Capítulo 9 • Perda Inesperada
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Sophia, estou o dia todo tentando compreender como de repente de tigresa, ela vira uma gatinha assustada.
Curiosamente, quando estou perto dela, Jack e todos esses sentimentos confusos se tornam secundários, e estou mais do que feliz por isso.
Já são 11h e meu pau se recusa a ficar baixo por mais de 40 minutos, meu deus, resolvo acabar logo com a minha aflição e envio um SMS para ela.
“Caso você tenha esquecido, eu sou o chefe aqui e exijo uma resposta do porquê de você ter fugido da minha sala daquele jeito tempestuoso.”
Segundos depois recebo a resposta.
“Isso não diz respeito à empresa, então não irei dizer nenhuma palavra.”
“Sophia, eu não estou pedindo!”
“Dane-se, me demita se quiser.”
Resolvo mudar de tática, já que esta não está funcionando muito bem.
“Sophia, por favor. Eu estou desesperado aqui, me diz se foi algo que fiz de errado?”
3 malditos minutos depois.
“Nós... Ainda nem nos beijamos... Não que eu esteja cobrando nada, mas... O que fiz foi um erro, você é meu chefe ainda por cima, não vai dar certo.”
Suspiro, era só por isso? Mulheres são complicas, seriamente.
“Venha a minha sala agora.”
“Por quê?”
“Vamos trabalharmos em um assunto de extrema urgência.”
Levanto-me e fico atrás da porta.
Segundos depois Sophia entra e ao me ver, levanta uma sobrancelha e aguarda, eu fecho a porta, encurralando-a contra parede.
– Temos assuntos importantes para terminar.
Ela me olha fixamente.
– Não, não temos e se só foi por isso que você me chamou aqui, eu tenho que voltar ao trabalho.
Roço minha boca no ouvido dela e sussurro:
– Você não vai a lugar nenhum até nos acertarmos, Soph.
Achei esse apelido fofo e excitante ao mesmo tempo, perfeito para minha Soph, espera, da onde veio essa ideia de minha Soph?! Eu hein.
Aproximo nossas bocas e mordisco o lábio inferior dela, ela abre a boca, respirando ofegante e me beija.
Começo a dar lentos beijos naqueles lábios macios, até deixar-me se levar pelo desejo e enfio minha língua na sua boca, saboreando uma mistura de Nescau com pasta de dente, meu deus, é delicioso, em seguida faço movimentos sexuais com a língua dela e gemendo me aperto mais ao seu corpo, deixando-a sentir o meu estado de excitação, mas de repente ela me empurra e ofegantes nos olhamos fixamente.
Sou o primeiro a quebrar o silêncio.
– Por que parou?
– Porque é só isso que eu posso lhe dar no momento, além do mais... Isso não pode ter futuro, você é meu chefe e devo relembrar que você transou com uma garota ontem mesmo.
Murmuro maldições e me separo dela.
– Não temos a política que proíbe o envolvimento de funcionários. Além do mais você não iria entender o que aconteceu naquele dia, é complicado e eu já disse que sinto muito mesmo, não me faça me sentir mais lixo do que já estou me sentindo.
O silêncio me faz virar para olhá-la.
– Eu sinto muito também, só... Ainda está muito fresco na memória e...
Sorrio tristemente.
– Eu sei que é frustrante e que parece complicado, a confusão mental é recíproca.
Ela me olha surpreso.
– Irá passar quando eu souber das suas verdadeiras intenções.
– Minhas intenções são as melhores possíveis, mas talvez você esteja certa e seja cedo demais para darmos o passo dois ou três.
Ela me observa novamente com luxuria, me tentando até que resolvo falar:
– Se você continuar me olhando assim, não poderei me responsabilizar pelos meus atos. Aproximo-me dela de novo e mordisco seu pescoço, sorrindo ao senti-la estremecer, então sussurro:
– Eu vejo que você gosta disso, Soph, hum? Soph, Soph...
De repente ela endurece, levanto meu olhar e o que eu vejo me deixa completamente chocado, Sophia está pálida, com um olhar frio e distante.
– Sophia? Você está bem?
Ela começa a andar e em seguida cai no chão, vira o rosto para o lado e choraminga:
– Não, por favor. Eu não quero! Deixe-me ir! Eu já disse que não!
Estou assombrado, meu deus, corro até ela e sem saber o que fazer, falo:
– Sophia, por favor, acorde, meu anjo, acorde, por favor.
Ela começa a soluçar e se mexe apavorada.
– Não, não, shh, sou eu, Christian, volte para mim, meu anjo.
Então tão repentinamente quanto começou, ela para de se debater.
– Chri-Chris-Christian, é você?
– Sou eu, sou eu, nada foi real, não foi real, calma.
Sento no chão e a seguro no meu colo, enquanto os tremores passam.
Minutos depois e silêncio é tudo o que se escuta na sala.
– Christian, pode me soltar agora, juro que já estou bem.
Afasto-me dela alguns centímetros.
– Pelo que eu sei, isso que você acabou de ter foi um episódio de algo traumático, não foi?
Ela trêmula os olhos banhados de lágrimas.
– Foi.
Espero mais respostas, e quando ela não as dá, pergunto:
– E o que desencadeou ele? Fui eu?
