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Sem curiosidades para essa história no momento!

A Vilã da Casa Bellerose

Capítulo 1

  - Finalmente, o último capítulo foi postado!
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  Desci do ônibus com os olhos vidrados no meu celular, já salvando nos meus favoritos o capítulo mais aguardado de um de meus manhwas((manhwa: é o nome para mangás coreanos.)) favoritos. Sem prestar muita atenção no caminho, andei o mais rápido que consegui para chegar em casa e ter um tempinho antes de ter que ir para o meu outro emprego. Como sou liberada somente meia-noite e o cansaço do dia se acumula, não tenho forças para postergar a minha tão adorada leitura, ainda mais na reta final. E a ansiedade não me daria um descanso – a curiosidade sempre fala mais alto –, todavia, sou responsável o bastante para saber que ler enquanto ando não é a melhor combinação. Alguns acidentes durante os últimos meses haviam ocorrido tanto por pedestres quanto por motoristas que não desgrudavam de seus celulares, então, sendo um bom exemplo, logo guardei o meu e me chamei de hipócrita, soltando uma risada abafada. Vinte minutos se passaram e pude avistar a fachada antiga do prédio de onde eu moro, e observei que a senhoria estava na porta juntamente de seu neto. Por ser filha única – e abandonada por ambos os pais –, cresci sempre querendo ter um irmão mais novo ou alguém que pudesse compartilhar todas as novidades, e assim que me mudei para esse lugar, fui acolhida pela dona e às vezes eu trabalhava como babá de seu neto, que até me chamava de irmã mais velha. Cumprimentei os dois e corri pelas escadas, alcancei minha porta e girei a maçaneta com certa pressa, já tirando minhas roupas pelo trajeto e indo tomar um banho. Na parte da manhã todos os meus pertences para mais tarde já estavam organizados, me dando meia hora a mais para saborear um sanduíche e entregar a minha atenção para a “Vilã Da Casa Bellerose”. Vesti meu pijama e arrumei a minha escrivaninha, liguei o notebook e abri a página da história, dando início ao final.
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  - Realmente, eu mal posso esperar para ver a conclusão!
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  - Isso eu não aceito! – exclamei irritadamente pegando minha bolsa. – A história é tão boa, mas por que o final da Arabella foi tão trágico? Claro, ela é taxada como vilã, óbvio que teria um final ruim, porém… Ela sofreu mais que todos ali! – Joguei meu travesseiro na cama e suspirei fundo, enxugando as lágrimas do meu rosto e caminhei para as escadas, mais uma vez.
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  - Já saindo para o trabalho, Akira? – A senhoria sorriu. – Vá com cuidado, filha.
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  - Obrigada, senhora Yoko! Nos vemos mais tarde, Yuri!
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  Com o aceno do pequeno, segui para mais uma andada de meia hora até o meu destino e fui tentando digerir tudo o que aconteceu nesse último capítulo. Por mais triste que eu esteja pela morte da Arabella, fiquei feliz por ter acompanhado a sua história, quase como se eu fosse uma amiga próxima sua. Os cenários, os personagens, o plot! Tudo foi tão bem elaborado e escrito, além de que o traço da autora é tão bonito que me deixou mais apaixonada ainda pelo manhwa!Quando uma colega da faculdade me indicou, eu não esperava ficar tão animada, e cá estou, com meus pensamentos todos voltados à história e sem acreditar que acabou. A autora disse que não pretende fazer nenhuma side story((side story: é uma história paralela da história principal, geralmente focando em personagens secundários.)) e que prefere imaginar que seus personagens prosseguiram os seus caminhos por si próprios, restando para nós, meros leitores mortais, criar teorias sem respostas para o futuro deles. Entretanto, algumas dúvidas restaram, mas, quando percebi, estava dando boa noite para o meu chefe e pondo o meu avental.
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  Depois de cinco horas estocando as prateleiras, atendendo clientes e fazendo levantamento dos produtos, pendurei o avental e me despedi dos meus colegas e superiores, que iam para o lado contrário do meu. Como os ônibus haviam parado de rodar, aproveitei de mais uma caminhada e o que ela tinha para oferecer: a brisa fresca e o silêncio. Um ótimo momento para criar hipóteses sobre a história e suas pontas soltas, enquanto eu observo as folhas que caíam das árvores por conta da estação.
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  Minha mente absorvia inúmeras ideias que eu ia tendo, e aproveitei para checar as mensagens ao esperar o sinal fechar. Grupos da faculdade falando sobre as provas e sms com promoções de mercado, uma ou outra atualização de colegas nas redes sociais e, para ser sincera, nada muito interessante. Olhei para ambos os lados e atravessei a larga e praticamente deserta rua, ainda sem superar a história e pensando em entrar nos fóruns para comentar sobre com outras pessoas. Entretanto, o meu entusiasmo foi substituído por uma dor absurda e uma escuridão, e as últimas palavras que escutei foram “aguente firme, estou chamando a ambulância para você”.
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  - Quem é que deixa a janela de um hospital aberta?
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  A primeira coisa que senti foi um frio terrível. Era como se fosse inverno e eu estivesse vestindo roupas que usavam durante o verão, e a primeira reação que tive foi procurar por cobertas, mas o que achei foi um lençol remendado. Minha visão estava um pouco borrada e, ao tentar levantar, percebi que não tinha forças na perna e caí no chão. Tateei até encontrar algo que pudesse ajudar a me sustentar, e quando consegui enxergar claramente o meu reflexo no espelho, um arrepio tomou conta do meu corpo. A imagem à frente definitivamente não correspondia ao que eu estava acostumada; o quarto não era de um hospital, e sim de uma casa que eu conhecia como a palma da minha mão.
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  - Cabelo longo vermelho, olhos dourados e um vestido rasgado verde… – Levei meus dedos para minhas bochechas, apertando-as sem piedade. – Eu me tornei… a Arabella?!
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Capítulo 2

  Apertei mais uma vez minhas bochechas e belisquei meu braço, vendo que a dor que eu sentia parecia ser real até demais. Procurei por mais provas que comprovassem que eu havia mudado de corpo, mas só o reflexo no espelho por si próprio dizia a verdade. Os sinais em seu rosto – que na história ela escondia com maquiagem – estavam a mostra e não tinha erro: esse corpo é o da Arabella! Se ainda há possibilidade de ser um sonho, uma hora acordarei, entretanto, preciso saber o que fazer agora. Afinal, não é todo dia que se ganha uma segunda chance! Uma chance com suas certas vantagens, então, a partir de hoje começarei a viver da melhor maneira.
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  Até a página dois, claro.
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  Suspirei pesadamente e comecei a andar de um lado para o outro; o que mais me incomodava era não saber em qual parte da história eu estava, e esse era um fator decisivo para qualquer plano que eu decidisse seguir. Se meu chute estiver certo, logo a empregada, Giovanna, abrirá a porta enquanto os demais estão dormindo. Em uma das visitas que a mãe de Arabella fez, ela trouxe uma jovem da mesma idade que sua filha, a apresentando como sua nova e exclusiva empregada. Giovanna vinha de uma família de pessoas comuns do Sul, e uma das características de seu povo era o cabelo cacheado em um tom de azul pastel, me fazendo lembrar de um algodão-doce. Celine Fiore a achou escondida durante uma de suas batalhas e perguntou se ela gostaria de retornar à casa Fiore consigo, para se tornar a empregada de sua filha mais velha. A mulher explicou para a jovem que não conseguia passar tempo suficiente com sua primogênita e, com isso, sempre quis que ela estivesse rodeada de pessoas de sua idade, para que pudesse levar uma vida mais tranquila com a sua ausência. Quando se conheceram, Giovanna percebeu prontamente que Arabella Fiore sofria silenciosamente e que seu pai era o causador de toda a dor. Foi nesse momento que a nova empregada, consumida por raiva, pegou nas mãos de menina à sua frente e jurou que faria o que estivesse ao seu alcance para ajudá-la. Ter a presença de uma nova figura ao seu lado foi um dos motivos que fez com que Arabella levasse seus dias um pouco mais leves. Assim como era sua melhor amiga, Anna também cuidava de seus irmãos, os protegendo de sua babá sempre que podia, pois a mulher gostava de punir os menores por qualquer razão. Particularmente, a amizade das duas sempre foi muito verdadeira, e eu gosto tanto de como a personagem da Giovanna foi construída. Infelizmente, não sei tanto sobre o seu passado, mas sei que se eu tiver que confiar em alguém, será nela.
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  - Bella? – A porta rangeu ao ser aberta, me dando a visão de uma Anna com a sua feição irritadiça que eu tanto adorava ler.
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  Desde o início, a empregada nunca tratou Arabella como se pisasse em ovos, sempre deixou claro que a trataria com todo amor e honra, que era o que ela merecia, a fazendo se sentir bem. E também nunca abriu mão de mostrar sua insatisfação e raiva com o jeito que sua amiga vivia, consequentemente, eu sabia que só por seu olhar, ela estava prestes a amaldiçoar o marquês da Casa Fiore.
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  Meu atual pai.
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  - Você está tremendo! Rápido, me deixe pôr esse casaco na senhorita. – Meu corpo foi envolto por um cobertor seguidamente.
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  - Obrigada, Anna. – Vê-la tão perto era como se fosse um sonho, às vezes imaginava como deveria ser ter uma amiga, e não só isso, Giovanna é tão bonita quanto no manhwa!
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  - Tem alguma coisa no meu rosto, senhorita? – Franziu a testa, me fazendo soltar o ar.
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  - Não, Anna. – Eu queria dizer que ela é linda e que quase pintei meu cabelo de azul por sua causa, contudo, agora não é o momento, infelizmente.
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  - Todos estão dormindo, podemos seguir para o seu quarto. Preparei seu banho com a água na temperatura ambiente, conforme a senhorita for se lavando, adicionarei a água quente para aquecer o seu corpo. Dessa forma, evitamos que você se resfrie, Bella. – Apenas assenti, achando uma graça a forma como ela ainda tratava Arabella, misturando algumas formalidades com a casualidade.
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  O trajeto para os meus “novos” aposentos foi silencioso, entretanto, ao passar por perto do escritório que estava entreaberto, pude ouvir vozes distantes e risadas, o que me causou um certo desconforto. Os ambientes da casa são iluminados pelo luar, e a arquitetura que chamava minha atenção durante a leitura, agora, não me encantava tanto. Continua com sua beleza e toques únicos, mas se eu já achava que era um local centralizador de tristeza na minha vida passada, no momento, vivenciando apenas uma hora nesse novo corpo, a certeza é clara como cristal: aqui não resta uma partícula de felicidade para Arabella Fiore. Nem uma única raspa. Senti um certo alívio ao entrar na banheira redonda de madeira, que ao contrário de onde eu estava, dava a sensação de que eu recebia um abraço reconfortante. Giovanna penteava gentilmente meu cabelo, alternando em lavar minhas costas com cuidado, e eu apertei minhas pernas contra meus seios, mordiscando o lábio inferior para evitar que as lágrimas rolassem.
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*

  Por mais estranho que seja eu ter me conformado com essa nova vida, não é como se eu tivesse uma outra possibilidade, afinal, encarar a realidade da maneira mais crua e cruel é algo que tanto eu quanto Arabella já nos conformamos desde cedo. Ao ser abandonada por meus pais, meu avô cuidou de mim e antes de eu completar a maioridade, ele veio a falecer por causa de sua doença. Como a única família que me restou tinha partido, decidi me mudar com o dinheiro que havia guardado para mim, encontrando Yoko e Yuri em um dia chuvoso e sem esperanças. Mesmo que soe dramático, as lembranças tão dolorosas do passado iam de pedacinho em pedacinho sendo substituídas pelas que essa avó e seu neto puderam me proporcionar, e no meio disso, eu consegui entrar na faculdade e em um emprego. Consequentemente, comecei a enxergar novas oportunidades ainda com dificuldade, porém, eu sabia que eu tinha que seguir em frente.
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  O grupo que eu fazia parte na faculdade era sempre aberto a conversar sobre qualquer coisa, independente de vocês serem amigos. Era como escrever em um diário: pessoas que eram confiáveis até para alguém que não confiava em ninguém facilmente. Não os considerava como amigos, também por não saber como uma amizade verdadeira funcionava muito bem, todavia, se eu tivesse sido rodeada por indivíduos que nem eles na minha adolescência, talvez o peso teria sido mais fácil de carregar. Quando estava em um período bastante complicado, uma colega disse que nessas horas, tentava se distrair lendo mangás, manhwas, manhuas e novels, e me indicou vários títulos e algumas séries. Com o tempo livre entre os estudos e trabalho, pesquisei a lista que havia anotado, e logo me vi em um novo mundo onde eu esquecia um pouco dos problemas e realmente me distraía. A Vilã Da Casa Bellerose foi a minha primeira leitura e eu fiquei simplesmente viciada na história. Toda semana eu checava a nova atualização, chorava e sorria com as personagens e me divertia nos fóruns de comentários sobre os capítulos, enchendo esses últimos meses da minha vida com uma montanha-russa de emoções. Mas, sendo sincera, a Arabella me fascinou na sua primeira aparição, desde a sua personalidade quanto a sua vontade de viver, ainda que estivesse à beira da morte. Acompanhar toda a sua trajetória me fez lembrar de fases da minha vida que eu sofria igualmente a ela, em situações um tanto diferentes. Abandono, traição, abuso físico e psicológico e, a cereja do bolo: parentes de merda.
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  A empatia que eu tinha por Bella é a mesma que eu tentava ao máximo ter por mim, e do mesmo jeito como meu avô, Yoko e Yuri me ajudaram, Giovanna e seus irmãos a acolhiam e a amavam. Ter pessoas que cuidam de você não faz tudo desaparecer, contudo, auxiliam nos dias difíceis e eu sou muito grata por quem cuidou da Akira.
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  Ainda não é a hora de dizer adeus à minha eu do passado, mas, quando o dia chegar, eu quero ter protegido a Arabella e sua família, e a vingar até a última gota de sangue que foi tirado de si.
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  É uma promessa.
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  - Senhorita – Anna chamou a minha atenção, me tirando do transe. – Não sei se você está com raiva, triste ou feliz… talvez os três? – Ela me olhou curiosa. – O que está pensando?
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  - Me desculpe pela preocupação causada – vesti uma camisola longa. – Giovanna, quando será a próxima coroação dos cavalheiros do Império?
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  - Daqui quatro meses, Bella.
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  - Interessante – sussurrei. – E respondendo a dúvida da senhorita – a vi torcer o nariz por falar como ela –, sim, estou com raiva. Mas, isso fará bem para os meus planos futuros, não é?
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  - Como desejar, senhorita.
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  - Anna – encontrei seu reflexo junto ao meu –, você gostaria de planejar um baile comigo?
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  O seu sorriso malicioso foi resposta suficiente para saber que a minha mais nova melhor amiga está a bordo no meu barco.
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  Quatro meses.
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  Quatro meses para eu destruir o marquês Fiore e toda a sua tripulação. Um por um, como peças de dominó prestes a serem empurradas e finalmente ter uma vida livre e tranquila.
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Capítulo 3

