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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Me Apaixonei Pela Babá

Escrita porNatashia Kitamura
Revisada por Natashia Kitamura

[Idade dos filhos]
Anna e Hugo
– 14 anos
Felipe e Arthur – 12 anos
Eric – 9 anos
Helena – 7 anos
Caique – 3 anos


Capítulo 10

Tempo estimado de leitura: 64 minutos

  “Era só o que me faltava.” %Julia% pensou, enquanto observava a interação da tal Flávia com %Henrique%.
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  O homem, com as mãos na cintura da mulher que lhe abraçava, a afastou de si.
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  – O que está fazendo aqui? - ele perguntou.
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  – Ora - ela colocou as mãos na cintura –, vim lhe ajudar. Ricardo me contou que hoje é um dia importante para você, pois te apresentariam formalmente aos acionistas. E você precisa de um respaldo, só isso. Além disso - ela mexeu em sua gravata -, fiquei chateada por você não ter me ligado e pedido pessoalmente.
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  – Eu não liguei, porque não preciso de você, Flávia. - ele deu um passo para o lado. – Estou de saída.
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  – O quê? - ela o olhou, boquiaberta. – Como assim, de saída? Eu acabei de chegar!
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  – Bem, acho que Ricardo te passou a informação da hora errada.
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  %Julia% assistiu o homem se afastar de Flávia e seguir em direção a ela.
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  – Acho que ele está chegando. – disse a ela, referindo-se ao carro. %Julia% saiu de seu transe e olhou na direção que o chefe olhava, vendo o carro se aproximar.
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  – Quem é ela, %Henrique%?
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  – Ah - ele falou, olhando para %Julia% e então, com pouco interesse, para Flávia. –, é minha acompanhante.
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  – O quê?
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  – Até mais, Flávia. - %Henrique% disse, abrindo a porta para %Julia%, tentando tirá-la do frio o mais rápido possível, não dando chance desta cumprimentar Flávia.
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  – O que você quer dizer com sua acompanhante, %Henrique%? Achei que você estivesse solteiro!
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  – Bem - ele fechou a porta e, mesmo que em tom abafado, %Julia% conseguiu escutar a conversa dos dois no lado de fora do carro –, eu não estou. Então, por favor, pare de correr atrás de mim.
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  – Nós não terminamos, %Henrique%! - Flávia falou, brava. – Você teve um ataque de nervos porque me viu com o Leon outro dia, mas…
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  – Não foi um ataque de nervos, Flávia, e não foi outro dia. Você decidiu sair com outra pessoa ao mesmo tempo em que saía comigo, eu não aceitei e agora você é passado. Pare, enquanto eu peço com educação.
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  %Julia% permaneceu olhando para as mãos apoiadas no colo, pois não queria dar a entender que estava provocando Flávia. Conhecia esse tipo de pessoa arrogante e dominante, que acha que é o centro do universo. %Henrique%, por outro lado, não parecia se importar com os sentimentos da mulher - e não deveria, afinal, se o que aconteceu foi que ela brincou com ele e o traiu, ele tinha total razão de não querer mais se envolver com ela.
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  E %Julia% não quis admitir, mas gostou de saber que ele a descartou em sua frente.
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  Logo, %Henrique% entrou no carro e mudou o ar condicionado do frio, para uma temperatura mais quente.
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  – Desculpe. - ele disse, se afastando de Flávia, que o olhava com ódio. – Você não precisava ver isso.
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  – Está tudo bem. - ela sorriu pequeno. – Você deve estar mais constrangido que eu.
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  – É… - ele riu. – Estou.
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  – Pelo menos a sua ex não namora sua ex-melhor amiga que atualmente está tentando acabar com você.
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  %Henrique% soltou uma risada enquanto fazia o contorno para a saída do clube.
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  – É impressionante como você sempre consegue estar em uma situação pior do que a minha.
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  %Julia% ergueu os ombros e, em tom bem humorado, disse:
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  – Acho que é um novo dom meu.
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  %Henrique% manteve o sorriso no rosto, sentindo um bem-estar que há tempos não sentia… não. Para ser honesto, ele já observava, a algum tempo, o quanto %Julia% conseguia controlar seu humor, sempre sendo a causa de um sorriso ou outro em seu rosto antes usualmente fechado.
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  Olhou para a mulher sentada no banco passageiro, que se encontrava olhando a roupa e avaliando se era possível salvá-la. %Henrique% a assistiu suspirar, sabendo que não havia o que fazer. Teria de jogá-la fora.
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  Durante o caminho até a zona norte, onde ficava a residência dos %Strada%, os dois permaneceram calados, fazendo um comentário ou outro sobre o que viam do lado de fora do carro, ou, às vezes, sobre as crianças, que ainda estavam tendo um dia de diversões no parque.
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  – Já não está na época de suas férias? - %Henrique% perguntou, lembrando-se do assunto que Lucas havia abordado com ele durante a semana. – Não faz um ano que você trabalha em casa?
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  – Sim - %Julia% olhou para o chefe, animada pelo assunto. Há dias queria falar com %Henrique% sobre o assunto, mas não achava um momento perfeito. Sabia que ele não poderia deixá-la se afastar por muito tempo, afinal, as crianças, principalmente as mais novas, estavam muito apegadas a ela. No entanto, precisava de um tempo para colocar a casa em ordem e ver se animava a mãe para fazer algo diferente. Recentemente, Daisy %Strada% estava saindo do quarto com mais frequência, e às vezes era vista fumando na janela da sala, ao invés do quarto. Com o trabalho de Paulo no banco, a mulher se via um pouco mais disposta a encará-lo, como se ele ainda fosse o único culpado pela desgraça da família.
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  – Sei que você merece mais do que um mês de descanso… - %Henrique% começou a dizer, sem graça. Não queria exigir mais do que podia; além de saber que poderia ser um problema para ele, devido às leis do trabalho, também se preocupava com o bem-estar da única pessoa além de Amélia, que conseguiu lidar com todos os Millers. – Mas é difícil dar férias por muito tempo… As crianças, principalmente Caique e Helena, eles…
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  – Eu sei. Já imaginava que não poderia tirar todos os dias. Mas, quem sabe, uma semana? - ela perguntou, esperançosa. – É o suficiente para eu conseguir fazer a contabilidade de casa e ajudar a minha mãe.
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  %Henrique% a olhou, ainda prestando atenção nas orientações do GPS e no trânsito. Nunca havia levado %Julia% até sua casa, mas sabia, pelo currículo dela, que era em um bairro bom na zona norte de São Paulo.
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  – Sua mãe está com problema?
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  – Ah - ela sorriu sem graça, empurrando o cabelo para atrás da orelha –, desde o ocorrido, ela entrou em uma depressão severa. Houve alguns problemas com a família e… - %Julia% suspirou. – Bem, ela está melhor, graças à sua permissão de colocá-la como dependente no plano de saúde.
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  O homem parou o carro em uma vaga livre próxima à entrada do prédio onde %Julia% morava, mas não olhou nem um momento para qualquer outro ponto que não fosse a mulher no banco passageiro. Cada vez que conversava com ela, descobria algo novo que o fazia admirá-la, ao mesmo tempo que o deixava preocupado.
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  – Quando você tem tempo para você? - ele pergunta, soltando o cinto de segurança e olhando para a moça, que o encara, surpreso.
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  – Como?
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  – Você cuida da sua casa, dos seus pais, das suas irmãs, dos meus filhos… – “de mim”, ele quis completar, mas achou melhor deixar de lado. – Em que momento do dia você usa para se dedicar a você?
