Darling



Escrito por Li Santos | Instagram | Twitter
Revisado por Natashia Kitamura

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Este é um spin-off de Hidamari que conta a história do casal que se forma do final em diante.

Capítulo 1 – Juntos

"Encoste sua cabeça à minha
Ao seu lado eu me sinto vivo
Diga-me que você irá ficar o dia todo
Diga-me que você irá ficar a noite toda
[...]
Eu posso colocar o mundo em espera
Assim, poderemos ficar sozinhos
Mesmo que isso leve o dia todo
Mesmo que isso leve a noite toda"

– You Before Me, Hoobastank –

  São quase 15h na cidade de , . e deixam o terraço da gravadora onde a Flow grava o clipe de seu novo single. Faz bastante frio neste inverno e a moça está tremendo enquanto é puxada afobadamente pelo vocalista que anseia estar à sós com a agora namorada. Ah, é altamente compreensível, já que eles esperaram por mais de um ano para ficarem juntos, ele está afoito por isso. Eles descem dois lances de escadas até o sétimo andar e caminham na direção da saída da gravadora.
  — , espera… — diz no meio do caminho e o rapaz para de andar e a encara.
  — Aconteceu algo? Não quer ir… — diz ele, temeroso, mas logo trata de esclarecer.
  — Não é isso, , é que eu estou com frio — revela ela e o vocalista a encara com confusão no olhar.
  — Oh, perdão, você quer passar no seu hotel para vestir algo mais quente? Se quiser podemos passar em alguma loja e…
  — Não precisa — afirma. — Eu trouxe um sobretudo, mas não sei para onde o levou.
  — O ? — indaga ele.
  — É, quando eu cheguei, o foi até a recepção me buscar, já que vocês estavam ocupados. Aí ele pediu para alguém da produção levar meu sobretudo para algum lugar, não sei onde — explica .
  — Ah, sim! — exclama . — Deve estar no camarim, vamos lá.
  O casal dirige-se até o camarim da banda, pega o sobretudo de que logo o veste ficando mais aquecida, e deixam a gravadora. Quando passam por Ayumi, a recepcionista, e ela os vê de mãos dadas, fazem a mulher ficar boquiaberta com a cena. não segura o riso.
   veio de carro hoje, então eles descem até o estacionamento, o mesmo por onde subiu quando chegou horas atrás, e entram no carro dele. No caminho até o apartamento, que não é tão longe, o homem segura a mão da namorada, ele não deveria fazer isso já que está dirigindo, mas não quer ficar nem um segundo longe dela, nem um segundo sem tocá-la. Minutos depois ele chega até à garagem de seu prédio, estacionando o carro na vaga reservada para seu apartamento. O casal deixa o veículo, indo até o elevador, e aciona o botão número seis para subir até seu apartamento que fica no penúltimo andar do prédio. Assim que o elevador chega ao andar, e desembarcam e caminham até o apartamento dele, de número 603, o homem abre a porta e convida para entrar. Assim que entra no apartamento, o cheiro de invade as narinas dela de maneira fulminante. Quando conversavam via Skype, ela via pouco do lugar, malmente o cantinho onde fica o computador dele, mas agora que está ali pessoalmente, ela pode perceber que tudo nesse lugar tem a cara de e, principalmente, o cheiro dele.
  Mas algo na decoração do apartamento chama a atenção de , que sorri abertamente quando vê.
  — Você guardou… — diz ela com a voz baixa e vira o rosto para olhar para ela.
  — O seu presente? Não me atreveria a não guardar — responde o vocalista puxando a namorada pela mão e caminhando até o móvel onde está o vaso de girassóis que ele comprou para no ano passado de aniversário. — Esse não é o mesmo que eu comprei, mas representa o mesmo sentimento.
  — São tão lindos quanto os outros, amor — ela diz, carinhosa e sorri.
  — Gostei — ele a puxa para si e a beija de maneira feroz, passando as mãos por dentro do sobretudo dela, puxando a peça para fora de seu corpo.
  — Espera… — diz , empurrando ele. — Calma, , eu não vou fugir — brinca ela, rindo.
  — Desculpa, é que eu estou…
  — Eu sei, eu também estou — confessa. — Mas eu vou ficar no por quinze dias, temos tempo para tudo — o olhar safado de faz a nuca de se arrepiar involuntariamente.
  De maneira mais delicada, o homem retira o sobretudo dela, deixando-o cair no carpete da sala e começa a roçar seu nariz no pescoço de , mantendo o corpo dela perto, enquanto aspira seu cheiro. Logo os lábios dele encontraram os dela num beijo mais calmo e ainda muito intenso que o anterior. Durante o beijo, as mãos de deslizam pelo tórax de , por cima de sua camisa, e com certa dificuldade a mulher desabotoa cada botão da peça. Percebendo o ato dela, tira suas mãos da cintura da namorada e a ajuda a tirar seu casaco e em seguida sua camisa, desabotoando os botões da parte de baixo, chegando até ao meio e livrando-se da peça. O beijo é interrompido por que encara parte do corpo desnudo de e sorri. Ele não é malhado, longe disso, é do jeito que ela gosta, de fato. Ela percorre suas mãos pelo peito dele, descendo até a barriga do homem, fazendo-o sentir calafrios. O olhar atento de acompanha o processo e vê o destino das mãos de ser alcançado: o botão de sua calça. Sorrindo, puxa o rosto dela e volta a beijá-la com fervor enquanto ela retira sua calça. Aproveitando a deixa, o homem desce suas mãos do rosto de até os ombros dela e tira seu casaco, que ela usava sob o sobretudo. Ele sente sua calça mais folgada e interrompe o beijo para tirar a blusa de que sente um pouco mais de frio agora que está com pouca roupa.
  A visão do busto da namorada somente com o sutiã preto que ela usa é de uma beleza sem igual para ; ele desliza os dedos devagar por cima dos seios dela com o olhar fixo neles, pode ver sua pele arrepiar-se com o passar do toque de , lento e quente; o olhar do vocalista sobe até os olhos dela, sua boca está aberta enquanto respira por ela, então beija ; as mãos dele descem novamente, indo até a calça de e puxando para perto de si; de maneira ousada ele começa a roçar sua virilha nela, sentindo sua ereção endurecer ainda mais – se é que isso é possível; o vocalista interrompe o beijo novamente e puxa consigo até seu quarto. Ao chegarem no cômodo, ele conduz a fotógrafa até sua cama, onde ela se senta; agacha nas próprias pernas e desce o zíper de cada bota usada por , retirando o calçado, em seguida, junto com suas meias, isso facilita na hora dele tirar a calça dela, que é a próxima peça a sumir do corpo de .
  — Está com frio? Quer que eu aumente o aquecedor? — indaga ele ao ver todo o corpo de arrepiado.
  — Não precisa, amor — responde. — Em breve este quarto estará quente demais, junto com meu corpo — o olhar penetrante da namorada faz morder o lábio inferior, soltando um gemido sensual em seguida.
  — Você é minha perdição, my sunshine — diz ele enquanto se livra de suas calças, tênis e meias, ficando apenas de cueca.
  Ele sobe na cama, engatinhando sobre o corpo escultural que ele deseja desde que a viu de biquíni em 2018 em sua visita a Salvador. se move para trás, deitando-se totalmente na cama e sente o corpo de deitar-se sobre ela, pesando e aquecendo. Somente agora que está deitado sobre é que o vocalista percebe uma pequena cicatriz que há no ombro dela, no lugar onde ela levou o tiro naquele assalto lá em Salvador meses atrás, o homem desliza o dedo sobre a cicatriz sentindo um nó repentino lhe acometer. Notando a distração do namorado, puxa o rosto dele para que a encare, feito isso ela sorri e o beija em seguida. apoia sua mão ao lado do corpo dela enquanto o beijo acontece, enquanto a outra aperta o seio esquerdo da mulher. Sem demora e bastante excitado, o vocalista interrompe o beijo e desliza seus lábios até os seios dela, agarrando-os com ambas as mãos, sustentando o peso de seu corpo com os cotovelos apoiados na cama ao mesmo tempo que deixa chupadas ao redor deles; ele retira o sutiã da namorada com a ajuda dela e então pode ter acesso livre aos dois mini-montes que não são tão robustos, mas cabem nas mãos grandes de , ou seja, são perfeitos. Apoiando seu cotovelo esquerdo na cama novamente, o homem se ajeita para começar seu trabalho, mas não antes de lançar um olhar efervescente para que ofega ao recebê-lo. Logo, ela ofega por outro motivo.
  Os lábios de sempre foram algo que admirou e desejou secretamente. Assim que eles tocam seu seio direito, a mulher comprova ainda mais a maciez e habilidade deles; a mão livre do homem aperta o seio esquerdo dela enquanto chupa o outro, deixando longas lambidas no bico dele ao fim de cada sugada; definitivamente, sabe como chupar uma mulher e sorte a da ser ela a felizarda; a fotógrafa está tão emocionada e feliz por estar no quarto com ele que se deixa levar pelo prazer que sente, fechando os olhos e curtindo cada toque de seu namorado.
  A mão direita de repousa lentamente sobre a cabeça de , os espasmos provocados pelo prazer a fazem estremecer e sentir arrepios. Os cabelos macios e compridos dele – na altura de sua nuca – emaranhando-se entre os dedos da mão da mulher que os puxa levemente a cada pico de prazer estimulados pelas chupadas em seus seios. Passam-se alguns minutos desde que começou sua empreitada e, desde então, ele já alternou de seio pelo menos três vezes, só interrompendo as chupadas para fazer a troca. Porém, uma ideia passa sorrateira pela mente do rapaz fazendo-o interromper abruptamente seu ato. O gesto repentino faz despertar de seu transe, abrindo os olhos e tirando sua mão dos cabelos dele. Antes de se manifestar contrária à interrupção, o olhar dela encontra o de e percebe a perversão que há ali. Sem desviar o olhar, o homem trilha beijos pela barriga da namorada, descendo até a intimidade dela, onde deixa uma mordida leve por cima da calcinha de que geme com o gesto. Ainda sem mudar o percurso de seu olhar de sua sensual namorada, o vocalista engatinha para trás e puxa com ambas as mãos a calcinha dela, retirando-a completamente; antes de partir para execução de sua ideia, fica em pé na cama e retira sua cueca, arrancando uma risada de pela forma teatral que ele faz isso, girando a peça sobre a cabeça e jogando para longe. Inevitavelmente, os olhos de recaem sobre o membro exposto de e ela sorri, pois sabe que ele irá encaixar perfeitamente dentro dela. Ela mal pode esperar.
  Porém, agora tem planos específicos para a luz de sua vida, vulgo , que continua deitada sobre a cama, aguardando o próximo passo de seu namorado cheio de surpresas agradáveis. Ele afasta delicadamente as pernas de e senta sobre as próprias pernas, apoiando os braços da cama, perto de cada coxa dela, e passando as mãos levemente sobre a intimidade de que solta suspiros a cada toque dele; aproxima seu rosto dali e fecha os olhos antes de dar a primeira lambida, arrancando um gemido audível da namorada; a partir daí, ocorrem sucessivas sugadas do vocalista na fotógrafa que se retorce na cama, as mãos frenéticas procurando algo para agarrar, o controle sobre seu corpo e seus gemidos já não existente; com a respiração ofegante, feita através de sua boca, geme alto ao sentir a boca quente de chupá-la de maneira tão gostosa e insana. A língua dele dançando dentro de sua intimidade levando-a à loucura. As mãos de alternam entre apertar as coxas de e os seios dela, arranhando a lateral de seu corpo causando ainda mais arrepios e gemidos. Com tanta vontade imprimida a cada sugada, não demora a chegar o orgasmo de que vem sem avisar explodindo na boca de que se afasta e introduz os dedos centrais de sua mão esquerda e continua masturbando a mulher. está cansado, porém sua satisfação e ereção não lhe deixam relaxar tanto assim. Ele interrompe a masturbação com seus dedos e posiciona seu corpo entre as pernas ainda abertas de que o encara com o olhar pidão, implorando por mais. O pedido é verbalizado:
  — Eu quero seu pau em mim, — solta ela com a voz rouca. — Agora! — ela leva às mãos aos cabelos, afastando os cachos para longe e enxugando um pouco o suor de seu rosto.
  — Ah, Darling, você vai me enlouquecer de amor — diz ele também com a voz rouca, se jogando sobre ela. — Eu te amo! — declara-se ele, apaixonado, deixando um sorriso satisfeito aparecer no rosto de .
  — Eu te amo mais, meu amor — retribui a mulher antes de ser beijada por ele.
  Ainda beijando-a, leva sua mão direita até seu membro e o posiciona na intimidade de , roçando-o na parte de fora antes de introduzi-lo devagar; antes de penetrá-la por completo, ele interrompe o beijo e a encara, esse momento ele quer ver os olhos dela e o vocalista enxerga todo o amor que ela sente por ele, que nasceu tão genuinamente e se intensificou com o passar dos meses. O mesmo amor que está impresso no olhar de agora quando ele completa sua penetração e começa a movimentar seu quadril ritmicamente. Enquanto faz isso, ele volta a chupar os seios dela enquanto a ouve gemer pedindo por mais.
  — Mais… mais forte, . Mais forte, meu amor…

[🌻]

  É por volta das 17h e continua fazendo frio em , porém, dentro do apartamento de , o calor dos corpos dele e de aquecem o ambiente e um ao outro. Ele a abraça por trás, ambos embaixo do edredom, o perfume vindo dos cabelos dela é o melhor aroma para ele acordar após a transa quente que tiveram há algumas horas. passa sua mão direita sobre os seios dela, apertando-os levemente e acariciando-os em seguida. O gesto acorda a mulher.
  — … — sussurra com manha na voz, se mexendo um pouco nos braços dele e aconchegando-se.
  — Dorme mais, Darling, sei que está cansada — diz ele, carinhoso enquanto distribui beijos pelas costas de .
  — Na verdade, amor, eu preciso comer, estou ficando com dor de cabeça — revela ela sentindo a cabeça dar os primeiros sinais de dor.
  — Por que não me disse antes? — indaga ele de maneira óbvia, erguendo o corpo e se apoiando no cotovelo para poder olhar melhor para .
  — Estávamos um pouco ocupados, né? — ela diz, virando com o corpo totalmente recostado no colchão e direciona seu olhar travesso para que solta uma risada nasal.
  — Bastante — concorda e completa: — Vai dormir aqui comigo? Diz que sim…
  — Eu fiz reserva no hotel e… — ela para de falar e observa a expressão pidona do namorado, logo ela percebe também a intenção dele ao iniciar o assunto. — Quer que eu fique?
  — Claro que quero — responde ele sem pestanejar. — Liga para o hotel e pede o reembolso, fica aqui durante seu tempo de viagem — sugere, passando a mão livre pelo busto dela.
  — Eu preciso tomar um banho e trocar de roupa, minhas malas estão no hotel — diz ela e dá de ombros.
  — Amanhã passamos lá e resolvemos isso, pode ser?
  — E eu vou vestir o que hoje? — indaga ela, óbvia.
  — Quem disse que você precisa de roupas quando está aqui? — ele desliza seus dedos pela extensão do tronco dela, chegando até sua intimidade e intensificando seu olhar para .
  —
  — Eu te empresto roupas minhas — diz o homem subindo novamente sua mão. — Tenho certeza de que ficaram perfeitas em você — completa.
  — Se eu não for incomodar…
  — E desde quando a minha linda namorada incomoda em algo? — sorri com a frase dita por ele e desvia o olhar rapidamente. — Eu te amo — declara-se, apaixonado.
  — Eu também te amo, amor — retribui e eles se beijam.
  — Fique à vontade e vá tomar banho — diz ele, erguendo o corpo para se levantar. — Vou pegar uma roupa para te dar e depois vou preparar o jantar — conclui ele.
  — Obrigada, — ela agradece e também senta-se na cama.
  — Não me agradeça, estou fazendo o mínimo para alegrar a minha namorada — ele dá um sorriso bobo. — O banheiro é a segunda porta à direita, tem uma banheira, mas você pode usar o chuveiro se quiser — avisa.
   assente e vai até seu guarda-roupa procurar alguma que possa emprestar para ela. Enquanto isso, vai até o banheiro e encara sua imagem no espelho passando as mãos pelo rosto, os cachos voltando a cair em sua testa, e o sorriso feliz estampado. Toda a virada que sua vida deu do dia para noite ainda a deixa atordoada. Assim como tudo poderia dar certo, como está dando, tudo poderia dar errado também e ela ter que ficar esses quinze dias no choramingando por não ter conseguido o amor de . Porém, assim que se beijaram no terraço do prédio da gravadora, ela teve certeza de que sua vida seria feliz e que seu amor seria correspondido.
   entra no banheiro, surpreendendo a namorada, e lhe entrega uma camisa da Flow feita para a turnê de 2016, uma calça de moletom e uma cueca box que ainda não usou – do conjunto de cuecas que sua mãe lhe dá eventualmente. agradece e dá um selinho nele, antes de deixar o banheiro ele avisa que há toalhas limpas no armário ao lado da pia. Ela assente e ele vai para cozinha preparar o jantar.
  Enquanto toma banho, separa os ingredientes de sua especialidade na cozinha: ensopado de polvo. Algo que sua mãe lhe ensinou quando ainda era um adolescente e que ele tem orgulho de ser elogiado por ela sempre que prova a iguaria preparada pelo filho mais velho.

  Minutos depois…
   surge na cozinha, vestida com a roupa dada por que, assim que tem seus olhos sobre ela, paralisa. Como é possível ela ficar ainda mais linda vestida com as roupas dele? O homem sorri e vai até ela, abraçando seu corpo com carinho e beijando seus lábios.
  — Ainda está com dor? — indaga ele, preocupado, e dando um beijo na testa dela.
  — Um pouco — afirma .
  — Quer remédio?
  — Quero sim, por favor — assente e pega a maletinha de remédios que fica na última porta do armário superior da cozinha.
  — Consegue ler, né? — diz ele referindo-se ao fato de todas as bulas estarem em . — Se não conseguir, me avisa.
  — Consigo sim, bobão — assegura ela e ri, pegando a maletinha de remédios e sentando-se no banco do balcão da cozinha. — Só preciso achar um que não tenha dipirona… — comenta ela, distraindo-se rapidamente com as bulas dos remédios.
  — Tem alergia? — também está distraído, terminando de jogar os ingredientes na panela.
  — Sim — ela ergue o olhar, encontrando o dele no meio do caminho e sorri. — Deus me livre — eles riem ao fim e ela completa: — Você tem alguma alergia?
  — Não que eu saiba — assegura ele, voltando sua atenção ao ensopado ao fogo.
  — Que bom — comenta ela, achando um remédio que serve para sua dor e que não tem dipirona.
  — Se bem que, uma vez, minha mãe contou que quando eu tinha por volta dos 6 anos, eu comi um bolinho de bacalhau e tive uma reação alérgica — reflete ele, lembrando-se da conversa que teve com sua mãe.
  — Meu Deus! E aí? — diz , interessada.
  — Ela disse que me levou às pressas para o hospital e disseram que realmente foi uma reação alérgica, me deram um remédio e eu melhorei rápido.
  — Ah, que bom — ela suspira, aliviada e levanta-se para pegar um copo d’água, tomando junto com o remédio. — Detesto comprimidos — ela faz uma careta e retorna ao seu lugar.
  — Também não sou fã — ele ri e mexe o ensopado, depois vai até ao outro balcão olhar a panela de arroz para ver se já está no ponto. — Amor… — ouvir chamar por ela de maneira tão carinhosa parece tão natural para ao mesmo tempo que a deixa encabulada.
  — Oi, sunshine — responde e a encara sorrindo.
  — Hey, esse apelido é meu — brinca ele. — Mas pode usá-lo para mim, eu adoro — conclui sorrindo e retoma seu pensamento de antes: — Quero conversar com você.
  — Uma DR? Já? — diz , divertida e ele a encara confuso. — É a abreviação para “Discutir a Relação”, usamos no Brasil para dizer que um casal está conversando sobre a relação amorosa deles, entende?
  — Ah, sim — concorda ele. — Então é uma DR sim, mas não fique preocupada — apressa-se. — Quero apenas esclarecer algo em minha mente — ele estende a colher com o caldo do ensopado junto com um pedacinho de batata.
  — Pode falar, amor — prova a iguaria e solta um gemido de aprovação. — Está uma delícia, amor.
  — Obrigado — ele sente suas bochechas ruborizadas e prossegue o pensamento: — É sobre o
  — O que tem ele? — ela começa a ficar apreensiva com o rumo da conversa.
  — Calma — alerta ele, tranquilizando-a. — Quero apenas entender o porquê de você ter me escolhido e qual era exatamente a relação que tinha com ele — diz. — Mas é claro que, se você não quiser me responder, eu não vou ficar chateado.
  — Não há problemas em dizer, — assegura. — Bom, na mesma época em que eu me aproximei de você, eu me aproximei dele também.
  — Lá em Salvador?
  — Sim. Foi quase ao mesmo tempo e quase da mesma maneira… ambas bem de repente e naturalmente também.
  — Entendo…
  — E nós… nós nos beijamos — ela diz enquanto a encara com as mãos apoiadas no balcão que há no centro da cozinha, o mesmo que está apoiada também, sentada no banco alto. — Naquele bar que fomos na despedida de vocês, lembra?
  — No mesmo dia em que nós nos beijamos? — indaga ele com a voz controlada, porém surpreso.
  — Sim — ela responde, sentindo que ele está incomodado com a informação. — Saiba que, naquela época, eu não fazia ideia de qual dos dois eu gostava e muito menos se vocês realmente gostavam de mim ou se era apenas atração física.
  — Ok… — o vocalista solta o ar pela boca, longamente e desliga o fogo do ensopado. — Então ele falou sério… — diz para si mesmo enrugando a testa.
  — Ele quem? — pergunta , confusa.
  — havia me dito que vocês se beijaram e eu não queria de fato acreditar — revela . — Fiquei morrendo de ciúmes…
  — Eu também fiquei quando vi aquela foto — rebate fazendo encará-la com o ar risonho.
  — Sabia! — exclama, rindo abertamente. — Mas não precisa sentir ciúmes de mim, eu só tenho olhos, corpo e alma para você, Darling — diz ele, sorrindo.
  — Te digo o mesmo, amor — ela levanta e dá a volta no balcão. — e eu nos beijamos sim, mas, com o tempo eu percebi e senti que eu, na verdade, nunca precisei escolher um de vocês — comenta a fotógrafa aproximando-se dele e o abraçando contra o balcão. — Eu sempre amei você, , e sempre foi você o meu escolhido, o escolhido pelo meu coração — completa ela, apaixonada, dando um beijo rápido nos lábios de que fecha os olhos ao toque.
  — Você é maravilhosa, sunshine… — o homem abre os olhos e sorri. — Eu tenho uma surpresa para você.
  — Surpresa? — suspende o olhar. — Qual?
  — Quando terminarmos de jantar, eu te mostro — ele pisca um dos olhos e sorri de canto.
  — Cheio de mistérios esse meu namorado bonitão — distribui vários beijos no queixo dele. — Meu Deus, ! — alerta ela, de repente.
  — O que houve?! — diz, assustando-se.
  — E a gravação do clipe?
  — Oh, Deus!
  Eles haviam se esquecido totalmente da gravação do clipe novo da Flow. Quando saíram da gravadora, o diretor tinha dado um pequeno intervalo entre um trecho e outro, certamente o celular de deve ter inúmeras ligações. Como esperado, assim que o celular pega um pouco de carga, o vocalista o liga e é revelado as mais de quinze ligações de cada membro da banda e produção para ele. Rindo de maneira cúmplice, o casal se diverte com a cegueira momentânea que lhes acometeu após se beijarem.
  Eles iniciam o jantar e envia uma mensagem para o diretor do clipe informando que ele teve um imprevisto urgente e que amanhã compensaria a falta de hoje. Já para seus amigos ele confessa a verdade e diz que está jantando com em seu apartamento. Mesmo que o diretor tenha visto toda a cena da declaração de para o vocalista e que tenha visto ambos deixarem o local de gravação, não liga se ele implicar com o sumiço dele amanhã. O que quer mesmo é aproveitar cada instante que puder ao lado de , pois, ele não faz ideia de quando poderá vê-la novamente. Só de pensar na despedida, o coração do vocalista já diminui de tamanho e sua mente fervilha em pensamentos desesperados e impulsivos.
  Após o jantar, revela sua surpresa. Ele vai até seu quarto, pegando a caixinha com o presente para e retornando à sala.
  — Eu comprei ele faz meses — diz ele ao voltar à sala e sentar-se ao lado de no sofá. — Não sabia se, algum dia, eu teria a oportunidade de te entregá-lo — ele abre a caixinha e, dentro dela, há dois lindos anéis prateados.
  — É tão lindo, — ela leva as mãos à boca e ergue as sobrancelhas.
  — É seu — tira um dos anéis da caixa e o põe no dedo anelar da mão direita de . — Representa um pouquinho do que sinto por você, Darling.
  — Obrigada, amor, obrigada! — coloca o outro anel no mesmo dedo em e segura o rosto dele com pressa, beijando-o. — Eu te amo!
  Eles sorriem um para o outro e voltam a se beijar, empolgados pelo momento e pelo sentimento que os envolvem. As carícias entre eles se intensificam, fazendo deitar-se no sofá sendo acompanhada por que se deita em cima dela, sem interromper o beijo. Ambos só querem se deixar levar por seus corpos e corações apaixonados.
  Horas depois…
   desperta de repente sentindo muita sede. dorme tranquila ao lado dele e, antes de ir até a cozinha beber água, o homem deixa alguns beijos nas costas dela que apenas se mexe um pouco, ainda dormindo. O vocalista se levanta e caminha até o corredor, indo até a cozinha. Ele bebe água ao mesmo tempo que pensa sobre a felicidade que vive agora, se pudesse, ele traria definitivamente para para morar com ele. Mas, ele tem consciência de que não é assim tão simples. Balançando a cabeça, ele deixa o copo usado dentro da pia e faz o caminho de volta ao quarto. Assim que para na porta do cômodo ele avista deitada adormecida de bruços enquanto agarra um dos travesseiros, uma de suas pernas suspensas e dobrada em forma de pinça – ela havia dormido apenas de lingerie. A cena excita o homem que aproxima-se sorrateiro da cama, engatinhando enquanto desliza os dedos pela perna esticada dela. O gesto não a faz acordar. Então deita seu corpo sobre ela, beijando as costas de , beijos bastante molhados e demorados. As mãos dele passeando eventualmente pela pele dela, dessa vez os toques dos dedos de somados com os de seus lábios, fazem despertar e espreguiçar-se na cama de maneira manhosa.
  — Amor… — chama ela. — Que horas são? — indaga com a voz de sono.
  — Hora da senhorita se virar para mim — diz com a voz grave sem interromper o toque de sua mão na pele dela.
  — , você está muito safado — comenta ela, rindo de leve e ainda de bruços.
  — Você gosta? — o homem sussurra em seu ouvido.
  — Adoro!
   sorri malicioso.
  Ainda sem virar de frente para o namorado, sente a mão dele ir diretamente em sua intimidade, passando os dedos em movimentos circulares por cima de sua calcinha. Ao mesmo tempo que faz isso, continua distribuindo beijos molhados nas costas dela que solta alguns gemidos baixinhos. A mulher começa a se retorcer na cama e faz menção de virar-se de frente para , mas é impedida por ele que, em um movimento ligeiro, retira a calcinha dela voltando a manipular seus dedos na intimidade dela, dessa vez mais profundamente. Aos poucos ele vai estimulando cada vez mais o prazer da fotógrafa e o próprio prazer, a contar por seu membro que está endurecido há alguns minutos.
   retira seu sutiã, ainda sendo estimulada por , e ele debruça totalmente sobre as costas dela, afastando os cachos dela para o lado e beijando seu pescoço. inclina a cabeça para facilitar os beijos dele e geme pedindo por mais. entrelaça seus dedos nos dela e, pela primeira vez, eles se encaram por um breve instante antes de selarem os lábios em um beijo apaixonado. Então, o vocalista resolve despir-se, retirando sua camisa e cueca, masturbando-se rapidamente para preparar seu membro. assiste à cena com os lábios umedecidos e com uma expressão de tesão na face. Seus olhos voltam a encarar o olhar sexy de enquanto ele volta a se deitar sobre ela que ainda está de bruços. De imediato ela abre as pernas e introduz seu membro nela, arrancando um rápido gemido. O homem volta a beijar o pescoço de e movimenta seu quadril, estocando com força gradativa, dando as mãos à namorada. Pela primeira vez escuta gemer em seu ouvido, um gemido rouco e carregado de desejo e prazer. O gemido longo e gostoso dele a estimula a rebolar o quadril enquanto ele a fode de maneira firme.
  O melhor sexo de todos,
ela pensa. E não só porque ele sabe o que está fazendo, mas principalmente por ser com ele.

Capítulo 2 – Programa de casal

“Eu ainda lembro do momento
quando isso tudo parecia um sonho.
Então, completamente fora de alcance,
frustrante.”

– Look Where You Are, Hoobastank –

  Os primeiros raios de sol mal tinham invadido o quarto de através da fresta da cortina quando ele despertou minutos atrás. Neste momento, ele contempla a visão das costas de sua amada à frente dele, abraçado ao corpo dela que está bastante quente devido ao edredom. Apesar de estar um dia com Sol, faz frio em e está encolhida na conchinha formada pelo corpo do namorado. Os dedos do vocalista correm pelo braço direito dela enquanto seus lábios formam pequenos grupos amontoados de beijos pelas costas da mulher que é acordada pelos arrepios que lhe são provocados. A mão que percorria a lateral de agora sobe até os cabelos bastante cacheados dela, penetrando entre eles e os afagando.
  — Hm… — geme, manhosa, e se encolhe mais no abraço de que não interrompe seu carinho. —  Já é de manhã? — questiona ela com a voz rouca da manhã.
  — Sim — responde com o mesmo tom de voz rouco e completa: — Quer dormir mais? Quando eu estiver saindo, eu te acordo — sugere o homem.
  — Não… eu preciso resolver a minha bagagem e o hotel — ela se vira devagar, ficando de frente para ele que volta a fazer cafuné na nuca dela. — Apesar de gostar, eu não posso passar a minha viagem inteira vestindo suas roupas — sorri com o comentário e vislumbra rapidamente a visão dela vestida ao lado dele, em um show aleatório, com as mesmas roupas que ele usa dentro de casa.
  — Não seria uma má ideia — comenta o homem, rindo malicioso.
  — Não seja bobo, amor — ela também ri. — Aliás, você tem o restante da gravação para ir hoje, não tem?
  — Tenho… — lamenta-se .
  — Quanta animação, — ela o chama pelo sobrenome, fazendo a testa de franzir.
  — Não me chame assim, Sunshine — pede ele com certa manha. — Me lembra os tempos de escola.
  — Awn, manhoso, desculpa — ela sela os lábios com os dele em um beijo rápido.
  — Não tem problema — o vocalista sorri, percorrendo os olhos pelo rosto dela. — Aliás, sobre o hotel e sua bagagem, podemos resolver por telefone.
  — Sério? Eu não teria que estar lá para buscar as malas? — indaga ela, curiosa.
  — Não necessariamente — responde. — Qual hotel você reservou? — após dizer o nome, retorce levemente a boca, pensativo. — Hm, conheço esse hotel. Podemos fazer assim: ligamos para lá e você solicita o cancelamento da reserva, eles devem cobrar uma taxa de cancelamento, já que você chegou a ocupar brevemente o quarto com suas malas por algumas horas, né? — ele solta uma risada nasal e o acompanha. — Mas não se preocupe porque eu pago essa taxa…
  — Amor, não precisa, eu tenho dinheiro! — apressa-se ela.
  — Você só vai cancelar a reserva por minha causa, nada mais justo do que eu pagar essa taxa — explica-se de maneira óbvia e pensa que assim será melhor, já que ela não tem tanto dinheiro extra assim.
  — Está bem, amor — concorda ela e e a beija novamente.
  — Aí, depois que suas malas chegarem aqui, você pode ir para a gravadora ver uma parte da gravação, o que acha?
  — Acho ótimo! — eles sorriem e repousa sua mão no rosto dela.
  — Obrigado — agradece ele, em bom português, e o olha, confusa.
  — Pelo quê?
  — Por existir em minha vida — ele sorri de canto e puxa o rosto dela para mais perto, beijando-a em seguida. — A luz da minha vida — completa , carinhoso.
  O volta a selar seus lábios e eles resolvem se levantar logo antes que iniciassem outro beijo quente igual ao que engatou a última transa deles. liga para o hotel e fala com o responsável pelo cancelamento explicando o motivo. Após dar o endereço de para que entreguem as malas dela lá, desliga a chamada ficando satisfeita com o resultado: em algumas horas sua bagagem estará no apartamento de . Enquanto isso, o vocalista toma banho e, ao sair, vai direto para a cozinha preparar o café da manhã reforçado para ambos, afinal ele não quer que fique novamente com dor de cabeça por estar com fome. deixa o banheiro e veste outra roupa cedida pelo namorado e o encontra na cozinha para comerem.
  Minutos se passam e o casal se separa pela primeira vez desde que se encontraram ontem. deixa o apartamento, deixando-o aos cuidados de , e vai até a gravadora para concluir finalmente a filmagem do clipe novo. Enquanto isso, no apartamento, aguarda a chegada de suas malas que levam mais ou menos duas horas para chegarem. Ela toma outro banho e troca de roupa, colocando um de seus vestidos curtos, uma meia calça com tecido térmico, botas de cano médio e o sobretudo preto por cima. Os cabelos ela deixa soltos em volta de sua cabeça e com uma mecha lateral presa por uma presilha. Antes de sair, deixa o endereço da gravadora por precaução, para que ela pegue um táxi e vá até lá, é justamente isso que ela faz, porém, antes de subir no prédio da gravadora, vai até uma loja ali perto comprar algo. Ela pesquisou, durante o percurso até lá, algum lugar onde pudesse comprar um presente para . Ela sabe que o namorado é católico e, segundo conversas anteriores, sabe que ele tem bastante fé e gosta de crucifixos. Por isso, ela entra em uma joalheria e pede para a vendedora lhe mostrar alguns modelos para que escolha um do agrado do namorado. Após alguns minutos vendo diversos modelos, escolhe um crucifixo prateado muito bonito. Satisfeita, ela faz o pagamento enquanto a vendedora embala o presente em uma sacola bem bonita. Discreta, mas bonita.
   deixa a loja com a embalagem nas mãos, ajeitando a mochila que contém sua câmera nos ombros, ela manda uma mensagem para avisando que está subindo no prédio para encontrá-lo. Rapidamente ele responde que está aguardando por ela e que seu nome já está na recepção, fato que agrada , vide o dia anterior em que ficou horas esperando a boa vontade de Ayumi liberar o acesso dela ou chamar os rapazes para vê-la.
  Contudo, quando chega à recepção da gravadora, é bem recebida por Ayumi que, só está a tratando dessa forma gentil, primeiro porque levou sermão de seu chefe imediato ao receber uma reclamação dos rapazes da banda sobre o episódio que ocorreu com . E segundo porque ela sabe que tem envolvimento com , já que os viu saírem de mãos dadas ontem e não retornarem mais.
  — Por favor, me acompanhe, senhorita — diz Ayumi, solícita.
  — Obrigada — agradece e segue a mulher pelo mesmo corredor pelo qual passou ontem.
  As lembranças do dia anterior passaram rapidamente pela mente da fotógrafa que, por alguns instantes, chegou a pensar que nada daria certo e que teria que retornar ao Brasil com um “não” na bagagem. Mas, graças ao amor de ela não teve esse tipo de frustração e tudo deu certo no final.
  — ! — anuncia , feliz em ver a mulher após tanto tempo sem vê-la pessoalmente. Todos no estúdio olham para ela e Ayumi deixa o local com o rosto retorcido.
  — Olá, com licença! — diz levemente envergonhada por interromper, apesar de todos parecerem dispersos quando ela chegou.
  — Amor, finalmente chegou — caminha até ela, a segurando pela cintura e a beija na frente de todos que apenas disfarçam, olhando para os lados. — Está tão linda — comenta ele com o ar apaixonado. — Eu falei com o , está tudo bem entre nós — ele sussurra ao ouvido dela e sorri com a notícia.
  — Fico feliz em saber — eles se afastam um pouco para se olharem e volta a beijar ele. — Feliz mesmo! — completa.
  — Hm… o que é isso na sua mão? — indaga ele, curioso à embalagem nas mãos de .
  — Surpresa! Mas… só depois da gravação — diz ela, risonha e esconde o presente nas costas.
  — Amor! Não é justo — ele faz manha, ainda abraçado a ela.
  — Depois, bebê — põe o indicador no nariz dele e solta um beijinho.
  — Está bem, eu espero — se dá por vencido, finalmente e eles se beijam de novo.
   cumprimenta os outros e é abraçada por um longo período por . Ela ainda não teve tempo de conversar melhor com o rapaz, que é tão importante para ela quanto , guardada as devidas proporções de importância, claro. É bom abraçar após tanto tempo longe e saber que está tudo bem. O vocalista verbaliza no ouvido de aquilo que ela quis ouvir desde que embarcou horas atrás no avião rumo à : “Está tudo bem, !”. Ao fim da frase, ele deixa um beijo rápido no pescoço dela e se afasta sorrindo serenamente. o conhece o suficiente para ver em seus olhos que ele fala a verdade, de que ele realmente está tranquilo com toda a situação e que ele ficará bem com o relacionamento dela com . Ela o puxa novamente, dando-lhe mais um abraço antes de se afastar e cumprimentar o agora cunhado. Quem diria que a torcida de desse certo e que agora sim ele pudesse realmente chamá-la de “cunhadinha” sem problemas?
  O restante da gravação do clipe do novo single da Flow prossegue e assiste a tudo de camarote, sentada perto do diretor do clipe a quem ela pede novamente desculpas pela interrupção de ontem. De fato, ela não teve culpa, não imaginou que fosse arrastá-la dali, abandonando tudo e todos só para ficar com ela, para eles se amarem como aconteceu. Mesmo assim, o diretor pareceu tranquilo e, de certa forma, feliz pelo ocorrido. Tanto pelo fato de estar contente com a felicidade do amigo quanto pela nova ideia que teve de ontem para hoje na qual ele executa agora. Após as filmagens serem concluídas, acontece uma sessão de fotos promocionais. Todos estão rindo muito felizes, mas um dos sorrisos se destaca. está realmente radiante, ainda mais que está ali para vê-lo.
  Ele realmente não poderia estar mais feliz hoje.

