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Encontrei Paula na feira ontem. Ela me disse que ela iria para casa da mãe dela pegar as roupas que ela deixou no Natal. Ela é muito distraída! Na última vez que eu encontrei ela, ela usava um vestido ao contrário.
Você sentiu a agonia junto comigo? Palavras repetidas transformam a estética do texto desagradável, mesmo se o conteúdo for interessante. Além disso, pode causar uma confusão no leitor que definitivamente não é esperada ou mesmo planejada pelo escritor. A repetição de palavras e o não uso de sinônimos, assim como outros elementos que referencie o sujeito, pode causar a desistência do leitor de acompanhar a história. Não é isso que queremos, não é verdade?
Pense no primeiro parágrafo. O que você mudaria para deixá-lo mais coeso?
Encontrei Paula Siqueira na feira ontem. Ela me disse que iria para casa da mãe pegar as roupas que deixou no Natal. Siqueira é muito distraída! Na última vez que eu encontrei-a, a mulher usava um vestido ao contrário.
Percebeu o que fiz? Não? Então vamos aprender algumas estratégias para evitar a repetição de palavras.
1 – Você precisa revisar!
Não tem erro: a maior causadora de palavras repetidas é a falta de revisão. Um olhar não treinado perceberá que há algo incômodo que retira a sensação de fluidez da leitura. Revisar não é uma das tarefas mais fáceis, porém é essencial para a história. Esse tipo de revisão vai além das regras gramaticais, pois mexe diretamente no texto; a sua beta-reader não poderá fazer isso por você.
2 – Use pronomes, mas não abuse.
Os pronomes pessoais são os mais usados para evitar repetição, porém há um grupo muito maior que pode te ajudar nesse quesito. Além disso, é interessante usar pronome oblíquos no lugar do objeto, o que a gramática normativa orienta, e melhoram o seu texto.
Ex.: Ela me disse…
Na última vez que a encontrei-a…
Outra coisa: nem todo verbo precisa ser acompanhado de um pronome. Na própria flexão do verbo é possível indicar que pessoa está sendo referida. Inclusive, às vezes o pronome anterior pode ser entendido como sujeito. A elipse (supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico ou pela situação) é uma ótima opção.
Ex.: Ela me disse que iria para casa da mãe pegar as roupas que deixou no Natal.
3 – Os substantivos e os adjetivos são seus aliados.
A personagem é conhecida por ser loira? Ele é um homem alto? O narrador tem um apelido que só ele usa para referir-se ao melhor amigo? Use isso ao seu favor! Além de dar corporeidade para o personagem, ajuda a livrar-se do fantasma das repetições.
Ex.: …a mulher usava um vestido ao contrário.
4 – O nome próprio do personagem não é amaldiçoado.
Quando estamos escrevendo costumamos estar bastante atentos a quantas vezes usamos o nome do personagem. É esperto, sim, evitar usá-lo em demasia, mas a palavra não é amaldiçoada e pode ser repetida. Dependendo da distância entre frases, há a possibilidade de você repetir um mesmo nome mais de uma vez. Usar como alternativa o sobrenome do personagem também é uma boa estratégia.
Ex.: Encontrei Paula Siqueira na feira ontem. Ela me disse que iria para casa da mãe pegar as roupas que deixou no Natal. Siqueira é muito distraída!
5 – A internet está ao seu favor.
Encontrar o sinônimo perfeito não é fácil, sobretudo porque não somos um dicionário ambulante (e até eles têm seus limites). É o momento que a magia da internet entra: você pode encontrar a palavra que precisa através de ferramentas simples disponível por aí.
No site https://www.sinonimos.com.br/ há uma infinidade de opções de acordo com as linhas de sentido que a palavra pode ter. Jogue a palavra e voilá: resolvido o problema! Há também a possibilidade de você querer antônimos que possam te ajudar. No site https://www.antonimos.com.br/ você encontrará o que precisa. Ele funciona igual ao de cima.
Espero que as dicas tenham ajudado vocês para a melhoria da escrita. Tem alguma outra estratégia? Não esqueça de comentar!
Até mais.
Coluna por Maraíza Santos