Coroação dos cavaleiros do reino de Bellary

  Um evento que reúne toda a população, desde os cidadãos comuns até o mais alto escalão do reino, ou seja, um dia em que a honra do país é consagrada por causa de quem o protege. Essa comemoração surgiu com a primeira família real que teve sua vida salva por um casal que não pertencia a nobreza, mas ousou a se aproximar do rei e da rainha a fim de defendê-los da oposição. A majestade, emocionado com tanta braveza, decidiu, então, nomeá-los como os primeiros guerreiros de seu reino, presenteando-os com títulos como agradecimento. Durante os séculos seguintes, um credo surgiu com o nascimento das igrejas e, com a graça divina abençoando os cavaleiros, acreditava-se que todos os descendentes diretos – filhos e filhas – dos soldados mais importantes do Império tinham tanto a força quanto a coragem de seus pais, portanto, os portões para aqueles que quisessem servir, sempre estariam abertos. Não era obrigatório, mas havia um certo peso para carregar por fazer parte de uma dessas famílias.
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  Ao todo, a Ordem Dos Cavaleiros Reais possuía vinte famílias que felizmente estavam espalhadas pelos quatro países que demarcavam o mapa de Bellary, mantendo a calma para os seus habitantes. Divididas pelos quatro elementos, cada região tinha sua característica, assim como suas especialidades. Mágica é um dos componentes desse mundo, e os feiticeiros, juntamente dos alquimistas, viajavam entre os países para aprenderem um pouco de todos os elementos para protegerem suas terras da melhor maneira possível. Óbvio que a tranquilidade só é dita da boca para fora, quem é integrante desse grupo seleto da Ordem, sabe que a probabilidade de seus familiares estarem em casa é quase nula, pois estão a dispor do Rei e do reino por vinte e quatro horas. Há algumas exceções, por exemplo: quando uma soldada engravida, ela pode tirar o tempo necessário para sua gravidez, seja apenas os meses da sua gestação ou cinco anos; se um dos soldados ou seus filhos adoecerem, uma licença é concedida; ou, quando se é o duque do país e o treinador dos cavaleiros de sua região.
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  Atualmente, o duque é o braço direito do Rei, e quem assume a posição são os descentes diretos dos anteriores, assim como é na Ordem. Existe a possibilidade de um Rei rejeitar o duque e pôr outra pessoa em seu lugar, mas é algo quase inexistente na história de Bellary. A família real e o duque são localizados no norte, onde se tem mais quatro integrantes da Ordem que dominam o fogo. Quente como o inferno, mas com algumas noites frias quanto o rio do sul, o norte era a região mais forte em relação ao combate, recebendo vários candidatos durante as aberturas, que aconteciam trimestralmente. A duquesa da Casa Bellerose, Viviene Bellerose, é a comandante do exército, entretanto, ela só treina os que estão sob os cuidados de seu castelo. Quando há guerras, é ela que comanda todas as tropas do norte que são treinadas pelos outros dois membros da Ordem e fora de seu castelo: Visconde Ariel LeBlanc e Viscondessa Zahara LeBlanc. Há somente dois integrantes que vivem mais nos campos de batalha, sendo um o cavaleiro particular da família real, Theodore Libony; e a outra, Celine Fiore.
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  Pensar na minha atual mãe não me causava estranheza, tampouco raiva. Era uma sensação de indiferença, talvez. Para Arabella, a falta dela continuava em seu coração, todavia, sabia que não tinha o que se fazer, por isso, prosseguiu sua vida com suas poucas visitas. Na história original, a autora não forneceu tantas informações a respeito dela, portanto, eu não vou me preocupar com essa questão no momento. Com essas lembranças, minha mente buscava as situações em que Arabella ia sendo vista fazendo as entregas misteriosas de seu pai, que mal sabia que era mandada em seu lugar para que no final, ele a usasse como culpada para se livrar de seus crimes. Por ter recebido uma boa educação, Bella sabia ler e escrever, além de muitas outras coisas que aprendeu antes das agressões iniciarem. Destaquei os eventos que me recordei e fui traçando uma linha para ligar um ao outro, mostrando as suas conexões. Nem todos os detalhes estavam claros, mas, para esse início, tudo o que escrevi era mais que suficiente para garantir a primeira página da minha sobrevivência.
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  Estiquei meus braços e os alonguei, massageando a nuca levemente. Minha cabeça doía por conta dos acontecimentos recentes e, infelizmente, o meu corpo ainda estava dolorido. Depois do banho, me vestir olhando os hematomas é a pior parte, ao mesmo tempo que causa uma tristeza, a raiva aparece e faz com que eu trema completamente. Suspirei pesadamente e decidi abrir a janela do meu quarto, que tinha as cortinas presas uma de cada lado, com seus laços verdes. O ar fresco da manhã logo seria preenchido por uma onda de calor, e de acordo com Anna, ela tinha preparado roupas leves e uma bebida gelada para nossa saída matinal.
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  - Senhorita – ouvi três batidas na porta.
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  - Entre – sentei na beirada da cama, enrolando uma mecha do cabelo no dedo.
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  - Gostaria de anunciar dois convidados importantes para o seu café da manhã, se me permite. – Assenti um tanto curiosa. Giovanna abriu a porta e entrou com uma cesta de piquenique em seu braço, sendo acompanhada por duas figuras pequenas.
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  - Bom dia, irmã!
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  Pisquei os olhos três vezes antes de confirmar que eu estou adiante das crianças mais fofas desse reino: Antonella e Anthoni Fiore, os irmãos gêmeos mais novos da Arabella. Enquanto meu cabelo é vermelho, os seus são castanhos e o que temos em comum são os sinais no rosto e os olhos dourados. Quem visse nós três juntos, diriam que somos família de longe e isso me conforta. Enquanto, durante sua vida, Arabella cresceu com seu pai falando que ela não é sua filha, que provavelmente sua mãe o traiu, e ver que felizmente seus irmãos eram semelhantes a si é um alívio.
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  Abri os braços e inclinei o tronco para baixo, vendo ambos correndo na minha direção e me abraçando. Peguei meus irmãos no colo, tendo que respirar fundo, já que ainda não possuía tanta força. Sorri para eles e recebi um beijo em cada bochecha, e logo começaram a contar o que sonharam e o que haviam preparado para o nosso café da manhã. Na casa Fiore, nunca faltou nada, mas para mim e pros mais novos, parecia que faltava tudo. Dinheiro não era problema, afinal, mamãe é uma das participantes da Ordem e por mais que não faça questão de um título, acabou ganhando um por insistência do meu pai. Todos achavam que a nossa família era perfeita e nem tinha como culpá-los pelo achismo, Perci Fiore sabia como mascarar sua maldade e ganância, sendo a definição de lobo em pele de cordeiro. Com o próprio patriarca odiando os filhos, os empregados seguiam a mesma linha, tratando-nos com desdém e agindo como se fossem mais nobres. Tanto Arabella quanto eu não gostava de usar o seu status para se sentir superior aos outros, mas, com certas pessoas, reparei que era mais que necessário. Nós tínhamos um título e o direito de usá-lo, então, com todo o meu agradecimento ao rei, irei usufruir do que foi me dado sem reclamar.
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  - Pronto, o penteado da minha irmã mais linda está perfeito! – Terminei de prender o seu coque trançado. – Agora, como meu irmão mais lindo quer o seu cabelo? – O coloquei na cadeira, passando a escova por suas madeixas.
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  - Quero um coque também, Bella! – Exclamou animado, juntando as mãos como se pedisse um grande favor.
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  - Tudo bem, como quiser, vossa alteza. – Como Akira, quando eu cuidava de Yuri, ele me pedia para fazer os mesmos penteados que eu usava, o que me deu experiência como uma cabeleireira amadora.
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  - Entre – respondi a quem batia na porta.
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  - O marquês Fiore está solicitando a sua presença em seu escritório – uma empregada surgiu, com sua feição de poucos amigos.
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  - Diga ao marquês que espere, quando eu terminar o cabelo de Anthoni, o encontrarei – comentei sem dar muita importância, voltando a atenção ao pequeno.
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  - Como? – A escutei perguntar incrédula. – Ele disse que é para você ir imediatamente! Que falta de respeito! – sussurrou irritadiça. A mulher é uma das mais velhas e que trabalha desde o nascimento dos gêmeos na casa, tendo a sua posição como a chefe das empregadas concedida após meu pai perceber o quão severa ela agia comigo, que na época tinha doze anos. Sua reação, no entanto, não me causou surpresa; tampouco raiva.
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  - Oh! – Caminhei para a porta calmamente, mantendo o contato visual com a outra. – Comunique ao marquês Perci Fiore que sua filha, Arabella Fiore, futura marquesa, se atrasará em alguns minutos – aproximei meus lábios de sua orelha. – Agora você ouviu? Se sim, pode se retirar.
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  - Entregarei a sua mensagem ao marquês, como desejar, senhorita – seu corpo enrijeceu e é maravilhoso ver o seu rosto em choque, como se tivesse recebido um balde de água fria. Por fim, assim que finalizou sua resposta, fechei a porta, mas ainda tive o gostinho de vê-la fazendo o trajeto para o escritório sem pestanejar.
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  - Solicitou a minha presença? – Fiquei em pé ao lado do par de poltronas acolchoadas, analisando todo o espaço até onde minha visão periférica permitia.
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  A sala, em um tom de verde pastel, é bem preenchida, tendo uma mesa de madeira com pastas e mais pastas organizadas por letra alfabética, além de ter dois aparadores – um de cada lado – e com espelhos acima. A iluminação não é ruim: há duas grandes janelas que permitem a entrada da luz solar, e o lustre no meio do teto fazia o seu trabalho ao anoitecer. Os detalhes restantes se dividiam em esculturas, quadros, medalhas – provavelmente de mamãe – e um tapete liso marrom que ocupava o centro do espaço.
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  - Soube que foi rude com a empregada chefe – a julgar pelo seu tom, o que o incomodava não é responderem seus serventes, e sim, ter que ouvir reclamações por culpa de sua filha –, mas como estou com pressa, serei breve e não punirei a minha tão adorada Arabella. Entregue esse envelope ao dono do bordel do centro durante sua ida para a cidade. – Seu sarcasmo me deu uma leve ânsia. Passei minhas mãos no meu vestido longo rosa, ajeitando-o brevemente antes de encarar o homem novamente. – É uma ordem, caso a sua capacidade de entendimento tenha deteriorado. Avise que preciso de uma resposta em três dias.
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  - Como desejar, marquês. Mas… se me permite – ele me olhou de relance, com certo desinteresse –, o que tem dentro desse envelope? – touché.
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  Pela primeira vez nesta manhã, o outro depositou sua atenção a mim, trazendo também o desgosto que sempre o acompanhava ao ver seus filhos, principalmente, eu. Dessa vez, veio ao meu encontro, segurando meu maxilar e o apertando fortemente, de forma que fosse difícil se desvencilhar:
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  - Quem lhe deu a permissão para questionar o meu trabalho?
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  - Perdão, marquês, não foi a minha intenção irritá-lo – as palavras saíam com dificuldade, entretanto, é o cenário ideal para o próximo passo. – Arabella entende a razão da punição, todavia, será que os convidados entenderão?
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  - Quais convidados?
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  - Os mercadores do sul. Os trouxe aqui como a boa e educada filha que o senhor criou – rapidamente seus dedos soltaram o meu rosto e recompôs sua postura, adotando uma pose firme e tratou de sorrir ao ver o casal entrando em seu escritório. – Oh, antes de ir, gostaria de levar os meus irmãos para a cidade – retribuí a falsidade em forma de sorriso e recebi uma pequena bolsa com moedas, logo sendo dispensada.
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  Pai de merda
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  Massageei meu maxilar e segui até a fachada da casa, encontrando Giovanna à minha espera com os gêmeos já sentados na carruagem.
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  A beleza da região norte de Bellary é incomparável com o restante das outras três; mesmo sendo abraçada pelas ondas de calor, sua vegetação é tão vívida quanto o seu céu limpo agregando ventos frescos para auxiliar no combate contra o clima quente. Infelizmente, Arabella e seus irmãos tiveram poucas visitas ao mundo externo, então essa viagem está sendo como se fosse a primeira para esse corpo e para mim. Tenho noção da estrutura de alguns lugares por causa da história, todavia, ver pessoalmente está em um nível totalmente diferente. Não pude deixar de ficar tão maravilhada quanto os pequenos, e admirá-los dá uma sensação de alegria genuína. Lembrar que duas crianças de seis anos são maltratadas e precisam estar sob ordens de uma babá que os menosprezava e que perderam parte de suas infâncias tentando sobreviver, aprendendo primeiro a ter medo do que amor, fazia o meu sangue ferver. Ver o quanto os três sofreram me fere profundamente e não há nada no mundo que parará a minha ira quando eu pôr a mão no marquês e em seus cúmplices, fazendo-os pagar por todos os seus crimes, até a última gota.
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  Para isso, com a ajuda de Anna, decidi dividir a manhã e a tarde em três momentos, tendo o primeiro partilhado com a ida ao escritório de Perci. Por mais que quisesse me vingar, eu precisava manter a minha imagem como a Arabella fazia, caso contrário, levantaria muitas suspeitas indesejadas. Claro, responder os empregados e o marquês causaria certos confrontos, entretanto, nada tão alarmante que eles começassem a vigiar meus passos. A mudança seria gradativa e deliciosa, afinal, a vingança é um prato que se come bem frio.
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  Não foi difícil criar um plano em pouco tempo; os detalhes não estavam 100% definidos, no entanto, uma das etapas principais já estava em movimentação e eu possuo uma noção do que quero realizar até o momento do plot original chegar. Se Perci Fiore se acha inteligente, eu me aproveitarei de seu ego inflado para usar a sua falta de atenção ao meu favor. Iniciando com esse tão importante envelope, que mal sabe ele o erro – ou deveria dizer acerto? – que foi ter entregado nas minhas mãos.
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  Na nossa primeira parada, adentramos um alfaiate não tão famoso, mas que tinha roupas tão boas quanto das alfaiatarias mais famosas do centro e com um preço acessível. Um verdadeiro achado e que eu só conhecia por ter lido no manhwa, o que me deu uma certa vantagem.
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  - Sejam bem-vindos! – Uma mulher alta e de cabelos curtos nos cumprimentou sorridente.
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  - Gostaria de ver novas peças para as crianças, de preferência, confortáveis.
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  - E para a senhorita?
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  - Mostre-me sua nova coleção para soldadas – solicitei com entusiasmo.
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  - E vestidos, por favor – Giovanna completou, recebendo meu olhar reprovador.
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  A loja é espaçosa, tendo suas laterais preenchidas por inúmeros cabides cheios de diferentes tipos de vestimentas. Separados por estação e funções, fomos apresentados a outros dois funcionários que cuidaram de nossas exigências, e no final, comprei três peças para cada, além de uma para a minha amiga, depois de muita reclamação por sua parte. Por estar vazia, não demoramos e tivemos uma boa experiência, já que eu não queria expor meus irmãos aos comentários do grande público do centro. Não tinha tantos rumores sobre mim espalhados ainda, os que Giovanna me contou eram os sem muita importância e é claro que Perci Fiore não deixaria sua imagem ser manchada. O homem só ligava para algo quando isso ferisse o seu ego, portanto, mesmo sendo um abusador que se beneficiava do dinheiro de mamãe e de seu título, impediria qualquer fofoca que contassem sobre a casa.
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  No plot original, quando decidiu usar sua filha como alvo para se livrar das acusações, ele que deu a largada nas falácias sobre Arabella, tornando a vida dela um inferno. Agora, como parte do plano, não pretendo estar sob os olhos da nobreza e da população, precisava ser low profile até ter uma popularidade e relevância dentre esses grupos. E, a fim de proteger os gêmeos de todas as pessoas ruins, no momento, é necessário não fazer alarde de suas presenças. Quero que eles consigam aproveitar suas saídas da melhor maneira, podendo ser crianças à vontade, sem medo de serem repreendidas ou apanharem sem motivo.
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  Sua segurança é a minha prioridade.
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  A segunda parada é em uma confeitaria, perto de onde o alfaiate se localizava. Na história original, a heroína conhece o estabelecimento durante sua viagem para o norte, quando é chamada para o seu primeiro encontro com o futuro duque. Após o noivado, ela fez questão de pedir ao dono que fizesse parte de seu buffet de casamento, ajudando o comércio a ganhar notoriedade.
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  - Podem escolher até quatro pedaços, tudo bem? – Me agachei, alcançando suas alturas.
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  - T-tem certeza? – Anthoni perguntou quase que babando em cima da vitrine. Assenti e apertei levemente suas bochechas, escolhendo também um pedaço de torta para mim.
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  O dono parece se divertir com a alegria dos gêmeos, dando provas de diferentes doces para eles com animação. Entreguei a embalagem com as guloseimas para Anna e ela guardou na nossa cesta de piquenique, que será utilizada na última parada. Nosso almoço é em uma área um pouco mais povoada, mas nada que comprometeria os meus objetivos e atrapalharia a brincadeira dos meus irmãos.
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  O parque possui um lago raso no seu centro, sendo seguro caso quisessem molhar seus pés na água. Estendemos uma toalha na grama, tendo Giovanna distribuído os sanduíches e as bebidas para nós, e logo iniciamos nossa refeição. Depois de descansarem, Nell e Thoni pegaram seus brinquedos e minha amiga tirou da cesta o necessário para iniciarmos as primeiras transcrições. Com cuidado, abri o selo do envelope e tive acesso às informações ao grande projeto ilegal que o marquês estava planejando. Sorri com o conteúdo; definitivamente, sua falta de atenção o faria pagar um preço tão alto quanto a sua burrice.
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Capítulo 4