  Algumas horas depois, já um pouco após a hora do almoço, a banda é liberada da gravadora. Todos se trocam rapidamente no camarim deles e depois seguem juntamente com até um restaurante para almoçarem e finalmente comemorarem a vinda dela para o , mesmo que eles saibam que a visita dela é para ver o . Todos foram em seus carros até o local combinado, e foram juntos e, no meio do trajeto, dá o presente para ele, que quase chora de emoção ao ver a linda corrente prateada com um crucifixo pendurado que ela comprou para ele. Assim que estaciona o carro, ele pede para a namorada colocar a corrente nele que a exibe orgulhoso.
  — Muito obrigado, Sunshine — agradece ele mais uma vez e dá um longo beijo em ainda no carro.
  — Por nada, meu amor — ela diz, afastando-se. — Ficou lindo em você — elogia erguendo as sobrancelhas e rindo.
  — Mais tarde eu tenho outra surpresa para você — o vocalista passa a língua entre os dentes meio abertos, fazendo erguer apenas uma de suas sobrancelhas.
  — Qual?
  — Ainda não sei, mas pensarei em algo bem interessante — ele diz com simplicidade e ri.
   o acompanha, também rindo, e desprende o cinto de segurança, abrindo a porta do carro. faz o mesmo e eles caminham de mãos dadas até o interior do restaurante. Todos já tinham chegado há poucos minutos e já estavam em uma mesa grande para acomodar todos confortavelmente.
  Minutos depois, uma longa conversa entretém a todos na mesa.
  — , posso fazer uma pergunta? — diz no meio da conversa, fazendo o olhar curioso do irmão recair sobre ele.
  — Se não for indiscreta — brinca ela, rindo. Todos riem também.
  — Ainda não — diz ele e, dessa vez, o encara mais incisivamente. — Não é nada demais, nós sabemos que você veio até o para ver o meu querido irmão — o mais novo olha para ele, risonho. — Mas, além disso, teve algum outro propósito em vir para cá? — ele finaliza a pergunta, dando um gole em sua cerveja.
  — Excelente pergunta, — comenta já um pouco bêbado, vide as maçãs de seu rosto estarem bem vermelhas.
  — Boa pergunta mesmo, cunhado — ela diz e o rapaz sorri vaidoso ao ouvi-la chamar assim pela primeira vez. — Eu tenho algumas ideias de trabalho que posso fazer aqui na cidade.
  — Tipo qual? — instiga Gots também um pouco bêbado e dando outro longo gole na cerveja em seu copo.
  — Eu queria fazer algumas fotos para usar em meu portfólio. Hm… por exemplo, pensei em tirar fotos não tão comuns pela cidade, sabe? Mais ou menos como já faço em Salvador.
  — Não entendi — diz com o ar confuso.
  — Quer tirar fotos cotidianas, é isso, amor? — indaga que está sentado ao lado dela. olha para ele, sorrindo.
  — Exatamente, amor! — concorda ela e todos soltam suspiros de surpresa.
  — Então, seriam fotos de locais que não são pontos turísticos, certo? — deduz .
  — Isso mesmo, — ela sorri para ele e completa: — Creio que conseguiria fotos assim se fossem locais em bairros não tão badalados — ela diz, pensativa.
  — Até mesmo nos bairros badalados você encontra ambientes assim — diz .
  — Sim! Esse bairro em que estamos é o mais famoso aqui em , por exemplo, todos vão no centro dele, mas, nas ruas mais para dentro, as ruas menores, tem muita coisa legal também que muitas vezes não é explorado — Gots completa a fala do amigo.
  — Bem lembrado, cara! — diz erguendo o copo de cerveja para o amigo.
  — Se quiser, , podemos te mostrar alguns locais bem legais para você tirar fotos — sugere .
  — Seria ótimo! — anima-se ela.
  — Trouxe sua câmera? — indaga com a mão repousada na coxa da namorada.
  — Nunca saio de casa sem ela, amor — ela dá um sorriso sapeca que não resiste e ri balançando a cabeça.
  — Podemos ir após o almoço em um destes locais, o que acham? — sugere Gots olhando para os amigos e aguardando uma resposta deles.
  — Seria bom, né, amor? — olha para que apenas sorri e concorda com a cabeça.
  — Combinado então!
  Eles se empolgam com a ideia de passear pela cidade com , é um meio de retribuir toda a receptividade que tiveram quando foram para Salvador e a fotógrafa os levou para diversos locais legais da cidade, locais não tão badalados assim como a ideia dela de fotografar por outro ângulo não tão comum.
  Após o almoço, todos deixam os carros em um estacionamento pago que fica próximo ao restaurante e saem a pé pelas ruas do bairro, procurando as vielas escondidas pelo interior das grandes ruas. Não demora para que saque sua câmera de sua mochila e, com a ajuda de que torna-se seu assistente segurando sua mochila pendurada no braço, comece a fotografar cada detalhe que julgue interessante.
  O tempo passa voando e já são quase 16h. A hora perfeita para o casal do grupo deixar o local, indo diretamente para o apartamento de . Ele acaba de ter uma ideia.

[🌻]

  Apartamento do , 16h23
  A ideia dele difere da ideia que teve ontem assim que ouviu o “sim” de ao seu pedido de namoro, ainda na gravadora. Hoje, não quer apenas ter uma noite prazerosamente sexual com sua namorada, além disso, ele quer fazer algo romântico. Justamente por isso, ele deixa em seu apartamento e sai para comprar algumas coisas, mas retorna minutos depois com algumas sacolas nas mãos.
  — Onde o meu misterioso namorado estava, posso saber? — indaga ao abrir a porta para ele que nem conseguiu digitar a senha da tranca eletrônica por conta da quantidade de coisas que ele trouxe. — E que urso é esse, ?! — completa ela, risonha, vendo o namorado passar pela porta com um ursinho de pelúcia que lhe cobre o rosto.
  — Pega aqui para mim, amor, por favor — pede ele referindo-se ao urso, ela que rapidamente o ajuda. — Trouxe coisas para completar nossa noite — explica e vai diretamente para cozinha sendo acompanhado por ela.
  — Hm… e o que faremos hoje? — ela diz, ainda muito curiosa.
  — Um programa de casal! — exclama o vocalista, animado e com um sorriso largo no rosto. — Trouxe alguns ingredientes para fazer petiscos para comermos e trouxe vinho, sei que você gosta de vinho tinto — ele mostra a garrafa para que logo sorri. — E pode deixar que eu trouxe o suave.
  — Ufa, que bom! — diz ela, aliviada. — Obrigada, amor, você é adorável! — se aproxima, dando um beijo no rosto dele, e ajudando-o a desarrumar as compras. — Hm, trouxe sorvete!
  — Não sabia de qual você gostava mais, então eu trouxe chocolate e baunilha.
  — Vou comer os dois — eles riem com o comentário e eles terminam de desarrumar tudo.
  Enquanto conclui a arrumação dos petiscos, colocando os salgadinhos nas tigelas, vai até a sala e liga a TV. Ele põe no serviço de streaming e procura alguns filmes de terror para ver junto com , é o gênero favorito dela. Logo, a mulher retorna à sala com duas tigelas cheias de petiscos e as coloca em cima da mesinha de centro, ela volta para cozinha e pega o restante das coisas, retornando com as taças e a garrafa de vinho que estava no congelador para gelar mais rápido – aliás, gelou em quinze minutos, incrível. A fotógrafa senta-se no sofá, encolhendo no próprio corpo sentindo muito frio, logo ela pega a manta que trouxe e se cobre com ela, deixando apenas a cabeça para fora. Ao ver a cena, o vocalista solta uma risada e se joga ao lado dela no sofá, abraçando a namorada, distribuindo beijinhos em seu rosto. Antes de dar play no filme, desliga as luzes do apartamento e volta a sentar-se ao lado dela, aconchegando seu corpo no de . Então, o filme começa.

  Horas depois…
  Já passa das 23h e ainda dorme profundamente em sua cama. e ele foram para lá após assistirem três filmes seguidos e cochilarem na metade do terceiro, sendo vencidos pelo cansaço e indo até a cama para dormir. O fuso horário mexe com o sono de , então ela está mais “acordada” que ele, por isso, ela deixa a cama calmamente para não o acordar e vai até a cozinha preparar um chá, na esperança de conseguir dormir mais. Enquanto prepara o chá, a mulher pensa em seus sentimentos por e em seu projeto pessoal. estava certo ao achar que não foi ao apenas para ver o e aceitar seu pedido de namoro. Lógico que esse foi o motivo principal, mas ela quer aproveitar sua estadia por para incrementar seu portfólio e, simultaneamente, apresentar um projeto novo para Otto, seu chefe no Correio. A ideia dela é criar uma coluna fotográfica no jornal impresso e digital do Correio que mostre a rotina no e, além disso, complemente um pouco do trabalho que ela já faz mostrando o outro lado de Salvador. Ela pretende recolher o maior número de material que conseguir, organizar o portfólio e mostrar para Otto ainda este mês, ela tem pressa em ter uma resposta já que, obviamente, para conseguir tirar as fotos e prosseguir com a coluna, ela teria que morar no . Atualmente, é o que ela mais deseja, já que agora tem um excelente motivo para ficar. E, se não desse certo o namoro com , possivelmente ela também ficaria pelo simples fato de ter se encantado ainda mais pelo país.
   abre um pouco a cortina que cobre a porta que leva à sacada do apartamento para poder ver um pouco da paisagem noturna, sentando-se no encosto do sofá em seguida. Ainda há luzes ligadas e pouco barulho externo, a casa está silenciosa e o chá quentinho a acalma e aquece ao mesmo tempo. Ela usa um baby-doll e o hobby por cima nas cores verde-água, trocou-se antes de se deitar na cama, já havia cochilado e possivelmente não a viu vestida assim. está muito distraída com a calmaria que o chá lhe proporciona, tanto que nem percebe a aproximação de que a abraça por trás, ficando de joelhos no sofá.
  — Não consegue dormir? — pergunta ele de maneira óbvia e com o queixo repousado no ombro dela.
  — Não. Fiz um chá para ver se ajuda. Quer um pouco? — oferece ela.
  — Não, amor, obrigado — ele deposita um beijinho no ombro dela e completa: — Você está deslumbrante com esse baby-doll, sabia? — não consegue disfarçar o riso.
  — Não sabia, é mesmo? — se finge de desentendida.
  — Pois está… e eu estou louco para te ver sem ele.
  — Já?
  — Admiro o seu corpo vestido, Sunshine, mas ele é ainda melhor sem nenhum tecido cobrindo toda sua beleza e perfeição — elogia ele, intensificando os beijos, agora passando os lábios molhados pelas costas dela, enquanto desce o hobby pelos ombros de .
  — Acordou com apetite de sexo, né? — ela brinca e bebe o último gole do chá, esticando a mão para colocar a xícara vazia na peça que há atrás do sofá.
  — Você não faz ideia — ele diz entre beijos e retira totalmente o hobby com a ajuda de .
  — Eu adoro quando você me beija assim… — a voz dela sai vacilante e cheia de tesão. sorri de canto com o efeito causado e passa uma das mãos pela barriga dela, apertando o local, puxando-a para si. — Ah… amor…
  — Hm… — resmunga ele, ainda beijando as costas de e agora retirando a alça do baby-doll deixando-a caída no ombro.
  Ele aguarda por uma resposta, mas não a dá, ela não consegue formular frases agora que tem sua mão acariciando a intimidade dela. Seria um pouco leviano esperar lógica da mente da fotógrafa neste instante onde tudo que ela quer é se entregar a ele. Não tarda para a mão de adentrar a calcinha dela e fazer os mesmos movimentos só que internamente. Os suspiros de são mais intensos e longos e ela respira pela boca agora. A outra mão de afaga os seios dela ao mesmo tempo que pressiona ambos os corpos para não se afastarem. Ele percorre sua boca até a nuca da mulher, passando sua língua no local que está livre já que os cabelos de estão presos para cima. Sem interromper sua investida com os dedos centrais de sua mão na intimidade de , a puxa e eles caem no sofá, as pernas dela se trançam nas dela, afastando uma da outra, dando assim a abertura que ele desejava. O homem agora respira mais ofegante ao ter o peso da namorada sobre seu tórax, mas ele não liga e solta o ar pela boca de maneira pesada, porém prazerosa. Ele passa a ter o maior controle das investidas com os dedos e assim proporciona o melhor prazer para , que geme contorcendo-se em seus braços.

[🌻]

  A transa entre os dois terminou minutos atrás e eles já estão deitados na enorme cama de , o homem com a cabeça repousada no colo de , sendo afagado por ela.
  — Suas coxas são tão macias, amor — comenta o homem deslizando os dedos da mão livre pelas coxas da namorada enquanto tem os cabelos afagados por ela.
  — São? — indaga ela, retoricamente. — Pode deitar aí quando quiser — diz , sorrindo.
  — Posso mesmo?
  — Pode, amor.
  — Não quero mais sair daqui se for assim — ele envolve os braços nas coxas dela, abraçando suas pernas e aconchegando mais a cabeça, fazendo rir.
  — Como vai fazer os shows se tiver agarrado nelas? — pergunta ela, rindo.
  — Você sobe no palco, eu me deito no seu colo e cantarei dali mesmo. Sem nenhum problema — explica como se fosse algo comum a ser feito e ri ainda mais.
  — ! Não dá — responde ela, óbvia. — E como vai dançar deitado no meu colo? — lembra.
  — dança por mim — o vocalista dá de ombros e beija a coxa dela.
  — Ah, é verdade, boa ideia, amor!
  — Não alimente minha ideia, ! — sugere , rindo. — Senão é capaz de eu realmente fazer isso. Temos show esse final de semana — lembra ele, rindo e dá uma mordida na perna de que puxa a perna por reflexo.
  — Seu cachorro, não me morda! — brinca ela e faz cosquinhas na lateral do corpo dele.
  — Golpe baixo, Sunshine!! — ele ri e se vira bruscamente para fugir das investidas dela. Ele fica de joelhos na cama, passando uma das pernas por cima dela, apoiando do outro lado e senta-se no colo dela. — Te peguei! — ele agarra a cintura de e a puxa para si, fazendo o movimento rápido e puxando-a consigo. Eles trocam de lugar.
  — Amor!  — a fotógrafa agora está sentada no colo de que está sentado na cama ainda agarrado à cintura dela. — Você é rápido! — elogia ela ajeitando os cabelos para longe de seus olhos e selando os lábios com os dele.
  — Você ainda não viu nada, Sunshine — instiga o vocalista com a voz sexy, arrancando um sorriso safado dela.
  — Assim você me atiça, sabia? — ela começa a remexer o quadril de maneira sugestiva, para trás e para frente, um movimento lento, gostoso, provocante
  — Quem está me atiçando agora é você, amor… — dessa vez é a voz de que sai vacilante. Seu corpo está tão trêmulo por causa do tesão que lhe consome que suas mãos passeiam pelas costas de também trêmulas, agora parando sobre a bunda dela, apertando o local com força. —
  — Você gosta disso, não gosta? — provoca ela e aumenta os movimentos. — Ainda não tentamos assim, o que acha de tirar esse short e cueca, hm?
  — Ah, amor… — ele a encara com os olhos suplicando por aquilo. — Eu te amo, minha luz…
  Os lábios se encontram novamente em um beijo quente. Tão quente quanto o amor que os levou até ali.

Capítulo 3 – Como se fosse a primeira vez

"Faça me sentir novamente
Deslize pela minha pele outra vez
Mostre-me como redescobrir você
Eu vou me prometer se você me dar
Apenas nesta noite perfeita
Deixar nós dois nos tornamos um..."

– To Be With You, Hoobastank –

  Dois dias depois…
  Muita coisa aconteceu em quarenta e oito horas. Dentre elas, a mais importante certamente é o fato de ter contato aos pais dele que está namorando e agora os dois querem conhecer , já sabendo que ela está em . Num impulso, marcou um almoço na segunda-feira na casa dos pais que fica na cidade vizinha. está bem nervosa, pois não sabe o que dizer, ela nunca teve a experiência de conhecer os pais dos homens com quem se relacionou ao longo da vida. Será um pouco complicado para ela, a fotógrafa nunca teve uma relação boa com os próprios pais e, bem, eles não eram os mais presentes do mundo.
  Pensando em muitas coisas atormentadoras, mal dorme à noite e só consegue tirar um cochilo pela manhã, mas logo é acordada pelos beijos quentes de que está agarrado às costas dela como um bicho-preguiça agarrado em um tronco de árvore.
  — Tem show hoje, né? — comenta ela, espreguiçando-se nos braços do namorado enquanto ele segue beijando as costas dela bem devagar.
  — Uhum, mas viajaremos mais tarde. Podemos dormir mais — avisa ele num tom carinhoso.
  — Dá pra ir de carro? É muito longe? — indaga , já pensando nas economias que tem no banco. Se for muito cara a passagem de avião, certamente ela irá de trem ou carro.
  — Não muito, mas de avião é mais rápido — quase sorri com a afirmação, mas… — De carro demoraria umas 4 horas — … logo desmancha a feição feliz.
  — Uau! — espanta-se já desistindo de ir de avião e pensando em um jeito de pedir um Uber ou um táxi para ir até à cidade.
  — Eu pago sua passagem — diz voltando a beijar as costas de , intercalando com os ombros dela.
  — Não precisa — apressa-se. — Eu tenho como pagar — ela mente, pois obviamente ela não teria como ir de avião, mas daria um jeito de acompanhá-lo neste show.
  — Eu já disse que pago sua passagem — reforça o vocalista desviando a trilha de beijos para o pescoço de , ele ergue um pouco o próprio corpo, ficando apoiado no cotovelo para sustentar seu peso enquanto beija o local.
  — Amor, eu trabalho, sabia? — rebate ela num tom óbvio. — Posso pagar minhas coisas. Não quero que fique pagando nada assim pra mim.
  — Eu também trabalho e tenho como pagar — retribui.
  — ...
  — Não posso… — inicia ele deixando beijos demorados e estalados pelo pescoço dela. —... querer... minha linda ... namorada... junto comigo... no show... hm?... Só quero sua companhia, minha Meg — finaliza ele, referindo-se ao personagem de Dead by Daylight com que joga quando eles jogam o game. Ele inclina a cabeça para o lado, fazendo um beicinho muito meigo com os lábios.
  — Você está proibido de me olhar assim, golpe baixíssimo, — diz , desconcertada com a feição que ele faz e com o corpo totalmente arrepiado.
  — Sunshine, não brigue comigo… — ele pede, manhoso. — Você vai comigo no show de hoje? Por favor? — solta uma risada abafada e responde:
  — É claro que eu vou — sorri largamente e a beija.
  — Te amo!
  Ele distribui beijos pelo rosto dela que ri sentindo arrepios localizados pelo seu corpo. Ao fim, beija os lábios dela longamente.
  — Estou tão feliz! — conclui ele.
  — Também estou, amor — ela também sorri e vira o corpo de lado, ajeitando o travesseiro em sua cabeça. faz o mesmo e joga a mão sobre a cintura dela.
  — Estou ainda mais feliz porque segunda iremos ver meus pais — comenta ele no mesmo tom contente. — Eles estão realmente animados com a visita.
  — Eu também estou — diz ela, sorrindo. — Será que eles vão gostar de mim? Eu nunca conheci os pais de alguém antes — confessa.
  — Claro que vão, eles são muito legais e já te conhecem por foto — diz e recebe o olhar intrigado da fotógrafa.
  — Quando foi isso, ? — ela semicerra os olhos e ele exibe um sorriso de menino travesso.
  — Assim que eu descobri que estava apaixonado por você — abre a boca, surpresa.
  — Isso faz muito tempo, amor!
  — Faz — confirma ele, rindo. — Em minha defesa, a senhora é boa em ler os sentimentos dos filhos. Ela foi a primeira a descobrir que estava apaixonado pela Aimi e comigo não foi diferente.
  — Acredito… — balança a cabeça e dá um selinho em .
  — Eu queria poder conhecer os seus pais também — solta ele num tom de pesar, fazendo o sorriso de morrer imediatamente e um nó se formar em sua garganta.
  — Amor, eu… eu preciso te contar algo — diz ela, hesitante e franze o cenho.
  — Conte, me parece aflita, de repente — ele logo nota o nervosismo repentino dela e aperta a cintura dela.
  — Eu menti para você — ela prefere dizer de uma vez já que sente seu coração acelerar e a covardia quase lhe dominar.
  — Co-como assim?
  — Lembra quando eu te disse que meus pais tinham morrido? — inicia ela.
  — Lembro.
  — Era mentira — confessa a fotógrafa, o nó aumenta cada vez mais.
  — Como assim, Sunshine? Por que mentiu? Eles estão vivos, então? — dispara ele a perguntar bastante confuso.
  — Na verdade, eu não sei se estão vivos. É uma história complicada…
  — Me conta — insiste e suspira, engolindo em seco.
  — Quando eu tinha 9 para 10 anos de idade eu tive uma pneumonia muito forte, fui parar no hospital e passei muitos dias internada — relembra ela nada saudosista. — Me lembro das discussões tão claras como nossa conversa agora. Meus pais discutiam sobre quem iria carregar “o fardo” de cuidar de mim naquele estado — ela ri sem humor e a garganta de vai se fechando conforme ela conta. — Me lembro também de chorar baixinho para que eles não ouvissem, ainda tive essa consideração ao contrário deles que discutiam abertamente e com as vozes alteradas ao lado do leito onde eu estava. Chorei tanto que adormeci de cansaço.
  — Amor… — mal sabe o que dizer, ele queria tanto que ela não tivesse sentido tal dor.
  — Minha febre aumentou e, quando eu acordei, meus pais não estavam mais lá, apenas minha tia, que é irmã de meu pai, estava comigo. Ela é uma boa pessoa, cuidou de mim pelo restante dos dias que fiquei no hospital até me recuperar. Como meus pais haviam sumido do mapa, ela meio que me adotou — explica a mulher já sentindo seus olhos enchendo-se d’água. — Fiquei com ela até os meus 18 anos, quando eu finalmente consegui juntar uma grana para poder morar sozinha. Aluguei um apartamento, o mesmo que moro hoje, e aos poucos guardei mais dinheiro para comprar um só para mim. Por sorte o dono deste apartamento queria vender e eu perguntei se ele poderia segurar um pouco a venda para que eu pudesse comprá-lo.
  — E ele vendeu para você?
  — Sim — ela dá um leve sorriso e prossegue: — Ele foi muito gentil fazendo isso, consegui pagar totalmente o apartamento há quatro anos — ela sorri um pouco mais abertamente, orgulhosa de seu feito.
  — Eu sinto muito pelos seus pais, amor. De verdade — ele sente que é o momento de dizer algo reconfortante para , mesmo que ele queira fazer mais, mas não sabe o que exatamente.
  — Obrigada, amor — ela sorri e se aconchega no abraço dele.
  — E sua tia? Ainda mora em Salvador? — indaga ele.
  — Ela mora em Feira de Santana, uma cidade próxima. De vez em quando eu vou visitá-la — responde ainda abraçada a .
  — Nunca mais teve notícias dos seus pais?
  — Minha tia tem notícias do irmão dela, mas eu disse que não quero saber de nada. Nem dele e nem da mulher que me botou no mundo. Eles não significam mais nada para mim, assim como eu não significo para eles — ela diz com amargura e sente o nó em sua garganta voltar avassaladoramente.
  — Que bom que você teve sua tia para cuidar de você — comenta e se afasta um pouco para encará-la. — E agora você tem a mim também.
  — Amo você, — declara-se voltando a enterrar o rosto no peito dele que aperta o abraço novamente.
  A história contada por deixa bastante entristecido e aborrecido pela atitude mesquinha dos pais dela. Ele nem consegue imaginar o que faria se estivesse em tal situação, a mãe dele é tão amorosa e cuidadosa que ele não a enxerga em tal cenário tenebroso. Espantando os pensamentos ruins, o vocalista aperta um pouco mais o abraço em e deposita beijos na testa dela, aconchegando o corpo da namorada no dele.
  Minutos depois, o casal se levanta, faz cada um a sua higiene pessoal e preparam o café da manhã. Enquanto comem, acessa o site da companhia aérea, a mesma que levará ele e a banda para a cidade do show, para verificar uma passagem no mesmo voo. Por sorte ele encontra alguns assentos livres no mesmo voo e compra o mais próximo do dele possível.

  Horas depois…
  Todos desembarcam no aeroporto da cidade onde acontecerá mais um show da Flow. Para é como se fosse o primeiro show novamente, todas as lembranças daquele show em junho de 2018 voltaram à sua mente como um furacão, ventilando as sensações que teve naquelas duas semanas intensas ao lado de seus ídolos. Foi através delas também que nasceu o sentimento por , o vocalista com quem ela está de mãos dadas agora, ambos de aliança no dedo, compartilhando o amor que nutriram por tanto tempo um pelo outro.
  Eles embarcam em uma van que os leva até o hotel.
  — Ansiosa para o show após tanto tempo, ? — indaga , curioso. Ele está sentado na última fileira de cadeiras da van ao lado do produtor da banda.
  — Vocês não fazem ideia! — exclama ela, animada. — Estou muito ansiosa, acho que mais do que vocês — ela ri e todos riem também.
  — Não se preocupe, Sunshine, estaremos lá para apoiar você — brinca dando um beijo na mão dela. O homem está sentado próximo à janela da fileira do meio da van, a namorada ao seu lado.
  — Nosso querido produtor conseguiu uma credencial para você, cunhadinha — avisa e olha para o produtor que sorri para ela. — Vai poder ficar na lateral do palco, se quiser.
  — Eu irei adorar! Trouxe minha câmera para registrar — diz ela com ainda mais empolgação.
  — nunca sai de casa sem sua câmera! — imita o modo de falar da cunhada e todos gargalham.
  O caminho até o hotel é curto e logo eles chegam ao destino, desembarcando da van e entrando no local. Após o check-in, eles ocupam seus quartos. O produtor conseguiu com que e ficassem no mesmo quarto, fato que deixa bastante contente já que não quer ficar nem um segundo longe da namorada. Ele precisa aproveitar enquanto a tem por perto já que não sabe quando poderá vê-la de novo. A distância de dois oceanos faz o coração se espremer em seu peito, tristonho só de pensar em sentir toda a saudade dela novamente, dessa vez, com mais intensidade.
  Mais ou menos uma hora se passa e já está pronto para o show. também já está arrumada e com sua mochila com a câmera à postos. Eles deixam o quarto e vão até a recepção encontrando os demais, assim, todos embarcam na van novamente rumo ao local do show. Dessa vez, demora um pouco mais para eles chegarem lá, cerca de uma hora. Assim que chegam à casa de shows, eles vão para o camarim, deixam suas coisas e vão para o palco fazer a passagem de som. Toda essa rotina de acompanhar os rapazes em um dia de show parece rotineira para , junto a isso há o sentimento de primeira vez que toma conta dela, fazendo-a ficar bastante emotiva enquanto registra imagens do ensaio. A banda retorna ao camarim acompanhada de que mostra a eles as fotos que tirou. Minutos depois eles conseguem ouvir o barulho da plateia que já ocupa parte do espaço destinado a ela. Os rapazes se dirigem até a entrada no backstage que leva ao palco. Concentrados, eles fazem seus rituais particulares antes de subirem no palco. Para , é a primeira vez que subirá ao palco após aceitar seu pedido de namoro. Antes, ele pegava seu celular para filmar esse momento de concentração pré-show e mandar o vídeo para ela. Mas, agora que tem a namorada atrás de si, ele não precisa mais disso. Apenas pode puxar os braços dela para que o abrace e logo ela se aconchega nas costas dele, segurando sua câmera na frente do corpo de , deixando um beijo nas costas do namorado que sorri ao sentir, ainda que de leve, o encostar dos lábios dela sobre seu casaco. O staff da casa de show dá o sinal, avisando que eles têm que subir ao palco em menos de um minuto, então, se afasta um pouco de , mas logo tem as mãos dele envolvendo seu rosto e seus lábios sendo tomados num beijo caloroso.
  — Te vejo daqui a pouco, Sunshine — diz ao fim do beijo e sorri muito feliz em tê-la ali.
  O homem ajusta a corrente que ela lhe deu no pescoço e é o último a subir no palco, a plateia já grita enlouquecida chamando o nome da banda. Gritando. Berrando. Vibrando. O corpo de arrepia-se e a sensação de adrenalina do início do show lhe acomete arrebatadoramente.
  Ela quer ter mais dessa sensação, muito mais.

