Chelsea Girl

  %Li% e %Take% ainda se encaram, o olhar de %Take% para ela ainda é algo que intriga a moça, apesar de ela gostar bastante desse “novo olhar” do amigo. O corpo dele ainda está sobre o dela, os braços do rapaz apoiados no chão e seu rosto perto do dela, os cabelos molhados pingando no corpo da moça.

  — %Take%-chan! — diz Harumi com a voz estridente e %Take% sente seu corpo ser, literalmente, puxado para trás. Assim ele sai de cima de %Li% que se vira para o lado, sentindo o rosto esquentar.

  — Harumi... — ele diz com a voz cansada. A mulher está agarrada em seu pescoço.

  — Fiquei preocupada, que bom que salvou a %Li% — diz Harumi.

  — Que falsa! — grita Aimi, irritada, chamando a atenção de todos. — Foi você quem empurrou a %Li% para a parte funda e você sabia que ela não sabe nadar. Nem fez nada para ajudar, sua falsa! — conclui a moça em defesa da amiga.

  — Ai-chan... — %Kohshi% se aproxima da namorada, surpreso com a atitude defensiva dela, sorrindo orgulhoso. Harumi a fuzila com o olhar. %Take% se livra do abraço dela.

  — Isso é verdade, Harumi? — pergunta %Take% já imaginando a resposta.

  — Não foi bem assim, eu...

  — %Li%, espera!

  Aimi grita ao ver que a amiga sai correndo dali e tal grito interrompe a explicação de Harumi. %Take% faz menção de ir atrás da amiga, mas Harumi o segura pelo braço impedindo-o de sair. %Kohshi% olha para a namorada e ela pede para que vá atrás de %Li%, que está tudo bem. Rapidamente o mais velho corre em direção ao local de fuga da amiga. Ao sair do quarto que %Li% e Aimi dividem, %Kohshi% acha a amiga cambaleando pelos corredores do hotel.

  — Hey, minha pequena — ele diz, carinhoso, assim que se aproxima dela envolvendo os braços em seus ombros.

  Ele conduz a amiga até o quarto que divide com o irmão, trancando a porta assim que eles entram ali. %Li% senta-se na cama enquanto aguarda %Kohshi% voltar com toalhas secas e roupas dele para que ela possa vestir. Ela se enxuga devagar, mas perde as forças e começa a chorar. %Kohshi% acolhe ela em seu abraço e afaga os cabelos molhados dela.

  Minutos depois, já deitados na cama, ela já está mais calma e %Kohshi% acaricia o rosto dela.

  — Você está assim porque o %Keigo% não veio ou porque a Harumi estava agarrada ao %Take%? — a pergunta de %Kohshi% faz a moça encará-lo, confusa.

  — Eu não tenho certeza de nada, %Kohshi%... — a voz cansada e confusa da amiga parte o coração do rapaz que aperta mais o abraço carinhoso que dá nela.

  — Meu amor, você está confusa com o quê?

  %Li% se afasta um pouco e o encara. Ela sabe que pode contar qualquer coisa ao amigo que ele não contará aos outros, sabe que em %Kohshi% ela pode confiar.

  — Estou chateada com o %Keigo% porque eu sinto que ele está mentindo para mim — inicia ela. — Não posso provar, mas eu sinto, %Kohshi%, e isso está me enlouquecendo — o rapaz sente a garganta apertar mais uma vez.

  — Não queria que você passasse por isso, minha pequena — diz ele e completa: — Eu meio que já sabia, pois eu %Li% o seu diário dia desses... — ele diz com o olhar inocente.

  — Você o quê?! — espanta-se %Li%.

  — Eu não queria, meu amor, mas...

  — Não me diga que o diário se jogou aberto na sua cara? — zomba ela e ele ri.

  — Não, mas eu acabei abrindo e %Li% uma coisa ou outra — confessa %Kohshi% com uma expressão fofa na face.

  — O que exatamente?

  — Sobre o %Hayashi% estar estranho com você.

  — Você leu isso!? Ai, %Kohshi%!

  — Me perdoe, meu amor — ele dá um beijo na testa dela. — Ele te tratou mal?

  — Ele mal conversa comigo... — revela %Li% com um nó na garganta.

  — Sinto muito, %Li%. Eu achei que o %Keigo% realmente gostava de você...

  — Mas ele gosta, eu sei que ele gosta — defende ela. — Mas, eu não sei, tem algo que trava ele, que o faz recuar de alguma forma.

  — No relacionamento?

  — Sim — diz ela e suspira. %Kohshi% fica tentado a contar a verdade, que na realidade %Keigo% não sabe se realmente a ama, mas isso não lhe diz respeito, afinal. Mesmo ele sendo amigo dela, ele é amigo dele também.

  — Você quer que eu fale com ele?

  — Não precisa, %Kohshi%. Eu mesma irei resolver isso, mas obrigada pela preocupação.

  — Sempre irei me preocupar com você, pequena — ele diz, carinhoso e completa: — Só posso te dar um conselho?

  — Todos que quiser — ela sorri de leve.

  — Ouve seu coração, ele saberá o que fazer — ele também sorri, carinhoso.

  O homem se aproxima do rosto dela e beija sua testa, depositando vários beijos ali; depois ele desce até as bochechas dela repetindo o processo; por último, ele deixa alguns beijos no queixo dela, simulando mordidas no local. Ao se afastar, ele diz:

  — Pensa com carinho no que te falei, sobre ouvir seu coração... — ele diz e sorri malicioso. — Esse coração que bate por trás desse lindo par de seios — ele ri com sua fala e %Li% dá um tapa em seu braço.

  — %Kohshi%! Aimi é minha amiga, vou te matar, seu safado!

  — Eu não resisti, %Li%, me perdoe — defende-se %Kohshi%, vendo que sua tática de quebrar o clima tenso dá certo. — Não trairia a Ai-chan e muito menos o meu irmão.

  — %Keigo% não está merecendo essa consideração — diz a moça.

  — Eu estava falando do %Take%.

  %Kohshi% sorri e dá um beijo longo e carinhoso no rosto dela. %Li%, em seu interior, vive o conflito e a confusão de sentir certa atração pelo homem. Toda vez que ele está perto dela, ela sente o corpo agir de maneira diferente. E hoje, quando sentiu os lábios dele tocarem sua pele, ela teve uma sensação incrivelmente boa e quis mais disso. Mas é errado pensar nele assim, afinal, %Take% é seu melhor amigo.

  Espera, %Take%?!

  %Li% voltou para casa sozinha, ela não quis mais ficar no hotel mesmo após a longa argumentação de %Kohshi% e Aimi que quase a convenceram, mas não surtiu efeito. Ela chegou domingo pela manhã e resolveu ir diretamente até o apartamento de %Keigo%, sabia que ele possivelmente estaria em casa, já que seu compromisso seria apenas no sábado. Mesmo se ele não estivesse em casa, ela tinha o passe para entrar, através de um cartão reserva para a porta eletrônica – o sistema de trava da porta do apartamento do %Keigo% é diferente do dela, por exemplo.

  Mori caminha devagar, arrastando sua mala enquanto pensa nas sensações que teve ao ser beijada por %Take%, ainda que através de uma respiração boca a boca. Imediatamente ela é transportada até o dia da festa da Night Parade, onde teve um momento bastante íntimo com ele. De fato, se ele não tivesse interrompido aquele beijo, certamente eles teriam transado e ela queria tanto isso. Ela ainda quer? E por que ela está pensando nisso agora enquanto vai ao encontro de seu namorado? Só em pensar nisso o corpo de %Li% já se sente estremecido.

