Chame por Cigana


Escrita porZsadist Xcor
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 1

Tempo estimado de leitura: 39 minutos

  Se contassem para Rafael Siqueira como estaria sua vida aos vinte e seis anos daria uma estrondosa gargalhada. Acharia que o cenário da previsão seria demasiadamente dramático, como um capítulo digno de dramalhões mexicanos como A Usurpadora, Marimar e O que a Vida me Roubou. Afinal de contas, sua vida estava ótima. Cursava Direito na faculdade dos sonhos localizada no Rio de Janeiro, havia se apaixonado por um dos ex alunos quem havia acabado de passar na prova da OAB, namorava o lindo moreno quem o tratava com amorosidade invejável e sua família caminhava bem. É claro, ainda não havia se assumido socialmente como gay e apresentava o namorado como amigo por sentir medo da reação do pai, mas, num todo, as coisas estavam fluindo.
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  Até que seu castelo começou a desmoronar peça por peça num curto espaço de tempo.
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  Primeiro, foi o relacionamento. Jamais sentira tamanha dor antes como na tarde quando saiu aos prantos do apartamento do homem. O porteiro até tentou impedi-lo de subir colocando diversos empecilhos como a ausência do morador, mas, infelizmente, Rafael tinha a chave entregada pelo mais velho meses anteriores, então tinha livre acesso ao lugar que passou a conhecer tão bem quanto a sua própria casa – e no conforto do seu quarto imaginava-se morando lá com Kalisto caso se casassem.
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  Três meses depois enterrou seu pai no meio de uma chuva torrencial, vítima de uma bala perdida. Precisou acudir a mãe junto dos amigos presentes, quem desmaiara quando a primeira rosa branca foi jogada sobre o caixão antes da terra ser despejada.
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  Como se fosse pouco, além de Micaela ser a única responsável por pagar as contas, colocar comida na mesa e sustentar seus dois filhos, Rafael e Mia, a mais nova com apenas sete anos, a mulher sofreu um acidente. Caiu pela janela do terceiro andar enquanto tentava limpá-la. Embora fosse uma antiga secretária da empresa, seu chefe não era um homem bom e se recusava de ressarcir o valor do INSS, já que foi obrigada por ele a realizar a limpeza – mesmo sem nenhum equipamento de segurança.
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  Devido a tantos infortúnios e numa tentativa de ajudar com os gastos da casa, Rafael decidiu desistir do curso de Direito e abrir mão das aulas de dança para trabalhar num salão de beleza. Talvez ele não tivesse condições para conseguir o diploma, mas a irmã merecia ter uma boa educação. Mia adorava a escola e seus sorrisos eram os únicos momentos que traziam certa alegria num período tão infeliz na história da família. Não queria tirar a alegria da menina e jamais se perdoaria caso a pequena fosse retirada da escola pelo pagamento não ser efetuado – e foi por isso que trancou a faculdade e iniciou sua busca por emprego.
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  Todos aqueles baques, embora não tenha acontecido nada diretamente com ele, já afetavam sua saúde. Manchas roxas surgiam pelo corpo em consequência do estresse, fios do cabelo caíam e perdeu peso, além de ter insônia e alguns sintomas de ansiedade. Havia perdido o brilho interno de outrora e seu semblante, antes leve e animado, agora era apático e introspectivo.
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  Foi nesse contexto que caminhava pela rua naquela noite. A irmã descansava em casa na companhia de uma tia, então o rapaz podia usufruir de algumas horas sozinho. A brisa fresca balançava seus cabelos ruivos cujas pontas ainda eram iluminadas. Perambulava pela calçada sem rumo mordiscando o lábio inferior e prendendo o choro pela finalização do relacionamento, pela morte do pai, a desistência do sonho de se formar em Direito, a recuperação gradativa da mãe hospitalizada, a saída das aulas de dança e a falta de perspectiva do futuro. Em resumo? Estava no fundo do poço, sozinho e não tinha nenhuma válvula de escape ou apoio emocional. Inclusive era necessário suprimir suas questões emocionais para não piorar o estado delicado de Micaela.
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  Foi quando o som de uma música chamou sua atenção.
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  “Estava sozinha caminhando pela rua
  De companhia só tinha a luz da lua
  E de repente uma voz me perguntou
  Por que está tão triste chorando de amor?”