  De volta a
   deixa o corpo relaxar assim que se deita no sofá do apartamento de que se deita do outro lado logo em seguida dela. A viagem foi cansativa e o show ainda mais, porém, a sensação de dever cumprido é grande para ambos. tirou muitas fotos, ainda mais do que quando registrou os shows de Salvador, e em breve editará e postará todas. sugere que eles tomem banho e descansem um pouco. Ainda está cedo, não passa das 19h. O casal vai ao banheiro tomar banho juntos. Quase se inicia uma transa, mas o fato de estarem com fome os impede dessa vez. Rindo, o casal se enxuga e se veste, indo até a cozinha em seguida. Hoje, a chef será que pega os ingredientes para preparar um delicioso frango empanado com arroz temperado, receita ensinada por sua tia. Aliás, é uma das poucas coisas que a moça sabe cozinhar. Ela brinca que é bom saber cozinhar, pois, se depender somente dela, eles morrem de fome. Com o jantar pronto, eles comem enquanto conversam sobre algumas habilidades que não conhecem um do outro. revela que sabe fazer uma massagem muito boa e que provará à namorada qualquer dia. Já confessa que, de vez em quando, se arrisca a cantar e insiste que ela cante para ele, mas ela se recusa a fazer isso na frente de seu namorado vocalista de sua banda favorita. Seria a maior vergonha caso ela desafinasse. A chance de isso acontecer é enorme.
  Antes de ir ao quarto, pega a garrafa com o restante do vinho que havia sobrado e duas taças, caminhando até seu quarto onde já está sentada na cama mexendo no celular. Ele deixa a garrafa e as taças sobre a mesinha de canto e enfia a cabeça na frente dos olhos de , impedindo sua visão para o celular dela, a moça ri e abaixa as mãos, deixando o aparelho ao seu lado na cama. o pega e coloca em cima da mesa de canto, catando uma das taças e entregando a , a outra ele enche com o vinho e serve à também, ainda deixando o restante do líquido no recipiente. Os dois brindam e bebem um gole do vinho. A fotógrafa move seu corpo para trás e se encosta na cabeceira da cama, faz o mesmo, sentando-se na cama e ficando ao lado dela. Eles começam a conversar.
  Minutos se passaram e o vinho já acabou há algum tempo. Eles beberam muito rapidamente e já estão um pouco altinhos demais. está com a cabeça repousada na barriga de .
  — Ah, o show foi incrível, amor! — diz enquanto penteia os cabelos dele com uma das mãos e gesticulando com a outra, animada. — Eu realmente estava com saudades da sensação que é assistir a um show de vocês. Não querendo puxar saco nem nada, mas vocês fazem um baita show. Tenho muito orgulho de vocês, amor, de verdade — ela diz num tom claro de orgulho.
  — Obrigado, Sunshine — agradece ele com o olhar fixo nos seios de .
  — Acho que vou me acostumar mal em namorar você, pois vou querer ir a todos os shows e ficar no backstage… — brinca ela, rindo.
   segue atento aos seios da namorada, que balançam um pouco por debaixo da blusa fina que ela usa, conforme ela fala e gesticula. O vocalista morde os lábios, passando a língua por eles e puxando o ar pelos dentes de maneira discreta. Tanto que nem percebe.
  — Nossa, eu quero ir atrás de vocês pelo mundo, mas pena que não posso. Senão eu teria que deixar meu emprego em Salvador e… — ela continua falando muito empolgada e ainda penteando os cabelos de que prossegue secando os seios dela com o olhar. — Não é, amor?
  — Uhum…
  Ele resmunga em resposta à pergunta dela mesmo que ele nem tenha ouvido qual era. prossegue falando ainda sem perceber o jeito predador como ele a olha e nem o movimento que ele faz agora chegando seu corpo mais para frente, assim repousando sua cabeça mais próxima dos seios dela.
  — Ah, eu poderia tirar fotos daquele monumento famoso, qual o nome mesmo? Ai, eu sempre me esqueço… — suspende o tecido da blusa dela sem dificuldades e aproveita a exposição parcial do busto dela para abocanhar o seio esquerdo de que solta um suspiro de surpresa. — !
  — Hm — resmungando sem parar de chupar o seio dela.
  — O que está fazendo? — indaga , risonha, sentindo arrepios nos seios e uma comichão em sua intimidade.
  — Chupando seu peito — ele diz com a boca cheia e sem parar de sugar.
  — Aah, isso é bom… — ela geme intensificando o afago nos cabelos do namorado —, mas eu estou falando, amor — diz na tentativa de ele parar mesmo que ela realmente não queira que ele pare.
  — Pode continuar, estou ouvindo — segura com uma das mãos e continua chupando, suspendendo mais a blusa dela com a outra mão. À essa altura ele já está com o cotovelo apoiado na cama.
  — Amor…
  — Hmm…
  — Amor… , espera! — insiste , empurrando a cabeça dele levemente para longe de seu busto, em vão. O homem para e encara ela ainda com a boca bem próxima do peito de .
  — Que foi? — ele dá uma última chupadinha antes de tirar a boca dali fazendo rir.
  — Minhas costas estão doendo — diz ela tirando a blusa totalmente e se ajeitando na cama, dá passagem para que ela se deite. — Prontinho, pode continuar — ele ri abertamente e volta a se apoiar sobre a cama, deitando o corpo sobre a namorada.
  Os lábios de voltam a saborear os seios de sua namorada que apenas aproveita-se do prazer proporcionado por ele. As duas mãos dele massageiam as laterais dos seios de de maneira que a deixa mais excitada ainda, provocando espasmos no restante de seu corpo. Aliás, o corpo da fotógrafa conversa com o vocalista neste momento. A mensagem dada por ele é clara: me fode. Mas, antes disso, quer testar algo. O namoro com está servindo não só para ampliar o seu amor por ela, mas também para explorar suas habilidades e desejos sexuais. Nesses quinze dias que ela passará junto com ele, quer aproveitar cada instante e oportunidade que tiver para explorar cada centímetro de sua linda e apetitosa namorada. O que ele faz agora, ele nunca fez com ninguém, realmente ninguém lhe despertou a vontade de fazer isso, mas com ela é diferente. Ele crê que será magnífico.
   vira o corpo de fazendo ela ficar de quatro na cama e agarra a cintura dela dando uma bela mordida em sua bunda. exclama o nome dele, sentindo os dentes dele voltarem a apertar a carne de sua bunda com bastante vontade. Antes dela dizer qualquer coisa, deita-se na cama com o rosto para cima e na direção da intimidade de que logo percebe a intenção malvada dele. O homem se ajeita confortavelmente e envolve suas mãos na cintura dela novamente, puxando-a para baixo na direção de sua boca que está sedenta de desejo. O toque a seguir é lento, a língua de percorre toda a extensão da abertura entre as pernas de sua namorada de maneira intensa e prazerosa, arrancando um longo gemido dela. Mas, as chupadas que ele dá depois são mais fortes, mais firmes e empolgam a mulher que agora rebola na boca de . O vocalista está extremamente excitado, seu membro já está rígido há tempos ao mesmo tempo que ele aperta a cintura de , intercalando com sua bunda macia. rebola ainda mais e sente a língua dele penetrar em sua intimidade seguido de uma forte chupada.
  Ela está quase perdendo o controle.

  Minutos depois…
  A bunda de segue empinada, rebolando e quicando, porém, dessa vez faz isso no membro de que está sentado na cama, as costas apoiadas nos travesseiros, as pernas um pouco abertas enquanto apoia as costas de com as mãos ajudando-a a quicar sobre ele. O desejo pela namorada é muito intenso e ele realmente não consegue conter-se. Seu maior prazer é mordê-la enquanto estão transando, está tornando-se um vício para que, sem avisar, morder partes diferentes do corpo de durante o sexo. Ora leves, discretas, ora fortes e bem perceptíveis. A segunda opção é a favorita dele até então e é a que ele usa agora. já está se acostumando com as mordidas e até sente tesão quando as recebe. A de agora ela tem certeza de que formou algum hematoma em seu seio direito, mas ela não liga. Sua concentração é em dar prazer a que tanto já lhe deu prazer hoje e lhe fez gozar duas vezes. Essa posição estimula mais o homem que sente sua ereção quase explodir. Porém, para a surpresa de , ele pede para se levantar. Ela obedece e sai de cima do colo dele, sentando-se sobre seus joelhos na cama. se levanta e puxa ela para acompanhá-lo, fica de pé, de frente para ele que a abraça com carinho, beijando-a em seguida. Durante o beijo, puxa a perna direita dela para cima, pressionando-a contra sua coxa esquerda, apertando o local. capta o sinal. A mulher agarra o pescoço dele com firmeza, interrompe o beijo, encarando-o e pula no colo de que logo sustenta seu corpo com as mãos em sua bunda. Tentando se equilibrar ali, a mulher vê o namorado caminhar até a parede mais próxima, apoiando as costas dela para poder penetrá-la melhor. Após colocar seu membro dentro de , o vocalista suspira e inicia suas investidas ainda com as costas dela contra a parede. Mas eles não ficam assim por mais que um minuto. Logo ele inverte os papéis e é a vez de fazer a maior parte do trabalho, voltando a quicar sobre o membro de que pressiona seu quadril para cima com os joelhos dobrados para ajudar no impulso. Enquanto quica nele, suas mãos estão apoiadas em seus ombros, as mãos puxando os cabelos da nuca de ao mesmo tempo que provoca gemidos baixinhos e prolongados dele; ela tenta algo que não faz há algum tempo com ninguém: contrair sua intimidade. Ah, isso é tão prazeroso para ela e para seu parceiro que ela mal consegue mensurar o quanto. Mas consegue. Ao sentir a intimidade de contrair-se, espremendo seu membro dentro dela, a circulação de sangue dele aumenta, intensificando sua ereção e aumentando o volume de seus gemidos. A cada quicada que dá, há uma contração. E a cada contração, solta um quase grito de prazer. Urrando. O suor já ensopa os cabelos do homem que já os têm grudados pelo rosto, o que não atrapalha em nada seu desempenho.
   não consegue aguentar mais.
  Seu orgasmo explode dentro de que geme ao sentir o líquido dele lhe preencher, dando um beijo apaixonado nos lábios de que sente seu corpo vacilar com o prazer sentido, mas ainda aguenta o peso de sua namorada até que ela atinja seu orgasmo, o que ocorre poucos minutos depois.

Capítulo 4 – Família

"Você nunca foi mais bonita
Do que você é agora e você nem sabe
Não tenha medo de ser vulnerável
Porque você nunca esteve, nunca foi mais bonita."
– More Beautiful, Hoobastank –

   havia saído há algumas horas e deixado sozinha em seu apartamento. Ela não o acompanhou, pois ele foi à uma entrevista em uma rádio e depois iria em outro compromisso da gravadora. o convenceu de ficar em casa e disse que o compensaria preparando brigadeiro para ele. Agora, a moça conclui o preparo da iguaria enquanto ouvia música em seu celular no alto-falante. No momento toca uma música da Flow e a moça canta e dança distraída, movendo-se pela cozinha americana do apartamento de que, sem perceber, mandou algumas mensagens para ela avisando que já estava retornando. Isso foi há uma hora.
  Ao entrar no apartamento, é silencioso e deixa as chaves de seu carro em cima do móvel que há em frente à porta, retirando seus sapatos e caminhando de meias pelo pequeno corredor que liga à sala. Logo ele escuta a própria voz em um tom mais baixo e a voz de cantando por cima da música. Sorrir é inevitável e, ao botar seus olhos nela, sua boca se abre automaticamente. está dançando animadamente a música ao mesmo tempo que canta. comprova a habilidade que ela havia dito ter, ela até que canta bem. Claro que não está no tom correto, mas está afinada e sua voz é muito bonita, encaixa direitinho na melodia. vira-se, ainda dançando com uma colher de brigadeiro em uma de suas mãos, e dá de cara com o namorado que está parado no meio da sala observando-a. sorri e caminha até ele, cantando, e o puxa pela mão para que dance com ele. Ele empolga-se, cantando junto com sua voz gravada enquanto sua namorada dança em sua frente, seus corpos bem próximos. De maneira sensual, totalmente sem intenção, coloca a colher na boca, puxando parte do doce para dentro e mastigando. O vocalista se interrompe e puxa o ar por entre os dentes, sentindo um arrepio em sua nuca. Seus olhos piscam por muitas vezes seguidas e o homem volta a si, retomando a tempo do último refrão e colocando seu corpo ao de que agora está de costas para ele. Ele envolve seus braços na cintura dela, pousando suas mãos na barriga dela e ela entrelaça seus dedos nos dele. A música termina e começa outra, mas e não estão mais cantando. Ambos continuam embalados pela nova melodia que move seus corpos juntos nessa dança. se vira para abraçá-lo e eles se beijam, o gosto de brigadeiro tomando conta de suas bocas. O sabor é delicioso assim como se lembra de ter provado quando estava em Fortaleza e encontrou o potinho de brigadeiro feito por . A dança, o doce, o calor produzido, tudo isso embala o casal, atiçando-os a sentir mais um do outro. Muito mais.

[🌻]

  Segunda-feira, caminho até à casa dos pais do
  Nervosismo nem é a palavra certa para descrever com precisão o que sente agora. Desespero se adequa mais. Suas mãos estão suando igual na vez que ela fez seu primeiro evento como fotógrafa, registrando uma formatura infantil anos atrás. Ou quando ela viu os rapazes da Flow pela primeira vez no aeroporto, o quão lindos eles estavam. Ela nem sabia ainda o quanto sua vida mudaria dali em diante.
   está dirigindo enquanto conversa com seu irmão que também está no carro ao lado de sua namorada, Aimi. O mais novo resolve acompanhar o casal a pedido do irmão, para que não se sinta tão pressionada. Apesar de saber que seus pais já gostam dela e que estão loucos para conhecê-la pessoalmente, o rapaz sabe que será um encontro inédito para ela e não quer que ela fique tão desconfortável.
  — Estamos chegando, amor — comenta ele para que vira o rosto e sorri. — Está tudo bem? — o homem estende a mão para ela, mantendo a outra no volante.
  — Sim — aumenta a extensão de seu sorriso e segura a mão de , apertando levemente.
  Ele volta a segurar o volante com ambas as mãos, girando-o para que o carro entre em uma rua não muito larga. Após passar algumas casas, estaciona o carro em frente a uma grande casa de dois andares. Os quatro desembarcam do carro e retiram suas mochilas de dentro do porta-malas. Eles irão passar a noite na casa dos e essa parte também assusta . A frente da casa tem um muro baixo e um pequeno portão, tendo ao lado uma caixa de correios. vai na frente junto com Aimi e abre o portãozinho passando por ele e caminhando pelo caminho de pedras que está parcialmente coberto por gelo. Na noite passada havia nevado e, certamente, foi a noite mais fria para desde que chegou ao país. e também caminham atrás do mais novo e vê o jardim da casa também coberto por uma fina camada de gelo. Ela coça o nariz, sentindo um incômodo, mas acaba ignorando ao ter sua atenção tomada pela voz de uma mulher mais velha. O olhar dela é atraído para a porta principal da casa. Uma mulher mais velha, bonita, cabelos pretos na altura de seus ombros e uma franja singela. julga ser a mãe de e logo tem a comprovação ao vê-la dando um abraço em e, em seguida, dando-lhe uma bronca por demorar a aparecer para vê-la. Atrás dela há um homem não tão alto, porém mais alto que a mulher, que logo nota ser o pai de devido a incrível semelhança. Ela imagina ser assim que o namorado ficará quando tiver a idade do pai.
  — ! — exclama a mais velha com os braços estendidos para abraçar o filho que solta momentaneamente a mão de para encontrar a mãe. — Você cresceu? Está tão bonito! — comenta ela, afastando-se um pouco dele e pondo as mãos em seu rosto. — Está lindo, filho.
  — Obrigado, mãe — responde ele, tímido, mas não tanto quanto está agora. Ela sente-se uma criança indefesa diante do perigo.
  — Esta linda moça deve ser a , acertei? — deduz a mulher virando seu olhar para que sente o rosto corar. Ela assente. — Oh, venha cá, querida — chama a mãe de e ele se afasta um pouco para que se aproxime.
  — Amor, esta é minha mãe, a senhora Yumi — ele apresenta a mãe que sorri para , o mesmo sorriso que tem.
  — Prazer, senhora — diz fazendo um gesto com o corpo para cumprimentá-la, mas tem uma das mãos puxadas por Yumi que a abraça com força.
  — Seja bem-vinda, minha querida — o abraço tão acolhedor que sente vontade de chorar, mas se segura e apenas sorri agradecendo. — Oh, querida, você é mais bonita pessoalmente — comenta Yumi afastando-se de e fazendo o mesmo gesto que fez com o filho segundos atrás.
  — Ela é, né? — diz com o ar apaixonado. — , esse é meu pai — ele aponta para o homem que ainda está na varanda com um sorriso no rosto.
  — Hayato , prazer, minha querida nora.
  Hayato se aproxima de e a abraça carinhosamente. A mulher sente-se tão acolhida com o abraço dos pais de que toda a tensão que sentia quando estava no carro, esvaiu-se. Ela dá um sorriso sincero e aliviado, sentindo o braço de envolver seus ombros e o calor de seu corpo a aquecer. Todos entram na casa, retirando os sapatos no hall de entrada e deixando-os ali. retira seu sobretudo e o pendura no local apropriado. faz o mesmo, ajeitando o casaco que usa por baixo. está com uma blusa de tricô, calça jeans e botas, que ela retirou para deixá-las no hall, ficando apenas de meias.
  A casa dos tem uma grande e espaçosa sala que é unida à cozinha no estilo americano. No caminho até o sofá, onde se acomoda com ao seu lado, nota dois quadros médios, cada um com uma foto dos filhos da família. Um deles é que, apesar de ter por volta dos seus 15/16 anos, ainda está com a mesma feição de agora. e Aimi também se acomodam no sofá menor, enquanto Yumi senta-se ao lado do filho mais velho. Eles começam a conversar e a mulher pergunta como foi a viagem de , como ela está, como ela conheceu seu filho…
  Após o delicioso almoço em família, já se sente mais à vontade no ambiente que, desde o início, se mostrou receptivo com ela. Todos retornam aos sofás e, dessa vez, Yumi senta-se entre e que praticamente é empurrado pela mãe para que ela possa se sentar ali. A mulher tem em mãos um álbum muito bonito, sua capa tem escrito “” e alguns enfeites na cor prata, combinando perfeitamente com o azul que compõe maior parte do objeto.
  As duas começam a folhear o álbum.
  — Veja só, , este é quando tinha 5 aninhos — diz Yumi mostrando a foto de pequeno montado em uma bicicleta.
  — Esta casa da foto é a mesma em que estamos? — indaga a mulher, curiosa.
  — Oh, sim! — responde Yumi. — Compramos antes dos meninos nascerem, ainda estava na minha barriga — completa ela, sorridente.
  — Mamãe, por que não pega mais suco para todos, hum? — sugere levemente aflito.
  — Só um minuto, querido — responde Yumi sem olhar para o filho e arregala os olhos ao achar a foto que queria mostrar para a nora. — Ah, olhe, , que gracinha! — ela aponta para a foto de , ainda bebê, ele deitado na cama dos pais segurando apenas uma fralda. Ele estava pelado.
  — Oh, que gracinha! — exclama ao ver a foto.
  — Por Deus, mamãe! — puxa o álbum das mãos da mãe, fechando-o em seguida.
  — ! Que falta de educação é essa? Estávamos vendo, me dá aqui — briga a mais velha tentando puxar o álbum de volta.
  — Não! Você fica mostrando essas fotos para a . Por que não mostrou fotos do para a Aimi também? Ahhh — rebate ele, levantando-se do sofá.
  — Amor, eu quero ver — pede com o rosto voltado para o namorado que a encara.
  — Depois eu te mostro algumas fotos, Sunshine — ele fala em português para que somente ela entenda. — Mamãe, o suco — lembra o homem, voltando ao falar em e olhando para a mãe que é bem menor que ele.
  — Se pensa que vai ficar falando com sua namorada em outro idioma só para me ludibriar, está muito enganado, Bombonzinho! — a mulher solta e gargalha, quase se engasgando com o ar.
  — Bombonzinho! Aaaaa eu vou morrer de rir! — diz dobrando o corpo para frente enquanto ri. Aimi, que está ao lado dele, ri discretamente.
  — Mamãe! — brada . — Papai, por favor… — ele pede voltando seu olhar para o pai que também está rindo.
  — Querida, deixe os rapazes em paz, venha comigo — diz o homem e puxa a esposa consigo na direção da cozinha.
   encara a mãe que retribui o olhar ainda sério. Ele suspira, frustrado, e se joga no sofá.
  — Acho que diminuí dez anos da minha vida na Terra somente com esse susto — comenta ele com as mãos no rosto, massageando as têmporas.
  — Não fique assim, Bombonzinho — diz , sentando-se mais perto dele, e recebe o olhar de tédio do namorado.
  — Até você, Sunshine? — ela dá de ombros e ri.
  — Deixa eu ver mais fotos? Prometo não sacanear você — pede a mulher com a voz manhosa.
  — Eu não resisto a um pedido seu — o vocalista desmancha sua postura tensa e puxa o rosto dela, dando um beijo e sussurra em seguida: — Gostosa sente sua nuca arrepiar-se e volta seu corpo na posição anterior, se encostando no sofá. — Toma — ele entrega o álbum de volta para a namorada que, sem jeito com o beijo e comentário dele, volta a abrir na página onde estava.
  — Não me diga que esse aqui é o ? — indaga ela mostrando um jovem muito bonito, sem barba e com os cabelos caídos sobre os olhos. — Que galã!
  — Oh, onde? — questiona e mostra a foto para ele. — Ah, sou eu sim cunhadinha — responde ele num tom orgulhoso.
  — Não acho tão galã assim — dá de ombros.
  — Mas você também era galã na época de escola, irmão — rebate . — , veja nas páginas adiante, tem mais fotos dessa época — sugere o mais novo e o faz. Logo ela encontra uma foto bem divertida, na visão dela.
  — Este é o ? — espanta-se ela.
  — Sim, sim, eu e ele — confirma cruzando as pernas e jogando o braço atrás das costas de .
  — Ele está tão sério, que estranho — comenta ela ao ver a foto mais uma vez. está bastante sério na foto, na visão de ele está irritado. Já , que está ao lado dele, sorri enquanto faz um sinal de “legal” com o polegar.
  — Ele está assim porque havia tirado nota baixa em uma prova importante e eu tirei a maior nota da sala — explica e solta um barulho surpresa.
  — Nossa! Parabéns, amor, que nerd! — diz ela, rindo e aperta a bochecha dele.
  — Ah, sempre foi muito nerd — complementa , divertido.
  — E você também era?
  — Não, cunhadinha, confesso que eu nunca gostei muito de estudar, mas, em compensação, eu era excelente em esportes — gaba-se o guitarrista.
  — E em faltar aulas também — dedura , recebendo o olhar irritado do irmão.
  — Como se você nunca tivesse faltado aula, né ?! — rebate com as sobrancelhas erguidas.
  O cutucão dado por distrai que volta sua atenção para a namorada. Os pais dele retornam com uma bandeja com uma jarra de suco e alguns biscoitos de chocolates feitos pela matriarca. O assunto retorna à fotógrafa. Os pais de ouvem da nora os planos de trabalho dela no país, dando algumas dicas de cidades que ela pode visitar, antes de voltar ao Brasil, para enriquecer seu portfólio. Eles dão o maior incentivo à nora que sente o coração aquecer-se com o carinho recebido por eles.

  Após o jantar
  Todos já se recolheram. Os pais dos mantiveram os quartos dos filhos intactos, já que vez ou outra eles vão visitá-los. O quarto de é bastante comum em termo de decoração geral, mas as peculiaridades é o que fazem desse quarto o cantinho dele. Um grande exemplo são os desenhos feitos por eles, em diversos momentos de sua vida, que estão pendurados em uma das paredes, todos datados. Neles, consegue ver a evolução do namorado e se orgulha por isso. O quarto dele fica na parte lateral da casa de onde ainda é possível ver a lua que, apesar da neve que cai intensamente desde que terminaram de almoçar, continua bem visível no céu. A fotógrafa observa a vista, encolhendo-se no casaco que veste e logo sente os braços de envolverem seu corpo.
  — Está com muito frio? Em breve o aquecedor esquentará o quarto — diz ao pé do ouvido de que se aconchega no abraço dele.
  — Um pouco — ela observa a vista da neve caindo lá fora. — Isso é lindo — comenta, admirada.
  — É minha época favorita do ano — revela o homem com o queixo apoiado no ombro dela. — Está com sono?
  — Não muito, apenas com o corpo cansado — diz e se vira de frente para ele, voltando a preencher os braços do vocalista. — Estava pensando, amor, você está me devendo uma massagem — comenta com um sorriso travesso.
  — Ah, imaginei que fosse me cobrar algum dia — deixa um beijinho nariz dela e completa: — Vamos tomar banho e depois eu faço uma bela e longa massagem no seu corpo todo.
  — Todo? — ela arqueia uma sobrancelha ainda sorrindo.
  — Todo — enfatiza ele também sorrindo travesso.
  Os dois deixam o quarto e vão ao banheiro tomar um banho quente que dura um tempo a mais do que o normal, isso porque resolve iniciar sua massagem ali mesmo começando pelos ombros de . A mulher relaxa o corpo com o toque dele. Minutos depois, os dois retornam ao quarto que já está mais quente que antes, permitindo ambos a ficarem apenas com um casaco. Mas, quer sentir a pele de tocar em seus dedos, por isso, ele pede para ela ficar apenas de calcinha e sutiã. Ela sabe as intenções por trás dessa massagem, mesmo estando um pouco cansada, atende ao pedido dele.
   fica apenas de bermuda, sentando-se ao lado de , que já está deitada de bruços na cama confortável do homem.
  — O que achou dos meus pais, Sunshine? — pergunta ele iniciando a massagem pelos ombros de que cruza os braços, apoiando o queixo sobre eles.
  — Muito fofos e legais — responde a mulher. — Sua mãe é agitada igual ao , já sei a quem ele puxou — eles riem com o comentário dela.
  — Eles são idênticos — concorda enquanto faz movimentos circulares com os polegares, descendo pela extensão das costas da namorada.
  — E você e são pai também são bem parecidos. Ambos tranquilos — ressalta ela.
  — Tenho que concordar também.
  — Menos na hora que você quase surtou quando sua mãe me mostrou sua foto pelado — ri, divertida.
  — Ainda irei queimar aquela foto — comenta que agora massageia o meio das costas de que exibe uma careta de dor já que o ponto que ele massageia é justamente onde ela sente dor. — Está doendo? — ele percebe os gemidos dela.
  — Um pouco, mas pode continuar, amor — diz ela, tranquilizando-o. — Está gostoso.
  — Você ainda não viu nada — diz ele, gabando-se de seus dotes como massagista.
  Tocar guitarra não é uma exclusividade das mãos grandes de . comprova agora que os dedos do namorado são excelentes quando o assunto é massagem corporal. Enquanto conversam sobre o dia de hoje e as impressões sobre os pais dele, tenta não gemer tanto e não transparecer a coceirinha que sente em algumas partes de seu corpo ao ser tocada por ele. As mãos dele deslizam, provocantes, pelas ondas do corpo da namorada e, na mente de , é difícil controlar a vontade de tocá-la mais a fundo do que isso. A massagem progride. Neste momento eles não estão mais conversando, até porque começa a ter sensações intensas que não a deixam montar nenhum raciocínio. inclina seu corpo sobre o de , concedendo beijos pelas costas dela, beijos demorados, quentes e carinhosos. Ele pede para ela se levantar por um instante. franze o cenho, sem entender, mas resolve atendê-lo e levanta-se da cama, engatinhando para trás. A intenção dele era apenas tirar a lingerie dela, mas a moça aproveita que está de pé para fazê-lo de um jeito mais provocante.
  Ela canta uma música que conhece bem, é um dos sucessos de Calcinha Preta que ouviu quando esteve em Salvador e que tentou dançar com a atual namorada que agora começa a remexer o corpo no ritmo da música cantada. joga suas mãos para suas costas e retira o feixo do sutiã, apoiando com a mão direita a parte frontal e virando-se de costas para que observa a tudo atentamente. tira totalmente o sutiã do corpo e joga na direção da cama, bem onde está. Ele recebe o sutiã dela no rosto, sorrindo de maneira safada ao ver o olhar da fotógrafa. Ainda de costas, rebola a bunda sensualmente ao mesmo tempo em que abaixa sua calcinha, descendo-a totalmente e retirando. Ela também a joga para que, a essa altura, já exibe uma ereção bem visível em sua bermuda, passando a mão sobre ela. A mulher se vira de frente para , sorrindo, e ele a puxa para perto dele, abraçando seu corpo e beijando sua barriga que é o local que está na direção de seu rosto. Ele ergue seu pescoço e beijando a parte de baixo dos seios dela enquanto aperta sua bunda. inclina seu rosto para baixo e beija o topo da cabeça dele, os cabelos soltos e um pouco bagunçados. Ela os penteia para trás prendendo-os com as mãos próximo a nuca de que continua beijando os seios dela de um jeito carinhoso. De repente, ele se joga para trás, deitando-se na cama, puxando consigo. Ela ri, pois tomou um susto com a atitude dele e se maravilha com o que vem a seguir. Desta vez, a trilha de beijos feita por é incerta, torta e aleatória, mas segue um caminho só: a intimidade da namorada. vira seu corpo para que deite suas costas no colchão, agarrando a cintura dela, apertando para mais perto de sua boca que logo vai de encontro ao seu objetivo. Ao vislumbrar a primeira lambida dele, a moça solta um suspiro carregado de desejo e visualiza o olhar predador do namorado. Somente a parte de seus olhos para cima de sua cabeça ficam visíveis para e, de sua visão, ela consegue perceber os movimentos que faz com sua boca. Perceber e sentir. Ela joga uma de suas pernas por cima do ombro dele, apoiando seu pé um pouco nas costas, um pouco o ombro do homem. Nunca um sexo oral tinha sido tão prazeroso para a moça, que já teve diversas experiências que, agora que experimentou a de , as achou puramente porcas e mal-feitas. Ela não sabe explicar, talvez seja o fato de haver amor envolvido, ou talvez isso não tenha a ver. Talvez tenha habilidade em sexo oral e só. Mas, o que sabe é que ela adora quando a aperta dessa maneira, adora quando ele a chupa dessa maneira e adora mais ainda quando ele a olha dessa maneira enquanto executa sua ação.
   não aguenta mais. Ela precisa tê-lo dentro de si.
  A mulher pressiona o pé nas costas dele, chamando sua atenção. O vocalista volta seu olhar para a namorada e logo identifica o cenho devasso dela, logo ele se interrompe dando uma última tragada na intimidade dela, fazendo tanta força que faz um barulho estalado. se levanta da cama, ainda encarando , e subtrai sua bermuda, livrando-se também de sua cueca. A ereção do homem pende em seu corpo enquanto ele volta a subir na cama, engatinhando na direção de que sobe seu corpo mais para cima, apoiando a cabeça no travesseiro. se debruça sobre a namorada, ajeitando seu membro na entrada da intimidade de , penetrando sem demora e mudando a própria feição ao sentir o calor de seu interior. Ao abrir novamente seus olhos depois de fechá-los brevemente, ele diminui a distância entre ele e e a beija enquanto move seu quadril estocando a fotógrafa. interrompe o beijo para aumentar mais suas ações e se apoia na cama. A cada transa com ela, o homem sente-se mais apaixonado e com mais gana por que também sente o mesmo por ele.
  O derruba seu tronco repentinamente sobre , seu orgasmo está bem próximo, ele pressente isso, então começa a pressionar mais seu quadril enquanto ofega soltando o ar pela boca. vislumbra seu orgasmo chegar também, mas com um pouco mais de retardo. Com o intuito de ajudar o namorado, ela o incentiva através de um cafuné em sua nuca, afagando os cabelos de de maneira carinhosa e firme. Parecendo não aguentar mais, o homem encosta sua testa no busto de que agora joga suas mãos sobre a cabeça dele, penteando seus cabelos e chamando seu nome. Pedindo por mais e mais, o estimula até que ele goza, tendo um espasmo em suas pernas, o nó começando a se forças nos músculos de sua coxa, mas ele aguenta firme até finalizar tudo. Mesmo após concluir seu prazer, continua estocando gradativamente a intimidade de , então minutos após, ela chega ao seu ápice.

