Restless Harmony

Escrita porNyx
Revisada por Lelen

Peça 03 • Estreitando relações

Tempo estimado de leitura: 15 minutos

  O jardim estava silencioso, com o som suave do vento agitando as folhas das árvores e o murmúrio distante de água corrente em um pequeno lago. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons suaves de laranja e rosa. O ar fresco preenchia o ambiente, trazendo uma tranquilidade que contrastava com a tensão ainda presente no ar, após o ensaio difícil que haviam compartilhado pouco antes.
0
Comente!x

  %Claire%, com o violino em mãos, se aproximou lentamente de %Gabriel%, que estava sentado em um banco de madeira, com os olhos fixos no horizonte. Ele parecia distante, perdido em seus próprios pensamentos. Ela hesitou por um momento, mas decidiu se sentar ao lado dele. O silêncio entre os dois era pesado, mas a paisagem ao redor transmitia uma sensação de calma que suavizava a situação.
0
Comente!x

  — Você toca como se estivesse tentando fugir de alguma coisa — disse %Claire%, quase em um sussurro, quebrando o silêncio com a suavidade de suas palavras.
0
Comente!x

  %Gabriel% não respondeu imediatamente. Manteve os olhos no pôr do sol, mas a expressão em seu rosto se suavizou, uma sombra de reconhecimento surgindo em seu olhar. Talvez %Claire% estivesse vendo mais do que ele gostaria de revelar.
0
Comente!x

Flashback - Ontem

  %Gabriel% entrou em seu dormitório e se assustou ao ver seu pai ali. Não estava esperando aquela visita. Seus olhos se fixaram na pasta que o pai segurava, e ele apertou os olhos com força, compreendendo imediatamente o que aquilo significava.
0
Comente!x

  — %Gabriel%, você tem noção da oportunidade que está em suas mãos? Este projeto é um marco, e você não pode deixar isso escapar. — A voz autoritária do pai ecoava pelo quarto, enquanto ele nem ao menos levantava os olhos para o filho.
0
Comente!x

  — Eu não quero fazer isso. Não quero mais seguir esse caminho. A música que vocês querem de mim não é a minha música! — falou %Gabriel% com firmeza, sua expressão tensa.
0
Comente!x

  — Você sabe o que é a sua música, %Gabriel%? O que você chama de "sua música" não paga as contas de casa, não atrai público. Nós vemos algo em você que vai além da sua técnica, além das suas preferências pessoais. Nós vemos um artista, alguém que pode ser grande, e você está jogando tudo isso fora por medo. — O pai tinha um olhar impassível.
0
Comente!x

  — Eu não estou com medo. Eu só não quero ser mais um produto! Não quero ser manipulado, tocando o que não é verdadeiro só porque alguém vai comprar. — %Gabriel% abriu os braços, frustrado.
0
Comente!x

  — Você acha que pode controlar a música assim? Acha que pode dizer não a tudo? A música, meu filho, é uma carreira. E como qualquer carreira, você precisa saber onde se colocar. Se você não fizer isso, outro vai fazer no seu lugar, e você vai ser deixado para trás. — Arnold se levantou da cama, sua postura firme e imponente, seu olhar tão cortante quanto suas palavras.
0
Comente!x

  — Eu não sou só mais uma peça no jogo! Não vou continuar nessa vida, tocando para agradar aos outros! A música precisa ser mais do que isso. Eu quero encontrar a minha verdade nela. — %Gabriel% sentiu a pressão aumentar, sua voz se elevando.
0
Comente!x

  — Você está sendo ingênuo, filho. Este projeto não é só sobre você. Não é só a sua carreira que está em jogo, é a nossa reputação como família. A partir do momento que você recusa algo assim, joga sua carreira fora, e o que nós fazemos? Ou você acha que isso não nos afeta?
0
Comente!x

  — Pai, você não...
0
Comente!x

  — Eu ainda não terminei de falar, cale-se! — Arnold interrompeu, sua voz baixa, mas firme. — Você tem uma responsabilidade com todos nós. Eu te eduquei, te banquei e ainda pago seus estudos nessa escolinha, e é isso que você quer fazer?
0
Comente!x

  %Gabriel% suspirou, o peso do que o pai estava dizendo apertando em seu peito. Arnold foi até ele, colocando uma mão firme no seu ombro.
0
Comente!x