  A junção das vozes envolveu seu coração lhe trazendo uma dose de curiosidade de onde vinha a canção e uma dose de acalento de origem desconhecida para sua alma. Seguiu a melodia até adentrar num recinto simples cujo portão estava aberto. Viu várias pessoas ali. Homens, mulheres e adolescentes. Alguns conversavam de maneira mais discreta com mulheres trajando vestidos longos, vermelhos, negros ou roxos. Outros dialogavam a vozes baixas com homens que fumavam charuto ou que tinham chapéus em suas cabeças e ternos brancos.
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  Ao entrar ali tentou manter a cabeça baixa, embora a curiosidade falasse mais alto. Seu objetivo era passar despercebido, então ficou na parte do quintal, escondido entre as folhagens da árvore carregada de mangas. Logo descobriria que não conseguiria manter-se camuflado – mais especificamente exatamente cinquenta segundos depois.
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  Uma mulher de pele negra se aproximou dele. Usava um longo vestido de renda vermelha que ia até os tornozelos. Os pés eram descalços. Na boca tinha um cigarro e em uma das mãos segurava uma taça com bebida. A outra destra descansava na cintura e a postura altiva chamava a atenção dos demais.
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  - Boa noite, moço.
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  Ergueu a cabeça pela voz grave e se deparou com um enorme sorriso da mulher. Apesar de tudo nela demonstrar confiança e força, os olhos transmitiam compaixão, como se enxergasse quanto martírio carregava aquele jovem coração.
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  - Não abaixe a cabeça, filho. – retirando o cigarro da boca e o prendendo entre os dedos, prosseguiu secando uma lágrima teimosa no rosto jovial – A mantenha erguida. Sempre.
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  - Está difícil. – lutou contra o nó formado na garganta, então a voz soou entrecortada e esganiçada.
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  - Eu sei. É nítido. – o avaliou de cima abaixo – Está um trapo, menino. Eu estou melhor que você e olha que estou morta.
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  Pela primeira vez em meses foi capaz de rir, mesmo que mais lágrimas descessem.
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  Satisfeita pelo efeito causado no ruivo, apagou o cigarro com a palma da mão, o enfiou entre os seios e a estendeu em sua direção.
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  - Por que não vem conversar comigo? Desconfio que temos muito a tratar.
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  Num pesado suspiro aceitou ser levado para um canto mais discreto onde confabularam discretamente – ou, pelo menos, foi isso o que se obrigou a acreditar, já que Rafael passou trinta minutos chorando enquanto era consolado pela mulher e ouvia palavras de afeto e conforto.
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  Quase dois anos depois Rafael estava no mesmo lugar – lugar esse que se tornou seu refúgio e pedido de socorro velado. Não deixou de frequentar e, aos poucos, a vida foi se reestabelecendo. Não era mais o mesmo sofredor de quando chegou, mas também ainda não estava completamente recuperado. Após a sua primeira ida, em menos de quinze dias conseguiu emprego num salão de beleza, onde trabalhava manhã, tarde e noite. Dinheiro não sobrava, mas também não faltava. Sua mãe desenvolveu problemas no joelho e nas pernas que lhe impediram de continuar trabalhando, então o filho tornou-se o provedor da família.
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  Sentado numa cadeira conversava com a mulher, quem acendia mais um cigarro.
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  - Eu disse que não tinha problema em contar pra sua mãe que gosta é de homem. – soltou a fumaça pelas narinas – Aliás, ela sempre soube que rabo de saia nunca foi interesse seu. – guardou o isqueiro entre os seios.
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  - Acho que o que me preocupava era o meu pai. Ele não era tão mente aberta como aparentava. – bebeu um pouco de água da garrafinha de Harry Potter que sempre levava consigo.
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  Aquele foi o último presente de Kalisto e se convencia que apenas a carregava por ser fã da saga – podia até ser um motivo bom, porém não era o único.
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  - Moço, o seu pai te ama. Nunca vai deixar de amar. Agora, quando isso daqui – deu leves tapinhas com as pontas dos dedos na têmpora de Rafael – é fechado, cheio de dogmas, pecados, erros e regras dá um problema infernal e a pessoa é capaz de ferir quem mais ama. Fique com o melhor dado por ele: a sua vida, os bons ensinamentos e as memórias. Já basta.
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  Levou a garrafa aos lábios e despejou o líquido gelado na boca, saciando a sua sede – e novamente recebeu um olhar de esguelha da negra de fartos cabelos crespos onde havia uma rosa vermelha atrás da orelha, como se ela também soubesse que o objeto era carregado de memória afetiva de um passado cuja história foi lindíssima, porém terminou de forma trágica ao ponto do rapaz ainda carregar marcas profundas daquela dor em seu âmago.
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  - Desistiu de se enganar? - segurou o cigarro para falar.
