In The Shadows

Escrito por Li Santos | Revisado por Natashia Kitamura

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— Prólogo – Rivalidade —

  O cenário dessa trama é o norte da Escócia, no reino de East Linton, que possui belos campos e castelos medievais. Dizem que a rivalidade retratada aqui vem de séculos atrás, muito antes de muitos que a vivem hoje nascerem. Tal rivalidade é quase inexplicável, poucos contam como começou e como se intensificou com o passar dos séculos, mas são apenas boatos, a única certeza que se tem é que as famílias de vampiros, que fazem parte da realeza, e não se dão bem. Sim, vampiros.

  Família .
  Suas terras estão localizadas ao norte da cidade e eles são uma das famílias mais antigas e fortes de toda a Escócia, atualmente liderada pelo filho mais velho do falecido chefe: tem 34 anos e é casado com Aimi, uma ex-integrante da linhagem dos Inoue, que também faz parte da realeza escocesa. O segundo na sucessão é , de 32 anos e que é o oposto do irmão, o homem só pensa em duas coisas: sexo e bebidas. Esse lado da personalidade rebelde do mais novo deixa extremamente irritado, pois já deixou bem claro que não quer se casar. A mais nova dos irmãos é a com seus 29 anos, a única mulher e, portanto, a mais pressionada a se casar para dar sequência na linhagem dos . Essa pressão vem principalmente de seu irmão , mas essa não é a vontade da moça, pelo menos não com os pretendentes que o irmão lhe arruma, que ela julga serem indignos de sua atenção. Essa rebeldia da mais nova também irrita o líder da família.

  Família
  Já ao sul ficam as terras dos , família liderada por Ken, que possui um único herdeiro, , que está prestes a completar 30 anos. Ken quer obrigar o filho a se casar logo e lhe dar herdeiros para sucedê-lo, porém o lado romântico do rapaz não lhe permite aceitar qualquer pretendente. Obviamente que essa atitude adversa dele não agrada seu pai.

  Não há somente essas duas famílias de vampiros na região, existem pequenos grupos que são aliados ou dos ou dos , de quem for mais forte, tiver em maior número ou de quem pagar mais. Isso porque não têm forças para sobreviverem sem a ajuda deles, já que a cidade está vivendo uma série de conflitos sangrentos e diários.
  Toda essa tensão não será nada diante do encontro intenso que e terão e, graças a eles, essa tensão toda se findará.
  Ou será que não?

— Parte I – 30º aniversário —

   tem o costume de cavalgar pelas terras do reino, explorando todos os cantos que seu pai não quer que ele vá, principalmente pelos lados do norte. O lindo e obediente cavalo dele, chamado de Trovão por ter uma pelagem incrivelmente escura e ser bastante explosivo nos arranques quando estimulado, trota pela vasta campagem existente nas terras mais ao leste do castelo dos onde vive com seu dono. O rapaz está vestido de maneira simples: botas pretas e longas lhe cobrindo até os joelhos, calça branca, camisa de mangas longas que ele dobrou na altura dos cotovelos, colete preto e os cabelos penteados para trás de sua cabeça. Para completar sua vestimenta, pregado em sua camisa, um broche com o brasão de sua família.
  Faz horas que ele cavalga e, pelo caminho, encontrou de um tudo: do caos de um saqueamento em uma taberna à beira da estrada de barro até a calmaria que se encontra agora, quando não há nada atrapalhando o rapaz. Mas, é claro que não seria assim para sempre.
  O barulho de um cavalo galopando em alta velocidade atiça os sentidos dele, seu olhar aguçado pelos instintos de vampiro faz uma rápida varredura à sua volta, o olhar penetrando as superfícies sólidas e olhando além do que o horizonte mostra, não encontrando nada. Trovão que também percebe algo estranho, galopa ainda mais rápido sem nem mesmo precisar que o mande fazer. O rapaz puxa o ar profundamente e sente o cheiro de sangue bem ao longe. Dando o comando para seu cavalo, ele segue em disparada para uma região onde ele já havia explorado ante, é um pequeno bosque com muitos corredores de árvores altas e algumas pequenas cachoeiras que alimentam o rio que o corta, ele adentra ao local e respira profundamente, mais uma vez o cheiro intenso de sangue misturado com o cheiro do bosque lhe toma as narinas.
  — É ali! — ele diz para si mesmo e conduz Trovão na direção certa.
  Seu olhar avista um cavalo de pelagem branca correndo desgovernado com algo vermelho em cima dele, parece ser uma pessoa, mas ainda não é possível identificar. Angustiado, o rapaz apressa seu cavalo a se aproximar mais do outro desgovernado; ao chegar mais perto, tenta pegar a correia dele, mas não a alcança, deixando-o escapar mais para frente. Dando mais um comando, o rapaz acelera em Trovão e agarra o outro pelo pescoço, puxando-o pela crina para que parasse. Aos poucos, os puxões que leva acabam fazendo o cavalo desacelerar, até que finalmente ele para. desmonta Trovão e afaga rapidamente o cavalo branco que lhe parece um pouco assustado ainda e bastante sujo. Ele examina a figura desacordada no cavalo e puxa uma espécie de capa vermelha que lhe cobre o rosto.
  — É uma mulher... — sussurra ele para si mesmo.
  O rosto de traços leves mostra que se trata de uma linda mulher e ela está bastante ferida. Tem alguns cortes no rosto e mãos e, ele logo nota que há marcas de mordidas em algumas feridas, mordidas feitas por dentes de vampiro. a puxa um pouco, ajeitando seu corpo em cima do cavalo branco e puxa a correia dele para frente o puxando com cuidado para que ele não volte a sair galopando. Ele volta a montar Trovão e cavalga o mais cuidadosamente possível de volta ao seu castelo, ele precisa cuidar das feridas da moça.

[...]

