Queen's Story
Escrito por Li Santos | Editado por Mariana
História integrante de “Winter Story”
Parte I – Reinado
Mais de um ano depois…
O pacífico reino de Kyoto vivia um dos seus mais calmos tempos.
reina da mesma maneira de seu falecido irmão, e antigo rei, Yusuke e, assim como ele, é querida pelos seus súditos. Mais de um ano se passou desde a morte dele e da posse dela como comandante de seu reino. Algumas poucas coisas haviam mudado na gestão de , uma delas com certeza foi o sistema de segurança do castelo. A invasão de Kentaro, que havia sido morto por à época, serviu de lição para a melhoria do setor que começou com algumas promoções. Minoru agora é líder da guarda pessoal da rainha, que conta com cinco homens para garantir sua segurança. O general Ryota ganhou reforços vindos de outros reinos graças à sua rápida fama ter se espalhado. Isso porque Ryota foi responsável por inúmeras mortes dos soldados de Kentaro no dia da invasão, praticamente os eliminando sozinho e com maestria. A pedido de , ganhou um guarda pessoal, apesar de ter insistido que não precisaria, a rainha foi bem incisiva ao ordenar o treinamento desse guarda exclusivamente para seu marido. O próprio Ryota o treinou, e hoje, Shin é o fiel guarda do rei consorte.
A rainha Matsui não tem enfrentado tantos desafios internos, para sua surpresa está sendo bem fácil e natural seu reinado. Seu povo a ama. O que vem atormentando sua mente são os desafios externos.
Nesse momento, ela marcha castelo adentro, após ficar mais de uma semana longe, Minoru caminhando atrás dela, como uma sombra, seguido por Hajime, antigo guarda de Yusuke e que hoje é conselheiro da rainha.
— Estou farta disso! — brada a mulher, irritada. Ela veio a viagem inteira reclamando do que havia ocorrido.
— Senhora, acalme-se, por favor — pede Hajime, andando apressado para alcançá-la. vai diretamente para a sala do trono, caminhando pelo longo corredor.
— Não me peça calma, Hajime! — ela grita, furiosa. — Peça para chamarem , por favor — Hajime engole em seco e apenas curva-se em sinal de concordância. — Minoru — chama a mulher, o guarda ergue o rosto para olhá-la, aguardando alguma ordem. — Está dispensado, fique de guarda em seu posto de sempre.
— Sim, minha rainha.
Minoru curva o corpo, reverenciando-a, e deixa a sala do trono, cruzando no caminho com o rei consorte que já sabia que a esposa havia chegado e foi direto vê-la. retribui e caminha com os braços cruzados às costas, passos lentos até chegar próximo ao trono onde está sentada, encarando-o com um sorriso nos lábios.
— Minha rainha — o homem a reverencia, sorrindo.
— Deixe de cerimônias, estamos à sós, meu amor — pede a rainha, alargando o sorriso. deixa o tronco ereto.
— Como foi de viagem, minha querida? — sobe os poucos degraus e segura a mão de que já estava erguida esperando por ele.
— Cansativa — ela sente o marido beijar-lhe o dorso da mão, sem tirar os olhos dela, seu olhar predador do jeito que gosta. — Mas é muito bom estar de volta para ti.
— Senti sua falta — diz, caminhando até ficar ao lado dela. se agacha. — Conseguiu fechar o acordo? — suspira.
— Fecharia se o negociante do reino vizinho não fosse um calhorda insolente.
— O que ele fez?
— Ignorou-me. Praticamente me rejeitou como rainha de Kyoto — ri sem humor. — Creio que ele esperasse por um homem como rei.
— Eles não sabem o quão maravilhosa és, meu amor — ele a consola, voltando a beijar-lhe a mão. — E não estou falando apenas quando estamos à sós.
— Não quero falar sobre eles, quero falar sobre nós — sorri de canto e puxa a roupa do marido, aproximando os lábios dele dos dela. — Sinto falta de vós.
— Vamos para o aposento — pede, mas é calado pelo beijo de saudade de sua rainha. Um beijo ansioso e apaixonado. — …
Ela se levanta, deixando o trono livre para empurrar nele. O homem senta-se desengonçado, as pernas afastadas para receber o corpo de sua mulher. senta-se com ânsia no colo dele, logo o beijando, as mãos agarrando o rosto de .
— Quero-te, , agora… — os olhos do rei consorte percorrem o rosto da esposa, quanta saudade ele sentiu.
— Vou te levar para um lugar novo, minha querida rainha.
— Onde? — pergunta, curiosa.
