Interlocking Hearts


Escrita porLuana
Revisada por Andressa


Capítulo 12 • O Anagrama

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

  Bocejo e esfrego os olhos, onde estou mesmo? Pisco e me lembro do aconteceu entre mim e Sophia.
  Devo ter pegado no sono, tateio a mão buscando o calor de Sophia e não encontro.
  Franzo o cenho.
  – Sophia?
  Levanto-me e percebo que ainda estou pelado, mas... Cadê Sophia? Ela não poderia ter fugido, poderia?
  – Sophia?
  De repente Sophia sai do banheiro, corada, desgrenhada e... Vestida.
  – Sim?
  – Por que você se vestiu?
  – Porque estamos no seu escritório?
  Suspiro, é, ainda tem esse detalhe.
  Olho novamente para Sophia e sinto meu pau começar a ficar duro novamente pela visão dela.
  Pigarro e visto minha roupa.
  – Agora precisamos conversar, sente-se.
  – Conversar sobre o que exatamente?
  – Sente-se, por favor, Sophia.
  Ela senta ao meu lado e balança os pés nervosamente.
  – Por que você não me contou que era virgem?
  – Eu... É... Não é uma informação que se divulga por ai para todo mundo.
  – Desde quando eu me tornei todo mundo?
  – Eu não quis dizer desse jeito... Eu... Tenho vinte um anos e era uma virgem, não é algo para se orgulhar.
  Pisco surpreso.
  – Você se envergonha disso? Sophia... Eu já vi mulheres de cinquenta anos, virgens e cheias de gatos.
  Sophia sorri lentamente.
  – Gatos? Quantos gatos? Dezoito? Eu iria querer viver rodeada de dezoito gatos.
  Franzo o cenho.
  – Você só precisa de um gato na sua vida.
  – E esse gato seria quem, posso saber?
  - Eu, é claro.
  – Hum rum. Mas falando serio, você não... Ficou muito irritado por ter tirado a minha virgindade sem saber não, né?
  Encaro-a chocado.
  – Como? Para mim foi uma honra ter tirado a sua virgindade.
  – Eu não sou mais um troféu seu não, não é?
  – Claro que não, porque você sempre pensa tão pouco de mim?
  – Sinto muito, é que relacionamentos são muito complicados, e a amizade não, eu não quero perder a sua amizade.
  – Poderíamos ser os dois e unir o útil e o agradável.
  – Posso tentar, mas não vou prometer que será fácil, nos conhecemos a o que? Quarenta e oito horas? Setenta e duas horas? E já estamos falando sobre algo tão... Complexo.
  – Você me conhece mais até do que a minha própria mãe.
  – Você é o meu chefe.
  – Você não sente extremamente confortável ao meu lado?
  – Sim, mas...
  – Sem mais Sophia, sem mais, eu quero isso, você quer isso, somos adultos o suficiente para enfrentarmos essa situação.
  – Então... O que queremos? Praticidade ou compromisso?
  – Eu... Não sei... Talvez... Companheirismo.
  Penso em Jack, nós temos companheirismo de sobra, mas... Balanço a cabeça e tento me focar no presente.
  Sophia morde o lábio, hummmm.
  – Se você não parar de morder esse lábio agora, iremos acabar os dois nus em cima da mesa, e eu bem fundo dentro de você.
  Sophia pisca os olhos surpresa.
  – Seremos exclusivos?
  Uma súbita imagem de Jack falando que queria se estabilizar invade a minha mente e trinco os dentes apertados.
  – Bom... Se você cogitou pensar que não, eu ficarei extremamente magoado.
  – Desculpa novamente, é que tudo isso é novo pra mim.
  – Não se preocupe mais, vai dar tudo certo.
  – E quem prevê isso? Você?
  – Eu não sei... Mas sempre...
  Sophia me interrompe – Não existe a palavra sempre no meu dicionário, existe por enquanto e enquanto dure.
  – E você esta dizendo que estamos fadados a durar por enquanto? Quem prevê isso? Você? De qualquer jeito eu vou aceitar o seu enquanto dure, por enquanto.
  Sophia se levanta.
  – Vamos?
  Encaro-a confuso. – Para onde?
  – Ver o testamento do Doutor Robert.
  Minha garganta se fecha e momentaneamente me vejo incapaz de respirar, Doutor Robert.
  Inspiro, pego o celular e ligo para Felipe, o advogado dele.
  Atende no segundo toque
  – Alô? Quem fala?
  – Felipe? Aqui é Christian.
  – Christian, meu filho, a que devo a honra?
  – Você ainda é o advogado do Doutor Robert?
  – Não, infelizmente ele trocou de advogado.
  – Quem é o novo advogado dele, saberia me informar?
  – Claro, é o Marco.
  – Marco? O advogado da minha família?
  – Exatamente, por que a pergunta?
  Engulo ruidosamente.
  – É que o Doutor Robert... Ele... Morreu hoje.
  Por uns segundos a respiração de Felipe é a única coisa que escuto na outra linha.
  – Felipe?
  – Ele deixou algum recado para você?
  – Sim. Mandou-me falar com o advogado dele, para começar a leitura do testamento.
  – Meu Deus, eu... Eu não comentaria o ocorrido na imprensa pelo trabalho raro dele, nunca deveria ter acontecido algo ruim com ele, vou olhar alguns rascunhos para ver se encontro o numero de Marco pra você, ele mudou, adeus.
  Ele desliga e eu fico encarando o telefone totalmente confuso, o que foi todas aquelas palavras sem sentido?
  Sophia me observa curiosa.
  – O que foi que aconteceu?
  De repente eu tenho uma ideia.
  Olho para cima e vejo que as câmeras do meu escritório estão acessas, pego papel, caneta e escondo no meu bolso da calça.
  – Sophia, vamos embora rapidinho, tenho que ir pra casa contar para Jack o que aconteceu, seria sacanagem minha se eu apenas ligasse para dizer uma notícia dessas. Sophia fica confusa, mas sai da sala, pega a bolsa e me segue até o estacionamento.
  Chegado lá, digo:
  – Vamos no seu carro.
  Ela me encara uns segundo, destranca o carro e entra.
  – Para onde?
  – Em frente.
  Saindo do prédio, dou um longo suspiro.
  – O que esta havendo de errado Christian?
  – Tem câmeras na minha sala.
  – Continue.
  – Não poderíamos discutir sobre isso lá com as câmeras gravando, mas agora encoste o carro um minuto.
  Ela encosta e vira o olhar confuso e curioso pra mim.
  – A ligação para Felipe deu em alguma coisa?
  – Acho que sim. No final da ligação, ele começou a falar um monte de coisas estranhas e meio desconexas.
  Pego o papel e a caneta do bolso e escrevo:
  M eu deus
  E u
  E u
  N ão
  C omentaria
  O ocorrido
  N a imprensa pelo
  T rabalho
  R aro dele
  E sinto muito
  N unca deveria ter
  A contecido
  A lgo
  R uim com ele
  V ou
  O lhar alguns
  R ascunhos para ver se
  E ncontro
  O
  Número de
  Marco para te dar
  Ele mudou