  Ela balança a cabeça, espantando os pensamentos libertinos que acaba de ter com o seu melhor amigo e segue o caminho pelo estacionamento até o prédio onde %Keigo% mora. Na outra mão ela carrega uma sacola com alguns legumes e carne, pretende cozinhar algo para almoçar enquanto espera o namorado chegar. Antes mesmo de terminar de virar o corredor do terceiro andar, %Li% avista uma mulher saindo do apartamento de %Keigo%, uma jovem mulher, cabelos curtos e pretos, muito bonita. Ela crê ser alguma parente dele, mas ao ver ela tentando beijá-lo na boca, muda de opinião. %Li% se segura para não interromper o beijo, se é que há um beijo, pois, no ângulo que está, não consegue ver %Keigo%, que está escondido pela porta – antes do quase beijo, ele estava um pouco visível e deu um passo para trás ao ver o avanço da moça. Já a moça está parcialmente à vista e dá um passo para frente com o rosto erguido na direção do rosto de %Keigo%.

  %Li% respira fundo, controlando-se, a vontade que tem é de jogar sua mala na cara dele e exigir uma explicação imediata, mas ela não faz. Espera alguns segundos e ouve passos vindos em sua direção, rapidamente ela entra na porta que dá na escada de emergência e aguarda a tal mulher ir embora. Quando isso acontece, ela volta para o corredor do terceiro andar e caminha praticamente marchando até à porta do apartamento de %Keigo%, tocando a campainha.

  Ele abre a porta rapidamente.

  — Hanna, eu disse que... — inicia ele e, quando ergue o olhar e vê %Li% parada o encarando, muda sua expressão e tom de voz. — %Li%? Oi, amor...

  — Quem é Hanna, %Keigo%? — pergunta ela, fuzilando-o.

  — Ah... é uma... uma amiga — responde ele, hesitante. — Você não ia voltar à noite? Eu ia te...

  — Que amiga, %Hayashi%? — interrompe ela, furiosa e largando a sacola do chão com muita força.

  — Uma amiga — responde, dando de ombros. — Por que voltou mais cedo? Entra, vamos conversar.

  — Eu não tenho o que conversar com você... aliás, tenho sim! — ela o empurra que mal se move, segurando suas próprias emoções para não se exaltar. — Vamos falar do beijo que deu na Hanna — ele arregala o olhar.

  — Eu não a beijei.

  — Não minta para mim, %Keigo%! — ela o empurra novamente para dentro do apartamento.

  — Mas eu não a beijei, %Li%! Você entendeu errado... — diz, angustiado.

  — Errado? Não subestime a minha inteligência, %Hayashi%! — a voz dela começa a embargar. — E eu... ah, %Keigo%, por quê?

  — %Li%, calma, vamos conversar... — ele tenta segurá-la pelo braço, mas ela se esquiva.

  — Me deixa...

  — Espera, %Li%! — ele tenta mais uma vez e ela o empurra com mais força.

  — ME DEIXA EM PAZ, %KEIGO%!

  %Li% sai dali correndo, pega sua mala que havia deixado na porta da saída de emergência e vai embora ouvindo os chamados de %Keigo% e os ignorando. Depois daí, %Keigo% tenta ligar inúmeras vezes para ela, que continua o ignorando.

  Se arrependimento matasse...

  %Kohshi% acomoda sua mala no chão de seu quarto e se joga na cama em seguida, sentindo o corpo reclamar pelas horas de viagem sentado no banco não tão confortável da van que os trouxe. Depois da partida de %Li%, pela manhã, eles apenas almoçaram e resolveram voltar um pouco mais cedo, chegando duas horas antes do previsto, mas ainda assim, à noite. Ele desbloqueia seu celular e lê as mensagens, há muitas mensagens de %Keigo% e alguns ligações perdidas dele também. Ao ler o conteúdo, ele liga de imediato para o amigo.

  — O que aconteceu, %Hayashi%? — questiona antes mesmo de %Keigo% responder qualquer coisa do outro lado.

  — %Li% e eu brigamos e ela saiu daqui muito chateada — explica. — Ela não está me atendendo, %Kohshi%, eu estou preocupado.

  — Sabe para onde ela foi?

  — Se eu soubesse não te pediria ajuda, né? — responde %Keigo%, irritado.

  — Não fale assim comigo, seu cretino — rebate %Kohshi%.

  — Me desculpe, cara, eu estou nervoso.

  — Estou vendo... vou tentar falar com a cabelo de fogo e te aviso, ok?

  — Ok, cara, fico aguardando.

  %Kohshi% tenta diversas vezes ligar para %Li%, mas sempre chama e cai na caixa postal. Começando a se irritar com a falta de notícias, ele manda alguns áudios para ela, que visualiza. Então, ele resolve ligar.

  — O que houve com sua voz? Você estava chorando? — pergunta ele assim que atende, notando a mudança na voz da amiga.

  — Talvez... — %Li% responde do outro lado com a voz bastante embargada, ela havia chorado de fato.

  — Aonde você está, %Li%? Você bebeu, não foi?

  — E se eu tiver bebido, algum problema, %Asakawa%? — ela grita, debochada. — Por que me ligou, %Kohshi%?!

  — Você está bem? Me diz onde você está... — insiste ele. — O %Keigo% disse que...

  — EU NÃO QUERO FALAR DISSO! — berra ela. — Eu quero ficar...

  — Você não vai ficar sozinha, %Li%. Não! — determina %Kohshi%.

  — %Kohshi%, eu não... — ela sente a voz falhar e as lágrimas voltarem a cair.

  — Aonde você está, %Li%?

  De repente, silêncio.

  — %Li%?! %Li%!?

  Ouvindo os gritos vindos do quarto do irmão, %Take% aparece na porta, preocupado.

  — O que houve, %Kohshi%?

  — %Li%?! — %Kohshi% grita antes da ligação ser desligada por ela. — Que inferno! — brada o homem. %Take% ainda o encara, aguardando por uma explicação. — Aconteceu alguma coisa com a %Li%. %Keigo% ligou, disse que eles brigaram e ela saiu do apartamento dele muito nervosa.

  — O que ele fez a ela? — questiona %Take% num tom irritado.

  — Agora não é momento para isso, %Take%, temos que encontrá-la — alerta o mais velho.

  — Está bem... eu vou procurar por ela — %Take% revira o olhar e se vira para sair do quarto.

  — Eu também vou.

  %Kohshi% e %Take% saem à procura da amiga.

  Algumas horas se passam e finalmente um deles a encontra em um bar perto da casa dela, após receber a ligação do garçom do bar que ligou para o último número que havia na lista de ligações do celular da moça, pedindo para irem buscá-la e que ela não estava assim tão bem.

  — O que pensa que está fazendo, Mori?! — brada %Kohshi%, cutucando-a no ombro.

  — %Kohshi%! — ela diz, animada e com os braços abertos, levantando-se da mesa e abraçando o pescoço do amigo.

  — Nossa... — diz ele ao sentir o cheiro de álcool vindo dela. — Quanto você bebeu? Eu não acredito que bebeu por causa do %Hayashi%... — repreende ele e leva um tapão na cabeça.