— Logo saberás.
a carrega no colo, prende as pernas nas costas do marido, e ele se levanta, andando para a saída da sala do torno. Pelo caminho, alguns guardas e empregados que limpavam o castelo encaram a cena do rei consorte carregando a rainha enquanto ela beija seu pescoço e bagunça seus cabelos com olhares incrédulos. Apesar de envergonhar-se toda vez que ela fazia isso, acabou se acostumando em seu beijado na frente de todos, ele adora ser beijado assim.
Ao chegarem a uma das torres do castelo, a que é menos frequentada por eles e empregados, tranca a porta e encara sua esposa já retirando as próprias roupas. Ansioso, ele também começa a se despir, os olhares sem desgrudar um do outro. Eles nunca tinham ficado tantos dias longe um do outro e aquilo tinha sido uma tortura para ambos. Soltando os cabelos, que batiam quase em sua bunda, fica completamente nua, já está despido há alguns segundos, mas seguia admirando sua esposa. Como ele ama seu corpo, suas curvas, sua bunda que ele adora apertar enquanto transam. Tudo em é perfeito para .
O rei consorte a agarra pela cintura, se entrega nos braços do marido e joga o pescoço para trás, rendida em prazer com apenas um toque. Ela ergue uma das pernas, pressionando-a na cintura do rei, o olhar penetrando a alma do homem que agarra a perna dela, erguendo-a mais para que pule em seu colo. Com firmeza, a segura pelas coxas e se delicia com os seios dela, ouvindo gemidos baixinhos e pedidos de mais.
— Meu rei, meu querido rei…
é levada até a pequena sacada que há na torre. A mulher segura a estrutura fria, sentindo sua pele retrair levemente com o contato, seu marido ajeita as pernas dela em seus braços e a penetra sem cerimônias. Parece que foi ontem quando tiveram a primeira noite de amor, na semana que descobriu a mentira dele, estava cheio de tato ao tocá-la, por medo de machucá-la. Já a rainha, que na época era apenas uma princesa, lhe pedia por mais firmeza. Com o tempo, aprendeu a agradar e aperfeiçoou sozinho seus truques para tirar dela uma expressão de puro tesão.
Arrepios sempre são inevitáveis quando é beijada por seu rei. ainda tem um bigode sobre os lábios, hoje ele é mais grosso e ainda causa cócegas na rainha, porém ela não o deixa livrar-se dos pelos. É o charme do marido que a mulher adora. O vento da primavera bate em seus corpos, refrescando-os brevemente do calor intenso daquela transa, nada mais importa para agora.
Ter o seu marido tocando-a dessa forma sempre acalmava e a transportava para longe das chateações de ser rainha de Kyoto.
é o seu refúgio.
[👑]
Rainha Matsui, soberana do reino de Kyoto, amada por seu povo.
Agora, ela é apenas a , esposa do lord , rei consorte e marido fiel. Deitada nos braços dele, ela é apenas a mulher mais amada de todos os reinos. Nada a abala. Nem mesmo as preocupações de ser uma rainha.
Por ser mulher, alguns reis e comerciantes, sejam eles estrangeiros ou locais, não confiam nela como comandante de seu reino. Eles pensam igual ao falecido Kentaro que repudiava a ideia de uma mulher no comando de um reino poderoso como o de Kyoto, por isso queria casar-se com ela, para tomar o poder. Mas, antes disso, lhe tirou a vida com um golpe fatal de espada. Apesar de ter o comando questionado pela pressão externa de uma minoria dos reinos, é querida por seus súditos e isso a faz seguir firme e forte no comando, sem pestanejar. Ela quer provar ao falecido Yusuke, seu amado irmão, que ela é digna do trono.
Para , isso já está mais do que provado.
Parte II – Enfermidade
Muitas luas depois…
O inverno castiga a região de Kyoto.
Óbvio que a estação veio para todo o território conhecido, mas para Kyoto os danos do inverno são mais severos graças a uma intensa escassez. Devido a claros boicotes contra seus negociantes, a rainha não conseguiu fornecedores para abastecer seu povo com comida suficiente para passarem o inverno bem. Pelo contrário, devido a nevasca, que cobre o campo impedindo que as plantações de leguminosas e outros vingue, a quantidade de comida produzida foi menor e, o extra que deveria cobrir essa falta, não foi o suficiente.
não sabe mais o que fazer.
