|| Arquivado em: Colunas
Você já sabe quando usar diálogo. Já aprendeu quando usar descrição e evitar falas desnecessárias. Vai ser uma longa conversa, mas hoje vamos aprofundar o diálogo, para você ter total confiança no que está colocando no “papel”.
Estrutura básica
Para indicar uma linha de diálogo usamos o travessão, que tem função de separar a fala das personagens da intervenção do narrador. Abaixo seguem alguns exemplos de estruturas mais comuns. É uma boa ideia evitar repetir uma estrutura várias vezes seguidas. Tente adicionar diversidade ao seu texto e ele vai fluir agradavelmente.
1. Igor corre escada abaixo e grita:
― Ganhei o prêmio!2. Igor corre escada abaixo.
― Ganhei o prêmio ― ele grita.3. ― Ganhei o prêmio! ― ele corre escada abaixo.
4. ― Ganhei o prêmio! ― Igor grita, correndo escada abaixo.
Sempre que usarmos uma marcação de diálogo, como “ele disse”, “ele respondeu” ou “ele gritou”, tal marcação será sempre em letra minúscula e não separada por nenhuma pontuação. A mesma coisa acontece se a fala do personagem for acompanhada de ponto de exclamação ou interrogação (exemplo 3 acima).
― Você ouviu? Eu ganhei o prêmio de dança ― ele repete. (Corretíssimo)
― Você ouviu? Eu ganhei o prêmio de dança, ― ele repete. (Errado. Antes de uma marcação de diálogo, não se coloca qualquer tipo de pontuação).
Quando a fala não acompanhar uma marcação de diálogo, o que vier depois do segundo travessão sempre é iniciado por letra maiúscula e indicará ação. A fala do personagem deverá ser acompanhada de pontuação final (ponto final, reticências ou ponto e vírgula).
― É melhor guardar algumas coisas pra você, Livia. ― Dá as costas ao colega.
Caso você queira usar uma marcação de diálogo + ação, lembre-se de sempre separá-la a ação da marcação com uma vírgula e deixar o verbo no gerúndio (exemplo 4 acima). Outra dica é manter curta a ação que segue uma marcação. Informações desnecessárias para o diálogo podem ser adicionadas mais tarde.
Marcações de Diálogo
“Marcos disse”, “Angela grita”, “Rafael reclamou”… Todas essas são marcações de diálogo e a mais comum é a clássica “Fulano disse” (disse, diz, etc). É simples, direta e na hora de apontar qual dos dez funcionários contrariou o chefe é uma ótima escolha.
Porém, não se pode escrever uma história só com “disses”, certo? Há muitos outros verbos que indicam fala para você usar: Afirmar, informar, pedir, anunciar, insistir, queixar-se, sussurrar, zombar, trovejar, falar, exigir… É só colocar na sua barra de pesquisa “tabela de verbos de elocução” que você encontra imagens com vários e vários verbos.
Mesmo assim, temos que prestar atenção nos verbos que não servem para diálogo. Lembre-se que as marcações de diálogo estão apontando a fala de um personagem. Evite verbos de ação.
― Ouvi, Igor ― a mãe revira os olhos. (Nah, não é a melhor opção. Um advérbio pode resolver o problema.)
― Ouvi, Igor ― a mãe replica irritadamente.
Meu único conselho é tomar cuidado com o uso dos advérbios. Colocados em todas as falas, podem soar estranho. Pense neles como ferramentas para deixar algo mais claro e dar um peso maior a uma fala simples.
― Eu não vou lá ― ela argumenta teimosamente.
Para evitar uma “overdose” de marcações de diálogo, você pode dar à voz de cada personagem uma marca única, assim o leitor pode sempre identificar quem está falando e então, simples assim, o “Fulano disse” se torna descartável. Talvez algum personagem use frases mais longas que o outro, talvez alguém fale mais palavrões, talvez alguém reclame cada vez que fala… Um bom truque para saber se é possível identificar os personagens é, algum tempo depois de escrever o texto, fazer uma cópia e tirar as marcações de diálogo e ação. Se ainda ficar óbvio quem está falando, você fez um bom trabalho com o desenvolvimento dos personagens.
Naturalidade de Discurso
Ninguém consegue responder a uma pergunta ou comentário sem pensar. Nós gaguejamos, começamos frases e as mudamos no meio do caminho, entre outras coisas. Podemos adicionar balbucios com hífens e momentos de silêncio para pensamento com reticências.
― E-Eu não… Eu não fiz isso.
Você pode também sempre adicionar “ahm”, “er”, “um”, “uh”, “ah” para poupar marcações de diálogo que apontam surpresa, reflexão ou hesitação. Sempre que tiver dúvida, pense em como pessoas ao seu redor falam, talvez parentes ou amigos próximos. Implemente esses fatores no diálogo dos seus personagens.
Bem, essa foi a longa lista de coisas para ajudar você com seus diálogos. Espero que tenham tirado suas dúvidas e que aproveitem as dicas. Para você que chegou até aqui, lembro que o equilíbrio é essencial e que nada adianta técnica sem paixão pelo que você escreve.
Coluna por Gabi.
Descobri que eu tinha uns erros nessa parte, que se vocês não falassem eu nunca iria saber.
*risos*
Nossa as colunas do Espaço Criativo me ajudam tanto na parte da grafia que ao reler as minhas fanfics antigas eu fui me assustando, serio cada erro de ortografia e gramatica que eu tinha. Minha ortografia só foi melhorando quando eu conheci o Espaço Criativo, eu só lia as fanfics do site, mas um dia eu sem querer cliquei em um dos links da coluna, então eu fui lendo por curiosidade depois disso sempre que eu veio aqui no site eu passo nas colunas pra ver se atualizou.
Descobri que eu tinha uns erros nessa parte, que se vocês não falassem eu nunca iria saber.
*risos*
Essas coluna do site sempre me ajudam na parte da ortografia e gramática.
Cara, como é bom ver sua dúvida sanada finalmente. Amo diálogos, mas escreve-los tem sido difícil por conta disso sabe. Nunca sei o que colocar depois da fala para identificar o personagem. Agora é colocar em pratica!
A dúvida sobre o que vem antes ou depois do travessão era algo que eu tinha há muito tempo, cheguei a pesquisar em diversos lugares, mas nunca encontrava realmente o que eu precisa e isso sempre me deixava insegura quanto a minha escrita. Felizmente tive essa dúvida sanada aqui, através dessa coluna, e gostaria de agradecer por essa e outras colunas que ajudam escritores como eu!