[🌻]

  Já é o quinto espirro seguido que dá em menos de dois minutos desde a última sequência desagradável. A única coisa que ela não queria era ficar doente em sua viagem para o e, principalmente, na presença de . Tudo bem que, desde que apresentou os primeiros sintomas, ela vem sendo cuidada por ele. Hoje é quarta à noite, um dia após o retorno do casal à e teve alguns sintomas gripais. acha que são devido ao pólen que sai do jardim da casa dos pais dele. Tanto na parte frontal quanto nas laterais da casa há um jardim com muitas flores diferentes e uma árvore grande que também dá flores na primavera. Mesmo cobertas de neve, as flores do jardim soltam pólen, em pequenas quantidades, é verdade, mas ainda assim soltam e o vocalista crê que seja esse o motivo do mal-estar da namorada. Agora, retorna do banheiro, onde preparou um banho quente para ela, e avisa que está tudo pronto.
  — Venha, Sunshine, deixei tudo pronto para o seu banho — diz ele, aproximando-se da cama.
  — Obrigada, amor, não precisava ter todo esse trabalho — a voz rouca e falhada dela incomoda que, nesse pouco tempo que está cuidando dela, já sentiu vontade de chorar somente em ouvi-la gemer de dor de cabeça enquanto queimava em febre.
  — Minha querida, eu faço com prazer, estamos namorando, não estamos? — pergunta ele retoricamente e a ajuda a levantar-se da cama. — Faz parte do pacote “Namorado ” ser gentil, fofo, safado e, claro, cuidar da linda e gostosa namorada quando ela está doente.
  — Seu bobo — ela ri e caminha ao lado dele, de braços dados, até o banheiro.
  — Sua cabeça ainda dói?
  — Um pouco — responde ela e ganha um beijinho na testa.
  Eles chegam ao banheiro e o cheiro agradável do sabonete líquido usado por no banho invade as narinas de que se sente um pouquinho melhor só por isso. Ainda com a ajuda dele, a mulher se despe e entra na banheira com cuidado, o calor da água quente relaxando os músculos cansados de seu corpo. Ela senta-se na banheira e envolve suas mãos nos cabelos dela, subindo as mechas para cima.
c— Você gosta de prender meu cabelo, né? — pergunta , divertida e observa prender seus cabelos para cima.
  — Descobriu meu segredo — ele sorri e ajeita o “pompom” que se forma no topo da cabeça de .
  — Você nem disfarça, amor — ela ri. usa um dos prendedores que trouxe e finaliza o penteado fixando os cabelos dentro do objeto.
  — Bom que percebeu, Darling — o homem também ri. — Vai se banhando que eu vou terminar seu chá, tá?
   apenas assente e recebe um beijo terno na testa, junto com uma piscadela que a faz rir novamente. deixa o banheiro e começa a esfregar o corpo com a ajuda da esponja que fica pendurada perto do box do chuveiro, mas que tinha deixado perto dela para facilitar. Alguns minutos são o suficiente para ela concluir seu banho, como ainda não havia voltado para o banheiro, a mulher se levanta da banheira e põe uma das pernas para fora, pisando no pano que há ali ao lado. Mas, assim que faz esse movimento, ela sente sua cabeça girar, a imagem do chão distorcida e um mal-estar tremendo lhe acometendo. Ela leva uma das mãos ao rosto, sua cabeça latejando de repente e a tontura só aumentando. faz o movimento para retirar sua outra perna de dentro da banheira, porém, assim que fica com apenas o apoio de uma das pernas, ela se desequilibra, escorregando no pano e caindo para frente. Ela usa o braço que estava em seu rosto para tentar amortecer sua queda, mesmo assim sente sua cabeça bater no chão. A mulher não perde a consciência, ainda sentindo tudo se mover ao seu redor.
   ouve o barulho que a queda faz e corre para ver o que houve.
  — Amor! — espanta-se ele ao ver nua caída no chão do banheiro e se agacha de imediato para ajudá-la. — Meu Deus, o que houve, Sunshine? — questiona, preocupado.
  — Eu estava, estava saindo da banheira e fiquei tonta — explica. — Ainda estou…
  — Se apoia em mim, amor, se apoia em mim que eu vou te levar para a cama de novo.
   sustenta o peso dela em seus ombros e braços, ajudando-a a erguer-se novamente. Antes dela dar o primeiro passo, o homem a carrega no colo e derruba sua cabeça no peito dele, o cansaço e tontura lhe vencendo. Já no quarto, o homem a deixa na cama e retorna correndo até o banheiro para pegar uma toalha seca. Ele volta para o quarto e enxuga toda a extensão da namorada, incluindo suas partes íntimas. O olhar preocupado dele preenche a mulher que ainda está bastante tonta. , ao terminar de enxugá-la, pega uma calcinha e veste em . Depois ele põe uma calça moletom bem quentinha e calça meias nos pés dela. Ele coloca uma blusa regata nela e, por cima, o moletom da turnê da Flow pela Europa em 2017. Por fim, ele enxuga a nuca dela junto com os cabelos da parte de trás de sua cabeça que molharam um pouco. O vocalista a ajuda a deitar-se na cama e a cobre com o lençol e o edredom, deixando-a confortável. Ele vai até à cozinha, pegando o chá dela e trazendo-o em uma bandeja junto com alguns biscoitos feitos por sua mãe que ela insistiu muito para que eles levassem.
   apoia a bandeja na cama e sobe dela, sentando-se ao lado de . Ele entrega o chá para a namorada e pega o prato dos biscoitos, recostando nos travesseiros, jogando seu braço esquerdo no travesseiro que apoia as costas de . Ele a observa enquanto ela bebe o chá e lhe oferece os biscoitos, apesar de estar doente e com dor de garganta, consegue comer todas as refeições sem problemas. O que é um alívio para que está bastante preocupado, mas aliviado por vê-la tendo evolução. Pelo menos ela não está mais com febre e espera que seja assim nas próximas horas.

Capítulo 5 – Despedida

"Eu pensei que não estava errado
Esconder de você
A simples verdade
Eu estava assustado
Eu sentia isso o tempo todo
Mas machucou demais para eu contar."

– If Only, Hoobastank –

  Sexta-feira,
   está recuperada.
  Os cuidados de serviram de estímulo para ela melhorar, obviamente com o auxílio dos remédios ministrados por ele. Ele fez uma consulta virtual com um médico amigo dele que, somente pela descrição dos sintomas e do evento precedente a eles, deduziu ser uma reação alérgica a pólen. Coisa que nunca teve e que não lhe agradou descobrir ter. Agora, ela desembarca da van junto com os membros da banda, eles vão fazer mais um show em e terá o prazer de participar do backstage como fotógrafa convidada.
  — Já disse que está gostosa hoje? — sussurra, preenchendo o espaço de sua mão esquerda com a cintura da namorada antes de entrarem na casa de show.
  Ela resolve usar uma roupa mais ousada para o inverno de que, na visão dela, é bastante gelado. O vestido curto, colado ao seu corpo, que termina no meio de suas coxas, a meia-calça preta, sapatilha nos pés e os cabelos presos para cima, o que deixaria seu pescoço exposto. Porém, ela completou o look do show com um cachecol preto enrolado no pescoço.
  Desde que saíram de casa que vem elogiando-a, dizendo o quão linda ela está com essa roupa e o quão gostosa está. Ele queria tirar alguns minutos antes de saírem rumo ao local do show para despir a namorada e terem um momento de amor no sofá mesmo, mas foi firme – apesar da imensa vontade que ficou ao ser beijada por ele – e eles desceram até à frente do prédio de , onde a van já os esperava.
  O casal adentra ao local do show, juntamente com os demais membros da banda e do staff. O show de hoje será o último antes de uma turnê por algumas cidades do interior do , já disse que irá com ele em todos os shows, mesmo sobre o pequeno protesto dela, já que ele quem pagará tudo. Porém, mesmo que quisesse pagar, ela não poderia. Dessa vez ela deixará seu orgulho de lado, afinal ela não quer ficar longe do namorado. Já basta o fato de sua viagem pelo estar acabando…
  Antes do show começar, todos ocupam o camarim preparado para eles. É bastante espaçoso e tem muitas travessas com diversos petiscos. Um pequeno frigobar recheado de bebidas diversas. caminha até ele, pegando uma lata de energético para ela e uma de água para que já está jogado no sofá. A mulher senta-se ao lado dele, entregando-lhe a lata de água e abre a própria latinha de energético, bebericando um pouco de seu líquido.
  — Cunhadinha! — chama , se aproximando. — Você virá conosco nos próximos shows?
  — Irei sim — responde , sorrindo, tentando concentrar-se. Isso porque está com a mão esquerda afagando a nuca de , sem parar, o que a deixa levemente desorientada. — Estou muito animada com isso!
  — Em todas as cidades há lugares para você fotografar, para o seu projeto — informa ele, mordiscando mais um pedaço do sanduíche que tem em mãos.
  — Ah, que maravilha, — alegra-se a fotógrafa.
  — Te levo em alguns conforme formos viajando — diz ele e completa: — Nos outros, o pode te levar, pois ele conhece bem, né irmão? — lança um olhar indecifrável para o irmão. Indecifrável na visão de , pois para é um aviso claro de “cala a merda da boca!”.
  — Você me leva, amor? — questiona , olhando para ele. desvia seu olhar para a namorada, mudando sua expressão.
  — Claro, Darling — diz ele, carinhoso.
  — Uma pena que não poderá ir em todos os shows, sua viagem de volta será em poucos dias, né? — lembra num tom de pesar.
  — Sim — responde no mesmo tom.
  — Se dependesse somente de mim, ela não viajaria — comenta , sério.
  — Por quê? — indaga vendo que o irmão não diz aquilo de um jeito tão tranquilo.
  — Não quero ficar longe dela — o olhar de desvia do irmão para um ponto qualquer do chão.
   não nota a mudança, mas, para , a sutil mudança no tom de voz do irmão é clara: ele está desconfiado de algo. Desde criança, tem pressentimentos, sensações ruins de coisas que podem ou não acontecer. Normalmente são casos banais, sem nenhuma importância, mas desde que ele pressentiu a morte de um amigo próximo da banda, quando eles ainda estavam estudando o Ensino Médio na cidade onde seus pais moram até hoje, que vem crendo fielmente nas próprias sensações que tem sobre qualquer assunto.
  O show começa.
  Durante a apresentação, fica distraído. Ele odeia errar as próprias letras que escreveu, mas, especialmente hoje, ele está bastante disperso e errando algumas estrofes que logo são completadas por que estranha os erros do amigo. desconfia que seja por conta de algum pressentimento que o irmão teve e não quer compartilhar com ninguém.
  Isso preocupa o mais novo.
  Ao fim do show, os rapazes retornam ao camarim e, minutos depois, também retorna. Ela tinha ficado um pouco mais para tirar algumas fotos do público após a Flow sair do palco. recebe um abraço e um beijo carinhoso da namorada, mesmo ambos estando bastante suados. Mesmo estando frio, a adrenalina do show de quase duas horas os fez suar. Ele ainda está incomodado com algo, mas não externa para não preocupar que parece estar tão feliz. Ele não quer estragar isso.
  Horas depois…
  Beijos, apertos, respirações descompassadas, tropeços nos pés.
  A maneira desajeitada e apressada com que e entram no apartamento dele impressiona. Isso porque, desde que entraram no elevador, eles estão se beijando e tocando em partes do corpo um do outro. retira o casaco de couro que usa e o joga no pequeno corredor que liga o hall com a sala. faz o mesmo com o cachecol e as sapatilhas dela, aproveitando estar com a boca perto das pernas de para mordiscar sua panturrilha e subir até sua coxa, deixando mordidas ali também. O vestido apertado que ela usa dura pouco tempo em seu corpo, pois logo é retirado por que anseia beijar a pele da namorada. Roupas atrapalham. O homem faz uma pausa nos beijos para livrar-se das próprias roupas, ficando apenas de cueca em segundos. Durante esse tempo, aproveita para tirar sua meia-calça e, quando estava retirando seu sutiã, é interrompida pelas mãos grandes do namorado, tomando os seios dela com disposição e ele mesmo tira o sutiã dela.
   caminha para frente, lambendo os seios de que caminha para trás tentando não tropeçar nos próprios pés. Ele a empurra no sofá e puxa sua calcinha, removendo-a. A visão da intimidade de bem à sua frente excita que comprova sua umidade ao tocá-la, arrancando um leve suspiro da mulher. Ele fica de joelhos no carpete, abrindo mais as pernas dela com as mãos e, antes de começar, encara a namorada. O olhar dela pede por aquilo e pede logo.
  Sem demora, dá a primeira lambida.
  Iniciar mais um sexo oral em o distrai de seus pensamentos conturbados. Ele ainda pensa no pressentimento ruim, na sensação de morte, a mesma que sentiu quando seu amigo faleceu anos atrás. Mas, não quer pensar nisso agora, não agora diante da divindade que é chupar sua fotógrafa, sua , sua Darling.
   está tão excitada com o ritmo frenético promovido pela língua de , que teve pouquíssimas pausas durante o processo, que todo seu corpo treme. A ânsia por ter o pau de dentro de si e as sugadas perfeitas dadas por ele, apressam o orgasmo da mulher que não tarda a explodir na boca de que, aproveitando a lubrificação, retira sua cueca e irrompe com força. Ele joga seu corpo sobre ela, apoiando as mãos no sofá, e intensifica a penetração, os olhos concentrados nas feições de prazer dela. O antídoto para o mal que tenta corromper a felicidade de é a cara de prazer de . Não que isso seja sua única fonte ante pensamentos ruins, pressentimentos ruins. Na verdade, ter ao seu lado já o deixa mais confiante, mais alegre, mais calmo, tê-la em sua vida realmente equilibrou sua existência e ele agradece todo dia por ter tomado a iniciativa quando estava em Salvador, vencendo sua timidez e incerteza.
   troca de posição com , sentando-se no sofá com os braços para trás apoiados nas almofadas. Seu olhar agora vislumbra sua namorada ajeitar os cabelos de volta no prendedor, já que, durante as fortes estocadas de , desprenderam-se caindo sobre seus olhos. percorre seu olhar, descendo pelo corpo dela: os seios que ele tanto gosta quando preenchem sua boca, a barriga que ele tanto gosta apertar, as coxas que ele adora morder, os pés que ele gosta de beijar e, obviamente, a intimidade dela que ele tanto gosta de foder. o encara com sensualidade e acompanha o movimento dela ao sentar-se sobre seu pau. Ele solta um gemidinho, jogando o pescoço para trás, mas logo retorna a olhar que começa a quicar no colo dele, uma das mãos apoiadas em seu ombro para ajudar no impulso. Alentando-se somente em ver o olhar voraz de sobre ela, a mulher aumenta suas quicadas e até apoia os joelhos no sofá para melhorar seu desempenho. Isso a excita mais, obrigando-a a colocar ambas as mãos sobre os ombros dele, pendendo sua cabeça para frente. Sua bunda remexe sobre o colo dele, sendo envolvida por uma das mãos do homem que a aperta ritmando ainda mais os movimentos do quadril de que são ininterruptos. Essa mesma mão sobe até a cintura dela, pressionando o local para baixo. projeta o próprio corpo para frente, apoiando melhor seus pés no chão, e impulsiona seu quadril para cima provocando o movimento contrário que faz o quadril de . Logo ela sente a pressão exercida por ele e geme alto, não se controlando mais. Ela enverga suas costas para trás sem perder o ritmo e tem os cabelos puxados na mesma direção pela mão livre de . O ato faz o encarar com o olhar para baixo, sua boca aberta, a respiração esbaforida. fecha os olhos com força, sentindo a força intensa de penetrá-la fulminantemente. ergue seu tronco, diminuindo a distância entre eles e toca seus lábios no queixo dela. Ele sabe que está perto, portanto deixa a cintura dela e apoia-se no sofá para impulsionar mais seu quadril para cima. Com isso, chega ao seu orgasmo, seguida segundos depois por .
   joga sua cabeça nos ombros dele, quase desfalecendo com o prazer sentido agora. não para de mexer seu quadril, faz movimentos lentos, muitos gostosos. geme baixinho e a abraça, carinhoso, sem parar. Distribuindo beijinhos molhados pelo pescoço dela, chegando até seu rosto, diz, com a voz mansa, quando tem sua boca próxima ao ouvido dela.
  — Te amo, Darling. Te amo…

[🌻]

  Uma noite antes da viagem…
   não consegue dormir.
  Por mais sono que ele sinta, sua mente não o deixa descansar. Amanhã será a viagem de volta de para o Brasil e, definitivamente, não acha que ela deva acontecer. Além de não querer ficar longe de , o homem se apega ao pressentimento ruim que vem sentindo ao longo dos últimos dias, o que piorou com a proximidade do fim da viagem. Agora, ele está abraçado ao corpo quente da namorada enquanto ela dorme. Eles tiveram seu último momento de amor antes dela viajar amanhã cedo. Passaram o dia inteiro dentro de casa, curtindo a companhia um do outro sem se desgrudar. não tinha percebido antes, mas hoje ela notou diferenças em . A principal delas é o aparente medo demonstrado por ele. Durante o dia, ela tentou extrair alguma informação do namorado, mas ele parece ter se blindado a isso e não disse uma palavra a respeito.
  A mulher desperta devido a inquietude dele.
  — Me perdoe, Sunshine — diz ele, baixinho.
  — Não consegue dormir? — indaga com a voz de quem acaba de acordar e se aconchega no abraço dele.
  — Não — ele diz, simplesmente. — Volte a dormir, amanhã acordaremos cedo — ele dá um beijo na nuca dela, soltando o ar pelo nariz.
  — Está tudo bem?
  — Sim — a resposta não a convence.
  — Amor — vira o rosto para trás, encarando o namorado. — Eu sei que está acontecendo algo que você não quer me contar.
  — Não é, não é nada que você deva se preocupar, por favor, Darling — sela rapidamente seus lábios com os dela e exibe um sorriso contido.
  — Pare de mentir para mim — insiste , virando-se de frente para ele com a sobrancelha arqueada. — Eu não tenho mais nenhum segredo com você, Darling, por favor, me conta o que está havendo! Você está angustiado, posso sentir apenas em olhar para você ou até quando você me abraça.
  — Desculpe… — pede ele com os olhos fechados momentaneamente. Ao abrir os olhos ele a vê encará-lo ainda mais séria. A luz singela do luar ilumina um pouco a cama, deixando um pouco visível a expressão dela. se estica para trás e liga o abajur, deixando o quarto mais iluminado. — É besteira, amor, é só… — ele hesita e volta a deitar-se de frente para ele, repousando sua mão sobre o rosto de que fixa seu olhar dançante sobre a mulher.
  — É algo com a banda? — indaga, confusa.
  — Não — ele engole em seco não querendo contar a verdade.
  — O que é então? — diz a mulher.
  — Promete que não vai rir de mim? — ele pede com o ar inocente.
  — Claro que não, Bombonzinho — brinca e está tão apreensivo que nem consegue revidar. — Nem reclamou… — e obviamente ela nota esse detalhe.
  — Eu me sinto um idiota por compartilhar isso com você, jurei que isso tinha parado, pelo menos nessa intensidade… — ele diz de maneira desconexa e incompreensiva para , ignorando a última frase dita por ela. — O Léo, ele está preso, não está? — a pergunta é feita sem rodeios. espanta o olhar.
  — Está sim, amor — responde a mulher e indaga logo em seguida: — Por quê?
  — Tem certeza? — insiste engolindo em seco, transparecendo uma ruga de aflição em seu rosto que também é notada por .
  — Absoluta — reafirma. — Meu advogado disse que Léo será julgado daqui há dois meses mais ou menos e, devido às acusações contra ele, certamente ele continuará preso. Será condenado — conclui e acaricia o rosto dele. — Mas não é isso que te incomoda, não é? Dá para ver que tem algo a mais…
  — Eu sinto algo ruim dentro de mim — ele volta a falar, sua voz saindo um pouco trêmula e se repreende mentalmente pela covardia em revelar a verdade. — Desde criança eu tenho alguns pressentimentos, muitos deles são besteira, algo banal e totalmente sem importância, mas… — hesita o vocalista, ficando com a boca seca de repente e fechando os olhos.
  — Mas… — tenta estimulá-lo, notando seu esforço. volta a encarar .
  — Às vezes, há pressentimentos ruins, muito ruins que se realizam de alguma maneira. E eu odeio estar certo nesses momentos — confessa ele sentindo-se muito idiota por partilhar este lado para sua namorada, ele não queria ter que chegar a este ponto.
  — Então, você está sentindo algum pressentimento ruim agora, é isso que te aflige? — deduz a mulher ainda acariciando o rosto dele.
  — Sim — diz. — E tem a ver com o Léo.
  — A aura dele é caótica, transmite medo e insegurança. Não te julgo por sentir algo ruim sobre ele — ela diz dando uma risada abafada ao fim da frase e aproxima mais o rosto do dele. — Não fique assim tão preocupado, amor — dá um selinho demorado nele. fecha os olhos, retribuindo o beijo, mas não consegue esconder a tremedeira de seus lábios. — Fique calmo, por favor — clama a mulher, preocupada.
  — As coisas nunca acabam bem quando eu sinto algo assim, Sunshine. Nunca — ele diz com urgência, a voz também trêmula. — A última vez que me ocorreu um sentimento assim eu ainda estava no ensino médio e senti que um dos meus amigos estava em apuros — o olhar de volta a se fechar e reabre segundos depois.
  — O que houve? — indaga a fotógrafa, hesitante pela resposta.
  — Ele faleceu dias após — informa o homem em tom de pesar. — Amor, foi tão forte…
  — Eu sinto muito, Darling, sinto muito — ela o abraça com força, englobando sua cabeça com os braços.
  — Eu estou sentindo isso agora, Sunshine, está mais forte do que naquela vez — começa a chorar e agarra o casaco que a namorada usa. Suas mãos ainda estão na frente de seu corpo e ele puxa o casaco de para si, aproximando os dois. — Amor, eu estou com tanto medo…
  — Me diz exatamente o que você está sentindo, amor, para eu te ajudar.
  — Eu tenho medo do Léo escapar, do Léo fazer algo com você. Sunshine, eu não estou com um sentimento bom sobre a sua viagem amanhã — ele finalmente externa sua real aflição. Sua voz saindo descompassada, falhante. — Não digo isso somente porque irei morrer de saudades de você, mas também porque eu tenho medo de te deixar sozinha em Salvador com aquele maníaco idiota lá — não consegue mais esconder, seu temor está engatilhado demais para controlar agora.
  — Meu amor, por favor, acalme-se — volta a pedir apertando mais o abraço. — Não chore, meu bombom.
  — É egoísta de minha parte pedir, mas eu tenho que pedir: por favor, não embarque naquele avião amanhã — suplica o homem, desesperando-se ao mesmo tempo que as lágrimas o consomem, o rosto enterrado no peito da namorada.
  — , eu lhe peço, fique calmo, eu vou ficar bem. Nada de ruim irá acontecer, meu amor. Por favor, você vai acabar passando mal, Darling.
   está aflita, tanto quanto .
  O homem chora, agarrado à namorada, os pensamentos lhe traindo e dando ainda mais motivos para que ela fique no . Motivos loucos, até mesmo surreais, na visão racional de , porém, a parte sensitiva dele clama para que não volte a Salvador amanhã. A porcentagem de acerto contabilizada por durante os anos que teve pressentimentos como este de agora não o deixa calmo. Só piora seu sentimento de que algo dará errado. E quando ele pensa "errado" pode ser qualquer coisa. Desde o chefe de não aceitar a proposta dela e a moça ter que ficar no Brasil, longe de , até algo mais grave que atente contra a vida da namorada. Isso é o que mais o assusta e ele não queria transparecer tal medo para . Ele não queria deixá-la preocupada, aflita com algo que nem ele sabe se acontecerá mesmo ou se é um delírio de sua mente. Tudo que quer agora é não ter tido tais sensações.

[🌻]

  Acordar na manhã seguinte foi uma tarefa difícil.
  O não tinha chão para encarar a namorada que dormiu abraçada a ele toda a noite. Eles não disseram nada sobre a tensa conversa que tiveram na noite passada. Apenas fizeram suas higienes matinais, tomaram café da manhã, terminaram de ajeitar as últimas coisas que faltavam nas malas de e seguiram rumo ao aeroporto onde estão agora acompanhados dos membros da banda que foram se despedir da fotógrafa e amiga.
  Apesar de estar mais calmo que ontem, ainda exibe sua feição séria, seu coração está palpitando mais que o normal. As batidas extras o deixam ansioso e ele não saiu de perto de desde que chegaram. O voo dela decola daqui há duas horas e a proximidade desse horário o aflige, intensificando sua ansiedade. Neste momento, , e os outros da banda conversam com a pedindo coisas para ela trazer de Salvador quando ela retornar ao . está alheio à conversa, percebe, mas não o envolve no assunto. Ela sabe de toda a angústia dele e acredita que ele esteja sendo sincero. Mas, no fundo, ela não deseja que ele esteja certo desta vez. É certo que Léo seja condenado pelos crimes de invasão à domicílio e agressão, o fato dele ter descumprido a medida protetiva que impôs a ele agravou sua situação. confia em seu advogado e o processo está tramitando relativamente rápido na justiça baiana. Sem contar que Léo está preso desde que descumpriu a ordem de distanciamento. Desde que lhe disse suas preocupações que vem pensando nas palavras dele. Léo se revelou ser um homem violento após aceitar o pedido de namoro dele, mas, assim que notou a mudança no homem, terminou tudo e, desde então, Léo a vem perseguindo e pedindo para retomaram o relacionamento.
  Mas, não quer pensar nele agora.
  A mulher dá um jeito de desviar o assunto, que estava totalmente nela, para outra coisa. Então, os rapazes seguem conversando entre si, assim ela pode dar atenção ao namorado.
  — Está mais calmo, meu bombom? — consegue sorrir levemente com o apelido. — Awn, ele sorriu para mim, fofo — diz apertando a bochecha dele.
  — Estou ansioso — revela ele. — Mas eu estou apegado na ideia de que eu estou exagerando e que eu esteja errado desta vez — completa o homem e tem o rosto puxado para o ombro dela.
  — Vai ficar tudo bem — deposita um beijo terno no topo da cabeça dele. — Meu manhosinho.
  — Promete que vai se cuidar? — ele pede com a voz baixa.
  — Prometo — responde no mesmo tom e completa: — Prometo voltar logo para você, meu amor.
  A promessa de faz fechar os olhos com força, sentindo-os arder de emoção. Ela afaga a nuca dele, voltando a beijar a parte alcançável da cabeça do homem.
  A chamada do voo de interrompe o momento dos dois.
  Está na hora de se despedir, desta vez para valer. Embora esteja relutante em deixá-la ir, se levanta e a leva até o portão de embarque. Quando chega a vez de ela apresentar seus documentos para entrar na parte embarque de fato, o homem a abraça uma última vez com muita força, lembrando-se do primeiro abraço que deu nela ainda em Salvador anos atrás. O abraço dado por dá a entender que ele nunca mais a verá. Isso o assusta. Ele demora um pouco a mais e é alertado pelo irmão de que perderá o voo caso ele não a solte. Emburrado, a solta e sela seus lábios mais uma vez, ela põe a mão sobre o crucifixo que ela deu de presente ao namorado e sorri.
  O sorriso dela é o acalanto dele. Essa é a última imagem que tem dela antes de desaparecer pelo corredor que liga até a sala de embarque.
  Os demais membros da banda se dispersam, indo cada um para um compromisso diferente. Hoje eles não têm nada marcado na agenda da banda, portanto estão livres para fazerem o que quiserem, por isso estavam ali para se despedir dela. Agora, apenas os irmãos ainda estão no aeroporto. Faz alguns minutos que está parado, inerte ao movimento agitado do aeroporto e com o olhar vidrado, olhando para o nada.
  — — chama o mais novo, pondo a mão esquerda sobre o ombro do irmão. — Vamos?
  — Eu não deveria ter deixado ela ir, — ele vira seu olhar para o irmão, os olhos vermelhos de tanto chorar.
  — Teve um pressentimento, não teve? — indaga ele retoricamente. não responde, mas a resposta é óbvia. — Por Deus, , que tipo de pressentimento teve?
  — O pior possível — o encara de canto de olhar, depois cobre o rosto com as mãos, fechando os olhos.
  — Não deve ser nada, irmão…
  — Você sabe que meus pressentimentos sempre são reais — rebate o vocalista, nervoso.
  — Sim, mas sempre são coisas óbvias que a gente imaginaria que ocorreriam — tenta pôr panos quentes na aflição de . — Um tombo de alguém que corre sem olhar para onde anda — diz ele. — Ou até naquela vez que você previu que uma menina me daria um fora, era óbvio que sim — ele ri, tentando animar o irmão sem sucesso.
  — Não, , não é disso que estou falando — insiste com urgência. — É algo mais… mais forte dessa vez, igual no dia da morte do Ken — arregala o olhar, de repente. — Isso não está me deixando em paz, irmão.
  — , fica calmo — pede o mais novo. — Você contou para , não foi?
  — Ela percebeu que eu estava estranho e me pressionou, tive que contar a verdade — confessa.
  — Você a assustou falando essas coisas, irmão. Ela estava aflita antes de embarcar.
  — E acha que isso não me assusta também? — retruca. — Eu estou apavorado, uma angústia sem fim que não me deixa em paz,
  — Calma, não adianta ficar assim. Vamos torcer para que você esteja errado — diz sem saber direito se é certo dizer somente isso, mas ele não tem ideia do que falar para o irmão em um momento desse.
  Ele torce para que o irmão esteja completamente errado e que seja apenas um devaneio. Quem sabe eles riam disso no futuro, quando retornar ao sem nenhum arranhão.
  Mas, e se ele estiver certo?

Capítulo 6 – Esperança de retorno

"Existe uma dor que dorme dentro de mim
Que dorme só com um olho aberto
E acorda no instante em que você vai embora
Apesar de eu tentar me distrair
A dor permanece
E só desaparece quando você está perto de mim"

– Disappear, Hoobastank –

  Aeroporto Internacional de Salvador
  08:55 AM

  Lipe olha atentamente para todas as pessoas que saem da área de desembarque nacional do aeroporto. avisou a ele que pegou um voo com escala em São Paulo, portanto, ela chegaria por este portão. O rapaz está ansioso por rever sua amiga após os quinze dias que ela ficou no , o que, para ele, pareceram ser meses de distância. Finalmente a figura da fotógrafa surge em meio a multidão arrancando um enorme sorriso dos lábios de Lipe que caminha na direção dela. Assim que o avista, apressa o passo para chegar mais rápido.
  — Olha só quem chegou!!! — anima-se Lipe ao abraçar a amiga, carregando-a levemente do chão. — Que saudades, meu Deus! Que saudades! — completa ele dando um beijo no pescoço de que sente a pele arrepiar.
  — Que saudades, meu amigo! — retribui a mulher e se afasta do abraço dele. — Demorei?
  — Muito! Era para a senhorita chegar às 6h, o que houve? — indaga ele puxando a mochila dos ombros de e colocando nos próprios ombros.
  — O maldito voo que era para sair às 4h lá de São Paulo atrasou, só saiu após às 6h, eu estou toda dolorida de ficar esperando sentada na sala de embarque — reclama ela e também se explica. Lipe pega a mala de rodinhas dela e a arrasta enquanto eles caminham rumo à saída do aeroporto.
  — Isso só acontece com você, — zomba ele, rindo. — Mas enfim, me conta como foi a viagem? Me conta tudo! — enfatiza ele com um sorriso malicioso nos lábios.
  — Ah, foi uma viagem incrível! Tirei muitas fotos, conheci lugares muito lindos…
  — E um muito lindo também, né? — ele insinua ainda com o mesmo sorriso.
  — Lipe! — exclama , mas não aguenta a risada ao fim. — É, o também estava no roteiro de viagem — confirma ela, sem jeito.
  — Hmmm, sabia! Me conte, como foi que ele reagiu ao beijo que o tascou em você? — indaga ele, curioso.
  — Eu já te contei, seu fofoqueiro! — ela ri enquanto eles estão quase chegando na saída. — Ele ficou bem chateado, mas logo ele entendeu a confusão e ficou tudo bem. Ele e também estão bem, o que me deixa aliviada — conclui ela.
  — Fico feliz por isso, imagina o climão que ia ser — deduz Lipe e concorda com a cabeça. — Você seguiu o meu conselho?
  — Que conselho?
  — Aposto que seguiu! — ele deduz antes mesmo dela afirmar algo. — Sua pele está até mais coradinha, deve ter transado para caralho — ele diz um pouco alto demais, chamando a atenção de algumas pessoas ao redor.
  — Felipe, pelo amor de Deus, fala baixo! — dá uma bronca, beliscando o braço dele que se encolhe, rindo.
  — Diga que estou mentindo, então! — desafia. não diz nada e apenas ri, sem graça e olhando para os lados. — Sabia! — exclama o repórter. — Você não me engana, ! Te conheço!
  Os amigos riem e finalmente chegam até a porta de entrada do aeroporto. Lipe saca o celular e chama um Uber para buscá-los rumo ao apartamento da mulher, onde uma visita muito aguardada os aguarda.

  Minutos depois
  Retornar ao seu lar é revigorante para , assim que ela entra em seu apartamento o cheirinho de limpeza lhe invade e, junto com ele, a nostalgia da saudade de estar em seu lar também. Quando vê a dona, após tanto tempo, Kurama solta um miado alto e corre para receber e dar carinho a sua tutora que logo o carrega no colo. Lipe fecha a porta, acomodando as malas da amiga no canto da parede e caminha até o sofá, sentando-se ali, sendo acompanhada por que carrega Kurama em seu colo. Os dois ficam conversando sobre os detalhes da viagem dela e Lipe quer saber até mesmo dos momentos que ela teve com nesse período. É óbvio que tais momentos a mulher prefere guardar para si, apenas diz que está muito feliz por ele ter mantido o pedido de namoro e tudo ter dado certo, incluindo o fato de estar bem com tudo isso. Ela conta também das fotos que fez e detalha o projeto que irá montar ainda hoje após acordar do cochilo que planeja dar assim que Lipe for embora. O cansaço da viagem esgotou as energias da fotógrafa que apenas quer dormir e relaxar o corpo.
  Mas, antes disso, ela precisa avisar ao que chegou bem.
  Lipe não demora muito, pois precisa voltar ao trabalho. só irá trabalhar amanhã, então tem tempo de montar seu portfólio para apresentar ao Otto assim que possível. Após tomar banho e trocar de roupa, a mulher faz uma chamada de vídeo para que prontamente a atende.
  — Sunshine, que bom te ver! — diz o homem assim que atende a chamada. É noite no e, no Brasil, são quase 11h.
  — Oi, amor — senta-se no sofá, deitando o corpo em seguida e logo Kurama sobe no colo dela.
  — Como foi a viagem? também senta-se, mas em sua cama, ajeitando o travesseiro atrás de sua cabeça. — Estou com saudades…
  — Também estou, amor — retribui com a voz manhosa. — Minha viagem foi boa, tirando aquele atraso lá em São Paulo — comenta e percebe a inquietude no olhar do namorado. — Ainda está pensando naquilo que me disse antes de eu viajar? — questiona de maneira direta.
  — Me perdoe, Darling, eu não consigo evitar — desculpa-se, fazendo uma careta. — Eu realmente queria não pensar nisso, mas é inevitável, toda hora eu penso — confessa.
  — Prometo me cuidar — manda um beijinho no ar na direção da tela de seu celular.
  — Linda… sorri abobado. — Não quero que se preocupe com isso, está bem?
  — Está bem, bombonzinho — ela sorri e desmancha a feição fofa e exibe uma bem séria.
  — Amor! Vou te morder quando você voltar para os meus braços só porque me chamou assim de novo — diz o homem.
  — Vai me morder toda vez que eu te chamar assim? — ela arqueia a sobrancelha, curiosa.
  — Vou!
  — Bombonzinho, bombonzinho, bombonzinho, bombonzinho… — repete ela de maneira frenética. gargalha do outro lado, balançando a cabeça negativamente.
  — Sua boba, vou te morder inteira! — diz ele, recuperando-se da risada.
  — Mal posso esperar, meu bombom!
  O casal conversa mais alguns minutos até o momento que dá o seu quinto bocejo e resolve deixá-la descansar da viagem com a promessa de continuar falando com ele sempre que ela puder, nem que seja através de um emoji. A preocupação dele é genuína e está ultrapassando o limite do pressentimento ruim que ainda sente com intensidade.