Seu povo está adoecendo. Todos os dias, desde pouco antes do início da estação, chegam casos de pessoas desesperadas pedindo ajuda para o curandeiro do palácio. Crianças com sinais de desnutrição, febre alta e algumas, infelizmente, vieram a óbito. Os adultos, por serem mais fortes, adoeciam e passavam dias de cama, sem poder trabalhar e sem uma alimentação adequada para se recuperarem. Muitos se recuperavam minimamente, mas voltavam a adoecer por não terem nutrientes suficiente.
O reino está um caos.
Como se não bastasse, há boatos de possíveis conflitos ao norte do reino. Os antigos pretendentes de já a informaram sobre os boatos, que estão cada vez mais fortes, de que há um grupo rebelde querendo estourar uma guerra entre os reinos que, na teoria, não gostam de como rainha, e o reino de Kyoto. Ueno, Hiroki e Ikoma, antigos pretendentes de e atualmente parceiros de seu reino, já declararam publicamente total apoio e fidelidade à rainha. Ainda assim, não se sente confortável sabendo que estão tramando contra seu povo.
Ela acaba de chegar de mais uma viagem frustrada em busca de fornecedores que se compadecem com a situação do reino. não se mostra insegura na frente de ninguém nem mesmo , seu amado e confidente marido, sabe de sua tormenta atual. A rainha chora todas as noites, buscando respostas para cessar o sofrimento de seus súditos que são sua maior prioridade, a frente até de sua própria vida. A doença que tirou a vida de sua mãe, a falecida rainha Haru Matsui, também a preocupa agora. Haru sentia fortes dores de cabeça que a deixavam dias trancada em seu aposento, sofrendo com as intensas pontadas em sua cabeça. Yusuke também sentia dores assim e preocupava a irmã toda vez que acontecia. Era quase certo que também sofresse de tal enfermidade. Ela só não imaginou que fosse aparecer justamente em um momento tão delicado.
sobe as longas escadas quase circulares do castelo que levam ao andar dos aposentos. Caminha pelo corredor, encontrando alguns empregados que se curvam ao vê-la. A expressão apática deles a entristece mais que no dia que abraçou o corpo de seu irmão. É terrível a sensação de impotência na mulher, mas ela tem que se manter firme para não agravar mais a situação de seu povo. A rainha força um sorriso enquanto continua caminhando até seu aposento que hoje divide com . Ela já sabe que o rei não se encontra no castelo, ele havia saído até os estábulos para ver como andam os cavalos. Até mesmo os pobres animais padeciam com a falta de comida. Zeus, o cavalo da rainha, é o mais velho entre eles e não está doente, porém bastante abatido para seu normal. Já Rubi, a égua de , padecia há alguns dias de uma fraqueza e sem vontade de comer o mínimo que podiam te dar.
Finalmente a rainha alcançou seu aposento, podendo assim deixar sua grossa e pesada capa sobre uma cadeira. O longo vestido cor marfim cobria seu corpo, esquentando-a. sentou-se na cama, sua cabeça doía desde que sua comitiva saiu da cidade onde foi, foi uma viagem longa demais para buscar ajuda, mas ela faria tudo novamente. Mas sabe que não é apenas uma dor normal de quem viajou pela estrada barrenta por dias, é uma dor diferente e muito mais violenta, até a deixa enjoada e tonta. A doença que matou a rainha Haru certamente é hereditária e, os curandeiros já temiam que tivesse tal doença. Secretamente eles trabalham em uma cura, mas, até agora, nenhum avanço.
Sentindo-se tonta, a cabeça doendo cada vez mais, tenta se levantar para fechar a janela do aposento que estava aberta por esquecimento de alguém. Porém, antes mesmo de conseguir ficar de pé, a rainha despenca caindo no chão com toda força.
Duas horas depois…
apressa-se para retornar ao seu aposento e ver sua esposa.
Tinham o avisado que já retornara de sua viagem e ele está sedento por vê-la e beijá-la novamente. O rei atravessa o salão de entrada, subindo as escadas e rompendo o corredor indo diretamente para o seu ninho de amor que tem com sua rainha. Antes de abrir a porta, ele sente em seus pés, mesmo estando de botas, a corrente gélida vindo pela fresta. Quando a abre, é acometido por uma onda de ar frio, misturado com uma leve camada de neve. Seus olhos viram a janela aberta, mas o corpo desfalecido de caído no chão ao lado da cama deles o deixa mais atento e desesperado.
— !