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  - Como assim?
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  - Vai continuar com aquele traste?
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  Essa era uma parte que Rafael não gostava muito: quando era interrogado sobre André.
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  O homem entrara em sua vida enquanto ainda estava na faculdade e namorava com Kalisto. O até então namorado detestou o jovem simpático quando foram apresentados. A antipatia foi imediata. Odiou mais ainda a forma como teimava em tocar no outro com a ponta dos dedos, às vezes de maneira até imperceptível a olhos menos atentos e a forma como a íris era tomada de desejo quando o encarava. O relacionamento dos sonhos chegou ao fim após um acidente com André Garcia, hoje namorado – e Rafael jamais imaginaria que foi causado pelo atual.
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  - Eu gosto dele.
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  - Isso não é amor, filho. É carência. Amor você sente por outro, o mesmo perna de calça que te entregou isso daí. – apontou para a garrafinha no colo do ruivo.
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  - A fila tem que andar, moça.
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  - Desde que não seja um traste como esse que você cismou em manter do seu lado. – retrucou convicta.
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  - O André me faz bem. – deu de ombros encarando o chão.
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  - Vai ser teimoso assim lá na puta que pariu! – reclamou colocando o cigarro entre os lábios finos – Anda, me dá a sua mão.
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  Acatou ao pedido, não que fosse necessariamente um pedido. A mulher de cabelos fartos virou a palma para cima. Ao identificar algo que escolheu não revelar, caiu numa gargalhada estrondosa.
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  - Abre bem os ouvidos pro que vou dizer e arranje um jeito da porra da mensagem chegar até a sua cabeça teimosa. – avisou antes de iniciar a leitura de mão – Uma pessoa aqui vai retornar pra sua vida. Logo. Não vejo demora. Escuta... Eu não posso falar muito, mas tenha em mente o seguinte. Saiba escolher o homem certo. Tem um que você enxerga como um lobo em pele de cordeiro. O outro vê como um cordeiro em pele de lobo. Um vai transformar a sua vida pra melhor. O outro vai te levar pro inferno. Não é obrigação minha dizer qual é bom e qual é mal. – o encarou séria – Escolha certo e lide com as consequências, sejam elas boas ou ruins.
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  Minutos mais tarde observava o jovem por alguns instantes. Ela tinha informações importantes sobre como seria o retorno desse homem do passado na vida do ruivo. Tinha informações cruciais, que poderiam mudar o rumo dos eventos seguintes. Só havia um problema: não lhe cabia revelar tudo. Isso poderia causar danos sérios, talvez até irreversíveis para os três envolvidos. Uma palavra a mais e talvez o verdadeiro vilão seria taxado de bom moço enquanto o outro, pelo gênio forte, sentimentos feridos graças a uma armação sórdida e o orgulho, meteria os pés pelas mãos ferindo quem mais amava – de novo, é claro.
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  Não revelaria para Rafael que aquele quem não revelara a identidade sofria tanto quanto ele pela separação – talvez até mais. O observava de longe, como um pescador encantado pelo canto de uma formosa e irresistível sereia. Porém, em sua mente consciente e pelos eventos traumáticos de anos atrás, mantinha-se afastado e sem mostrar a sua verdadeira face – até porque não admitia demonstrar fraqueza perante quem o jogou no fundo do poço e destroçara seu peito, num abalo emocional que, de tão intenso, chegava a tirar o ar dos seus pulmões. Rafael não teria conhecimento, mas o pobre coitado sairia do hospital no dia seguinte devido ao que viu quando foi busca-lo na faculdade para lhe dar carona, o que era o habitual.
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  Passou a noite tomando soro, sentindo sabor amargo na boca e se controlando para não vomitar – tudo isso em estado febril e suando frio. Sua mãe, Lisandra, chegara esbaforida quinze minutos após receber o telefonema do filho enquanto ele dirigia para o hospital com os sintomas. Todavia, antes de adentrar no estabelecimento, abriu o carro do filho para retirar de lá algo peludo, branco e pequeno. Bem pequeno. O colocou na bolsa tomando o devido cuidado para manter o zíper aberto para o ar adentrar e não abafar o espaço.
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   Assim que se encontraram sozinhos com o adulto estirado no leito, a senhora baixinha retirou o filhote de gato do interior da bolsa e o pôs no peitoral do filho, atentando-se para ser gentil, já que o animal estava a ponto de dormir.