  — Não quero ser parte disso, pai. Não quero seguir o que planejarem para mim. — %Gabriel% se afastou levemente, o olhar agora mais determinado, mas com dor visível.
0
Comente!x

  — Você acha que pode dizer não? O que você quer é um luxo que não pode se dar. E mais, você não tem escolha. São apenas quatro músicas, %Gabriel%. Isso vai acontecer, e você vai gravar. Não importa o quanto você resista. Vai acontecer. — Arnold olhou-o com olhos frios, suas palavras sendo uma sentença.
0
Comente!x

  — E se eu não fizer, pai? O que acontece então? — %Gabriel% tentou controlar sua raiva, as mãos cerradas em punhos.
0
Comente!x

  — Você não será mais músico. Vai ser queimado em qualquer gravadora, e eu vou garantir isso. — O tom do pai foi tão definitivo que %Gabriel% ficou sem palavras, incrédulo com o que acabara de ouvir.
0
Comente!x

  A raiva e a frustração se acumulando dentro dele, até que uma última afirmação saiu de seus lábios, com amargor:
0
Comente!x

  — Eu não sei se consigo me olhar no espelho depois disso.
0
Comente!x

  — Você vai conseguir. Porque isso é o que você deve fazer. E você vai fazer. No final, todos nós temos que fazer o que é necessário. — Arnold o olhou com dureza, como se aquele fosse o único caminho possível.
0
Comente!x

Fim do Flashback

  %Gabriel% suspirou, lembrando-se daquela discussão dura com o pai, do peso da culpa que sentia, de como se via como um joguete, um produto. As palavras de %Claire% estavam mais certas do que ele gostaria de admitir.
0
Comente!x

  — E você toca como se tivesse medo de ser ouvida — %Gabriel% finalmente quebrou o silêncio, ainda olhando para o horizonte.
0
Comente!x

  %Claire% sentiu o peso de suas palavras e baixou o olhar, o violino quase caindo de suas mãos. Sentiu-se exposta, como se %Gabriel% tivesse tocado uma parte de sua alma que ela ainda não queria enfrentar.
0
Comente!x

  — É porque tenho — sussurrou ela, quase inaudível, mas %Gabriel% conseguiu ouvir.
0
Comente!x

  O silêncio voltou a envolver os dois. %Gabriel% virou o rosto levemente, agora olhando para %Claire%. Seus olhos estavam mais suaves, mas ainda carregavam intensidade. Ele via a fragilidade nela, uma vulnerabilidade que a impedia de ser verdadeiramente livre ao tocar. %Claire%, de alguma forma, refletia muito dele.
0
Comente!x

  — Do que você tem medo? — perguntou %Gabriel%, curioso, mas com uma gentileza que não esperava de si mesmo.
0
Comente!x

  %Claire% hesitou, os olhos perdendo-se no chão à sua frente, como se buscar as palavras fosse mais difícil do que imaginava. Respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.
0
Comente!x

  — De nunca ser suficiente... para mim, para a minha família, para os outros. — Sua voz estava carregada de insegurança.
0
Comente!x

  %Gabriel% a observou em silêncio, e por um momento, a distância entre eles pareceu diminuir. Ele entendia mais do que ela imaginava, porque, no fundo, ele carregava medos semelhantes.
0
Comente!x

  — Se a música for só para os outros, ela nunca será sua — falou %Gabriel% com um olhar distante, mas profundo, como se fosse uma verdade universal.
0
Comente!x

  %Claire% ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras dele. Elas ressoaram em sua mente, desafiando a forma como sempre se relacionou com a música. Ela tinha se perdido nas expectativas dos outros, sem perceber que precisava se encontrar primeiro.
0
Comente!x

  — Eu só não sei como deixar a música ser minha... eu sempre senti que ela era uma forma de tentar preencher algo... algo que falta — %Claire% finalmente disse, sua voz agora mais baixa, vulnerável.
0
Comente!x

  %Gabriel% olhou para ela, seus olhos cheios de empatia silenciosa. Ele sentiu aquela dor, uma dor que também carregou por muito tempo, refletida nas escolhas que fez ao longo da vida.
0
Comente!x

  — Eu também demorei para entender isso. Às vezes, a gente tenta tanto agradar aos outros que se perde no caminho. A música é um reflexo da gente. Não adianta tocar para os outros se a gente mesmo não se encontrar nela — falou %Gabriel% com um sorriso tímido, quase como uma lembrança de si mesmo.
0
Comente!x