Ele corre para ajudá-la, agachando-se ao seu lado e, ao tocar seu rosto, percebe a vermelhidão e a pele fria. Angustiado, o homem se levanta para fechar a janela e grita por ajuda. Logo alguns guardas chegam ao aposento da rainha e do rei, encontrando ao lado da esposa e o ajudam a colocá-la sobre a cama. Um dos guardas chama os curandeiros do castelo para acudir a rainha. passa a mão pelos cabelos, que estão no mesmo corte de quando conheceu , observando as amas, incluindo Aimi, trocarem a roupa da rainha. Após, os curandeiros adentraram ao quarto, iniciando o processo para retomar a temperatura do corpo dela que está bastante abaixo do normal. Passam minutos em silêncio, apenas encarando um ao outro sem dizer uma palavra sobre o que estava acontecendo. Irritado com a omissão, o rei consorte os pressiona a dizerem a verdade.
— Meu senhor, não há nada com o que se preocupar — diz um deles, de pé e com as mãos na frente do corpo, o corpo levemente curvado.
— Não mintam para mim — rebate . — Claramente a não está bem, não escondam a verdade do seu rei!
— Senhor…
— É sobre a doença que acometeu a rainha Haru, meu senhor — revela o segundo curandeiro, fazendo o primeiro encará-lo com urgência. Era um segredo pedido pela rainha.
— Como disse? — dá um passo à frente, intimidando os dois, que recuam um pouco.
— Si-Sim, meu senhor — gagueja o homem com o olhar baixo. — A rainha vem sentindo dores de cabeça iguais às da rainha Haru e as do falecido rei Yusuke.
— E por que não me contaram antes? — ele dá mais um passo, parando em frente aos dois, que nem se atrevem a encarar diretamente o rei. O olhar de fulminava irritação.
— Foi um pedido para própria rainha, meu senhor, nos perdoe — pronuncia-se o outro. — Estamos em busca de uma cura ou algo que alivie as dores da rainha.
respira fundo, controlando sua irritação, e ordena:
— Me deixem a sós com ela.
Obedientes, os dois deixam o aposento juntamente com as amas. Dois soldados da guarda pessoal de se põem parados do lado de fora. volta a levar as mãos aos cabelos, desesperando-se pela notícia. Sua amada com a mesma doença que matou sua mãe, quando ela ainda era pequena, e de seu irmão que vinha piorando bastante antes de ser assassinado. O que isso significava? morreria do mesmo mal? O rei nem quer imaginar viver sem sua rainha.
Ele senta-se ao lado dela na cama, pondo a mão sobre seu rosto que está mais quente que antes. É um bom sinal. Aos poucos os olhos de se abrem e ela sente o calor da mão de seu marido a acariciando.
— Que alívio vê-la bem, minha rainha — diz o homem, beijando a mão da esposa que sorri para ele.
— Meu querido — retribui o beijo, depositando um sobre a mão do marido que acaricia seu rosto. — Estou a muito tempo desacordada?
— Não muito — responde voltando a ficar sério. — Por que não me contou das dores de cabeça? — suspira já entendendo o que ocorreu.
— Os curandeiros te contaram, não foi?
— …
abaixa a cabeça, as lágrimas surgindo em seus olhos, inundando-os e escorrendo por seu rosto. senta-se na cama, recebendo um abraço apertado dele.
— Não quis preocupá-lo, meu amor, me perdoe.
— Nunca mais esconda algo assim de mim, meu amor, por favor, eu lhe imploro — ele se afasta dela. Os olhos marejados do marido partem o coração da rainha.
— Eu lhe prometo, meu amado. Por favor, não chore mais.
o beija com suavidade e acolhe o rei em seus braços.
Parte III – Guerra
O território de Kyoto está em guerra.
Como se não bastassem as enfermidades que acometem o povo por falta de alimento, os conflitos da guerra também matam o povo. Poucas luas se passaram e uma guerra foi iniciada nos arredores e, estava cada vez mais próximo de atingir o povo que está sob os cuidados de .
As dores de cabeça da rainha pioraram ainda mais. segue preocupado com tais dores, o rei mau dorme durante a noite e não porque o barulho alto das bombas não deixavam ninguém ter uma boa noite de sono, mas sim porque quer ter certeza de que estará disponível para amparar a esposa caso necessário.
Neste momento, os primeiros raios de Sol surgem no céu. Poucos foram os dias durante o inverno que isso ocorreu. havia adormecido há poucos minutos, segue observando o rosto sereno da esposa que se contrapõe com a expressão de dor que ela tinha antes. Isso o destruía por dentro.