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   - Kalisto, que história é essa de adotar um animal? Você mal está se mantendo em pé, filho. Como vai cuidar de si e dele? - embora a reclamação fosse genuína, gostou da imagem que se formou. A gatinha engatinhou mais acima do peito do moreno e aconchegou-se ali, ronronando antes de deitar a cabecinha no queixo másculo.
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   - Na verdade, eu o peguei na rua pensando em alguém. – deslizou os dedos nos pelos macios abrindo um leve sorriso carregado de tristeza e decepção – Mas acho que ele será uma ótima companhia para mim.
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   - Se refere ao Rafael?
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   - Mãe, por favor. Não volte a mencionar esse nome na minha presença. – lutou para as palavras saírem audíveis enquanto esfregava com os dedos a ponta do nariz.
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   - Mas...
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   - Não, mãe. Apenas, não.
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   Sentiu a ponta de algo úmido de áspero no pescoço. Era a filhote lambendo a região quase como se tentasse acalmá-lo.
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   Diziam que animais ajudavam as pessoas a se curar de enfermidades de cunho físico e emocional. Aquela pequena bola de pelos de olhos azuis seria capaz de curar um coração partido? Não saberia, mas a tentativa valia.
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  Naquele exato momento André Garcia, em uma de suas viagens esporádicas a trabalho, subia no avião para retornar ao Brasil. Sentado numa poltrona confortável, relaxava após averiguar o celular pela notificação do recebimento do valor combinado pelos seus serviços. De fato, era bom no que fazia. A bela aparência, a educação e o sorriso encantador serviam para manipular as pessoas, além de se gabar pela facilidade de contornar situações sociais complicadas – como quando a jovem que o acompanhava em uma das viagens estava dopada ao seu lado.
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  Satisfeito com o dinheiro na conta, apalpou o bolso para averiguar o presente que comprou para o namorado. Uma delicada pulseira de prata. Sim, sem dúvida o ruivo iria gostar. Recostou-se numa tentativa infrutífera de dormir. O fuso-horário mexia com seu organismo e, apesar do pôr do sol de onde o avião decolava, queria dormir algumas horas antes de chegar a Europa.
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  Kalisto havia escolhido a tarde de sábado para fazer as compras no mercado. Além dos legumes, das frutas, das verduras e de alguns produtos de limpeza, passou também um sache para gatos no caixa. Aparentemente a bolinha de pelos branca nomeada de Cristal tinha um paladar tão rebuscado quanto o dono, então não aceitava qualquer alimento. E o advogado não negaria determinados luxos no tratamento do animal. Afinal, foi Cristal quem o ajudou a passar pelo período mais melancólico de sua existência – assim, descobriu que animais de estimação eram capazes de auxiliar seres humanos a se curar de doenças, até mesmo de um coração partido.
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  Ainda não estava completamente recuperado. Hoje os risos eram genuínos e saía com os amigos ao invés de se isolar no escritório, usando o excesso de trabalho como uma fuga. Quanto mais ocupasse a mente, menos teria tempo para pensar no ex. Logo, o esqueceria sem grandes dificuldades. A lógica era simples. Só havia um erro: coração e cérebro são órgãos que conversam entre si, mas não obrigatoriamente chegavam a um consenso.
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  Embora a mente estivesse cada vez mais ocupada, as sensações o acompanhavam para onde quer que fosse. Aquele peso, aquele gosto amargo. Aquela visão mais embaçada e menos colorida da vida se fazia presente constantemente. Nem mesmo as transas eram tão prazerosas como quando ia para a cama com o seu menino, assim como costumava chama-lo devido ao ar de jovialidade pela alegria natural. Elas eram mornas e, às vezes, até sem graça. Não era um homem com apetite sexual alto quando se tratava de relações de uma noite. Seu apetite só aumentava quando se apaixonava – e estava certo de que não tocaria na pele macia e nem beijaria os lábios rosados e carnudos outra vez.
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  Quando levava as compras separadas nas sacolas até o carro viu pela visão periférica uma movimentação diferente na entrada do mercado. Tratou de guarda-las na mala e retornou preocupado com o que havia visto instantes antes – uma senhora caída no chão com a filha a acudindo nos braços.
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  Abriu espaço em meio às pessoas e se deparou com alguém que pensou jamais voltar a se deparar.
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  - Micaela. – arregalou os olhos em assombro e rapidamente tratou de se abaixar ao lado da senhora cujas pálpebras tremiam – O que aconteceu?
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  - Não sei. – Mia fungou apertando o corpo da mulher contra o seu – Ela leu uma mensagem no telefone e simplesmente desmaiou. Espera aí. Eu conheço você. Amigo do meu irmão, certo? Kalisto!