  Ao entrar nas dependências do castelo, pede para que deem água e comida aos cavalos e que levem, escondidos, uma bacia com água morna, panos limpos e comida para seu aposento, enquanto carrega a jovem moça em seus braços, com o rosto escondido pelo capuz de sua capa vermelha. Ele pede a Ren, seu fiel escudeiro e amigo, para que o ajude a passar pelos guardas sem ser percebido; o rapaz sabe que seu pai odiaria saber que há uma mulher desconhecida em sua propriedade.
  — !!!
  A voz estridente de Ken se faz ouvida por metade do castelo.
  — Ele sentiu meu cheiro, inferno — lamenta-se para Ren e completa baixinho: — Leve-a para o meu aposento e não deixe que ninguém a veja, está bem?
  — Sim, milorde .
  Logo, vê Ren sumir escada acima com a moça nos braços. Respirando fundo, ele caminha até o salão principal onde certamente seu pai está, já que passa a maior do tempo lá confabulando maneiras de exterminar os . Ao chegar lá, ele o encontra andando de um lado a outro, bastante irritado.
  — Chamou, meu pai? — a voz do filho faz Ken o encarar e o vê se levantar de sua reverência ao pai.
  — Aonde estava? — ele pergunta, os olhos avermelhados encarando o filho.
  — Cavalgando — mantém a postura ereta e serena, os braços para trás e a expressão a mais calma possível.
  — Você sabe que odeio quando você some cavalgando como um qualquer por aí. Você é um nobre, . Aja como tal! — repreende o homem,
  — Eu não sumi, senhor meu pai, eu estava cavalgando pelos arredores do castelo...
  — Não subestime minha inteligência ou a minha percepção... — Ken se irrita e coça o queixo, controlando a vontade eminente de voar no pescoço do filho e lhe cortar a jugular — Espero que esteja preparado para seu jantar de noivado amanhã.
  — Já conversamos sobre isso, senhor meu pai, e... — é interrompido por um intenso grito.
  — CHEGA! — berra Ken — Não irei discutir o que está em questão, você não é mais criança, , e a sua mãe não está mais aqui para te passar a mão pela cabeça.
  — Não fale da minha mãe! — sibila ele com raiva, o sangue lhe fervendo nas veias e os olhos avermelhando ainda mais.
  A morte da mãe de ainda estava bastante clara em sua memória, o fatídico dia em que ele a perdeu. Ele era apenas um garoto de 12 anos quando presenciou a mãe ser assassinada pelo próprio pai, mesmo que tenha sido sem intenção, aquela cena jamais saiu de sua mente, a mágoa do pai ainda é grande.
  — Você tem obrigações, , você sabe que precisa se casar para firmarmos aliança com os Mori. É importante para o bando, importante para todos...
  — Eu sei, não precisa repetir — ele diz com rispidez. — Estarei nesse jantar. Agora, se me der licença — ele se vira e caminha em direção à saída do salão.
  — Nem pense em fugir...
   ignora a última provocação de seu pai e sobe até seu aposento. O jantar de amanhã será para confirmar o pedido feito por Ken ao líder dos Mori, pedindo sua única filha, Saori, em casamento em nome de . Os Mori são uma família influente do oeste de East Linton, possuem um bando de vampiros fortes e numerosos, excelentes para combates na guerra que está por vir, caso os ânimos continuem exaltados do jeito que estão.
  O rapaz espanta os pensamentos que o irritam, entra em seu aposento e vê alguns empregados cuidando da jovem moça que agora está deitada na cama dele sem sua capa vermelha. Ela usa um longo vestido azul escuro que combina com sua pele clara; a ausência da capa revela também que ela tem outras feridas pelos braços e pescoço, e na altura do vasto busto. Após cuidarem da moça, eles são dispensados com a promessa de não contar nada ao pai de sob a ameaça de decepação de suas cabeças. Mesmo ele sendo um homem gentil, ninguém arriscaria irritá-lo, vide as vezes que o viram lutando contra o próprio pai. Brigas que quase resultaram na morte do mais velho.
  Ren também deixa à sós com a jovem, é fim de tarde e a luz do pôr-do-sol ilumina o aposento deixando um tom alaranjado ali. O rapaz se aproxima da cama e observa a moça dormir serenamente, algo brilhante em seu pescoço chama a atenção dele que se aproxima mais para ver; ao pegar a fina corrente e ver o pingente que há gravado a letra inicial da família da moça, ele se assusta, largando o colar.
  — Uma ... — sussurra ele, assustado.
  Irônico destino. Justamente colocar em seu caminho uma , a família que os mais odeiam. Se soubesse, certamente o pai de a mataria sem pestanejar, isso, sim, desencadearia uma guerra. O rapaz já ouviu falar nela, certamente é a filha mais nova do antigo líder e irmã mais nova do atual líder dos : . Ele ouviu histórias da destreza da moça e de sua tão surpreendente beleza, porém, jamais imaginou que ela fosse tão linda assim. Agora não tem como ver, mas tem curiosidade em confirmar a história de que os olhos dela são claros, contrariando a maioria dos vampiros que, quando adultos, possuem olhos avermelhados de maneira leve ou intensa. Nela não tem isso, pelo menos é o que dizem por aí. Há também boatos sobre a moça ser virgem, assim como há boatos de que ela já havia transado com boa parte dos homens do reino. As pessoas falam, mas não dá para saber o que é realidade e o que é pura fantasia.
  O movimento feito por parece ter despertado a linda vampira, pois, aos poucos, o rapaz pôde ver que as pálpebras dela começam a se mexer, abrindo-se devagar. Ainda sonolenta e cansada, a moça se mexe lentamente na cama macia e, de imediato, estranha o cheiro forte — e gostoso — de algo que não é próprio de seu quarto. Certamente ela não está em casa.
  Dando um salto rápido, sai da cama e pousa com as mãos no chão próxima a , encarando-o.
  — Quem é você?! — diz ela com a voz firme, porém, em seu interior, ela está bastante assustada.
  — Calma, senhorita, eu não lhe farei mal — apressa-se em dizer, erguendo as mãos ao ar em sinal de rendimento.
  — Um !!! — exclama ao enxergar, mesmo de longe, o brasão da família dele pendurado em seu pescoço em forma de pingente — O que estou fazendo aqui? Como me pegou? O que pretende? — num movimento rápido, as unhas de estavam enfiadas no pescoço do rapaz.
  — Calma, senhorita , por favor, me escute — ele diz tentando não se incomodar tanto com as unhas dela impregnadas em seu pescoço, ele sente o sangue escorrer do local. — Eu... por favor, senhorita, deixe-me explicar.
  — Explique — sibila ela.
  — Po-pode afastar um pouco... suas unhas, senhorita, estão me machucando.
  — Oh, perdão... — inicia num tom falso de arrependimento, afasta um pouco suas unhas e mostra suas presas dianteiras, brilhantes e afiadas — Não seja fraco, ! Quer que eu encoste minhas presas ao invés de minhas unhas? Farei isso com prazer.
  Ela ia avançar para morder o pescoço de , porém o rapaz consegue ser mais rápido que ela, agarrando os braços da moça e jogando-os para trás, ele também mostra suas presas que são tão afiadas quanto as dela.
  — Eu não sou fraco, senhorita — apesar de irritado, o semblante dele transparece tranquilidade, contrapondo à fúria mostrada no rosto de , que se sacode nos braços dele.
  — Solte-me! — ordena ela. — O que pretende? Me matar e estourar uma guerra? Pois saiba que o meu irmão não liga para mim, bem capaz de nem saber que eu não estou no castelo... — o tom usado por ela parece um pouco amargurado para , que ignora e diz com tranquilidade:
  — Não pretendo matá-la, senhorita — anuncia e completa: — Na verdade, eu salvei a vossa vida.
  — Salvou? — indaga ela, confusa. — Oh, acho que estou me lembrando... — o semblante dela muda rapidamente para um rosto confuso.
  — Eu encontrei a senhorita e seu cavalo...
  — Linus! Onde ele está? — questiona ela, ainda presa aos braços de sem perceber que ainda está ali.
  — Acalme-se, por favor, ele está no estábulo do castelo, junto com os outros cavalos, ele está sendo bem tratado, não se preocupe. Pedi que o tratassem assim como tratam o Trovão — diz .
  — Trovão?
  — É o nome do meu cavalo.
  — Ah, entendo — a confusão no rosto de ainda é visível, somente agora ela percebe que ainda está muito próxima ao rapaz e logo ela percebe que o cheiro forte que sentiu antes vem dele. — Poderia me soltar?
  — Ah, perdoe-me, senhorita — o rapaz a solta e recolhe as presas, faz o mesmo.
  Recompondo-se, a moça nota que suas feridas pelo corpo estão com curativos, ainda doloridas. Aos poucos, ela recorda-se dos eventos que a levaram a ter tais feridas. Nesse mesmo dia, logo quando os primeiros raios de Sol tomaram conta do horizonte, a moça saiu com Linus, seu fiel cavalo branco que possui desde os 15 anos de idade, para cavalgar como gosta de fazer sempre. Dessa vez, e não muito diferente das outras, saiu para evitar um encontro com seu irmão mais velho. Nos últimos dias, vem a pressionando para casar-se e, o mais irritante para ela, procriar para o bem do bando. Toda essa história de casamento arranjado era um grande disparate na visão dela e inadmissível de se aceitar. Enquanto cavalgava por terras longe do castelo de sua família, passou por locais onde, teoricamente, não deveria passar. Logo foi reconhecida e perseguida por caçadores de recompensas que buscavam a captura da irmã mais nova do líder dos , quem sabe o quanto a família poderia pagar pelo resgate da moça. Eles certamente ficariam ricos. Mas, não contavam com a resistência dela. Obviamente ela não queria ser capturada por ninguém e lutaria até à morte por sua liberdade.
  Depois que iniciou o embate contra os dez homens que tentaram lhe sequestrar, só se lembra de receber muitos golpes de adagas e mordidas de alguns deles – eram vampiros de baixa classe; depois, houve um golpe certeiro que lhe fez desmaiar, já montada em Linus que, espertamente, fugiu com sua dona desacordada em seu dorso, seu sangue sujando a pelagem do animal.
  — Eu sinto muito que isso lhe tenha ocorrido, senhorita — diz , ao fim do depoimento de . Ambos estão sentados nas cadeiras que compõe o aposento do rapaz.
  — Está tudo bem, — responde ela, olhando para a visão que a enorme janela lhe oferece: um lindo pôr-do-sol. — Agradeço por ter me ajudado e ao Linus também.
  — Não há por que agradecer, senhorita — diz, educado. — Sente-se melhor agora? Me parece um pouco preocupada. Quer que eu peça para levarem a senhorita até o vosso castelo...
  — Não! — apressa-se ela a dizer, o que assusta um pouco o rapaz. — Desculpe-me.
  — Tudo bem, senhorita — há algo no olhar, que comprovou ser extremamente claro e lindo, de que faz ele crer que tem mais alguma coisa incomodando a linda moça.
  — Não quero ver o rosto do meu irmão hoje. Não hoje...
  — Há algo que eu...
  — Não se preocupe com isso. É assunto meu e irei resolver — diz num tom irritadiço.
  — Está bem, não irei mais perguntar. Perdão pela insistência...
  — Só o que precisa saber é que o senhor , meu frio e insuportável irmão mais velho, é um idiota, petulante e que só pensa em si mesmo. Egoísta! — desabafa ela e passa as mãos nos cabelos virando o rosto para a janela novamente. De repente, ela ouve o som de uma risada — Você está rindo de mim, ?
  — Oh, perdão, senhorita, não é isso... — ele controla o riso e prossegue: — é que a senhorita me lembra a mim mesmo.
  — Como assim?
  — Quando diz tais coisas de vosso irmão, esse fato me lembra quando eu descrevo o meu próprio pai — ele explica.
  — Vosso pai também é assim? — indaga ela, curiosa.
  — Certamente ele é pior — ele solta uma risada nervosa e amargurada, lembra-se, por instantes, do dia da morte de sua mãe.
  — Perdão, esse assunto deixou-lhe triste...
  — Não, não me importo. Eu... apenas me lembrei de alguém muito importante para mim que já não está mais aqui.
  — Sinto muito, ...
  — Chame-me de , por favor — diz o rapaz, forçando um sorriso amigável.
  — Está bem, ... — ela observa o semblante dele e tenta associar à figura tenebrosa que ouviu falar que ele era. — Você é diferente do que dizem por aí.
  — Sério? Não sei se fico lisonjeado ou ofendido — ele ri naturalmente e também solta uma risada genuína.
  — Depende do ponto de vista — ele faz uma cara confusa. — Por exemplo, ouvi falar que você era um vampiro muito bruto e sanguinário. Pelo que vi até agora, não creio nisso — explica.
  — Sanguinário eu não sou, de fato. Porém, bruto... bom, eu também não sou — eles riem novamente. — A senhorita também não é como eu ouvi falar que era...
  — Chame-me apenas de , — ouvir a moça pronunciar seu nome deixa o rapaz estranhamente arrepiado.
  — — na outra cadeira, o mesmo efeito é sentido pela moça que se mexe ajeitando o corpo.
  — Como, como dizem que eu sou? — questiona encarando o rapaz com seus olhos acastanhados, muito claros.
  — Sinto vergonha de dizer, ...
  — Apenas diga.
  — É que dizem que você é... bem, dizem que você... — ele enrola para dizer e perde a paciência.
  — Diz, ! — brada a moça.
  — Dizem que você já se deitou com todos os homens do reino — revela ele e vê a expressão de horror e indignação crescer no rosto dela. — Mas dizem também que você ainda não se deitou com ninguém. Dizem muitas besteiras, não ligue para isso...
  — Você acredita nesses disparates?! — a voz dela sai quase num grito.
  — Não, , eu não acredito em nada do que dizem sobre você. Apenas que... — ele para por um instante e se perde no olhar dela — apenas que você é muito bonita — de repente, o rosto de esquenta e certamente está vermelho.
  — Agradeço — ela diz e vira o rosto para o lado novamente, faz o mesmo.
  A presença e o cheiro de deixam estranhamente incomodada, porém, ela gosta de estar na presença dele, a deixa tranquila; mesmo apenas o conhecendo há algumas horas. Definitivamente, não é como o pintam por aí. Ele é um homem calmo, meigo e educado; pelo pouco que viu, confirma que ele é muito bom em combate. Já , acha que é além daquilo que dizem sobre ela. Além de linda, astuta, inteligente e não aceita as imposições alheias, é uma excelente lutadora, muito forte. Mesmo que o rapaz a tenha dominado mais cedo com certa facilidade, ela resistiu bravamente e ele teve que usar muita força para mantê-la em seus braços.
  Após algumas horas, e conversaram e comeram o jantar levado por um dos empregados a pedido do rapaz até seu aposento.
  Dali em diante, nasceria uma bela amizade.