  — Eu não bebi por causa dele! — brada %Li%, irritada.

  — Que seja, vamos embora — ele a puxa para fora da mesa, mas ela resiste.

  — Não quero ir, está cedo, %Asakawa%! — reclama ela.

  — Cedo para você continuar com essa palhaçada de encher a cara por causa do idiota do %Keigo%. Eu não sei o que ele fez, não me interessa agora, o que eu quero é que você venha comigo agora, Mori!

  %Li% ergue o corpo, assustada com o sermão dado por ele que nunca havia agido assim antes. Mesmo estando magoada pelas palavras de %Kohshi%, ela resolve acompanhá-lo. %Kohshi% paga a conta do bar e leva %Li% até o apartamento dela. Ele liga para o irmão e avisa que encontrou %Li%, mas que é para o mais novo voltar para casa, que ele cuidaria de tudo sozinho. %Take% insiste em ir vê-la, mas %Kohshi% não permite, diz que é melhor ele ficar longe pelo menos por enquanto.

  A missão do %Asakawa% mais velho agora é fazer com que %Li% tire suas roupas e entre embaixo do chuveiro. Ela está resistindo bastante.

  — Você precisa tomar um banho, Mori! — grita ele tentando fazer %Li% levantar-se e parar de puxar suas pernas. — Não seja tão teimosa assim!

  — Não quero, %Kohshi%. Sai! — ela grita de volta e tenta morder a canela dele, que se esquiva.

  — Eu deveria ter deixado você me morder só para machucar seus dentes! Oh, mulher teimosa! — brada. — Yah, você precisa tomar banho, %Li%!

  — Vai ter que me dá banho se quiser que eu tome! Chato! — ela mostra sua língua para ele e começa a rir ainda agarrada às pernas do homem.

  — Não me desafie, cabelo de fogo... — avisa %Kohshi%. — Olha que eu te dou banho mesmo, hein!

  — Duvido, %Asakawa%-san! — provoca %Li%.

  %Kohshi% estreita o olhar e solta um suspiro. Dando de ombros, o homem puxa %Li% para ficar de pé e agarra ela, levando-a até o box do chuveiro. Esperneando muito, a mulher é carregada por ele e colocada gentilmente dentro do box. %Kohshi% liga o chuveiro e a água respinga em %Li%.

  — Está frita a águaaaaaa, %Kohshi%!!! — berra ela sentindo o frio tomar conta e tentando sair dali, mas é barrada por ele.

  — Assim você acorda — rebate ele. — Anda, tira a roupa!

  — Não! — ela volta a mostrar a língua para ele e ri novamente.

  — Vai tomar banho sim, tira a roupa, %Li%! — ele volta a mandar. — Ora essa, beber todas por causa do %Hayashi%...

  — Já disse que não foi por causa dele! — ela volta a ficar séria e chorosa.

  — Ah, não? Por que então? Por mim? — ele diz em deboche.

  — Não, seu idiota... por mim — ela abaixa a cabeça e recosta na parede, sentindo o corpo pesar.

  — Como assim? — ele entra no box e fica na frente dela.

  — Porque eu sou uma idiota, %Kohshi%. Porque ainda acredito que o %Keigo% gosta de mim de verdade... — ela começa a chorar novamente.

  — Hey, não chore, meu amor. Não se sinta assim, ele não merece — %Kohshi% abraça ela.

  — E ainda tem esse maldito ciúme! — ela diz, de repente.

  — Ciúme do %Keigo%?

  — Pior que não... eu não sei o porquê, mas estou com ciúmes do seu irmão.

  — Do %Take%? — questiona ele, confuso.

  — E você tem outro irmão, %Asakawa%?! — ela dá um tapa no peito dele.

  — Por que está com ciúmes do meu irmão? — ele diz, já percebendo que a amiga sente algo a mais pelo irmão mais novo.

  — Se soubesse o motivo, ficaria feliz — lamenta-se e solta um suspiro. — Só sei que, quando a Harumi disse que o beijou e que... ahhh eu quis voar no pescoço dela e quis bater nele também. Mas que ódio, %Kohshi%, por que estou sentindo isso sem querer sentir?? — indaga %Li% soltando o corpo e fazendo uma expressão triste e emburrada. — E ao mesmo tempo eu tenho ciúme do %Keigo% também! Argn, odeio ser eu agora!

  — Eu não sei, meu amor, só sei que você pode contar comigo para o que você precisar — diz %Kohshi%, carinhoso. — Eu amo você — ele aperta o abraço.

  — Você pode me dar banho, por favor? — ela pede, baixinho.

  — Hã?

  — Me ajuda a tomar banho, só enquanto eu choro, por favor...

  — Está bem.

  Nesse momento, %Kohshi% deixa de lado qualquer tipo de brincadeira que ele possivelmente faria em outra circunstância. Vendo sua amiga tão frágil assim, como ele nunca havia visto nesses anos de amizade, ele apenas a ajuda a retirar suas roupas e a deixa apenas de lingerie. Ele tira suas roupas também e fica de cueca, entrando no chuveiro junto com a %Li%, ele volta a abraçá-la com carinho. %Kohshi% afaga as costas dela com um pouco de sabonete até que forme espuma, deixando escorrer a água por toda sua extensão. Enquanto dá banho nela, ele a ouve chorar e o motivo de seu choro é o %Keigo%, melhor amigo de ambos. %Kohshi% não sabe o que %Keigo% fez para deixar %Li% dessa forma, mas ele sabe que o rapaz tem muito a se explicar e, dessa vez, para %Kohshi%.

  Ele pode até admitir que %Keigo% não saiba o que está sentindo, mas ele jamais permitirá que %Li% sofra durante o processo de descoberta.

  Hoje é aniversário do %Take%.

  Também é aniversário de seis meses do namoro entre %Li% e %Keigo%.

  Ambos os eventos coincidem e só esse fato é o suficiente para deixar %Take% irritado. Ele chega mais cedo ao trabalho, sendo recepcionado por alguns colegas que lhe dão parabéns pela data. Apesar de chateado, o rapaz está aliviado por seu irmão ter achado a %Li% ontem e ter cuidado dela – mesmo que ele mesmo tenha sentido vontade de cuidar da moça. O rapaz senta-se em sua cadeira e inicia mais um dia de trabalho. Há pouca demanda, então ele resolve aperfeiçoar os códigos de demandas já entregues, uma espécie de update dos dados.

  %Li% adentra pelo corredor que dá acesso ao seu setor de maneira arrastada. Além de estar de ressaca, a moça sente uma frustração enorme por dois motivos. O primeiro é que ela não sabe se é realmente certo ela sentir ciúme do %Take%, afinal de contas ele é seu amigo e é solteiro, ele não deve nenhuma satisfação para ela de quem ele transa ou deixa de transar. O segundo é a incerteza do relacionamento com %Keigo%, mesmo o amando ela sente que ele mente para ela, que esconde algo importante; mesmo sentindo vontade de terminar tudo, o sentimento pelo rapaz ainda é forte; na verdade, %Li% começa a achar que esse sentimento está apegado ao %Keigo% de meses atrás, talvez de anos atrás, um %Keigo% que não mentia.