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  - Isso. – avaliava os sinais vitais de Micaela, quem começava a despertar apesar da palidez – Conhecido bem distante do seu irmão, pra ser sincero.
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  - Se formos falar de sinceridade, meu bem, teria chamado o Rafael de ex namorado. Mas isso é assunto pra outra hora. – ironizou.
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  - Você tem uma língua bem afiada, menina. Escuta, aqui está bem quente. É melhor levarmos sua mãe pra um ambiente mais fresco.
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  - Veio de carro?
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  - Sim.
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  - Por que estamos perdendo tempo falando, cacete? Anda, levanta e a coloca lá dentro.
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  Inicialmente Kalisto não aprovou as falas da jovem. Minutos mais tarde se repreenderia por julgá-la e critica-la numa situação tão desesperadora.
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  O advogado segurou a senhora nos braços enquanto Mia agarrava a bolsa da mãe. A garota foi em seu encalço e se certificou que o ar-condicionado do caro carro preto estivesse ligado no máximo e direcionado para a mulher, quem começava a voltar a consciência. O advogado já entrara no veículo e a mais nova continuou em pé ao lado da genitora secando algumas gotículas de suor na testa com um paninho amarelo encontrado na bolsa marrom desbotada.
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  - Mi... Mia, filha? - balbuciava buscando o olhar da garota – Onde estamos?
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  - No carro do Kalisto. Ele foi quem teve a ideia de te trazer pra cá.
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  - Kalisto? – a senhora olhou para o lado e se deparou com o homem quem não via há quatro anos – Ah, querido, desculpa pelo trabalho. – abriu um sorriso cansado – Olha como as coisas são. Estou envelhecendo e dando trabalho extra pra quem me cerca.
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  - Não se preocupe. – retribuiu o sorriso aliviado pela doce mulher estar se recuperando – Essas coisas acontecem.
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  Mia se acomodou no banco traseiro, aproveitando do ar fresco do ambiente.
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  Havia algo de estranho nela – e não era apenas o desmaio. Sempre que se lembrava de Micaela ela tinha um sorriso alegre estampado no rosto, assim como um brilho no olhar característico de quem era afável com as pessoas e de bom coração, além da expressão leve. Ali? Parecia ter envelhecido dez anos num período de quatro anos. O rosto estava bem cansado, como se carregasse um enorme peso. Olheiras fundas preenchiam ao redor das íris castanhas, a pele tornara-se manchada e acinzentada. Talvez estivesse passando por um problema de saúde – e isso trataria de descobrir.
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  - Sua filha contou que desmaiou quando leu uma mensagem pelo seu celular. Recebeu uma notícia ruim?
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  - Ah, não. Não é nada de demais. – abaixou a cabeça e balançou-a em negativa.
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  - A gente saiu de casa sem café da manhã e sem almoço. Não tivemos tempo de comer nada. – explicou Mia – Talvez a pressão dela tenha baixado por causa disso e do calor também.
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  A filha, perante o olhar atento e perspicaz do moreno, era verdadeira em sua fala. Sua mãe, não.
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  Para o advogado era uma clara mentira contada por Micaela para esconder alguma informação. Devido a profissão aprendeu a detectar sinais inverdades e a ser guiado pela sua intuição – e naquele momento sua intuição berrava que Micaela escondia algo.
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  Ao analisa-la de cima abaixo a convicção tornou-se mais forte. Ao oposto de quando costumava visitar a casa de Rafael, suas roupas eram antigas, puídas. Não passara nenhuma maquiagem, embora, antes, para ir na esquina, a vaidosa mulher usava seu lápis preto e seu batom. Não era desleixada com sua aparência e não compreendia o motivo para a mudança tão profunda.
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  - Iam comprar algo no mercado?
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  - Sim. – respondeu Mia.
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  - Micaela, está tudo bem para você caso ela fosse fazer as compras enquanto fica aqui dentro comigo se recuperando?
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  - Ah, não, Kalisto. Eu não quero atrapalhar. Certamente tem afazeres durante o dia e...
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  - Aos finais de semana não trabalho. Os aproveito ao lado de amigos, familiares, em lazer ou descansando no sossego de casa.
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  - Eu vou rapidinho, mãe. Juro que não demoro. – se inclinou no banco para beijar a bochecha cheia.
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  - Tudo bem, então. A lista está na minha bolsa, assim como o meu cartão. Pode ir.
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  Quando a garota adentrou no mercado, Kalisto começou:
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  - Seu desmaio foi um pouco mais grave do que uma simples queda de pressão, certo?