— Parte II – Consequências —

  Assim que amanheceu, o líder dos notou a ausência de sua irmã em seu aposento. Faz horas que ele mandou seus cavaleiros procurarem por ela. A grande preocupação do jovem líder é que informaram ter visto a moça ser perseguida por caçadores de recompensas na tarde de ontem, apesar de rígido com ela, ele presa por seu bem-estar.
  — Notícias de vossa irmã, meu marido? — indaga Aimi, esposa de , ao adentrar o salão principal do castelo dos e se aproximar do marido.
  — Não — ele responde de maneira seca, sentado em seu trono olhando para um ponto fixo e aleatório do salão
  Aimi não diz mais nada e aguarda sentada em sua cadeira ao lado dele, um pouco mais para trás. De repente, o líder dos cavaleiros de invade o salão, seguido por alguns de seus homens. Após fazer uma breve e respeitosa reverência ao seu líder, o homem se pronuncia.
  — Milorde, vossa irmã foi avistada hoje mais cedo, senhor — o olhar de ergue-se e encara o cavaleiro aguardando pela continuação de sua fala.
  — Aonde?
  — Em terras próximas daqui, milorde, e… — o homem hesita a falar, sabe bem qual será a reação de seu líder e teme pela vida de todos, principalmente pela de .
  — Fale de uma vez!!! — berra , super irritado, fazendo o cavaleiro saltar no próprio corpo.
  — Ela foi vista acompanhada de um rapaz, milorde — ele diz, finalmente, e vê erguer o corpo e levantar-se devagar, ainda fuzilando o jovem com seus penetrantes e temidos olhos que misturam um tom castanho e vermelho.
  — Quem? — sibila o homem já de pé e andando na direção do cavaleiro.
  — E-Eu não sei, milorde , não foi informado — a voz dele sai tremida, revelando seu medo.
  — Como não sabe? — saltando rapidamente, o chega até o rapaz, erguendo-o pelo uniforme de cavaleiro — A minha irmã passeia por aí com um desconhecido e você, como líder dos meus cavaleiros, não procura ao mínimo saber quem ele é?! Não seja tão incompetente, rapaz! — brada o homem, as presas à mostra, o que deixa o rapaz extremamente amedrontado.
  — Meu marido, acalma-se — Aimi diz, aproximando-se de com cautela.
  — Terei que lhe ensinar uma lição… — com os olhos cintilando raiva, ergue-o ainda mais e, quando está prestes a arremessá-lo para longe, ouve uma voz conhecida.
  — Para que esse escândalo, meu irmão?
  O olhar frio de recai sobre a figura de sua irmã na entrada do salão. caminha calmamente pelo longo caminho até onde seu irmão está; larga o temeroso cavaleiro no chão, o olhar ainda fixo em .
  — Onde estava, ? — sibila o mais velho e caminha na direção dela.
  — Como passou a noite, meu irmão? Me parece angustiado — provoca mantendo o olhar nos olhos dele.
  — Não me provoque, … — a moça dá de ombros e solta uma risada.
  — Nossa, como você está azedo, meu irmão…
  — Onde você estava?! — berra ele, explodindo sua raiva — e com quem? — essa pergunta faz parar e tremer. Será que ele sabe sobre ?
  — Com o Linus, ora essa… — ela diz, disfarçando.
  — Mentira! Eu sei que estava na companhia de um homem, quem era, ?! — finalmente alcança a irmã e a segura com força pelo braço.
  Ela nada diz, apenas encara o irmão sabendo que ele já percebera sua mentira. Enquanto pensa em uma desculpa, a voz de seu outro irmão invade o salão.
  — Ela estava com um ! — revela adentrando o salão a passos firmes e com raiva.
  — O QUÊ!? — espanta-se e aperta ainda mais o braço de — Com um ? Você quer me destruir, sua insolente! — com muita raiva, ele a empurra com força no chão.
  — Não há necessidade disso, — diz , se aproximando e pondo-se à frente de , que ainda está no chão ofegante de medo e raiva do irmão.
  — Saia da frente, — o peito de arfava do ódio que lhe consumia. Sua irmã com um é o fim dos tempos!
  — Não seja inconsequente, meu irmão.
  — Você me falando isso? Ponha-se em seu lugar. Eu sou o líder dessa família! — grita e empurra o irmão que não se abala, mantendo-se na mesma posição.
  — Ela estava sim com um , isso é sim inadmissível, mas você não vê que ela está ferida? — tenta argumentar e levantar-se e, só então, nota os curativos por todo o corpo da irmã — , vá para seu aposento, por favor, preciso falar com nosso líder — pede à irmã.
  — Não vai a lugar algum! — voltando ao seu estado incontrolável, passa por e volta a agarrar com força o braço de .
  — Está me machucando, — diz ela, o chamando pelo nome, o medo da fúria do mais velho crescendo dentro de si.
  — Solte-a, ! — ordena e puxa o irmão pelo ombro, recebendo um tapão muito forte que o faz ser alçado ao ar e arremessado para longe.
  — ! — grita , assustada.
  — Você está proibida de sair, está me ouvindo?! — sibila e arrasta a moça para fora do salão.
  — , solte-a! — grita , mas é ignorado.
  O mais velho sai arrastando a relutante e amedrontada irmã pelos corredores do castelo, sobe as escadas com ela atrás de si, como se tivesse levando um saco cheio de legumes. Ao longe, os gritos de são ouvidos e ainda ignorados. De perto, os gritos de suplicando por piedade e por um minuto de explicação também são ignorados. Ela só quer explicar que o encontro com não foi proposital, que ela não o conhecia e que ela não fez isso para prejudicar o irmão e muito menos o seu bando. Ela não tem culpa nessa história. Mas a fúria de é tanta que ele não quis ouvir e leva para a torre mais alta de única saída e entrada do castelo, trancando-a lá até a segunda ordem. Ele manda dois guardas vigiarem a porta e mandará empregados levarem água e comido para ela, eventualmente, mas de lá ela não sairá até que ele queira.

[...]

  Gritos e acusações são feitas para assim que ele volta para o castelo de sua família, onde é recebido rudemente por seu pai.
  — Você finalmente quer que eu te mate, seu moleque?! — brada Ken para o filho, ambos se encarando ainda de longe no salão principal do castelo.
  — Eu não sei o porquê desse ódio todo, meu pai. Não faz sentido para mim.
  — Você não tem que entender, garoto! Não me desobedeça!!!
  — Não dá para conversar com o senhor…
  — Como ousa trazer aquela mulher para o meu castelo?!
  — Não fale dela nesse tom — irrita-se .
  — Não a defenda! Ela é uma !
  — Cale-se! Já estou farto dessa briga infantil e sem sentido! — diz .
  — E eu estou farto de você, ! Inadmissível qualquer tipo de relação com qualquer um daquela família. Passaste de todos os limites!!! — Ken vira o corpo e vai saindo do salão.
  — Aonde vai?
  — Mandar avisarem que irá sim se casar dentro de um mês.
  — Um mês? — espanta-se .
  — Sim! Não há necessidade de um noivado longo. Você se casará e ponto final.
  Dito isso, Ken sai do salão ignorando os berros revoltados do filho que não se conforma com seu destino. A mente dele não consegue compreender o motivo de tanta raiva, tanto ódio nutrido pelos , quando se há alguém tão doce e especial como a .
  Ele jamais entenderá essa rivalidade.
  Jamais.

