Restless Harmony

Escrita porNyx
Revisada por Lelen

Peça 05 • Explorando a Verdadeira Música

Tempo estimado de leitura: 13 minutos

  A sala estava envolta em sombras, iluminada apenas pela luz suave da lua que vazava pelas janelas. %Claire% entrou hesitante, carregando seu violino e um caderno repleto de partituras. Ela olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estava por perto. Era a primeira vez em muito tempo que se sentia livre para tocar apenas para si mesma, sem a pressão dos ensaios ou das apresentações.
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  — O que eu gosto de tocar...? — sussurrou %Claire% para si mesma, como se buscasse uma resposta.
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  Ela se acomodou no banquinho do piano, deixando o violino de lado, e seus dedos deslizaram pelas teclas, testando melodias simples que ecoaram suavemente pelo ambiente. Depois de alguns minutos, pegou o violino e começou a tocar. Não era Schubert, nem as peças exigidas pelos professores. Era algo diferente, algo que brotava de dentro dela.
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  Fechou os olhos e deixou o arco deslizar pelas cordas. A melodia que surgiu foi hesitante, mas cheia de emoção. Era uma mistura de fragmentos de peças que ela gostava, pequenos improvisos e notas que pareciam surgir espontaneamente. Pela primeira vez, %Claire% não estava tentando impressionar ninguém. Não se preocupava em ser perfeita. Ela estava apenas tocando.
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  À medida que a música fluía, memórias surgiam em sua mente — os momentos em que ouviu sua irmã tocar, os aplausos que sempre pareceram inatingíveis, e os sussurros de dúvida que a acompanhavam por tanto tempo. Mas, entre todas essas lembranças, %Claire% sentiu algo novo: um vislumbre de alívio.
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  — Talvez seja isso… — %Claire% parou por um momento, olhando para o violino com um pequeno sorriso.
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  Ela continuou a tocar, agora com mais confiança, misturando o clássico com melodias que surgiam na hora. Cada nota parecia um passo em direção a algo mais genuíno. A música não era palco para a aprovação de alguém. Era dela.
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  A porta da sala rangeu ao ser aberta lentamente, interrompendo aquele momento. %Claire% se virou, surpresa, e viu %Gabriel% parado na entrada, com os braços cruzados e um olhar curioso.
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  — Parece que você finalmente encontrou algo. — %Gabriel% abriu um pequeno sorriso de canto.
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  — Eu só estava... tentando descobrir o que gosto. — %Claire% segurava o violino um pouco envergonhada.
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  — Continue. Não pare por minha causa. Quero ouvir o que você realmente tem a dizer. — %Gabriel% deu um passo em direção a ela, sentando-se ao seu lado.
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  %Claire% hesitou por um momento, mas voltou a tocar, agora com %Gabriel% como ouvinte. A sala parecia mais viva, preenchida por uma música que finalmente era só dela. Enquanto tocava, %Claire% percebeu que estava começando a encontrar, não só sua voz na música, mas também a si mesma, longe das sombras de sua irmã e das expectativas do conservatório.
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  %Gabriel% manteve-se em silêncio, observando cada movimento dela. Seu olhar era atento, mas diferente do crítico perfeccionista que ela conhecia durante os ensaios. Ele parecia absorver cada nota, cada nuance emocional que %Claire% imprimia na música. Quando ela terminou, %Gabriel% ficou quieto por alguns segundos, como se estivesse processando o que acabara de ouvir.
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  — Isso... é você — falou %Gabriel% com uma voz calma, mas carregada de significados.
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  — O que você quer dizer? — %Claire% o olhou, confusa.
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  — Essa música... não era sobre técnica, nem sobre seguir regras. Era honesta. Pela primeira vez, parecia que você estava tocando para você mesma e não para os outros. — %Gabriel% a encarou, sério, mas com um leve sorriso.
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  — Mas era simples, quase imperfeita... — %Claire% comentou, ainda incerta.
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  — E é exatamente por isso que foi tão boa. Perfeição não é o que toca as pessoas, %Claire%. O que realmente importa é a verdade. E essa foi a primeira vez que ouvi a sua verdade — %Gabriel% a interrompeu com firmeza.
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  Ele recostou-se na cadeira, cruzando os braços, mas sem tirar os olhos dela.
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  — Se você tocar assim, ninguém vai conseguir ignorar o que você tem a dizer. Nem mesmo você. — %Claire% sorriu, um sorriso genuíno que tocou fundo em %Gabriel%. Ela deveria sorrir assim mais vezes.
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  As palavras de %Gabriel% ecoaram dentro de %Claire%, deixando-a ao mesmo tempo vulnerável e empoderada. Pela primeira vez, ela sentiu que havia algo único em sua música, algo que só ela poderia trazer ao mundo. %Gabriel% havia visto isso, e, embora fosse reservado e crítico, aquele momento provou que ele acreditava nela mais do que ela mesma.