O homem ouve leves batidas à porta e, antes de se levantar para atender, dá uma última olhada em . Ele se levanta, cobrindo o busto dela com a manta, caminha até a cômoda próxima onde deixou seu roupão e o veste. Ajusta os cabelos sobre a cabeça e segue até a porta, abrindo-a e encontra o rosto preocupado de Minoru. Shin logo atrás dele.
— Majestade — dizem os dois, curvando os corpos para reverenciar o rei.
— Aconteceu algo? Para virem aqui tão cedo — comenta , saindo do aposento e fechando a porta.
— Perdão pelo incômodo, meu senhor — desculpa-se Minoru. — O general Ryota pediu para chamar a rainha até a sala do trono e pediu perdão por não ter vindo pessoalmente.
— O que houve com ele?
— Está sendo cuidado pelos curandeiros, acabou se ferindo em combate.
— Entendo — o rei respira fundo. — Receio que a presença da rainha não seja possível.
— Compreendo, meu senhor.
— Eu mesmo irei — diz, erguendo o queixo. — Peça ao general que aguarde alguns minutos, por favor. Irei me trocar.
Minoru assente e se despede do rei. Shin faz o mesmo, demorando um pouco mais em sua reverência. retorna ao aposento, segue adormecida e ainda com a expressão serena de quem está tendo um bom sono. Ele vai até a arara de roupas, pegando algumas peças para se trocar. Já pronto, o rei consorte deixa um beijo terno no rosto dela e desce até a sala do trono onde já o aguardam.
é tratado com o máximo respeito. Todos sabem de sua origem plebéia, mas também sabem das atitudes nobres que teve durante a invasão ao castelo que resultou na morte do rei Yusuke. Sem contar do sentimento verdadeiro que tem pela rainha .
Todos cumprimentam o rei durante sua passagem e, após sentar-se no trono, ajeitando sua capa, é bombardeado por notícias ruins.
— Todas as vilas? — alertou-se o rei, incrédulo com a revelação de Ryota.
— Apenas a que fica mais ao oeste não foi afetada, majestade — esclareceu o general. sentiu sua garganta obstruída. A informação significava que sua vila natal tinha sido devastada.
— E as tropas? Como está o combate contra isso? — ele engoliu em seco, mantendo a postura.
— Estamos resistindo, majestade, mas… — Ryota hesitou, desviando brevemente o olhar dos olhos do rei.
— Mas? — pressionou.
— Houveram poucas baixas, mas há muitos feridos, meu senhor.
Neste instante, ouviu-se o barulho surdo da porta se batendo. Todos os olhares se voltaram para lá, caminhando devagar a figura da rainha.
— !
se ergueu de supetão e foi de encontro a esposa. voltou a ter a expressão de dor, porém mais contida. Ainda assim, preocupa . Apesar de estar com sua capa real, por baixo, ela usava as roupas de dormir. O rei alcançou a esposa ainda no início de sua caminhada, amparando seus ombros. A mulher sorriu para o marido e agradeceu o apoio. Eles seguiram até o trono sendo reverenciados enquanto passavam. Chegaram no trono, onde a rainha sentou-se. posicionou-se ao lado dela abaixou o tronco para lhe falar:
— Minha querida, estás bem?
— Ficarei, meu amor — respondeu com a mesma voz baixa que cortava o coração do rei.
— Não achas melhor recuperar-se mais? — olhou para o marido com um leve sorriso.
— Preciso cuidar pessoalmente desse conflito. Agradeço por tu teres vindo aqui, meu querido.
— Sempre estarei aqui, minha rainha.
o beijou sem pudor na frente de todos. Após o beijo, a rainha se voltou para seu general, tomando sua postura séria.
— Não me escondas a realidade, general — começou a falar a rainha. — O conheço desde criança, sou capaz de saber caso me falte com a verdade.
— Jamais lhe faltaria com a verdade, minha rainha — disse Ryota, engolindo em seco. O olhar incisivo de o amedrontava às vezes.
— Estou esperando que me diga o que precisamos para findar com este conflito descabido — a segurou a feição de dor com a pontada que sentiu na têmpora.
— Nossas tropas sofreram poucas baixas, porém os feridos são muitos, majestade. Receio que tenhamos que convocar mais soldados…
— E por que ainda não fez isso? — cortou , fincando o olhar em Ryota.
— Estava aguardando vossa ordem…
— General Ryota — voltou a cortá-lo, apontando o queixo para cima. — O reino está em meio à uma guerra, achas mesmo que eu, rainha Matsui, iria me opor a avançarmos as tropas? — ela não esperou pela resposta. — Convoque quem for necessário e quem estiver apto para o combate.
— Sim, majestade — disse o homem, assentindo.