[...]

   está há horas trancada no único aposento que forma aquela torre. Sozinha, cansada e, principalmente, irritada e preocupada. O fato de conhecer perfeitamente o irmão a leva a crer que corre perigo e isso só a irrita ainda mais. Toda essa situação a faz lembrar-se do terror pessoal que viveu há dois anos, em uma situação parecida com essa. tinha um grande amor, um lindo vampiro de família também nobre, mas que não era aprovado por para relacionar-se com sua irmã. Certamente que houve resistência por parte do casal. Durante meses, e Hayato se encontraram sem que ninguém soubesse, até o fatídico dia em que a seguiu e flagrou os dois aos beijos. Furioso com tamanha petulância, o mais velho atacou Hayato, eles lutaram, se intrometeu na luta e, para salvar sua amada de um fatal golpe de , Hayato sacrificou-se recebendo o golpe em sua jugular. Desesperada, lutou contra o próprio irmão e quase o matou, se não fosse por ter intervido, ambos estariam mortos.
  Ontem, fez dois anos desse acontecimento.
  A jovem vampira solta um longo suspiro de saudade de seu querido Hayato e espanta tais pensamentos que sempre a deixam triste e com ainda mais raiva do irmão mais velho.
  O barulho de vozes vindas do lado de fora do aposento chama a atenção de , que observa atentamente o vozerio.
  — Abra, cavaleiro, exijo ver a minha irmã — a voz de é reconhecida de imediato por ela.
  — Perdoe-nos, milorde , são ordens de vosso irmão que não deixemos ninguém entrar — diz um dos guardas.
  — Está me chamando de ninguém? — sibila , os olhos ficam mais avermelhados que de costume.
  — Jamais, milorde! — apressa-se o guarda — Mas, é que…
  — Eu também sou dono deste castelo e também herdeiro da liderança da família. Quer mesmo me desafiar? — ameaça ele.
  Os guardas trocam olhares temerosos um com o outro; a fúria de , pela demora, cresce dentro dele, mas, antes que o homem avançasse em ódio para cima dos guardas, um deles abre a porta do aposento, revelando parte de seu interior.
  Antes de entrar, lança um olhar aterrorizante para os guardas que sentem o corpo gelar de medo. Ao ouvir a porta se fechar, o homem desmancha sua feição de raiva, voltando a corriqueira zombaria misturada ao seu charme natural.
  — Como vai, minha irmã? — indaga enquanto caminha pelo aposento mediano se comparado ao que é de fato dela.
  — Viva — ela diz, simplesmente, e volta seu olhar para a janela, sentada no parapeito.
  — Vejo que está mais corada. Como estão suas feridas? — ele chega mais perto dela e para à frente da janela, observando a paisagem.
  — Cicatrizando — diz e se irrita.
  — Está monossílaba, … Você sabe que odeio quando…
  — Sei.
  — Pare com isso!!! — brada e solta uma risada divertida. — Está fazendo de propósito, não está? — finalmente entende a brincadeira dela.
  — Você quase não cai em minhas brincadeiras, meu irmão. Eu não resisti! — confessa ela aos risos.
  — Tola — ri de leve e senta-se de frente para a irmã, também encostado na lateral da janela. — Você está realmente bem? — ele usa um tom preocupado que faz encará-lo.
  — Achei que também estivesse com raiva de mim.
  — E estou — diz ele — Porém, quero seu bem-estar, minha irmã — completa ele.
  — Eu estou bem — responde e volta a olhar o horizonte, sentindo o vento bagunçar seus cabelos.
  — Soube que foi atacada ontem e…
  — … — o homem para de falar e espera a fala dela, que não vem.
  — Aquele te ajudou?
  — Devo minha vida a ele! — diz , de repente, encarando com a voz trêmula e o olhar emocionado — E eu já sei o que vai falar sobre essa rivalidade descabida.
  — Não fale assim, minha irmã…
  — O motivo é muito irrelevante e tolo para ser verdade.
  A lenda contada pelas estalagens e tabernas do reino dizia que a rivalidade entre os e os havia começado antes mesmo de haver um grande reino. Quando as famílias vampiras viviam em harmonia em pequenas vilas nessa mesma região ao norte da Escócia, dois ancestrais dos e eram amigos, dois rapazes que faziam tudo juntos. Um dia, o herdeiro dos estava pretendido a casar-se com uma linda jovem de uma família também amiga, mas, o que ele não sabia, era que seu melhor amigo havia se apaixonado por essa jovem e pretendia fugir com ela. Quando descobriu tudo, no dia da fuga dos dois, o herdeiro entrou em conflito com seu melhor amigo, o herdeiro , que naquele momento estava morto para ele só por cogitar fugir com sua noiva, essa traição ele não perdoaria. Eles lutaram assistidos pela jovem moça que, desesperada, tentou apartar a briga, mas acabou sendo atingida mortalmente por um golpe de um deles. Até hoje não se sabe qual dos dois cometeu tal ato, mas, o que se sabe, é que eles ficaram desesperados pela morte da moça e, enlouquecidos, lutaram até um matar o outro.
   solta um longo suspiro, cansado. Nem ele mesmo tem argumentos que refutem os de sua irmã, no seu íntimo interior, ele concorda com ela.
  — O não é…
  — ? — ele diz com surpresa — Vejo que já está íntima dele com apenas uma noite — o olhar de fica fixo na irmã que lhe devolve o mesmo olhar.
  — Que mal há em ser grata a um homem que salvou a minha vida? Não sei o que aconteceria caso ele não me encontrasse.
  — Sei disso, e o agradeço, mas…
  — Se vier com o discurso de “ele é um ”, é melhor sair, — diz ela franzindo a testa com raiva.
  — Eu não ia dizer isso — rebate ele com tranquilidade.
  — O que ia dizer, então? — desarma sua defesa momentaneamente para ouvi-lo.
  — Você mal o conhece, .
  — Nós dois trocamos profundas confissões durante a madrugada…
  — Conversaram a noite toda? — espanta-se o mais velho.
  — Sim. Ele me lembrou o… — ela para de falar, deixando morrer a alegria em seu rosto.
  — O Hayato?
  Aquele nome. O nome do seu grande amor que lhe foi tirado tão arbitrariamente, tão brutalmente. sente o coração doer assim como dói desde que Hayato se foi; os olhos dele que a encararam com amor antes de dar seu último suspiro ainda estão presentes, vívidos em sua memória.
  — Perdoe-me por falar dele, minha irmã — diz vendo que o assunto não a deixa confortável.
  — Está tudo bem, meu irmão…
   percebe que a irmã tem o mesmo olhar brilhante e feliz que tinha quando Hayato era vivo. Quando o viu, o rapaz teve a certeza de que havia se apaixonado por da mesma maneira que ela havia se apaixonado por Hayato. E, possivelmente, o jovem havia se apaixonado por ela. Certamente, o fato dele ter cuidado dos ferimentos dela e não ter a matado já são indícios de que ele não é um vampiro desprezível, assim como boa parte de sua família.
  Partindo desse fato é que toma uma importante decisão.

— Parte III – Caos —

  Mais uma imposição de seu tirano pai, mas uma vez deixa irritado o suficiente para não conseguir se manter sob o mesmo teto que ele, apesar da grandeza do castelo dos . Trovão, seu fiel cavalo, o conduz por mais uma aventura a destravar as terras ao norte de East Linton, Escócia. Sentindo o vento lhe tocar a pele do rosto, o homem faz seu cavalo aumentar mais a velocidade, cortando o ar com precisão, sentindo a liberdade percorrer cada músculo de seu corpo. Ele nem percebe quando chega ao bosque que há mais ao leste, após adentrar o local, ele resolve parar para pensar um pouco, deixando Trovão à beira do rio para que bebesse um pouco d’água. O rapaz retira parte de sua roupa, incluindo suas botas e adentra no rio, banhando-se para colocar os pensamentos em ordem. É óbvio que ele não quer casar-se com uma mulher que nunca sequer viu na vida, nem ao menos trocou duas palavras. Romântico do jeito que é, quer se casar apenas se houver uma conexão com a pessoa, algo genuíno, natural, algo que ele nunca sentira por ninguém, mas…
  