  – Esta vendo? È um anagrama padrão, tirando as letras desnecessárias e as frases desconexas, ficaria... Me encontre na Árvore.
  Sophia fica admirada.
  – Nossa, incrível, mas e a frase “o numero de marco para te dar, ele mudou, adeus”?
  – Não faz sentido, se Marco é o advogado da minha família, é obvio que eu saberia os números dele, e essa frase também ficaria desconexa no anagrama, então ele deve ter mencionado isso para despistar.
  – Mas... Despistar o que?
  – O numero deve estar grampeado.
  – O seu ou o dele?
  – Os dos dois, provavelmente.
  Sophia me encara horrorizada.
  – E quem faria isso?
  – O Sr. Donato, é claro, para seguir os meus passos.
  – Hum... E como você aprendeu a ler anagramas?
  – O próprio Doutor Robert me ensinou.
  – Nossa, que complicado.
  – Você ainda está nessa comigo?
  – É obvio! Eu nunca deixaria você sozinho nessa.
  Passo meu dedo pelo lábio inferior dela.
  – E eu nunca deixaria você se machucar por mim, nunca.
  Inclino-me e lhe dou um selinho.
  Só de sentir esse gosto delicioso, fico duro, deus, será que ela é a minha salvação ou estou tentando enganar meus sentimentos confusos?
  
- Christian? O que me encontre na árvore significa? – Sophia sussurra.
  Fecho os olhos. – Era um código que eu e o Doutor Robert usávamos para eu escapar do hospital sem ser percebido.
  – E o que árvore tem haver com isso?
  – Para sair, eu tinha que atravessar uma árvore pequena demais, aí o Doutor Robert, construiu uma casa camuflada na arvore. Ele sempre me ajudando e eu nem percebendo ou me importando o suficiente para isso.
  – Shh, já passou, você esta ajudando ele agora, mas onde fica esse hospital?
  – É mais uma clínica de reabilitação, fica no interior do sul de São Paulo, ao lado de uma escola chamada Daybrack, se não me engano.
  – E?
  – Essa clínica fechou há nove anos.
  – Depois que os seus experimentos acabaram fracassando.
  – Exatamente. Mas... Como Felipe sabe disso tudo?
  – Vamos lá descobrir ora essa. Quanto tempo para chegar até lá?
  – São três horas de viagem de carro, algum problema para você de irmos na madrugada de hoje, umas duas hora da manhã?
  – Sem problemas.
  – Durma comigo na minha casa hoje, assim ficará mais fácil para sairmos sem sermos percebidos...
  Sophia finge franzir o cenho.
  – É obvio que você irá se aproveitar de mim lá.
  – Eu só me aproveitaria de você com seu consentimento, mas na verdade, hoje eu quero que nos conheçamos melhor, ver um filme, quem sabe?
  – Hum... Se for assim, tudo bem.
  Arqueio uma sobrancelha.
  – Você esta muito disposta hoje, né?
  Ela da de ombros.
  – Tanto que você não se acostume com isso, irá sobreviver. Vamos voltar para a empresa?
  – Vamos, antes que deem nossa falta.
  – Espera aí... Aquelas... Câmeras na sua sala gravaram tudo? A morte do Doutor Robert, a nossa conversa? O... Sexo?
  Sophia ruboriza.
  Sorrio. – Não, por isso que eu sai de lá, aquela câmera vive desligada por ordens minhas, mas quando terminei a ligação para Felipe, percebi que a luz vermelha indicando que a câmera foi ligada, estava piscando.
  – Então isso quer dizer que o seu pai já esta sabendo da morte do Doutor Robert?
  – Provavelmente.
  – Canalha. – Sophia resmunga.
  – É, concordo plenamente.
  Sophia sorri para mim e liga o carro.
  Pelo visto teremos que enfrentar coisas piores pela frente, só espero que sejamos fortes o suficiente para suportamos o que nos aguarda.

Capítulo 12
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