— E mandem preparem minha armadura.
De imediato, virou o rosto para a esposa.
— … — a mulher se levantou, o ignorando.
— Mande que cuidem dos feridos e não ousem partirem sem mim.
fez o caminho de volta por onde passou, as reverência retornaram. a seguiu até o aposento, fechando a porta assim que entraram.
— Tu não precisas ir, meu amor — chegou perto da esposa, e a abraçou. — É perigoso.
— Achas que ficarei sentada no trono apenas aguardando enquanto meu povo morre em batalha? — a pergunta foi retórica. — Eu não irei, meu amor.
— …
A rainha afastou-se um pouco do seu rei, repousando a mão sobre seu rosto. Sentia tanto orgulho do homem que ele se tornou e ainda mais orgulho dele ser seu marido.
Seu rei.
— Tenho sorte de tê-lo em minha vida — a mulher acariciou o rosto de . — Se realmente desejas me apoiar, então aceites o fato de que minha decisão está tomada — o homem não disse nada, apenas fechando os olhos. — Prometo que irei me cuidar — os abriu novamente.
— E suas dores de cabeça, minha rainha? E se senti-las durante o combate? E se perderes os sentidos? Pelos deuses, …
— Não me acontecerá nada, querido. Sou excelente com espadas — mudou de assunto, ignorando o questionamento sobre sua enfermidade.
— Para duelar contra mim ou contra Minoru, até mesmo o general Ryota — pontuou com prudência. — Uma guerra é diferente, …
— Meu querido, eu o amo tanto… — lhe partia o coração vê-lo preocupado dessa forma, mas os instintos de berravam para que ela fosse para essa guerra. — Me perdoe, mas eu irei.
— Eu irei com você.
— …
— Não está em discussão, , eu irei.
Sua rainha lhe sorriu, explodindo em orgulho, e o beijou com paixão. Ao contrário do que era quando o conheceu, havia evoluído na luta com espadas. Segundo Shin, seu mestre se igualava a verdadeiro espadachim.
O casal real se envolveu novamente em uma de suas danças sexuais. Suas mãos se trançando enquanto percorrem o corpo um do outro. retirou a capa que cobria os ombros de , descendo junto parte de sua roupa íntima. A rainha suspirou quando o marido chupou seu ombro exposto e se deixou ser deitada na cama por ele, que subiu sobre o corpo de sua rainha, despindo-a pouco a pouco.
Porém, antes de concluírem essa parte, ouvem batidas à porta.
— Entrem — ordenou , recompondo-se. fez o mesmo.
As amas que cuidam das roupas reais trouxeram as armaduras de e .
Ambos agradeceram e se prepararam para usar a armadura. O momento decisivo se aproximava. Era hora de ir à guerra lutar por Kyoto.
Parte IV – Renovação
Na manhã seguinte…
O silêncio ensurdeceu a todos.
Neste instante, a tropa liderada por caminhava sorrateiramente pela maior vila do leste do território de Kyoto. O cenário de destruição era terrível e entristecia a rainha que, apesar disso, tentava se manter firme para comandar seus soldados. Junto com a comitiva, encontrava-se o conde de Aquiles, Ikoma Mori, e seus soldados, juntamente com o duque de Monte Cristo, Ueno Kato, que também levou sua tropa. Em uma vila bem próxima, sob o comando do rei Matsui, os soldados do marquês de Dazzo, Hiroki Tanaka, auxiliam a todos. Shin também ajudava seu mestre.
Horas antes, enquanto ainda estavam na estrada a caminho de uma outra vila, chegou a informação de que o líder dos rebeldes e seu bando estavam saqueando essa vila no leste de Kyoto, aterrorizando os moradores que ainda estavam vivos quando a notícia foi disseminada. Infelizmente não foi esse o cenário encontrado por e seus homens. Tudo estava destruído. Casas queimadas, algumas ainda em brasa. As ruas tomadas por sujeira, principalmente sangue. O sangue de seus moradores que lutaram bravamente pela sobrevivência. Uma pena que a ajuda chegou tarde demais.
caminhava na frente sobre seu cavalo Zeus, sua espada em sua bainha, a mão sobre ela pronta para sacá-la e degolar quem a afrontasse. Zeus trotava devagar tendo sua rédea segura por uma das mãos da rainha. Os cabelos dela deveriam estar presos, porém, na pressa com que saíram da estrada desviando o caminho até a outra vila, negligenciou tal detalhe e isso não era importante agora.
Algo fez Zeus parar de repente.