  Ah, a astuta e bela vampira que ele conhecera ontem e que lhe despertou sensações confusas para , coisas que ele julga gostosas de sentir e que lhe despertam gana por mais disso, ele quer muito mais.
  Emergindo o corpo para a superfície do rio, joga os cabelos molhados para trás e percebe que tem outro par de olhos observando-o, além de trovão.
  — Quem está aí? — indaga ele, desconfiado e sentindo o cheiro de um desconhecido misturado ao cheiro da .
  Espera, cheiro da ?
  — Quem está aí?! — repete ele mais energicamente, pronto para atacar quem quer que fosse.
  De repente, salta para fora da água, o peito arfando com a adrenalina do inesperado, os olhos e ouvidos atentos a qualquer movimento. E esse movimento veio, o que revela a figura daquele que o observava.
  O movimento feito pelo homem logo revela a sua natureza de vampiro, ele salta com as presas à mostra, os braços abertos prontos para atacar com voracidade; se arma para se defender, também pondo para fora suas presas e erguendo os braços. O primeiro golpe é recebido por ele que faz uma careta de dor ao ser atingido no braço pelas unhas do outro vampiro que engatou uma sequência de golpes cada um mais forte que o outro. Irritado e com dor, revida, também golpeando com suas mãos e uma rasteira que derruba o homem. Ao se levantar, o vampiro tenta morder , mas este se defende dando-lhe um tapa. De repente, o cheiro dela o distrai.
  — Por que está com o cheiro dela? Por quê?! — diz referindo-se ao cheiro forte que o outro homem tem de em seu corpo — Responda!
  — De quem está falando, ?! — sibila o outro e salta para longe de , puxa o ar para os pulmões, arfando pela adrenalina da luta.
  — A ! Por que está com o cheiro dela? — diz encarando com raiva o outro.
  — Ah, então está sentindo o cheiro dela? Interessante tu saberes como é o cheiro da … — o homem ri, debochado. O sorriso arteiro dele deixa ainda mais irritado.
  — Responda o que eu te perguntei ou serei obrigado a te arrancar uma resposta — ameaça o .
  — Hm, que audacioso você, — brinca ele.
  — Você me conhece?
  O outro ri.
  — Você é herdeiro, príncipe de uma das maiores, apesar de eu discordar, famílias do reino. Como acha que eu não te conheceria? Não seja tão inocente — responde o rapaz erguendo o corpo e ajeitando a roupa, sem tirar o olhar de seu inimigo.
  — Ainda não respondeu a minha pergunta…
  — A me contou sobre você, mas não me disse que era tão tolo assim — brinca o outro, rindo em seguida. franze a testa.
  — Então você é íntimo dela? Por quê? De onde a conhece? — dispara ele a perguntar e completa: — Afaste-se dela! — ameaça.
  — Presunçoso você, — ele limpa o sangue que lhe escorre do braço ferido, voltando a abaixar a manga de seu casaco. — Realmente você não consegue perceber o que está havendo aqui?
  — Como assim?
  — Não está nem vendo o meu rosto direito! Veja, eu te darei alguns minutos para analisar o meu rosto e concluir de onde eu conheço a .
  O homem aponta para o próprio rosto e faz uma pose teatral para que revira o olhar, entediado e irritado. Olhando bem para o homem à sua frente, ele não consegue ver o que há no rosto dele que possa lhe levar à resposta de sua pergunta. De onde será que ele conhece a ?
  Espera!
  — Vocês se parecem… — conclui e o outro bate palmas, dando saltinhos no mesmo lugar em comemoração. — Vocês são…
  — Somos irmãos, seu idiota! — o outro ri da lerdeza de — Finalmente percebeu! — ele passa as mãos nos cabelos, jogando-os para trás.
  — Você é o… — a voz trêmula de faz o outro soltar uma risada abafada.
  — Não, eu não sou o , se é isso que quer saber — ele diz e completa: — Sou , o irmão do meio da família, o mais bonito e o menos sistemático.
  — ... A falou de mim para você?
  — Claro! Somos irmãos confidentes, ela conta para mim coisas que jamais contaria ao autoritário do por motivos óbvios — explica . parece mais tranquilo agora e desarma sua defesa, o faz o mesmo.
  — Entendo. Acho que veio até aqui saber de minhas intenções com vossa irmã...
   ri.
  — Ah, não, nem comece com tal discurso diplomático e entediante! — diz ele. — Como disse: não sou o meu irmão. E, não sou burro, eu estou vendo que suas intenções com minha irmã são as melhores. Fique tranquilo.
  — Sério? Oh... — espanta-se , muito surpreso com a tranquilidade de .
  — Enfim, eu vim aqui te encontrar justamente para isso. Vim te dar um recado de minha irmã.
  — Da ...
  — Eu não tenho outra irmã... — brinca e ri. — Você precisa rir mais, . Eis muito sério.
  — Eu rio sim... — ele diz, inocente e solta uma gargalhada.
  — Deixa para lá, . O importante é o recado de minha irmã.
  — Ah, diga-me, por favor.
  — Meu autoritário irmão, que se acha dono de todos que moram dentro daquele castelo, quiçá do reino, descobriu que você e minha irmã se encontraram ontem. Bom, na verdade, eu mesmo contei.
  — Você nos viu juntos?
  — Assim que pararam na colina antes de chegar ao nosso castelo — explica .
  — Entendo... E certamente vosso irmão ficou furioso quando soube.
  — Obviamente sim.
   solta um suspiro cansado.
  — Ele trancou a numa das torres do castelo — diz , de repente, fazendo virar seu olhar para ele.
  — O quê? Ele não pode fazer isso! Que disparate! — irrita-se ele.
  — Eu concordo com você, mas, eu infelizmente não tenho voz naquele castelo e muito menos na família.
  — Como a está? — o tom preocupado de só confirma a conclusão óbvia que teve sobre o rapaz.
  — Entediada, irritada e com medo.
  — Medo? O que vosso irmão fez a ela?
  — Contra ela, nada. Mas, ela teme pela sua vida.
  — Por mim?
  — Não é óbvio? Meu irmão já mandou vigiarem a minha irmã e a trancou numa torre, além, claro, de mandar cavaleiros atrás de você. Justamente por isso que vim te avisar.
  — Agradeço vossa preocupação, mas eu não compreendo o que deseja de verdade.
  — Eu amo a minha irmã — inicia , soltando um suspiro. — Ela é tudo que me restou após a morte de meus pais. Meu irmão, depois que virou líder da família, entregou-se à ganância e a cegueira do cargo. Só pensa na expansão do bando, em alianças para fortalecer a todos, ele não é mais o mesmo — o tom amargurado de lembra a ele mesmo. — A é o meu refúgio e único motivo pelo qual eu ainda estou naquele castelo: para protegê-la das loucuras do .
  — Vosso irmão é tão louco assim?
  — Você deve ter ouvido as coisas inconsequentes que ele fez, certamente. Não são nem uma parte do que ele já tentou fazer contra mim ou minha irmã. Claro que eu nunca o deixei atacar minha irmã, exceto quando... — para de fala, sente que não devia entrar nesse assunto.
  — Quando? — indaga , curioso.
  — Tal assunto não é da minha conta, é íntimo demais para que eu compartilhe. Creio que, se minha irmã gosta de você como eu percebi que gosta, ela mesma lhe contará.
   concorda e começa a pensar em como está passando por tudo isso sozinha e trancada naquele castelo sob à tirania do irmão mais velho. explica a que entende a relação repentina dele com a irmã e que pretende ajuda-los a se verem. Mesmo estando temeroso com a situação, o aceita a ajuda e marca o primeiro encontro que seria daqui há duas luas no primeiro lugar onde eles se conheceram, saberia onde é.
  Cúmplice, concorda e volta ao castelo para contar a novidade para a irmã, ao chegar lá ele é recepcionado por uma movimentação estranha do exército de cavaleiros do irmão. Ao perguntar a um deles o que está havendo, recebe a bomba.
  — Os inimigos do sul declararam guerra contra nós, milorde . Vosso irmão ordenou um ataque expresso e imediato. Com licença, milorde.
  Quando o rapaz se afasta de , ele entra correndo ao castelo a procura de , mas não o encontra. Então, vai até a torre onde sua irmã está trancada. Após contar-lhe tudo o que está acontecendo, inclusive sobre o encontro com , ele se despede da irmã e pede para que ela não tente fugir, pois há uma guerra lá fora e ele não quer que ela se machuque.
   acha toda essa briga entre as famílias tola e é a mesma opinião de , mas, ele não pode fazer nada além de ajudar o seu bando. Sendo assim, ele se arma e vai à frente de batalha.

[...]

  Duas noites se passam.
  A primeira batalha da guerra entre os dois maiores bandos de vampiros do reino teve um fim, com uma vitória parcial do grupo do Norte, liderado por . voltou para o castelo ferido e foi cuidado pela irmã que conseguiu convencer os guardas a deixa-la sair de noite para ver o irmão em seu aposento. ficou tão concentrado em traçar uma nova estratégia de batalha que nem se deu ao trabalho de mandar cuidarem de seu irmão, ele nem se importou em saber como está.
  O encontro com havia sido adiado por ele por motivos óbvios da batalha que ocorrera, mas é remarcado para dois dias após. Com a recuperação rápida de e a falta de atenção de em relação aos irmãos, convence os guardas a deixa-la sair do castelo sobre a condição deles irem junto para vigia-la. A desculpa dada a eles foi que sabia da saída da irmã, mas obviamente é uma mentira.
  O passeio está agradável, a brisa das terras ao leste do reino e ao leste do castelo dos . Sem questionar, os dois cavaleiros acompanham seus senhores com atenção, até o momento em que cria uma situação para a fuga da irmã.
  — Olhem só que linda essa vampira! Nossa! Não acham? — diz , de repente, prende o riso já sabendo que não havia nenhuma vampira por perto além dela mesma.
  — Não estamos vendo, milorde — responde um dele, tentando enxergar de onde vinha tal visão.
  — Ah, me esqueço de que não são tão evoluídos assim — lamenta-se — Lá ao fundo — ele aponta para as terras longínquas de onde só se pode ver, a olho nu, uma montanha —, nas montanhas, há três lindas vampiras banhando-se no rio que há ao lado.
  — Sério, milorde? — indaga o guarda, curioso e sedento.
  — Sim — diz ele, simplesmente e completa: — Querem ir lá? Não contarei ao meu irmão.
  — Não é certo, milorde.
  — Não sejam covardes! Vão logo, isso é uma ordem!
  Lançando um olhar repreensivo para os cavaleiros, ordena que eles vão atrás das tais vampiras. Obedientes e temendo uma reação adversa do lorde para qual servem, ambos os guardas vão a cavalo na direção indicada por .
  — És impossível, meu irmão — ri, assim que os guardas se afastam suficiente.
  — Tudo isso para que você veja o seu querido . Espero não me arrepender disso, minha irmã — ele diz com o olhar suspenso e completa: — Ele já deve estar lhe esperando. Ande, vá!
  — Obrigada, meu irmão. Amo-te — dá um beijo no rosto de que logo revira o olhar, mas exibe um sorriso tímido de canto.
  Sem perder mais tempo, monta em Linus e vai ao encontro de . Não demora muito para que ela chegue até o bosque, adentrando o mesmo em alta velocidade, só parando quando sente o cheiro de mais à frente, próximo ao rio. Exatamente no mesmo lugar onde eles se conheceram mesmo que, na ocasião, estivesse desacordada, o cheiro do rapaz foi a primeira coisa que aspirou inconscientemente.
  — ... — diz ela, ao se aproximar do rapaz. Ao virar-se para , ele corre ao seu encontro.
  — Eu estava preocupado — abraçando com força e proteção, a carrega um pouco, aspirando seu perfume, o doce aroma que vem dela. — Como você está?
  — Estou bem e você? Soube que o vosso castelo foi atacado ontem à noite...
  — Eu não estava visível aos atacantes. Mas alguns guardas morreram em combate.
  — Eu sinto muito... Essa guerra é tão...
  — Injusta — ele completa a fala dela.
  — E sem sentido — os olhos claros de cintilavam de medo ao olhar para . Ele só quis retirar todo esse medo dela, imediatamente. — Eu tenho medo de...
  — Eu estou aqui — ele diz e põe a mão no rosto dela. — Eu não irei morrer.
  — Meu irmão está louco para te matar, . Ele disse isso na minha frente, não descansará até vê-lo morto!
  — Hey — ele põe a outra mão no rosto de com firmeza, transmitindo-lhe calma —, eu não irei morrer. Não deixarei que ele me mate, ele terá que me vencer primeiro — ele diz, corajoso.
  — Ele é implacável, ...
  — Eu posso ser mais. Por você eu posso ser mais implacável e vencê-lo, .
  As palavras de dão a um tom de esperança de que possa haver uma solução sem que ninguém morra no final. Porém, segundos depois, ela recorda-se de que com o irmão não há conversa. é realmente implacável e com ele não há negociação.
  Ainda pensando nisso, distrai-se e não percebe a aproximação dos lábios de que logo tocam os delas. Surpresa, ela hesita por pouco tempo antes de fechar os olhos e render-se ao beijo quente e saboroso do rapaz. Intensamente, acelera o ritmo do beijo e, pela primeira vez em toda sua vida, ele sente-se vivo de verdade, sente-se amado novamente, sente-se amando alguém novamente. Alguém que teoricamente é o inimigo, mas que ele não consegue enxergar assim. Por anos, foi ensinado de que os eram uma família a se exterminar, mas nesse momento, quando está ali abraçado ao corpo de , beijando-a, o desejo dele não é exterminá-la e sim tomá-la em luxúria, beijá-la de maneira profunda até que ambos percam o ar.
  E é justamente isso que ele faz.