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  - Por que acha isso?
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  - Sou advogado e trabalho na área há um tempo. Consigo identificar uma desculpa com facilidade.
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  A frase foi demais para a pobre senhora, quem desabou ali mesmo. As lágrimas corriam torrenciais enquanto as marcadas mãos tentavam secá-las.
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  - As coisas andam difíceis pra vocês? - afagava o pequeno ombro tentando transmitir um pouco de consolo.
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  - Sim. Muito. – os negros cabelos lisos na altura dos ombros escondiam a face.
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  - O seu marido...
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  Não foi necessário terminar a frase para compreender que o homem havia morrido graças a reação dela: encolheu o corpo e enterrou o queixo em seu próprio peito tampando a boca com ambas as mãos para controlar os soluços.
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  - Eu sinto muito. – murmurou sentindo a energia ao redor pesar – Qual foi o conteúdo da mensagem recebida?
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  - Era o proprietário da minha casa. – Kalisto se esforçou para entender as palavras – Ainda moramos de aluguel, mas estamos há cinco meses com o aluguel atrasado. Não temos dinheiro pra pagar. Venho mentindo pros meus filhos porque não quero sobrecarrega-los com esses problemas. Os dois já sofreram o bastante. Entrou com uma ordem de despejo e deu a próxima semana para nos organizarmos com o intuito de sairmos dali.
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  A frase o preocupou mais do que deveria.
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  - Não há nada que possam fazer para reverter essa situação?
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  - Não. Isso apenas resolveria com o dinheiro e não temos isso.
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  - Talvez possa recorrer ao Rafael. Imagino que já esteja trabalhando como advogado e...
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  - Ele saiu da faculdade.
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  - Como? – franziu o cenho sem esperar pela notícia.
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  - Desistiu do curso faltando menos de dois anos para se formar porque me tornei uma completa inútil impossibilitada de andar direito e passando a maior parte do tempo sentada.
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  Havia tanta frustração, decepção, raiva e tristeza acompanhando a fala que preferiu não se aprofundar no assunto.
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  - Escuta, caso te interesse tenho contatos com professores e os reitores da faculdade. Posso atuar por debaixo dos panos para ele finalizar os estudos.
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  - Kalisto, quantas vezes terei de dizer. – soou exausta, como se nos últimos anos sua concentração foi voltada para a sobrevivência dela e da família – Nem dinheiro temos para pagar o aluguel. Como...
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  - Isso você deixa comigo. – a interrompeu e elevou a voz para sobrepujar a dela – As aulas retornarão no mês seguinte e adicionaram o curso pro horário noturno. Acho que não vai afetar os horários dele no trabalho. A propósito, passe seu número pro meu celular. Assim que obtiver a resposta aviso pra você. Só não comente nada com o Rafael. É melhor essa informação sobre mim ser ocultada.
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  Esse não era o principal objetivo para adicionar o número de Micaela na agenda. Mais tarde naquele mesmo dia iria transferir um valor gordo suficiente para pagar os cinco meses de aluguel atrasados – e os dos próximos três meses também quitados. Não permitiria que a família fosse despejada, independente do que aconteceu entre ele e Rafael no passado.
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  Kalisto manteve a conversa de maneira mais amena para Micaela recuperar-se do pranto. Até conseguiu fazê-la rir quando contou uma das histórias no começo da carreira.
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  Voltava de carro do escritório quando foi abordado por um homem armado. Quando desceu do veículo com as palmas para cima, o assaltante o reconheceu e retirou uma máscara, revelando não apenas o largo sorriso como também a identidade: era Michael, também conhecido como Maike Doidão da Favela. Guardou a arma para dar um abraço em seu advogado e logo explicou porque estava sem a tornozeleira – de uma maneira que nem Kalisto queria saber, a retirou há três dias e a colocou numa das galinhas que morava em seu quintal.
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  - Aí, pode ir, meu patrão. – Michael se despedia dele enquanto Kalisto colocava o cinto – Escuta, essa área aqui eu dou conta com os meus. Pode ir tranquilo que vou avisar pros cria não fazer nada contigo e nem com o seu carro.
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  Via a senhora segurar a barriga de tanto rir.
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  - Pois é, Micaela. Advogado criminalista passa por isso pelo menos uma vez.
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  Mia chegou quinze minutos depois com as compras em três bolsas.
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  - Está melhor, mãe. – comentou aliviada e batendo a porta.
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  - Bem melhor. Falei que não havia porque se preocupar.