  A única coisa que meus antigos parentes me ensinaram antes de me abandonar foi a me adequar rapidamente a qualquer situação, por pior que fosse. Por vivermos amontoados em dívidas, sempre nos deslocamos de um lugar para o outro, até o momento que me levar junto se tornou um custo maior do que esperavam. Suas palavras se repetiam na minha mente em qualquer momento difícil, e por mais que eu quisesse ignorar, eu lhes dava um pouco da razão.
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  Assim como na minha vida passada, a antiga Arabella precisou se adaptar drasticamente à todas as mudanças que ocorreram rapidamente e, agora, comigo “reencarnada” como ela, não seria diferente. Com a falta de atenção e a burrice do marquês, foi fácil conseguir dinheiro suficiente para o meu planejamento; enquanto estava ocupado em ser uma pessoa horrível – me ameaçando e cometendo micro agressões –, eu recepcionava todos os seus convidados que iam na casa durante a semana, a fim de criar um cenário onde eles quase descobrissem o que eu sofria. No entanto, por ainda não ser a hora de revelar todas as crueldades do homem, precisei calcular bem o tempo para que meu plano fosse efetivo.
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  Mesmo que os outros o vissem pondo as mãos em mim, provavelmente não interfeririam, como belos covardes que são. Mas, para manter o seu status e imagem intocados, Perci Fiore não faria nada na frente de seus sócios, ao invés disso, ele estava armazenando sua irritação por dias, sendo incapaz de fazer o que bem entendesse comigo.
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  Aproveitando as oportunidades, eu e Giovanna organizávamos um dossiê com o máximo de provas contra o marquês que conseguimos durante esses quinze dias, de acordo com o nosso baile. Desde a nossa primeira ida à cidade, comentei com Anna sobre o meu plano de vingança e que eu pretendia fugir com os meus irmãos antes do plot começar – deixando a informação sobre a história original de fora, por enquanto. Ela concordou com a minha ideia, todavia, levantou a questão de que se eu fugisse, as chances do homem colocar uma equipe atrás de mim seria grande, podendo movimentar até a família real por causa da posição de mamãe e tornando nossas vidas piores do que são. Minha amiga estava certa, o que nos encaminhou a pensar na possibilidade de eu ser expulsa pelo próprio, já que ele não havia feito por eu não ter dado motivos palpáveis. Em suma, o esqueleto principal do nosso baile estava saindo do forno e conforme os dias se passaram, pude aproveitar as várias brechas para pôr em ação o que tínhamos combinado.
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  Ao se conhecerem, Giovanna e Arabella determinaram algumas palavras chaves e as deram um novo significado, podendo assim conversar sobre seus assuntos importantes sem serem observadas por terceiros. Conhecido como uma festividade comum em todo o reino, bailes são eventos que podem possuir vários cenários e objetivos, sendo importante planejá-lo com certa antecedência para que os detalhes saiam da melhor forma. E, para dar continuidade à nossa lista de afazeres, meus pés deram os seus primeiros passos para fora do quarto, o qual fechei a porta de costas e comecei a atravessar o longo corredor.
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  O tapete que eu pisava tinha diversos desenhos de forma que parecia que estava contando a história de alguma guerra antiga, com seus guerreiros armados e animais espalhados. Mesmo com serventes para todo o lado, o único som que eu me concentrei foi o dos meus saltos, ajustando a minha respiração conforme eles tocavam o chão. Os olhares dos demais vinham como flechas nos meus ombros, de modo que dissessem que a minha presença não é aceita ali e que ela os irritavam. Minhas mãos, cobertas por luvas rendadas, tocaram as maçanetas frias calmamente, dando um minuto a mais para que eu respirasse fundo pela última vez antes de girá-las.
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  A atmosfera densa e hostil é a primeira percepção que tenho antes de ser recebia com um tapa em meu rosto; a ardência surgiu velozmente e levei meus dedos à minha bochecha, sentindo a parte da pele atingida quente. Enquanto o homem patético andava impaciente de uma janela a outra, bradava fervorosamente todos os xingamentos e ameaças que proferia a mim desde mais nova. Pude ver o selo da carta amassada que ele carregava e me limitei em dar um sorriso de canto, vendo que a cereja do bolo tinha sido entregue a tempo.
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  Os aliados do marquês são escolhidos a dedo, sendo mercadores descartáveis o suficiente para o homem jogá-los fora quando não lhe servissem mais, então, integrantes da nobreza nem sonhavam em adentrar a sua lista de parcerias.
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  Perci Fiore sabia que na primeira oportunidade, os nobres o colocariam na beirada da prancha, sem remorso algum – mesmo que se beneficiem do “negócio”. Afinal, nenhum deles era tão ingênuo de cair em contratos fraudulentos e correr o risco de serem presos. Agindo com o seu mau-caratismo e ganância para cima dos desavisados, os seus sócios são, em sua maioria, tão sujos e burros quanto o mais velho – o que o auxiliava e se fazia passar por inteligente era a sua lábia.
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  Vinda diretamente da família LeBlanc e sendo um dos maiores terrores do marquês, a carta em questão é uma resposta do único filho e herdeiro do visconde Ariel LeBlanc e da viscondessa Zahara LeBlanc, ambos participantes da ordem. Ethan LeBlanc é um dos mais jovens cavaleiros do exército do norte, juntamente de seu melhor amigo e futuro duque, Killian Bellerose. Com seu status e suas habilidades tanto com a espada quanto com magia, não era surpresa que sua falta de interesse em casamentos faria com que o seu pai começasse a apresentá-lo para as senhoritas do reino, a fim de achar a candidata perfeita para seu primogênito – e se ela fosse uma descendente direta da ordem, o jackpot((jackpot: Prêmio elevado atribuído num jogo de azar, resultante de acumulação de prémios ou apostas.)) seria incrível.
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  Na história original há menções de que o Ethan observava Arabella de longe, no entanto, nunca houve nenhuma interação entre os dois. Claro que isso se deve ao marquês manter a própria filha alheia dos muitos pedidos que recebia, e quando lembrei que o homem escondia as cartas designadas a mim em uma de suas gavetas, não pude deixar de encontrar uma forma de tê-las. Para o meu agrado, suas chaves ficavam em seu escritório, então não foi difícil colocar as mãos nos diversos papéis e lê-los. A carta de Ethan foi a que mais prendeu minha atenção, sendo minimamente a mais interessante e a que ajudaria no meu plano inicial e a estressar ainda mais o marquês. Respondi da mesma forma que o remetente, fingindo ter interesse em seu convite e aguardei a sua carta chegar, rezando para que caísse nas mãos de Perci Fiore – e minhas preces foram ouvidas!
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  - Quais são as suas intenções com isso, Arabella? – Exalando sua ira sem esforços, apontou seu dedo na minha direção. – Quando te autorizei a trocar cartas com o filho do visconde?
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  - O senhor nunca me proibiu de conversar com outros nobres – pausei, penteando as madeixas do meu rabo de cavalo baixo. – E com o meu debute na sociedade se aproximando, achei que ficaria feliz em saber que tenho propostas de casamento.
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  - Ha! Feliz? A única coisa que me deixaria feliz seria te vender para qualquer um que pagasse bem! Você ainda tem esperanças de se casar com esse rosto? – Ele segurou meu maxilar e apertou fortemente, me forçando a encará-lo. – Arabella, pela milésima vez, repetirei para você: ninguém gostará de uma menina que o único talento é ser burra, compreende? Arabella Fiore é uma grande vergonha para a minha casa e é nada sem mim. Nada! – Aos gritos, aumentou a intensidade da força em sua mão e empurrou o meu corpo para trás até que eu atingisse a porta.
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  - Ha… tem certeza de que eu sou nada sem você? – retruquei em meio a uma gargalhada, ajeitando a minha postura e parando na sua frente. – Responda-me uma questão, marquês: se não fosse pelo dinheiro da mamãe, o marquês realmente seria alguém na vida? Nós dois sabemos que só tem uma resposta possível, não é, marquês Fiore? – sussurrei em seu ouvido.
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  - Sua! Como você ousa falar comigo nesse tom? Perdeu a vontade de ter seus minutos de liberdade, é? Espero que viva terrivelmente nas ruas com os bastardos dos seus irmãos, Arabella!
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  No segundo seguinte, Perci Fiore enrolou seus dedos no meu cabelo e o puxou violentamente para baixo, provocando uma dor que iniciou a dar pontadas em minha cabeça. Em meio aos seus berros e a minha visão turva, tive a lembrança de uma memória embaçada: uma mulher trançava os fios vermelhos e longos de uma criança, enquanto contava alguma história na cadeira de balanço. Sua voz não é nítida, mas eu consegui escutar brevemente uma de suas frases; tateei a lateral da mesa com dificuldade, até sentir a parte gélida do metal, que é onde está gravado o brasão da família. Deslizei minha mão para a sua base, encaixando-a da melhor maneira que a situação permitia e a segurei firmemente, traçando a linha imaginária criada nesses segundos de impulsividade e cortei o que me prendia ao homem que tornou a minha vida um inferno.
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  Como se fossem folhas caídas no chão durante a troca das estações, observei o meu cabelo sendo levado pelo vento e com a vinda da brisa, uma sensação mista invadiu o meu interior. O peso dos meus ombros se esvaía gradativamente, dando abertura para a adrenalina e o seu êxtase tomar posse de mim; pela primeira vez, Arabella pôde saborear a alegria que é ser livre sem ter alguém para dilacerar as suas asas e eu não podia estar mais feliz.
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  Sem aviso prévio, dei as costas para aquela casa com a espada, atraindo os olhares curiosos e horrorizados dos empregados que estavam espalhados pelo jardim. Distribuí com a mesma gentileza o meu dedo do meio para todos, sem me importar com suas reações. Finalmente, dei um passo para fora da residência Fiore e soltei o ar, pondo o capuz antes de continuar o trajeto que me levaria aos meus irmãos e à Anna, sendo recebida pelo trio com sorrisos e acenos calorosos.
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“Muitos não sabem, mas há um segredo que só a Ordem tem conhecimento… Como minha filha é tão fofa, vou compartilhar com ela, tudo bem? Se a espada que protege a casa de um dos soldados mais importantes escolher um novo dono, sua lâmina mudará de cor, se tornando a mais afiada de todo o reino e garantindo, assim, sua proteção aonde quer que a leve


 

Capítulo 5

  A claridade que adentrava o espaço é impiedosa, de modo que me forçava a abrir os olhos com certa dificuldade. Ainda não consegui reconhecer de onde vinham os cochichos, contudo, decidi tentar sentar primeiro na cama para poder apoiar as costas na parede antes de qualquer coisa. O pano úmido caiu no meu colo, provocando um barulho mínimo que nem chamou a atenção dos meus irmãos – que se encontravam muito entretidos com os vidros que aparentavam ser de remédio.
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  Analisando brevemente o quarto, reparei que havia um armário próximo a porta, uma mesa de centro e uma cama; as cortinas estavam afastadas da janela e nossas malas se encontravam debaixo delas, todas enfileiradas. O ar fresco dá uma sensação calorosa e, conforme eu relembrava dos últimos acontecimentos, me senti revigorada, como se estivesse pronta para uma próxima batalha. Ter saído da casa Fiore foi uma das melhores coisas que eu já experimentei, e só de saber que é apenas o começo, traz à tona uma mistura de sentimentos, em sua maioria, positivos.
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  Um conhecido de Giovanna arrumou uma carruagem para nos trazer a cidade, enquanto uma outra colega de minha amiga cedeu esse cômodo para nossa hospedagem. Quando perguntei a razão de tantos contatos prestativos, Anna simplesmente deu de ombros, informando que eles deviam algo e essa foi a forma deles pagarem. Infelizmente, Giovanna teria que permanecer na casa Fiore até termos uma nova fonte confiável implantada lá dentro, e o que me conforta é saber que a minha melhor amiga não sofreria nenhuma punição; todos acreditavam que nossa relação não passava de empregador/empregado, então, tínhamos essa vantagem.
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  Pondo de lado essas questões, levei meu olhar aos gêmeos que quase deixaram o frasco cair no chão. Não pude deixar de sorrir com a cena, achando uma graça o quão empenhados eles estavam para cuidarem de mim. Pigarreei o suficiente para atrair suas curiosidades e, no segundo seguinte, ambos correram na minha direção com seus braços abertos. Subi um de cada vez na cama, abraçando-os apertadamente e recebendo um beijo em cada bochecha dos dois.
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  - Irmã, você deveria descansar mais, o médico disse que descanso é inevitável – Nell sentou na minha frente e segurou minhas mãos.
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  - Isso mesmo! Ele disse que Bella tinha que dormir bastante para ficar boa logo. E que tinha que tomar isso aqui – retirou o frasco de seu bolso, revelando conter um líquido transparente e nada apetitoso. – Nós demos o remédio direitinho para Bella, você está orgulhosa de nós?
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  - É claro que estou! – Apertei suas bochechas, arrancando suas risadas tímidas. – Mas por quanto tempo eu dormi?
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  - Hum… 2 dias – eles me mostraram os seus dedinhos.
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  - Dois dias?! É, definitivamente o meu corpo precisava do descanso, achei que dormir direto desse jeito era algo que só acontecia em mangás…
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  - Mangas? – Antonella me questionou, contudo, logo tratou de descer da cama e ir buscar um vestido de mangas compridas para mim. – Se estiver com frio, Giovanna trouxe ontem essa roupa, Bella.
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  - Obrigada, Nell. – Achei engraçada a sua confusão. – Bom, a irmã mais velha aqui está bem melhor, o que me dizem de irmos explorar a cidade? Soube de um local que vende bolinhos deliciosos!
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  - Bolinhos? – Dava para ver eles babando só de pensarem nos doces.
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  - Vamos nos arrumar, meus gatinhos?
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  Não demorei muito para fazer seus cabelos, já que pediram tranças – o penteado favorito deles – e felizmente, eu sabia diferentes estilos e alguns truques. Os gêmeos adoravam encarar o espelho por vários minutos após os penteados feitos, pois sempre gostaram de serem parecidos com sua irmã mais velha. Para os pequenos, a figura de Arabella vai além da de irmã; ela é como uma mãe e é a protetora deles, afinal, mamãe nunca conseguiu passar bastante tempo conosco para que eles tivessem sua imagem fixada em suas lembranças. Então, toda a semelhança que compartilhavam os faziam felizes, tendo em vista que Bella é o amor da vida dos dois, e vice-versa.
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  Arrumei suas capas e o capuz, repetindo o processo em mim, exceto pelo cabelo. Meus fios estão totalmente desiguais, entretanto, os penteei e fiz também uma trança na lateral – não que tenha ficado o penteado mais bonito –, e partimos para aproveitar o início da tarde na cidade.
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  O centro é uma das partes mais cheias da região norte, tendo seu mercado ao ar livre como a maior das atrações; as ruas são de pedras e as calçadas já possuem uma estrutura mais lisa, e em todas as esquinas tinham pelo menos algum tipo de árvore envolta com grama e uma pequena grade para protegê-las.
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  Desde que o rei atual decidiu investir nos mercadores viajantes, os cidadãos possuem acesso a inúmeras iguarias com bons preços e há sempre novidades a cada quinzena, provocando um enorme encontro de clientes. Por ser um espaço mais comercial, a maioria das moradias são dos donos dos bares, de pensões e lojas, facilitando aos mesmos o acesso aos seus negócios. Os nobres viviam minimamente meia hora de distância do lugar, em suas enormes casas e castelos, transformando qualquer ida ao centro um importante passeio. Com suas agendas lotadas, não é difícil de entender o motivo que os animam em suas folgas, e é como se fosse uma visita ao parque de diversões ou ao aquário na minha vida passada – um evento que não é frequente, mas é algo que se torna grandioso.
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  Enquanto eu esperava meus irmãos comerem animadamente seus sanduíches feitos pela dona da pensão, decidi perguntar a uma moça onde eu encontraria algumas guloseimas, sendo informada que provavelmente teria um vendedor próximo a ponte com doces de outras regiões. Como agradecimento, comprei um kit de broches vermelhos – com desconto – e voltei para a mesa onde os gêmeos terminavam suas refeições e coloquei a joia neles. Não é só por ser um presente bonito, mas, se na pior das hipóteses um deles se perder, isso ajudaria a achá-los bem mais rápido. Segurei suas mãos firmemente e os guiei para fora da multidão que se aglomerava, indo em busca do tão elogiado vendedor de bolos e tortas.
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  – O caminho é consideravelmente curto, ela disse. É perto da ponte, ela disse. –Imitei a voz da moça, rolando os olhos levemente irritada. Sei que não posso culpá-la inteiramente pela minha falta de conhecimento da cidade, entretanto, após andar por vinte minutos e muito mal avistar uma ponte, é complicado. – Já é a terceira direita que viramos e nenhum sinal do rapaz…
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  - Irmã, olha! – Thoni apontou para uma pessoa pronta para ir embora.
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  - Pequenos gatinhos, rápido, subam! – Abri meus braços e os peguei no colo. – Temos que alcançar aquele moço custe o que custar! Por favor, comecem a chamá-lo.
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  Em meio a gritos e passos velozes, alcançamos o famoso vendedor que nos recebeu aos risos e falando que demos sorte, pois ele teria que ir para outra cidade mais tarde. Conversamos um pouco e descobri que seu nome é Olívio, tem vinte e três anos e viaja pelas regiões para estudar confeitaria e juntar dinheiro para abrir seu negócio por aqui. Hoje é o seu último dia no norte, tendo aproveitado a quinzena para vender seus doces e iniciar a fazer seu nome popular entre os moradores. Nos despedimos com o combinado de no próximo festival nos encontrarmos, com a finalidade de eu e meus irmãos experimentarmos as novas tortas de sua autoria. O homem presenteou os pequenos com mais bolos do que realmente compramos, alegando que iriam estragar se ninguém comesse até amanhã. Agradeci mais de uma vez, agachando em seguida para ficar na altura dos gêmeos e abri a embalagem, os deixando provar as coberturas enquanto não íamos para a pensão.
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  A parte que paramos é mais afastada e vazia do centro e, consequentemente, silenciosa com alguns bancos espalhados e a ponte finalmente sendo avistada, que deve ser uma das passagens para a casa de algum nobre. Aproveitamos por alguns minutos a brisa fresca, logo nos preparando para ir embora antes do horário de escurecer, que já está bem perto. Ajeitei nossas roupas e dividi as embalagens de bolos que ganhamos de modo que eu conseguisse dar a mão para eles.
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  - Bom, acho que está tudo certo! Mal posso esperar para o jantar… – quando eles iam me segurar, uma criança se chocou contra minhas pernas, cambaleando para trás. – Ei, está tudo bem?
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  - Por favor, nos ajude! T-em uns homens atrás da gente, e a minha i-irmã – a criança mal conseguia respirar por causa dos soluços. – Por favor, m-moça…
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  - Está tudo bem, meu bem, tenta respirar fundo – passei a mão em seus cabelos gentilmente, tentando acalmá-lo. – Onde está a sua irmã?
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  - N-naquela rua – apontou.
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  - Você pode nos levar até ela? – O menino assentiu, me puxando pela capa com sua mão trêmula. Nell e Thoni ficaram ao meu lado, também segurando no pedaço de pano um tanto aflitos – não de medo pela gente, mas sim pelas crianças que estavam em perigo.
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  A rua em questão é sem saída e estreita, com poucas janelas – todas fechadas – e sacos de lixo na lateral das portas de saída dos estabelecimentos. Por ser uma área mais abandonada, de acordo com Olívio, poucas pessoas apareciam e quando surgiam, eram à noite por conta dos bares e bordéis. Para duas crianças bem-vestidas pararem aqui, provavelmente se perderam ou foram trazidas contra sua vontade, e a julgar pela situação, os dois são nobres e que podem estar sendo sequestrados.
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  Na história original, há citações de crimes envolvendo o sumiço de crianças, sendo solucionados pelo duque ao longo da narrativa. Existe um grupo que sequestra os filhos dos nobres e pedem recompensas altíssimas, além de saquearem os comércios dos vilarejos da região. Se me recordo bem, eles recebem uma espécie de “patrocínio” de próprios integrantes da nobreza que tinham títulos que não serviam de muito, todavia, ainda era um título – mesmo se fosse comprado.
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  Para se obter um título por menor que fosse, há três opções: o rei te dá um em forma de agradecimento; a família herdou de seus antepassados; você paga ou aplica um golpe em quem você deseja ter o título. Excluindo os participantes da Ordem que em sua maioria ocupam as duas primeiras opções, a terceira, com um documento assinado pelos envolvidos e o dinheiro entregue, é a forma como alguns perseguem o seu tão sonhado status; contanto que não apresente perigo ao reino, é permitido que haja essas trocas e compras. Resumidamente, esse grupo e os nobres trabalham em conjunto para lucrarem em cima do desespero dos mais novos e de suas famílias, sem arrependimentos.
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  O meu sangue começou a borbulhar, fazendo com que meu corpo fique inquieto e causando ainda mais irritação do que eu já sentia. Percebi uma silhueta pequena segurando uma espada apontada para os homens que riam da cena, esperando uma brecha para sair daquele lugar. A única ideia que veio foi de jogar o meu broche na direção deles, chamando suas atenções por ter batido em uma das lixeiras. A menina conseguiu usar a distração ao seu favor, mas se ela não for rápida o suficiente, eles a pegariam de novo.
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  - Escutem – virei para as crianças –, fiquem atrás dessas caixas e se virem algum soldado, o chamem. Nell e Thoni, cuidem do amiguinho, tudo bem? E pode ficar tranquilo, a irmã mais velha aqui vai trazer a sua irmã de volta! – Sorri para os três e corri para a rua, sendo atingida pela menina que segurou nas minhas pernas, ficando atrás de mim. – Ei – fique na sua altura e sussurrei –, nas caixas, seu irmão está lá junto com os meus. Assim que eu der o sinal, você corre, tudo bem?
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  Não esperava que ela acreditasse facilmente, mas nós duas vimos brevemente o menino dando um aceno e se escondendo novamente, já que os gêmeos não o deixaria sair dali nem se implorasse. Ela assentiu e, por alguns segundos, me questionei de onde os conhecia: olhos azuis, cabelos brancos e roupas em vermelho e preto.
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  - É melhor sair do caminho se não quiser se machucar, senhorita – um dos homens anunciou, sorrindo triunfantemente.
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  - E se eu não sair?
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  - Não teremos outra opção a não ser te matar! – Outro respondeu em um tom debochado, me fazendo revirar os olhos.
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  - Oh, bem que os rapazes poderiam tentar – ponderei, vendo que seria três contra uma –, mas… eu decidi que não morreria mais uma vez. Pelo menos, não hoje.
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Capítulo 6