[...]

  Alguns dias depois...

  A aparente tranquilidade de ambos os lados da guerra entre bandos não convencia de que tudo está bem. anda muito calado, mais que o normal, e isso a preocupa. Nem mesmo Aimi, que confidencia coisas sobre o marido a , quando ele não está por perto, sabe sobre o que se passa na cabeça sombria do homem. Os encontros com estão mais frequentes, havia liberado ela da prisão na torre, porém ela só pode sair se for acompanhada, de preferência por , em que ele confia.
  Hoje, marcou um novo encontro com , no mesmo lugar de sempre, é o lugar deles: o bosque ao leste. Naquele primeiro encontro houve também a primeira vez em eles se entregaram aos prazeres carnais com alguém, um com o outro, dentro do rio. não contou para ninguém o que ocorrera, nem mesmo ao seu irmão . Apenas ela e sabem, mas havia algo importante que ela tinha que contar para e não poderia passar de hoje.
  — Que bom poder te abraçar agora — a jovem vampira diz abraçada a , aspirando seu forte e delicioso cheiro, aninhada em seu abraço sente-se segura em meio ao caos vivido por todos.
  — Eu precisava do seu abraço hoje — ele diz num tom de pesar. afasta-se dele e o encara.
  — Aconteceu algo?
  — O castelo dos Mori foi atacado ontem à noite por um grupo de cavaleiros do norte — diz o rapaz e completa: — Não houve nenhum sobrevivente.
  — Eu sinto muito, ...
  Saori Mori era a prometida noiva de . Quando soube do noivado do rapaz, ficou enciumada com o fato, apesar dele lhe garantir que nunca sequer falou com a moça e que era a única habitante em seu coração. Apesar de não gostar de Saori, a notícia da morte da jovem deixa sentida, afinal de contas a moça não tinha nada a ver com essa guerra e, muito menos, com o acordo de casamento feito.
  — Eu também sinto muito, ela era tão inocente quanto nós — volta a dizer usando o mesmo tom entristecido de antes. Mesmo sem conhecer Saori, ele sentia a morte da moça.
  — Certamente que sim — diz e segura o rosto de , dando um beijo carinhoso em sua testa. — Eu espero que tudo fique bem, essa guerra precisa ter um fim.
  — Eu não vejo um horizonte próspero com o meu pai e vosso irmão no comando dos exércitos — ele diz e a expressão de se enrijece, inevitavelmente. — Perdoe-me por dizer isso.
  — Está tudo bem, o meu irmão é um tirano implacável.
  — E o meu pai não fica atrás nessa história.
  — Eu queria pelo menos ver um futuro melhor, algo melhor para a próxima geração... — fica pensativa, ainda abraçada a que franze a testa ao ouvi-la falar daquela forma.
  — Há algo que queira me contar? Me pareceu aflita quando eu cheguei — indaga o rapaz com seriedade.
  — Sim...
  — Apenas diga...
  — Eu... , eu tive um grande amor no passado que foi morto pelo meu irmão, ele se sacrificou para me salvar — revela com a voz embargada.
  — O quê? — espanta-se o rapaz, por isso ele não esperava ouvir — O que quer dizer com salvou a sua vida? Seu irmão ia...
  — Hayato era de família amiga da nossa — inicia e presta atenção em tudo que ela fala —, porém não aprovava nosso relacionamento, ele nem queria que eu o visse. Um dia, ele nos flagrou nos beijando nas montanhas próximas ao castelo dos Ito, família dele. ficou enlouquecido e lutou com Hayato, ele estava em desvantagem e iria morrer, eu precisava fazer alguma coisa e foi então que... — o coração de parece diminuir de tamanho e apertar-se dentro de seu peito — ia mata-lo, então eu intervi. Quando meu irmão ia me atingir, Hayato se pôs à frente e... o olhar dele me encarando foi a última imagem que eu vi antes de ser arrastada pelo meu irmão para longe dali — ela finaliza seu depoimento muito emocionada.
  — Eu sinto muito, meu amor... — aninha em seu abraço, com carinho e conforto.
  — Eu tanto medo que isso volte a se repetir, — ela volta a falar e aperta as costas dele. — O meu irmão...
  — Ele não fará nada, eu não vou me render aos desejos dele. Certamente ele quer sim me matar, mas eu não serei vencido tão facilmente, . Eu sou forte.
  — Vamos fugir! — ela diz, de repente.
  — Para onde?
  — Eu não sei, mas vamos fugir... precisamos fugir, ainda mais agora que...
  — Que o quê?
   não tem coragem de dizer em voz alta e então chega sua boca próxima ao ouvido de e conta o que a levou até esse encontro tão urgente. Antes mesmo dele ter qualquer tipo de reação, o casal é surpreendido por uma voz fria e ameaçadora.
  — !
  O berro estridente de atinge de maneira devastadora. O líder dos vem montado em seu cavalo, a figura fria e imponente do homem se aproxima e se põe instintivamente à frente de , protegendo-a com seu corpo. desce de seu cavalo, ainda encarando o casal com muita raiva emanando dele. Sua áurea sombria e ameaçadora não intimida , é a primeira vez que ele se encontra com o homem e tenta não se deixar amedrontar.
  — ! — espanta-se .
  — O que pensa que está fazendo aqui com ele? — sibila caminhando de maneira flutuante até próximo ao casal que, eventualmente, dá pequenos passos para trás.
  — , por favor, me escute...
  — Escutar? Por que eu escutaria você, ? Logo você que nunca me obedeceu, a mais teimosa da família, a mais ingrata e a que mais me dá trabalho — diz com desdém e um leve rancor em sua fala.
  — Meu irmão...
  — Por falar em irmão... — ele diz, de repente e completa: — quase me esqueço de dizer: vosso irmão está entre a vida e a morte em algum lugar perto daqui. Não lembro direito — revela.
  — ?! O que houve com ele? — indaga , aflita e com o coração apertado.
  — Tivemos uma conversa após eu descobrir que ele lhe ajudava — a frieza na voz do mais velho deixa arrepiada de raiva e pavor pela vida de . Ela sabe bem que tipo de conversa eles tiveram.
  — O que você fez com ele, ? — indaga, dessa vez com raiva.
  — Acharam mesmo que eu não saberia? Por quanto tempo mais iriam manter essa farsa ridícula? — está cada vez mais próximo do casal que continua caminhando para trás.
  — O QUE VOCÊ FEZ COM ELE, ? — berra . O mais velho ri, sarcástico.
  — Se você sair daqui viva, saberá.
  — Isso é uma ameaça? — diz , pronunciando-se pela primeira vez.
  — Cala a boca, imundo, não falei com você! — brada .
  — Não fale assim com ele! Ele é o... — a voz trêmula de pronuncia-se e faz o irmão a encarar.
  — Ele é um ! Jamais aprovarei esse relacionamento infundado e você sabe disso, !
  — Afaste-se, — pede , empurrando-a levemente para trás.
  — O que fará, ? Por favor, não lute com o meu irmão — suplica a vampira.
  — Não há saída, se queremos ficar juntos terá que ser assim.
  No fundo, não queria lutar, mas realmente é a única saída que ele vê no momento.
  — Então o pequeno e frágil acha que pode lutar comigo? — o mais velho ri descontroladamente e de maneira sarcástica — Ah, , você é só uma criança perto de mim — sibila ele, fuzilando com o olhar.
  — Vamos testar se essa criança consegue te ferir, então — provoca o rapaz.
  — Pelos Deuses! Parem com isso, por favor! — puxa para trás, mas ele segura seu braço.
  — Não há outro jeito, meu amor — os olhos brilhantes de , encarando-a, deixam a vampira amolecida. Ela também não via outra saída urgente para essa situação, mas ela teme pela vida de ambos nesse combate.
  — Que tocante — desdenha , o casal o encara. — A intimidade de você me dá nojo.
   empurra para trás, dessa vez com mais afinco e afasta-se dela dando um salto para a lateral de onde está; acompanhando com o olhar gélido, o mais velho se vira para o jovem e prepara-se para ataca-lo. Aflita, tenta se aproximar do irmão, na tentativa de impedi-lo, mas é barrada pelo empurrão que ele lhe dá, fazendo-a ser arremessada para onde estava antes, caindo ao chão com a força do golpe. Irritado, toma a iniciativa e corre na direção de , as presas prontas para dilacerar o pescoço do homem, os braços abertos para socar-lhe a face.
  O primeiro golpe é dado.
   é arremessado para longe, quase onde ele estava antes, pelo soco poderoso de , o sangue logo escorre de sua boca. Após recuperar-se, levanta-se e corre na direção do mais velho novamente, dessa vez ele acerta o que pretendia: o soco encaixa perfeitamente no maxilar de que cambaleia para trás, sentindo o golpe. Mas, ele o rebate no segundo seguinte, segurando pelo pescoço e o erguendo acima de sua cabeça.
  — , por favor, pare! — pede aos gritos.
  — Está vendo o que está me obrigando a fazer, imundo? — diz num tom que apenas escute — Quer mesmo desgraçar a vida de minha irmã? Se a ama, deixe-a em paz — alerta o mais velho.
  — Eu não posso abandoná-la, não agora... — diz com dificuldade pelo aperto em seu pescoço, as mãos tentando afrouxar os braços de .
  — !!! — volta a gritar e tenta se aproximar.
  — Se chegar perto, eu desconsidero que és minha irmã — brada , sem ao menos olhar para ela.
   para de andar.
  — Meu irmão, por favor...
  — , não se aproxime, por favor, não se aproxime! — pede , ao encará-la de canto ele vê que ela chora.
  — Não dirija a palavra a ela — brada apertando mais o pescoço de , as unhas dele fincadas na pele do rapaz que faz uma careta de dor.
  — Achei que não a considerasse mais sua irmã — provoca .
  — Ela ainda é minha irmã — devolve — E não te dei autorização para falar comigo também, não enquanto está prestes a morrer em minhas mãos.
  — Quem morrerá será você — ameaça .
  Sacudindo-se, o ignora a falta de ar e golpeia com uma joelhada no peito. Afrouxando as mãos, o solta e, rapidamente, consegue saltar no peito do mais velho, esmurrando-o com muita força, as presas à mostra e, finalmente a mordida é dada.
  — desgraçado! — urra ao receber a mordida no braço que usou para proteger o rosto.
  — , cuidado! — avisa ao notar o movimento do .
  Mas, já era tarde.
   consegue empurrar e arranhar seu pescoço. Felizmente, o golpe não pega da maneira que ele queria e apenas causa um corte superficial no local. leva a mão à ferida que escorre sangue. Arfando pelo cansaço do combate, ele se permite tentar respirar um pouco antes de avançar novamente.
  — Estou cansado dessa briguinha idiota — diz . — Está na hora de morrer, .
  Dizendo isso, dispara na direção de , os olhos cintilantes de raiva e sede de vingança pela desonra a sua família. , vendo que a vida de está ameaçada, também dispara na direção do irmão.
  Finalmente, o golpe final é dado. Atrelado a ele: um grito de desespero.
  — LI!!!
  Todos paralisam com a cena: tinha sido atingida pelo irmão.