[🌻]

  Ter passado quinze dias no e retornar ao trabalho após esse período está sendo complicado para . Ela não imaginou que o fuso horário fosse afetá-la tanto assim. Ontem à noite, ela passou editando o portfólio com as fotos que registrou no , nas viagens que fez junto com a banda, algumas fotos que tirou junto com também estão no arquivo. Mesmo que não tenha dormido e tenha consumido apenas uma xícara de café antes de sair de casa, ainda exibe um largo sorriso ao chegar na Rede Bahia. Logo ela é recepcionada por Pedro, o porteiro que pegou amizade desde que começou a trabalhar lá; entrou na recepção e foi recebida por Muller Nunes, o repórter que participou da festa de Halloween do ano passado e que a foto tirada ao lado de lá gerou ciúmes dos vocalistas da Flow. Naquela época, já tinha quase certeza de quem ela realmente amava.
  Ela caminha pelo corredor, entrando pela porta que dá acesso à área onde trabalha: redação do Correio. Ao ser vista por alguns colegas, ela é cumprimentada de longe pelos que estão mais distantes dela, já os que estão perto se aproximam mais para abraçá-la.
  — Que saudades, ! — diz Ana, uma das colunistas do jornal. — Como foi a viagem? Conta tudo!
  — Também senti saudades! — diz , saindo do abraço com Ana. — Ah, foi ótima! Tirei muitas fotos, depois te mostro tudo — completa ela, risonha.
  — Quero ver mesmo — Ana ri de volta.
  — , meu amor! — exclama Lipe ao se aproximar das duas.
  — Ih, chegou o enrolado — comenta Ana dando de ombros. Lipe joga seu braço sobre os ombros da mulher que o encara de canto.
  — Sempre foi — afirma , rindo.
  — Não ligue para ela, — afirma Lipe. — Ela está chateada porque não consegui sair com ela ontem — explica e arqueia uma sobrancelha.
  — Hm… — resmunga ela, surpresa, e com um ar malandro. — Estão saindo, é? — lança um olhar sugestivo para ambos.
  — Deveríamos — corrige Ana, passando um ar irritadiço.
  — Oh, meu amor, eu disse que ia tentar terminar as coisas cedo, mas não deu — Lipe faz uma voz manhosa, dando um beijo na bochecha de Ana que se esquiva.
  — Pare de enrolar, Morais! — diz ela, brava. — Olha, , essa criatura me enrolou nesses quinze dias que você passou fora, viu?
  — Foi mesmo? — indaga , divertindo-se com a discussão dos dois.
  — Ah, foi, minha filha. Ele sempre diz “ah, vamos sair, minha preta, vamos num barzinho e nhenhenhe”, SÓ ENROLA!
   gargalha com a perfeita imitação da voz de Lipe e recebe o olhar irritado do amigo. Os três ficam mais alguns minutos conversando, dessa vez sentados nas cadeiras giratórias próximas dali, até que um outro repórter avisa que Otto quer ver a fotógrafa.
  — Boa sorte, meu amor! Arrebenta nessa porra! — incentiva Lipe dando um abraço forte na amiga que agradece sorrindo.
  Encorajada, se levanta da cadeira e caminha rumo à sua mesa, deixando sua mochila ali e pegando apenas seu celular e o pendrive com o arquivo do portfólio. Enquanto segue o caminho até a sala do chefe, ela manda uma mensagem para avisando que irá mostrar ao Otto sua proposta. Segundos são o suficiente para responder.
  “Você é forte, sunshine, tenho certeza de que irá conseguir. Te amo 🌻♥️”
  Ela sorri com o incentivo e carinho do namorado e bate à porta de Otto.
  — Entra — diz o homem do outro lado. gira a maçaneta, empurrando a porta e sorri ao ver o largo sorriso de seu chefe. — A fotógrafa mais badalada voltou do , finalmente!
  — Ah, não é para tanto, senhor — ela sente o rosto corar e fica sem jeito. O homem se levanta, indo na direção da mulher e dá um abraço nela.
  — Bem-vinda de volta! Sente-se, por favor — Otto aponta para a cadeira e volta a sentar-se na sua, dando a volta na mesa.
  — Obrigada, senhor Medeiros — ela sorri em agradecimento e senta em uma das cadeiras.
  — Antes de mais nada, quero dizer que a redação durante esses quinzes dias ficou bem desanimada sem você — pontua ele. — Lipe estava inconsolável — eles riem com o comentário final.
  — Ele é tão dramático — comenta a moça, rindo.
  — Bom, me diga, como foi a viagem? Aproveitou bastante? — indaga ele, interessado.
  — Aproveitei muito, senhor. O é um lugar lindo, visitei muitos lugares, comi coisas diferentes das que estamos acostumados aqui, né? Mas foi uma experiência gratificante, realmente adorei — ela conclui sua introdução e sente o coração palpitar.
  — Me disseram que a senhorita agora está namorando — Otto levanta ambas as sobrancelhas lançando um olhar sugestivo para que fica envergonhada imediatamente.
  — Aposto que foi o Lipe quem contou — comenta ela, balançando a cabeça.
  — Bingo! — Otto ri.
  — É, estou namorando sim — responde a mulher.
  — Um dos vocalistas daquela banda que você fez o documentário, né? — começa a se irritar. Quanto que o Lipe contou para o chefe sobre esse assunto?
  — Sim, o nome dele é .
  — Hmm, conquistou seu coração — comenta Otto, risonho.
  — Acho que primeiro foi o contrário — diz com o rosto avermelhado e sentindo uma imensa vontade de bater em Lipe por fofocar tanto sobre a vida dela.
  — Fico feliz por vocês, , sabe que tenho um carinho especial por você, não sabe? — diz ele.
  — Sei sim, senhor Medeiros. Saiba que é recíproco — Otto sorri, vaidoso.
  — Mas, me diga, , o que trouxe de novo para mim? Me disse ontem que tinha uma novidade para o jornal, estou curioso — inicia ele.
  Ontem pela manhã, havia ligado para o chefe, avisando que havia chegado de viagem e também que tinha uma novidade para apresentar para ele, marcando a reunião de agora. A moça ainda está nervosa, mas tenta não demonstrar. Ela entrega o pendrive para o chefe e começa explicando sua proposta.
  — Minha ideia seria fazer uma galeria de fotos mostrando um outro lado do — inicia ela.
  — Hm… — Otto resmunga enquanto abre o arquivo do portfólio, surpreendendo-se com a linda capa que contém uma visão ampla de um dos mais famosos pontos turísticos de .
  — Mas, queria fugir dos pontos turísticos famosos e partir para uma visão mais interna das cidades — ela continua vendo o olhar do chefe observar a tela de seu computador e os dedos dele apertando, com um curto intervalo, o botão do mouse, passando as fotos. — A ideia seriam uma galeria com no máximo dez fotos de cada ambiente e…
  — Esse é o ? — interrompe Otto vendo uma das fotos da moça com seu namorado. Na foto, está segurando a mão de e dando um beijo em sua bochecha.
  — Oh, sim, é ele sim — responde pigarreando ao final.
  — Por que tem uma foto dele aqui? — pergunta o homem, passando de foto. — Opa, tem mais uma — ele dá uma risadinha ao final.
  — Eu quis dar um ar familiar à galeria — Otto volta seu olhar para a moça. — Não quero que vejam apenas o turismo das cidades, quero que saibam que lá tem rotina, que tem famílias, pessoas trabalhando, ganhando seu dinheiro para sobreviver, pessoas se divertindo, admirando as belezas, enfim — ela sorri, ainda observando o olhar enigmático de Otto voltado para ela. Sem dizer nada, ele volta a clicar em cima das fotos, olhando seu monitor.
  Neste instante, quer muito saber o que Otto está pensando, mas é impossível já que o chefe consegue mascarar muito bem suas emoções. Ele termina de ver as fotos, fechando o arquivo ao final e retira o pendrive de entregando-o para a moça. Otto afasta um pouco sua cadeira da mesa, cruzando suas pernas e sorri.
  — E pretende fazer isso com qual frequência? — questiona pela primeira vez após minutos de silêncio.
  — Você diz a postagem da galeria? — diz e Otto apenas balança a cabeça, afirmando. — Pensei em ser um quadro quinzenal, mas se achar muito a gente pode diminuir…
  — Semanal acho mais apropriado — ele a interrompe novamente e ela arregala o olhar.
  — Semanal? — repete , soltando uma risada nervosa. — Acho incrível, senhor. Obrigada!
  — Ainda hoje vou apresentar sua proposta para os diretores, fiz uma cópia do arquivo — comenta fazendo o coração de palpitar ainda mais. — Em breve eu te darei uma resposta definitiva. Enquanto isso, tenho outro trabalho para você, minha fotógrafa favorita — ele ri ao fim da frase, tentando quebrar a tensão. também ri.
  Otto explica o trabalho que quer que faça hoje e ela deixa a sala minutos depois com uma sensação incrível de dever cumprido. De imediato, ela pensa em ligar para mesmo sabendo que, uma hora dessas, ele deve estar se preparando para dormir, mas logo desiste. Ela não quer dar esperanças a ele sem ter uma certeza pela parte de Otto. Os diretores mencionados por ele são os diretores da Rede Bahia, que costumam ter um temperamento diferente do senhor Medeiros. Mas, está confiante que dará certo. Tem que dar certo!

  Uma semana depois…
  Enquanto isso, em algum lugar do
   ainda não sabe, mas faltam apenas alguns detalhes para retornar ao , desta vez, em definitivo. Os diretores da Rede Bahia adoraram a proposta da moça, já que a cobertura do festival que a Flow tocou anos atrás repercutiu positivamente, surpreendendo a todos.
  Sem saber que sua namorada está quase retornando para ele, o vocalista perambula pelo salão com um copo de whisky em mãos. está em uma festa promovida pela gravadora onde reúne todos os artistas que fazem parte do casting deste ano. Todo início de ano é promovida uma festa como esta. Hoje, não está muito com espírito de confraternização. Faz dois dias que ele nota uma certa distância entre ele e , não que eles tenham brigado ou algo assim, mas o lado sensível do homem indica que há algo que ela esconde dele. Além daquela sensação de perigo que está mais aguçada. Como se não bastasse toda a tensão sentida por ele.
  — Essa festa está monótona, não é? — comenta aproximando-se do amigo que o encara.
  — Um porre — responde dando um gole em sua bebida e suspirando. — Não queria ter vindo.
  — Seria perfeito, tenho uma composição para concluir — comenta o outro também bebendo de seu copo.
  — A composição misteriosa — eles riem do comentário. — Precisa me mostrar depois que ficar pronta.
  — Claro que vou, meu amigo — responde . — Hm, como está a ?
  — Achei que ainda falava com ela todo dia — arqueia uma sobrancelha, encarando o amigo, mas logo desmancha sua feição brava. — Não tenho ciúmes de vocês, não se preocupe.
  — Eu sei que não tem mais — enfatiza, rindo.
  — Não mesmo — também ri. — Ela está bem, falei com ela hoje pela manhã, ela estava indo dormir. É muito estranho para mim falar com ela em fusos diferentes depois de ter passado quinze maravilhosos dias ao seu lado.
  — Sou capaz de te entender, — diz o homem. — Creio que, se fosse comigo, eu certamente daria um jeito de ir logo vê-la ou de fazê-la voltar para perto.
  — Penso nisso todos os dias desde que ela viajou — comenta, voltando a ficar sério.
  — Ainda está pensando naquela sensação ruim que teve? — indaga .
  — Não paro um instante de pensar nisso, por mais que eu tente não fazer — suspira.
  — Deve ser angustiante — ele se solidariza com o amigo que lhe sorri.
  — Não faz ideia.
  — Alguma novidade do projeto que ficou de apresentar ao chefe dela? — tenta mudar de assunto.
  — Ainda não, faz uma semana que ela apresentou, mas ainda não teve uma resposta dele — responde. — Isso também está me agoniando.
  — Fique tranquilo, amigo — conforta . — Mesmo que esse projeto não dê certo, vocês ainda podem se ver pessoalmente quando ela vier para cá ou você pode ir para lá. Sei que a distância é longa, mas para tudo se dá um jeito.
  — Eu sei…
  — E vocês se amam, vai dar certo. Pense positivo! — aumenta seu sorriso e sente uma ponta de conforto no coração.
  Eles continuam conversando até que são interrompidos por um dos diretores da gravadora que chega acompanhado de uma mulher muito bonita. Ele apresenta a moça como sendo Anny, a mais nova contratada que fará parte do time de artistas e já é bastante requisitada para shows pelo interior do país. Os vocalistas da Flow cumprimentam a mulher e o diretor deixa o trio se conhecendo. e Anny conversam enquanto está alheio ao assunto, tanto que nem percebe quando o amigo é chamado por outra pessoa e o deixa sozinho com a mulher.
  — Estou te incomodando, ? — indaga Anny, despertando de sua distração, só agora ele nota que está à sós com a mulher.
  — Me desculpe, não está incomodando — ele sorri, disfarçando e dá um gole em seu whisky que está quase acabando.
  — Que bom — ela sorri de maneira tímida, passando a língua sobre os lábios. se distrai com o movimento em sua volta. — Sabe, eu sempre admirei você.
  — Hm? — resmunga ele e Anny sorri sem jeito.
  — Eu disse que sempre admirei você, acho sua voz maravilhosa — ela repete dando um passo à frente.
  — Ah, obrigado, Anny — ele sorri, cordialmente.
  — Espero que eu seja tão boa cantora quanto você é.
  — Tenho certeza de que é sim — incentiva e dá uma última golada em seu copo. — Com licença, eu vou pegar mais whisky — ia saindo, mas sente seu braço ser segurado pelas pequenas, mas firmes mãos de Anny. Ele recai seu olhar sobre a mulher.
  — Achei que poderíamos conversar em outro lugar menos agitado. Só nós dois… — insinua ela, sorrindo de maneira provocante.
  — Me desculpe, Anny, mas eu tenho namorada — diz, simplesmente e puxa com delicadeza seu braço das mãos dela.
  — E aonde ela está agora?
  — Isso não é da sua…
  — Soube que ela mora no Brasil, não é? — rebate ela, calando-o. — Está tão longe, nós podemos nos acertar só nós dois, — ela volta a segurar o braço dele.
  — Anny, não! — ele diz com firmeza e puxa novamente seu braço. — Eu amo a minha namorada e jamais a trairia.
  — Mas,
  — Se você fosse realmente uma profissional, como acho que os diretores creem, você não se jogaria para cima de mim dessa maneira mesmo sabendo que sou comprometido. Sabe perfeitamente que esse não é o tipo de imagem que a gravadora quer associada à ela. Deveria se envergonhar por isso, mas ainda há tempo para se arrepender. Com licença.
   dá o sermão e sai dali, deixando Anny boquiaberta. Ele passa pelas pessoas caminhando rumo à mesa de bebidas, mas algo o faz parar de repente. Uma onda de horror o invade, fazendo seu coração palpitar e sua respiração descoordenar. Ele põe a mão no peito, apertando sua camisa, tentando puxar o ar para dentro de seus pulmões, mas está bem difícil. Ele muda seu rumo, voltando a andar, mas agora vai até o banheiro masculino, passando pelo corredor comprido do local. Ao chegar lá, ele se depara com sua imagem no espelho. Ele se olha no reflexo com confusão. Sua cabeça começa a latejar em uma dor alucinante. Que sensação tenebrosa é essa? O que está acontecendo? De repente, não enxerga mais nada e sente seu corpo despencar no chão.
  Minutos antes, no Brasil…
   está atrasada, prometeu ao Lipe que chegaria mais cedo para ajudá-lo no fechamento de uma matéria importante que sairá hoje no jornal, mas acabou acordando um pouco tarde. Hoje é o prazo final que Otto havia lhe dado para dar uma resposta definitiva de quando ela poderia retornar ao , neste caso como fotógrafa do Correio com uma coluna fotográfica tanto na versão física quanto na versão digital. Ela pega sua mochila, colocando-a em um dos ombros e pega as chaves de sua moto. Ao abrir a porta do apartamento, ela paralisa.
  Antes dela gritar, a mulher tem a boca calada pela mão firme de Léo que a segura com muita força pelo pescoço. O olhar assombroso do homem lhe penetrando a alma.

Capítulo 7 – O resgate do girassol

"Tento encontrar uma peça desaparecida
Para preencher um buraco em mim
Um mistério solitário
Pensei que eu tinha resolvido
Mas então você chegou
E com apenas um olhar
Eu soube que estava errado
Eu estava errado"

– Incomplete, Hoobastank –

  Ao saber do desmaio de seu irmão no banheiro do salão de festas da gravadora, corre desesperado, esbarrando nas pessoas pelo caminho, e finalmente chegando até o banheiro e vendo o irmão caído no chão sendo amparado pelos paramédicos.
  — O que houve com ele?! — indaga o homem, agachando-se ao lado de um dos médicos que atendem .
  — Ainda não sabemos, mas, ao que tudo indica, foi uma queda de pressão — responde um deles enquanto afere a pressão de . De repente, ele desperta.
  — !!! — grita, erguendo o corpo e sendo segurado por três pessoas, uma delas seu irmão.
  — Acalme-se, por favor — pede um dos médicos.
  — , o que aconteceu? — questiona e só então o vê ali. — Hey, hey, calma! — ele tem a camisa puxada pelo mais velho que volta a erguer seu tronco, ficando cara a cara com o irmão.
  — Aconteceu alguma coisa, — diz ele em desespero.
  — Aconteceu o que, ? — rebate o mais novo, segurando os braços do irmão.
  — Eu não sei, mas…
  — Por favor, o senhor precisa se acalmar — pede o médico novamente, puxando o corpo de para o chão.
  — Deite-se, meu irmão, e acalme-se. Depois conversamos.
  Se dando por vencido, o vocalista volta a se deitar, sua cabeça ainda dói, porém menos que antes. A sensação de que algo de ruim está acontecendo neste instante o apavora e a vontade de ligar imediatamente para sua namorada o angustia.
  Minutos depois, é liberado pelos paramédicos para poder se levantar. o acompanha e os dois se despedem de todos, pois vão embora. O mais novo entra em seu carro, acompanhado pelo irmão, e dirige até o apartamento de . Durante o caminho até lá, o mais velho tenta ligar para , mas ela não atende.
  — Para quem está ligando? — indaga intercalando seu olhar entre a estrada e o irmão.
  — o responde sem tirar seus olhos da tela do celular onde aciona novamente o contato da namorada.
  — Você precisa me contar primeiro o que está havendo, desligue esse celular — diz com a voz firme.
  — Eu preciso saber se ela está bem — rebate o mais velho com a voz embargada, mas também firme.
  — Desesperado desse jeito você vai acabar assustando ela, , desligue esse celular! — repete ele, irritado.
  — Eu tive outra sensação ruim, ok? Pior que a anterior e minha cabeça quase explodiu enquanto tive isso — grita também irritado. — Eu não vou descansar enquanto não falar com ela! — brada, por fim.
  — Me dá esse celular — estica um dos braços, mantendo o outro no volante, e tenta puxar o celular das mãos de que se defende.
  — Para, , você vai bater o carro! — ele grita erguendo o braço para cima, longe do alcance do irmão.
  — Então me dá a merda do celular! — brada o guitarrista ainda esticando a mão.
  — Ok, ok, eu não ligo para ela, está bem?! — diz, ainda gritando, e mostra a tela do celular onde ele desliga a ligação que estava fazendo para . — Mas que inferno, agora olha para frente de uma vez antes que você nos mate! — ele briga, soltando o ar com irritação.
  — Idiota…
   passa a mão livre pelos cabelos e volta a segurar o volante com as duas mãos, também soltando o ar com tanta irritação quanto o irmão. Ele entende que os pressentimentos dele são fortes e, em sua esmagadora maioria, verdadeiros, mas nada justifica ele ligar desta maneira arbitrária para . Imagina se nada estiver acontecendo e ele a preocupa à toa? Certamente ela ficaria desesperada e com vontade de voltar ao para vê-lo. Alguns minutos se passam e eles chegam ao prédio do mais velho, onde estaciona seu carro na vaga de visitante. Eles deixam o veículo e tomam o elevador até o apartamento de . Ao abrir a porta ele sente a sensação voltar e sua dor de cabeça se intensificar.
  — Quer uma água? — pergunta ao fechar a porta do apartamento e retirar os sapatos.
  — Não — responde, seco e o outro rola seu olhar, suspirando. O guitarrista caminha até à cozinha.
  — Ranzinza — o mais novo sussurra para si mesmo e pega um copo no armário. — Vai me contar exatamente o que houve para você desmaiar? — ele pega uma garrafa de água na geladeira, enchendo seu copo e caminha até a sala.
  — Você não me ouviu explicar no carro? — devolve percorrendo seu olhar pelo irmão. — Precisa prestar mais atenção nas coisas, .
  — , eu sei que está irritado e preocupado, mas não justifica agir assim — diz ele e senta-se na poltrona. — Imagina se você liga para totalmente desesperado e ela está bem, nada de ruim está acontecendo. Aí você vai preocupar ela sem necessidade.
  — Pare de me dar sermão, ! — ele se exalta, apertando os pulsos. — Eu não, eu não quero preocupar ela, eu só quero saber se está tudo bem — ele sente sua cabeça dar uma pontada forte e põe a mão na têmpora.
  — Sua cabeça ainda dói, não é? — pergunta de maneira óbvia.
  — Muito — o mais velho fecha seus olhos sem muita força e seus pensamentos se voltam para . — Eu só quero saber se está tudo bem… — a emoção é inevitável agora e as lágrimas de começam a se formar em seus olhos.
  — Calma, irmão…
  Solidário, deixa o copo d’água em cima da mesinha de centro, levantando-se e sentando ao lado do irmão. Ele põe sua mão sobre o ombro de , apertando o local para lhe transmitir conforto enquanto o outro chora abertamente.

[🌻]

  Enquanto isso, no apartamento de
  O impacto de seu corpo sendo pressionado contra parede a faz gemer. não consegue crer no que vê. Como Léo conseguiu entrar em seu prédio? O mais importante: como ele saiu da cadeia?!
  A mente dela está fervilhando.
  — Se você gritar ou fizer alguma gracinha, eu te mato, entendeu? — Léo ameaça ainda apertando o pescoço dela que apenas assente, seus olhos saltados de medo.
  Ele a solta e vira o corpo, andando para dentro do apartamento. Passa as mãos pelos cabelos, os olhos percorrendo o local. não tem coragem de se aproximar, então ela o observa de longe, ainda encostada na parede. Mas, o olhar irritado e quase demoníaco do ex namorado se encontra ao dela e a faz dar um passo à frente.
  — Venha aqui, — ele ordena, mas ela não consegue dar mais do que um passo. — Anda logo! — brada Léo, irritado e se aproxima, puxando-a pelo braço.
  — O que você quer aqui? Como saiu da cadeia?! — diz ela com a voz trêmula de medo tamanho é o pavor que sente.
  — Cadê seu celular? — Léo a ignora, perguntando outra coisa, ao mesmo tempo que a sacode com força. — Hein? Cadê seu celular?!
  — Para quê quer saber?! — rebate ela ainda com medo.
  — Não me provoque, — ele a joga no chão e ela quase bate a cabeça na mesinha de centro, escapando por poucos centímetros.
  — O que quer comigo?
  — Ahh, achei! — exclama ele ao encontrar o celular dela em cima do sofá, caminhando até ele. — Ainda tem a mesma senha? — pergunta, retoricamente e aperta o botão de desbloqueio do celular dela. Ao aparecer o teclado para digitar o pin de quatro dígitos, ele digita a senha que ela costumava usar quando namoravam. O aparelho desbloqueia. — Você é tão previsível, .
  — Me dá meu celular! — se levanta, indo até ele. — Me devolve, Leonardo!
  — Só depois que eu fizer uma transferência — ele responde, mudando de lugar na sala e vai atrás dele. — Pare de me seguir ou eu atiro você pela janela — ele volta a ameaçar e para de segui-lo, mas fica próxima a ele.
  — Como fugiu da cadeia, Léo? Meu Deus, o que você está fazendo com sua vida…
  — Isso não é mais problema seu, , ou, por acaso, ainda gosta de mim? — ele debocha.
  — Não é essa a questão, Leonardo!
  — Cala a boca, então — brada voltando a olhar para o celular de e abre o aplicativo do banco. — Vamos ver se ainda está previsível — ele digita a mesma combinação de letras e números que ela usava anos atrás. Não funciona. — Que merda é essa, ?
  — O que é?
  — Você mudou a senha do banco? — sibila ele, irritado.
  — Claro que mudei — dá de ombros e tenta novamente puxar o celular da mão de Léo que logo o tira de seu alcance.
  — Qual é a droga da senha, ?? — ele brada dando dois passos à frente e apertando o pescoço dela com a mão livre.
  — Eu não vou te dizer! — ela grita, mas logo o aperto em seu pescoço é o suficiente para lhe calar, faltando o ar para respirar.
  — Diz ou essa merda vai bloquear — brada Léo.
  — Que bloqueie! Foda-se! — ele aperta mais forte.
  — Não me provoque. Eu preciso desse dinheiro — os dedos de Léo apertam a traquéia dela, sufocando-a.
  — Arrume o seu próprio dinheiro… — diz com dificuldade. — Seu vagabundo!
  — , eu vou te matar se não me contar qual a desgraça da senha!!!
  — Me mate então!!!
  Ele continua apertando, mas a solta fazendo seu corpo pender para frente, puxa o ar com força sentindo sua garganta doer. O desespero de Léo tem um motivo simples: ele precisa de dinheiro ou será morto. Logo quando foi preso, há alguns meses, ele iniciou uma dívida dentro da cadeia. Ele achou que conseguiria pagar, mas obviamente não conseguiu. Com isso, o traficante a quem ele deve resolveu cobrar a dívida. Léo não teve como pagar e desde então vem sendo ameaçado de morte. Ele fugiu da cadeia ontem à noite logo após tentarem colocar fogo na cela onde ele vivia. Léo sabe que tem economias guardadas na poupança do banco e jurava que a senha ainda era a mesma. Seu intuito é óbvio: roubar e pagar sua dívida em troca de sua vida.
  Algum tempo depois em
   havia deixado o apartamento do irmão há alguns minutos. está sozinho sentado no sofá e refletindo sobre o que fazer. O mais velho sabe que seu irmão não confia cem por cento em sua palavra quando diz que algo de errado está acontecendo com , disso ele tem certeza e é angustiante se passar por louco. Apesar de estar, de certa forma, acostumado com isso, se incomoda com tal desconfiança ainda mais vinda do próprio irmão.
  Ele anda de um lado a outro de sua sala, pensando, vez ou outra olhando para o celular que está em cima da mesinha de centro. Desde que estava no carro com , onde prometeu não ligar para , que ele não o faz. Porém, algo dentro do berra para que ele volte a ligar para a namorada.
  Algo está errado, , algo está errado, seu sexto sentido lhe diz.
  — Foda-se… — ele diz em voz alta, pegando o celular e desbloqueando. — Por favor, sunshine, atende — sussurra, esperançoso aguardando atender. Mal sabe ele que, do outro lado do mundo, Léo segura o celular de e, quando vê a ligação de , desliga imediatamente. — Quê… — o homem insiste, mas agora o número de cai diretamente na caixa postal.
  Frustrado, tenta mais algumas vezes, sem sucesso. Ele manda uma mensagem carregada de preocupação para ela e percebe que há somente uma verificação, o que significa que ela não recebeu a mensagem. Estranho, muito estranho. Alguns minutos depois, resolve mudar de estratégia e envia uma mensagem para Lipe, quem sabe o melhor amigo dela saiba onde está, não é mesmo? Mais ou menos cinco minutos depois e Lipe responde através de uma chamada de vídeo.
  — Fala, ! — diz Lipe, animado do outro lado da tela. não consegue sorrir.
  — Fala, Lipe… — responde, desanimado.
  — Aconteceu algo? — questiona ele, preocupado.
  — Você sabe onde a está? Se ela está bem? — tenta ser o mais direto possível.
  — Eu não sei, cara. Estou tentando falar com ela desde cedo e nada — diz Lipe, a paisagem ao fundo faz perceber que ele está na sede da Rede Bahia, caminhando pelo local. — Ela ficou de vir mais cedo para me ajudar na finalização de uma matéria e nada até agora.
  — Conseguiu falar com ela depois disso?
  — Não, até liguei para o prédio dela e o porteiro ficou de me dizer se ela estava mesmo em casa, mas ainda não me retornou — explica o repórter. — Está preocupado, né?
  — Muito, ela não me atende e o celular dela só cai na caixa postal agora — lamenta-se , passando as mãos pelos cabelos.
  — É aquele lance do pressentimento que a falou que você teve? encara o amigo.
  — Ela te contou, né? — indaga em tom óbvio.
  — Contou.
  — Eu tive outra sensação daquela, desta vez muito pior — confessa e completa: — Lipe, eu sei que pode parecer uma completa loucura, mas, por favor, você pode ir até o apartamento da ver se está tudo bem com ela — Lipe engole em seco, vendo que a preocupação do amigo é real e também se preocupa.
  — Vou sim, cara, mas fica tranquilo, tá?
  — Só ficarei tranquilo quando ouvir a voz dela ou vê-la.
  — Eu vou lá agora, vou dar um jeito de escapar daqui e ir lá, está bem?
  — Me avisa quando chegar lá?
  — Claro, cara, aviso sim.
  
  Lipe desliga a chamada e fecha os olhos, passando a mão pelo rosto. Ele, mais do que nunca, espera estar errado. Ele tem que estar errado.

  Algumas horas depois…
  São quase duas horas da manhã no e não consegue aguentar mais. Ele precisa agir e será agora. O homem se levanta, indo até seu quarto e pega uma mochila vazia dentro do armário, jogando algumas roupas dentro, roupas leves, pois sabe que no Brasil é Verão e certamente está calor. Até agora Lipe não havia retornado as mensagens e ligações de e isso o está angustiando ainda mais. Após concluir a arrumação rápida das roupas dentro da mochila, o vocalista pega os documentos pessoais juntamente com seu passaporte que estava dentro de sua mala de viagens. Ele joga a mochila nas costas e caminha de volta à sala, pega as chaves de seu carro, sua carteira e deixa o apartamento.
  Quase meia hora depois de sair de casa, chega ao aeroporto de , indo diretamente ao guichê comprar uma passagem com destino ao Brasil. Não há voo direto para a Bahia, claro, então ele fará uma escala em São Paulo e de lá pegará outro avião para Salvador.
  Já dentro do avião, se acomoda em seu assento e aguarda até chegar ao seu destino. Durante o voo ele não consegue comer nem beber nada, nem água desce por sua garganta. A aflição em não ter notícias de lhe tirou o apetite de tudo. Lipe ainda está silencioso, não responde nenhuma mensagem em nenhuma rede social e também não atende as ligações.
  Definitivamente, há algo de errado.
  16h do dia seguinte, horário do Brasil
   caminha apressado até o guichê onde comprará sua passagem para Salvador. Durante seu voo da Europa para São Paulo, ele recebeu inúmeras ligações de , nenhuma delas foi atendida. Certamente o mais novo está furioso com já que hoje mais cedo, lá no , eles tinham compromisso na gravadora: a gravação dos vocais da música nova. Era óbvio que a presença de era essencial, mas certamente o dia não foi perdido já que há dois vocalistas na banda. deve ter gravado a parte dele e pode gravar depois, o assunto que ele tem para resolver em Salvador é mais importante.
  Passagem comprada. Hora de embarcar.