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  A mulher não respondeu. Pega de surpresa, viu que não havia, mesmo, um horário para si. Fazia tempo que não cortava o cabelo, e aproveitava para fazer a sobrancelha e se depilar enquanto estava dentro do banho. Era difícil no começo, mas acabou por se acostumar. As unhas eram lixadas dentro do ônibus, que por conta do horário atípico de entrada no trabalho, estava quase sempre vazio, e a base para nutrição e proteção era passada à noite, no trabalho mesmo, mas pouco antes de dormir.
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  %Julia% abriu um pequeno sorriso, sem graça. Nunca, em seus quase 29 anos, parou para avaliar a própria vida e viu que 90% dela era dedicada a outra pessoa. A descoberta não lhe causou mal estar, muito pelo contrário, sentiu-se alguém melhor. Na vida de antes, não muito, mas ainda assim com certa frequência, sentia-se vazia e sem um propósito. Não sabia o que fazer da vida, e jamais cogitou dedicar-se a uma outra pessoa que não fosse ela mesma.
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  – Pode parecer loucura - ela disse, sorrindo –, mas eu gosto das coisas assim.
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  %Henrique% não duvidou. Viu o olhar de %Julia%, enquanto ela sorria, perdida em seus pensamentos, talvez avaliando qual a resposta perfeita ou, quem sabe, revivendo alguns momentos em sua cabeça.
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  O que importa é que %Henrique% teve essa vontade insana de beijá-la. Beijar seu sorriso e também seus olhos. Deitá-la em sua cama e fazer amor com ela, como há anos não fazia.
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  Piscou, abismado com seus pensamentos. Engoliu seco, pois não conseguia se controlar. Por sorte, conteve a si mesmo a tempo de %Julia% sair de seu transe e lhe dar uma resposta simples e até humilde. Sua benevolência fez %Henrique% querer abraçá-la e protegê-la das pessoas que queriam derrubá-las.
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  Abriu um pequeno sorriso, pois precisava demonstrar alguma reação a ela. No entanto, dentro de si, sua cabeça começava a trabalhar sobre quais pessoas estavam envolvidas com o escândalo da família %Strada%.
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  Pois elas podiam ser a raiz da alta sociedade, mas o que nenhum deles imaginavam, é que, apesar de ninguém da nata ter coragem de enfrentá-los, não ter nascido e criado nesse mundo tinha uma vantagem: a de não ter medo de perder as coisas.
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  E %Henrique% já havia perdido seu mundo uma vez. Sabia exatamente o que fazer para não perder de novo.
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  Na segunda-feira, %Henrique% anunciou, durante a janta, aos filhos, que %Julia% tiraria férias por alguns dias. A reação foi imediata e esperada. Caique e Helena começaram a chorar, enquanto se agarravam ao pescoço da babá; Eric permaneceu estático, boquiaberto, enquanto processava a informação. Já os mais velhos começaram a falar um por cima do outro, cada vez mais alto, a fim de ser ouvido.
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  – Faz parte da lei. – %Henrique% disse, de modo que Hugo e Anna se calaram; mas o argumento não fez diferença para os outros cinco.
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  – Quem vai pentear meu cabelo antes de dormir? - Helena chorava, agarrada ao braço de %Julia%, enquanto Caique balbuciava palavras desconexas devido ao choro.
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  – A %Juju% não pode sair. - Eric disse, sério, controlado, mas com o desespero estampado em seus olhos.
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  – Ela não vai embora para sempre, é só uma semana. – %Henrique% disse para o filho. De todos, não esperava que Eric fosse se incomodar na intensidade em que estava. – Vocês não acham que ela precisa de um descanso? - em seguida, o pai olhou para sua filha mais nova e disse: – Quanto ao seu cabelo, Helena, eu posso penteá-lo.
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  Não soube de certo se o aumento no choro da filha era algo positivo ou negativo. %Julia%, no entanto, permaneceu calma, consolando os mais novos com carinho nas costas. Desde que entrou no trabalho, há pouco mais de um ano, essa era a primeira vez que passava mais que três dias longe delas. Era uma novidade para si também, e se não precisasse dar tanto atenção para sua própria família, não se importaria de vender todos os dias para o chefe, que com certeza aceitaria de bom grado, apenas pela conveniência de não ter de conviver sem babá durante uma semana inteira.
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  – É só uma semana, crianças. - ela sorriu. – Se sentir muito minha falta, podem me ligar.
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  A ligação, contudo, veio no segundo seguinte à saída dela da residência.
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  – É só para ter certeza de que você atenderia, %Juju%. - Anna disse, limpando a garganta e não desligando.
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  %Julia%, no celular, dentro do elevador, sorria, ouvindo o choro e a gritaria de Lucas, que havia ficado encarregado de olhar as crianças naquele dia, apenas por uma hora, pois %Henrique% havia uma reunião importante com a equipe no banco.
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  – %Juju%, não vai dar certo! – Hugo gritava atrás. – O Caique parece que vai vomitar!
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  – É o choro - %Julia% disse calma, para Anna, que era a pessoa que poderia ouvi-la. –, tente fazê-lo se acalmar e estará tudo bem. Qualquer coisa, podem me ligar. Vou desligar, tudo bem?
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  Anna hesitou antes de concordar. A garota percebeu, à dura custa, que havia se acostumado com os cuidados de %Julia%. Olhou, ao redor, o caos tomando conta da sala de estar da família. Eric colocou fones de ouvido para jogar no videogame portátil, enquanto os três irmãos mais velhos e Lucas se desesperavam com o ataque de choro de Caique e Helena.
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  Nunca, no último ano, a casa ficou nesse estado. A última vez que foi intenso dessa forma, foi logo após a morte da mãe; Cássia era o pilar da família, e não tê-la mais ali fez com que todos, inclusive o pai, perdessem o chão. Anna olhou ao redor, onde o caos se instalava como aquela vez. Sentiu um embrulho no estômago.
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  Não podia acontecer de novo. Ela não deixaria.
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  O primeiro dia das férias foi uma verdadeira bagunça. Com as gêmeas insistindo que precisavam do quarto que as três dividiam para gravar o conteúdo para as redes sociais, %Julia% era obrigada a ficar o dia inteiro fora, sem poder fazer muito barulho com a faxina, já que toda hora uma das irmãs abria a porta para gritar com ela, ou desligar tirar o fio do aspirador de pó da tomada.
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  – Yasmin! - %Julia% gritou com a irmã, que erguia a sobrancelha em um ar de superioridade, e fechava a porta do quarto. – Eu estou tentando limpar a nossa casa, já que vocês duas não fazem nada!
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  A mais velha não recebeu resposta alguma, pois as duas mais novas se achavam no direito de acreditar que aquilo não era um trabalho digno para elas.
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  %Julia% suspirou, exausta, e ainda não era nem três da tarde. Ouviu a porta do quarto dos pais abrir e a mãe sair em um robe amassado.
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  – Você deveria descansar nas suas férias, %Julia%. - Daisy disse. – Eu estava conversando com seu pai e talvez pudéssemos pensar em contratar uma faxineira, pelo menos uma vez a cada 15 dias.
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  – Está tudo bem, mãe. - %Julia% disse. Sabia que os pais queriam ajudá-la. Mas não podiam gastar o dinheiro à toa. O apartamento não era grande, e, aos poucos, ela podia fazer a faxina. Se as irmãs ajudassem, tudo poderia ser mais fácil, mas %Julia% sabia que não podia contar com elas.