  Na minha vida passada tive vários empregos de meio período e um deles foi em uma academia recém-aberta, onde tinha aulas de vários tipos de luta e os empregados ganhavam aulas de cortesia; se gostássemos, poderíamos participar das sessões por um preço mais em conta nos dias promocionais – três vezes na semana. Foi um dos lugares que mais passei o meu tempo mesmo depois de ter saído do trabalho, era uma forma de terapia e de aprender autodefesa – e claro, de como lutar – já que alguns homens iam incomodar Yoko por causa de seus inquilinos, o que dificilmente terminava em briga, contudo, acontecia.
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  A primeira ocorrência durante minha estadia em seu prédio me enfureceu de uma forma sem igual; no segundo seguinte, peguei impulsivamente o vaso de flores da recepção e parti para cima do homem que segurava a senhoria pelo seu colarinho. O atingi bem mal, mas não continuamos a brigar por conta dos moradores que nos afastaram um do outro e apartaram a briga. Isso não foi o bastante para impedir as suas futuras visitas, então decidi estudar o básico de luta para saber lidar com essas situações, o que me levou à academia.
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  Coincidência ou não, o local estava contratando e fiquei trabalhando lá por tempo o bastante até me tornar aluna da turma intermediária, o que me ajudou muito ao lidar com as demais situações que vieram a ocorrer. Felizmente, após um período, os homens pararam de ir aos apartamentos e as confusões que alguns moradores violentos arrumavam eram resolvidas por mim. Por ser um prédio com aluguel mais em conta e em uma área um tanto perigosa, esses inquilinos só deixavam de importunar os vizinhos ao serem tratados igualmente ameaçados.
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  A minha única preocupação é a segurança das quatro crianças que dependiam de mim; encarei os homens com certo desinteresse, afinal, já estava acostumada com esse tipo e não tinha paciência alguma para eles. O meu problema é não saber como esse corpo vai aguentar os impactos, além do fato de que não tenho conhecimentos para manusear uma espada, sendo deixada apenas com os meus conhecimentos da vida passada. Desvantagem? Temos! Entretanto, se os deuses estiverem do lado dessa querida protagonista, tenho fé que serei abençoada e ganharei uma forcinha. São nesses momentos que o sangue dos soldados mais importantes do reino deve fazer efeito, certo?
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  Entrelacei meus dedos por trás da minha cintura, indo em suas direções calmamente e analisando brevemente um por um. Seus perfis não são nada que eu nunca tenha lidado anteriormente, vendo que o meu maior problema seria com o da direita.
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  Respirei fundo e soltei o ar, alongando o meu pescoço enquanto eles resmungavam alguma coisa desinteressante. O do meio optou em vir ao meu encontro, parando a míseros centímetros do meu rosto.
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  - Ha! Olhem para ela, querendo o mínimo de atenção. Seu marido não te ensinou os bons modos? Tudo bem, nós ensinaremos a você… – O da esquerda falou e começou a seguir o seu amigo, me fazendo revirar os olhos.
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  - Isso mesmo, vamos mostrar quem é que…
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  - Vocês falam demais, sabia?
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  Dei o sinal para a menina correr e, quando ela saiu do meu campo de visão, pude me concentrar totalmente no trio. Com a distração causada por conta da criança, aproveitei e me deliciei com um soco certeiro em seu maxilar – esse vai para você, meu ex-professor de luta, que me ensinou tudo o que sei hoje –, fazendo com que o do meio apagasse imediatamente. Suas feições surpresas são um deleite para mim, que não medi esforços em chutar a costela do seu colega da esquerda, e dei outro no meio das suas pernas, observando seu corpo caindo para frente em sinal de dor. Levei o meu punho na boca de seu estômago e segurei seu rosto, dando joelhadas até ver o sangue saindo de seu nariz; limpei o sangue que escorria pelos meus braços dos arranhões que ele fez e encarei o que restou: o da direita, a minha maior ameaça.
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  Ele é maior que os dois e mais forte, contudo, o que mais me incomoda é a adaga em sua mão. Seu objetivo é claro e se eu não encontrasse uma abertura logo, sua lâmina me tiraria de jogo. Recuei um pouco a fim de fazer as minhas considerações sobre o seu perfil, mas antes que eu pudesse pensar, ele veio correndo para cima de mim, na tentativa de acertar o meu rosto. O golpe foi de raspão e suficiente para provocar um corte, dando espaço para o líquido avermelhado escorrer pela minha bochecha. Em vez de usar a adaga novamente, ele a pôs em seu bolso e iniciou uma sequência de socos rápidos e fortes; seu ataque parecia de um colega de academia de Akira que dizia preferir agir no impulso e gastar toda a sua força do que controlá-la e a direcionar para cada golpe. Assim como esse colega, o homem possui uma defesa fraca, e é só uma questão de tempo até eu achar uma brecha. Com a adrenalina no comando, não sinto dor e mesmo agora, com meu lábio e supercílio abertos, só focava em uma maneira de contra-atacar.
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  - Parece que acabou para você – ele usufruiu da minha distração para posicionar a adaga próxima ao meu pescoço, me segurando por trás. – Últimas palavras?
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  - Vocês falam demais… E para você, é senhorita.
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  Meus dedos envolveram a lâmina e com dificuldade a afastei o mínimo para que eu conseguisse dar uma cabeçada em seu queixo, agarrando o seu pulso e o torcendo com a minha mão livre. A adaga caiu no chão e eu a peguei, enfiando o objeto na sua perna e o vi cambaleando, ainda tentando vir na minha direção.
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  - Quem você acha que é? – O homem cravou suas unhas no meu braço, arrastando-as pesadamente por toda a pele.
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  Segurei sua a gola de sua camisa e lhe dei outra cabeçada, acertando o seu nariz e alternei entre socos e chutes em seu estômago o necessário para sentir o seu corpo caindo em cima do meu. Me afastei e observei os três estirados no chão:
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  - Agora, creio que você vai ficar quietinho, certo? Interessante, acho que já te vi em algum lugar… porém, hoje estou muito boazinha! Vamos ver com qual família esses merdas mexeram.
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  Caminhei até as caixas e limpei o máximo do sangue que consegui, não queria assustar as crianças mais do que já estavam; para a minha surpresa, encontrei quatro crianças com suas bochechas sujas de glacê e duas delas estavam chorando: o menino e Thoni. Nell e a menina estão com os olhos marejados, todavia, continuavam comendo os doces e acalmando os seus respectivos irmãos, empurrando as tortas e bolos em suas bocas como se isso fosse, de fato, acalmá-los. Sorri com a cena e ao perceberem a minha presença, vieram ao meu encontro, me abraçando apertadamente e eu retribuí. Parece que fui promovida a titia Arabella, a professora número um de uma creche que é a preferida de seus alunos – talvez na minha terceira vida?
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  Olhei mais precisamente para os irmãos e percebi que seus rostos são praticamente idênticos, sendo gêmeos que nem os meus e com a mesma idade, o que seria ótimo para Anthoni e Antonella, já que não tinham amigos. Os observei por mais alguns segundos, tendo a sensação de que eu os conhecia de algum lugar. Porém, antes de confirmar as suspeitas, escutamos várias vozes aos gritos no final da rua:
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  - Pequenos lordes! – Há no mínimo cinco pessoas correndo em nosso sentido, visivelmente desesperadas e aos prantos. – Vocês estão bem?
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  - Senhor Lion e senhorita Serene!
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  Eles correram para os braços dos dois, recebendo afagos e mais afagos da mulher que aparentava ser sua babá. A mulher não passava dos trinta; seus longos fios castanhos estavam presos em um coque perfeitamente arrumado, além de usar um vestido verde musgo que realçava os seus olhos verdes com castanho.
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  - O que eles fizeram com vocês?! Quando eu pôr a minha mão neles… – A moça foi interrompida por um dos soldados.
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  - Serene, se acalme, nossos chefes saberão lidar muito bem com a situação. Não tem motivo para assustar ainda mais os pequenos lordes, não é? – Ela assentiu a contragosto, apertando as crianças em seu braço.
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  - Senhorita? – Lion se aproximou cautelosamente. – Poderia nos informar sobre o cenário atual?
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  - Senhor Lion! – A menina se posicionou na minha frente, abrindo seus braços de modo que o impedisse de dar algum passo. – Nossa irmã mais velha nos ajudou! Ela me protegeu e fez pow, pow, pow nos sequestradores! – Tentou encenar os socos, atraindo risadas dos demais que a escutavam.
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  - É tudo verdade! Irmã mais velha não hesitou em m-me seguir até a rua – o outro ficou ao lado da sua gêmea, repetindo seus gestos. – M-meus amigos nos deram bolo também – apontou para as minhas crianças que se esconderam atrás das minhas pernas.
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  - Kieran, Kira, não causarei nenhum mal à senhorita, apenas quero entender a ocorrência. É observável que ela os defendeu – ele me analisou precisamente. – Tudo bem se falarmos a sós?
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  - Anthoni, Antonella, por que vocês não oferecem o restante dos doces para todos? Depois esse moço gentil comprará mais, tudo bem? – O vi contestar, mas já era tarde; os gêmeos já tinham abertoas embalagens e anunciado os bolos para os presentes.
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  - Enquanto me fala o que aconteceu, posso cuidar de seus ferimentos? Se doer, é só me comunicar. – Concordei, respirando fundo e sentando em um dos degraus na entrada de um dos bares. – A multidão do centro se aglomerou velozmente e, como estávamos no meio, acabamos sendo separados… Por mais que eu ache que foi algo articulado, não tenho provas suficientes no momento. – Eu não podia revelar sobre o grupo, afinal, seria muito suspeito se eu falasse suas fichas completas, entretanto, não posso simplesmente deixar essas pessoas no escuro. Suspirei outra vez, o encarando com uma atenção maior.
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  - Talvez tenha sido. Há rumores circulando pela cidade sobre uma organização criminosa – pausei, encostando a cabeça na porta do bar. – Aparentemente seus alvos são crianças nobres que podem dar altos retornos financeiros. Por mais que os que tentaram sequestrar as crianças sejam destreinados, não me aparenta ser algo recente, esse grupo – o vi ponderar, mesmo que suas suspeitas ainda não fossem 100% confirmadas, é notável que ele acredita e deve estar movendo os seus pauzinhos sobre elas; contudo, não revelaria tão facilmente para uma estranha como eu.
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  Senhor Lion finalizou o enfaixamento e entregou um paninho para que eu terminasse de limpar o sangue que escorria pela bochecha e também pela minha boca. O acompanhei para a rua sem saída, tendo a satisfatória imagem dos três homens deitados no chão diante dos meus olhos, grunhindo de dor e com receio que chegássemos perto. A vontade de fazer isso com o marquês e com sua corja suja é tão almejado, mas, infelizmente, se eu tentasse algo contra alguém com o seu status e que é casado com uma das soldadas da ordem, resultaria na minha própria cova, como Anna já tinha me alertado. Com ele, teria que ser tudo muito bem pensado e organizado para que eu possa retribuir os anos de sofrimento na mesma intensidade.
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  - É impressão minha ou a senhorita está quase babando? – Lion perguntou com um leve tom de brincadeira, me acordando do meu sonho de vingança. – Bem, a senhorita deve ter os seus motivos.
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  - Por favor, me chame de Arabella – pus as mãos na cintura –, não há a necessidade de ser formal comigo, é provável termos a mesma idade.
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  - Como desejar, Arabella – abaixou a cabeça em um breve cumprimento. – Solicito, então, que me chame de Lion ou de Leonard, de acordo com sua preferência.
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  - Lion – me aproximei dos criminosos, inspecionando suas atuais condições –, se pretende interrogá-los, sugiro que adiante o processo antes que fiquem inconscientes.
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  - Realmente… – o rapaz os analisou, fazendo suas anotações como se fosse um policial. – Por que um deles está com uma adaga na perna?
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  - Deve ter escorregado – assobiei, fingindo que não sabia de nada. Se eu matasse eles antes de descobrirem pistas da organização, independentemente de ser grato por ter salvado a vida de suas crianças, não adiantaria de muita coisa o meu grande feito.
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  - Senhor Leonard – uma mulher vestida em sua roupa de soldada o chamou, vindo com mais cinco pessoas –, as carruagens estão prontas e os mestres à sua espera. Quais são as ordens?
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  - Leve-os para o castelo e os deixem nas celas. Cuide dos ferimentos para que não desmaiem ao serem questionados. Assim que chegarmos, entregue o relatório para a comandante – assentiram e a moça sussurrou algo para o rapaz, que logo compreendeu. – Arabella. Em um gesto de agradecimento, nossos mestres gostariam que viesse conosco para que possam conhecer a salvadora de seus filhos e discutirem a recompensa.
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  Se eu recusar, há chances de me acharem suspeita, visto que ninguém recusaria uma boa quantia em dinheiro na minha situação. E não é todo dia que uma jovem sem ser treinada sai em uma briga por causa de pessoas que ela nunca viu.
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  - Tudo bem, Lion – abanei minha mão rapidamente para que ele levantasse de seu reverenciamento e pude perceber um sorriso vitorioso em seu rosto.
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  A alegria dos quatro é evidente ao entrar na carruagem e durante o trajeto não pararam de conversar como se conhecessem por muito tempo. Meu coração se aquece ao ver tal cena, entretanto, as possibilidades de não se verem mais é grande. Com a nossa expulsão, não podíamos dar as caras em algum evento que os outros dois comparecessem; o nosso título está em uma corda bamba e nas mãos do marquês, que não deve estar medindo esforços para inventar desculpas para a falta de presença nos eventos sociais de seus filhos. Agora somos apenas pessoas comuns tentando sobreviver e eu preciso protegê-los dos que podem querer se aproveitar da realidade que estamos.
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  Troquei palavras com Serene e logo engatamos uma discussão sobre modos de bater mais ainda nos sequestradores, mas, só de imaginarmos o olhar reprovador de Leonard, nos contemos. Não que o rapaz não queira fazer alguma coisa contra os homens, porém, quem lidaria com essa questão seriam seus chefes, os quais eu estava curiosa para conhecer.
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  Parando para pensar, Lion também não me é estranho.
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  Quando o vi correndo em sua roupa de mordomo, notei que seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e a tonalidade é a mesma de Giovanna. Por trás de seus óculos redondos, ele possui uma pinta próxima a sua linha d’água e a coloração de seus olhos são castanhos. Se compararmos as alturas, diria que o Leonard tem 1,78cm e uma postura bem certinha de causar inveja na minha eu da vida passada, que vivia com dores na coluna por ficar toda torta ao usar o computador. Listando as suas características e com sua imagem na mente, meus cansados neurônios iam interligando as informações até eu chegar a uma constatação.
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  - Serene?
  - Sim? – Recebi o seu sorriso gentil.
  - Senhor Lion não me deu muitas informações – cocei a cabeça meio desconcertada –, mas como seus chefes são?
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  No momento que perguntei, a carruagem parou e Lion veio nos receber. Segurei em sua mão e desci, dando de cara com um corredor de cavaleiros e, no final, aos pés da escada, três pessoas paradas com suas expressões indecifráveis.
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  - Bem-vindos ao castelo Bellerose. O duque, a duquesa e seu filho estão à sua espera. – Fomos reverenciados por uma mulher que aparentava ser também uma mordoma.
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  Oh, merda.
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  Como não os reconheci logo de cara?
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Capítulo 7