— Parte IV – Calmaria —

  Dor.
  Um dos sentimentos que passam pelo corpo de nesse momento; a dor física de ter sido golpeada com muita força na altura do peito, o sangue escorrendo pelo seu colo; e a dor psicológica de ter sido atingida pelo próprio irmão. As lágrimas escorriam pelo rosto dela ainda encarando a face atônica do mais velho.
  De repente, o apagão.
  — ! — sustenta o corpo dela que desmaiou em seus braços — Pelos Deuses, , meu amor...
  Chorando em desespero, o rapaz ampara a sua amada, tentando raciocinar uma solução para fazer com que ela pare de sangrar, ela não pode morrer, não agora... não pode!
  A face estática de é de dar pena. Sua expressão amedrontada lembrou de quando ele era apenas uma criança, aprendendo a dar seus primeiros socos, preparado como um soldado desde muito jovem por seu pai e falecido líder dos ; o homem era muito rígido e sempre batia no filho quando ele errava algo ou não fazia da maneira que ele achava certo. É assim também que cria seu único filho, o ainda pequeno Ichiro de apenas 5 anos de idade; apesar de não ser do agrado de Aimi, esposa de , é assim que Ichiro é criado: para ser um soldado e futuro líder da família. Claro que a infância dura do homem não justifica suas atitudes cruéis depois de adulto, porém, inconscientemente, ele não consegue agir de outra forma.
  Sem perceber, ele deixa cair algumas lágrimas de tristeza e arrependimento por ter machucado sua querida irmã. Apesar de não demonstrar em nenhum momento com atitudes ou palavras, ama a desde que a viu pela primeira vez, ainda uma bebezinha, no colo de sua falecida mãe. Ele sempre quis ser carinhoso com aquele pequeno ser que sempre sorria ao vê-lo, os olhinhos muito claros cintilando alegria por ver o irmão mais velho, neles, enxergava o amor, foi a primeira vez que ele conheceu tal sentimento. Porém, o seu velho e tirano pai sempre cortou qualquer tipo de demonstração de amor por parte dos filhos ou por qualquer um de seu bando. Esse sentimento julgado por ele extremamente podre e destrutivo, que arruinou uma amizade verdadeira entre dois jovens, ancestrais dos e , que, por causa de um amor em comum, findaram as próprias vidas.
   ainda ampara em seu colo, há muito sangue saindo da ferida aberta e profunda em seu peito, ela está cada vez mais pálida.
  — ... — ele diz, baixinho, enquanto acaricia o rosto dela. — Olha o que você fez! Olha o que fez!!! — ele berra para que é transportado de volta à cena.
  A visão perturbadora de ver sua amada irmã desfalecida e sangrando. E é tudo culpa dele.
  — Cala a boca... — sussurra .
  — Seu idiota, olha o que fez a ela!? OLHE PARA ELA! — exige , desesperado.
  — Cale-se seu imundo! — brada e se movimenta tão rápido que não consegue prever, é surpreendido com o punho do mais velho apertando a ferida em seu pescoço. — Se você não tivesse se aproximado dela...
  — Não me culpe por isso! Não! Você não pode me culpar pelas vossas atitudes, ! — o medo que tinha antes não existe mais, no lugar dele há o ódio em se vingar do irmão de sua amada pelo que ele fez a ela.
  — Você é igual ao seu ancestral podre e inconsequente... — acusa ele.
  — Não ouse falar dessa lenda maldita! Não ouse me comparar a ele! — berra ainda segurando nos braços — Eu jamais trairia um amigo seja por quem fosse.
  — Nem mesmo por ela? — refere-se à irmã. olha para o rosto sereno de , tão pálida.
  — Sou um homem de palavra. Se disse que não trairia é porque eu não trairia. — diz e completa: — Mas isso não importa, o importante é que precisa ser salva. Ela está morrendo, eu sinto isso.
  — Eu não deveria ter feito isso, não é? — diz num tom amargurado e entristecido, o olhar castanho encarando o chão. — Como eu pude falar com ela daquela forma? Como pude cometer o mesmo erro...
  — Pare de agir como se ela estivesse morta! Ela ainda está viva, temos que salvá-la, me ajude! Ajude a !
  — Eu...
  — Não é o momento para ter uma crise existencial, — diz , firme — A e o nosso filho precisam de ajuda!
   o encara. Ele está ficando louco ou acaba de dizer “nosso filho”?
  — Como disse? — indaga ele, os olhos voltando ao seu tom avermelhado de raiva.
  — está grávida, foi para isso que ela veio me encontrar hoje — revela , o semblante de volta a ficar extremamente sombrio.
  — Você maculou a minha irmã com o seu sangue?! Seu desgraçado!
  O punho de volta a mover-se apertando o pescoço de , mas, com o impulso do salto dado pelo mais velho, ele é arremessado para longe de , que cai ao chão ainda imóvel e desmaiada.
  — Você não podia ter feito isso a ela! Seu desgraçado, imundo, desgraçado! Maldito seja!
  — Não é o momento... para com isso, ! Para! — pede , tentando empurrar que está montado em seu peito, apertando com muita força seu pescoço, o ar faltando no peito do mais novo.
  — Como ousa macular a minha irmã?! — o ódio no olhar de o cegava e não permite que ele raciocine.
  — Já chega!!! — com um empurrão, consegue se livrar das garras do mais velho e se afasta dele — precisa de cuidados agora ou ela e nosso filho irão morrer. Se não fizer isso por mim ou por ela, faça por essa criança que é tão inocente quanto nós.
  Após o pedido feito por , volta seu olhar para a irmã, pensativo. Ele jamais iria admitir, mas tem razão, não é o momento de discussões ou brigas antigas que nem fazem parte de fato de sua vida; agora é hora de salvar a vida de e dessa pequena criança que mal se forma no ventre da vampira que continua perdendo muito sangue.
  — Não ouse nos seguir.
  Ameaça , antes de carregar a irmã em seu colo, colocá-la em seu cavalo e partir com ela de volta ao seu castelo. Nem mais um segundo seria perdido.