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  – Ouvi dizer que você compareceu a um evento no jóquei.
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  Então é isso, %Julia% pensou. Daisy devia ter recebido alguma mensagem ou ligação de uma das antigas amigas, que lhe contou sobre o assunto. A filha olhou para a mãe, que a encarava com tranquilidade, esperando por uma explicação.
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  – Foi a pedido do meu chefe.
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  – Eles não sabem do seu trabalho. – Daisy afirmou. %Julia% assentiu e viu a cabeça da mãe concordar; pelos olhos da mulher, a filha sabia que o cérebro havia começado a trabalhar como nunca havia acontecido antes. – Não deixe que descubram.
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  – Não é como se eu pudesse esconder por muito tempo.
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  Daisy tirou um cigarro do maço, mas, antes de acendê-lo, pode ver o olhar de %Julia%. A filha não gostava do hábito da mulher de fumar; além de ser prejudicial para a saúde, ela odiava o odor que ficava na casa inteira. Sem dizer nada, Daisy devolveu o cigarro ao lugar de origem e se sentou no sofá para assistir a filha continuar a faxina com a vassoura, já que não tentaria uma quarta vez ligar o aspirador.
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  – Foi a Gabriela Andrade quem me falou.
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  %Julia% olhou para a mãe. Sabia quem era Gabriela Andrade. A mulher, esposa de um empresário pouco estimado, mas que possuía muitas posses e, por essa única razão, o casal não era completamente ignorado pelo grupo da nata, era uma nova rica que sempre quis fazer parte da alta sociedade.
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  Com frequência Gabriela entrava em contato com as mulheres mais importantes do grupo, se humilhando para tentar seu espaço entre elas.
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  Por isso, %Julia% não sabia o que poderia ter incentivado a mulher, a entrar em contato com sua mãe, já que Daisy não fazia mais parte do grupo e não tinha conexão nenhuma nem com a nata, muito menos com a raiz.
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  – Ela é advogada. - Daisy disse, calmamente, no tom polido e educado como a etiqueta mandava. Cruzou as pernas e sentou-se ereta, olhando para %Julia%. – Ela queria saber mais sobre o seu relacionamento com %Henrique% %Miller%.
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  – E por quê?
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  Daisy não respondeu de imediato. Deixou que a filha pensasse e chegasse à própria conclusão.
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  – Eles se uniram aos novos ricos?
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  – Eles são novos ricos, querida.
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  – O marido dela não é.
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  Daisy abriu um pequeno sorriso, arrumando o cabelo para explicar, delicadamente, à filha, que ela até poderia estar certa, mas, neste caso, estava errada.
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  – Diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem és. – a mãe disse.
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  Então era isso, %Julia% pensou. O marido apenas seguiu aos encantos da esposa e deixou-se envolver com os novos ricos. Portanto, o contato de Gabriela com Daisy deve ter sido para saber mais sobre algum podre da raiz; se %Julia%, de alguma forma, conseguiu se envolver com um dos homens mais promissores e possivelmente o próximo a ser aceito pela nata, qualquer um que esteja envolvido com eles também podiam ter a chance de subir junto.
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  – Não. – %Julia% disse, fechando a expressão para a mãe, que não moveu um músculo do rosto, como se reprovasse a resposta da filha mais velha. – Não vou ser uma peça nesse joguinho. Estamos indo bem. Estamos crescendo pouco a pouco.
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  Daisy suspirou e olhou para as unhas, que precisavam de cuidado urgente, mas que, naquele momento, não eram nada mais do que apenas unhas. A mulher manteve a postura, como se nunca tivesse chegado ao fundo do poço.
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  – Querida, você está mais a par da situação do que eu, mas podemos revisar, se quiser. – Daisy ergueu o dedo polegar de uma das mãos e começou a listar: – Um, o salário que seu pai ganha, apesar de ser melhor do que ele fazia quando só trabalhava como… motorista - disse, finalmente fazendo uma careta –, mal consegue pagar nossas contas. Nossa dívida ainda está na casa do milhão…
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  – Não estará mais em dois meses. Vou ajudar…
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  – Você não vai nada, %Julia%. - Daisy disse, séria. – Isso é coisa minha e do seu pai. Eu não vou permitir que aconteça com você e suas irmãs, o mesmo que aconteceu comigo. Você precisa ser mais fria e aprender com a sua tia.
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  – Mãe…
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  – Segundo - ela continuou a lista, erguendo o dedo indicador –, existe a possibilidade de provarmos que fomos vítimas de um golpe e sermos restituídos do que tínhamos. E por fim - a matriarca da família de Paulo %Strada% abriu um pequeno sorriso de vitória e um pouco de vingança –, podemos ter a nossa vida de volta, mas com uma agenda de contatos renovada, sem as pessoas tóxicas de antes.
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  %Julia% permaneceu calada, enquanto ouvia a mãe falar sobre suas ex-amigas e também os familiares - todos - que a abandonou. Sabia que, se havia uma chance de Daisy se vingar de todos que a humilharam, ela agarraria a oportunidade com tudo o que tinha, e não havia quem a fizesse mudar de ideia.
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  No entanto, não sabia o que possivelmente poderia fazer com que o jogo virasse. Não queria abusar do chefe, principalmente agora que descobriu seus verdadeiros sentimentos por ele. %Henrique%, apesar de muito inteligente, não tinha noção do que as pessoas da raiz poderiam fazer para derrubar alguém. E ele tem 7 filhos para criar.
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  Por outro lado, olhou para a mãe. Viu, em seu olhar, um brilho que não via há mais de um ano. Daisy é uma mulher muito inteligente, mas que teve seu talento todo desperdiçado e ofuscado por um pai autoritário e uma mãe fraca. %Julia% sabia que sua mãe queria provar para todos que não era a mulher fraca como havia sido a própria mãe; e, devido a seu orgulho, também queria ter a oportunidade de devolver, na mesma moeda, tudo o que lhe fizeram passar nesses dois últimos anos.
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  – O que Gabriela disse?
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  – Que nossos nomes estão a toda força na boca deles. Porque você apareceu no jóquei semana passada e, aparentemente, conquistou a estima de uma das pessoas mais importantes do evento.
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  Sandra, %Julia% pensou, mesmo sabendo que o que todos queriam dizer, era Tulio, o presidente do banco.
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  – E o que eles querem?
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  – Primeiro, confirmar seu relacionamento com seu chefe. - Daisy descruzou as pernas e se inclinou para frente. – Você precisa fazer parecer real, filha. Eles precisam saber que vocês são um casal.
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  Não é muito difícil da minha parte, %Julia% logo pensou. Inclusive, lembrou-se que a dificuldade verdadeira era não demonstrar seus sentimentos e correr o risco de ser demitida.
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  – Eu disse que vocês estão saindo faz um tempo, e que ele tem sido uma ótima pessoa para nossa família, o que não é mentira. O fato de ele ter empregado o seu pai faz parecer que o relacionamento é ainda mais forte.
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  – Eles podem dizer que é nepotismo.
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  – Não seja boba - Daisy sorriu -, vocês não são oficiais, e seu pai foi empregado antes mesmo de vocês aparecerem… - a mulher olhou para %Julia% – não é?
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  A mais nova assentiu. Até aí, pelo menos, era tudo verdade. %Julia%, antes do pai ser admitido no banco, nunca havia feito um favor para %Henrique%, a não ser trabalhar triplamente para cobrir todos os horários que deveriam ser distribuídos a 2 ou 3 babás. No entanto, a raiz poderia facilmente modificar alguns palitos, só para destruir o prodígio.