  Contando com cinco integrantes, a família Bellerose é uma das mais respeitadas de todo o reino e são conhecidos por serem o braço direito do rei por incontáveis séculos. O castelo do duque é o berço de Giovanni e Viviene Bellerose, o casal mais comentado em todas as regiões; descendentes diretos da ordem e frutos de um casamento arranjado, eles começaram a governar as questões relacionadas as suas funções assim que o casório foi realizado – aos seus 21 e 18 anos, respectivamente. A tarefa não era fácil, contudo, com suas altas habilidades sociais, os dois não mediam esforços para manter tudo nos trilhos e sempre tiveram o apoio do rei e, consequentemente, do público.
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  O trabalho árduo que gostam e exercem é admirado por muitos e invejado por outros – na maioria das vezes, pelos próprios nobres – que em diversas situações se aglomeravam na esperança de que o reinado do casal mais desejado terminasse, mas, essas pessoas se esqueciam quem realmente o duque e a duquesa são. De um lado, um estrategista sem igual e que é ótimo nas tarefas de casa; noutro, a comandante do exército do norte – que assumiu a posição ao se casar – e que tem habilidades incríveis de culinária.
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  Um time que muitos queriam, entretanto, ninguém chegava perto de suas conquistas e status por uma razão bem clara.
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  O terceiro membro é o seu primogênito de 18 anos, que vários consideravam ser uma incógnita: Killian Bellerose, o futuro duque e um dos melhores cavalheiros e feiticeiros de Bellary. Prodígio em combate e portador da magia do fogo – elemento da sua região –, foi um dos alunos exemplares da academia por cinco anos até o nascimento de seus irmãos. Além de seu carisma, o sorriso que distribuía cordialmente é o que encantava o seu povo desde mais novo, caindo em suas graças da mesma forma que seus pais; para os inimigos, as qualidades do rapaz são os motivos que os levam a se afundarem em confusões, sem saber se ele iria matá-los ou ter o mínimo de misericórdia nas situações. No entanto, Killian analisa atentamente os casos que lhe são encaminhados e tende a ser justo, estudando as inúmeras possibilidades para agir da melhor maneira. A única exceção, para os três, é quando a sua família é envolvida e se tem uma frase que os define é “mexeu com um, mexeu com todos”. Gerações vem e vão, mas o laço que compartilham é inquebrável e permanece firme, sendo o bem mais sagrado para os Bellerose. Eles não se limitam ao sangue e consideram quem está sob os seus cuidados como família, criando uma bonita e imensamente acolhedora atmosfera para os diversos residentes do castelo.
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  Ser recebida por um corredor de cavalheiros e empregados é a prova de que quem vive aqui se importa verdadeiramente com o seu próximo, e se tratando da chegada dos mascotes do lugar, não deixariam de recepcioná-los pessoalmente. Com a combinação do cabelo branco de seu pai e dos olhos azuis de sua mãe, Kira e Kieran Bellerose são os gêmeos mais adorados e mimados pelos integrantes do local, que tem os seus corações derretidos por suas fofuras. Enquanto Kira é extrovertida e observadora, Kieran é mais introvertido e falador com quem tem intimidade, compondo um duo simpático e preocupado com o bem-estar de todos, que nem o restante de seus parentes.
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  De qualquer maneira, tenho a certeza que a tentativa de sequestro não era para ter acontecido e muito menos a minha aparição na hora, me levando a pensar que o plot original estava sofrendo alterações. Os protagonistas – Killian, Arabella e a heroína – não possuem conexão entre si a não ser na época em que os eventos trágicos de Bella ocorrem; fugindo do enredo onde a vilã atrapalha o romance dos mocinhos por amar o futuro duque, o manhwa trouxe uma narrativa de três indivíduos com vivências distintas e em como os acontecimentos impactam suas vidas. Claro, existem muitos outros elementos que me fizeram gostar da história, todavia, o que chamou minha atenção foi a quebra de expectativas que a sinopse e o prólogo te fazem ter, para depois te fazer pensar horas e horas sobre a leitura. Um dos pontos que eu e vários leitores ficamos sem entender na reta final foi a razão pela qual os irmãos de Arabella foram atrás de Killian – eles entregam a joia que Bella lhes deu – e da heroína para solicitarem ajuda, ainda mais quando Killian e Arabella interagiram pouquíssimas vezes ao decorrer do manhwa. Talvez por saberem que os Bellerose prezam a família, concluíram que seriam uma boa escolha, já que ninguém estava ao lado de sua irmã em seus últimos momentos.
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  Alterando muito ou não, simplesmente penso que os deuses estão ao meu lado, me abençoando com essa segunda chance, e o melhor jeito de retribuí-los é eu aproveitar essa mudança de caminhos!
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  Afinal, qual é o melhor aliado senão a família Bellerose?
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  - Mamãe, papai, irmão! – Kira e Kieran correram para seus braços, sendo levantados animadamente.
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  - Que bom que vocês estão bem, joaninhas – Killian afagou suas cabeças com um sorriso aliviado, os abraçando juntamente de seus pais, causando uma sensação estranha em todo o meu corpo ao ver a cena.
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  Então isso é ter pais que te amam de verdade?
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  Meus filhos! – A duquesa os apertou e ganhou um beijo em cada bochecha; é notável como sua postura muda ao estar na presença dos gêmeos e o seu olhar se torna doce e terno. – Sentimos tanta saudade!
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  - Duquesa – a mordoma dispensou os empregados e cavaleiros para os seus postos –, o chá está servido na sala de estar.
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  Por mais que não fosse o ideal, peguei os meus irmãos no colo e tirei vantagem de não estar sofrendo com as dores dos golpes que recebi. Eles são leves demais para crianças em fase de crescimento, o que me preocupa bastante. Lion chamou o meu nome e nos guiou até o espaço designado, e não consegui esconder a minha expressão surpresa ao analisar uma parte da residência. Se eu já achava a casa Fiore grande, só essa sala de estar dava duas da sala normal que tínhamos e possivelmente cobriria meu ex-quarto também.
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  - Sintam-se à vontade – o duque falou de modo gentil, mostrando o sofá para nós três.
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  - Obrigada pela hospitalidade – os reverenciamos cordialmente. – É um prazer conhecê-los.
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  - O prazer é nosso, senhorita.
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  - Primeiro, gostaríamos de prestar nossos agradecimentos. Quando soubemos que Kira e Kieran estavam seguros por causa da senhorita, desejamos ter um encontro com você o mais rápido possível. Muito obrigada por ter cuidado dos meus filhos – a duquesa disse com um sorriso aliviado.
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  Se vocês acham que o diabo trabalha rápido, é porque não conheciam os informantes dos Bellerose.
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  - Não há necessidade de agradecer, Sua Graça. Fiz o que qualquer um faria – mentira, ninguém seria tão impulsivo quanto eu sem ao menos saber no que estava se metendo – e meus irmãos também ajudaram, não é, Antonella e Anthoni? – Os vi assentir timidamente ainda sujos de glacê. – Espero que não tenha problema em ter dado bolo para as crianças, essa é a forma deles tentarem acalmar as pessoas – ri brevemente, limpando suas bochechas delicadamente
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  - Conhecendo esses dois – o duque apontou para os gêmeos –, é capaz de terem pedido sem serem oferecidos.
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  - Mamãe! – Kira pulou de seu colo eufórica. – A senhora tinha que ter visto! A irmã mais velha fez pow, pow, pow que nem a mamãe! Não é, irmão? – Ela me imitou novamente.
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  - Sim! Foi m-muito legal! – Eles deram as mãos extremamente animados.
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  - Eu diria que foi um pouco de sorte – cocei a nuca envergonhada e os três me observaram com certa curiosidade, me fazendo ficar desconcertada.
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  - Interessante… – Viviene ponderou. – Serene?
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  - Sim, duquesa?
  - Por que não mostra o jardim para as crianças, se estiver tudo bem com a nossa convidada – nem precisei responder, meus gêmeos não conseguiam esconder a animação. A babá se retirou com o seu pequeno grupo que já estavam de mãos dadas e conversando.
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  - Lion, qual o relatório? – Giovanni questionou com um tom sério.
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  - Aparentemente, há uma organização criminosa que tem como alvo os filhos de nobres para obter uma alta quantia de dinheiro. De acordo com minhas investigações – como eu imaginava, eles já suspeitavam desse grupo –, quando as crianças são de origem mais humilde, elas são vendidas para outras regiões. Provavelmente, com Kira e Kieran, o grupo pensou que enriqueceriam da noite para o dia, por isso, tentou raptá-los.
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  - Hum… –  Murmurei. – É uma possibilidade, mas…
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  - Gostaria de expor os seus pensamentos, senhorita? – Giovanni me analisou com curiosidade, esperando que eu compartilhasse o que quer que fosse.
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  - Se me permitem – ajeitei minha postura. – Não creio que a hipótese do senhor Leonard esteja incorreta, entretanto, acredito que seus filhos não eram os alvos da organização. Por ser a quinzena que a cidade recebe os mercadores, a aglomeração, de certo modo, facilita a aproximação dos criminosos com sua vítima, ao mesmo tempo que afasta. Se Kira e Kieran fossem seu alvo, eles não mandariam pessoas despreparadas para a função – mesmo com esse corpo sem treinamento, lidar com aqueles homens não foi tão difícil –, acredito que as informações que receberam foram simplórias e que ao verem crianças com roupas de qualidade e com seus cavaleiros, julgaram ser as que receberam ordens para raptar. Suspeito também que eles não sejam do norte.
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  Killian cruzou os braços na altura de seu peito e permaneceu com a expressão neutra, encostando o ombro na lareira que está apagada. Era o único que havia decidido não se sentar e, se me recordo bem, isso se devia por não gostar do aroma do chá.
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  - Por quê? – o primogênito perguntou, provavelmente já sabendo a resposta.
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  - A cor de seus cabelos. Todos possuem uma tonalidade distinta de roxo, características da região oeste. Também há esse folheto – peguei o pedaço do jornal que havia recebido na minha estadia da pensão e mostrei.
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  - “Procura-se rapazes para trabalho manual. Pagamento de até 5 moedas Bellary” – Giovanni leu em voz alta, pondo sua mão em seu queixo.
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  – Um pagamento alto para um trabalho manual – Killian pontuou.
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  Nesse reino, sua forma de pagamento é por meio de moedas e cada uma tem o seu valor, sendo a moeda bellary sozinha equivalente a um mês e meio do salário que eu ganhava como Akira sendo uma caixa de meio período. Com a promessa de 5 vezes essa quantia, é suficiente para uma família se manter financeiramente sem preocupações por um longo período.
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  - Se eu estivesse saindo da minha terra natal sem nada e achasse uma oferta tão afortunada, não pensaria em ignorá-la – ironicamente, é quase como se eu estivesse falando de mim mesma. – É mais fácil usar pessoas ingênuas e fracas, dando o incentivo que elas querem para efetuar o trabalho sujo, e depois descartá-las. Ninguém procurará por eles – suspirei, quase sentindo algum resquício de pena por eles.
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  Arabella foi usada para os propósitos de seu pai e teve o seu fim trágico sem ninguém para salvá-la. Mesmo sentindo muita raiva dos homens, parte de mim compreende que eles são peões de pessoas maiores, o que não tira suas parcelas de culpa da situação. Viviene e sua família se entreolharam e começaram a conversar em um tom baixo assim que Lion veio verificar comigo se eu estava sentindo algum incômodo por causa dos ferimentos. Neguei, para nossas surpresas, e voltamos nossas atenções aos outros que terminaram com a sua conversa particular.
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  - A senhorita possui um grande conhecimento – a duquesa pôs seu chá na mesa, cruzando as pernas e depositando suas mãos nelas. – Obrigada pela contribuição e por tudo que fez pela nossa família. Agora, vamos discutir a sua recompensa?
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  O meu coração está acelerado, contudo, não é hora de desistir. Essa chance é uma em um milhão e eu vou aproveitá-la da melhor forma. Na pior das hipóteses, sairemos daqui com uma quantia em dinheiro bem volumosa, não sendo uma opção ruim, se pensar bem…
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  - O que a senhorita deseja? Terras, título, joias? O que decidir irá junto com a quantia em dinheiro que separamos para você – ah, como é bom ser rico!
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  - Obrigada pelas ótimas opções, Sua Graça. Temo que um título não será necessário, tampouco terras– Peço desculpas pela minha grosseria de não ter me apresentado desde o início – seus olhos me fitavam com expectativa assim que me levantei. Enrijeci a postura, os visualizando com a cabeça erguida e tirei o capuz. – Meu nome é Arabella Fiore, filha da soldada da Ordem e marquesa Celine Fiore e do marquês, Perci Fiore. É um prazer estar na presença de figuras tão importantes do reino – os reverenciei. – Meu único desejo é a proteção dos meus irmãos enquanto não podemos voltar para casa.
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  O silêncio se fez presente em todos os cantos da sala; o som afastado dos passarinhos é abafado pela tensão que ficou após a minha fala, provocando uma sensação de nervosismo que percorreu o meu corpo, fazendo com que a palma da minha mão fique úmida. A brisa que adentrava o lugar pelas enormes janelas é um pouco gelada, dando espaço para o anoitecer fresco que vinha sem mais delongas. Margareth acendeu a lareira e trouxe mais chá, mas nem sua figura foi capaz de distrair a minha mente dos pensamentos que surgiam incessantemente. Levei aos lábios a xícara e saboreei o frescor da hortelã, analisando o conjunto em que foi servido e perdi a atenção nos seus detalhes. As bordas são douradas e finas, assim como a do pires, e sua alça se encaixa perfeitamente no design, sendo ótimo de se segurar. A mesa de centro é preta e tem uma toalha vermelha a cobrindo, bordada com o brasão da família de forma discreta e ainda assim trazendo um ar elegante para o espaço. As chamas da lareira iam consumindo a madeira gradativamente e eu me concentrei no ruído que elas faziam, quase perdendo o timing da fala da duquesa.
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  - Arabella – fiquei de pé –, nós discutiremos o seu pedido amanhã cedo, todavia, gostaríamos que ficasse para o jantar e que passe a noite aqui, já que está tarde.
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  - Agradeço pelo convite, Sua Graça, Duquesa Bellerose – respondi tentando conter a animação.
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  - Leonard mostrará o seu quarto e pedirá a uma das empregadas que prepare um banho para a senhorita e seus irmãos. Nosso médico cuidará dos seus ferimentos assim que estiver pronta – ela sorriu.
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  - Não tomaremos mais o seu tempo, Arabella – Giovanni riu. – Leonard, por favor, guie nossa hóspede para os seus aposentos. Até o jantar, senhorita.
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  Agradeci novamente, seguindo Lion pela escadaria no final do corredor.
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  - Esse é o seu quarto e de seus irmãos, espero que esteja ao seu gosto e de todos.
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  - Bella! – Vi suas silhuetas correrem na minha direção.
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  - Gatinhos! Se divertiram com seus novos amigos?
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  - Sim! A senhorita Serene é tão legal – Antonella respondeu prontamente.
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  - Senhorita, o banho está pronto. Deixei as mudas de roupa no local – a empregada informou, nos levando para o banheiro. – Meu nome é Rin, estarei aos seus cuidados durante a sua estadia.
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  - Obrigada, Rin. Por favor, cuide de nós também! – A observei assentir com a cabeça e a dispensei.
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  A sensação da água morna na minha pele causa um alívio instantâneo, relaxando os vários músculos tensionados e cansados, abrindo espaço para breves minutos indolores. Encostei a nuca na beirada da banheira e soltei o ar, relembrando os acontecimentos recentes no período de 24 horas, o que resultou em uma pontada um tanto forte na cabeça. Meu corpo está exausto e a minha mente continua trabalhando, entregando informações atrás de informações sem uma mísera pausa para que eu consiga respirar livremente.
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  No momento antes de cortar o meu cabelo, a memória que eu recebi se tornou mais clara após sair da casa, o que me leva a pensar que as lembranças de Arabella estão vindo para mim aos poucos, trazendo uma dor de cabeça um tanto insuportável. É como se eu tivesse sofrendo de amnésia; os fatos que sei desse mundo são os que li enquanto Akira, mas toda vez que eu tentava forçar a lembrar de algo como Arabella, era em vão. Então, cheguei à conclusão que das pequenas situações que me recordo atualmente, 99% são dos acontecimentos que a machucaram tanto fisicamente como psicologicamente. Quando acordei em seu corpo, não foi complicado assimilar a razão pela qual eu estava totalmente molhada: havia sido mais um episódio de agressão do marquês, o qual Arabella já estava no seu limite.
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  É inevitável segurar as lágrimas ao encarar o espelho nas diversas vezes que eu precisava me trocar; as marcas se iniciavam abaixo do pescoço, onde os vestidos escondiam perfeitamente os vestígios do rastro violento de Perci Fiore, que se divertia ao ver o sofrimento de sua filha. Na presença dos gêmeos e de Anna, manter uma feição de quem não se importa é uma tarefa difícil, e mesmo sabendo que minha amiga tem noção que a minha atuação que é uma farsa, ela não diria nada por causa dos meus irmãos. Por mais que sejam mais novos e curiosos, eles não perguntavam sobre os machucados, pois tinham uma ideia do quão doloroso seria para Arabella ter conhecimento que eles ouviam a sua irmã sendo agredida – culpa da babá que fazia questão de usá-la como exemplo para disciplinar os dois.
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  Os dois estão brincando com as bolhas da banheira e, quando percebi, o chão estava todo molhado e os seus dedos já estavam ficando enrugados de tanto tempo que passamos na água. Ri com a cena e logo tratei de vesti-los, penteando seus cabelos calmamente e fazendo o penteado que me pediram.
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  - Prontinhos! – Decidi partir ao meio, enrolar e prender as duas partes da minha franja com o broche que eu tinha comprado mais cedo. – Isso deve dar, mas… – falei mais baixo – vou precisar cortar o meu cabelo direito, talvez Rin saiba onde tem uma tesoura. De qualquer forma, vou chamá-la para ajudar a fechar o vestido.
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  - Bella! – Os gêmeos pararam na minha frente. – Nós te ajudamos!
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  - Oh, que ótimo. Mas vocês são um pouquinho – apertei suas bochechas – só um pouquinho pequenos para alcançarem, não acham?
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  - É pra isso que temos – os esperei ansiosamente para ver seu plano – esse banquinho!
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  - E se vocês caírem?
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  - Vou segurar a Nell, ela não vai cair, Bella – Anthoni sorriu abertamente se sentindo orgulhoso de ser um irmão mais novo responsável. Suspirei, tendo a noção do porquê eles estavam agindo desse jeito.
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  - Gatinhos, está tudo bem – afirmei. – Obrigada por se importarem comigo, mas não tenho vergonha de que outras pessoas vejam. – Parcialmente, é uma mentira essa fala. Anna é a única que me viu assim e, se fosse necessário, eu mostraria a quem quer que fosse essas marcas, mesmo que só de imaginar me incomode. Na minha atual situação, infelizmente, eu não tinha o luxo de ter um momento para me preparar psicologicamente para momentos desse tipo.
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  - Bella – Antonella me chamou com uma expressão séria –, pode virar de costas que Nell está pronta – sorriu alegremente no final.
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  - Tudo bem, tudo bem – me dei por vencida e aguardei que ela terminasse o nó. – O que eu faria sem vocês? – A desci do banquinho e os abracei.
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  É, Arabella, seus irmãos sabem mais do que você imaginava.
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  A visita do médico levou cerca de vinte minutos e, além de receitar alguns medicamentos para dor, descobri que ele não é apenas um feiticeiro e herbalista, mas é ótimo em dar sermões extremamente demorados. Ao final da consulta, meus ouvidos não aguentavam mais palavras como “cuidado” e “remédio” e eu me senti como se o homem fosse o meu avô da vida passada – suas idades são próximas e ambos usam óculos na ponta do nariz. Agradeci por seu serviço e massageei as têmporas assim que o vi fechar a porta, tentando me aprontar mentalmente para comparecer ao jantar que seria servido em breve. Organizei os frascos por horário na penteadeira e chamei os gêmeos para descermos, vendo os dois darem as mãos e correrem para o corredor. Rin nos acompanhou, comentando sobre os cômodos que passávamos de forma rápida e entendível para os mais novos. Traduzindo: onde podemos ou não entrar.
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  Os quadros pendurados nas paredes são de pinturas abstratas e acredito que sejam do mesmo pintor; suas cores complementavam uns aos outros e o traço é semelhante, como se ao juntar as pinturas elas formassem um desenho. Acho que na história original há a citação de um jovem artista que viajava as quatro regiões – que nem Olívio, o confeiteiro – e vendia sua arte para alguns clientes selecionados, os que o rapaz julgava que realmente apreciariam o seu trabalho.
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  Pondo de lado esse tópico, a sala de jantar me fez ficar boquiaberta com a longa mesa farta, cheia de pratos que nunca sonharia em comer em nenhuma das minhas vidas.
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  - Boa noite, Arabella, Anthoni, Antonella. Os três podem se sentar onde desejarem – a duquesa sorriu durante o seu cumprimento.
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  - Boa noite – retribuímos. – Obrigada pelo convite, o jantar aparenta estar maravilhoso.
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  - Nosso chefe ficará contente em ouvir as suas palavras, senhorita – Giovanni acenou para as crianças. – Não sabíamos do que gostavam, então solicitamos um pouco de tudo. Por favor, sintam-se à vontade. – Ah, se eu fosse uma menina rica…
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  Tecnicamente, era para eu ser.
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  - Como foi a consulta? – Terminei de ajudar os gêmeos a se acomodarem quando ouvi a pergunta de Killian, estranhamente interessado no assunto com a sua mão no seu queixo e uma expressão tranquila.
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  - Senhor Lúcio é um excelente médico – disse ao pôr a salada no meu prato, servindo o frango também para Nell e Thoni.
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  - Pode ser sincera, senhorita – o duque bebeu o seu vinho, segurando o riso –, o velhote te deu um belo sermão, não é?
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  - Sim – suspirei. – Até as crianças ficaram cansadas.
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  - É que você não viu as vezes que voltamos de algum treinamento mais pesado – Killian falava informalmente, como se fôssemos amigos há anos. – Acho que os cavaleiros temem mais o senhor Lúcio do que um possível confronto no reino.
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  - Agora que comentou – seu pai apontou para ele com o garfo –, será que eles sentem mais medo da sua mãe ou do herbalista?
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  - Quer apostar? – O primogênito se animou.
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  - Minha família não consegue se comportar na frente dos convidados? – Viviene limpou os lábios e lhes deu o seu famoso “calem a boca” em forma de sorriso, todavia, não deixou de soltar um risinho abafado com suas reações.
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  O jantar fluiu agradavelmente e retornamos aos nossos aposentos, nos preparando para dormir. A cama é grande o suficiente para os três, e antes que eu caísse no sono, fiquei pensando na reunião que eu teria com a duquesa.
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Capítulo 8