Sentindo um aviso prévio, olhou para sua esquerda, vendo a flecha passar bem próxima a seus olhos e atingir a palha do telhado da casa perto dela.
— Majestade! — berrou Minoru, em alerta.
Todos prepararam-se para a luta e ela logo veio.
Muitos soldados rebeldes saíram detrás das casas, surpreendendo à tropa da rainha. Zeus ergueu as patas dianteiras, assustado, mas foi controlado por que sacou sua espada para golpear seu combatente que a atacaria. Os primeiros minutos desse conflito foram excelentes para ela, conseguiu eliminar todos que se aproximavam, mas, quando foi derrubada de seu cavalo e caiu no chão, cercada por dois rebeldes, se viu encurralada. Ela ergueu sua espada, mesmo no chão, e atingiu um deles no estômago, todavia o outro atingiu seu braço na brecha da armadura.
berrou de dor.
Ao ouvir o grito agonizante de sua rainha, Minoru correu na mesma direção, golpeando as costas do rebelde e, no segundo golpe, acertando seu pescoço. Ele caiu morto ao lado de .
— Estás bem, majestade? — indagou o guarda, aflito.
— Sim, ah… — gemeu, segurando o próprio braço.
Minoru a ajudou a levantar-se.
A aparência da rainha não lhe parecia das melhores. Estava pálida, ofegava bastante e parecia estar tonta, o que de fato era verdade. passava mal. O cheiro de coisa podre já incomodava desde que se aproximaram do vilarejo. Quando chegaram lá foi que ela reconheceu do que se tratava. Sangue. O odor forte do sangue de todo o vilarejo ardia as narinas da rainha, a fazendo enjoar com a própria saliva. Ela nunca havia sentido isso antes, a preocupava mais que a dor intensa que sentia na cabeça. Talvez não fosse sua doença, talvez fosse consequência do fedor de sangue acumulado. Tudo que sabia era que não conseguia mais segurar seu enjoo. Foi então que ela vomitou.
Minoru a amparou, segurando seus cabelos para trás e a conduziu, entre um enjoo e outro, até a mesma casa que fora atingida pela flecha disparada pelo inimigo. O guarda fechou a porta e acomodou a rainha em uma cadeira, onde voltou a vomitar.
— Majestade, por favor, fique aqui. É mais seguro — pediu em súplica.
— Eu estou bem, Minoru — claramente ela não estava.
— Perdoe-me, majestade, mas não me pareces bem — constatou o óbvio e implorou, ajoelhando-se ao lado dela. — Por favor, fique aqui.
Minoru sempre foi fiel à desde que eram novos. Cresceram juntos, treinaram juntos, riram juntos e até choraram as mortes da rainha Haru e do rei Yusuke juntos. Eram muito amigos.
— Tudo bem, Minoru, eu ficarei — rendeu-se a Matsui, sorrindo com leveza para seu guarda.
— Obrigado, majestade — agradeceu. — Por favor, cuide-se. Voltarei em breve.
Minoru estava assustado com o estado de sua rainha.
Ele sabia que precisava abrir caminho o quanto antes para voltarem imediatamente para o castelo. precisava de cuidados.
Poucas horas depois…
lutava bravamente por sua vida e pela vida de seus companheiros.
Enquanto desfere golpes em seus adversários, e sua tropa recuava de volta ao castelo. Minoru conseguiu tirar a rainha de lá em segurança, colocando-a sobre Zeus, e cavalgando junto com ela até de volta a Kyoto. O ferimento no braço dela sangrava muito e estava sujo com lama. No meio do caminho ela sentiu calafrios, Minoru constatou o aumento na temperatura do corpo da mestra, o que só agravou sua preocupação. mal sabia o que ocorria com sua , mas logo saberia.
O guarda pessoal da rainha pediu a um dos soldados que fosse até o vilarejo vizinho de onde estavam e avisasse ao rei para que ele retornasse também. ordenou isso, preocupava-se em deixar , inexperiente que era, sozinho em batalha, por mais cercado de seu exército que ele estivesse. Assim que encontrou o rei consorte, o soldado avisou o ocorrido com a rainha, fato que assustou . O homem correu até Shin, que lutava com um dos rebeldes, e o avisou que retornaria. Shin matou seu oponente e correu atrás de seu mestre, montando em seu cavalo.
bateu seu pé na lateral de sua égua, Rubi, que disparou a cavalgar de volta ao reino.
