Restless Harmony

Escrita porNyx
Revisada por Lelen

Peça 07 • Gravando a Demo no Estúdio

Tempo estimado de leitura: 13 minutos

  O sol da tarde entrava pelas janelas altas da gravadora, iluminando o ambiente com uma luz dourada que contrastava com o ar pesado que %Gabriel% carregava. Ele havia passado os últimos dias evitando discussões com o pai, mas agora, diante da rebeldia que lhe queimava no peito, sabia que precisava agir. Caminhou pelos corredores familiares até o estúdio, onde Carl, técnico de som de longa data, ajustava pacientemente os equipamentos.
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  Carl levantou os olhos quando ouviu a porta se abrir.
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  — %Gabriel%? Seu pai proibiu estritamente que você entrasse aqui na gravadora. O que você aprontou dessa vez? — perguntou com um tom curioso e um sorriso de canto.
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  — Sabe aquele projeto absurdo de estragar os clássicos de Chopin? — respondeu %Gabriel%, encostando-se à parede com os braços cruzados. — Eu me recusei a participar. Agora meu pai está furioso comigo.
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  Carl levantou as sobrancelhas, segurando um riso.
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  — Não é exatamente surpreendente. Ele tem esse talento especial para transformar arte em produto.
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  — Exatamente! — %Gabriel% se afastou da parede, gesticulando. — Chopin não precisa de sintetizadores ou batidas eletrônicas para se tornar relevante. Clássicos são clássicos por uma razão.
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  Carl suspirou, balançando a cabeça.
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  — Concordo com você. Se seu avô estivesse aqui, tenho certeza de que ele também seria contra.
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  O nome do avô trouxe um brilho nos olhos de %Gabriel%.
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  — Obrigado, Carl. É isso o que eu penso. Meu avô respeitava a essência da música clássica, mas também acreditava na liberdade criativa. Meu pai só quer números, sucesso comercial.
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  — Seu pai sempre foi cabeça dura, garoto. — Carl ajustou um fone de ouvido. — Mas e você, o que veio fazer aqui hoje?
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  — Quero gravar uma música minha. — %Gabriel% sorriu, mas a seriedade em seu tom era evidente. — Preciso provar que dá para misturar o clássico com algo novo, sem desrespeitar a essência. — Carl arqueou uma sobrancelha.
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  — E o seu pai?
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  — Que ele não descubra. — %Gabriel% deu de ombros, com um sorriso travesso. Carl riu.
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  — Certo. Isso eu posso garantir. Então, que tipo de música é essa? — %Gabriel% desviou o olhar, um pouco desconcertado.
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  — É uma música que eu escrevi para alguém. Alguém especial.
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  — Ah, entendi. Está apaixonado, é? — Carl sorriu, provocando.
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  %Gabriel% deu uma risada sem graça.
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  — Pode-se dizer que sim.
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  Carl bateu de leve nas costas dele.
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  — Bem, vamos ver se essa paixão rende uma boa melodia.
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  %Gabriel% se posicionou ao piano, fechando os olhos por um momento, como se buscasse coragem. Então, suas mãos começaram a tocar. A melodia que surgiu era delicada, mas carregada de emoção. Era um diálogo entre os acordes clássicos do piano e os toques modernos de sintetizadores que ele adicionou cuidadosamente, criando uma harmonia que transbordava sinceridade. Carl observava, impressionado.
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  — Isso... está incrível.
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  %Gabriel% começou a cantar, a letra carregada de vulnerabilidade e desejo de se conectar. A música crescia, os elementos se fundindo de forma orgânica, criando algo que parecia ao mesmo tempo clássico e inovador.
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  Quando terminou, tirou os fones e suspirou profundamente, olhando para Carl.
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  — Isso é o que eu quero fazer. Minha verdade. — Carl sorriu, orgulhoso.
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  — Garoto, você tem um talento raro. Essa música... é especial. — %Gabriel% retribuiu o sorriso, um pouco cansado, mas satisfeito.
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  — Vamos ver o que o mundo acha.
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🎻🎹