  Mais algumas horas depois…
  Estar de volta a Salvador é nostálgico para , faz tempo que ele não pisa em solo baiano e, na visão dele, gostaria de ter sido em outra situação. Já está quase de noite e, sinceramente, o já não sabe mais que dia é, não importa. Ele sabe que passou pouco mais de doze horas viajando e que em breve encontrará sua namorada. Tudo vai dar certo, tem que dar.
  Ele deixa o salão de desembarque do aeroporto de Salvador e acena para um táxi que está parado na fila formada na porta. Ao mostrar o endereço de para o taxista, pede, através do Google Tradutor, para que ele o leve até lá com urgência. Ele adentra o táxi e eles partem até o endereço dela, não demora muito para chegar lá, apesar do trânsito estar um pouco intenso na saída do aeroporto, o restante do caminho é livre e, em quarenta e cinco minutos, eles chegam à rua de .
  O taxista para antes da hora, pois a rua está fechada por algumas viaturas e carros de imprensa. estranha e pergunta, pelo tradutor, o que está havendo, o homem diz que a rua está bloqueada e os policiais não o deixam avançar mais, porém, antes de descer, ele mostra a direção do prédio que o rapaz deseja ir. Após pagar o taxista, o vocalista agradece e deixa o carro, caminhando na lateral da rua. Ele não é abordado por nenhum policial, nem saberia o que fazer caso acontecesse. Desconfiado, o homem continua andando na direção apontada pelo taxista e, a cada passo que dá, vê mais e mais policiais e vários repórteres e cinegrafistas. Avançando mais um pouco ele encontra um rosto amigo entre a multidão.
  — Lipe! — grita ele, aliviado ao ver o repórter que vira o rosto assustando-se com a presença de ali.
  — ? — indaga ele, confuso, e caminha para encontrá-lo. — O que faz aqui, cara?
  — Vim ver a — responde , ajeitando a mochila nas costas. — É aqui que ela mora, né? — o olhar de direciona-se para o prédio em frente. — O que está havendo?
  — Cara, preciso te contar algo — o repórter nem sabe exatamente como dirá isso a , mas ele precisa dizer.
  — Fala de uma vez, Lipe…
  — O Léo fugiu da cadeia — para de respirar neste instante. — E está fazendo a de refém no apartamento dela — conclui o rapaz e vê a expressão do amigo mudar de imediato.
  — Quê? — o vocalista sente o chão amolecer juntamente com suas pernas, a respiração que deveria ser algo simples de fazer torna-se impossível e seu coração palpita de maneira extremamente inconsequente dentro de seu peito. —
  — , você está bem? Você está pálido, cara — Lipe segura pelos ombros, percebendo que o amigo não está bem.
  — Como isso aconteceu? Meu Deus, eu sabia que algo estava errado… eu sabia! — diz ele sentindo sua cabeça doer.
  — Desde a hora que conversamos, pouco tempo depois o porteiro me ligou de volta dizendo que os vizinhos dela reclamaram de barulho de discussão, quando eu foi verificar reconheceu a voz do Léo gritando e a voz da gritando também — explica Lipe ainda segurando .
  — Eu vou matar aquele desgraçado! — sibila o vocalista saindo de perto de Lipe, mas logo tem a mochila puxada para trás.
  — , não! — alerta Lipe, tentando acalmá-lo. — Você vai acabar atrapalhando se for lá agora, calma!
  — E se ele estiver machucando ela, Lipe?! — os olhos saltados de fazem o coração de Lipe se partir, mas ele não pode deixar o amigo se arriscar.
  — Infelizmente temos que esperar, cara — a voz dele embarga e o repórter sente que o vocalista amoleceu. — Os policiais disseram que estão se preparando para invadir o apartamento.
  — Não é perigoso? E se aquele maníaco estiver armado? — alerta , ansioso.
  — Por isso que eles estão esperando, estão averiguando se o Léo está armado ou não. Agora tem um policial negociando com ele.
  — Negociando? Meu Deus, que tormento… — lamenta-se o com os olhos ardendo.
  Nenhum dos dois diz mais nada e apenas observam a movimentação dos policiais. O coração de está despedaçando pouco a pouco. Por que ele tinha que estar certo quanto a seu pressentimento ruim? Ele só queria não sentir tais coisas, só queria ter sua sã e salva em seus braços, só queria que tudo isso acabe bem. O tempo parece não colaborar com a angústia de Lipe e que estão lado a lado, próximos à uma viatura, onde o vocalista deixou sua mochila. Lipe havia dito para os policiais que é namorado da refém, vulgo , e por isso eles podem ficar mais próximos do prédio. Será que ela está machucada? Será que Léo se atreveu a fazer algo contra ela? O que ele queria ao invadir o apartamento de ? E como ele fugiu da cadeia?
  Questionamentos que só agitam .
  De repente, assustando-o, o celular dele vibra em seu bolso. Ao pegá-lo, no visor a imagem de seu irmão em uma chamada de vídeo.
  — … — diz ao atender, a voz totalmente embargada.
  — Eu espero que hoje você não me invente de faltar a gravação! — berra do outro lado sem ao menos olhar para o rosto de seu irmão na tela.
  —
  — Porra, , você sumiu ontem e ficamos esperando você. Você não atendia a merda do celular, fui na sua casa e você não estava. Aonde você se meteu? — ele continua falando, irritado. — Eu saí agora para caminhar e, quando eu voltar, eu quero que você já esteja pronto para ir à gravadora. A gravação será às 8h, mas quero falar com você antes de todos chegarem — completa ele, ainda sem olhar para .
  — … — começa a chorar e, só então, ao ouvir os gemidos do irmão é que finalmente olha para tela.
  — Você está chorando? — indaga o mais novo em tom óbvio e para de caminhar, vendo com a mão livre no rosto, apertando os olhos.
  — , a … meu Deus do céu, … — ele mal consegue falar e se engasga com sua própria saliva, engolindo em seguida.
  — Calma, , fala devagar…
  — A … eu estou aqui em frente à casa dela… o Léo, ele, ele invadiu o apartamento dela — revela o mais velho e arregala o olhar.
  — Como é? — neste instante, prefere não perguntar como o irmão foi parar no Brasil.
  — Ele está mantendo ela refém. … eu estou com medo, . Eu estou apavorado! — desaba a chorar e sente sua garganta fechar-se.
  — Calma, meu irmão. Aonde você está?
  — Em frente ao apartamento dela. Tem muita polícia aqui… — ele vê alguns policiais entrarem no prédio.
  — Calma, cara volta a pedir. — Liga para o Lipe e pede para ele ir aí.
  — Ele já está aqui.
  — Ótimo. Ok, por favor, não faça nenhuma besteira — alerta o mais novo.
  — Se aquele doente tiver machucado a , minimamente que seja, eu não respondo pelos meus atos, irmão — nunca tinha vista o rosto do irmão transmitir tanta raiva como agora.
  —
  — Eu não respondo por mim — ele repete com mais firmeza.
   volta a alertá-lo para não fazer nada que possa se arrepender ou prejudicar a na situação complicada em que ela está agora. encerra a chamada prometendo dar mais notícias e promete que contará o que está havendo a todos que interessa saber, principalmente aos amigos da banda.
  Uma movimentação intensa chama a atenção do vocalista assim que ele desliga a chamada com o irmão.
  — O que houve? — pergunta ele, em alerta.
  — Acho que vão invadir — responde Lipe também em alerta, tão aflito quanto o amigo.
  De repente, um disparo é ouvido.
  — !
  Apesar dos alertas recentes do irmão, ignora todos eles e sai correndo sem se importar se será atingido por um tiro ou não. Ele precisa ver se ela está bem, ela precisa estar bem. Ele entra no prédio e ouve os gritos de Lipe bem atrás dele, não se importando com isso agora. Sobe as escadas, seguindo alguns policiais que pulam os degraus para chegar mais rápido. Um, dois, três, quatro andares alcançados por ele e então ele ouve mais um disparo, fazendo-o subir o último andar com mais rapidez até que se depara com um policial.
  — Quem é você? Não pode ficar aqui! — brada o homem fardada com certa ignorância, empurrando para trás.
  — ! Eu preciso ver a ! — grita o vocalista, em , completamente desesperado.
  — Como é que é? Não tenho tempo, cara, sai daqui! — o policial não o entende e continua empurrando para que se afaste.
  — ! — diz Lipe finalmente alcançando o amigo.
  — Você conhece esse aqui? Tira ele daqui antes que sobre tiro pra ele também — diz o policial para Lipe.
  — Ele é namorado da refém, o que está acontecendo? — explica Lipe e segura pelo braço, puxando o amigo para longe do policial.
  — São parentes, é? — ele olha desconfiado. — Os colegas conseguiram pegar o sujeito que invadiu o apartamento — responde o policial e encara Lipe aguardando uma tradução.
  — Pegaram o Léo — Lipe traduz para e volta a perguntar o policial. — E a ? Ela está ferida? Podemos vê-la?
  — Calma, rapaz! — pede o homem. — Até onde sei a moça está bem sim, parece que está somente abalada com o ocorrido. Mas ela não levou nenhum tiro, se é isso que querem saber. Em breve poderão ver a moça — responde e se afasta um pouco, pois é chamado por um companheiro de profissão.
  — Ela não se feriu, , se acalma — pede Lipe, engolindo em seco.
  — Como ele pode ter certeza? Ele nem entrou lá! Eu vou entrar… — determina o vocalista subindo mais dois degraus e sendo barrado por Lipe.
  — Espera a polícia liberar, cara, espera — ele puxa o amigo mesmo que sua vontade também seja invadir o apartamento para ver se está mesmo bem.
  Cerca de dois minutos depois, seis policiais saem do apartamento, dois deles segurando Léo que está algemado. o encara com raiva e com uma vontade tamanha de roubar a arma do policial e atirar em Léo, mas ele controla seu impulso. O grupo passa por ele e por Lipe que se espreme na parede, deixando-os passar. Lipe xinga Léo ao vê-lo e o outro encara o repórter, por tabela ele vê e desvia seu olhar para ele, sentindo o ódio emanando do vocalista. Lipe segura o peito de para que ele não avance contra Léo e assim o grupo de policiais passa levando Léo novamente preso, mais uma acusação em sua ficha criminal.
  O choro é ouvido com nitidez.
   vira seu rosto e sobe as escadas rapidamente na direção do apartamento de . Há um policial na porta que o deixa passar após Lipe identificá-lo. Seu olhar enxerga sentada no sofá, dois médicos cuidando de alguns ferimentos aparentes que ela tem. Enquanto olha aleatoriamente por seu apartamento, encontra a figura inconfundível de seu namorado parada próxima à porta. Seus olhos se enchem ainda mais de água.
  — ! — exclama ela, levantando-se, sem se importar com o médico que passava gaze em sua ferida no braço, e corre na direção do amor de sua vida.
  — Sunshine… — sentir o corpo dela colado ao dele novamente é um grande alívio para que envolve seus braços pelas costas e cintura de .
  — Que bom que está aqui, que bom que está aqui… — ela repete algumas vezes abraçada a ele enquanto chora.
  O pesadelo acabou, finalmente acabou e pode sentir sua perto dele, sã e salva. Lipe se junta ao abraço e afaga a cabeça de com uma das mãos ao mesmo tempo que a outra aperta os próprios olhos para controlar suas lágrimas que caem sem pudor. a afasta um pouco e diz que ela precisa de cuidados, ajudando a namorada a voltar para o sofá onde os médicos aguardam para ajudá-la. senta-se novamente e o médico volta a cuidar de seus ferimentos. A mulher lembra-se de Kurama e pede a para procurar pelo gatinho. Lipe toma a missão para si só para que o amigo não se separe dela agora e sai a procura de Kurama pelo apartamento. Quando estava lá, Léo irritou-se com os miados altos e constantes do felino e o trancou no banheiro.
  Enquanto é cuidada pelos médicos, que lhe dão os primeiros atendimentos, segura a mão dela, apertando com força, lhe transmitindo amor. Tal sentimento também é expressado através de seu olhar que não desgruda nem por um instante de sua amada. Como ele ansiou por isso, por vê-la bem. Finalmente aconteceu.
  Aquela sensação ruim finalmente passou e pode respirar em paz.

[🌻]

   odeia hospitais.
  Sempre lhe trazem lembranças ruins, de tempos em que não sentia nada de bom vindo para ela. Com exceção do dia que sua tia estava bem a sua frente, sorrindo quando acordou após uma noite de febre por conta da pneumonia, aos dez anos mais ou menos, nenhuma vez que acordou em um hospital foi bom. Hoje é diferente. Assim que abre seus olhos, cansados, seu corpo seguindo o mesmo ritmo, a mulher enxerga a imagem de pela primeira vez desde que deixaram o apartamento dela horas atrás. A melhor visão que poderia ter agora.
  — Sunshine… — a voz grave dele diz e sorri, afagando o dorso da mão de que a segura.
  — Amor, que bom te ver — dormiu por algumas horas desde que chegou ao hospital, estava com princípio de desidratação, alguns cortes pelo corpo, hematomas nos pulsos e os olhos fundos. Ela contou que não conseguiu dormir desde que Léo invadiu seu apartamento. — Eu dormi demais, né? — sorri de canto.
  — Não, meu amor — ele responde. — Conseguiu descansar?
  — Um pouco, ainda sinto sono.
  — Compreensível depois de tudo que… — ele faz uma pausa, sentindo um pequeno nó se formar em sua garganta e então continua — bom, vamos ter tempo para descansarmos. Nós dois.
  — Como você soube? Lipe te contou? — indaga ela tentando se ajeitar na cama, a ajuda.
  — Na verdade, eu vim graças a sensação ruim que tive. Bom, eu tive outra antes de vir — explica e, após se acomodar na cama, o encara com o olhar confuso. — Eu tive uma sensação terrível de que algo estava errado, meu coração acelerou, tive calafrios e acabei desmaiando.
  — Meu Deus, ! Você está bem?
  — Agora estou — diz.
  — Você está frio. Quer dizer, sua mão está fria — percebe a mulher, alisando a mão dele.
  — É o ar condicionado.
  — Amor… — o vê puxar o ar com força.
  — Vou pegar água para mim, quer alguma coisa? — oferece o vocalista.
  — Não, obrigada, amor — ela arqueia a sobrancelha e ele se levanta, mas nem vai muito longe. — ! — ela estica os braços para segurá-lo.
  — Foi só uma tontura — ele põe a mão na testa, abrindo e fechando os olhos, tentando focar as imagens sem sucesso. — Já vai passar.
  — Você comeu? Dormiu? — pergunta, angustiada.
  — Não consegui, mas eu vou…
  — ! — brada ela, irritada. — Por que não comeu? — de repente, uma enfermeira chega.
  — Olá, senhorita . Que bom que acordou — diz a mulher, aproximando-se.
  — Por favor, me ajude aqui com ele — pede , referindo-se a .
  — O que houve? Está passando mal?
  — Ele está tonto porque não comeu nada. Pode, por favor, comprar algo para ele comer? — ela pede com educação.
  — Claro!
  — Sunshine, não precisa… — ia protestar, mas o interrompe.
  — Claro que precisa, seu teimoso — reclama ela, em , e depois pede para a enfermeira falando novamente em português. — Por favor, pegue esse dinheiro — a mulher puxa a carteira do bolsa da calça de que apenas a encara de canto sem dizer nada. — Aqui — ela dá uma nota de vinte reais para a enfermeira. — Compre algo para ele, por favor, e fique com o troco para você.
  — Ah, nem precisa, imagina — apressa-se a enfermeira, pegando o dinheiro. — Já trago algo para ele.
  A enfermeira sorri e deixa o quarto.
  — O que disse para ela? — questiona , desconfiado.
  — Que meu namorado é um grande teimoso que não come há horas — ela responde, rindo. — Pedi para ela comprar algo para você comer, em breve ela voltará e você vai comer tudo!
  — Estou sem fome, sunshine…
  — Você vai comer, , nem reclame — insiste.
  — Está bem, não precisa apelar — faz um beicinho e ri abafado. — Fiquei com tanto medo, um medo que nem sabia ser capaz de sentir — ele diz, de repente, e desta vez é quem sente a garganta criar um nó.
  — Eu achei que fosse morrer — confessa ela e a encara, ajeitando-se na cama ao seu lado.
  — Jamais permitiria isso.
  — Eu sei que não — ela força um sorriso. — Eu pensei tanto em você, amor, tanto… — ela sente as primeiras lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
  — Não vamos mais pensar nisso, por favor — ele pede, também chorando e tenta sorrir. — Vamos pensar no futuro, tá?
  — Tá…
  — Eu não queria te pedir isso, sunshine, mas, por favor, volte comigo para engole em seco, ainda encarando a namorada e com a sensação de que não será atendido. Como se ele perguntasse retoricamente, mas, para sua surpresa, sorri.
  — Volto — ela responde e ele arregala o olhar.
  — Volta? — indaga ele, ligeiramente confuso.
  — Voltei! — anuncia a enfermeira que volta com o lanche de .
  — Oh, obrigada, querida — agradece e a enfermeira entrega a o lanche que comprou: um copo de suco e um salgado de presunto com queijo. Ele agradece com um gesto de cabeça e um “obrigado” carregado de sotaque. — Agora o senhor vai comer.
  — Me explica porque você aceitou tão rápido meu pedido — ele pede, manhoso assim que a enfermeira deixa o quarto novamente. — Por favor.
  — Depois que você comer — insiste ela fazendo franzir o cenho. — Pode ficar emburrado à vontade, coma primeiro.
  Ele dá uma mordida no salgado e um gole no suco.
  — Pronto, estou comendo — diz de boca cheia. — Pode dizer.
  — Amor — ela ri. — Bobo! — balança a cabeça e explica sua rápida aceitação. — Lembra do meu projeto de fotografia?
  — Sim! Seu chefe deu uma resposta finalmente? — ele diz, ansioso.
  — Na verdade, ele me deu a resposta no mesmo dia em que falei com ele — abre a boca, incrédulo.
  — Amor! Por que não me contou antes?!
  — Quis fazer uma surpresa e quis ter certeza de que daria certo com os diretores da emissora — responde a fotógrafa, sorrindo. — E deu certo, amor, eles aprovaram o projeto e estava esperando apenas eles me confirmarem as passagens e moradia lá em — completa ela, emocionada.
  — Quer morar comigo? — oferece ele, de supetão.
  — Hã?
  — Vem morar comigo — repete o vocalista, aproximando-se do rosto dela. — Vem morar comigo, sunshine.
   a beija sem esperar uma resposta. A saudade de tocar os lábios de sua namorada quase o enlouqueceu. Ele é o homem mais feliz agora.
   encerra o beijo apenas para dizer “sim” e eles voltam a se beijar. O casal agora retornará juntos para o assim que Otto tiver o aval para liberar a passagem e hospedagem dela no país. Ambos estão muito felizes por finalmente terem um horizonte onde possam ficar juntos sem maiores empecilhos. A felicidade só tende a aumentar.
  Uma nova vida se inicia agora.

Capítulo 8 – O raio de Sol

"Até você vê uma parte de mim
Que ninguém mais pode ver

E a minha vida não tem sido a mesma
[...]
Você me faz sentir feliz como eu posso ser"
– Lucky, Hoobastank –

  5 meses depois…
  ,

  Tudo está em paz no apartamento que hoje é dividido por e em .
  Durante esses meses que se passaram, fez amizades com várias pessoas da produção e gravadora da banda dos rapazes, além de estreitar os laços com os membros da banda. , que antes era um pretendente a namorado, hoje é o melhor amigo dela e com quem troca grandes confidências quando precisa, inclusive foi para ela que o rapaz contou primeiro sobre seu interesse em uma mulher que conheceu semanas atrás.
  O trabalho de como fotógrafa em sua coluna especial no Correio não poderia estar melhor, ainda mais bombada do que ela algum dia imaginou quando idealizou o projeto. Otto tem rasgado elogios à ela, juntamente com os diretores da Rede Bahia que, à princípio pensaram em uma coluna de seis meses, mas agora renovaram por dois anos. Notícia essa que deixou mais feliz do que a própria . De qualquer forma, mesmo se ela perdesse o emprego no Correio, ele daria um jeito de empregá-la na gravadora ou como fotógrafa deles – apesar de eles já terem um fotógrafo.
  Neste momento, está sentada na cadeira gamer de e usando seu notebook para editar as fotos que tirou para a próxima coluna. Ela já tem agendado pelo menos cinco colunas, mas sempre gosta e prefere adiantar os trabalhos para ter tempo de editar tudo com calma. Kurama, seu gatinho falso siamês, se roça em seus pés chamando sua atenção. Ela olha para o bichano e sorri, entendendo que está na hora de seu sachê diário. No dia em que viajou para , junto com , ela aproveitou para trazer seu gatinho junto, mesmo sabendo que ele ficaria bem com o Lipe em Salvador. tem mimado o novo morador da casa e comprado brinquedos, sachês saborosos e uma linda caminha confortável, melhor do que a que tinha lá em seu apartamento – que hoje está alugado sob a supervisão de seu amigo repórter. retorna da cozinha com o potinho de sachê de Kurama e o repousa no chão perto do potinho com água.
  O sinal sonoro do Skype diz que há uma nova ligação.
  — ! — diz a voz animada de Lipe do outro lado e senta-se novamente na cadeira, sorrindo para ele.
  — Oi, Lipe! Você não dorme, não? — brinca ela com o fato de que no Brasil passa das duas da manhã.
  — Estou agitado ainda, amanhã é sábado, ‘tá de boa — lembra ele.
  — Que milagre você não está na farra hoje. Sexta-feira em Salvador e você em casa!? — comenta, soltando uma risada. — Como está a Ana? — indaga ela, curiosa sobre o affair do amigo.
  — Ah, nem me lembre dela — Lipe suspira do outro lado, jogando-se na cama. Acredita que ela me disse que eu não sou verdadeiro com ela?
  — E você é verdadeiro com ela? — rebate o questionamento.
  — Sou, vey — responde o repórter e completa: — Você me conhece, sabe que eu não sou de relacionamento sério, mas, sei lá, a Ana é diferente. Ela me pegou de jeito, confesso — diz o rapaz com um tom convicto que raras vezes foi ouvido por .
  — Estou chocada — diz ela. — Felipe Morais, você está apaixonado?
  — Ah, pare de rotular assim! — ele diz, irritando-se brevemente. — Oh, eu gosto da Ana, mas…
  — Por que sempre tem um “mas”, Lipe? — devolve a fotógrafa. — Você sabe que ela gosta de você, os dois se dão bem e tudo, por que você fica nessa putaria de “ain, eu não me relaciono sério”? Porra! — irrita-se e Lipe arregala o olhar. — Se não quer nada sério mesmo, deixa a Ana seguir o rumo dela, pare de prender a mulher, seu idiota enrolado — ela conclui sua bronca e põe a mão na boca como se segurasse um enjoo.
  — Está tudo bem aí? — Lipe percebe.
  — Sim, sim — responde ela, recuperando-se. — Vai fazer o que eu falei? — insiste.
  — Vou pensar, eu não quero perder a Ana… — afirma Lipe com sinceridade. — Bom, mas me diz sobre você, como está aí? E o , está em turnê? — ele muda de assunto e se ajeita na cadeira.
  — Está — ela responde. — Ele volta hoje à noite para casa depois de quase uma semana fora — informa com certo pesar e saudade. — Infelizmente, desta vez, ele não conseguiu voltar como sempre faz.
  — Ele está fazendo mesmo “bate e volta” nos shows?
  — Só quando é perto e tem como ele fazer isso. Por exemplo, os shows dessa semana foram em cidades perto uma das outras, mas longe de , seria inviável ele voltar após cada show — explica ela encarando a imagem do amigo.
  — Seria mesmo — concorda Lipe. — Você está cada dia mais apaixonada, né? Seu rostinho não esconde — comenta o rapaz, sorrindo feliz pela amiga.
  — Estou sim, Lipe. Ah, é tão… surpreendente — suspira, apaixonada.
  — Você o fisgou e foi fisgada também pelo — constata, risonho. — Depois me ensina esse mel aí como é — eles riem da piada dele e balança a cabeça.
  — Bestão! — ela ri e volta a sentir um enjoo chato que a persegue desde que acordou hoje.
  — — inicia Lipe, desconfiado. — Você está enjoada, é?
  — Um pouco, aff, acordei assim — ela reclama e bebe um gole d’água de sua garrafinha que está sobre a mesa.
  — Será que…
  — Não, não, não estou grávida — apressa-se.
  — Tem certeza? — instiga Lipe e ela para por um segundo para olhar para o chão, pensativa.
  — Ai, meu Deus… — ela volta a encarar a imagem de Lipe na tela de seu notebook. — Será?
  — Está atrasada, não está? — indaga ele referindo-se à menstruação dela.
  — Está, mas é relativamente normal. Meu ciclo é uma maluquice sem fim e estou tomando anticoncepcional, sempre usamos camisinha…
  — Anticoncepcionais podem falhar, sabia? Camisinhas também — Lipe sorri, sugestivo.
  — Mas que porra, Felipe! — brada ela, irritada. — Pare de me deixar paranoica com isso!
  — Já fez o teste? suspeita disso?
  — Não, nem passou pela minha mente sobre. Aff, que saco! — ela faz um bico. — Não, o nem sonha com essa possibilidade, mas…
  — Ele ficará radiante quando souber.
  — Sim… — sorri, inevitavelmente.
  — Acho que eu não serei somente seu padrinho de casamento, né? — Lipe ri abertamente, a fotógrafa não aguenta e o acompanha.
  — Pelo visto não, né? Maldita estatística do anticoncepcional — reclama ela.
  — Triste — ele ri. — Oh, quando confirmar me conta primeiro. Esse furo de reportagem eu quero!
  — Lipe! — brada ela. — Meu possível filho não é um evento que você vai cobrir primeiro! Seu oportunista!
  — É meu trabalho de repórter, querida — ele dá de ombros.
  — Acho que vou à farmácia comprar o teste agora — informa . — Vou comprar uns cinco logo só para ter certeza e fazer antes que o chegue de viagem.
  — Vá mesmo.
  — Ele disse que fará uma surpresa hoje quando chegar. Está todo misterioso — ela conta e Lipe faz um bico com os lábios.
  — Hmmmm, está é? Ai, ai, esse casal surpresa — ele ri novamente. — Tão surpresa que tem até uma dentro de sua barriguinha, . Você virou um Kinder Ovo! — zomba o rapaz.
  — Idiota! — ela também ri com a piada.
  — Essa foi ótima, admita!
  — Foi mesmo — diz ainda rindo. — Bom, deixa eu ir lá rapidinho, já volto, tá?
  — Tá. Oh, quando tiver o resultado, me liga e força, tá? Eu amo você — diz o rapaz do outro lado e sorri para ele.
  Eles se despedem e pega sua bolsa e as chaves do apartamento, deixando-o em seguida. Logo ela chega até uma farmácia que fica no mesmo quarteirão do prédio onde mora, quase no fim da rua. Ela está tão envergonhada que mal consegue lembrar-se das palavras em para pedir um teste de gravidez. Seu plano de comprar cinco testes para garantir o resultado preciso vai por água abaixo devido a isso e ela compra apenas um com muita dificuldade. Retorna ao apartamento e vai direto ao banheiro para realizar o teste. Minutos após ela tem o resultado: positivo. Não pode ser real.
  Ela liga para Lipe, desesperada.
  — O que eu faço agora, Lipe? — indaga ela, nervosa e andando de um lado a outro na frente do notebook.
  — Primeiro você se acalma. Depois você se senta na cadeira, porque está me deixando tonto! — ele diz também nervoso e faz o que ele pede. — Obrigado… bom, por que não faz um teste de sangue? É mais preciso também e você saberá se esse teste de farmácia não tá errado — sugere.
  — Os testes de farmácia têm uma boa precisão, certamente ele não está errado — lamenta-se ela, nervosa. — E o teste de sangue é caro, ah, lá vai meu dinheiro do mês embora.
  — Quanto é? informa o valor e Lipe completa: — Eu pago para você.
  — Não precisa, Lipe, eu posso pagar.
  — É meu primeiro presente como padrinho do baby — ele sorri para ela transmitindo carinho e força mesmo que de longe.
  — Lipe… — ela devolve o sorriso, surpresa com a atitude genuína dele. — Obrigada, amigo.
  — Pronto, mandei para você o valor — informa, segundos depois. — Vai agora na clínica e faz o teste, eles enviam com quanto tempo o resultado?
  — Algumas horas, mandam por e-mail, pelo que pesquisei — diz.
  — Ótimo, quando tiver esse resultado, me liga de novo e vamos ver o que faremos, ok? — ela concorda com um gesto de cabeça. — Por enquanto, fica calma, tá?
  — Vou tentar.
  Eles voltam a se despedir e, logo em seguida, manda uma mensagem para dizendo que está indo para o aeroporto para pegar o voo de volta à . Ela assusta-se com a notícia, está muito cedo para ele voltar, isso só aconteceria daqui há algumas horas. Ela se desespera, pois certamente não dará tempo de fazer o exame. Mesmo assim, ela pega seus documentos e celular e apressa-se para ir à clínica.
  O procedimento é rápido e discreto. Em poucos minutos já tinha sido liberada e foi lhe dada a certeza de que teria o resultado hoje mesmo em seu e-mail de cadastro. Ela suspira ao jogar sua bolsa sobre a poltrona e se jogar no sofá, recebendo o carinho e miado de Kurama que parece perceber que sua dona está nervosa e precisando de atenção. É óbvio que um filho não está nos planos dela e ela crê que nos de também não. Eles se previnem usando camisinha e ela tomando o anticoncepcional sempre, mas parece que em uma das transas embaixo do chuveiro onde não usaram houve essa falha. E o remédio também falhou. torce para que o exame dê negativo e seja tudo um grande sonho.
  De repente, seu celular toca. Na tela a imagem de .
  — Oi, amor — diz ao atender.
  — Oi, sunshine! — responde , animado, do outro lado da linha.
  — Oi… — se vê distraída em seus pensamentos, o bendito e-mail do laboratório ainda não chegou e isso a está angustiando.
  — Está tudo bem, amor? — e é óbvio que nota a distração da namorada.
  — Sim, só estou um pouco cansada, meu amor — ela disfarça, pigarreando em seguida e completa: — Me diz: já está vindo?
  — Então, sunshine, tenho uma notícia ruim para te dar — ele muda sua expressão para uma entristecida. franze o cenho.
  — O que houve?
  — O meu voo foi cancelado e terei que passar a noite aqui na cidade — informa ele com a boca torcida para um canto.
  — Sério? — forma um enorme bico com os lábios ficando triste com a notícia. Ela queria ter em casa ainda hoje para contar que… — Eu queria…
  — Sunshine, você está mesmo bem? — preocupa-se o homem. — Eu posso…
  — Estou sim, amor — ela responde rapidamente. — Eu só queria dormir com você hoje, estou com saudades — confessa , manhosa.
  — Ah, amor, não faz essa carinha que eu morro aqui se compadesse. — Sunshine, você quer que eu volte hoje? Eu dou um jeito de voltar…
  — Não, amor, eu não quero te desviar do seu roteiro — ela dá uma fungada longa. — Eu durmo com o Kurama.
  — Awn, ela dorme com o Kurama… — brinca o homem fazendo a namorada rir um pouco.
  — Seu bobo, não ria de mim — diz ela, fazendo bico. — Idiota — ela diz em .
  — Não estou rindo de você, coisinha linda que eu amo — brinca ele novamente. — Amo você, em breve eu estarei em casa para te dar muito mimo, tá bom? — diz ele com carinho.
  — Tá bom — volta a fungar.
  — Tenho que desligar, mais tarde te mando uma mensagem de boa noite, tá?
  — Tá.
   percebe que a namorada não ficou nada contente com a notícia do cancelamento de seu voo. O que não sabe é que ele mentiu para fazer uma surpresa para ela e que neste momento está embarcando no avião rumo à .
  Assim que desliga a chama com o namorado, começa a chorar de maneira desesperada. Ela não sabe se chora por medo do resultado do exame também ser positivo, se pelo fato de dormir sozinha hoje, ou se porque queria pegar um avião e ir até onde está num ato totalmente desesperado de sua parte. Os sentimentos são muitos e a fazem pender no sofá, deitando-se em posição fetal enquanto chora.

  Algumas horas depois…
   abre a porta de seu apartamento sentindo o cheirinho de chá recém preparado. Ele tranca a porta após passar por ela e ouve o miado de Kurama vindo de longe. O homem adentra ao local, deixando as chaves do carro e seus sapatos ali no hall de entrada mesmo. Ele chama pela namorada, mas ninguém responde e se questiona mentalmente se ela realmente está em casa. A sala e a cozinha estão escuras e, através de uma voz no fundo do corredor, é indicado que há alguém no quarto. Ele caminha até lá e ouve com mais nitidez o choro intenso de que está deitada na cama em posição quase fetal enquanto chora.
  — Amor? — chama ele, confuso pelo choro dela. Ao ouvir a voz do namorado, levanta-se de supetão e salta da cama, pulando no pescoço de .
  — !!! — ela diz, ainda chorando, e pendurada no pescoço dele, quase o derrubando, entrelaçando suas pernas na cintura do homem. O gesto e peso dela fazem a mochila dele pender de suas costas, ele logo a tira jogando-a no chão atrás de si.
  — Amor, calma — o vocalista solta uma risada abafada. — O que houve, sunshine? Por que você está chorando?
  — Eu estava sozinha, me sentindo sozinha sem você — inicia ela com o rosto enterrado no pescoço dele. — Você disse que não viria hoje, você mentiu para mim, seu bestão! Vou matar você! — irrita-se ela, mas dura exatos dois segundos. — Não sabia como iria dormir sem você hoje, justamente hoje que eu soube da gravidez e você estava longe de mim, idiota — ela o xinga em português no meio da frase e a afasta um pouco, ela ainda pendurada no colo dele.
  — Espera, o que disse? — indaga ele levemente assustado com o que achou ter ouvido.
  — Disse que você é um idiota e que eu não sabia como iria dormir sozinha sem você, esse apartamento é muito frio sem você, amor — ela repete aos prantos, mas não é bem isso que quer ouvir.
  — Não isso, amor — ele diz tentando manter a calma. — Se acalma — pede e a coloca no chão, passando as mãos pelo rosto dela, limpando suas lágrimas. Ela funga com força e tenta controlar a própria respiração que se agitou com todo o choro. — O que disse sobre descobrir uma gravidez? — ao ouvir a palavra, se alerta de que falou um pouco mais do que o planejado.
  — Eu disse isso? — desconversa ela, passando as mãos pelos olhos.
  — Disse — o coração de está disparando gradativamente e suas mãos tremem agora. — Sunshine, você está…
  — Segundo o exame de sangue que fiz eu estou com seis semanas de gravidez, amor — ela finalmente diz e ergue ambas as sobrancelhas, mas logo as derruba em uma expressão de choro.
  — Seis semanas? — repete o homem com a voz embargando e leva suas mãos ao rosto, cobrindo-o.
  — Amor? — hesita, achando que ele está, de certa forma, triste com a notícia, porém, logo esclarece seu real sentimento.
  — Eu estou tão feliz! — o agarra o rosto da namorada a beijando com todo seu amor. amolece nos braços dele, sentindo-se mais aliviada. — Como foi isso? Como descobriu? Quando? — ele a bombardeia de perguntas que logo são respondidas.
  — Eu passei mal hoje, estou enjoada desde ontem, mas achei que fosse algo besta — diz ela. — Mas aí eu estava conversando com o Lipe e ele me alertou que eu poderia estar grávida já que minha menstruação está atrasada há algum tempo.
  — Você tinha me dito isso, mas achei que fosse normal, né? No seu caso…
  — E era mesmo, mas pelo visto tem um bebê aqui — ela põe a mão sobre a barriga e observa a cena com os olhos marejados.
  — Nosso bebê — ele repousa sua mão sobre a dela sentindo o calor de seu corpo.
  — Eu fiz o exame de farmácia e deu positivo. Aí eu fiz o de sangue e também deu positivo, recebi o resultado faz meia hora — ela conclui a explicação e solta um suspiro.
  — Quando nos falamos no telefone você já sabia? — indaga.
  — Já. Eu não queria te contar pelo telefone, queria contar pessoalmente, me desculpe por…
  — Não se culpe, sunshine, está tudo bem — apressa-se. — Então foi por isso que estava tão manhosa? — questiona retoricamente e ri abobado. — Te amo — declara-se e a beija novamente, calando a próxima explicação da mulher.
   é o homem mais feliz agora.
  — Vem, vamos tomar banho — ele a puxa consigo.
  — Banho? — rebate ela, confusa.
  — Acabei de chegar de viagem, estou muito feliz, mas também sujo e eu quero fazer amor com você. Preciso de um banho primeiro — explica o homem e começa a rir com a declaração dele, o seguindo até o banheiro.
  — Amor…
  — Prometo que vou ser rápido — pisca para ela e entra no banheiro, já tirando sua roupa. — Se quiser tomar banho comigo… — convida.
  — Estou precisando também.
   começa a se despir, distraindo por alguns instantes, porém logo ele retoma seu despojamento, ficando totalmente sem roupas, assim como sua namorada, que agora será mãe de seu filho. Ele a beija mais uma vez, entrando no box do banheiro. Seus pensamentos viajam nas possibilidades de pequenos rostos que seu filho ou filha terá, todos muito lindos já que a mãe deles é a mulher mais linda que conhece. A mais linda de seu mundo.