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  – Não quero confirmar nada antes de conversar com o papai.
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  Daisy revirou os olhos.
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  – Seu pai já mostrou muito bem que não tem capacidade de tomar esse tipo de decisão, %Julia%. Olha só a que nível chegamos.
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  – Bem, ele mudou. - a filha respondeu, mantendo-se fiel ao homem que jogou o próprio orgulho pro alto, para salvar a família. – Além disso, não quero que as gêmeas saibam de nada. Elas com certeza abririam a boca.
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  – Eu não sou boba, %Julia%. Conheço as filhas que tenho. - Daisy olhou séria para a mais velha. – É por isso que estou vindo conversar com você, a minha única esperança. Agora, me diga… por que seu chefe está tão em alta?
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  %Julia% hesitou. A mãe parecia saber muito mais do que qualquer outra pessoa da alta sociedade. Como, ela não sabia exatamente, mas estava aliviada de saber que a vitalidade havia voltado, mesmo que fosse para tentar enfrentar todo um batalhão de pessoas poderosas.
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  – Ele é um gênio do T.I. Está sendo cotado por várias empresas, principalmente bancos. A reunião no jóquei foi para apresentá-lo aos acionistas, pois parece que haverá uma reunião, ou talvez já houve, essa semana, para anunciar a promoção dele.
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  – Promoção? Para qual cargo?
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  – Diretor. Ele é jovem, e chegar no cargo de direção é um grande feito para o mundo corporativo.
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  – E você entra como a parceira dele. Não há esposa?
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  – Falecida.
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  – Ótimo.
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  – Mãe!
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  – Não estou sendo otimista da mulher estar morta, %Julia%, pelo amor de Deus. - Daisy a olhou impaciente. – Mas seria muito mais difícil ter uma mulher do passado dele para atrapalhar os planos.
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  – Hum… sobre isso…
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  A imagem da mulher que chegou logo na saída deles do jóquei veio à mente.
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  – Me parece que existe uma. Ex, quero dizer. Flávia, é o nome dela. Mas é tudo o que sei. Não deve ser da nata; talvez uma nova rica ou, quem sabe, de outro Estado. Acho que ela ainda está muito disposta a ter o senhor %Miller% pra ela.
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  – Bem… vou ver o que consigo descobrir sobre ela. Seria melhor se houvesse um sobrenome, mas acho que não teremos problema. Por outro lado, você, filha, terá que fazer a sua parte e não deixá-lo escapar de suas mãos.
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  %Julia% bufou, já estressada em ter que lidar com tudo isso. Permaneceu incomodada com toda a situação, e pensaria melhor sobre qual a melhor solução para o caso, e não perder a confiança de %Henrique%. Não queria perder o contato com ele, e nem com os filhos dele, a qual ela acabou se apegando.
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  Mas olhou para a mãe, vivaz e com vontade de viver novamente. Poderia fazer uma coisa ou outra para ela, mas só com o aval do pai, e sendo, sempre, honesta e transparente com %Henrique%. Queria a vida antiga de volta, mas, acima de tudo, não queria perder o homem por quem estava apaixonada.
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  No dia seguinte, %Julia% decidiu que iria ao mercado fazer as compras da semana. As irmãs não cozinhavam, nem tampouco a mãe. O pai aprendeu a fazer uma coisa ou outra, mas a família sofria muito com a alimentação quando %Julia% não voltava para casa. Assim, decidiu cozinhar e deixar algumas comidas congeladas para que eles comessem nos dias que ela estivesse trabalhando. As aulas de culinária na escola de etiqueta finalmente se mostraram úteis, ao contrário do que ela e suas amigas afirmaram nunca acontecer.
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  Contudo, o que %Julia% não esperava, era que, ao abrir a porta, fosse envolta por um batalhão de gritos e braços rodeando partes do seu corpo sem dó. As pesadas sacolas de compras foram retiradas de suas mãos, e a porta foi fechada atrás de si.
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  – O que vocês estão fazendo aqui? - ela olhou para as 7 crianças %Miller% que tomavam conta de praticamente toda a sala de televisão e de jantar. Seu rosto virou para o lado, onde pode ver Saulo arrumando as compras com a ajuda de Jussara, na cozinha. Provavelmente foram eles que pegaram as sacolas de suas mãos.
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  – Estávamos com saudades, %Juju%! - Helena disse, abraçando-a forte enquanto %Julia% se sentava no sofá e pegava Caique no colo.
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  – Só faz quatro dias.
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  – Quatro dias bem infernais. – Hugo disse, parecendo exausto. – Eu não sei qual a bruxaria que você faz para aguentar esses dois. - apontou para os mais novos, que pareciam felizes no colo da babá.
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  – É sério, %Juju% - Felipe disse –, você precisa voltar para casa.
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  %Julia% sentiu um calor agradável no peito, vendo todos os 7 filhos presentes na residência de sua família, apenas porque estavam com saudades/cansados de aturar a hiperatividade dos mais novos. Olhou para os dois colegas de serviço, que abriram um sorriso fraterno para %Julia%.
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  – Não houve um dia que esses 7 perguntavam se era possível te chamar. – Jussara comentou.
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  – Eles sabem cansar um adulto quando querem. – Saulo suspirou, ouvindo as risadas das crianças mais velhas.
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  – Você não pode voltar para casa? – Arthur se aproximou de %Julia%. – Só você consegue domar os dois - apontou para Caique e Helena, que pareciam dois anjinhos sentados junto da babá –, eles não ficaram assim nem por um segundo nos últimos dias.
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  – É, sabe que horas eles foram dormir ontem? – Felipe fez uma careta. – Meia-noite.
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  – Oh - %Julia% olhou para os dois, que viraram o rosto, como se não soubessem de nada do que os mais velhos estavam falando – e vocês? Como se saíram?
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  Os quatro mais velhos se entreolharam e Eric, que até então estava com sua atenção presa em seu videogame portátil, disse:
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  – Anna passou o tempo inteiro gritando com todo mundo, dando ordens malucas. Hugo saiu de casa e dormiu fora os três dias, Arthur quebrou a porta do quarto em uma briga com o Felipe, que tacou o celular pela janela e o chato do síndico bateu na nossa porta hoje de manhã.
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  – Minha nossa! – Daisy olhou para os mais velhos, que coraram e viraram o rosto, como Caique e Helena haviam feito antes.
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  – Você também não foi nenhum santo, Eric! - Hugo gritou. – Você…
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  – Só ficou jogando videogame! – Felipe completou o irmão.
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  – É! - Hugo olhou vitorioso para Eric. – E não fez a lição de casa.
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  – Tenho certeza que a sua professora vai ligar para o papai. – Arthur disse, provocando Eric, cujas maçãs do rosto logo começaram a adquirir um tom de vermelho.
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  – Seu pai…
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  – Ele só ficou em casa na terça. E aí não saía do celular nunca, até o Lucas aparecer do nada e falar para ele ir para o banco. - Anna disse, emburrada.
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  – É! Ele não penteou o meu cabelo! - Helena gritou.
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  %Julia% suspirou. As crianças, todas juntas, começaram a falar sem parar sobre as reclamações reunidas dos quatro últimos dias. A mais velha desviou o olhar para os colegas de trabalho, que a encaravam com um sorriso carinhoso no rosto, enquanto Daisy observava, assustada, todas as crianças.
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  – Tudo bem, tudo bem! – %Julia% disse, as mãos erguidas. – Eu volto! Mas primeiro, preciso cozinhar.