  A sala de música da academia estava mergulhada em uma luz dourada que atravessava as janelas altas. A tranquilidade do fim de tarde contrastava com a intensidade silenciosa entre os dois músicos. %Gabriel% ajustava algumas partituras no piano enquanto %Claire% permanecia de pé ao lado, segurando seu violino como se fosse um porto seguro.
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  — Acho que finalmente conseguimos tocar sem tropeçar um no outro, não acha? — %Claire% quebrou o silêncio com um sorriso tímido, tentando disfarçar o leve nervosismo que sentia. %Gabriel% levantou o olhar para ela, o canto da boca curvando-se em um sorriso breve.
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  — Sim, você está melhor do que nunca.
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  O elogio foi direto, mas %Claire% sentiu suas bochechas esquentarem como se ele tivesse dito algo muito mais profundo. Ela desviou o olhar para o violino em suas mãos, tentando organizar os pensamentos que insistiam em correr soltos.
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  — E como estão as coisas com seu pai? — perguntou %Claire% com delicadeza, mas não pôde deixar de notar como o semblante de %Gabriel% endureceu imediatamente.
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  Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos como se tentasse dissipar o peso daquela questão. A lembrança da última conversa com o pai ainda era um espinho que doía cada vez que se movia.
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  — Não estão, %Claire%. — A voz dele era amarga, carregada de uma frustração contida. — Meu pai simplesmente ignora minha existência. É como se eu fosse uma nota errada na partitura que ele escreveu para mim. Ele não me ouve, não me vê... nada. A sorte é que ele já tinha pagado todo o meu curso aqui. Caso contrário, acho que ele teria me deixado à deriva.
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  %Claire% inclinou-se ligeiramente para frente, segurando a mão dele com ternura, seus dedos entrelaçando suavemente em um gesto de conforto silencioso.
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  — Eu sinto muito, %Gabriel%. Não deveria ser assim. — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas carregava uma sinceridade que o fez levantar os olhos para ela.
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  %Gabriel% forçou um sorriso, embora seus olhos ainda estivessem carregados.
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  — E sua mãe? Como estão as coisas? — perguntou ele, tentando desviar o foco de si mesmo, mas também genuinamente interessado em saber mais dela.
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  %Claire% respirou fundo, como se as palavras precisassem de coragem para sair.
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  — Está indo... — Ela hesitou, mordendo levemente o lábio antes de continuar. — Tenho cortado o assunto toda vez que ela começa a me pressionar. Às vezes, digo que a ligação caiu, outras vezes mudo de assunto bruscamente. Por enquanto, tem funcionado.
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  %Gabriel% soltou uma risada curta, quebrou um pouco a tensão entre eles.
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  — Boa saída. Acho que vou adotar também — brincou ele, um sorriso verdadeiro finalmente aparecendo em seu rosto. %Claire% riu baixinho, balançando a cabeça.
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  — Não é exatamente a solução mais madura, mas... funciona. Às vezes, só precisamos de um respiro, não é?
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  %Gabriel% olhou para ela, os olhos suavizando ao perceber como %Claire% entendia perfeitamente suas lutas, mesmo sem viver exatamente as mesmas dores. A conexão entre eles parecia crescer a cada troca de palavras, a cada olhar que revelava mais do que ambos estavam prontos para admitir.
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  — Obrigado por me ouvir. Você é... algo raro, %Claire%. — Ele apertou a mão dela brevemente, antes de soltá-la, como se tivesse medo de ultrapassar um limite invisível.
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  %Claire% sorriu, os olhos brilhando com um misto de gratidão e timidez.
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  — Sempre que precisar.
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  O silêncio que se seguiu não era incômodo. Pelo contrário, era um espaço confortável, onde os pensamentos podiam fluir sem pressa. Era um daqueles momentos em que a presença do outro falava mais alto do que qualquer palavra. O som abafado do relógio na parede criava um ritmo sutil para a dança invisível de sentimentos que ambos pareciam tentar esconder.
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  %Claire% respirou fundo, buscando coragem para dizer algo que vinha guardando há algum tempo.
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  — %Gabriel%... — ela começou, a voz hesitante, mas determinada.
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  Ele virou-se para ela imediatamente, dando-lhe toda a sua atenção.
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  — Sim?
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  — Eu acho que... tocar com você mudou muita coisa. — Sua voz era baixa, hesitante, como se cada palavra estivesse sendo cuidadosamente escolhida. — Sobre como eu vejo a música. Sobre como eu vejo... tudo.
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  — E eu? Como você me vê agora? — Sua voz era suave, quase como uma melodia sussurrada.
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  %Claire% levantou o olhar, surpresa com a pergunta. O espaço entre eles parecia encolher, e o ar ao redor estava carregado de algo indefinido, mas inegavelmente presente.
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  — Eu vejo você como alguém que me entende de uma forma que ninguém mais entende. — A sinceridade em sua voz era tão palpável que %Gabriel% sentiu o impacto daquelas palavras diretamente em seu peito.
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  Ele deu mais um passo, agora tão próximo que %Claire% podia sentir o calor que emanava dele. %Gabriel% ergueu a mão lentamente, seus dedos hesitando por um momento antes de tocarem de leve o braço dela.
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  — Eu gosto muito de você, %Claire%. — Sua confissão veio em um tom quase sussurrado, mas cada palavra carregava o peso de meses de sentimentos guardados.
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  %Claire% sentiu sua respiração acelerar, mas não disse nada. Seus olhos, no entanto, falaram por ela, e %Gabriel% encontrou ali a resposta que procurava. Ele se inclinou devagar, sua hesitação dando a ela todas as oportunidades de recuar, mas %Claire% permaneceu imóvel.
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  Quando seus lábios finalmente se encontraram, o mundo ao redor pareceu parar. Era um toque delicado, quase reverente, como se ambos soubessem que aquele momento marcava um ponto sem retorno. A música que sempre os unira parecia ecoar naquele beijo, traduzindo tudo o que palavras nunca poderiam expressar.
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  %Claire% sentiu seu coração acelerar, mas não de uma forma que a deixasse ansiosa. Era um ritmo diferente, quase como uma harmonia perfeita com o que %Gabriel% fazia seu coração sentir.
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  Quando se afastaram levemente, suas testas ainda estavam próximas, %Claire% abriu os olhos lentamente, encontrando os de %Gabriel%. Não havia dúvida ou confusão naquele olhar, apenas uma compreensão silenciosa e uma emoção avassaladora que eles finalmente haviam reconhecido.
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  — Eu achava que a música era só mais uma forma de agradar os outros — começou %Claire%, sua voz um pouco trêmula. — Para provar que eu podia ser como minha mãe, minha irmã, ou qualquer outra pessoa que minha família esperava que eu fosse.
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  %Gabriel% a escutava atentamente, sua expressão carregada de uma ternura que %Claire% nunca havia experimentado antes.
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  — Mas tocar com você mudou isso — continuou ela, agora com um sorriso tímido. — Eu percebi que a música pode ser um reflexo de quem somos e... de quem estamos ao lado.
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  %Gabriel% manteve o olhar fixo nela, absorvendo cada palavra.
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  — E você me fez enxergar isso, %Gabriel%. Cada vez que tocamos juntos, tudo faz sentido de uma forma que nunca fez antes. Não é só sobre a música. — %Claire% hesitou, mas logo encontrou coragem para continuar. — É sobre você.
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  %Gabriel% respirou fundo, a intensidade de suas emoções refletida em seus olhos. Ele ergueu uma das mãos, afastando uma mecha do cabelo de %Claire%.
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  — %Claire%... eu nunca soube o que era tocar com o coração até você aparecer. — Sua voz estava baixa, mas cheia de emoção.
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  Ela o observava, absorvendo cada palavra.
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  — Eu estava perdido, preso a uma música que não era minha. Mas você... você me mostrou o que é real. Você me faz querer ser melhor, não para agradar ninguém, mas porque, com você, eu sinto que posso ser eu mesmo.
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  %Claire% sentiu lágrimas brotarem em seus olhos, mas elas não eram de tristeza. Eram a resposta que ela não sabia como verbalizar.
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  — Eu tentei ignorar, tentei lutar contra... mas a verdade é que eu me apaixonei por você. — %Gabriel% sorriu levemente, seus dedos agora tocando suavemente o rosto dela. — Desde o momento em que te vi, eu soube que havia algo especial.
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  Sem esperar mais, %Claire% fechou a distância entre eles com um beijo, desta vez mais confiante, mais profundo. Era um gesto que carregava promessas silenciosas e um entendimento mútuo: juntos, eles podiam criar algo que ninguém mais poderia.
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  A sala de música desapareceu, e o mundo pareceu existir apenas para eles. Naquele momento, ambos souberam que estavam em perfeita harmonia, não apenas como músicos, mas como almas que finalmente haviam encontrado sua melodia.
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  Nota da autora: Eles são tão preciosos juntos, né? Finalmente o primeiro beijo veio entre eles! E foi muito especial! <3