  - Então é assim que se tem um sonho de princesa?
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  Espreguicei o corpo e bocejei demoradamente, aproveitando o meu despertar para enrolar por mais alguns minutinhos nessa confortável cama king size. Trouxe a coberta para mais perto, ainda sem coragem de deixar os travesseiros tão macios que permitiram que eu desfrutasse da única boa noite de sono desde que cheguei nesse mundo. Não sei se é culpa também dos remédios, mas posso sentir a energia correndo pelas veias, como se eu tivesse ingerido dois copos de café sem açúcar – uma bebida que não gosto, contudo, se fazia necessária na minha antiga realidade de trabalhadora universitária. Todo o sentimento de invencibilidade sumiu ao recordar que na próxima hora eu e a duquesa teríamos a tão decisiva conversa, dando espaço somente para a irritante ansiedade que não me dava paz.
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  Sem tempo a perder, tomei um banho e vesti sem dificuldade o vestido quadriculado preto por cima da blusa vermelha de mangas longas, ajeitando as abotoaduras e a gola. Dei um giro para analisar o movimento da roupa, ficando satisfeita ao ver o meu reflexo no espelho assim que prendi o cabelo em um rabo de cavalo e os fios soltos com grampos.
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  Sentei na beirada da cama, observando os gêmeos dormindo pacificamente e apertei de leve suas bochechas, na tentativa de acordá-los.
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  - Vamos acordar, gatinhos? O café será servido em breve.
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  - Bom dia, Bella – eles responderam preguiçosamente.
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  - Bom dia, dormiram bem? – Thoni assentiu com um sorriso e Nell coçou os olhos, murmurando que sim. – Após o banho, os dois farão a refeição com Serene, Kira e Kieran, tudo bem? Os irmãos pediram para mostrar o castelo a vocês.
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  - Bella não vai comer com a gente? – Antonella questionou sonolenta, se acomodando nos meus braços.
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  - Preciso resolver algumas coisas do ocorrido de ontem – afaguei sua cabeça –, entretanto, o que acham de termos um piquenique no almoço com todos?
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  Os vi concordarem animados, finalmente despertados e não demorei para arrumá-los, encontrando Rin a nossa espera ao sairmos do quarto e caminhamos para a primeira parada. Cumprimentei os pequenos e a babá, vendo que as crianças estavam ansiosas para o seu dia juntas e voltei para o lado da empregada, que me guiou até o escritório da duquesa.
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  O nervosismo que tentei esconder se sobressaiu ao escutar o meu nome sendo anunciado, provocando as batidas aceleradas do meu coração; ao dar um passo para dentro de sua sala, tive a sensação de que o meu corpo estremeceria a qualquer momento e as palmas das minhas mãos estavam úmidas. Tentei focar a atenção na decoração do ambiente arejado, que possui uma ótima entrada de luz solar por conta de suas janelas e os objetos são com a coloração característica de sua casa.
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  Atrás da mesa extremamente organizada, Viviene Bellerose se encontrava com os dedos entrelaçados e apoiando o seu queixo neles, lendo alguns papéis. Vestida com seu uniforme de instrutora, seu cabelo está preso em duas tranças que caem por cima do seu ombro esquerdo, de modo que seus olhos azuis fiquem em destaque – dando um charme a mais para a sua aura que exalava poder.
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  Todas as suas aparições no manhwa me deixavam boquiabertas, não só por sua beleza que devo dizer que é ainda mais estonteante pessoalmente, mas por ser exatamente como retratada: a sua presença é forte e por si só já dizia muita coisa. Ela me aguardava com uma feição suave em seu rosto e um sorriso acolhedor conforme eu me aproximava, solicitando que eu sentasse na poltrona a sua frente.
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  - Senhorita Arabella Fiore, espero que a sua estadia e a de seus irmãos tenha sido confortável – confortável? Foi o melhor descanso desde que adentrei este mundo, duquesa.
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   Graças à hospitalidade de Sua Graça e de sua família, desfrutamos de um esplêndido descanso – contive os meus pensamentos ao lhe responder. – Agradeço profundamente por ter disponibilizado uma empregada para cuidar da nossa estadia, não era necessário tanto trabalho por nós.
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  - Se a senhorita gostou da Rin – Viviene pausou, olhando fixamente para mim de forma que lesse a minha alta, causando mais nervosismo –, por que não a mantém como sua emprega pessoal?
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  - Perdão?
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  A encarei sem compreender a sua fala, imaginando que o motivo de seu riso contido tenha sido esse meu desentendimento muito aparente. Na probabilidade dessa situação, pensei que as chances de ser recusada no castelo eram maiores do que as de ser aceita, todavia, parecia que os deuses estavam ao meu favor.
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  - Nós concluímos que o seu pedido é genuíno e, sendo sincera, a senhorita me intrigou. Não só a mim, claro. Meu esposo ficou encantado com os seus irmãos e, como pode observar, se eu permitisse, pelo Giovanni nós teríamos no mínimo, seis filhos – a vi massagear a têmpora, suspirando pesadamente. – E Killian parece ter gostado da sua presença, além do efeito que causou em Kira e Kieran, que não paravam de falar de como queria que a senhorita brincasse com eles. Mas, mais do que essas razões, algo me diz que o seu futuro é promissor… – é porque a senhora não sabe que se eu não fizesse nada, provavelmente esse futuro promissor teria a minha cabeça rolando pela cidade daqui alguns meses.
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  - Agradeço a generosidade, Sua Graça… – Senti um alívio ao não ser questionada, no entanto, sei que preciso dar um resumo da situação para que eu não precise mentir futuramente.
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  - Arabella – chamou a minha atenção, pondo sua mão por cima da minha –, caso não se sinta confortável, não tem a necessidade de contar o que houve ou de falar formalmente – ela é uma pessoa incrível e também consegue ler mentes?
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  - Compreendo, obrigada pelas palavras gentis. Todavia, para estabelecer uma relação de confiança que viso com a duquesa, compartilharei os meus motivos – após respirar fundo, prossegui com a história do que passei na casa do marquês, deixando de fora – óbvio – o fato de eu ser de outro mundo e ter reencarnado como a Arabella. – Bom, resumidamente, é isso.
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  - Não satisfeito em ser ganancioso e egocêntrico, esse homem tem a coragem de agir assim com seus filhos? – O sorriso de Viviene é tão macabro quanto o seu ato de quebrar a alça da xícara, cortando o seu dedo. – Não consigo acreditar que seus avós acharam uma boa ideia casar Celine com ele, duvido que ela…
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  - Duquesa – segurei sua mão de volta –, por favor, não informe mamãe e nem ao rei sobre isso. É uma questão que eu desejo resolver particularmente e a mesma não possui noção do que acontece naquela casa. Enquanto eu organizo o meu plano, gostaria de pedir que mantenha a minha identidade e a dos meus irmãos em segredo; dificilmente as pessoas me reconhecerão, já que eu não participei de muitos eventos. E aposto que o marquês deve ter arrumado alguma desculpa caso perguntem o meu paradeiro.
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  - Arabella Fiore – a mais velha levantou abruptamente e veio na minha direção, entrelaçando nossos dedos –, não temerás mais! Agora que a senhorita mora conosco, terás tudo o que desejar e a nossa proteção – é impressão minha ou a duquesa está mais animada do que qualquer um? –, afinal, os filhos da minha tão adorada amiga são minha responsabilidade! – Então, não é só o duque que é apaixonado por crianças, não é?
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  - A esposa que tanto admiro tem razão: o que vocês precisarem, é só solicitar – Giovanni surgiu despretensiosamente com um sorriso inocente, como se não tivesse escutado a conversa por trás da porta. – Sobre suas identidades, pensamos em introduzi-la como uma soldada enviada pelo reino, por enquanto. Ninguém questionará ou te reconhecerá, entretanto, há chances disso acontecer quando decidir ir à cidade. – Independente de não frequentar os eventos da sociedade, ainda há indivíduos que me conhecem por frequentarem a casa do marquês, sendo um ponto que eu precisaria ter um cuidado a mais. – Por isso…
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  - Por isso, minha adorável Arabella – Viviene o interrompeu, lançando um olhar reprovador para o seu marido –, é que entra a nossa solução: sua mãe, vendo o seu interesse por combate, pediu para que eu treinasse a sua filha, herdeira direta da Ordem – analisando os dois, é nítido que eles pensaram em tudo nesse meio tempo e leram muito bem a situação sem ter tantas informações sobre mim. – Com medo de que achassem que a senhorita recebesse um favoritismo por culpa dela, Celine solicitou que não falássemos a sua origem.
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  - Mamãe é bastante conhecida?
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  - Tanto quanto Viviene, senhorita. Ela é um exemplo para vários aspirantes do nosso exército, com a diferença que Celine sempre preferiu ficar longe dos holofotes – escutar pela primeira vez alguém falar de mamãe dessa forma é… diferente.
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  - Já nos estendemos bastante, os detalhes finais vão ser conversados ao longo do dia. Acredito que a senhorita tenha que buscar seus pertences, certo? – Assenti. – Ótimo! Caroline, peça que Killian venha me ver e notifique Rin para que ela acompanhe Arabella.
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  -  Rápido como sempre, Killian – seu pai ergueu a xícara em sua direção, recebendo um sorriso de volta.
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  - Killian, você acompanhará Arabella em sua ida à cidade. Aproveite e a leve para tirar suas medidas e comprar o que mais ela e as crianças necessitem. Caso esteja de acordo com a senhorita, senhor Leonard arrumará o seu cabelo assim que retornarem e o seu treinamento será na parte da tarde, depois do almoço. Adoraria acompanhar vocês, porém, o trabalho de uma duquesa não para nunca, e já que o meu queridíssimo esposo aparenta ter bastante tempo livre…
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  - Com licença, meus amados pais – o primogênito colocou a mão no meu ombro, me puxando para perto. Sem esperar a resposta dos dois, ele me encaminhou para o corredor, estendendo seu braço e eu encaixei o meu no dele, sentindo uma sensação estranha.
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  Estranhamente confortável.
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  - Se continuássemos lá, você não seria poupada do sermão da duquesa.
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  - É tão ruim assim? – questionei aos risos, achando a situação um tanto engraçada. – Eles parecem gostar muito um do outro.
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  - Tão ruim quanto o sermão do doutor Lúcio. Ah, realmente, é bem notável que ambos se apreciam – o tom de ironia que Killian utilizou capturou a minha curiosidade, provocando um desentendimento em mim sobre o relacionamento de Viviene e Giovanni.
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  O trajeto até o centro ocorreu tranquilamente, sendo recheado de compartilhamentos banais entre eu e Killian, variando de comidas favoritas à qual roupa é melhor para cavalgar no inverno. Antes de sairmos do castelo, avisei aos meus irmãos e combinei com Serene o piquenique, tendo uma resposta positiva e que eu não precisava me incomodar com os detalhes. Fiquei aliviada por saber que a babá cuidaria do almoço, não tenho noção de quantas horas passaria na cidade, mas, prometi que retornaria com doces da confeitaria.
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  A carruagem que estávamos é mais simples e sem qualquer vestígio de que pertencesse aos Bellerose, mesmo que de longe fosse perceptível a boa qualidade do veículo. Exceto Rin, o resto de nós tinha uma capa, de forma que não corrêssemos riscos de sermos reconhecidos – mais Killian do que eu, sinceramente. Chegamos à pensão sem problemas e cumprimentei a amiga de Anna, que prontamente entregou a carta dela e eu lhe dei outra, pedindo que encaminhasse à Giovanna o mais rápido o possível. Caminhei para o meu quarto e peguei as malas, sendo seguida por Killian que nem um cachorro atrás de seu dono. Ele segurou as bagagens e me despedi da dona, indo para a próxima parada: alfaiataria, novamente.
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  Nem é necessário dizer o quão jogada de lado fui ao entrarmos na loja, já que os meus acompanhantes usufruíram da visita para brincarem de boneca comigo, sem nem me dar míseros minutos para respirar calmamente. Por não sair muito, Arabella vivia com as mesmas roupas, sem mordomia alguma de comprar mais de duas opções para cada estação. A nobreza é acostumada a possuir minimamente dez trajes diferentes para as estações, além das vestes das diferentes ocasiões, como trajes para passeios e afins.
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  Quando comprei roupas com os gêmeos, me dei o luxo de levar três peças, julgando ser o suficiente, visto que não podíamos gastar tanto sem planejamento, razão a qual fomos em uma loja onde a qualidade é boa e o preço é em conta. Contudo, eu perdi a conta de quantas roupas eles me fizeram experimentar, e a minha cabeça começava a doer com todo o falatório.
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  - Arabella – Killian surgiu com duas opções de vestidos –, qual você mais gostou?
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  - Ah, não sei, ambos são belos.
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  - Senhor, levaremos os dois – pulei da poltrona, assustada com a sua decisão.
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  - Você está fora de si? Sabe quanto custa cada traje?! – sussurrei perplexa para ele. A costureira é uma das mais caras do reino, designando figurinos para a alta nobreza e a família real.
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  - Oh, meu amor, a senhorita esqueceu de qual família nós somos. Não tem problema no mundo que o dinheiro não ajude a resolver.
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  - E isso deveria ser uma desculpa para você gastar tanto dinheiro assim comigo e com meus irmãos, meu amor? – Percebi que havia uma intenção por trás do jeito que se dirigiu a mim, então, optei por revidar, vendo a sua feição surpresa se tornar um sorriso satisfeito em segundos.
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  - Se for para o meu sol, não meço esforços para agradá-la – o rapaz beijou a minha mão e a pôs em sua bochecha. – É por esse motivo, senhor, que levarei todas as roupas da nova coleção, e não se esqueça de adicionar os uniformes de soldada, por favor. Envie para este endereço as compras, espero que tenha um bom dia.
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  - C-claro. Agradecemos a sua visita e a da senhorita.
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  Killian me guiou para fora, incapaz de manter sua gargalhada no segundo que sentamos na carruagem, provocando a mesma reação em mim. Puxar sua orelha por ter gastado tanto dinheiro não adiantaria, diferente da minha realidade, durante os seus dezoito anos nunca lhe faltou nada e algo me dizia que ele é do tipo que gosta de mimar as pessoas – seus pais também, obviamente. Aposto que meus irmãos vão amar a quantidade de presentes, creio que se uníssemos os que já ganhamos nesses anos, daria um total de… 20? Nossa mãe enviava um a cada aniversário, todavia, depois de algum tempo paramos de vê-los e a nossa esperança de termos um brinquedo dentro daquela casa ia desaparecendo junto. Se as minhas colegas da faculdade vissem a quantidade de coisa que me foi comprada, elas diriam que eu arranjei um sugar daddy e falariam sobre isso o restante da manhã, com suas piadinhas e pedidos de fotos. Pensar nessa possibilidade é engraçado, essas imagens não tão nítidas das situações que passamos na faculdade e o sentimento de melancolia brotou, trazendo perguntas que eu não saberia mais a resposta.
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  Com o intuito de espairecer, decidi analisar o Bellerose. Killian herdou os longos cabelos pretos de sua mãe e os olhos vermelhos de seu pai; não satisfeito com seus fios soltos, ele os penteou para trás e descansou sua cabeça em seu punho fechado, retribuindo o meu olhar com a mesma intensidade. Suas duas orelhas são furadas e há um colar rente ao seu pescoço, lembrando uma choker e o meu coração chegou até a errar uma batida. Sua aparência me fez relembrar dos outros personagens de manhwa que eu gostava e é um fato que Killian Bellerose faz parte desse combo que eu sou completamente rendida, pondo a minha existência em um beco sem saída.
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  Ele é absolutamente o meu tipo.
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  E eu sou péssima para esconder isso.
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  - Se quiser, posso pedir que ponham em seu quarto um quadro meu.
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  - Não será necessário para mim, afinal, nos veremos todos os dias – argumentei confiante, embarcando na sua provocação.
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  - Para mim, seria. Eu adoraria ter um quadro seu na minha escrivaninha – quase engasguei pela segunda vez na manhã. Ele não tem o direito de brincar com o meu coração.
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  - Cuidado, ou acharei que está interessado em mim.
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  - O que te faz pensar que não estou? – É, pessoal, não tem mais jeito: fui abatida na primeira fase.
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  Boa sorte, Arabella. Fighting.
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  - O que te faz pensar que eu acredito? – Quem eu queria enganar?
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  - Não há problemas, Arabella. Temos tempo o bastante para eu te fazer acreditar que todas as minhas palavras são verdadeiras e sinceras.
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  - Ahem – Rin pigarreou. – Chegamos na confeitaria, senhorita. Se desejarem, podem continuar a conversa enquanto eu busco as encomendas da lista.
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  - Obrigada, Rin – Killian desceu primeiro, estendendo sua mão para auxiliar na descida. – Obrigada, Lian.
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  - Lian?
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  - Você fala informalmente comigo desde que entrei no castelo, é natural que passemos para a base dos apelidos, não? – Dei de ombros como se não tivesse sido ontem que nos conhecemos.
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  - Como desejar, Bella.
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  - Será que as crianças gostarão das sobremesas? – Desconversei. – Nunca vim nessa loja, então não sei o gosto dos doces…
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  Apesar do calor, um vento gelado passou pela gente e quase que o meu capuz saiu do lugar. O ajeitei rapidamente, continuando a conversa com Killian. Contudo, quando fui respondê-lo, uma voz ecoou atrás de mim, me fazendo ficar paralisada.
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  – Arabella?
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  Merda.
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Capítulo 9 – Let Go