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  – Você cozinha? - os cinco mais velhos perguntam, uníssonos.
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  – Eu não tenho a sorte de ter uma Jussara aqui em casa, então, é, eu cozinho.
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  – Bem, hoje é seu dia de sorte, querida – Jussara diz –, estou aqui agora, e, pelo que estou vendo, você pretendia preparar uma refeição para uma festa.
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  – É para deixar congelado. Para eles. - apontou para a mãe, que no momento representava os outros três integrantes da família.
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  – Ah, sim. Tudo bem, entendi. Vou preparar tudo e você pode voltar com as…
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  Triiiim!
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  – O interfone! – Daisy disse, sentido-se aliviada por sair da algazarra que estava sua pequena sala de estar.
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  %Julia% olhou para as crianças, que desataram a continuar a falar. Podia entender a confusão que era para as pessoas de fora verem aquela cena, mas ela estava acostumada e conseguia entender quase que perfeitamente o que todos queriam dizer - ou o que cada um precisava dela.
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  – Boa tarde. - a voz conhecida e grave soou no ambiente.
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  – Papai! - Helena pulou do colo de %Julia% e foi para o do pai, que a pegou no colo enquanto era enforcado pela filha mais nova.
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  – Desculpe o incômodo. – ele olhou para Daisy, que era todo sorrisos.
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  – Imagine, você é sempre bem vindo em nossa… humilde, hum, residência. - ela olhou para os lados, sem graça.
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  %Julia% olhou para Daisy e lhe fez uma careta. Ela poderia ter avisado que o porteiro havia avisado da chegada de seu chefe!
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  – O que o senhor está fazendo aqui? - Anna perguntou, boquiaberta.
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  – Bem, qual foi minha surpresa ao chegar em casa e não ouvir um barulho. É claro que vocês não estariam por lá. Falei com Saulo e ele informou que vocês causaram um pequeno pandemônio ontem e, por isso, convenceram os dois a trazerem vocês para cá. Mas a %Julia% ainda está de férias.
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  – Não! - os sete falaram.
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  – Ela concordou em voltar para casa! - Hugo disse. – Não é, %Juju%?
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  – É… é. Concordei sim. - a moça sorri sem graça.
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  – Vocês precisam parar com isso. – %Henrique% disse. – %Julia% precisa descansar e vocês não estão ajudando.
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  – Ela pode descansar lá em casa! - Helena disse no colo do pai. – Você pode dormir comigo, %Juju%, minha cama é graaaande!
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  – Ela tem uma cama lá, Helena. – Arthur diz, revirando os olhos.
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  – Pai, a %Juju% precisa voltar para casa. - Anna disse, e imediatamente mandou um olhar para os irmãos próximos de sua idade, e logo todos voltaram a falar sem parar, com %Julia% calada observando, já que, na presença de %Henrique%, ele era a autoridade.
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  – Chega! Pelo amor de Deus, estamos na casa de outra pessoa. - ele massageou as têmporas com a mão que estava livre, e olhou para Daisy. – Perdão por toda essa algazarra, senhora %Strada%. Como pode ver, não é fácil lidar sozinho contra sete, mas, de alguma forma, sua filha é uma santa.
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  – Ah - Daisy abriu a boca, encantada com o elogio –, %Julia% é, realmente, um amor de mulher. Sempre foi. Muito dedicada e muito carinhosa com os outros. Se não fosse por ela, nossa família estaria em destroços hoje.
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  Ainda que Daisy estivesse exagerando e acrescentando algumas mentiras em prol da sua vontade de voltar para a alta sociedade e vingar-se de todos que lhe causaram o declínio, %Julia% não evitou sentir-se feliz com o depoimento da mãe. Achou que pelo menos um dos elogios era verdadeiro, e que isso, por si só, era um milagre vindo de Daisy, que aprendeu a olhar somente para o próprio nariz.
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  %Henrique% sorriu para a mulher e olhou para %Julia%, mudando sua expressão para uma mais desconcertada.
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  – Me desculpe. Você não precisa realmente voltar hoje. Ainda tem uma semana de folga…
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  – Está tudo bem. – %Julia% sorriu para o homem. – Acho que se elas ficarem sem alguém por mais um dia, pode acontecer um desastre.
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  %Henrique% queria poder dizer que estava tudo sob controle, mas sabia que seria apenas uma mentira. Além disso, queria que %Julia% voltasse para casa. Sentiu, também, a falta da presença da mulher. Ele ainda não havia descoberto quando exatamente a mulher começou a ter sua presença, fundamental na residência da família %Miller%. Não somente os filhos, mas os funcionários falavam muito bem da salvadora da família. Era inquestionável a mudança que %Julia% havia causado nas crianças no último ano. De devassas e temperamentais, elas se tornaram mais calmas, harmoniosas e até saudáveis.
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  Sem contar a mudança que ele mesmo reconheceu em si. Com a ajuda da mulher, passou a enfrentar os problemas dos filhos de frente, solucionando-os junto deles, reconquistando a confiança e o amor que achou que havia perdido de forma definitiva.
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  Para %Henrique%, %Julia% fez muito mais do que salvar seus filhos; ela salvou a ele, e por isso, era impossível evitar sentir que ele também precisava ajudá-la.
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  Mas para isso, ela precisava estar próxima dele.
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  – Eles não fizeram muita bagunça, não é? - %Henrique% perguntou, com %Julia% sentada no banco passageiro, enquanto Caique, Helena e Anna dividiam o banco de trás do carro. O restante dos filhos viriam junto de Saulo e Jussara, que ficou para terminar de preparar a comida para a família %Strada%.
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  – Não, foram bem tranquilos. - ela respondeu, mas todos sabiam que era mentira. As crianças não sabiam ainda o significado da palavra limite, e disso %Henrique% sabia bem. Era um temperamento que veio de Cássia, e que, se não bem controlado, podia tornar as coisas mais difíceis, como acabou acontecendo.
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  No entanto, %Julia% estava ali, e fazendo um ótimo trabalho. O condomínio não mandava multas de barulho fazia meses, e na reunião mensal que havia no prédio, %Henrique% deixou de ser o foco das reclamações, o que era um ponto positivo, ainda que também não fosse alvo de elogios.
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  – Pai, minhas amigas vão para a Riviera na primeira semana das férias, será que eu poderia ir com elas? - Anna pergunta, atrás de %Julia%, olhando para o pai que tinha sua atenção inteira em seus pensamentos e no trânsito caótico de São Paulo.
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  – Só vocês? - ele olha para a filha pelo retrovisor.
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  – É! A Giselle tem uma casa lá e chamou algumas pessoas para ir.
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  – Giselle? Você não costuma sair com a Karina? - o homem perguntou.
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  %Julia% sentiu uma hesitação na resposta de Anna. Não conseguia olhar para a garota, mas sentiu-se satisfeita por vê-la tomar a iniciativa de andar com pessoas que possam ser melhores que a víbora do grupo.
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  – A Karina vai para Jericoacoara com algumas meninas da sala, mas não estou muito afim de ir.
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  A babá apertou os lábios, retificando o que havia sentido antes. A história estava clara: Anna estava sendo excluída do grupo principal, e por isso, estava tendo como única opção, andar com um grupo de anônimas.
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  – Tudo bem. - %Henrique% disse.
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  O pai não havia percebido o desânimo na voz de Anna. Talvez porque os garotos não sofram muito com esse tipo de situação na escola, ou, talvez, por isso só existir nos colégios cujos alunos pertencem à alta sociedade.