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Lelen

MXSFOMPSAODPMASPODOPASM ACONTECEEEEEU
Esses dois são preciosos demais a gente tem que proteger eles do mundooooo.
Queria dizer que, apesar da cabeça do pai do Gabriel estar nos números e dinheiro, acho que a ideia de juntar o clássico com algo novo seria interessante para pessoas como eu que não ouvem música clássica. Essa mistura poderia atrair pessoas como eu e, em algum momento, eu ia querer buscar a música original para comparar HAHAAHHA
Se o pai dele fosse de bom coração eu até defenderia a ideia HAHAHAHHA

Nyx

Se beijarammmm e foi tão lindinho, né? Protegendo os dois até o fim.
O que pega no Gabriel e que ele não quer ser um boneco na mão do pai dele, mas a ideia em si não é ruim mesmo, pq a gente sabe que muita gente não conhece música clássica e passaria a consumir mais. Haahahahahah o pai dele é calculista. Mas vem aí o projetinho do Gabriel, hein? Hahahah

Betiza

Ai ai o primeiro beijo dos meus queridos entregou tudo <3 amo beijos que já vem com declarações intensas dos sentimentos guardados. Não separa os meus bichinhos, por favor!!!!!!!!

Nyx

Foi tão lindinha, né, Betts! Foi uma cena muito bonitinha mesmo, fico feliz que consegui passar essa emoção. Será que haverá separações? Hhahaha! Obrigadaa por estar aqui <3

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