  A minha única reação foi apertar a mão de Killian, entrelaçando os nossos dedos enquanto eu podia sentir a ansiedade me corroendo por dentro. Por mais que eu soubesse dos riscos, fui ingênua o suficiente para pensar que ninguém me reconheceria tão cedo, ainda mais alguém que eu não conheço, mas que, pelo visto, sabe quem sou. Bellerose automaticamente se pôs na minha frente, escondendo a minha presença com o seu corpo e segurou firmemente nossas mãos enquanto analisava a situação. Com uma pulguinha atrás da orelha, dei uma espiada e tentei identificar a qual rosto aquela silhueta pertencia: cabelos castanhos, olhos verdes e uma espada na cintura – reconhecendo um pouco depois de piscar os olhos algumas vezes.
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  - Ethan?
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  - Killian? – O rapaz estava surpreso ao nos ver juntos, alternando a sua atenção entre ambos.
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  - Está tudo bem, Bella. É só o Ethan, ele é inofensivo – sussurrou a última parte, arrancando um riso abafado meu.
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  - Peço desculpas por ter assustado a senhorita. Fiquei desacreditado ao vê-la, já que não obtive mais respostas às minhas cartas e quando perguntei por notícias suas, fui informado que havia pegado um resfriado…. – Essa foi a melhor desculpa que o marquês inventou?
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  - Cartas?
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  Sim, eu e a senhorita trocamos algumas referentes a nos encontrarmos no festival, mas… Elas pararam de chegar – Ethan respondeu prontamente, finalizando com um “puppy eye” que causou um certo sentimento de culpa em mim.
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  - Sinto muito, Ethan LeBlanc. Gostaria de ter escrito antes, contudo, os últimos dias foram corridos com as preparações e como pode ver – sorri –, estou melhor. Agradeço pela preocupação.
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  - Fico contente que esteja bem, senhorita. Se me permite, estou tentando entender como os dois se conhecem.
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  - Ah – suspirei pesadamente –, mamãe solicitou a duquesa que ela me treinasse, visto o meu interesse em combate e a sua falta de tempo para tal – finalmente o nervosismo ia se esvaindo juntamente da hesitação.
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  - Arabella está morando conosco durante o seu treinamento, caso deseje se comunicar com a senhorita, é indicado que envie suas cartas para o castelo…
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  - Então – o filho do visconde ignorou o seu melhor amigo, vindo na minha direção com um sorriso esperançoso –, nos veremos toda semana?
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  - Certamente – agradeci a Rin mentalmente por ter surgido na hora. – Se nos der licença, precisamos voltar para o castelo. Não posso manter a duquesa à minha espera para sempre. Até breve, Ethan LeBlanc.
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  - Até, senhorita.
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  Com as despedidas feitas, não pude deixar de notar que o rapaz tinha uma feição alegre ao acenar para mim e algo me dizia que talvez eu tenha dado alguma esperança a ele com as cartas? Quando o usei como parte do plano, imaginei que estávamos no mesmo barco: sem interesse de um pelo outro e aproveitando a situação ao nosso favor. Achei que nos veríamos apenas nos eventos futuros da nobreza depois que eu me inserisse nesse meio, sem pensar que talvez ele nutrisse algum tipo de crush por mim. Mesmo que Ethan seja membro do segundo grupo de personagens que eu tenho uma queda, não seria justo permitir que continuasse alimentando seja lá o que for que LeBlanc sentia.
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  Na história original, não existe menção de um segundo protagonista masculino, tão pouco de um triângulo amoroso – principalmente envolvendo a Arabella – provocando perguntas sem soluções novamente. Parando para pensar, o encontro da heroína com Killian aconteceria por volta do mês que vem e eles seriam introduzidos por seus conselheiros, se apaixonando à primeira vista e, assim, firmando o noivado. Essa questão me fez ficar estranhamente inquieta ao observá-lo e o pensamento de agora decidiu alugar um triplex na minha cabeça, trazendo uma pequena chateação.
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  Balancei o meu cabelo incessantemente na frente do espelho, admirando os meus fios ondulados dançarem com o seu novo movimento; Lion finalizou o corte, orgulhoso, só permitindo que eu visse de fato o visual ao terminar, alegando que queria assistir a minha reação. Fiquei feliz ao ver o volume das madeixas, tendo a minha dignidade reestabelecida e Rin ocupou o posto do mordomo, fazendo um rabo de cavalo alto – por conta dos treinos a tarde –, e pôs as mechas da minha franja atrás de cada orelha. Agradeci inúmeras vezes e fui expulsa do meu próprio quarto, sendo empurrada gentilmente para o corredor para que eu pudesse seguir para o ponto de encontro com Serene. As embalagens que Rin me deu estavam cheias e fiquei um tanto confusa, visto que solicitei que comprasse seis pedaços de torta. Será que alguém pediu algo a mais?
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  Fui recebida com o momento fofura da manhã: os quatro gêmeos de mãos dadas, visivelmente entretidos na história que a babá contava com tamanha imersão – e por suas expressões, o conto devia ter uma dose de suspense. E, com a feição tranquila, Killian estava encostado na árvore, assistindo as crianças alegremente. Não demorou para perceber a minha presença e logo trocamos olhares um pouco intensos, de modo que causou um frio na barriga… agradável? Ou essa intensidade toda seja uma forma de avisar que tem alguma coisa no meu rosto, considerando o quão “sortuda” Arabella é.
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  - Sabia que é rude encarar alguém por tanto tempo sem cumprimentá-la primeiro? – Não contive a risada ao perceber que Killian estava em um curto transe, usando essa informação ao meu favor. – O que fez o futuro duque se perder em pensamentos?
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  Ele continuou com seus passos, parando somente ao estar a frágeis milímetros de distância do meu rosto, logo se inclinando para alcançar a minha altura; entre seus dedos há uma pequena flor, ainda desconhecida por mim, mas que rapidamente encontra o seu lugar atrás da minha orelha, cuidadosamente encaixada:
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  - Você – automaticamente senti as bochechas se aquecerem e o analisei com curiosidade, satisfeita com a resposta. – Vamos, as crianças não param de perguntar sobre a senhorita.
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  - Bella!
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  Os quatro abraçaram a minha cintura, quase me derrubando de tanta animação e retribuí seu gesto, apertando-os. Avistei Serene e lhe desejei uma boa tarde, sendo informada da programação que os mais novos tinham feito durante a manhã. O clima caloroso é agradável, tendo a sombra da grande árvore acima de nós feito boa parte do trabalho em manter todos frescos, provocando uma sonolência no quarteto após o almoço.
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  A babá havia comentado anteriormente que antes das aulas da parte da tarde, Kira e Kieran cochilavam, visto que há dias em que possuem lições depois do café da manhã, fazendo com que ficassem cansados. Aparentemente, o cronograma que seguiam seria o mesmo que Antonella e Anthoni teriam de seguir de acordo com suas necessidades, então, ao lê-lo e ser explicada de seu funcionamento, concordei. Suspirei aliviada, sabendo que meus irmãos descansariam o bastante – seja à tarde, como de noite. Crianças precisam se alimentar bem e dormir pelas horas corretas para que o seu crescimento não seja prejudicado futuramente e, infelizmente, na nossa antiga casa, ambos eram privados disso. Serene deixou claro que caso eu e os gêmeos não quiséssemos outra babá, que ela cuidaria deles da melhor maneira, assim como já fazia com os outros dois. É estranho ser tratada com tamanha abertura e sinceridade, e por mais que eu fique em alerta, é legal saber que há pessoas que se importam com as outras genuinamente, independente do tempo que se conhecem.
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  Foi assim com Yoko e Yuri, o que me faz ficar melancólica com essa situação e sentir sua falta.
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  Mesmo que eu não possa mais vê-los, por favor, deuses, protejam eles no meu lugar.
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*

