sua personalidade e idade exigem isso. Agora pense: se esse personagem fosse uma adolescente que vivesse suas primeiras experiências amorosas, embora tivesse características de um homem mulherengo, certas atitudes seriam plausíveis, pois seu caráter estaria sendo moldado durante essa fase.2. Entenda a faixa etária:
Embora as pessoas tenham vivências diferentes, há determinadas experiências que são típicas de certas faixa etárias. Por exemplo: a primeira paixão é típico de um pré adolescente, enquanto a falta de vontade de viver em joguinhos amorosos é típico de um adulto de 30 anos. Não que os papéis não possam ser invertidos, mas essas situações são exceções.
Se você não passou pela experiência ou teve uma vida incomum, indico o consumo de produtos de entretenimento do público que tem essa idade. Se quer criar um personagem adulto, indico ver os filmes/séries que têm como telespectador pessoas adultas. Aliás, indico obras como Stand ups, as quais mostram muito da cabeça do jovem adulto do século 21.
Caso seu desejo seja um adolescente, os filmes que possuem essa temática são sempre muito bem-vindos. Também é interessante observar o que está na moda e o que há de comum com as outras épocas. Indico também escutar aquele parente adolescente que às vezes parece piolhento, afinal, ele pode estar reclamando de coisas que farão você olhar seu personagem de uma forma muito mais analítica.
3. Não esqueça de seu plot.
Os personagens têm vez e voz em suas histórias, no entanto, suas ações cautelosas ou impulsivas transformarão seu enredo em algo produtivo. Transformar seu protagonista em alguém hiper precavido apenas por fazê-lo, esquecendo de quem ele é e do que o plot precisa para que o mesmo exista, é esquecer que os seres humanos ainda vivem cercados pela suas complexidades. Afinal, ninguém se resume a sua faixa etária, não é mesmo? Muito menos seus personagens.
Espero que tenham gostado do post e guardado as dicas. Tem algo mais a acrescentar? Comente! Sua opinião é importante. Até mais.
Coluna por Maraíza Santos