[...]

Tudo está tão calmo, o cheio da grama, o dia ensolarado que aquece a pele dela, as risadas ao longe que a intrigam por um instante. De repente: a imagem dele.
  — Hayato? — questiona-se, confusa.
  Não seria possível tão visão já que Hayato Ito está morto, ela sabe disso. É loucura ele estar ali, mas ela o vê. O brilho do Sol ilumina seu rosto, o vento bagunçando seus cabelos, ele usa as mesmas roupas do dia em que o viu pela última vez. Mais lindo do que nunca, o jovem vampiro afasta-se da moça e a chama com as mãos estendidas para ela. Ele não diz nada, apenas sorri serenamente e a chama para que ele a acompanhe. E como ela quer ir com ele, como quer abraça-lo e pedir-lhe desculpas pelo que seu irmão fez com o rapaz. Mas ela não pode, algo a afasta dele, algo a faz querer continuar vivendo.
  De repente, uma voz a chama e não é a de Hayato.
  — !!!
  O grito desesperado de a faz acordar.
  Acorda! Acorda! Está na hora de viver, acorda!
  O raio de sol quase a cega. A brisa fresca que entra no aposento onde está refresca todo o ambiente, tornando-o agradável. Arfando e confusa, olha ao redor e vê que há mais alguém ali com ela. Na verdade, duas pessoas estão ali.
  — ? ? — indaga ela, mais confusa do que nunca por ver o irmão e o amado juntos.
  — Finalmente acordou, meu amor — a voz aliviada de faz amolecer. Ela sente uma leve dor na ferida em seu peito e começa a ter flashs do que aconteceu.
  — , o que... — inicia ela, mas é interrompida pelo mais velho.
  — Depois conversaremos sobre isso, minha irmã. Depois, está bem? — pede ele e sorri. está sorrindo novamente para a irmã. não pôde segurar as lágrimas — Você é sensível igual à mamãe — recorda-se ele ainda sorrindo. — Vou deixá-los a sós, preciso ver como o está.
  — ! Onde ele está? Onde nós estamos? — questiona , aflita.
  — Acalme-se, meu amor, vosso irmão está sendo cuidado e nós estamos em vosso castelo — responde , sereno.
  — Mas, como?
  — irá explicar-te tudo, . Mas, descanse, está bem?
  Ela apenas assente com um gesto de cabeça e vê o irmão deixar o aposento, só agora ela percebe que ali é o aposento dela. Ao ficar a sós com , seus olhos viraram-se para o rapaz que a encara com serenidade e alívio por vê-la finalmente acordada.
  — O que está havendo, ? Eu não entendo... — ela diz, ansiosa. senta-se ao lado dela e segura sua mão.
  — Aconteceram muitas coisas nos últimos dias...
  — Dias? Quantos dias eu passei desacordada?
  — Sete.
  — Pelos Deuses...
  — Vosso irmão e eu chegamos a um acordo — revela ainda sorridente e sereno.
  — Como assim?
  — Após conversar com a esposa, resolveu aceitar minha relação com você, meu amor.
  — Como assim, ? Eu não entendo como...
  — Vou explicar — ele diz e inicia a explicação: — Após você desmaiar, eu e vosso irmão tivemos uma nova discussão e quase nos matamos, porém, quando eu pedi pela vida de nosso filho, ele cedeu.
  — Então ele sabe sobre... — ela olha para o próprio ventre, inconscientemente.
  — Sabe. E está tudo bem com o nosso filho — diz e ouve o suspiro de alívio da moça.
  — Que bom... por favor, prossiga.
  — Então, ele te trouxe para o castelo, você estava muito ferida e perdia muito sangue. Como ele havia me proibido de seguir ele, eu voltei até o local onde disse que esperaria e o encontrei desacordado, também muito ferido. Coloquei ele em seu cavalo e o trouxe até o castelo.
  — Suponho que meu irmão não tenha ficado feliz em te ver aqui.
  — Supôs certo, minha querida — ele solta um riso abafado e prossegue: — Me deixaram entrar apenas porque viram que eu trazia comigo. Enquanto discutia com vosso irmão no salão principal, a esposa dele entrou e começou a bradar com ele. Foi uma cena realmente tensa de se presenciar, em dado momento eles esqueceram-se de que eu estava ali e simplesmente continuaram discutindo aos berros.
  — A Aimi gritando com meu irmão? Tal cena eu gostaria de ter visto. Meu irmão merece ouvir algumas verdades.
  — Pois bem, pelo que entendi, a senhora é muito enérgica em seus argumentos e conseguiu convencer vosso irmão a me deixar vê-la e, depois que soube de nosso filho, o convenceu de que o melhor era firmar uma aliança de paz.
  — E a guerra? — lembra-se .
  — A guerra acabou. Não houve vencedores, apenas um acordo de paz.
  — Que alívio saber disso, meu amor — a voz emocionada de veio junto com um sorriso genuíno, porém, ao ver que o semblante de está cabisbaixo, ela recolhe sua alegria. — O que houve, meu amor? Aconteceu algo errado nesse acordo?
  — Não, nada com o acordo, mas...
  — , o que aconteceu? — ela aperta a mão dele forçando-o a encará-la.
  — Houve um novo ataque no dia em que você foi atingida, um novo ataque ao meu castelo...
  — Não me diga que...
  — Eram muitos cavaleiros, os guardas não foram capazes de contê-los — os olhos marejados do rapaz fizeram um enorme nó se formar na garganta de . — Meu pai foi encurralado, não tinha como ele se defender da quantidade de atacantes. Ele foi morto minutos após a invasão.
  Por mais que ele tivesse diferenças com o pai, sente muito a morte de Ken . Não poder se despedir dele foi o que mais fez arrepender-se de ter saído de casa naquele dia, talvez ele tivesse se entendido com o pai, talvez até mesmo não tivesse sido descoberta por e golpeada quase mortalmente. Por outro lado, talvez tudo estivesse o mais tremendo caos da guerra que ainda estaria matando pessoas inocentes pelo reino e afastando ainda mais as famílias. Esses sentimentos adversos consomem o rapaz durante todos esses dias.
  Compadecida, volta a apertar a mão dele que volta a encará-la.
  — Eu sinto muito, meu amor, muito, de verdade...
  — Obrigado, meu amor, obrigado por estar comigo — diz ele, a voz trêmula e os olhos ardendo com as lágrimas que insistem em se formar ali.
  — Eu estarei sempre estar ao seu lado, meu amor, sempre.

[...]

  O casal - foi formado naquele dia que poderia ter terminado de uma forma trágica, caso não tivesse ido cavalgar pelos lados do leste de seu castelo. Se não fosse isso também não teria conhecido sua, agora, esposa e mãe de seus dois filhos gêmeos: Toki e Hero, que hoje têm dois anos de idade e são a alegria do castelo onde vivem. Após a morte de seu pai, assumiu o comando da família e então finalmente firmou uma aliança, um acordo de paz com a família de sua esposa. , após o sermão que levou de sua esposa, quando foi questionado sobre o que ele disse a ela na primeira noite que dormiram juntos após casarem-se.
  — Eu prometo te dar o amor que você merece, Aimi.
  A promessa de para ela foi cumprida, porém, um ser que é capaz de amar uma pessoa como ama a Aimi, agir de forma cruel com todos os outros seres a sua volta é algo incompreensível para a moça. Partindo desse princípio, Aimi o intimou a praticar mais amor com todos, principalmente com pessoas da família dele. Tocado pela emoção e lamentação de ter os dois irmãos à beira da morte por culpa dele, cedeu e mudou de atitude radicalmente.
  Hoje, todos vivem em harmonia. e sua família em seu castelo; , e os gêmeos no castelo dos ; e em seu próprio castelo ao lado de sua esposa. Sim, vocês leram certo: casou-se um ano após o acordo de paz. Ele conhecera uma dançarina que trabalhava em uma das tabernas e apaixonou-se perdidamente pela moça que mal ligava para ele, na época. Mas, após alguns dias frequentando insistentemente o local, Ayumi resolveu dar uma chance ao lindo e sedutor vampiro e, dias depois, já se sentia também apaixonada por ele.
  Ao fim, tudo acabou resolvendo-se da melhor maneira, mesmo que tenha havido perdas irreparáveis, e conseguiram o objetivo inicial de vossas vidas. Viverem felizes juntos? Sim, esse também era um dos objetivos deles. Porém, o principal deles, era sem dúvida poder conviver com todas as famílias de vampiro da região em paz e harmonia que hoje, graças ao acordo de paz, é possível.
  Um sonho que parecia utópico demais, finalmente se realizou.
  O período de sombras finalmente acabou e, após ele, deu-se à luz.

FIM



Comentários da autora

  Nota da autora: Primeiramente, gostaria de agradecer publicamente à Ana Paah, que me ajudou em algumas coisas nesse plot. Obrigada, amigaa!! Segundo, se não fosse por esse especial, eu realmente não teria feito essa fic agora, eu já tinha pretensão de escrever esse plot, mas certamente não seria agora. Enfim, obrigada também ao Keigo, vocalista da FLOW, que me inspirou a escrever quando postou uma foto fantasiado de vampiro: o vampiro mais fofo que já vi! haha Agradeço a quem leu e, please, comentem o que acharam. <3 Leiam minhas outras fics também! Em breve, mando mais!
  Beijooos!