  O silêncio se instalou de novo, mas agora era mais suave, mais tranquilo. %Claire% estava pensativa, absorvendo as palavras de %Gabriel%. Ela nunca imaginou que ele pudesse ser tão aberto, tão genuíno. A distância entre eles agora parecia menor, como se a música começasse a criar uma ponte entre os dois.
0
Comente!x

  — Eu gravei algo... se quiser ouvir. — %Gabriel%, com um gesto lento, pegou o celular da mochila, junto com o fone e os entregou a ela, sem esperar uma resposta imediata.
0
Comente!x

  %Claire%, com um olhar curioso, aceitou o fone de ouvido. A música começou a tocar — suave, melancólica, mas cheia de emoção. O piano delicado preenchia o silêncio do jardim, e %Claire% fechou os olhos por um momento, permitindo que a melodia a envolvesse. Ela sentiu a melancolia, mas também uma paz que nunca imaginou encontrar.
0
Comente!x

  A música de %Gabriel% carregava algo que ela não esperava: uma tristeza silenciosa, mas também uma esperança sutil. Ela finalmente entendeu que sua música não era uma fuga, mas uma forma de se encontrar.
0
Comente!x

  — É… bonita — falou %Claire% com sinceridade, assim que a música terminou.
0
Comente!x

  %Gabriel% a olhou, e seu olhar estava um pouco mais suave. Pela primeira vez, ela sentiu que ele estava compartilhando algo real, algo que vinha de dentro dele.
0
Comente!x

  O sol já estava quase se pondo, e a luz suave que ainda iluminava o jardim parecia agora trazer uma nova perspectiva para os dois jovens músicos. Eles, tão diferentes, agora compartilhavam algo profundo: a compreensão de que a música precisava ser mais do que uma performance. Precisava ser, antes de tudo, um reflexo sincero de quem eles eram. E, de alguma forma, isso os aproximava mais do que qualquer palavra já poderia.
0
Comente!x

🎻🎹

  %Claire% estava quase saindo da sala quando o som do celular a fez parar. Olhou para a tela e, ao ver quem estava ligando, seu coração apertou. Era a mãe. Ela suspirou profundamente, sentindo o peso de mais uma conversa que não desejava ter. Por um momento, hesitou, os dedos inquietos sobre o aparelho. Mas, com um movimento lento, atendeu.
0
Comente!x

  — Oi, mãe. — A voz de %Claire% saiu mais cansada do que gostaria, como se cada palavra fosse um fardo.
0
Comente!x

  — Oi, %Claire%, finalmente! Eu tentei falar com você o dia todo. Como estão os ensaios? Espero que esteja se esforçando.
0
Comente!x

  — Estou, mãe — respondeu com um tom breve, desejando apenas que a conversa chegasse ao fim.
0
Comente!x

  — Espero mesmo. Você sabe, a Isis sempre se preparava com muita dedicação. Ela nunca deixava nada para a última hora.
0
Comente!x

  — Eu sei, mãe. Você já me disse isso mil vezes. — %Claire% revirou os olhos, uma mistura de frustração e cansaço tomando conta de seu corpo.
0
Comente!x

  — E vou repetir outras mil se for necessário. A Isis tinha um foco que você ainda não encontrou, %Claire%.
0
Comente!x

  %Claire% sentiu uma pontada no peito, o peso da comparação apertando sua garganta.
0
Comente!x

  — Mãe, você sabe que comparar a gente não ajuda, não é? — Ela tentou manter a calma, mas as palavras estavam saindo mais amargas do que pretendia.
0
Comente!x

  — Não estou comparando, só apontando o que você pode aprender. Não é errado querer que você aproveite o seu potencial ao máximo. — O tom de Jessica ficou mais defensivo. — Eu só quero o melhor para você.
0
Comente!x

  — Não, mãe. Você sempre compara. Desde que entrei nessa porra de escola, todo mundo espera que eu seja a Isis. Mas eu não sou ela! — %Claire% sentiu a raiva ferver, quebrando a fachada que ela tentava manter.
0
Comente!x

  — Olha a boca, %Claire%! Tenha respeito comigo! Eu ainda sou sua mãe! — Jessica elevou a voz, mas %Claire%, já fora de si, passou a mão no rosto, sentindo o calor da raiva se espalhar. — Talvez se você parasse de se esconder atrás de desculpas e realmente se dedicasse, as pessoas veriam o seu valor.
0
Comente!x