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  Era preciso fazer algo para ajudar a primogênita. %Henrique% precisava saber mais sobre como funcionava a vida jovem, pois um erro de cuidado pode levar a resultados agravantes, como uso de drogas e sexo sem proteção.
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  – Senhor %Miller%… - %Julia% bateu na porta do escritório de %Henrique%, que ergueu o rosto, surpreso com a visita da mulher em seu ambiente particular. Ela apenas aparecia no local a comando dele. – Será que eu poderia…
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  – Entre - ele disse, apontando para uma das duas poltronas disponíveis à frente de sua mesa –, aconteceu alguma coisa?
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  – Bem… ainda não. - %Julia% disse, sem graça. – Acho que é importante falar sobre esse assunto, porque… bem. É algo comum.
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  – Não estou conseguindo acompanhar.
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  – Desculpe soar intrometida nas questões familiares… - %Julia% disse – Mas Anna e Hugo completaram 15 anos e estão na idade de se importarem com coisas como status e pessoas do sexo oposto.
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  – Ah.
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  É claro que ele não havia pensado nisso. Sentiu-se tolo por ter sido avisado por %Julia%, mesmo que fosse mais comum das mulheres pensarem à frente e terem uma percepção melhor da situação.
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  – Sei que Anna tem consulta com ginecologista, mas, se me permitir, posso conversar com ela. Acredito que ela esteja passando por algumas mudanças na escola e é importante deixar ela consciente de que tem apoio em casa.
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  – Claro! - %Henrique% disse, sentindo-se aliviado por %Julia% ter se oferecido a conversar com a filha. Ele sabia que esse dia chegaria e, agora, voltou a sentir-se ainda mais tolo por ter permitido uma viagem de garotas, sem saber se iria haver garotos no local. – Você, hum, acha que eu não deveria ter permitido que ela fosse a essa viagem?
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  A mulher %Strada% olhou com ternura para o chefe. Pelo menos foi o que ele viu nos olhos da moça. E não foi um engano. Para %Julia%, parecia que a cada novo lado que ela conhecia de %Henrique%, a fazia se apaixonar mais e mais pelo homem. Vê-lo assim, inseguro, esperando uma aprovação dela, sua funcionária, sobre um assunto de suas filha, a fazia sentir o quanto ele amava Anna e queria seu bem.
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  – Não permitir seria a pior coisa que poderia acontecer. - %Julia% respondeu, vendo os ombros do homem baixarem em um sinal de alívio. – Anna poderia ouvir as pessoas erradas, apenas por ter sido vetada de algo que ela queria fazer.
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  %Henrique% havia ouvido falar nessas situações. Os jovens estavam cada vez mais ousados e mais crentes de que o mundo girava em torno de si; ouviu Thales falar sobre o sobrinho que parou na delegacia por ter sido pego fumando maconha em uma festa. Além de ser menor e não poder ir a uma festa, acabou dando dor de cabeça para os pais, que estavam para abrir um novo negócio e, por conta do incidente, tiveram que postergar a abertura que nunca chegou a acontecer.
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  – Sobre Hugo… - ele olhou para %Julia%, preocupado. – Seria melhor mandá-lo para um psicólogo? Ele continua violento?
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  – Não - %Julia% respondeu, pensativa –, ele anda bastante interessado em uma garota mais velha que, pelo que sei, não é uma má pessoa.
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  – Você conhece a família dela?
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  – Não. - ela respondeu quase imediatamente. – O que é uma ótima notícia. - brincou, fazendo o chefe rir. – Mas está extraindo o melhor de Hugo. Ele anda mais comedido com os palavrões e parece se esforçar mais nos estudos. O ideal é deixá-lo saber sobre as consequências de um relacionamento sexual. Ele logo estará saindo à noite e viajando nos finais de semana com os amigos; é inevitável que ele se depare com más companhias. Você só precisa colocar consciência dentro dele, e ele fará o resto.
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  – Não posso simplesmente falar para ele não engravidar ninguém? – %Henrique% brinca, fazendo %Julia% rir com ele.
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  – É mais fácil falar do que fazer.
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  E disso ele sabia muito bem. Tinha 7 filhos, e apesar de duas vezes terem sido gêmeos, dificilmente um casal jovem engravida 5 vezes por vontade própria.
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  – Arthur e Felipe? - %Henrique% muda o foco do mais velho, agora que sabia o que fazer, e pergunta sobre os demais filhos.
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  Pacientemente, %Julia% falou sobre o desempenho dos dois, em como Arthur ainda estava perdido, mas que não era necessário se preocupar. Felipe, por outro lado, tinha de ser muito bem orientado, pois achava que não precisava estudar, já que queria ser um jogador de futebol. As aulas no clube que ela havia comentado antes começariam dali a um mês e meio, e, por conta disso, Felipe treinava quase todos os dias.
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  – Ah - %Henrique% falou, quando %Julia% fez menção de se levantar para voltar à sala, onde os filhos assistiam a um filme calados e concentrados –, sei que o final do ano é a época perfeita para você descansar. Eu, inclusive, havia pensado em dar férias durante essa época. Mas…
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  %Julia% observou o homem coçar a nuca. O maxilar travou e destravou várias vezes durante a pausa e ela apenas percebeu o quanto gostava daquela região em específico. Com a barba sempre feita, ela tinha certeza que poderia afiar uma faca na região. Além disso, %Julia% tinha uma “tara” por pescoços e costas largas. E %Henrique% tinha os dois. Poderia ficar o dia inteiro o observando tanto falar, quanto de costas, principalmente quando decidia deixar a camisa de lado e ousar em uma camiseta. O tecido fino que exaltava todos os lugares corretos deveria ser o verdadeiro uniforme do %Miller%.
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  –… tudo bem para você?
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  – Como? - ela piscou, saindo do transe, sem graça. – Desculpe.
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  %Henrique% suspirou, sem graça. Havia sido difícil passar a notícia a ela da primeira vez, ter de se repetir…
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  – Meus pais e meus sogros não poderão passar o natal e o ano novo conosco, pois coincidentemente os dois decidiram ir viajar. Pensei em levar as crianças para algum lugar diferente, mas precisaria de… hum… seus serviços.
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  O coração de %Julia% pulsou mais forte ao pensar que ele diria que precisaria dela. Mas é claro que isso não aconteceria, afinal, ele era seu chefe, e chefes não se envolvem com funcionárias, por mais que ela esteja sendo seus braços e pernas.
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  – Ah… - ela falou, hesitante. – Bem, acho que… talvez não tenha problema. Eu só preciso confirmar com meus pais.
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  – Claro! Claro, é claro que sim. - ele sorriu. – Verifique, por favor, e me dê a resposta até o final do mês. Preciso fazer as reservas. E me decidir para onde ir.
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  %Julia% abriu um pequeno sorriso. Sabia da resposta: iria naquela viagem, nem que Daisy tivesse que vender metade de suas roupas e sapatos. A essa altura, a mãe já deve ter falado com Gabriela e dito que %Henrique% %Miller% foi pessoalmente até sua residência. %Julia% precisava, urgente, falar com o chefe sobre essa situação, só não sabia como. Corria o risco de perder o próprio emprego. E, pior ainda, todo avanço que teve com o chefe até o momento.
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  Uma semana depois, %Henrique% avisava %Julia% de que ela precisava comprar uma roupa adequada para um jantar formal, e dessa vez teria que gastar no cartão dele, sem desculpas. Aproveitou o dia mais cheio de Anna para avisar a babá, assim ela não teria que ir acompanhada da filha mais velha; por sorte, também era o dia mais cheio dos filhos que iam à escola, de modo que Paloma, Jussara e Saulo ficaram cuidando de Caique.
