Capítulo 2 • Surpresa Dupla
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TOC TOC TOC.
O que... Que porra de barulho é esse?
Levanto a cabeça e vejo tudo rodando, onde estou mesmo? Ha, lembrei, eu cheguei em casa ontem, tomei mais vodca e capotei na cama.
TOC TOC TOC.
Mas o que... Olho para o despertador 7:00 AM.
Pulo da cama e me preparo para matar quem está batendo na minha porta tão cedo em um domingo.
Chego na sala e escancaro a porta, furioso, para me dar de cara com... A minha mãe.
– Filho, isso são horas de se estar dormindo? - Martha, a megera, entra na minha casa sem a menor descrição. - Você passou a noite na balada de novo? Porque tudo aqui cheira a bebida.
Caralho, que dor de cabeça.
Dizem que eu e a minha suposta mãe somos quase idênticos, mesma cor de cabelo, mesmos olhos, mesmo tom de pele, só não somos totalmente parecidos, porque ela se veste como uma velha, sempre de terno cinza, arrg, e porque eu tenho caráter, ela não.
– O que você quer?
– Isso não são modos de me tratar, mocinho. Eu vim aqui para lhe informar que já que as experiências com o Dr. Robert não funcionaram conforme achei que funcionaria, você irá se casar com Gisele com ou sem um sistema reprodutor funcionando.
Eu avisei que a minha “mãe” é uma piranha? Agora você sabe o porquê da minha família ser disfuncional ao extremo.
– Ham? Você veio me informar que eu vou me casar? Que direito você tem em tentar mandar na minha vida? E casar com quem mesmo? Giovanna? Quem diabos é Giovanna?
– É Gisele, e ela é uma mulher adorável. Você pode não se lembrar dela, mas ela é linda, rica e talvez faça você voltar ao normal.
– Eu sou normal. Quem não é normal é você, mãe desnaturada, que manda fazerem experiências no filho de dezessete anos por dinheiro sujo.
Suspiro e me jogo no sofá.
– Modos! Modos! Eu não te ensinei...
Interrompo-a e digo no mesmo tom petulante:
– Você não me ensinou merda nenhuma, passei a minha vida toda em internatos ou sendo cuidados pelas empregadas, lembra? Ou precisa que eu desenhe, mamãe querida?
– Filho, eu não sabia das consequências daqueles medicamentos experimentais, mas eu e o seu pai precisamos que você case para continuar o legado da família Donato, e Gisele é perfeita para o cargo.
Ela sempre usa esse tom enganosamente doce quando quer algo impossível de se ter. Que mulher mais... Canalha.
– Quer saber de uma coisa? Eu vou voltar a dormir, pois nos meus sonhos eu não preciso ouvir lenga lenga e papinho de pessoas como você. Ligue-me se o caso for de vida ou morte e saia do meu apartamento antes que eu te tire a força, e eu não quero ter que sujar as minha mãos com você.
– Você se casará com Gisele, Christian, nunca duvide.
Quando me levanto do sofá para voltar a minha caminha, meu telefone toca.
Olho ao redor e só consigo ver meu sofá preto, minha mesa de mogno, minha TV 42, meu videogame e minha decoração branca sem graça.
Remexo umas roupas no chão, acho meu celular e só atendo ao ver o nome JACK piscando na tela.
– O quê? - Atendo irritado.
– Deixa de mau humor, tá rolando alguma coisa ai?
Suspiro e conto sobre a visita de Martha.
Jack assobia. - Ruim pra você, mano. Ela é totalmente capaz de te sequestrar para te casar. Lembra-se do lema deles "Imagem é tudo"?
– Como lembro. Da saudade da época em que eu era o Christian-Rottweiler no ensino médio. - Me deprimo mais uma vez.
– Bons tempos aquele, que o seu pau funcionava e você e eu fazíamos a dupla do barulho comendo as novinhas.
Sorrio. - Jack, Jack... Você não comia ninguém no ensino médio, meu chapa, se me lembro bem, você era um nerd metido a boiola.
Silêncio na linha, então Jack pigarra. - Foda-se. Eu estou indo ai, hoje é dia da pizza. - Grunho. - Tá maluco? São sete e quarenta da manhã. Eu vou é dormir até às duas da tarde.
– Te vejo às onze horas. - Ele canta e então a linha fica muda.
Ele desligou na minha cara, o desgraçado.
Passo a mão no meu cabelo e me jogo de novo no sofá.
De repente a imagem de Sophia aparece na minha mente, eu sorrio e começo a ser puxado pelo paraíso dos sonhos.
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Mais tarde, acordo com o som da minha porta sendo metralhada pelas batidas de Jack. Levanto-me e abro a porta, resmungando sobre como é ruim ter ele como amigo e vou para o meu quarto tomar um banho e escovar os dentes.
10 minutos depois, termino de me arrumar e resolvo ligar para Sophia, alguém tem que tomar o primeiro passo, não é?! Disco o número e escuto:
– Quem é?