  Na hora do almoço, %Li% nota que %Take% está com a mesma roupa de ontem e se questiona internamente se ele passou a noite fora de casa. Ela cogita a possibilidade de perguntar a %Kohshi% sobre isso, mas certamente ele iria zombar dela dizendo que está com ciúme. Mas, ora essa, e ela não está? Sim, está, mas isso não vem ao caso agora. Ela caminha até o rapaz para poder lhe desejar feliz aniversário, quer dar um abraço apertado nele e poder sentir seu cheiro novamente. Parando para pensar, %Li% nota que faz algumas semanas que ela não o abraça, não de verdade. E isso faz tanta falta. Muita falta.

  Antes de se aproximar de %Take%, a mulher percebe a presença de Harumi literalmente pendurada no pescoço dele. Mesmo vendo que ele está desconfortável com os beijos que ela lhe dá pelo rosto, %Li% sente uma enorme raiva e uma enorme vontade de enterrar o rosto de Harumi na tigela de lámen, porém, ela prefere respirar fundo, dar meia volta e retornar para seu setor. Mais tarde ela fala com o %Take%, quem sabe passe no apartamento dele e compre uma pizza.

  — %Li%... — a voz de %Keigo% faz a mulher arrepiar-se involuntariamente. Seus pensamentos, que estavam em %Take%, são transferidos para seu namorado que está parado na porta de sua baia.

  — %Hayashi%... — responde ela friamente.

  — A gente pode conversar? — pede ele com o olhar pidão.

  — Se quiser falar comigo, %Hayashi%, me mande um e-mail — ela volta seu olhar para a tela de seu computador e continua seu trabalho.

  — Prometo que será rápido — insiste %Keigo%.

  %Li% nem olha para ele, continua aparentemente concentrada em seu trabalho, mas pensa inevitavelmente em falar com %Keigo%, afinal ele lhe deve uma explicação.

  — Melhor voltar outra hora, %Keigo% — diz %Kohshi% notando o clima tenso instaurado.

  — Mas eu... — inicia %Keigo%, mas é interrompido por %Li%.

  — Está tudo bem, %Kohshi% — diz ela, sorrindo para o amigo. — Já que o %Hayashi% quer tanto conversar, vamos lá! — conclui ela, virando a cadeira na direção de %Keigo% e levantando-se.

  — Tem certeza? — insiste %Kohshi% com o olhar preocupado.

  — Tenho sim — ela sorri para ele, se aproximando do amigo e lhe dá um beijo na testa. — Obrigada, %Kohshi%.

  — Qualquer coisa me liga — ele diz no mesmo tom preocupado de seu olhar. %Li% apenas assente.

  %Li% caminha na frente, passando por %Keigo%, e o rapaz a segue. Eles caminham até o elevador, apertando o andar térreo; passam pela portaria e saem do prédio, caminhando até um dos bancos da praça, sentando-se em um deles.

  — Fale de uma vez porque eu não tenho tempo, %Keigo% — diz %Li% assim que eles se sentam no banco. %Keigo% engole em seco.

  — Você está bem? — pergunta ele com certo medo.

  — Agora você quer saber? — o olhar revoltado de %Li% tem o poder de travar o corpo de %Keigo% na posição em que está agora.

  — Eu fiquei preocupado ontem, você não me atendia — diz ele genuinamente preocupado. — %Kohshi% me ligou e disse que tinha te achado no bar, você bebeu?

  — Virou meu pai agora, %Keigo%? — indaga %Li%, irritada. — Fala logo o que você quer, eu tenho dois projetos para finalizar hoje e não estou...

  — Eu não beijei a Hanna — diz ele, de repente. %Li% o encara, o coração acelerado e as mãos trêmulas.

  — Não? — indaga com deboche.

  — Ela é apenas uma mulher que eu ajudei naquele dia, ela me pediu ajuda para ir até a casa do ex-namorado pegar algumas coisas, pois ele estava sendo estúpido com ela — explica %Keigo% e completa: — Hanna estava apenas me agradecendo com um beijo no rosto, provavelmente você deve ter visto essa parte.

  — Na verdade... — %Li% começa a sentir-se culpada por pensar errado de %Keigo%. — Eu não cheguei a ver vocês se beijando, a porta estava na frente...

  — Eu jamais trairia você, %Li% — diz %Keigo% aparentemente sincero. %Li% o encara novamente já com os olhos marejados e a cabeça ainda mais confusa.

  — Me desc...

  — Não precisa pedir desculpas, você não fez nada errado, %Li% — há um nó na garganta de %Keigo% desde ontem, um nó que não para de crescer.

  Sem dizer mais nada, o rapaz apenas abraça a namorada com força, afagando seus cabelos avermelhados sobre suas costas. De repente, a mente de %Keigo% é invadida pela lembrança do discurso do término que ele havia ensaiado há algum tempo, por que pensa nisso justo agora? Não, ele não quer que seja assim. Não foi assim que ele planejou. Na verdade, %Keigo% não sabe bem se ele quer terminar. Ele não sabe de mais nada.

  Sobre a história que ele conta para %Li%, ele não mente quando diz que não beijou Hanna nem sobre o ex-namorado da moça que está sendo estúpido com ela. Isso é realmente verdade. A mentira está na parte que ele diz sobre a amizade deles. Hanna e %Keigo% se conheceram meses atrás e ele vem, secretamente, trocando mensagens com ela todos os dias, até mesmo quando %Li% está por perto. A moça está altamente interessada em ficar com ele por se tratar de um homem lindo e solteiro. Esse detalhe sobre a existência de %Li% é omitido por %Keigo% assim que ele conheceu Hanna.

  %Li% não consegue falar com %Take% durante todo o expediente, parece até que ele está fugindo dela ou que o destino acha engraçado separá-los justamente hoje. Ao sair do prédio da Seven, ela caminha até a estrada para poder chamar um táxi, ajeitando sua mochila no ombro. Seu destino é o apartamento de seu namorado. Ela havia esquecido da surpresa que preparou para %Keigo% para comemorar os seis meses de namoro: uma noite de amor. Eles, até então, não chegaram a transar. Não por falta de oportunidade, mas por falta de vontade. Bom, vontade – ou tesão – sempre houve, porém sempre falta algo para justificar a transa dos dois. Confuso, não? É, nem eles mesmos sabem explicar direito.

  — Oi, %Kei% — diz %Li% assim que %Keigo% abre a porta de seu apartamento para que ela entre.

  — Oi, %Li% — eles se beijam rapidamente e a moça entra no apartamento.

  — Está pronto para a noite de hoje, amor? — diz ela, super animada e %Keigo% sorri sem jeito.

  — O que preparou para nós? — questiona o homem, interessado.

  — Apenas aproveite, %Kei%!

  O sorriso de %Li% sempre foi algo que deixou %Keigo% calmo, mas, por algum motivo, o sorriso que ela mostra em seu rosto agora o angustia, quase o sufoca. Assim que se senta no sofá da sala do apartamento, a mulher pede o jantar deles pelo aplicativo do restaurante. Não demora muito e a comida chega, eles jantam e conversam um pouco sobre como se conheceram, ainda na escola, e de como e quando começaram a se interessar um pelo outro. Nessa parte, %Li% é a que mais fala, já que o primeiro interesse partiu dela. Em sua mente, %Keigo% pensa no que ele realmente quer fazer e no que ele deve fazer, ambas sendo coisas diferentes e ambíguas. O que ele quer fazer é manter o namoro com %Li%, quem sabe ele consiga sentir algo mais forte após uma noite de amor com ela. Ontem, quando se encontrou com Hanna, ele disse para a moça que queria dar um tempo na relação deles, pois estava confuso com seus sentimentos. Não deixa de estar errado – mas, ele deveria ter dito sobre a %Li%, detalhe importante, %Keigo%! E o que ele deve fazer é terminar o namoro, ele não ama a %Li% do jeito que ele achou que amava. Não é amor de homem para mulher, é amor de amigo, um carinho enorme que se confundiu perfeitamente com amor verdadeiro. Como ele esteve engano todo esse tempo, cego pelo sentimento, cego pelo seu egoísmo em não deixar %Li% solteira para que %Take% não a pedisse em namoro. Mesquinho, essa é uma boa palavra para definir %Keigo% agora.