  Quatro meses e meio depois…
   está atrasada.
  Ela cata sua mochila com sua câmera e alguns documentos e exames anteriores, se despede de Kurama e deixa o apartamento que mora com . Uma hora dessas, ele já está no estúdio gravando os vocais do próximo CD da banda. O combinado era de dormir um pouco mais, terminar a edição da próxima coluna – que aliás está sendo um sucesso em toda a Bahia, grande orgulho do Otto – e encontrar o namorado no estúdio para irem juntos para a clínica, já que o estúdio fica mais próximo de lá do que o apartamento deles. No caminho, recebe uma ligação de Lipe para dizer que a viagem dele para o está agendada para daqui há seis meses, tempo suficiente para o bebê da nascer e ser batizado por Lipe que foi convidado – ele mesmo se convidou – para ser padrinho do neném. concordou já que tem grande apreço pelo repórter e não ficou chateado e até disse para o irmão providenciar outro bebê para ele ser padrinho.
  Assim que desembarcou do táxi na porta do prédio do estúdio, que não é o mesmo da gravadora, sobe até o andar correspondente e se apresenta na recepção como namorada do , seu nome já estava anotado lá como visitante, então não teve problemas para ser liberada a entrar. Ela entra na sala externa à de gravação e encontra os demais membros da banda ali observando os monitores que exibem a imagem de que está da sala de gravação gravando seus vocais para uma das músicas novas. cumprimenta a todos e senta-se ao lado de , que já havia gravado sua parte, e eles engatam uma conversa sobre o bebê. O rapaz diz que comprou outro presente para o filho dos amigos e que está esperando chegar em sua casa para entregar aos dois. Ele comenta também que está namorando oficialmente a Hanna, mulher que conheceu há algum tempo com quem criou uma relação muito boa e tão rápida quanto a paixão que sentiu por , que já se esvaiu transformando em amor de amigo.
   conclui seu trabalho e deixa a sala, seus olhos encontrando o semblante de sua namorada e sorrindo instantaneamente. Ele se aproxima e a beija com carinho perguntando se ela está pronta para irem descobrir qual o sexo do bebê. Após a afirmativa dela, os dois deixam o estúdio – os vocais de eram os últimos a serem gravados hoje – e vão até o estacionamento do prédio, entram no carro dele e parte para a clínica.

  Algumas horas depois
  O casal está retornando para casa, dirigindo e na carona, com uma incerteza na mente: qual será o nome da filha deles? Será uma menina! ficou extremamente emocionado ao ouvir os primeiros batimentos cardíacos de sua filha durante o ultrassom.
  — Pensou em algum nome, sunshine? — indaga com o olhar atento a pista, suas mãos firmes no volante.
  — Não — responde ela alisando a barriga. — É difícil saber que daremos um nome para um ser humano — ela ri de leve e a acompanha.
  — Muito — concorda. — Eu iria no básico e colocaria o nome da minha mãe ou do meu pai, nesse caso, o da minha mãe — ele ri.
  — Yumi é um bom nome — diz meio insegura.
  — Mas, claro, que se você quiser outro nome, eu irei concordar — adianta ele olhando rapidamente para e voltando sua atenção para a estrada parando o carro no sinal vermelho.
  — É nossa filha, amor, temos que escolher juntos o nome dela — segura a mão dele que se distancia momentaneamente do volante para se conectar a ela.
  — Eu sei — diz . — Mas você pode escolher, eu irei adorar qualquer nome que você escolher, sunshine — ele sorri para ela, beijando sua mão e voltando a olhar para a estrada. O sinal fica verde.
  — Tem certeza?
  — Tenho — responde voltando a segurar o volante com ambas as mãos e acelerando o carro.
  Faz-se silêncio dentro do carro. Pelo menos entre o casal, já que toca uma demo da música nova escrita por com melodia de seu irmão. A mulher reflete em um bom nome que tenha a ver com ela e , então é teletransportada para o dia em que o conheceu lá em Salvador.
  A primeira impressão entre eles não tinha sido a melhor. Ainda no aeroporto, sentia distante dela, meio gélido e indiferente à presença dela e de Lipe, que a auxiliava na produção do documentário para a banda que gravaram em Salvador. Parte de seu trabalho era levar os rapazes para passear e conhecer a cidade, mas eles queriam levá-los a pontos não tão comuns da cidade. Porém, o primeiro sentimento bom despertado na fotógrafa vindo do vocalista foi em um local muito conhecido da cidade: o Farol da Barra. Além de ser o local favorito dela na cidade inteira, é dono de uma das melhores vistas do pôr-do-sol de Salvador. Realmente, ver o sol se pôr na Barra é diferenciado. Quando estavam ali, já havia se aproximado mais de e até o defendido de um vendedor não tão agradável quando estavam no Pelourinho, o clima de gelo criado pela insegurança de havia se quebrado e eles já tinham trocado mais do que saudações de boas-vindas. A luz do sol indo de encontro ao rosto de , que na ocasião estava ao lado de sentados na grama na parte traseira do Farol, iluminando sua beleza tão admirada por ela, a encantou. Não foi ali o momento em que ela se apaixonou por ela, mas foi ali em que a mulher teve certeza de que sentia uma atração por , uma atração muito forte.
  — Acho que encontrei um nome, amor — diz , após cinco minutos refletindo, chamando a atenção de .
  — Tem? Qual? — pergunta ele, curioso.
  — Sol — ela diz, em português, e franze o cenho em confusão. — Sol — ela traduz a palavra para o e então abre levemente a boca, surpreso.
  — Sol? — repete ele em forma de pergunta.
  — Sim — afirma , sorrindo.
  — É um nome lindo, amor. Lindo! Lindo! — diz o vocalista cheio de emoção em sua voz. — Eu adorei!
  — Escolhi ele porque representa o dia em que eu percebi que sentia algo por você — a encara rapidamente.
  — Quando foi isso? — indaga ele com um sorrisinho de canto.
  — No primeiro pôr-do-sol que vimos juntos — ela responde e abre o sorriso mais lindo e iluminado que já havia visto.
  — No Farol da Barra — lembra ele, feliz.
  — Sim — ela também sorri tão feliz quanto ele.
  — Aliás, os girassóis que eu te dei de aniversário têm um significado parecido com o nome de nossa filha — revela.
  — Qual?
  — O girassol é conhecido como “flor do Sol”, quando está amadurecendo ela gira seu caule procurando pelo Sol para poder crescer mais rápido. Acho que o meu amor por você foi crescendo desta maneira: te procurando para amadurecer mais — explica ele e já sente seus olhos marejando. — Ele está sempre buscando a luz, a vitalidade, a força e acho, na verdade, tenho certeza de que você, my sunshine, é o meu Sol e eu apenas um girassol em busca da sua luz.
  Inevitavelmente, começa a chorar levando uma das mãos à boca.
  — Não chore, amor…
  — É de emoção — explica ela, ainda chorosa. — Isso foi lindo, Darling, lindo. Eu te amo! Seu girassol bobo — ela diz se esticando para o lado, encostando a cabeça no ombro dele. leva uma das mãos ao rosto de .
  — Eu te amo mais.
  Ele beija sua testa rapidamente e retoma sua posição original e enxuga as lágrimas de seu rosto. Ainda no caminho de casa, recebe uma ligação de sua mãe que a atende através do sistema de som de seu carro. A mais velha querendo saber sobre o ultrassom e recebendo a notícia de que ganhará uma netinha. Ela grita ao saber. e riem e aproveitam para contar o nome da bebê: Sol. Yumi e Hayato ficam muito felizes ao saber e já prometem dar parte do enxoval da bebê já que a outra parte já foi comprada por , , Lipe e os outros integrantes da banda, além do produtor e de alguns diretores da gravadora deles. Todos estão tão felizes com a vinda da Sol que já gostam tanto da pequena mesmo sem sua presença física.
  Um neném ilumina a vida de todos ao seu redor mesmo sem ter nascido.
  O raio de sol do casal -.

Capítulo 9 – Outro coração

"Estes dias não durarão para sempre
[...]
Assim, os momentos que estamos juntos
Significam tudo
E com todas as bênçãos
Estou pedindo noite e dia
Oh, por apenas um pouco mais..."
– Magnolia, Hoobastank –

  Janeiro de 2021
   já está com quase oito meses de gravidez.
  O tempo realmente voou nesses meses e a barriga dela está bem grande e redonda. Sol está saudável e quase não dá trabalho à mamãe enquanto se desenvolve dentro dela. Neste momento, finaliza seu banho e deixa o banheiro enxugando os cabelos com uma toalha menor, enquanto outra está enrolada em sua cintura. Ele chega ao quarto e encontra deitada na cama vestida apenas com um top e uma calça. Desde que engravidou, curiosamente, a mulher passou a ficar mais resistente ao frio e ficou mais calorenta do que de costume. Então, ela usa menos roupas, pelo menos quando está em casa.
  — Limpo e cheiroso só para minhas garotas — diz , deitando-se ao lado de e dando-lhe um selinho rápido. Ele tinha acabado de chegar de viagem e ido diretamente tomar banho.
  — Adoramos isso — brinca , referindo-se também à Sol que, parecendo saber que o pai estava a caminho, ficou bastante agitada o dia inteiro.
  — Como está, Sunshine? — indaga ele, acomodando-se ao lado da mulher e repousando a mão sobre a barriga dela.
  — No geral, estou bem. Mas parece que algo está errado, sabe? — responde ela sem muita certeza.
  — Como assim?
  — Não sei explicar — ela ri da própria confusão. — Só sei que me sinto estranha desde ontem.
  — Hmm, você comentou ontem — lembra-se e sente sua mão vibrar. — Oh! — ele olha com espanto para a barriga de e ambos prestam atenção.
  Segundos depois, Sol se mexe novamente dentro da mãe.
  — Mexeu! — espanta-se , admirado ao mesmo tempo que a filha faz malabarismos dentro de sua mãe.
  — Ela está agitada desde ontem — diz . — Quase não consigo dormir por causa disso, parece que ela adivinhou que você voltaria hoje, amor — conclui ela, sorrindo ao ver a cara de alegria de .
  — Está feliz porque o papai está aqui, filha? — indaga com a boca próxima da barriga. Sol continua a “dançar”. ri. — O papai está aqui, meu amor — a emoção começa a tomar conta do homem que agora recebe o afago de .
  — Ai… — geme, sentindo um desconforto.
  — O que houve, Sunshine? — questiona ele, preocupado.
  — Acho que… auu… — ela volta a gemer. — Estou com uma dor aqui — ela leva uma mão até a região próxima a sua virilha.
  — Quer que eu pegue algum remédio?
  — Não, acho que remédio nenhuma vai.. aiii… — começa a puxar o ar pela boca, respirando muito profundamente. — Ou estou ficando louca ou acho que a Sol resolveu nascer agora — deduz.
  — Agora?!?!?!?!? Mas não deveria ser no mês que vem?!?!?!?
   está em pânico.
  Por prevenção, já havia deixado as coisas de sua filha e as dela prontas na malinha para levar para o hospital. Ela tenta acalmar que está bastante atordoado e sem saber o que fazer ou como ajudar a namorada. o orienta enquanto tenta controlar sua dor. O vocalista pega as malas da e da Sol, pendurando-as em seu corpo, e cata sua carteira junto com as chaves do carro. já está caminhando devagar ainda dentro do quarto no momento em que retorna da sala e a ajuda a caminhar.
  O homem dirige seu carro olhando de vez em quando para o banco do carona onde está sentada. Ela respira profundamente, controlando sua dor enquanto segura sua barriga. Não é o momento da Sol nascer, mas parece que ela quis vir antes do tempo apenas para aproveitar o papai em casa. Isso porque e a banda farão uma turnê pela Europa de quase três semanas, daqui há alguns dias. dá graças a Deus por estar em casa neste momento, o nascimento de sua Sol.
  Minutos se passam e eles chegam ao hospital onde é rapidamente levada para sala de parto, sua dilatação pélvica já está no ponto ideal para o parto, fato que assusta . Ele entende pouco de gravidez, mas sabe que não está no período ideal para o nascimento de sua filha e isso o preocupa, apesar de estar feliz por poder acompanhar o parto. Eles entram na sala de parto, já equipados adequadamente, e o médico orienta que ele fique atrás da maca, na direção da cabeça de sua namorada. Imediatamente ele obedece e segura uma das mãos dela, passando sua força e dando um beijo na testa suada de que está bastante nervosa.
  O médico já adiantou que será um parto difícil.
  Quase duas horas se passam…
  Sol acaba de nascer.

  Meses depois…
  Foram dias difíceis para o casal. A filha deles, Sol, passou as semanas seguintes ao seu nascimento na incubadora, ganhando peso e fortalecendo seu sistema imunológico antes de ser liberada pelos médicos, fato que ocorreu há pouco mais de duas semanas. A rotina de um recém-nascido no apartamento tem sido novidade tanto para quanto para , até mesmo Kurama está inserido na rotina. já flagrou o gatinho vigiando o sono de Sol, que é bastante agitada e difícil de adormecer. Durante a estada da pequena no hospital, eles se dividiram para ficar com ela, até mesmo os titios, , e os outros membros da banda, ajudaram. Lipe, que é oficialmente o padrinho de Sol, viajou para para batizá-la pessoalmente, foi uma cerimônia emocionante principalmente para ele, que chorou bastante ao segurar a afilhada no colo enquanto o padre a batizava.
  O salão de festas está agitado.
  Os papais, e , alugaram o local para o aniversário de um aninho de sua filha. Nesse meio tempo, entre o batizado de Sol e a comemoração do um ano dela, houve o casamento de e , com direito a uma cerimônia muito linda em uma igreja da cidade onde ele nasceu. Os pais dele ficaram muito emocionados e Yumi deu a , após a cerimônia, um lindo colar prateado com um pingente de meia-lua e algumas estrelas penduradas. Ela havia dado um parecido para sua netinha, mas com pingente de sol e de ouro, que aliás a pequena Sol usa em sua festa. e Lipe foram os padrinhos de casamento do , enquanto Aimi e Ana foram as madrinhas da .
  — Amor, pare de fazer isso, vai deixá-la tonta — diz em tom de repreensão ao ver jogando a filha para cima e a pegando de volta. A garotinha gargalha toda vez que o pai faz isso.
  — Ela gosta, Sunshine — defende-se ele e faz novamente. Sol volta a gargalhar.
  — Se ela vomitar em você de novo não reclame — adverte a mulher, rindo.
  — Cadê a neném linda do dindo?! — grita Lipe chegando no salão e atraindo a atenção da pequena Sol que logo reconhece a voz dele, agitando-se nos braços do pai.
  — Lipe! Finalmente, achei que não viesse mais — diz em tom de falsa ofendida e ri ao final. Lipe se aproxima com Ana ao seu lado, ambos finalmente estão namorando.
  — Jamais perderia a festinha de um ano da minha pimpolha — responde o rapaz e faz uma careta engraçada para Sol que gargalha ao ver. — Vem cá com o dindo, neném — chama e a garotinha imediatamente estica os bracinhos. a entrega a Lipe. — Ihh, tá grandona já! Sua mão tá de dando fermento, é? Porque ela e seu pai são baixinhos, por que você tá grande assim?
  — Felipe! — briga . — Ela está com o tamanho normal para a idade dela.
  — Estou brincando, , não seja dramática — ele ri e Sol ri também com as caretas feitas por ele.
  — , meu amor — corrige ela.
  — Ah, quase me esqueço que se casaram — todos riem. se aproxima de e a segura pela cintura.
  — Já volto, amor — ele sussurra em seu ouvido e dá um selinho nela, se afastando em seguida.
  — — chama Lipe, ainda com Sol nos braços. — Eu preciso te contar uma coisa muito séria — diz ele ficando sério de repente.
  — Meu Deus, o que houve? — preocupa-se a fotógrafa, ficando aflita com a seriedade nada comum de seu amigo.
  — Amor, fica um pouquinho com a Sol, por favor — pede Lipe à Ana que segura a menina.
  — Claro — ela sorri de maneira cúmplice, já sabendo o teor da conversa e se afasta com Sol no colo.
  — O que aconteceu, Lipe? Fala de uma vez, pelo amor de Deus — exige , ainda aflita.
  — Ok… bom… — ele procura as palavras para dizer, mas no fim não há muito o que enrolar. — Léo foi morto na cadeia dias atrás — ele diz de uma vez e arregala o olhar.
  — O que?! — indaga ela, assustada e põe uma mão no peito, sentindo o local apertar com a notícia.
  — ! — Lipe ampara a amiga vendo que ela perde um pouco do equilíbrio. — Está tudo bem? Quer que eu chame o ?
  — Não, não, está tudo bem — ela ofega. — Eu acho — a mulher fecha os olhos e sente algumas lágrimas surgirem.
  — Se eu soubesse que ficaria assim eu nem te contava — lamenta-se Lipe, balançando a cabeça negativamente.
  — Como aconteceu? — pergunta a mulher de supetão.
  — Léo era um filho da puta, né? Mas, ainda assim, era considerado um preso comportado dentro da cadeia — ele começa a explicar. — Porém, lembra do dia que ele sequestrou você?
  — Claro que eu lembro — responde , rapidamente. — Foram as piores horas da minha vida — revela, relembrando o terror que sentiu.
  — Bom, ele estava devendo dinheiro para um traficante grande de Salvador, por isso que… bom, por isso que ele fez aquilo com você — Lipe limpa a garganta antes de continuar. — Pelo que me contaram, o traficante esperou alguns meses depois que o Léo foi preso de novo e executou sua promessa de matá-lo.
  — Meu Deus…
  — Armaram uma falsa briga e, durante a confusão, ele foi morto — conta o repórter em tom de pesar.
  — Eu não queria que… meu Deus…
   fica sem palavras. No fundo, por mais que ela odiasse Léo e suas atitudes irresponsáveis e criminosas, ela não queria esse fim para ele. Ela queria que ele pagasse sim pelos crimes que cometeu, mas não com a própria vida.
   retorna ao local onde Lipe e estão com dois copos de cerveja, entregando um para Lipe. Ao ver a expressão triste de sua esposa, o vocalista fica preocupado.
  — O que houve, Sunshine? — indaga o homem e é abraçado por ela. — Amor…— começa a chorar.
  — Eu vou… eu vou ver como a Sol está, com licença — diz Lipe, afastando-se deles.
  — Sunshine, porque está chorando? — questiona ele novamente. se afasta um pouco para responder.
  — O Léo foi morto na cadeia — revela ela e sente sua garganta fechar por um momento.
  — Meu Deus… — volta a abraçá-lo, ainda chorando. — Não fique assim, meu amor — pede.
  — Ele era um imbecil, mas eu não queria que ele morresse, , eu não queria isso… — lamenta-se a mulher aos prantos.
   não quer sentir isso. É mesquinho de sua parte estar… aliviado pela morte do Léo – ? –. Ele não sabe dizer, mas sua consciência em parte diz que é bom e nada errado sentir alívio pela morte de uma pessoa que só representava perigo tanto a ele quanto a . Pelo menos agora, quando forem visitar Salvador, não precisará ficar em alerta com uma possível aparição daquele homem que tanto mal fez a sua amada Sunshine.
  Mesmo assim, o vocalista não revela sua alegria pelo fato, apenas afaga os cabelos de enquanto ela chora abraçada a ele.

  Horas depois…
  Ana e Lipe iam retornar ao hotel onde se hospedaram, porém, a pedido de e , ambos se acomodaram na casa onde o casal mora com a pequena Sol. A casa fica na região próxima à e é bastante ampla. Ana e Lipe ainda não conheciam a casa nova e ficaram impressionados com o tamanho.
  — Praticamente uma mansão! — brinca Lipe assim que entra no imóvel.
  Agora, eles se acomodam no quarto de hóspedes, enquanto os donos da casa se arrumam para sair. está dando banho em Sol e está no banheiro da suíte, que divide com o marido, se banhando. O plano é deixar Lipe, que é padrinho de Sol, cuidando da afilhada enquanto eles saem para ter uma noite só deles. Coisa que não acontece há mais de um ano.
  Horas depois
  O vocalista reservou, dias atrás, um dos melhores quartos em um dos hotéis mais caros da cidade. Ele, além de querer comemorar o aniversário da filha, quer aproveitar para celebrar o amor que vem construindo com sua Sunshine ao longo desses anos. O jantar é servido e eles o degustam no restaurante lotado do hotel com uma linda vista para o jardim externo, uma linda área verde. Os dois conversam, aproveitando o tempo à sós que estão tendo. Nunca se sabe quando o terão novamente, né?
  Após o jantar, e retornam ao quarto e o homem pede para levarem uma garrafa de vinho tinto para a piscina interna aquecida que há no andar térreo. Eles se trocam e vão para o local que, para a surpresa de ambos, está vazio. Ainda é inverno em , as noites costumam ser mais frias ainda e com uma brisa gelada, mesmo assim, muitos de seus habitantes costumam tomar banho em piscinas aquecidas. Uma espécie de sauna para aquecer o corpo. A intenção de era aproveitar a piscina e depois retornar ao quarto para uma noite de amor, mas, ao ver a piscina vazia apenas para ele e sua esposa, seus planos mudaram.
  — Obrigado — agradece assim que o garçom lhe traz a bandeja com um balde cheio de gelo, uma garrafa de champagne dentro e duas taças.
  — Essa garrafa não é muito cara? — questiona , que já acha um grande exagero eles estarem nesse hotel caro.
  — Tudo para celebrar nosso amor, Sunshine — repete o homem, enchendo a taça da esposa e entregando-a para .
  — Já disse que por mim, se estivermos apenas em um quarto minúsculo, já é o suficiente se eu tiver você e a nossa filha — o argumento da fotógrafa é válido para , porém, ele o refuta.
  — Mas, você é o amor da minha vida — ele terminou de encher sua taça e colocou novamente a garrafa no balde de gelo. — E a nossa filha é nosso amor e as duas merecem sempre o melhor — sorri, erguendo sua taça para brindar.
  — E você merece todo o nosso amor, bombonzinho — diz também com um sorriso.
  — Ainda me chama assim — ele suspira, balançando a cabeça. — Sua malandrinha, vou te pegar — brinca com um olhar específico para a esposa ao mesmo tempo que bebe um gole do líquido da taça.
  Eles conversam mais um pouco e deixam as taças vazias na bandeja. retira o robe que usa por cima do biquíni, revelando a peça e sendo observada por . Já o homem, retira apenas sua camisa, deixando-a em cima do pequeno deck que compõe o redor da piscina. Ambos entram na piscina, deslocando-se por ela, sentindo a água quentinha aquecer seus corpos. mergulha na água de olhos fechados e logo depois emerge na superfície, jogando os cachos para trás e passando as mãos pelo rosto. Logo ela é surpreendida pelos lábios de tomando os dela, as mãos do marido envolvendo sua cintura, puxando-a para si. Um beijo altamente convidativo ao sexo.
  — Bombom… — sussurra ela ao fim do beijo e a ignora, transfere seus lábios para o pescoço da esposa. — Amor, alguém pode… — perde o fio de seu raciocínio, entorpecida pelo toque de seu marido.
  — Hmm… — ele sussurra em resposta ainda trilhando beijos do pescoço até o busto dela.
  — , alguém vai nos flagrar aqui — alerta , quase desesperada. Ela ainda não sabe se porque está com medo do flagrante ou por não conseguir se controlar.
  — Que vejam…
  O vocalista segue seu plano. Suas mãos passeando pelo corpo da mulher enquanto seus lábios percorrem o caminho até os seios dela. solta alguns gemidos aleatórios ao tentar se concentrar. Está difícil, mas o que ela tenta conter agora são os instintos de tirar o biquíni e se entregar ali mesmo. usa uma das mãos para atiçar tais instintos da esposa, passando-a pela intimidade dela ainda por cima do biquíni. o encara, incisiva, suplicando com os olhos para que ele prossiga, apesar de seus lábios emitem o som para que ele pare, pois podem ser descobertos e talvez expulsos do hotel.
  — Tira para mim, Sunshine… — ele aperta o tecido que cobre a intimidade de e encara enquanto isso.
  O cintilar de seus olhos inflamando o desejo ardente por ela. quer e tem que ser agora, ali mesmo na piscina. Porém, o interrompe, ofegante, e o chama para voltarem ao quarto. Mesmo estando com sua ereção bastante acesa, cede e eles se vestem parcialmente, tomando o elevador para irem até o andar onde estão hospedados.
   mal fecha a porta do quarto e já é abraçada pelas costas, tendo beijos dispersados ali e em seu pescoço. Agora, ela se deixa levar pelas carícias de que está bastante animado, vide seu pau que sente agora bastante rígido em sua bunda. O caminhar desengonçado deles o faz rir brevemente ao se esbarrar na porta do banheiro, causando um gemido de dor em ao bater seu joelho no local. Assim que se recupera, o homem volta a beijar , dessa vez de frente para ela, suas mãos sobre os seios, massageando-os. Logo a massagem é feita pela boca do homem que retira a parte de cima do biquíni de junto com o robe que ela usava na piscina. Ele já está sem camisa e retira seu short e a sunga enquanto suga os seios dela que bagunça os cabelos do marido. interrompe apenas para apertar o botão que enche a banheira de água, já imagina o que ele quer, vide a última vez que ele fez isso quando ainda moravam no apartamento.
  Ele volta a beijá-la, passando sua mão por dentro da calcinha do biquíni e introduzindo um dedo na intimidade dela, que geme enquanto o beija. repousa suas mãos sobre os ombros dele, mas quase que imediatamente desliza uma delas sobre o tórax de , descendo até o pau dele que já está exposto e viril. Ela começa a masturbá-lo. O homem interrompe o beijo, começa a ofegar com o toque de sua mulher. Seus olhos encontraram os dela tão incendiários quanto os dele. mal consegue retribuir o toque na intimidade da esposa, ele adora tanto quando o masturba que perde totalmente o raciocínio lógico.
  Hora de ir para a banheira.
  O sinal sonoro os alerta de que a banheira já tem água suficiente e que já está pronta para ser usada. O casal termina de se despir e é o primeiro a entrar na banheira que tem uma linda vista para a janela do banheiro, mostrando a noite na cidade lá fora. Após sentar-se, o homem volta seu olhar predador para a esposa.
  — Vem, Sunshine — ele chama, apressando-a.
  — A banheira é pequena, amor, não cabe nós dois aí — consta ela em tom óbvio.
  — Senta aqui — ele aponta para seu membro e não segura a risada.
  — Você é um grande de um safado, — diz ela, entrando na banheira. percorre o olhar pelo corpo dela. Divino, ele pensa.
  — E você gosta que eu sei — o homem ri, passando a mão pela perna dela que se agacha, ajeitando o corpo para sentar-se no colo dele. — Estava com saudade disso… — comenta ele, anestesiado ao sentir seu membro penetrar a intimidade dela. finalmente senta-se no pau de .
  — E eu mais ainda — diz ela ao empinar a bunda, envergando as costas para trás e apoia as mãos nos ombros dele. — Precisamos aproveitar, né, meu bombonzinho? — provoca a mulher passando a língua sobre os próprios lábios. a encara, sorrindo.
  — Quica pra mim, Sunshine — pede ele, excitado. — Do jeito que só você sabe fazer — ele firma sua mão na nuca da esposa e abocanha seus lábios rapidamente, antes de fazer o mesmo com um de seus seios.
   começa a quicar, rebolando sobre o pau de seu marido, eterno ídolo, amigo, parceiro de vida, pai de sua filha… seu grande amor.
   geme, pedindo por mais e mais quicadas. A mulher aumenta a velocidade e segue em constância por breves minutos.
  — Você vai me enlouquecer, Sunshine… ahhhhh — geme , louco de tesão e aperta a cintura dela contra seu pau. — Amor, eu…
  A frase não é concluída, mas sente que chega ao seu orgasmo e solta um gemido de prazer junto com ele.

[🌻]

  Janeiro de 2025
  Sol faz 4 aninhos hoje.
  O tempo passou rápido demais na visão de . Parece que foi ontem que ele carregava sua filha no colo e jogava a menina para cima, a pegando de volta e ela caía na gargalhada. Hoje, Sol ainda se diverte quando o pai faz isso e adiciona um “De novo, papai, de novo!” em . Ao contrário de sua mãe, que só fez isso após adulta, e de seu pai, que aprendeu durante a adolescência, Sol já tem aulas de três idiomas: , inglês e português. O último ela aprende com a mãe, que sempre lhe ensina alguma coisa, junto com um pouco da cultura brasileira e baiana, claro.
  Por falar na mulher, ela não trabalha mais para o Correio. Infelizmente, sua coluna fotográfica no jornal baiano foi retirada do ar, mas ainda têm leitores que perguntam e pedem a volta da coluna. Otto não conseguiu, há dois anos, convencer os diretores a manter o custo, apesar das publicações darem bastante repercussão positiva e um retorno financeiro bom para o jornal. Agora, trabalha para jornais de e região, além de fazer as fotos de alguns shows da banda de seu marido, que se enche de orgulho toda vez que vê alguma imagem registrada por sua esposa.
  A festinha já havia começado há algumas horas, todos se divertem, principalmente a dona da festa. Sol está rodeada de seus amiguinhos da creche-escola que frequenta na cidade onde mora, próxima a . Seu padrinho, Lipe, e sua “titia Ana”, como ela mesma chama, também estão na cidade somente para prestigiar mais um aniversário dela. Todos os anos tem sido assim, virou uma tradição.
   está na parte interna da casa, ela foi buscar mais salgadinhos já que as crianças – e alguns adultos, por exemplo, o – acabaram com tudo. Ela se aproxima do balcão onde estão postos as bandejas com os salgados reservas, mas sente uma tontura. Ultimamente tem sido comum para ela sentir isso. Preventivamente, a mulher resolveu fazer alguns exatamente, sem o conhecimento de .
  — ! , corre aqui! — grita ao ver a cena.
   não consegue manter seus sentidos e acaba perdendo o equilíbrio, deixando cair a bandeja no chão juntamente com seu corpo. tinha entrado minutos após a saída da cunhada para a cozinha, a mando de sua agora noiva, para pegar água fresca para as crianças, quando flagrou sua cunhada desmaiada no chão.
  — ! — reforça , desesperado e se agacha na altura de onde está caída.
  — O que acont… — é interrompido pelo susto de ver sua esposa no chão de olhos fechados. — ! — alardeia e corre para perto dela.
  — Encontrei ela caída aqui — explica , brevemente.
  — Amor — chama , repousando sua mão sobre o rosto de . — Sunshine… — ele diz novamente, mas com um pouco mais de agonia na fala.
  — Ah, ele está acordando — alerta o mais novo ao ver as pálpebras da cunhada se mexerem, abrindo-se em seguida.
  — Amor! — o homem acaricia o rosto dela que leva sua mão até a dele.
  — … — diz com a voz arrastada e geme um pouco. — … — ela vê o cunhado observando-a com alívio no rosto.
  — Que bom que acordou, cunhadinha — diz o guitarrista, sorrindo. — Te encontrei desmaiada aqui — explica.
  — Ah — recorda-se do exato momento do desmaio.
  — O que houve, Sunshine? — indaga o vocalista, aflito.
  — Precisamos conversar, — a expressão exibida por assusta o mais velho que ergue seu tronco, tenso.
  — Bom, eu vou deixá-los à sós — percebe que há algo sério e importante a ser discutido, no qual ele prefere não participar.
  O mais novo deixa a cozinha, levando consigo uma garrafa de água para as crianças. O casal fica sozinho.
  — Vou dizer de uma vez, pois não há o que esconder, está bem? — apenas acena que ‘sim’ com a cabeça e prossegue: — Há alguns dias eu venho sentindo um mal-estar, tonturas e enjoos…
  — Você está grávida?!?! — ele irrompe a fala da esposa que não consegue aguentar e ri.
  — ! — segue rindo enquanto ele a encara, espantado.
  — Desculpa… é, você precisa ir ao médico, pode ser alguma doença…
  — Gravidez não é doença, bobinho — dessa vez é quem interrompe e segue encarando-a com o olhar estalado de susto.
  — Você está ou não grávida? — indaga ele, confuso. ri ainda mais, mas se controla antes de dizer:
  — Estou, meu bombom — responde e beija os lábios do marido que ainda não consegue acreditar. — Não vai dizer nada? —
  — Eu… — sente seus olhos se encherem d’água e se compadece. — Me sinto abençoado por te ter e ter nossa filha e, agora você vai me dar outro filho, Sunshine. Você é maravilhosa, eu te amo!
   a beija vigorosamente, agarrando o rosto da mulher com ambas as mãos, puxando para mais pertinho do seu.
  Parece que outro bebê virá para enriquecer ainda mais esse amor.