– Eu podia jurar ter colocado o meu número no seu celular. Sou eu, baby, Christian.
– Olá, Sr. Grey. A que devo a honra?
Por que eu tenho mesmo que suportar essas piadinhas?!
Rosno e digo:
– Touché.
– Qual o motivo da sua ilustre ligação?
– Ilustre ligação? Estou me sentindo privilegiado agora. Sei que você não esperava que eu ligasse.
– Então ligou por quê? Está morrendo? Está doente? Matou alguém?
– Você só desejando o mal para mim, que trágico. Liguei para saber se você quer vir aqui na minha casa agora, para o dia de pizza.
– Dia de pizza? Na hora do almoço?
– Não fale, foi Jack, um amigo meu, que criou esse dia e cá entre nós, ele não é bem normal. Temos pizza de muçarela, calabresa, portuguesa e quatro queijos.
– Hum rum... Sempre temos amigos desparafusados, faz parte. E eu como de tudo, de pizza até chocolate. Então eu topo o desafio, onde você mora?
– Você sabe comer bem, mas e as calorias? Mulheres não sou loucas por dietas? E eu coloquei ontem meu endereço no seu celular, apenas ligue o GPS.
– Seu intrometido!! E eu não me importo com calorias, como e não engordo, não importa o quanto eu tente. Vou te encontrar daqui a quarenta e cinco minutos, garotão.
– Por que tanta demora?
– Caso não tenha notado, eu sou uma garota.
– Humpt. Vemo-nos em breve, bela jovem.
– Ta ta, até mais.
– Por que quer se livrar de mim assim tão rápido? - Franzo o cenho.
– Porque estou ajudando Kelly, minha colega de quarto, a arrumar a cozinha, ela não sabe cozinhar nem um ovo e do nada resolve fazer um bolo, resultado, deu merda.
Sorrio. - Vá logo, cuidar da desbolada.
– Hum, obrigada pela generosidade. Até daqui a pouco.
Desligo o celular e vou para sala e digo a Jack:
– Teremos companhia.
Olhos azuis brilhantes se fixam em mim.
– É alguma gata? Porque se não for, eu vou ter a confirmação que você é gay.
Eu já falei que Jack é loiro, cabelos lisos, tem 29 anos e é meio magro? Ele claramente perde para os meus 1,90, com 7 centímetros diferença. Jack tem boa aparência, embora nem sobre tortura eu vá confirmar isso para ele e alias, ele nem sempre foi assim, começou a carreira de destruidor de corações aos 18 anos na faculdade ao mesmo tempo em que meu pau perdeu o funcionamento, dizer que isso é ironia é pouco.
– Christian, acorda! Porra, você só vive no mundo da margarina, ou é mundo do ketchup? Tanto faz. O que você estava pensando agora?
– Que é um carma ter você como amigo.
Jack revira os olhos. - Obrigada pela consideração, mas eu sei que você me ama.
E ele tem razão, não sei como, mas Jack foi o único garoto que se aproximou de mim mesmo sabendo dos pais que eu tenho, sempre estando ao meu lado quando algo ruim acontecia, ele é o amigo que todo mundo pede a Deus, mas olha a minha cara de que eu vou contar isso pra ele.
– Não importa. Sophia, uma amiga, esta vindo para a cá comer umas pizzas com a gente. E ela está completamente fora dos limites para você e seus flertes idiotas.
Jack pisca para mim. - Hu hu, é o chamado do seu coração que estou escutando?
– É o chamado de um soco na cara que eu vou te dar se não calar a boca, que você esta ouvindo, isso sim.
Alguns minutos depois e a campainha toca, pulo do sofá e corro para abrir a porta, mas Jack chega primeiro e vai logo dizendo:
– Muna mor, bien vinda a nossa humilde residência.
– Isso era para ser espanhol ou francês?
– Muchacha, eu não me importo, tanto que fique musho da hora.
Ela ri. - Hum... Você deve ser Jack, o sem um parafuso a menos. Você caiu do berço ou tomou sol de mais?
– Ho, mi amoré, eu compenso a minha maravilhosa personalidade, com a minha incrível habilidade de fazer uma mulher gozar duas vezes seguidas.
Rosnei subitamente, não gostando nada do rumo dessa conversa.
– Jack, a deixe entrar, eu nem consigo vê-la daqui.
Olhei para Sophia, ela está de jeans pretos colados, blusa violeta sem manga e sapatilhas marrom.
– Oi, prazer em revê-lo, garotão.
Ela estende a mão para mim dou um passo à frente e seguro sua mão e é a partir dai que tudo começa a ficar surreal.
De repente minha mão formiga e começo a senti o mesmo cheiro maravilho que senti na balada, aspiro mais desse cheiro embriagador e sinto um tremular na minha calça, encaro Sophia que deu um passo para trás com as pálpebras semicerradas. E então choque me perfurou por completo quando olho para baixo e vejo uma tenda no meu jeans.
Foda-se, eu estou duro.