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  O motivo do jantar: %Henrique% era, oficialmente, o novo diretor de Tecnologia do banco. Havia, no início da semana, sentado com o diretor e alguns dos acionistas, para finalizar os detalhes finais da promoção.
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  – Ficarei alguns dias alienado da casa, pois a transição nunca é muito tranquila. Minha equipe está em ordem, mas as demais precisam ser revisadas e acompanhadas de perto. - %Henrique% disse para os funcionários, em uma reunião com todos. – Preciso que compreendam que não estarei presente durante este mês inteiro e, talvez, parte do próximo.
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  – Mas e as férias do senhor, seu %Henrique%? - Paloma perguntou. – O senhor tinha dito que nós poderíamos…
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  – Sim, sim, tudo continua como combinado. – %Henrique% olhou para a faxineira, que sorriu sem graça. Ela já havia combinado com o marido de ir visitar a família no norte e estava pagando a passagem fazia dois meses. Não queria ter de mudar tudo. – Já anunciei para o RH da empresa as minhas férias. Saio no dia combinado, então não precisam se preocupar. Só preciso que deem conta de tudo até lá.
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  – Pode ficar tranquilo, seu %Henrique% - Saulo disse, sorridente –, e não precisa se preocupar de me ligar, se precisar do meu serviço. Não deve ser fácil ficar o dia inteiro trabalhando atrás do computador.
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  %Henrique% sorriu para os quatro funcionários. Sabia que tinha sorte em tê-los. Cássia havia feito um ótimo trabalho encontrando Amélia, e esta havia feito jus à própria competência, contratando os outros quatro.
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  – O jantar é às oito, mas Thales disse para chegarmos às nove. - %Henrique% diz para %Julia% quando entregava o cartão para ela e estacionava na porta do shopping Iguatemi. – Compre a roupa adequada.
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  – Mas…
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  – Não se preocupe com o preço. - ele diz, destravando a porta, um sinal de que a conversa acabava ali. – Hoje é um dia importante pra mim.
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  – Sim senhor… - %Julia% diz, sem graça.
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  Olhou para o shopping que conhecia de cabo a rabo. Viveu grande parte de sua adolescência e início da vida adulta ali, comprando, ostentando e perdendo tempo. Nunca imaginou que ficaria tanto tempo sem ir até lá; não imaginava que fosse voltar.
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  E agora estava ali, com um cartão de crédito poderoso e carta branca para gastar com o que quisesse. Imaginou o comichão que lhe tomaria o estômago se fosse a %Julia% de antes; mas não era, então tudo o que a mulher pôs-se a fazer, foi suspirar e entrar.
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  – %Julia%! - uma voz soou ao fundo.
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  A jovem olhou para trás, vendo Sandra na companhia de uma mulher repleta de sacolas na mão, provavelmente sua personal shopper. Abriu o melhor sorriso que tinha e tomou cuidado para não olhar para sua própria roupa e ver se estava adequada para aquele momento. Sabia que deveria ter se arrumado melhor quando saiu de casa, mas nada a prepararia para encontrar justamente a esposa do presidente, que veria naquela mesma noite.
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  – O que faz aqui, querida? Vendo as últimas tendências? - Sandra se aproxima da moça e troca um beijinho com ela. – Vim, porque algumas lojas me chamaram para visitá-las e conferir as novas coleções. Você pode passar na Waki Waki, há bolsas que ficariam lindas em você.
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  – É claro - %Julia% sorri – Adoro a marca!
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  Sandra mantém o sorriso no rosto e pausa por um minuto. Um minuto que %Julia% sabia estar sendo usado para avaliá-la. Em seguida, a mulher vira o rosto para a que a acompanhava e diz:
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  – Vou almoçar com %Julia%. Temos um jantar importante hoje, então pode enviar tudo para minha casa, obrigada, Tâmia.
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  A mulher respondeu Sandra educadamente e então se despediu, afastando-se com as sacolas, provavelmente para fazer exatamente o que a mais poderosa queria.
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  – Espero que não tenha almoçado.
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  – Ainda não. - %Julia% sorriu. Acompanhou Sandra até o Almanara, onde a mais velha pediu por uma mesa específica. O gerente parecia já conhecê-la e tratou-a com um respeito maior do que os demais funcionários. Por sorte, %Julia% sabia exatamente o que pedir, pois era um de seus restaurantes favoritos. Amava comida árabe, principalmente daquele restaurante específico.
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  Gastaram conversa fora até os pratos chegarem. Quando a comida estava em seus pratos e os funcionários, longe da mesa, Sandra olhou para %Julia% com um brilho diferente no olhar.
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  – Você, %Julia%, é muito mais corajosa do que eu imaginava.
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  Oh-ou. %Julia% pensou.
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  – A senhora acha?
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  Sandra sorriu.
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  – Sei da sua história. Da história da sua família. - a mulher disse, exalando tranquilidade. – Seu pai recebeu uma promoção em tempo recorde.
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  – Sim, fico muito feliz por ele. - %Julia% diz. Era verdade. Não imaginava que %Henrique% fosse indicar Paulo para um cargo maior, antes de se dedicar a outras equipes. Quando perguntou o motivo, %Henrique% apenas disse que o homem tinha capacidade e que precisava ser explorada em um nível maior do que o que ele se encontrava. Mesmo assim, %Julia% sentiu-se extremamente tocada pelo chefe, e fez algumas horas extras sem cadastrar na ficha.
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  – Algumas pessoas falam sobre nepotismo.
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  %Julia% olhou para Sandra. A mulher a estava testando. Perder a cabeça era a pior coisa a se fazer; mas %Julia% nunca foi de dar show, principalmente porque fazia parte da etiqueta. Por outro lado, precisava pensar se devia confiar em Sandra ou não. Sabia que havia conquistado a mulher desde o jóquei, mas ser aceita no círculo não significava que podia dizer todos os seus segredos. Sabia o que pessoas da alta sociedade podia fazer pela própria ambição.
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  – Vitor Marques precisa ter mais cuidado com as coisas que fofoca. A situação pode se voltar contra ele.
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  A esposa do presidente abriu um enorme sorriso e bebeu um gole de sua água com gás.
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  – Quem disse que Marques é o causador disso tudo?
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  – Não é Marques. - %Julia% diz, tranquila, mas séria. – É sua namorada, Alina. Ela tem os contatos.
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  – Ah, a causadora de cena. – Sandra diz, compreendendo. – O que ela é sua?
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  – Ex-melhor amiga.
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  %Julia% não se surpreendeu com a risada de Sandra. Sabia que sua vida era uma verdadeira novela, e sabia, também, que a vida de uma pessoa da alta sociedade era muito mais clichê do que as pessoas de fora dela imaginavam.
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  – E ela quer destruí-la?
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  – Ela tem motivos.
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  – Você roubou Marques dela?
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  Foi a vez de %Julia% rir. A mais nova balançou a cabeça e viu que Sandra não se sentiu nem um pouco ofendida com seu comportamento mais relaxado.
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  – O pai dela é David Kim.
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  Levou alguns segundos, mas Sandra associou perfeitamente o nome do desembargador, à família %Strada%.
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  – Retifico o que eu disse - Sandra diz, a taça com água em mãos –, você é muito corajosa.