  O casal se beija com fervor enquanto caminha até o quarto de %Keigo%, ele já está sem camisa e %Li% também. %Keigo% beija o pescoço dela enquanto sua mão abre o botão da calça que ela usa. Ao chegarem no quarto, ela deita-se na cama, retirando sua calça completamente, ficando apenas de lingerie. %Keigo% a observa com o olhar predador e retira sua calça; ele aproveita para pegar uma camisinha já que precisará em breve. O rapaz fica de joelhos por cima de %Li% e faz menção de retirar a calcinha dela, mas, justamente agora, sua consciência começa a berrar em seu ouvido.

  PARE!

  Não, por que agora? Ele está tão excitado e ele quer transar com ela, mas sua mente não deixa, seu coração não deixa. Ambos sabem que o ato pode até ser prazeroso no momento de sua execução, porém será doloroso após, quem sabe até destrutivo para ambos os corações envolvidos. %Keigo% não quer isso. Ele não pode fazer isso. Não com ela....

  — Eu não posso... — sussurra ele afastando-se de %Li%.

  — %Kei%... o que houve? — ela senta-se na cama, enquanto vê ele se afastar mais e ficando de pé.

  — Eu não posso, %Li% — repete ele com mais clareza. — Não posso fazer isso com você, não com você — diz o rapaz, sentindo o nó em sua garganta lhe sufocar, aquele mesmo nó de mais cedo.

  — Do que está falando, %Keigo%?! Está me assustando — o coração dela saltita dentro de seu peito de maneira descoordenada e dolorosa. A mente pensando mil coisas, todas ruins.

  — Eu não amo você, %Li% — revela ele da maneira mais seca e direta possível.

  — O quê? — %Li% começa a ofegar, suas mãos tremendo ainda mais. — Co-Como assim, %Keigo%? %Keigo%... — ela se sente fraca e aperta os olhos com força.

  — Eu... eu achei que poderia te amar de verdade com o tempo, mas eu não consegui — explica. — O amor que eu sinto é amor de amigo — ele ri sem humor e continua: — Eu não queria... meu Deus, %Li%, eu não queria ter te enganado tanto tempo. Eu me odeio tanto por isso...

  — Cala a boca! — ela grita pondo as mãos nos ouvidos e apertando o local. — Eu não quero mais ouvir!

  — %Li% — ele tenta se aproximar, mas ela levanta-se da cama e começa a catar as próprias roupas. Ela só quer sair dali. — %Li%, espera, vamos...

  — Me solta! — ela faz um movimento brusco com o braço, livrando-se de %Keigo% e continua vestindo sua calça, procurando com o olhar sua blusa que está na sala. Ao lembrar-se o paradeiro da peça, ela caminha até a porta, mas é barrada por %Keigo%. — Já disse para me soltar, %Hayashi%! — grita novamente.

  — Dessa vez você não vai sair daqui dessa forma — ele segura o braço dela. — Precisamos...

  — Cala a porra da boca, %Keigo%! — berra %Li%. — Se é para falar merda, melhor ficar calado, por favor!

  — Eu não queria, %Li%, eu não... — ele segura o outro punho dela, que resiste e se sacode falando por cima dele na tentativa de não o ouvir. — Eu nunca quis magoar você, mas eu não consigo controlar meus sentimentos. Eu sentia ciúme quando você ficava com outros caras — revela ele, %Li% continua se debatendo em seus braços. — Quando você ficou com o %Kohshi% eu quis surtar de ciúme, eu quis matar ele por ter ficado com você mesmo sabendo que eu gostava de você — %Li% tenta não ouvir, mas acaba ouvindo cada palavra e sentindo-se cada vez mais irritada e desesperada para sair dali. — E quando você ficou com o %Take%... foi o cúmulo da minha raiva, meu ciúme foi mais intenso e eu deixei minhas emoções tomarem conta de mim e eu bati nele — o olhar de %Li% recai sobre %Keigo% e ela para de se debater, fuzilando o rapaz que a encara de volta. — A gente brigou feio naquela festa da Night Parade, ele me disse que procuraria você e te beijaria. Eu não podia deixar, eu tinha que evitar isso, %Li% — os olhos dela brilham agora, mas é um brilho de raiva, os lábios dela tremem e o choro é inevitável. — Eu não podia perder você para o %Take%...

  — O quê?! — ela o interrompe com a voz esganiçada. — Você começou a namorar comigo porque o %Take% estava interessado em mim? É isso mesmo, %Keigo%?!

  — Não foi isso que eu disse...

  — Cala a boca! Cala a porra da boca! — berra ela e se solta dos braços de %Keigo%.

  — Eu comecei a namorar você porque eu achava que meu amor era grande suficiente para passar por cima da nossa amizade.

  — Do que está falando? — questiona ela, confusa.

  — Eu achei que meu amor por você, mulher, fosse maior do que meu amor por você, minha melhor amiga.

  — E desde quando ambas as coisas precisam estar separadas, %Keigo%?! — grita %Li%, chorando muito.

  — Eu sei que não... — responde ele com a voz fraca e ofegando. — Eu estava errado em tentar separar, mas isso serviu para eu perceber que eu apenas amo você como amiga — repete ele com um tom de pesar.

  %Li% não consegue dizer o que está entalado em sua garganta. Ela quer cuspir na cara dele que ele é um covarde, um garoto mimado, um grande imbecil, que ele não sabe amar ninguém, que ele é um péssimo namorado, que ele não merece a namorada que ela foi para ele, mas ela não consegue. Simplesmente ela não consegue falar tudo o que quer. %Li% apenas ergue uma de suas mãos, ainda trêmulas, reunindo toda a força que lhe resta para estapear o rosto de %Keigo%. O rapaz não reage, apenas põe a mão no lugar atingido e volta a encarar %Li% que diz mais uma coisa, antes de sair pela porta do quarto de %Keigo%.

  — Está tudo acabado entre nós.

  O olhar atento de %Take% no ponto branco do teto de seu quarto parece entreter o rapaz que está deitado na mesma posição desde que saiu do banheiro, após tomar banho, e se jogou na cama para pensar. Ele está bastante chateado pelos acontecimentos de hoje, mesmo tendo recebido felicitações de todos seus colegas de trabalho e ter ganhado uma minifesta durante o expediente, %Take% não recebeu os parabéns dela. Até agora %Li% não lhe desejou parabéns, ela sempre foi uma das primeiras pessoas a lhe mandar uma mensagem ou ir até sua casa acordá-lo com gritos de felicidades. Ele odeia acordar cedo, mas quando era a %Li%, ele não se incomodava, ela nunca incomodou.

  Ding dong

  O toque da campainha não faz %Take% se mexer na cama, seu olhar ainda está direcionado ao teto de seu quarto e sua respiração ainda está profunda e cansada.