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  - Agora são quase três da tarde. – Kalisto avisou após checar o horário pela tela do celular, guardado no bolso dianteiro da calça – Posso leva-las para almoçar. Ainda não comi nada e adoraria ter companhia essa tarde.
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  Antes de Micaela sequer abrir a boca para responder, a garota de cabelos negros disse:
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  - Claro! Queremos, sim! Se tem uma coisa que quero, quer dizer, queremos é almoçar logo! – a jovem faltava dar pulinhos de alegria sentada no banco.
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  A encarando pelo retrovisor, a animação contagiante lembrou um pouco de Rafael.
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  - Mia, minha filha... – passou a mão pelo rosto sem se surpreender com a atitude da garota – Pelo menos uma única vez se faça de rogada.
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  - É ruim, hein? Estou com fome. Não vejo a hora de almoçar e depois escolher uma sobremesa. Se puder, é claro. – tirou as rasteirinhas e cruzou as pernas magras colocando o cinto.
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  - Por favor, perdoe a minha filha. Não quero incomodar.
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  - Não vai. Serão bem tratadas na minha companhia hoje.
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  Antes de começar a dirigir encarou o retrovisor por cinco segundos. Mia estava na mesma posição de antes e tamborilava ansiosa os dedos nos joelhos com o típico sorriso de criança travessa nos lábios.
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  - Igualzinha ao irmão.
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  Micaela detectou um misto de tristeza e saudade no comentário dele quando começou a dirigir, mas não questionaria nada.
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  O almoço não poderia ser melhor. As levou a um restaurante de sua preferência. Os funcionários não fizeram desfeita e nem torceram os narizes com a entrada das duas no ambiente, já que estavam acompanhadas de Kalisto, quem costumava frequentar o lugar com outros advogados. Comeram salada de legumes, frango, arroz e mais um ou dois pratos, com direito a sobremesa para as duas.
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  Mia estava radiante de felicidade e decidiu se fotografar em diferentes pontos do restaurante. Nem mesmo o belo corredor escapou de suas lentes ou alguns elementos, como um botão de rosa vermelha ou um belo lustre dourado.
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  As deixou em casa pouco antes do anoitecer.
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  - Filha, deixa eu falar uma coisa antes do seu irmão chegar. – destrancou a porta e colocou as compras no chão – Nem uma única palavra sobre hoje para ele. Ouviu bem?
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  - Sim, mãe. Só não entendo o motivo. Ele e o Rafa não eram namorados?
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  Apesar de Rafael nunca ter admitido na época, era visível para elas que Kalisto era bem mais do que amigos quando conviviam. Era comum o filho passar o final de semana inteiro no apartamento dele e retornar pra casa apenas na tarde de segunda-feira, às vezes já almoçado. Isso sem mencionar a química dos dois. Portanto, longe dos ouvidos do pai e do casal, mãe e filha costumavam chamar Kalisto de cunhado e usar de Kafael para se referir a eles.
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  - Eram. Ou, pelo menos, era o que aparentavam.
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  Foram para a cozinha enquanto conversavam e começaram a guardar as compras.
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  - Foi estranha a forma como se distanciaram. O Rafa simplesmente chegou aqui e não mencionou mais o nome do Kalisto.
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  - Por isso mesmo não quero que ele saiba. – começou a guardar os frangos congelados – E nem tente descobrir porque se afastaram. Sei como a senhoria é fofoqueira.
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  - Eu? – prolongou a letra “e” com a mão no peito numa entonação dramática e exagerada – Esse rostinho fofo e ingênuo aqui é incapaz de cometer tal atrocidade.
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  Após uma avaliação de cima abaixo, Micaela disse:
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  - Quem não te conhece te compra, menina.
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  Na primeira semana do mês seguinte Rafael estava mais efusivo que o costume e num bom humor admirável. E motivo tinha pra isso.
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  Recebeu uma notícia da mãe avisando que um amigo dela conseguiria ingressá-lo na faculdade com uma bolsa de estudos que supriria o valor do deslocamento, da alimentação e qualquer outro gasto oriundo da faculdade – eles só não imaginavam quem era o responsável por essa bolsa de estudos. Então não existia empecilhos para ele retornar aos estudos.
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  Na primeira oportunidade correu para conversar com Cacá, o cabelereiro e chefe do salão de onde trabalhava. A reação não poderia ser melhor. Combinaram que o horário dele seria centrado no período do dia.