Sophia fecha os olhos e respira fundo.
– Foi, mais ou menos... Você... Me chamou de Soph repetidas vezes e isso desencadeou a lembrança, porém isso geralmente só acontece como terrores noturnos, não sei o que mudou...
– O que desencadeia isso? Afinal o que é isso?
– É... Transtorno pós-traumático, mas eu já estou cuidando disso.
– Como?
– Tomando uns remédios, amanhã tenho que buscar a segunda dose deles com meu médico, a medicação são duas vezes por ano.
– O que aconteceu para você ficar assim?
– Eu sinto muito dizer isso, mas não é da sua conta, sabe?!
Suspiro frustrado, céus, ela... Me preocupa.
– Amanhã vou junto com você no médico. – Quando percebo que ela vai contestar, interrompo – Não, nem ouse discutir, eu vou junto e encerrou o assunto.
Ela me encara com fúria nos olhos.
– Você poderia pelo menos me ajudar a levantar do chão? Ou seria crueldade da minha parte te pedir isso depois de você estar se intrometendo tanto assim na minha vida pessoal? O que eu sei sobre você? N.A.D.A, nada, exatamente isso.
Encaro o teto da sala, eu deveria contar tudo a ela, não deveria? Mas é muito perigoso e eu não quero ela envolvida em coisas perigosas de jeito nenhum.
– Eu faço parte da sua vida pessoal agora, acostume-se a isso e não discuta, você sabe o que precisa saber e ponto final.
Levanto-me, ajudo-a a levantar e quando vou pedir desculpas, o telefone toca.
Sophia corre para atender. Fugindo como sempre...
– Indústrias L&S, Escritório de Christian Donato, quem fala?
Hum... Céus, a vendo agir tão profissional está me deixando com tesão de novo.
– Desculpe... Mas senhor... Eu não posso... Como? ... Senhor? OH MEU DEUS, SENHOR ME RESPONDA! Por favor...
Sophia fica desesperada, desliga o telefone e começa a arfar...
– Oh meu Deus, Oh meu Deus!!!!
Seria muito estranho dizer que também estou ficando desesperado agora? Pois eu estou.
– Sophia, acalme-se e me diga o que aconteceu.
Sophia respira fundo e diz:
– Um tal Doutor Robert ligou dizendo... – Ela engole em seco – Dizendo assim mesmo: “Eles estão atrás de mim! Não há tempo! Ajude ao Christian, ele vai precisar de toda a ajuda possível! No meu testamento ele vai encontrar o necessário para prosseguir.” Então eu ouvi um som...
Sophia está derramando lágrimas agora, e eu estou com um terrível nó na garganta.
– O som era de alguém gritando: “Peguei o desgraçado! Agora ele vai morrer por querer nos revelar”. E depois eu ouvi alguém gritando de dor e então CRACK, um som de algo quebrando e tudo ficou silencioso. E eu desliguei, meu deus, isso é tão horrível.
O tempo parou, estou revendo Dr. Robert mais jovem, chorando na minha cama de hospital, ele me dando comida, ele cuidando dos meus machucados e eu nunca dei valor a isso, eu achava que ele era do mal.
Caiu de joelhos no chão, eu sinto tanto, ele estava tentando corrigir os erros dele, e não percebi isso a tempo e está doendo pra caralho. Lagrimas de raiva brilham nos meus olhos, essas pessoas que mataram ele, vão ser presas, eu caçarei elas pelo resto da vida se for preciso, pois Dr. Robert merece que eu faça isso por ele.
Ergo-me com um único objetivo em mente, vingança.
Só que então me lembro de que há mais alguém na sala, olho para Sophia, ela parece tão desolada, minha força de vontade vacila e cai por terra ao ver aquelas lagrimas brilhando pelo seu lindo rosto.
Aproximo-me dela e a abraço.
– Shh, meu anjo, não se preocupe, vai passar, ele era um bom homem, ele vai para um lugar bom.
Ela me encara pálida.
– Eu ouvi a morte de alguém.
– Eu sei, baby, eu sei e tudo bem, não é? Você é forte, você vai superar, calma. Agora respire fundo, porque eu preciso ir resolver essa situação.
De repente Sophia se remexe no meu colo e me empurra.
– Não, você não vai me deixar fora dessa! Eu ouvi a voz do assassino! Eu ouvi um homem ser morto! E ele pediu minha ajuda e há, não importa o que você diga, eu irei ajuda-lo, não importa porra nenhuma que você tente fazer para me impedir, estamos juntos nessa.
Estou perplexo, cadê aquela coisinha miúda que estava chorando aqui agora a pouco?
– Sophia... É perigoso e...
Ela me interrompe:
– Eu sei que é perigoso, mas que se dane, eu não vou ficar com esse peso na minha consciência, ele pediu minha ajuda, ele a terá e você não fale nada e vá logo se preparando para me contar a história toda, porque daqui a pouco vamos ver o testamento do Doutor Robert e eu tenho um pressentimento que isso não vai ser nada bom.
Ela sai da sala e bate à porta, como se a furiosa fosse só ela, me deixando com uma maldita dor de cabeça e com os sentimentos a flor da pele.