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  %Julia% ergueu os ombros. Ter um dos homens mais poderosos da raiz da alta sociedade contra ela era, sim, motivo de muita coragem. No entanto, uma regra que poucos sabem, é que, independente do crime cometido, um sobrenome ainda é um sobrenome; e os %Strada%, mesmo tendo encontrado seu declínio após o escândalo de Paulo, ainda era muito conhecido, por ter sido uma das famílias que mais ofereceu favores às pessoas da nata. Era por isso que Paulo ainda estava intacto no trabalho, e era por isso, também, que ninguém mexeu com o banco.
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  – Você conhece os Burges? – Sandra perguntou.
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  %Julia% não os conhecia, mas havia ouvido falar. Alina, na época em que eram amigas inseparáveis, falava mal dos Burges o tempo inteiro.
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  Eles eram, praticamente, os líderes dos novos ricos. Se David Kim era um bom cérebro para a raiz, Rodrigo Burges era para os novos ricos e simpatizantes da nata. Havia pouco mais de dez anos que Burges tentava acabar com a raiz; ele dizia que era possível lidar com as pessoas da nata, pois é necessário as diferenças de classe para fazer a economia girar; entretanto, a raiz nada mais é do que uma quadrilha de corruptos dispostos a tudo, e isso ele não podia tolerar. A causa se tornou tão forte, de maneira tão rápida, que ninguém da raiz conseguiu conter Burges, de modo que o homem se tornou intocável.
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  Ainda assim, seus esforços até o momento haviam sido em vão. O que poderia estar prestes a mudar, já que Paulo %Strada% voltou das cinzas com sua filha mais velha vinculada a, talvez, o homem com a premissa mais positiva que já havia existido entre os mundos. %Henrique%, por ser muito bom em seu trabalho e único, é peça fundamental para a nata e a raiz; para os novos ricos, ele era também um deles, o que garantia certa fidelidade gratuita.
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  Era por isso que Daisy %Strada% estava animada. A mãe de %Julia% acordava cedo todos os dias, praticava o yoga e a meditação, e havia voltado com uma alimentação saudável, banindo o cigarro dos hábitos ruins. De acordo com ela, precisava estar perfeita para o retorno à alta sociedade. No tempo livre, anotava todos os contatos que eram importantes para si e %Julia%. Disse que protegeria a filha a todo custo. Fosse pelo papel que a filha representava, ou pelo amor que ela tinha por %Julia%, Daisy sabia que deveria utilizar de toda a perspicácia e inteligência que lhe foram tiradas durante toda a vida, para olhar para a cara de todos e sorrir, antes de pisar em cima deles com seu salto Louboutin 15.
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  – Eles têm entrado em contato recentemente. – Sandra disse. – E eu me pergunto o que vale mais a pena: ouvir o que eles têm a dizer, ou, como sempre, ignorá-los.
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  A mulher olhou para a mais nova com a mensagem de que %Julia%, se quisesse o apoio dela, precisava ser transparente. Sandra não estava habituada a perder. Havia perdido demais antes de Túlio se tornar presidente da empresa, há oito anos. Mas se fosse para ela se unir a alguém, sabia que era melhor estar ao lado de alguém que já caiu e não tinha a intenção de voltar para o fundo do poço, do que de uma pessoa que nunca havia sentido o gosto do fracasso antes, e está mais suscetível ao erro pela grande arrogância.
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  – Se eles vierem até mim - %Julia% começou a dizer, e ergueu o olhar para Sandra –, eu os ouvirei.
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  O jantar, Sandra disse, era apenas uma reunião entre os acionistas mais próximos de Túlio, e os funcionários de cargos mais altos. A notícia fez com que %Julia% ficasse aliviada, pois significava que Alina não estaria presente.
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  Sabendo disso, fez as compras com mais empolgação, e deixou-se levar, comprando um sapato de marca internacional, para combinar com o vestido que achou por um preço incrível. A bolsa, havia mandado uma mensagem para a mãe, que providenciaria. Mesmo que a família tivesse que ter se desfeito de 90% das posses, a regra não se aplicava aos acessórios da mãe da família. E algumas bolsas de marca nunca saem da moda.
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  – Você não parece nervosa. - %Henrique% disse, a caminho do restaurante reservado por Túlio.
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  – Não estou. - %Julia% disse, sorrindo. – Almocei com Sandra hoje.
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  %Henrique% olhou surpreso para a funcionária.
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  – Sandra? Sandra Costa?
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  – Sim. - a moça disse, de bom humor. – Ela sabe de tudo.
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  – Bem - %Henrique% voltou a se concentrar na direção –, Túlio sabia. O que ela disse?
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  – Que Alina não estará no jantar.
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  %Henrique% soltou uma pequena risada. Aquilo era, de fato, motivo para bom humor. Havia, mesmo, percebido a presença de Vitor com mais frequência perto de sua sala. A notícia de sua promoção havia sido espalhada, então era normal que pessoas com motivos para temer ficassem mais atentos; o que causava em %Henrique% um sentimento de “dó”, era que Vitor não era um homem inteligente, muito menos discreto. Mas geralmente os bonecos são assim.
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  – Você acha que as pessoas presentes sabem sobre mim? - %Julia% olhou para %Henrique%, que ergueu os ombros.
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  – Eu acho que alguns poucos acionistas, sim. Mas não a maioria. E se sabem, não faz mais diferença, faz?
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  – Um pouco. - %Julia% diz. – Você ainda não está fixado. Eles podem dar a desculpa de você não ter se adequado bem ao cargo.
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  %Henrique% sorriu.
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  – Eu não vou deixar isso acontecer.
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  %Julia% olhou para ele, admirada. Gostava da confiança de %Henrique%, e esperava que as coisas fossem assim como ele dizia. Poderia não ser complicado. Mas sabia que não podia ficar desatenta às atitudes da raiz. Principalmente de Alina e seu pai. Com a notícia da promoção de %Henrique%, eles com certeza estavam começando a caminhar por águas turvas.
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  O restaurante possuía um mezanino com um terraço, perfeito para noites como aquela, sem vento e somente com uma brisa que vinha de vez em quando. O local foi reservado para celebrar a novidade de que %Henrique%, agora, era parte importante e fundamental para o banco. Todos sabiam que, se ele fizesse o trabalho esperado ou, quem sabe, até mais, estaria nos Estados Unidos dali a três ou quatro anos.
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  %Henrique% e %Julia% entraram no local já sabendo que seriam o centro das atenções. Abraços, cumprimentos e taças erguidas. Todos os presentes eram a favor da efetivação de %Henrique% no cargo de diretor. Era a noite dele.
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  Por isso que %Julia% não entendeu, inicialmente, o motivo do semblante sério no rosto do chefe, assim que entraram na área do terraço.
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  – Oi, querido - a voz sensual que %Julia% já havia ouvido antes, disse –, parabéns pela promoção.
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  E então, tudo o que %Julia% pode ver, foi um par de braços bronzeados e torneados abraçarem %Henrique%, fazendo com que ela desse alguns passos para trás e pudesse ver, melhor que se tratava de uma musa.
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  Uma musa que estava fazendo o papel perfeito de “verdadeira” mulher do homem do ano. E todo mundo parecia concordar, menos, é claro, o presidente e sua esposa, que não entendiam nada do que estava acontecendo.
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  E no momento que os olhos de %Julia% se encontraram com os de Flávia, a mais nova soube imediatamente.
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  Ali estava uma nova guerra para se lutar.
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Capítulo 10
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Rafaela

Oxi. Vou Mer um infarto esperando o próximo capítulo

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