  O segundo toque já começa a incomodar o rapaz que se questiona o que o irmão está fazendo que não atende essa maldita porta. Ah, claro que %Kohshi% está ocupado, afinal sua namorada está no quarto com ele neste momento.

  Dando um grito irritado, %Take% levanta-se de sua cama e vai até a porta, abrindo-a com rapidez. Ao mesmo tempo, %Kohshi% abre a porta de seu quarto.

  — Eu já ia atender — diz %Kohshi% vendo o irmão caminhar pelo corredor bem na sua frente.

  — Ah, que se dane, %Kohshi%, deixa que eu atendo essa merda — ele está de camisa regata e o short do pijama. Assim que atende, ele dá de cara com %Li%. — %Li%?

  — Posso dormir aqui? Não quero ficar sozinha hoje — ela pede com a voz fraca.

  A moça está com sua mochila em frente as pernas, segura por suas mãos, a expressão triste na face. Seus cabelos bagunçados e soltos cobrem parte de seu rosto. %Take% sente sua garganta fechar-se e sabe que aconteceu algo com ela, imagina até quem é o causador de tudo isso.

  — Claro que pode, %Li% — diz %Take%. — Você já é de casa — ele toca no ombro dela, mas ela se esquiva parecendo assustada. O rapaz recua sua mão e sorri sem jeito. — Fique à vontade, %Li% — ela percebe que exagera e apenas sorri sem graça por sua atitude repentina.

  — Entra — convida %Kohshi% caminhando até ela e pegando sua mochila. Aimi ouve a voz de sua amiga e vai até à sala.

  — %Li%... — diz a moça ao ver a amiga parada no meio da sala.

  — Oi, Ai... — a voz de %Li% demonstra toda sua melancolia agora. Todos sentem que aconteceu algo e preferem não tocar no assunto.

  — Quer roupa emprestada, amiga? — oferece Aimi enquanto a amiga senta-se no sofá com as mãos sobre as pernas.

  — Não precisa, Ai. Eu trouxe — %Li% aponta para sua mochila nas mãos de %Kohshi% e se sente mal por lembrar o motivo de ter roupas limpas em sua mochila.

  — Vai tomar um banho, meu amor, eu vou preparar algo para comermos — diz %Kohshi%, carinhoso e entrega a mochila para ela, dando-lhe um beijo fraterno na testa da amiga.

  %Li% sorri e vai tomar banho, assim que eles ouvem a porta do banheiro ser fechada, começa uma discussão. %Kohshi% ouve o vaso decorativo que há em cima da mesa de centro ser atingido pela almofada jogada com toda a força por %Take%, a expressão de ódio que ele tem no rosto assusta qualquer um.

  — Calma, %Take% — diz %Kohshi% baixinho para que %Li% não escute.

  — Ele fez algo, %Kohshi% — inicia o mais novo. — E se for o que estou pensando eu não irei perdoar — ameaça o rapaz sentindo as mãos trêmulas de raiva.

  — Não fala sobre isso agora. Ela está frágil, melhor falar depois — pede %Kohshi%.

  — %Kohshi% tem razão, %Take% — Aimi diz e ambos olham para ela. — Deixa para falar depois, vamos apenas ouvir a %Li% hoje, está bem?

  %Take% não diz nada, apenas assente com a cabeça e respira fundo fechando os olhos com força. A raiva que sente é tão grande que, se não fosse por %Li% estar em seu apartamento agora, ele certamente iria até %Keigo% para esmurrar a cara dele, assim como prometeu.

  %Li% demora um pouco para sair do banheiro, tempo suficiente para que %Kohshi% termine o jantar rápido que ele prepara para todos. Enquanto comem, os três tentam conversar coisas aleatórias para fazer %Li% se distrair. Vez ou outra ela esboça um sorriso, mas logo ele some dando lugar novamente à sua cara de tristeza. Sua mente fervilha pensamentos de culpa e de raiva. Como que ela não conseguiu enxergar antes que %Keigo% não a amava? Ela estava assim tão cega? Tão apaixonada ao ponto de não ver o óbvio? Vislumbres do que aconteceu horas atrás passam em sua mente agora. O momento em que %Keigo% e ela começaram a se beijar, quando estavam na cama dele, quando retiraram suas roupas, ela apenas de lingerie e ele de cueca, o tesão que sentiu quando o beijou, mas aí veio o golpe...

  Ao lembrar das palavras de %Keigo%, de como se sentiu usada por ele todos esses meses, %Li% levanta bruscamente do lado de Aimi e vai para o quarto de hóspedes, que está previamente arrumado por %Take%, o que deixa todos boquiabertos, porém ninguém tem coragem de impedir a moça. Todos vão para seus quartos e o apartamento fica escuro e silencioso novamente.

  %Take% volta a encarar o teto de seu quarto, dessa vez a luz está apagada e apenas o abajur ilumina parte do cômodo. Ele pensa no que possa ter acontecido com %Li%, na verdade ele sabe o que aconteceu, apenas quer saber como aconteceu. De qualquer forma, ele disse a %Keigo% que o mataria se este fizesse %Li% sofrer e é isso que ele pensa agora. Maneiras de matar %Keigo% sem que %Li% descubra.

  Batidas à porta...

  %Take% encara a porta com o olhar confuso e, antes de perguntar quem é, ouve mais uma batida.

  — %Take%, sou eu... — diz a voz de %Li%, levemente abafada.

  Rapidamente, o rapaz levanta-se de sua cama e liga a luz do quarto, abrindo a porta em seguida.

  — Posso dormir aqui? Eu realmente não quero ficar só — pede ela, sem jeito.

  — Claro, entra — ele dá passagem para ela, que entra no quarto. %Take% fecha a porta e se vira para %Li% só agora notando o pijama que ela veste: listrado em azul marinho e branco, a blusa meio decotada e o short curto no mesmo estilo da blusa. — Parece uma jogadora de beisebol. Isso é muito sensual, %Li%... — diz ele com a voz arrastada, segurando o tesão que está quase explodindo.

  — Bobo — %Li% apenas diz isso e senta-se na ponta da cama dele, ignorando a cantada que o amigo acaba de fazer. A chateação com %Keigo% ainda é grande.

  — Bom, pode ficar com minha cama, vou pegar um edredom para mim — ele diz e caminha até seu armário.

  — Não precisa, %Take% — diz ela. — Você pode dormir na cama também, só tem que se comportar — ele a encara sorrindo de canto.

  — Prometo me comportar — promete ele, beijando os dedos cruzados em sinal de promessa.

  %Li% solta uma risada nasal e engatinha até a parte de cima da cama, no momento que sua bunda fica empinada, %Take% a encara inevitavelmente e sente um arrepio tenso lhe percorrer o corpo.

  Eles tentam conversar um pouco, mas acabam decidindo dormir. %Take% desliga o abajur e deixa tudo escuro, ambos estão um pouco afastados na cama, bem nas pontas. Faz frio esta noite e eles estão embaixo do edredom. Seus pensamentos são diversos, %Li% tenta não pensar no %Keigo% e %Take% tenta não pensar em sua melhor amiga – e seu grande amor – de pijama deitada a poucos centímetros dele.

  %Li% está inquieta na cama, %Take% resolve manter seus olhos fechados para não cair em nenhum tipo de tentação que possa causar-lhe arrependimentos futuros. De repente, ele sente o corpo de %Li% se esbarrar nele. Ao abrir os olhos, vê os cabelos dela bem perto de seu rosto.