Capítulo 10 – 30 anos

"Porque uma vez tudo o que nós queríamos parecia tão longe
Mas com todos os passos ficava a cada dia mais perto
Quanto mais nós tentávamos mais ficava dentro de nosso alcance
Quanto mais eles nos contavam mais tudo o que nós queríamos não poderia durar
E todo mudo disse que estávamos loucos por desistir de tudo
Todos os nossos sonhos nós construímos do chão."

– From the Heart, Hoobastank –

  Fevereiro de 2030
  O tempo passou mais uma vez.
  As crianças já estão crescidas e os casal mal viu o tempo passar direito. Hoje, a pequena Sol já está com nove anos de idade e é bastante independente. Todas as aulas de idioma que teve quando mais novinha deram frutos e ela já consegue se comunicar em poruguês com seu padrinho Lipe – fato que o deixa extremamente orgulhoso – e com a tia de que mora na Bahia, em com seus avós, pais e tios, além claro de seus coleguinhas de escola. E, por fim, o inglês ela usa para assistir desenhos estrangeiros sem a necessidade da legenda. Seu irmãozinho, o Lucas – cujos padrinhos são e Aimi –, vai completar cinco anos no fim do ano e, assim como a irmã, ele também sabe falar todos esses idiomas, tendo aprendido mais rápido que ela.
  A banda comemora, em julho, 30 anos de carreira e estão preparando uma grande comemoração, no mês que vem já começam as filmagens para o clipe da primeira música que gravaram, lançamento de uma música nova e, em setembro, o lançamento do novo CD quase inteiro inédito. Os preparativos estão a todo vapor e, por isso, anda um pouco ausente em casa. Todos os dias ele sai cedo para reuniões na gravadora, passa horas e horas no estúdio gravando ou acompanhando as gravações dos outros membros. Quando chega em casa, as crianças já estão dormindo e cansada demais para qualquer coisa além de uma conversa rápida ou um momento cinema, onde colocam um filme para assistir e ambos dormem cansados nos primeiros minutos de exibição.
  Hoje é uma dessas noites.
   já está dormindo a mais de uma hora com a cabeça repousada no colo de sua esposa, os braços em volta de sua cintura. Já acorda com o toque de seu celular que lhe acusa uma ligação que logo é encerrada. Ela coça os olhos e tateia com a mão livre o sofá em busca do aparelho. Ao achá-lo, a mulher o desbloqueia, abre o WhatsApp e verifica as mensagens novas. Ao concluir a leitura, seu coração dispara.
  2:36AM “Oi, lembra de mim? Você já deve estar bastante grande, né? Será que podemos conversar?”
  A foto do contato não lhe deixa dúvidas. O homem que lhe envia mensagens é seu pai.
   sente-se como uma criança indefesa agora. Incapaz de conseguir responder. Suas mãos começam a suar mesmo estando frio e tremem só em pensar numa resposta. Como que o pai dele conseguiu seu número? Mas, ora, é óbvio que havia sido sua tia, mas, por quê? O que o pai dela quer? Algo bom é que não há de ser.
  2:45AMSei que está aí, por que não me responde? Prometo não tomar muito seu tempo…”
  Insiste .
   respira fundo e encara a tela de seu aparelho aberta na conversa. Ela desvia rapidamente o olhar e vê dormir profundamente em seu colo com o rosto virado para a TV que segue ligada exibindo o filme que já está na metade. Retornando seus olhos para o celular, resolve responder após reunir forças.
  — Oi, como conseguiu meu número? — ela é direta ao ponto, apesar de já saber a fonte dessa informação.
  — Que bom que respondeu! — Marcelo, pai de , envia um emoji sorridente. — Pensei que ainda estava chateada comigo.
  — O que te faz pensar que não estou? — envia um emoji risonho em sinal de deboche. — Acha que ainda teria alguma consideração por você quando me abandonou doente na cama de um hospital? Se não fosse a tia Neide eu teria…
  — Me perdoe por isso, eu não queria…
  — Não queria me abandonar lá? O que te impedia de não fazer? Por favor, Marcelo, me poupe de explicações — rebate a mulher, um grande nó tampando sua garganta.
  — Eu quero zerar o passado e começar de novo, filha — diz o homem e faz uma ligação para ela, que logo recusa. Ele começa a gravar um áudio, mas o interrompe.
  — Não me ligue ou mande áudios, não posso escutar — diz, seca.
  — Ah, eu não sabia — o homem do outro lado envia um emoji com um sorriso sem graça.
  — São quase três horas da manhã aqui, minha família está dormindo, meu marido está ao meu lado, não posso falar ou ele irá acordar — explica-se.
  — Entendo… já está casada — ele envia um coração. — Soube que tenho netos…
  — Na verdade, os pais de meu marido têm netos — corrige ela ainda mais seca e descrente da mudança do pai.
  — Não precisa falar assim. Eu mudei, eu quero reparar o mal que fiz a você — esclarece ele e envia uma foto do momento: ele fazendo sinal de positivo com uma das mãos e, ao fundo, parte do ambiente onde está: uma praia. — Consegui abrir meu próprio negócio.
  — Bom para você — reluta a mulher.
  — Eu pensei que poderíamos manter contato — ele dá uma pausa de dois minutos e envia outra mensagem: — Gostaria de conhecer meus netos pessoalmente. Eles são muito bonitos, puxaram a você…
   não responde. Ela engole em seco e encara o aparelho. Marcelo enviou mais algumas mensagens chamando pela filha e pedindo para conhecer os netos, para estreitar o laço entre eles. Bom, na verdade, essa relação terá que ser construída do zero, já que os trinta anos afastados e suas atitudes destruíram o que havia entre ele e a filha.
  — Sunshine… — a voz rouca de assusta que sobressalta levemente, sacudindo a cabeça do marido. O homem vira, deitando novamente, mas agora com o rosto para a barriga de . — Está tarde, por que não dorme um pouco? — diz ele sem abrir os olhos e voltando a se aninhar com os braços em volta da cintura dela.
  — E-Eu já irei dormir, Darling — responde, fazendo cafuné nos cabelos dele que geme manhoso. — Dorme.
  Atendendo ao pedido, o homem volta a dormir.
   vê que Marcelo mandou mais três mensagens nesse curto espaço de tempo. Ela diz que não pode falar agora, que precisa dormir e silencia a conversa, voltando a bloquear o celular. A mulher não consegue mais dormir, pensando nas palavras do pai. Será que ele mudou mesmo ou quer tirar alguma vantagem dela? Será que o desejo de conhecer os netos é real ou só uma ilusão?
   suspira.
  Ela volta a pegar o celular, olha de relance vendo mais algumas mensagens de Marcelo, a última dizendo “Ok, filha, dorme bem e manda beijo…”, ela não quis olhar o resto da mensagem para não acusar que ela visualizou. A fotógrafa pesquisa pelo nome da tia e lhe envia uma mensagem buscando explicações.
  2:58AMOlá, tia, como vai? Serei direta: Marcelo entrou em contato com meu número pessoal, número este que, daí de Salvador, apenas a senhora e o Lipe têm. Tenho absoluta certeza de que não foi o Lipe quem lhe deu o meu contato para ele, então, só pode ter sido a senhora. O que quero saber é simples: por quê? A senhora sabe que eu não quero contato com o Marcelo, nem quero saber se está vivo, doente, se está bem, não quero saber nada… Por favor, não me diga que caiu na conversa dele de que está mudado? E quem lhe autorizou a mostrar fotos dos meus filhos para ele?!”
  Ela para um pouco e envia a mensagem. Mas, ainda há mais a dizer que está engasgado.
  2:59AM Se eu quisesse qualquer tipo de contato com ele, eu mesma teria o procurado, mas não é esse o caso pelo simples e óbvio fato de que eu não quero contato com o Marcelo, nem comigo nem com os meus filhos ou o meu marido. Eu sei que ele não mudou e, se a senhora acredita nisso, problema da senhora. Mas, peço que pare de enviar fotos, informações ou qualquer coisa que seja minha ou de minha família para o Marcelo. Por favor, pelo respeito que ainda tenho pela senhora, não me faça me afastar da senhora também, tia…
  Enfim, irei dormir. Amanhã preciso acordar cedo, tenho reunião com a equipe de gravação do clipe.
  Até mais.
  Mensagem enviada e celular novamente bloqueado.
  Ela não quis ser tão grossa e direta assim, mas foi preciso. Sabe perfeitamente o homem que Marcelo sempre foi, não pelo que fez a ela, mas pelo que contam dele e pelo que presenciou certa vez. Marcelo tinha sido preso por estelionato, anos atrás, quando ainda fazia faculdade. Ele aplicou um golpe em várias pessoas, o velho golpe da clonagem de cartão de crédito. Uma das vítimas foi a própria filha que só ficou sabendo depois que o golpe foi descoberto. Chegou a ficar dois anos preso, mas saiu por bom comportamento. Se dependesse de , ele ficaria preso para sempre.
  O dia amanhece.
   acorda com uma dor intensa no pescoço, mas com o corpo em posição diferente. Ela está deitada no sofá com uma manta sobre seu corpo. retira a manta e coça os olhos, levantando-se. Se espreguiça e ouve a voz de vinda de maneira baixa, mas audível do corredor.
  — Lucas, vai tomar banho que já estamos atrasados! Sol! Sol, acorda, filha!
  Seu tom parece desesperado. confere a hora no celular e comprova o atraso de todos. A reunião na gravadora é daqui há quase duas horas e eles ainda precisam deixar as crianças na escola.
  — Bom dia, Sunshine — diz ao ver a esposa entrar no quarto de Sol. O homem teve que ir acordar a filha pessoalmente.
  — Bom dia, Darling — eles se beijam brevemente. — Bom dia, filha.
  — Bom dia, mamãe — diz Sol com a voz sonolenta e ainda de olhos fechados, deitada na cama.
  — Levanta, dorminhoca — puxa os pés dela para fora da cama e a menina acorda.
  — Papa, por quê?! Não! — ela diz, em , com a voz muito manhosa.
  Sol se remexe na cama, abrindo os olhos e encarando os pais que riem da manha da garota, drama esse bem parecido com o que fez antes da viajar de volta ao Brasil logo após eles iniciarem o namoro. Ela faz um beicinho, mas acaba levantando da cama e indo tomar banho. dá outro beijo em e um abraço. Um longo abraço. É costumeiro abraços assim serem dados pela família, porém, acende um alerta dentro dele ao notar algo a mais em sua esposa. Há algo errado, ele sabe disso.
  Minutos se passam e as crianças já estão limpinhas e arrumadas para irem à escola, enquanto aguardam o café da manhã ficar pronto, elas assistem televisão sentadas no sofá da sala.
  — Conseguiu dormir depois daquela hora, Sunshine? — questiona ao notar a presença de entrando na cozinha. A mulher senta-se no banco alto que rodeia o balcão estilo americano.
  — Sim — responde. — Você me deitou no sofá? Não me lembro de ter feito isso — ela ri levemente.
  — Deitei — responde ainda com sua atenção nos ovos que frita para os filhos. — Aliás, não sei como consegue dormir sentada. Se fosse eu, minhas costas já teriam reclamado — brinca o homem.
  — Você tinha muitas dores, ainda bem que passaram — comenta , relembrando das dores que o homem sentia anos atrás.
  — Agradeço ao meu médico por isso — diz ele, olhando pela primeira vez para e sorrindo. — Mudando de assunto, Sunshine, você está preocupada com algo? Se for sobre a produção do documentário, não se preocupe, você tem experiência de sobra — incentiva ele e solta um beijinho no ar que finge catar com uma das mãos.
  — Obrigada, amor — agradece e retribui o sorriso. — É outra coisa.
  — Então há algo te incomodando? — indaga, retoricamente. — O que é? — vira os ovos e volta sua atenção para novamente.
  — Marcelo voltou a me procurar.
  — Marcelo? — questiona, confuso. — Quem é?
  — Meu pai — solta, sem querer, um som totalmente surpreso, abrindo a boca junto com o som.
  — Meu Deus, Sunshine, quando foi isso?
  — De madrugada — responde, olhando para o celular e vendo algumas mensagens chegando, todas de Marcelo.
  — Quando estávamos na sala? Ah… então era isso — ele diz mais para si do que para e completa: — O que ele queria?
  — Disse que queria se aproximar de mim novamente — o vocalista nota a amargura na fala dela e, também, certa decepção. — Disse que quer conhecer as crianças, mas não sei se é uma boa ideia.
  — Por quê? — retira a frigideira do fogão, desligando-o e despejando sobre um prato limpo.
  — O Marcelo não é uma pessoa boa para inserir na convivência das crianças — diz. — Não quero que se decepcionem ou se contaminem igual ocorreu comigo.
  — Quer ovos? — indaga ele e balança a cabeça afirmando. quebra mais dois ovos na frigideira, ligando o fogo novamente. — Ele falou algo sobre vir para ver nossos filhos ou te ver? — diz ele, curioso, retomando o assunto.
  — Não — olha para o balcão, tentando não olhar seu celular.
  — Acho que deveria conversar mais com ele antes de chamá-lo para conhecer as crianças e, se você realmente ver que não é uma boa ideia, corte relações — diz ele, mexendo os ovos com uma colher. — Agora, se perceber que seria bom para nossos filhos conhecer o Marcelo, então vou te apoiar caso queira trazê-lo para cá, podemos hospedá-lo aqui — completa.
  — Obrigada pelo apoio, Darling — volta a agradecer. — Não sei se… — ela é interrompida por uma ligação de seu pai. — Ah, é ele ligando — anuncia e vira seu olhar para ela.
  — Vai atender?
  — Não queria, mas ele ficará insistindo — lamenta-se, pegando o aparelho.
  — Atende — incentiva . — Deixa que eu cuido das crianças.
  Ele oferece um sorriso meigo para a esposa que o retribui mandando-lhe um beijo no ar. suspira e atende a ligação.
  — Alô — diz, seca.
  — Achei que não fosse atender, ! — berra Marcelo com a voz notoriamente de um bêbado.
  — Você bebeu? — pergunta a mulher, retoricamente. Ela vê sair da cozinha levando consigo os pratos com a comida das crianças.
  — Claro!!! Ganhei na loteria, tinha que comemorar — diz ele, alegre.
  — Que bom, assim pode investir em seu negócio — ela dá um meio sorriso e, antes de perguntar qualquer coisa, ele a interrompe.
  — Falar nisso, vou te mandar o número de minha conta. Preciso logo do dinheiro — diz o homem do outro lado da linha e franze o cenho.
  — Espera, o que eu tenho a ver com isso?
  — Você é o meu bilhete premiado! Ora essa — ele ri, debochado.
  — Se pensa que…
  — Não adianta mentir! — Marcelo a interrompe mais uma vez. — Eu sei que você tem dinheiro. Melhor, sei que o seu maridinho do tem dinheiro — acusa.
  — Não acredito nisso — diz , incrédula. — Está me pedindo dinheiro? — ela tenta confirmar aquilo que já está nítido.
  — Claro! Minha filhinha tem que agradar o seu papai, não é? — ele volta a rir.
  — Eu não tenho que fazer nada por você, Marcelo! — brada a fotógrafa.
  — Como não? E os dez anos que desperdicei cuidando de você? Mereço uma recompensa…
  — Cuidando? — agora, é a vez de soltar uma gargalhada debochada. — Só pode estar brincando comigo, Marcelo… Você e aquela mulher — diz, referindo-se à mãe — me deixaram no hospital para morrer de pneumonia! Irresponsável, filho da puta!
  — Opa, que boca suja é essa, ?!
  — Meu sobrenome é — corrige a mulher no mesmo instante em que retorna ao local, vendo a mulher exaltada.
  — Ah, é verdade, se casou com um gringo, não é? Soube que ele é famoso no mundo todo, que ganha uma boa grana, andei fazendo minhas pesquisas…
  — Fique longe da minha família… — sibila ela, raivosa.
  — Ora essa, , não pode deixar o seu pai na pobreza quando está nadando em dinheiro. É muito egoísmo de sua parte… — rebate Marcelo, sério. — Você é igual a sua mãe: interesseira. Aposto que se o tal gringo não tivesse dinheiro você nem teria ficado com ele — zomba o homem, alterado.
  Nessa hora, começa a chorar. Ela odeia ser comparada com os pais, ainda mais quando pontuam o lado ruim de ambos. , não suportando ver a esposa chorar, toma o celular de sua mão e o põe no ouvido.
  Marcelo segue destilando seu veneno.
  — … então, pelo menos para isso tem que me servir. Eu preciso de dinheiro para manter meu negócio e nada melhor do que minha filhinha inútil para me dar — exige ele.
  — Então é isso que você quer? — indaga , em português, com a voz irritada.
  — Quem está falando? — Marcelo ergue o olhar e surpreende-se com a voz grave de do outro lado.
  — Sou marido da . Quer apenas dinheiro dela, não é? — ele reformula a pergunta, a expressão séria. — Saiba que a minha mulher é a melhor pessoa que conheci na vida e ela não precisa da sua presença na vida dela, muito menos dos nossos filhos.
  — Wow, ele é bravo. Vai defendê-la? — Marcelo volta a zombar e ri ao final da frase.
  — Só irei dizer uma vez, peço que preste atenção — interrompe . — Não volte a ligar para a e muito menos venha para cá nos atormentar. Você não é bem-vindo em nossa vida e nossos filhos não precisam nem saber que você algum dia existiu — alfineta o vocalista. — Se voltar a se atrever a falar com minha esposa e magoá-la, eu juro que não irei responder pelos meus atos, está entendendo o meu português? — dessa vez, é quem zomba.
  Marcelo responde com a voz séria.
  — Mas eu…
  — Perguntei se você entendeu tudo o que eu disse? — rebate , grosseiramente.
  — Entendi… — Marcelo ia falar mais alguma coisa, mas o vocalista do outro lado não deixou.
  — Ótimo, adeus!
   desliga a ligação e bloqueia o número de Marcelo.
  — Amor… — o encara, ainda chorosa, e levanta-se do banco, indo na direção do marido. — Obrigada… eu não… não tive forças para falar… — confessa, abraçando ele.
  — Está tudo bem agora, Sunshine — retribui o abraço, beijando o topo da cabeça dela, afastando um pouco os cachos que caem ali.
  Ele sussurra que a ama e ela apenas assente, deixando as lágrimas escorrerem. No calor do abraço de , percebe que não há outro lugar em que se sinta em casa como ali, como em sua casa com seus filhos e seus amigos. Marcelo não faz parte disso, nunca fez. Não adianta ela dar um voto de confiança a alguém que não vale a pena. Então, ela toma uma decisão.
  Nunca mais ela mencionará o nome do homem e voltará a deletá-lo de sua mente.

[🌻]

  Final de março de 2023…
  30 anos de banda.
  Oficialmente não é hoje, mas as gravações do clipe comemorativo ocorrem ainda hoje. É cedo e a casa dos já está agitada. As crianças irão participar do clipe também, uma participação especial. Ambos estão muito empolgados, Lucas não fala outra coisa desde que foi informado pelos pais. Já Sol ensaiou as suas ações durante a gravação por horas durante os últimos dias, ela quer dar o seu melhor e orgulhar os pais e os tios. A gravação será na cidade onde e nasceram, foi lá também que a banda foi criada trinta anos atrás com eles ainda na adolescência.
  O roteiro do clipe será simples: eles visitarão a antiga escola onde se conheceram no ensino médio e farão algumas locações ali, incluindo com o antigo professor de e , que são os mais velhos e os que estudaram juntos na mesma série. Além disso, está encarregada de criar um novo documentário com imagens atuais em locais que os rapazes costumavam se reunir para falar da banda, ensaiar, compor, enfim, tudo que girou da criação. Para ela é uma grande honra e também uma grande responsabilidade, na qual ela sente-se nervosa, mas incentivada por todos à sua volta – incluindo seus filhos que são, depois de , os maiores fãs da mãe.
  O destino da viagem em família chega e eles desembarcam da van que os transportou até o colégio onde os rapazes estudaram. Eles entram na escola e, imediatamente, inúmeras lembranças são desbloqueadas na mente de todos, principalmente na de . O vocalista pisa novamente no mesmo lugar onde passou três anos de sua vida, onde conheceu e fez tantos outros amigos com quem ainda mantém contato. De mãos dadas com sua filha mais velha, caminha local adentro, entrando na sala dos professores, que hoje vira um camarim para trocarem de roupa e revisarem o roteiro da gravação.
  Alguns minutos se passam e termina de se vestir, passando o olhar pelo camarim improvisado e vendo sua filha quieta em um canto. Ele levanta-se de onde está e vai até ela.
  — E esse beicinho que é igual ao da sua mãe — comenta ele, risonho, e puxa o lábio inferior de Sol fazendo a menina olhar para ele.
  — Papai… — diz ela com a voz baixa. — Não te vi chegar — ela força um sorriso. — Sempre diz que meu bico parece com o da mamãe.
  — Porque é verdade — o mais velho a faz levantar, senta-se na poltrona e a coloca em seu colo.
  — Não acho — comenta Sol ainda levemente emburrada e recosta a cabeça no ombro do pai.
  — Algum problema para te deixar emburrada assim? — indaga ele, afagando os cabelos cacheados da filha.
  — Acho que é o clipe — diz Sol. — Será que eu posso não gravar? — ela sonda, insegura.
  — Do que tem medo, princesa? — faz a menina erguer o corpo para que possa vê-la melhor. Ela senta-se ereta e começa a mexer nas próprias mãos de maneira nervosa.
  — De fazer alguma besteira…
  — Hey, neném — diz o homem, segurando as mãos da filha.
  — Não sou mais um neném, papai — briga ela, fazendo outro bico com os lábios. ri.
  — Para mim, sempre será — ele dá de ombros e prossegue: — Escuta: você é uma menina muito inteligente, puxou a sua mãe nisso — pontua, rindo. — Sabe se comunicar muito bem e tenho absoluta certeza de que fará uma grande atuação no clipe. Dê o seu melhor, princesa!
  — Você acha? — insiste ela, insegura, porém com um sorrisinho se formando no canto da boca.
  — Tenho certeza, meu neném — aperta as bochechas dela. — Vem cá — e a puxa para um abraço forte. — Amo você, amor da minha vida — diz o homem, em .
  Sol se afasta dele, emocionada, e finalmente sorri, abraçando o pai novamente.
  Ela não é tão afetuosa quanto Lucas, mas gosta de carinho e adora ficar no colo do pai recebendo o afago dele, adora quando ele está em casa e pode brincar com ela, adora quando ele a ensina a desenhar e pintar – coisa que faz muito bem. Mesmo sem admitir, Sol adora esse afeto e também o oferece no mesmo nível.
  Com as forças renovadas graças ao pai, a menina sente-se pronta para gravar. E a cena dela com o irmão é a primeira a ser gravada para que possam descansar, já que está fazendo bastante frio hoje – apesar do sol.
  Terminada a participação das crianças, ambas ficaram nos bastidores para ver o pai e os tios gravando. É iniciada a parte em que o professor de e participará.
  O homem continua o mesmo, na visão dos vocalistas. também foi aluno dele, mas no ano seguinte ao de e . Já os outros membros da banda também o conheceram e tiveram a oportunidade de serem ensinados pelo velho professor em outras ocasiões da vida. É o ponto em comum dos cinco, uma curiosidade interessante. Apesar de estar com a mesma expressão serena e tranquila de sempre, o velho professor aparenta estar mais maduro. Não que antes não parecesse, mas agora, com o passar do tempo, ele conseguiu amadurecer mais a ideia daqueles adolescentes que não davam tanta importância assim aos estudos, pelo menos na época em que lecionou.
  Em uma parte do roteiro, é previsto um discurso direcionado para cada integrante, contando a experiência de conhecê-lo na visão do professor.
  Chega a vez de ser chamado.
  — E agora você, — anuncia o professor, todos aplaudem e o vocalista se levanta, ajeitando o terno, e indo na direção do homem.
  — Obrigado — diz ele, em português, fazendo o velho fazer uma careta engraçada, logo ele traduz e todos riem.
  — Sempre fazendo brincadeiras eventuais, não é, ? — alfineta ele de maneira leve e pega o papel para ler seu discurso, que foi transcrito em um diploma para ser entregue a cada um. — , o mais velho da minha turma do primeiro ano daquela época — inicia ele. — Nunca duvidei da sua capacidade de vencer na vida. Soube, no momento em que te vi, franzino e quieto, sentado na última fileira da classe, que você seria brilhante — nesse momento, segura para não demonstrar tanta emoção que está quase transbordando com apenas algumas palavras proferidas. — E eu não me enganei — acrescenta o mais velho. — Naquela época eu não entendia que você não era só um “aluno rebelde” e sim era um aluno brilhante, bagunceiro, mas brilhante — todos riem um pouco nessa hora. — Veja onde está agora: vocalista de uma das mais famosas bandas do país… do mundo! Eu tenho muito orgulho de ter sido seu professor e, de alguma forma, ter contribuído com o seu sucesso. Parabéns, !
  Conclui o homem, entregando o diploma com o discurso para , que o recebe agradecido. Todos aplaudem e o vocalista volta a sentar-se. Durante a sequência da filmagem, ele se perde em pensamentos daquela época.
  No dia seguinte
  A família está toda acomodada nos assentos do trem. A estação que vão descer está próxima, mas enquanto isso as crianças observam a paisagem mudar através das janelas do veículo que se move em sua total velocidade. Eles resolveram fazer o trajeto que fazia quando jovem até sua escola. Faz quase uma hora que estão no trem. A estação chega e todos desembarcam. segura a mão de Lucas enquanto ajeita o casaco do filho com a mão livre. Já Sol vai ao lado do pai, andando livre pela rua. A menina observa o caminho que o pai fazia quando adolescente para ir à escola, não é tão diferente do caminho que ela mesma faz.
  — Lucas, não corra! — briga vendo o filho escapar de suas vistas no segundo seguinte que ela o solta por alguns instantes. — Vou te carregar, hein?!
  — Ele vai gostar, Sunshine — comenta e segura a mão da esposa que agora caminha do seu outro lado. — Ainda cansada? Podemos voltar…
  — Está tudo bem, Darling — apressa-se. — Quando terminarmos o passeio podemos almoçar — sugere ela.
  — Perfeito — concorda .
  — Papai — chama Sol e olha para ela, ainda caminhando.
  — Diga, filha — diz ele.
  — O senhor passava por aqui todo dia? — indaga, curiosa.
  — Sim, todo dia fazia esse trajeto para ir à escola. No meio do caminho eu encontrava o e íamos juntos.
  — Oh, estudou com o tio ?! — espanta-se a garota.
  — Não sabia, filha? — pergunta , risonha.
  — Não! Ahh, por isso vocês dois são bem amigos, né? — deduz a garota.
  — Sim, filhinha — responde o mais velho.
  — Papai! Não sou mais criança — briga, ficando emburrada.
  — Virou adolescente aos 9 anos de idade? — rebate , rindo.
  — Quase isso — a menina dá de ombros e os pais riem da reação dela.
  — Lucas! — grita ao ver o filho tentar subir no encosto de um banco. — Desce daí, agora! — enfatiza ele, firme e o garotinho volta correndo assustado até o pai. — Já falei para não subir nas coisas assim, não falei?
  — Falou — responde o garoto, sem graça.
  — Não saia de perto — repreende o pai, conduzindo Lucas com a mão pelo ombro dele.
  — Está com fome, Lucas? — pergunta deduzindo que a inquietude do filho seja fome.
  — Um pouco, mommy — responde ele com a voz manhosa por ter recebido bronca do pai. solta uma risada abafada.
  — Já vamos almoçar, está bem? — o garoto concorda com a cabeça e vai para de junto da mãe, gesto que faz rir também.
  — Os dois são birrentos, será que vamos aguentar tanta birra? — comenta ele próximo ao ouvido de .
  — Quem de nós dois irá surtar primeiro? — devolve a pergunta, risonha. A mulher faz um bico para beijar .
  — Oh! Vejam, crianças — ele chama a atenção dos filhos que olham na direção de onde o pai aponta. — Era aqui que eu encontrava o tio de vocês para irmos à escola juntos — ele aponta para uma pequena padaria de fachada vermelha.
  — Qual deles, papa? — pergunta Lucas alheio à conversa.
  — Tio — Sol responde e olha encantada para a padaria. — Está fechada — comenta ao ver o local fechado.
  — Hoje é feriado na cidade — diz e Sol faz uma cara óbvia.
  — Faz sentido — diz ela, rindo.
  A família segue o passeio, entrando e saindo de ruas pequenas até finalmente chegarem à escola onde gravaram o clipe ontem, a mesma que e estudaram juntos. Tantas lembranças. acaba contando algumas delas para os filhos que gargalham com as travessuras que o pai e o tio aprontaram para poder ensaiar ou compor músicas para a banda que eles ainda nem tinham formado. A família segue até o restaurante para matar a fome do monstrinho que vive no estômago do pequeno Lucas, segundo o pai, ele tem esse monstrinho da fome que, quando ativado, o deixa extremamente inquieto. Após o almoço, todos seguem até o templo que há ali perto do restaurante. aproveita para agradecer pela família que tem, pelo sucesso da banda e seus trinta anos de carreira, pelos fãs, pela vida que tem ao lado de e, principalmente, por ter conhecido sua fotógrafa lá em Salvador. Certamente foi o seu maior sucesso.
  Sorrindo, o vocalista tira uma foto, sem ver, dela e de Lucas caminhando até o templo.
  O passeio está longe de acabar.

[🌻]

  Semanas depois…
  A casa dos está silenciosa.
  Apenas está em casa e termina de ajustar os últimos detalhes da surpresa que preparou para a volta de hoje à noite. Hoje pela manhã, ela levou as crianças para passarem o final de semana com os avós, com isso a casa está livre para ela e aproveitarem um pouco só os dois. Com tudo pronto, a mulher aguarda a mensagem dele informando que já está chegando.
  22:23 “Em breve estarei em casa, Sunshine, acabamos de desembarcar em 😘”
  Sorrindo, aguarda a chegada do marido.
  Quase uma hora depois, chega em casa. Sua mochila pendurada em um dos ombros, a expressão cansada e o corpo levemente dolorido pela viagem e sequência de shows. Desde que gravaram o clipe comemorativo, os rapazes têm feito muitos shows pelo país, às vezes em cidades opostas geograficamente e num período de tempo de menos de doze horas entre um show e outro. A maratona acaba hoje, quando terão seis dias sem compromissos, apenas para descanso. Um grande alívio para todos. Ele caminha pela casa, estranhando as luzes da sala estarem desligadas e o silêncio imperar.
  — Sunshine, cheguei — ele anuncia sua chegada, ainda caminhando pelo corredor que leva aos quartos. — Nossa, estou cansado — comenta para si mesmo, suspirando em seguida. — Sunshine? Crianças? — ele volta a chamar e pega o celular no bolso, desbloqueando para ver se há algum recado de que ele não tenha visto nesse meio tempo entre o aeroporto e sua casa. — Será que eles saíram? — indaga novamente para si e para na porta do quarto. — Uau!
  Ele paralisa.
  Mal consegue acreditar ao ver sua esposa em pé na cama vestida com um sobretudo. Ela está de costas para a porta, os cabelos soltos formando um black em volta de seu rosto.
  — Sunshine, o que está acontecendo? — indaga o homem, incrédulo, mas com um sorriso sem vergonha. se vira de frente para ele sem dizer nada. Um sorriso safado nos lábios. entende do que se trata. — Amor… — ele ia completar, mas, ao ver a esposa retirar o sobretudo e revelar sua roupa, quase perde o equilíbrio.
   está vestida de superwoman.
  É uma brincadeira interna do casal. se intitula o superman e ela a superwoman. Até agora, ambos ficaram na provocação apenas falando sobre, nunca houveram fantasias, até hoje. usa uma mini-saia azul que mostra mais da metade de suas coxas, um cinto amarelo o firma em seu corpo; a parte de cima é composta por um cropped azul com o símbolo em forma de “S” no peito, a peça tem mangas longas; para finalizar, uma capa vermelha, que mexe com uma das mãos para dar o efeito de que está voando.
   está boquiaberto. Sua surpresa é tanta, que ele derruba sua mochila no chão sentindo o corpo amolecer e seu pau o alertar que precisa tocar em imediatamente.
  Ele se aproxima da esposa, sem tirar os olhos dela, chega mais perto da ponta da cama na intenção de descer, mas a segura ali mesmo. Agarrado às pernas dela, o homem beija suas coxas com os olhos fechados.
  — Está cansado, amor? — provoca , segurando a nuca dele e afagando o local.
  — Para você, nunca — ele responde entre os beijos.
  — Bem-vindo de volta, Darling — diz ela e ergue o rosto ainda abraçado a ela.
  — Quero recepções assim sempre — diz e eles riem. — Amo você.
  O vocalista a carrega no colo e entrelaça suas pernas em volta da cintura dele. O beijo é intenso, assim como sempre é quando o assunto é e . O amor deles parece não ter esfriado nem um instante com o passar dos anos. Um sentimento mais que especial que, à primeira vista, parecia ser passageiro, apenas atração física de um ídolo e sua fã. Mas, o tempo e a convivência, mesmo que à distância em um primeiro momento, deles comprovou que quem pensava assim estava errado. Redondamente errado.
   deita na cama, uma das mãos subindo a saia dela, interrompe o beijo apenas para dizer.
  — Eu te amo, Darling.
  — Eu te amo, Sunshine.

Fim



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