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  %Gabriel% permaneceu ali, observando-a com atenção. Algo na forma como %Claire% tocava o violino havia mexido com ele. Era como se a música estivesse pedindo para ser moldada, para ganhar vida, mas ele sabia que %Claire% precisava de algo mais para dar forma ao que estava sentindo. Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
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  — Você já pensou em tentar algo novo? — perguntou %Gabriel%, sua voz calma, mas com um toque de incentivo. %Claire% olhou para ele, curiosa.
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  — O que exatamente? — Ela se sentia insegura, ainda confusa sobre o que estava tentando criar.
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  — Que tal pegar o que você tocou e transformá-lo em algo maior? — sugeriu %Gabriel%, seus olhos brilhando com uma ideia. — Você já tem uma base. Que tal pegar essa melodia que surgiu e expandir para algo que fale mais de você? Algo mais pessoal, mais... seu.
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  %Claire% pensou por um momento, o violino ainda em suas mãos. Ela estava acostumada a seguir partituras, a se prender às regras. Mas agora, com %Gabriel% ao seu lado, algo parecia diferente. Talvez fosse a primeira vez que ela sentia que podia realmente criar algo por conta própria. Ela assentiu, então, com uma leve hesitação.
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  — Como você sugere fazer isso? — perguntou ela, o medo de falhar misturado com a empolgação.
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  %Gabriel% deu um sorriso encorajador, mais um dos raros sorrisos genuínos que ela já começava a apreciar. Ele se inclinou um pouco mais perto dela.
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  — Vamos começar com uma ideia simples. Comece tocando novamente aquela melodia, mas desta vez, tente deixá-la respirar. Sinta o ritmo, sem pressa. Quando você sentir que a música está ganhando vida, adicione algo novo, uma variação, uma mudança de tom. Não se preocupe com a perfeição. Deixe a música se desenvolver, como uma conversa entre você e o violino.
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  %Claire% respirou fundo e fechou os olhos. Ela pegou o arco e tocou a primeira nota, mais lentamente do que antes. A melodia foi fluindo, mais livre, mais solta. %Gabriel% ficou em silêncio, observando atentamente, e %Claire% sentiu que, desta vez, estava fazendo algo genuíno. Não estava mais tentando cumprir uma expectativa, mas apenas ser fiel àquilo que sentia. Quando ela terminou a sequência, olhou para %Gabriel%, surpresa.
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  — Eu nunca pensei em fazer isso antes. Está... diferente. — Ela sorriu, ainda um pouco atônita com a experiência.
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  — Está muito bom. Agora, adicione uma mudança de ritmo no meio, como um giro, algo inesperado. Deixe a música refletir quem você é, sem pressa, sem medo de errar. Lembre-se, é sua história que você está contando.
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  Ela assentiu novamente, e com o incentivo de %Gabriel%, continuou a tocar, mais livremente agora, experimentando com as notas e com as emoções. Era como se ela estivesse finalmente encontrando sua própria voz na música, sem medo de se perder.
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  Os dois perderam completamente a noção do tempo enquanto trabalhavam juntos na música de %Claire%. Cada acorde ajustado, cada nuance adicionada parecia aproximá-los ainda mais, não apenas como músicos, mas como almas em sintonia. A sala, antes silenciosa, tornou-se um espaço vibrante, preenchido por melodias que carregavam fragmentos de quem %Claire% era e da cumplicidade crescente entre os dois.
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  Quando perceberam, os primeiros raios de sol já invadiam a sala, banhando os instrumentos e as partituras espalhadas com uma luz dourada. Apesar do cansaço evidente em seus olhos, ambos se sentiam leves, quase revigorados, como se tivessem alcançado algo mais profundo do que a criação de uma simples música. Era uma conexão que transcendia as palavras, construída na troca de olhares, risos baixos e a harmonia compartilhada.
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  — Acho que nunca passei a noite assim... — comentou %Claire%, com uma risada suave, enquanto repousava o violino ao seu lado. — Mas valeu a pena.
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  — Valeu mesmo — respondeu %Gabriel%, sua voz rouca pela madrugada. Ele olhou para ela, e por um instante o silêncio falou mais do que qualquer palavra. — Essa música não é só sua, %Claire%. É um pedaço de você que ninguém pode tirar. — Ela assentiu, emocionada.
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  Eles se levantaram devagar, ainda imersos naquele estado de paz criativa, e caminharam lado a lado para fora da sala. Apesar do cansaço, havia um brilho em seus olhares que dizia mais do que poderiam expressar: estavam criando algo juntos, e, nesse processo, também se descobrindo. O dia amanheceu, mas para eles parecia o início de algo ainda mais significativo.
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🎻🎹