  — Você acha que eu não me esforço? Que não estou tentando? Você não tem a menor ideia do que é viver na sombra de alguém o tempo todo, ouvindo sempre que não sou o suficiente! — %Claire% se forçou a manter a voz firme, mas as palavras saíram cortantes, revelando a dor que ela tanto tentava esconder.
0
Comente!x

  — Isso não tem a ver com ser suficiente, %Claire%. É sobre alcançar o que você é capaz de alcançar. Eu só quero que você tenha o mesmo sucesso que a Isis, mas você age como se isso fosse um peso.
0
Comente!x

  — Porque é um peso, mãe! Não importa o que eu faça, nunca vai ser bom o bastante. Porque eu nunca vou ser a Isis. E o que é pior: parece que você nem quer que eu seja eu mesma! — A última frase soou como um grito abafado, a mágoa transbordando.
0
Comente!x

  — Se ser você mesma significa não alcançar o que eu sei que você pode, então talvez seja hora de refletir sobre o que realmente quer. Porque talento sem esforço não significa nada, %Claire%. — A voz de Jessica ficou cortante, a frieza se infiltrando.
0
Comente!x

  %Claire% sentiu uma dor aguda no peito, como se suas palavras tivessem se transformado em lâminas. Ela fechou os olhos, tentando segurar as lágrimas.
0
Comente!x

  — Talvez o problema não seja o meu esforço, mas o fato de você nunca enxergar o que eu faço como suficiente. Você quer que eu seja alguém que não sou. E sabe de uma coisa? Eu estou cansada disso! — A primeira lágrima escorreu pelo seu rosto, quente e pesada.
0
Comente!x

  — Se cansar vai te fazer desistir, então talvez eu tenha razão em me preocupar. — A resposta de Jessica foi fria, implacável.
0
Comente!x

  %Claire% sentiu uma raiva crescente, algo dentro de si quebrando.
0
Comente!x

  — Chega! Eu não aguento mais isso. Talvez seja melhor você não esperar nada de mim. Assim, ninguém vai se decepcionar.
0
Comente!x

  Com um movimento brusco, ela desligou o telefone, a raiva e a tristeza se misturando em seu peito. %Claire% fechou os olhos, tentando respirar fundo, mas não conseguia controlar o turbilhão de emoções que tomava conta de seu corpo. Sem conseguir mais segurar as lágrimas, ela entrou no banheiro, trancou-se na cabine e, ali, deixou o choro sair, sem pudor. O som de seu desespero ecoou nas paredes, e ela se permitiu, pela primeira vez em muito tempo, chorar sem reservas. Estava exausta daquilo tudo.
0
Comente!x


  Nota da autora: Tivemos uma aproximação singela entre eles, né? Finalmente as coisas parecem estar caminhando. E dessa vez pudemos ver um pouco mais da angústia da %Claire%, que carrega um fardo imenso.
  Me digam o que estão achando, viu? Betiza e Lelen, obrigada pelos comentários nas últimas atualizações! Beijos <3

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
4 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Lelen

GENTE, QUE ESTRESSE COM ESSAS FAMÍLIAS, NÃO PODE SEEEER!
Notícia para o pai do Gabriel: você não faz mais do que a obrigação como pai, quem quis ter filho foi você e sua esposa, se a criança não é como você queria, aprenda a lidar com a frustração.
E senhora mãe da Claire, TU TÁ FAZENDO COMPARAÇÃO SIM.
Vocês dois, vão fazer terapia porque por culpa de vocês os seus filhos tão sofrendo e provavelmente precisando de terapia também IHAOSDNAOID
Coitados desses dois, mas eu espero uma rebelião deles AHAHAH e que encontrem a eles mesmos nessas músicas <3

Nyx

Exatamente, caótica essas famílias.
Só palmas para esse comentário hahah, mania que alguns pais têm de querer controlar a vida dos filhos?
Comparando o tempo inteiro com a outra filha, completamente sem noção!
É isso, se a galera fizesse terapia, os problemas seriam resolvidos de forma tão rápida, FAÇAM TERAPIA hahahah
Será que vem rebelião por aí? Veremos hahhaha

Betiza

Pode juntar o pai do Gabriel e a mãe da Claire já que é tudo farinha do mesmo saco né? QUE NOJEIRA!

Nyx

Podia, né? Sinceramente, que galerinha podre!
Betts! ❤️❤️

Todos os comentários (31)
×

Comentários

Você não pode copiar o conteúdo desta página

4
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x