  — Desculpa, %Take% — ela diz e se afasta um pouco, mas %Take% põe a mão em sua cintura, paralisando seu movimento.

  — Tudo bem, %Li% — ele recua sua mão e segura com força o lençol que cobre sua cama, se reprovando mentalmente pelo que acaba de fazer.

  — Minha cabeça está fervilhando em pensamentos — comenta ela, baixinho.

  — Imaginei que estivesse precisando de algo.

  — Te odeio por me conhecer tão bem...

  — É o meu dom! — eles riem e ele prossegue num tom mais sério: — Posso fazer algo para te ajudar a dormir?

  — Aquele cafuné que eu amo — ela pede, manhosa.

  Sorrindo, %Take% puxa o braço dela para que se aproxime mais. A moça vira-se de costas para o amigo, se ajeitando perto dele. %Take% começa a fazer cafuné na nuca dela, subindo até sua orelha, tal carinho sempre acalmou %Li% quando ela fica nervosa ou ansiosa, assim como está agora. Com os olhos fechados e sua outra mão em seu rosto, %Take% tenta se controlar. A respiração dele está pesada e o cheiro dos cabelos de %Li% são como uma droga que o vicia ainda mais. Fazendo um leve movimento, ele chega mais perto dela e consegue sentir mais de perto o calor da moça. Seus lábios muito próximos do pescoço de %Li%, ele faz um movimento de erguer sua mão direita para afastar os cabelos dela dali, mas recua um pouco. Segundos depois ele resolve realmente afastar os cabelos de %Li% de seu pescoço e os põe por cima do travesseiro; o rapaz encosta levemente seus lábios na nuca dela, a boca meio aberta, a respiração pesada, sua mão direita por cima do ombro de %Li% fazendo desenhos no local.

  — %Take%... — sussurra ela com a voz fraca pelos arrepios causados dos beijos de %Take%.

  — Hm...

  — Você não está se comportando... — ela diz sentindo as mãos tremerem e outras partes de seu corpo clamarem por mais beijos dele.

  — Quer que eu me comporte? — questiona o rapaz ainda beijando a nuca dela.

  — Não...

  O homem começa a de fato beijar o pescoço dela, beijos extremamente molhados e cheios de tesão. A mão de %Take%, que repousava nos ombros de %Li%, agora passeia pelo braço dela, passando por sua barriga e arranhando com leveza o local. Tudo isso causa muitos arrepios e suspiros na mulher que não resiste em virar-se de frente para %Take%.

  — Tem certeza? A gente não vai conseguir parar...

  — Eu não quero parar, %Take% — pede. — Eu quero fazer amor com você, %Take%. Por favor, eu quero você! — implora ela, o que deixa o homem extremamente excitado.

  %Take% avança agarrando os lábios de %Li% com os seus num beijo feroz, suas mãos apertam o corpo dela contra o seu enquanto o beijo acontece, as mãos ferozes de %Take% percorrem toda extensão das costas de %Li% e suspende sua blusa puxando-a em seguida por cima da cabeça dela, retirando a peça e revelando seus seios. Ele retira a própria camisa enquanto encara %Li% retirar seu short, após fazer isso ele vai com as mãos diretamente nos seios dela, juntando os dois em seu rosto enquanto dá um chupão entre eles. %Li% solta um suspiro tenso, passando as mãos pelos cabelos dele, significa que ela está gostando. Empolgado, ele começa a chupar cada seio dela com apetite, provocando suspiros prolongados da mulher que puxa com firmeza os cabelos de %Take%.

  — %Take%... o %Kohshi% e Aimi podem... eles podem ouvir — diz %Li% em sussurros.

  — Já ouvi demais do meu irmão — ele a encara e deita ela na cama, subindo sobre seu corpo. — Agora é a vez dele me ouvir um pouco.

  — Mesmo assim não é certo... — insiste ela e %Take% apenas passa a mão pela calcinha dela, fazendo-a encará-lo mais incisivamente.

  — Então a gente geme no ouvido um do outro, ok? — ele alisa a intimidade dela, ainda por cima de sua calcinha, %Li% abre as pernas instintivamente. — Geme no meu ouvido — %Take% sussurra, próximo ao ouvido de %Li% e ela agarra seu pescoço com ambas as mãos.

  O homem passa os dedos por dentro da calcinha dela, indo diretamente na umidade da intimidade da mulher que o encara com a expressão libidinosa na face. Ele penetra os dois dedos centrais na intimidade dela com jeito para não machucar. Assim que sente os dedos dele dentro dela, %Li% abre sua boca e solta um suspiro prolongado, fechando os olhos em seguida e encostando a testa na de %Take% que acelera um pouco os movimentos de seus dedos.

  Logo o homem troca de tática, ao invés de penetrar %Li% com seus dedos, ele faz isso com sua língua. E a língua de %Take% é tão boa chupando sua intimidade quanto beijando seus lábios, disso %Li% tem plena certeza. A mulher se contorce na cama, gemendo a cada sugada dada por ele, as pernas dela repuxam instintivamente na tentativa de se esquivar ou sair dali, mas %Take% as puxa de volta, prendendo-as com suas mãos, e chupando a intimidade de %Li% com mais vigor que antes. O prazer que ele sente é tão grande que ele acaba chegando ao seu orgasmo mesmo sem penetrá-la.

  %Take% está abraçando %Li% por trás, o rosto colado na nuca da mulher, dando beijos molhados no local enquanto sua mão direita passeia pelo corpo dela, apertando suas coxas erguendo levemente sua perna para poder penetrar melhor; passando pela barriga da mulher e subindo até seus seios apertando-os com carinho; seu caminho finaliza quando a mão de %Take% chega até o rosto de %Li% segurando seu queixo, virando o rosto dela um pouco para trás para assim ele possa beijá-la e a luxúria desse beijo os excita ainda mais, fazendo %Take% acelerar as estocadas que dá agora. %Li% empina a bunda para sentir com mais firmeza o membro dele dentro de si.

  — Você é única, %Li%. Eu te amo tanto... — diz %Take% para ela em meio as estocadas.

  %Li% não responde nada, apenas ofega bastante pelo ato libertino e pensa nas palavras dele. Então, ele a ama? Amor? Como? Desde quando? Tantos questionamentos em meio à transa acabam distraindo um pouco a moça, que não percebe o momento em que %Take% troca de posição, colocando-a com as pernas erguidas e penetrando-a com força.

  — Diz meu nome... — ele pede, encarando-a.

  — Irmão do %Kohshi% — provoca %Li%, rindo debochada, e recebe um apertão nas coxas. — Aiii...

  — Meu NOME, %Li%... — ofega %Take%, acelerando seus movimentos.

  — Ah... %Take%... — ela geme, manhosa.

  — Isso...