  O estúdio de gravação da gravadora era um templo de perfeição tecnológica, cuidadosamente projetado para impressionar. As paredes, revestidas com painéis acolchoados em tons neutros, absorviam todo som externo, mas também pareciam abafar qualquer traço de calor humano. O chão de madeira polida refletia as luzes embutidas no teto, criando um brilho frio e artificial. Cada detalhe exalava sofisticação, mas também uma desconcertante ausência de vida.
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  No centro, o piano de cauda preto brilhava como um artefato sagrado, cercado por microfones de última geração e cabos cuidadosamente dispostos. Do outro lado do imenso painel de vidro, a sala de controle fervilhava com técnicos ajustando parâmetros e luzes piscando freneticamente no console. O produtor, Joss, com seu terno impecável e olhar calculista, observava como um general supervisionando suas tropas, emitindo ordens pontuais com um tom que não deixava espaço para réplica.
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  %Gabriel% estava sentado ao piano, os dedos pairando sobre as teclas sem realmente tocá-las. Sentia-se deslocado, como uma peça fora de lugar em uma engrenagem imensa. Quando Joss falou pelo microfone, sua voz ecoou pelo estúdio, carregada de expectativa.
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  — Vamos começar com a faixa principal, %Gabriel%. Preciso de intensidade, mas sem perder o apelo comercial. Você sabe o que fazer.
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  %Gabriel% respirou fundo e começou a tocar. A melodia era tecnicamente perfeita, como se estivesse cumprindo um dever. Mas, a cada nota, sentia um vazio crescendo dentro de si, como se cada tecla pressionada estivesse drenando um pouco mais da sua essência. Quando chegou ao meio da peça, ele parou abruptamente, as mãos repousando no colo. O silêncio que se seguiu foi tão denso quanto o ambiente.
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  Do outro lado do vidro, Joss franziu o cenho.
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  — Problemas? — perguntou com impaciência evidente.
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  %Gabriel% levantou o olhar, seu rosto carregando uma expressão de exaustão e algo mais profundo — uma batalha interna.
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  — Só preciso de um momento. — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas suficiente para ser ouvida.
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  Os técnicos trocaram olhares e Joss suspirou, sinalizando para uma pausa. %Gabriel% ficou sozinho na sala, o peso das expectativas de todos à sua volta era quase insuportável. Ele fechou os olhos e, como um reflexo, começou a tocar algo diferente. Uma melodia antiga, composta anos atrás, antes de tudo ser tão complicado. Era uma música simples, mas carregada de emoção. Cada nota parecia um lamento, um reflexo de sua alma presa.
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  A melodia chamou a atenção de Joss, que se inclinou para frente, irritado.
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  — Isso não está no programa, %Gabriel%. Concentre-se no material certo. Não temos tempo para improvisos.
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  %Gabriel% parou de tocar, mas, desta vez, não abaixou a cabeça. Ele olhou diretamente para o painel de vidro, e sua voz saiu firme, ainda que carregada de emoção.
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  — O problema é exatamente esse, Joss. O material não está certo... não para mim.
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  O produtor abriu a boca para retrucar, mas %Gabriel% não esperou. Levantou-se do banco do piano e caminhou em direção à porta. Cada passo parecia uma declaração, um rompimento definitivo com a estrutura que o aprisionava.
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  Ao sair do prédio, o ar fresco da noite o envolveu. Apesar do cansaço e da incerteza, havia algo novo ali — uma sensação de liberdade incipiente, um lampejo de coragem. Ele sabia que sua decisão traria consequências, mas pela primeira vez, estava disposto a enfrentá-las. A música era sua, e ele não permitiria mais que ela fosse moldada por mãos alheias.
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  Com o coração pesado, mas determinado, %Gabriel% começou a planejar seu próximo passo. Ele não apenas sairia da sombra das expectativas; criaria um novo caminho, um onde pudesse finalmente se reencontrar com a verdadeira essência da música — e consigo mesmo. E nem o próprio pai seria capaz de detê-lo, mesmo que, no meio do caminho, o rompimento fosse inevitável.
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  Nota da autora: Estamos chegando no meio da história! O %Gabriel% e %Claire% criando uma música juntos com certeza foi o ponto alto desse! Tão lindinhoos <3

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Lelen

Ooown, a Claire se (re)descobrindo na música <3
O Gabriel já sabe quem ele é na música, agora precisa se libertar. Agora junta esses dois e teremos uma música que ninguém vai poder ignorar.
E EU QUERO UM TAPA NA CARA DESSAS FAMÍLIAS NO FINAL, POR FAVOR, OBRIGADA.

Nyx

Sim, é tão bonitinho o momento entre eles foi tudo, né? Exatamente, o Gabriel precisa se libertar dos pais tóxicos. Simm, com toda certeza!
Vamos fazer mutirão para bater nessas famílias hahha!

Betiza

Meio da história já???? Não é possível! Preciso de mais momentinhos do meu casal, e ver ele ajudando ela com os fantasmas internos dela é tão bonitinho 🥹

Nyx

Sim, sim. Essa história é curtinha, só 10 capítulos mesmo hahha! E vai ter, juro, a partir de agora vai ser trabalhada a relação dos dois. Sim, é muito fofinho mesmo, Betts! ❤️❤️

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