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  Preparou-se para retornar às aulas tirando os cadernos com as anotações da estante. Sempre que tinha um tempo livre o usava para se atualizar nas matérias e alegrou-se por não ter se esquecido por completo do conteúdo. Deu a notícia para os amigos mais próximos numa chamada de vídeo e decidiram sair para comemorar num bar de esquina de onde Bruno morava. Mesmo que só tivesse o suficiente para pagar a sua parte da bandeja de petiscos cujo valor era bem barato, uma água e uma cerveja, nada tiraria seu contentamento e nem sua empolgação.
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  E foi nessa boa energia que entrou na sala, com um sorriso mostrando dentes até demais. Não tinha como comprar outras roupas, então usou as que tinha. Um short jeans colado, tênis branco e uma blusa branca estampada. Colocara um delineador discreto e um gloss transparente para realçar a beleza, além de pequenos brincos nas orelhas.
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  Talvez aquela roupa não fosse a ideal para o curso, mas se lembrou do que a moça costumava dizer pra ele:
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  ‘’Moço, não se deixe abater quando estiver triste ou incomodado com alguma coisa. Se enfeite. Passe maquiagem e vista-se da forma como mais lhe agradar. Quanto mais triste estiver, mais bonito deve estar. Sabe por quê? Ajuda. E não é pra você se enfeitar pra um par de calça ou par de saia, não, apesar de não gostar de mulher. É se pôr bonito pra você porque merece olhar para um espelho e gostar da imagem refletida.”
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  Ele estava feliz, sim, mas igualmente inseguro – principalmente após dar a notícia para André.
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  O atual namorado fora visita-lo no dia seguinte da sua mãe avisá-lo sobre a possibilidade de retornar para a faculdade. Havia retornado de viagem há três dias e foi recebido por Rafael em um prolongado abraço que demorou a ser retribuído.
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  - Rafael, calma. – gentilmente retirou os braços ao redor de si – Assim vai me sufocar.
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  - Ai, amor, desculpa. É que estava com saudade. – sentou no sofá num ar ainda feliz.
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  - Eu sei. É que você é meio grudento. – deu um beijo no topo da cabeça antes de se acomodar ao lado dele – Só precisa dosar.
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  - Ah... Está bem.
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  O ruivo não demonstraria que aquele comentário, mesmo sendo pronunciado com suavidade, lhe gerasse incômodo.
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  - Trouxe um presente pra você.
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  - O quê?
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  Retirou um embrulho do bolso e o entregou para o outro. Mais uma vez Rafael disfarçaria bem. A pulseira era até bonita, mas não costumava usar pulseiras e nem peças prateadas.
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  - Que lindo, amor! Obrigado! Já sei até onde estrear.
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  - Onde? Em algum dos shows? – a voz continha certo desdém que Rafael ignorou.
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  - Não, bobinho. No meu primeiro dia de aula.
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  - Como? – ergueu uma das sobrancelhas sem compreender.
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  Quando explicou animado que retornaria para o curso de Direito, André não pareceu gostar.
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  - Tem certeza? Não está meio velho pra isso, não?
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  - Que é isso, André? Tenho nem trinta anos. – o repreendeu.
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  - Sei lá. Vai que você começa a ficar sem tempo pra mim na sua agenda. Eu também mereço atenção, sabia?
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  - Ah, menino manhoso. – deitou a cabeça no ombro – Vai ficar em segundo plano, não. Vou coloca-la no meu primeiro dia de aula para dar sorte.
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  Não sabia como conseguiria encaixar seus horários e nem como seria no período de provas, porém o primeiro e mais relevante passo deu: retornar para o seu amado curso.
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  Arrependeu-se amargamente de ter recebido aquele presente, principalmente de tê-lo colocado no pulso. Não trouxe sorte nenhuma. Pelo contrário. Trouxe azar. Definitivamente o objeto foi amaldiçoado por alguma bruxa de séculos passados. Idiota foi ele por não ter compreendido os sinais de que a pulseira não lhe traria felicidade. André mencionou seu trabalho artístico, a pulseira era de uma cor que ele não gostava e ele nem usava pulseiras.
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  Fez ressurgir das cinzas uma pessoa que deveria pertencer ao seu passado e jamais sair de lá. Aliás, se tivesse sorte, seria levado pro inferno pelo Lúcifer em pessoa enquanto o assistia ser puxado pela manga daquele terno azul marinho comendo uma pipoca e tomando Coca-Cola.
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  O lado bom é que ninguém mais prestava atenção nele, então não notaram sua palidez, seu olhar aterrorizado, o tremor nas mãos e nem o corpo enrijecido com a entrada do professor, quem foi direto para a sua mesa.
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  - Boa noite. Meu nome é Kalisto Andrade e serei o professor dessa turma.
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Capítulo 1
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