  Enquanto transam, %Take% e %Li% sentem a mesma coisa, mas não compartilham verbalmente. Sentem-se realizados por estarem finalmente se entregando um para o outro, desde a festa Night Parade que eles têm essa vontade mais aflorada e, se não fosse por %Take% ter parado naquela vez, eles já teriam realizado tal desejo. Em seu interior, %Li% pensa nas palavras que Aimi lhe disse ainda na viagem para as fontes termais, em como se sentiria quando dormisse com alguém que a ama de verdade, que se sentiria amada. Ela sente isso agora. O jeito como %Take% a trata, tão carinhoso, é diferente como %Keigo% a tratava. Não que ele não fosse carinhoso com ela, mas é diferente. %Take% é mais gentil, preocupado com o bem-estar dela e, ao mesmo tempo, ele é quente, libidinoso, um pecado ambulante. Efervescente. E %Li% sente-se amada a cada estocada que ele dá, a cada beijo recebido com ardor, a cada gemido que %Take% dá em seu ouvido e agora, quando ele chega a seu orgasmo e a abraça com força beijando seu pescoço, ela também se sente amada. Muito amada.

  %Take% volta da cozinha com duas xícaras de café e fecha a porta de seu quarto, trancando-a em seguida. Ele entrega uma das xícaras para %Li% enquanto bebe o conteúdo da outra. A toalha molhada em seu pescoço aparta os pingos que caem de seus cabelos, ele acaba de tomar banho, logo após %Li% sair do banheiro. Ela também está enrolada na toalha, mas sentada na cama, observando-o tomar café. Os cabelos alongados de %Take% caindo sobre seus olhos sempre foram um charme do homem.

  — Está me encarando, Mori? — diz %Take% sem olhar para ela.

  — Estou. Não posso? — questiona ela, bebendo um gole de café sem tirar os olhos de cima de %Take%.

  — Seria melhor pegar, não? — o olhar sedutor e semicerrado dele recai sobre ela, a mão livre jogando os cabelos para trás de sua cabeça. %Li% ergue a sobrancelha.

  — Vem aqui na cama para você ver se eu não pego — chama ela. %Take% ri.

  — Aiii, Mori...

  Dando uma boa golada no café, %Take% coloca a xícara na mesinha próxima à porta e caminha até a cama. %Li% já coloca a xícara em cima da mesinha de canto perto da cama.

  — Posso escovar os dentes antes?

  — Vai negar meu beijo? — ela faz beicinho e ele dá um selinho nela, rindo em seguida.

  — É rápido.

  — Também serei rápida — dando-lhe um puxão, %Li% dá um beijo ardente no rapaz.

  — Você é mesmo uma labareda — comenta ele, após o beijo, %Li% sorri.

  — Vai escovar os dentes e volte logo. Acho que a gente precisa conversar.

  A tão temida frase é dita. Conversar. É, eles realmente precisam ter uma conversa séria, não dá mais para adiar. Enquanto escova os dentes, %Take% pensa em possíveis perguntas que ela fará e já se prepara para responder cada uma delas.

  — Voltei — anuncia ele ao voltar para o quarto, fechando a porta e trancando-a de novo.

  — Senta aqui — ela aponta para o lugar vazio ao lado dela na cama, %Li% já está vestida novamente com seu pijama e %Take% também já está vestido.

  — Sobre o que exatamente quer conversar, %Li%? — ele sonda antes de sair falando algo que possa se arrepender.

  — Sobre nós dois — diz a moça e completa: — Como... %Take%, a gente transou e nós somos amigos há tantos anos... como que fica nossa relação agora? — %Take% puxa o ar com força para dentro de seus pulmões.

  — Sugiro que a gente vá com calma — diz o homem. — Eu esperei esse tempo todo por você, posso esperar mais — ele sorri docemente.

  — Eu literalmente acabei de terminar meu namoro, você entende isso, não é?

  — Claro que eu entendo, %Li%. Jamais te cobraria nada, você me conhece.

  — Eu sei... Eu achei que conhecesse o %Keigo% também... — inicia ela, mas é interrompida por %Take%.

  — Eu não sou ele — ele diz num tom levemente ofendido.

  — Não quis comparar vocês dois, desculpe.

  — Eu sei, eu sei, não vamos brigar — ele se aproxima e abraça ela, dando-lhe um selinho em seguida. — Eu espero por você, minha labareda — eles riem.

  — Posso te perguntar outra coisa, %Take%? — indaga ela, tímida e com a cabeça encostada no ombro dele.

  — Pode.

  — Desde quando você me ama? Você sabe... como uma mulher — ela diz e %Take% engole em seco. Essa pergunta ele já estava esperando.

  — Desde antes do nosso primeiro beijo — revela ele e %Li% tenta puxar na memória e lembra-se exatamente da cena.

  — Na nossa formatura do ensino médio — diz ela e %Take% concorda com um gesto de cabeça.

  — Você estava linda vestida de água-viva — zomba ele, rindo, e %Li% lhe dá uma tapa no braço que envolve sua cintura.

  — Bobo! — ela ri também. — Você ainda tem um beijo acolhedor assim como eu senti naquele dia — comenta %Li% e %Take% a encara de canto.

  — Tenho é? — diz %Take%, gabando-se levemente. — Bom saber.

  — Não seja convencido, %Asakawa% mais novo — %Li% ri de seu comentário. Ele odeia ser chamado assim.

  — Não me provoque, labareda — ele sorri de canto. — Sabe, %Li%...

  — Hm...

  — Sabe o que mais me doía quando eu te via com o %Keigo%? — questiona ele e %Li% o encara de volta com o olhar arregalado.

  — O quê?

  — O fato do aniversário de namoro de vocês ser no mesmo dia do meu aniversário — revela ele levemente amargurado.

  — Me perdoe, %Take%...

  — Está tudo bem, você não tem culpa — ele acaricia o rosto dela com doçura.

  — Então, quando nos beijamos e quase transamos na Night Parade, você já me amava? — ele concorda com a cabeça. — Por que nunca me contou, %Take%?

  — Sempre que cogitava contar para você sobre isso, eu me acovardava — diz ele. — Não me orgulho disso. Na verdade, eu te disse, no parque depois da festa, que gostava de você, mas acho que você estava tão empolgada em me contar sobre o %Keigo% que não prestou atenção nisso e eu também não consegui mais repetir — completa.

  — Ah...

  — Foi difícil para mim — revela o homem e %Li% sente sua garganta se fechar e repousa sua mão no rosto de %Take%.

  — Eu sinto tanto por não ter visto isso antes — diz ela do fundo de seu coração.

  — Agora você sabe, eu não consigo mais esconder que te amo — o olhar apaixonado de %Take% penetra o olhar de %Li% e a faz sentir calafrios no estômago. — Eu faço questão que você saiba e sinta o meu amor por você, minha labareda — ele dá um selinho nela que sorri com a fala dele.

  — Por que me chama de labareda? — indaga, curiosa.

  — Por causa da cor do seu cabelo e porque você é totalmente efervescente quando está transando, melhor do que imaginei nos meus melhores delírios — explica %Take% e %Li% sente o rosto corar. — E seu rosto fica vermelho quando você chora ou sente vergonha, assim como agora — ele aperta a bochecha dela. — Fofa!

  Ela se aninha no peito dele e reflete sobre as palavras que ouviu. Ambos se ajeitam na cama, para ficarem mais confortáveis e %Take% desliga a luz do abajur que estava acesa. %Li% deita novamente no peito dele enquanto recebe o afago do amigo, o melhor e mais aconchegante afago que ela tanto adora. %Li% não sabe como ficará sua relação com %Take% daqui para frente, só sabe que não quer se afastar dele, não quer que essa relação fique estranha, que eles se afastem.

  É a última coisa que ela quer e é a primeira coisa que ela fará questão de abolir.

  Ela adormece pensando no homem com quem acabou de ter relações sexuais e que tem o melhor colo do mundo.