Enquanto isso, a comitiva da rainha se aproximava dos portões do castelo. Minoru berrou, imponente, para que abrissem os portões e mandassem os curandeiros prepararem os cuidados, pois a rainha estava ferida. Zeus atravessou o jardim e cavalgou até a entrada no castelo. Rapidamente Minoru pulou do cavalo, ajudando a rainha a descer. estava ainda mais fraca. Não sabia como aguentou a viagem de volta, balançando em cima de Zeus e tendo o corpo em chamas internas, o braço latejando na ferida aberta. Alguns guardas do castelo ajudaram Minoru a levar a rainha até seu aposento, onde os curandeiros já a aguardavam. foi deitada em sua cama, suava frio. Teve o que restou de sua armadura retirada e parte de suas roupas também, deixando seu braço ferido exposto para facilitar o trabalho dos curandeiros. Um deles analisou a ferida, vendo-a enrugada e com uma aparência horrível. Certamente estava infeccionada.
— Teremos que usar as ervas mais fortes, majestade, as comuns não irão resolver — informou o homem em tom educativo mas, antes de se virar e pedir a seu assistente para trazer as ervas, teve as vestes puxadas por .
— Não, essas não — falou a rainha, ofegante.
— Majestade… — disse em tom aflito. Ele sabia que se não aplicasse logo as ervas poderia ser a condenação da rainha. — É essencial que…
— Meu sangue não desce há algumas luas — revelou em meio a forte respiração.
— Pelos deuses, majestade! — espantou-se o curandeiro, levando uma das mãos à boca. — Então a senhora está esperando um filho. Um herdeiro!
O barulho da porta se fechando chamou a atenção.
— Um herdeiro?!
A voz do rei ecoou pelo aposento.
rolou o olhar para a porta, vendo parado ali visivelmente com medo. O curandeiro abre caminho para que o rei se aproximasse e ele o fez. ajoelhou-se ao lado da cama, segurando a mão de sua esposa e a beijou com delicadeza.
— …
— Meu amor…
estava sujo, exibia um olhar amedrontado, temendo pela vida da esposa. Mas também tinha alegria em seu olhar, alegria por saber que tinha um herdeiro no ventre dela. Um fruto do amor ardente dos dois.
— Estás bem? Estás ferido? — perguntou , preocupada. ergueu o corpo, sentando-se ao lado dela na cama.
— Não estou ferido, minha rainha — informou. — Vosso braço…
— Ficarei bem.
— Majestade — chamou o curandeiro um pouco aflito. e o encararam. — Receio que tenha que aplicar logo as ervas, minha senhora, pois, em vosso estado, o mais prudente e tratarmos logo de vosso ferimento.
— Podes fazer, contanto que não sejam as ervas mais fortes. Sei que são as melhores nesses casos, mas isso mataria o meu filho — ela alisou a própria barriga. engoliu em seco.
— A outra erva demoraria para curá-la, seria doloroso, minha senhora — explicou o homem.
— Pois faças com a erva comum, por favor — voltou a pedir e sorriu.
— Tens certeza, minha rainha? — indagou , chamando sua atenção.
— Tenho, meu querido — ela chamou com o olhar, pedindo um beijo, que logo foi atendido. — Quero dar-te um herdeiro.
— Mas irá demorar para curar-te, meu amor, não seria melhor…
— … — falou, firme, porém de um jeito gentil. O rei suspirou.
— Está bem, está bem.
voltou a beijá-lo e, ao fim do beijo, ordenou que o curandeiro fizesse seu trabalho. Mesmo avisando que poderia dar errado, que poderia ser fatal para a rainha usar a outra erva que retardaria sua cura, ele preparou o insumo e aplicou na ferida.
Foi uma recuperação difícil para Matsui.
Muitas e muitas luas depois…
A paz reinava em Kyoto.
A guerra por território havia acabado e o exército de Kyoto vencido. Após serem expulsos, os rebeldes – que eram em menor número, mas faziam tanto estrago quanto um grande exército – que sobraram fugiram de volta para suas terras. Os reis que os apoiaram também aceitaram a vitória do reino de Kyoto e, finalmente, se curvaram diante do reinado de Matsui que hoje estava recuperada de seu ferimento de guerra e prestes a dar à luz ao seu herdeiro. Ainda não se sabia se seria um menino ou uma menina e nem se tinha apenas um bebê dentro do ventre da rainha, mas, o que era certo, era a determinação da soberana que jamais se deixou abalar por adversidades. enfrentaria tudo sozinha, com louvor. Mas, saber que tinha aliados queridos ao seu lado e, acima de tudo, ter ao seu lado, a levaria para as mais incríveis conquistas.