  Os olhares curiosos falavam mais alto que palavras e não é como se eu não os entendessem: também acharia intrigante ver três pessoas carregando quatro crianças, sendo que nunca viram metade do grupo em questão. Os comentários começaram a correr pelos quatro cantos do castelo e fui avisada por Serene, que falou sobre os empregados estarem fofocando sobre os novos moradores do local e levantando várias hipóteses. Optei por ignorar os cochichos, ainda teria a apresentação oficial no treino dos cavaleiros e não sei como me sentir em relação a isso. É compreensível transformarem a minha aparição em um ótimo assunto e como a bela fofoqueira que sou, reuniria os dados que coletaria mais tarde com a babá e Killian, entretanto, espero não ser o centro das atenções por mais de uma semana. É bacana ser popular por um tempinho, nunca tive essa oportunidade na vida passada, mas li muitas histórias para saber que com a fama, os rumores criam pernas e andam por aí… Teria que desapontar os meus fãs, contudo, com os problemas maiores que eu tinha, eles entenderiam o meu sacrifício.
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  Como estou dentro de um romance, mais cedo ou mais tarde algum drama mais interessante me substituiria, certo?
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  Quando constatei que o drama aconteceria, não esperava que seria cinco dias posteriores ao meu primeiro treino.
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  Por estar me recuperando, as tarefas encaminhadas eram mais tranquilas, com foco em aumentar a minha estamina; os exercícios variavam entre alongamentos, corridas pelo campo e treinamentos de luta com bonecos de palha. Doutor Lúcio me visitava durante o final das sessões para prosseguir com o tratamento, e os vestígios de dor e hematomas sumiam gradativamente, fazendo com que eu ficasse apta a pegar um pouco mais pesado.
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  As técnicas e teorias que trouxe comigo e o fato de ter 2x mais força do que pessoas comuns me fizeram cair na classe intermediária no combate, enquanto da espada permaneci na inicial. Os meus colegas se mostravam sérios e focados, diferente da primeira turma, que eram mais eufóricos por participarem do exército do norte. Ver a felicidade e o companheirismo de quem acabara de se conhecer era animador: quase chorei para que a duquesa me deixasse como novata, contudo, sabia que as suas expectativas em mim são grandes – e não posso esquecer que ela é quem me recebeu de braços abertos.
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  A turma avançada e intermediária dividiam o espaço, todos sob a supervisão de Viviene e dos outros treinadores, e soube que no final do mês todos tiravam um dia de folga e faziam lutas entre as duas classes, sendo um treino aberto e livre. Os novatos também participavam, todavia, o holofote ia para aqueles que estavam em transição para uma posição superior.
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  Como imaginava, minha apresentação para a classe foi breve e repleta de rostos surpresos ao ouvirem que fui enviada pelo rei. É extremamente nítido que alguns tinham suas dúvidas, porém, ninguém contrariaria as palavras da duquesa, que era mais temida que o próprio governador do reino. O que lhes deu duas opções: ignorarem o meu background ou ficarem obcecados por ele. Para mim, tratei com indiferença as duas vias, agindo com simpatia caso viessem ao meu encontro e foquei nas lições que recebia, afinal, uma parte do meu plano depende disso, ainda mais depois de escutar algo que não aguardava dos sequestradores.
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  No entanto, antes que eu tivesse a oportunidade de rever as informações que recebi, fui cercada por um grupo com um ar nada amigável. Não pude evitar de soltar um riso anasalado, definitivamente eu estou em um romance! Acho que é comum situações assim ocorrerem e, sinceramente, não tinha cabeça para lidar com isso. Entretanto, como adoro ver o circo pegando fogo, adicionaria um fósforo a mais, aproveitando para me distrair momentaneamente das minhas preocupações.
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  - Você! – A garota do meio apontou para mim. – Quem acha que é para agir como se fosse melhor que nós?
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  - Não acha que é a senhorita que está criando uma imagem minha que não condiz com a realidade? – falei fingindo estar pensativa, sem me importar verdadeiramente com os seus achismos.
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  - Não é porque você é enviada do reino que é uma ótima soldada – um dos meninos disse, pondo as mãos na cintura e levantando o seu nariz.
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  - Mais uma vez: não sou eu quem está criando essa imagem – os encarei entediada, minhas expectativas para esse momento foram afundadas com a chatice desse clichê.
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  - Como ousas respondê-los? Estamos aqui mais tempo que você, e se crê que iremos…
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  Ignorei o outro garoto e prestei mais atenção nos outros presentes, reconhecendo os três que falaram com certa dificuldade. Suas aparições na história original eram mais em eventos da nobreza, e, se me recordo claramente, o trio – sem conhecer pessoalmente Arabella – ajudou a alastrar os rumores sobre ela só pela pura diversão de serem maldosos, que nem vários outros nobres são. Sorri atrevidamente com a recordação, anotando na minha lista mental os seus nomes e levantei, começando a fazer o meu trajeto para o castelo.
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  - Ei! Eu exijo um duelo no final do mês!
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  - Como quiser – acenei e rolei os olhos assim que lhe dei as costas.
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  Seus resmungos iam ficando menos audíveis conforme eu me afastava, entregando um minuto de sossego para o meu cérebro que estava um tanto exausto. 24 horas pareciam insuficientes para o número de afazeres que eu precisava efetuar, além de reservar meia horinha para deliciar o chocolate quente que Killian trazia com a desculpa de que a bebida levaria o cansaço embora; esses trinta minutinhos em sua companhia conversando sobre aleatoriedades era o que eu desejava no final do dia.
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  Depois de jantarmos e brincarmos um pouco, coloquei Nell e Thoni para dormir e mesmo que a duquesa tivesse nos dado novos quartos, decidimos que metade da semana dormiríamos juntos no meu, e noutra os gêmeos descansariam no seu. Depositei um beijo em suas testas e ao abrir a porta cuidadosamente, Lian estava encostado na parede com as canecas em sua mão, pronto para seguirmos para os meus aposentos.
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  - Exausta?
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  - Sim – massageei as têmporas assim que joguei meu corpo no sofá. – Doutor Lúcio fez questão de repassar todos os cuidados pós-tratamento diversas vezes… Ash, não nos deu nem cinco minutos de descanso e alguns nobres da minha turma vieram me desafiar, acredita?
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  - Mentira! – Sua reação falsamente incrédula foi hilária. – Conte-me mais.
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  - Laritte, Joel, Peter e seus amigos basicamente acham que eu sou melhor que eles e vieram falar isso, apenas concordei com a luta e voltei para o castelo. Simples, certo?
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  - Mas a senhorita é melhor que eles – o rapaz bebericou o chocolate, antes de prosseguir. – Talvez eu saiba o motivo deles agirem desse modo. Os três cresceram juntos e gostam de mirar em uma pessoa para fazê-la de vítima de seus comentários. Há boatos que eles já se envolveram com alguns instrutores, o que dá um status dentro do treino.
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  - No caso, romanticamente?
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  - Não necessariamente. Os professores e alunos possuem sua hierarquia tanto na sociedade como nos campos de treinamento e, independente de saberem que aqui tratamos todos igualmente, suas classes ficam nas entrelinhas. Então, para os que sentem adoração em abusar do poder que lhes és dado, conseguir algumas interações amigáveis com os instrutores que dificilmente se envolvem com alunos por conta de rumores, é importante para encherem seus egos. A sua fama já é um golpe cheio para aterrorizar esse tipo de indivíduos.
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  - Quem diria que uma mera plebeia como eu seria o centro da atenção – fiz uma pose dramática, tentando esconder o sorriso atrevido. – Contudo, meu querido futuro duque, aposto um chocolate quente que por eu estar envolvida com vossa majestade, não será só o trio que virá atrás de mim.
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  - Certamente, meu sol, como sempre, tens razão. Posso assegurá-la que se for de vossa vontade, os manterei longe de sua visão.
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  - Aprecio a oferta e espero que a mantenha caso seja necessário, o que me lembrou dos comentários que Serene compartilhou. Aparentemente, o seu costureiro espalhou para o norte inteiro que Killian Bellerose tem uma amante.
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  - E o que a minha amante tem a dizer?
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  - Não sei – olhei para os meus dedos, os levando na direção do meu rosto e ponderando –, não vejo um anel no meu anelar.
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  - É melhor eu providenciar o mais rápido possível, não é? – Deu uma piscadela. – Você sabe que pode me usar a vontade também, certo?
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  - É o meu intuito desde que nos conhecemos, Killian – coloquei a caneca na mesa e alonguei meus braços, soltando um suspiro ao me virar completamente para ele. – Amanhã completa uma semana que eu e meus irmãos chegamos aqui. A sensação que tenho é que já faz muito tempo, entende? Ainda mais em relação a você – desviei o olhar da janela para encontrar o de Lian. – Parece que somos amigos desde crianças, e sem contar que seus pais tratam a mim e meus irmãos como se fossem deles. Parece que parte do vazio que sinto está sendo preenchida pedacinho por pedacinho com a presença de vocês e, não me entenda errado, sou muito feliz por ter Antonella, Anthoni e Giovanna, eles são minha família.
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  - Bella, está tudo bem. Você não precisa se justificar – Bellerose me confortou fazendo um carinho na minha mão. – Todos no castelo ficam felizes por participarem da sua vida, independente de ser uma semana ou um ano; acho que nunca vi o duque e a duquesa tão animados com seus convidados quando você revelou a sua identidade. Eu sempre escutava histórias dos filhos da melhor amiga dos meus pais, os quais eram tão adoráveis e que infelizmente não conseguíamos arranjar um encontro, tendo a tentativa de crescermos juntos sido falha.
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  Desabafar e escutar suas palavras ternas fizeram com que os diversos sentimentos entalados em forma de um nó na minha garganta, fossem se desfazendo, tornando difícil respirar controladamente. O nervosismo involuntariamente provocou o choque das minhas unhas com a palma da mão úmida, apertando uma contra a outra e sem perceber, as lágrimas rolaram pelas bochechas provavelmente avermelhadas.
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  Desde que reencarnei como Arabella, esse é o primeiro momento em que consegui analisar os acontecimentos com mais atenção e, agora, os meus sentimentos e os dela se misturavam em uma dança triste, onde só há nós duas e o som de nossas vozes que foram negligenciadas por todos esses anos. É claro como uma manhã: o reflexo no espelho que estou observando mostra, bem lá no fundo, eu e ela conversando sem usar palavras; de mãos entrelaçadas e compartilhando da melancolia, em um piscar de olhos sua imagem começou a desaparecer gradativamente e eu tentava alcançá-la, com medo de dizer adeus. Conforme eu me aproximava, o seu semblante se enfraquecia e decidi parar, tendo ela parado também. O seu sorriso é o suficiente para saber que as correntes que a prendiam aqui tinham se desfeito uma por uma, transformando-se em areia que o vento carregava consigo.
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  “Seja feliz, meu amor”, ela beijou a minha testa carinhosamente, trazendo com seu ato uma sensação de familiaridade. As lágrimas continuavam a rolar pelas bochechas, incessantes e teimosas de modo que eu não conseguia evitar.
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  “Mas… eu tenho tantas perguntas e as dúvidas continuam crescendo incessantemente. E se tudo der errado e eu não puder salvar nós duas? Por que essas pessoas tentam nos ajudar sem pedir nada em troca? Por que nossas vidas tiveram um trajeto tão trágico e ninguém tentou nos resgatar quando mais novas?! Eu tenho tanta raiva! Raiva e tristeza! E estou confusa com esses últimos acontecimentos e com os meus próprios sentimentos. Estou uma completa bagunça.”
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  “Prometo que todas as suas perguntas serão respondidas em algum momento e você saberá como agir, está bem? O meu único desejo é que você seja tão feliz e possa desfrutar de uma boa vida e, por favor, não tenha medo do futuro. Eu confio plenamente que você viverá por nós duas, meu amor. Pelo que vejo, tem alguém te esperando e eu não posso ficar mais aqui. Você sabe que precisa nos deixar ir, certo? Estou pronta para partir agora.”
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  Por breves segundos as nossas testas se descolaram e vi a sua silhueta se afastar; eu sabia que precisava deixá-la ir e desfrutar de um caminho que pudesse descansar pela primeira vez, com o gosto da liberdade que sempre desejou. A fim de soltar a sua mão, suspirei pesadamente, sorrindo em meio ao choro e dei um passo para trás, a vendo iniciar o seu trajeto para mais fundo no espelho.
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  “Não fique triste, meu amor. Algo me diz que nos veremos em algum lugar do futuro, sim?”
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  Com as suas últimas palavras, sua existência se tornou pétalas de flores que se esvaíram no cenário invadido pela escuridão, mantendo a esperança de que um dia nós nos reencontraríamos de novo em outras condições. Antes que eu tivesse alguma reação a mais, ouvi a voz de Lian me chamando e acordei do transe, reparando que sua feição se aliviou ao perceber que voltei ao normal.
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  - Bella – ele segurou meu rosto gentilmente e respondeu uma das minhas perguntas, mesmo que não soubesse de nenhuma delas –, você é e sempre foi família para nós, independente de não ter ciência disso.
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  Senti as bochechas umedecerem mais uma vez, me permitindo chorar em seu abraço toda a dor acumulada nessas duas vidas.
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Capítulo 10

  Não sei o horário exato de ter caído no sono, só lembro de ter chorado feito um recém-nascido nos braços de Killian, sentindo o seu abraço quente envolvendo o meu corpo. A tentativa falha de abrir meus olhos se deve ao inchaço causado pelo choro, então me contentei em primeiramente protegê-los da claridade que adentrava pelas pequenas brechas das cortinas. Os cocei demoradamente, bocejando durante o processo e encostei meu rosto novamente no travesseiro, que estava com sua textura um tanto diferente? Passei meus dedos mais uma vez nas minhas pálpebras e as forcei a ficarem abertas, mesmo que a visão estivesse um pouco embaçada. Conforme a imagem ia tomando forma, observei que o que eu pensei ser um travesseiro, na verdade, está mais para um peitoral de algum cavalheiro e não consigo me recordar de ter sido convidada por uma pessoa para passar a noite em sua companhia. A única resposta plausível seria que eu estava em um sonho, o qual finalmente conquistei o meu crush e estávamos namorando, já que Killian provavelmente voltou aos seus aposentos depois que adormeci. Decidi aproveitar mais do sonho antes que Rin viesse me acordar, mas, a fim de estragar os meus planos, uma voz ecoou no espaço:
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  - Acordou, Bella?
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  A silhueta de Lian se fez visível após eu observá-lo minuciosamente; ainda compartilhando a mesma posição – de ontem – que aparentemente dormimos, ele depositou um beijo na minha maçã do rosto e instintivamente fechei os olhos, lhe dando um sorriso tímido. Era nítido como nenhum dos dois deu o primeiro passo para sair da posição e, sendo sincera, gostaria de ter mais cinco minutos de sono sem interrupções, porém, a qualquer momento uma das empregadas viria me chamar.
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  - Em breve alguém deve vir, Rin só volta no almoço… O que dirão ao nos olharem assim? – Bocejei preguiçosamente, consumida pela sonolência.
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  - É melhor eu providenciar o anel, certo? – Escutei o seu riso abafado e o acompanhei, permitindo ficarmos desse jeito por mais perigosos 60 segundos.
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  - Lian, se não levantar agora, serei incapaz de acordar totalmente e irei usá-lo como culpado.
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  - Tudo bem, tudo bem – suspendeu as mãos como se estivesse se rendendo. – Entretanto, em compensação, espero que possamos…
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  - Senhorita, o café…
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  A mulher tentou ser discreta, todavia, estava escrito em sua feição a surpresa que é assistir a cena a sua frente, fazendo minhas bochechas corarem. Não sei o Killian, contudo, eu não senti vergonha ao sermos “pegos”, e sim, graça, por ter previsto que isso aconteceria. Logo a empregada terminou sua frase e pediu desculpas, as quais respondi que não havia necessidade e a dispensei. Empurrei o Bellerose até a porta e me despedi, indo direto para o banheiro e tratei de me arrumar rapidamente, pensando em como o dia seria cheio.
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*

  A manhã ensolarada não dava folga para os alunos, assim como os instrutores que não são maleáveis independente do grau que faça, mantendo suas rotinas de treinos de acordo com seus planejamentos. Felizmente, as vestimentas são de tecidos com poucas camadas e bem leves, facilitando a nossa locomoção e podemos tirar um melhor proveito sem derretermos feito picolé.
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  Comecei a me aquecer debaixo de uma árvore juntamente de alguns colegas que também estavam em busca de uma sombra, sendo tão espertos quanto eu. Observei brevemente os outros espalhados pelo campo e percebi que seus murmúrios se resumiam em reclamações sobre o calor, e às vezes eu sentia um olhar reprovador em cima de nós quatro, os quais ignorávamos. Após vinte minutos de alongamento e mais dez de bate papo, nossa turma ia se reunindo em volta de Ash e aguardávamos ele anunciar a lista de hoje, mas, foi uma questão de segundos até os cochichos se tornarem uma comoção maior.
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  Sem entender, procurei o motivo de tamanho alvoroço e não demorou para os culpados surgirem na parte em que treinávamos, conversando entre si e aparentemente despreocupados com o mundo ao seu redor. Turma avançada: ame ou odeie, afinal, por mais que todos sejam tratados igualmente, os próprios alunos das outras classes os colocavam em um pedestal. E, claro, há aqueles que não suportam os seus “superiores”, como em qualquer boa história de colegial – tirando o fato que estou em um reino, não na escola.
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  É fácil distinguir quem participa de qual grupo, visto que não mediam esforços para esconder suas emoções e o falatório só aumentava. Reparei nos rostos e reconheci dois em especial: Killian e Ethan, que não ironicamente acenavam para mim, trazendo os olhares dos curiosos para a minha direção. Ignorando os melhores amigos, segui para o reconhecimento facial memorial, ou seja, as pessoas que eu tinha no mínimo uma vaga lembrança. Há pelo menos dez integrantes da nobreza, enquanto os demais pareciam ser indivíduos comuns do reino e que entraram no castelo durante o período de admissões, que ocorriam 3 vezes ao ano.
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  - Alunos – a voz de Ash ecoou entre os presentes –, nossa programação será diferente e espero a cooperação da minha tão adorada turma!
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  Os suspiros e risadas são inevitáveis, já que o treinador é, sim, querido por todos, contudo, ele é um tanto rígido e quando pega no pé de alguém, não há para onde correr. Sua fala pode ser encarada como uma forma de sarcasmo, ainda mais por ter um jeito brincalhão fora do horário de trabalho; saber suas reais intenções por trás de suas frases não é tão difícil.
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  - Continuando, gostaria de dizer que a cada duas semanas teremos dois dias de treino com a turma avançada, consequentemente, sendo também guiado por vossa alteza que está dois minutos atrasada.
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  - Agradeço a precisão, Ash Greenier – Viviene se juntou aos demais. – Não é preciso as reverências, podem voltar a sua formação normal – ela abanou com a mão de modo que dispensasse as formalidades de seus alunos, não deixando de achar uma graça a situação.
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  - Terças e quintas serão os dias da integração; combate e espada, respectivamente. As duplas são decididas de acordo com suas habilidades, podendo haver ou não um rodízio ao decorrer das horas. Alguma dúvida?
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  - Os pares já são predestinados? – uma colega perguntou, a fim de sanar a dúvida de metade da classe.
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  - Sim, eu e Ash estudamos os pontos fortes e fracos de cada um e decidimos quem treinará com quem. Todavia, se percebermos que há necessidade de trocarmos, avisaremos previamente.
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  Os cochichos retornaram com força e ambas as turmas estavam ansiosas para conhecerem os seus parceiros, incluindo eu, que não sabia quem esperar para ser meu par. Ash e a duquesa solicitaram a formação em fila horizontal e, ao ouvirmos nossos nomes, devíamos dar um passo à frente e ir ao encontro da dupla. Como já imaginava, Killian caiu com o aluno que os boatos diziam que na próxima prova há altas chances de subir de nível e, ao reparar que eu o observava, ele piscou para mim, me fazendo soltar um risinho anasalado. Alguns duos estabeleciam os seus lugares, faltando poucos a serem chamados e sem tardar, escutei meu nome saindo dos lábios de Viviene, que tinha um sorriso ao me ver em sua frente:
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  - Arabella e Ethan.
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  É difícil dizer que eu já esperava, entretanto, é fácil entender o pensamento dos mais velhos ao compreender as razões por trás dessa junção: LeBlanc é um dos melhores espadachins do exército, enquanto o seu combate tende a ser consideravelmente mais fraco, ou seja, o meu oposto. Como ele sabe de quem sou filha, as suas expectativas talvez fossem maiores do que as dos colegas da turma, e não é querendo me gabar, mas, sou bem boa no que me proponho a fazer. Que nem ele, eu também tenho as minhas em relação a espada, já que as vezes que eu o vi usá-la foi durante a história original e nada se compara a ver a ação rolando pessoalmente.
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  Nosso cumprimento foi sério e cordial e, ao nos afastarmos dos olhos do público, não deixamos de rir e trocar mais cumprimentos amigáveis. Eu e Ethan, desde que ele me reconheceu na cidade, não tivemos tanto tempo para conversarmos, então acabamos criando o hábito de, ao nos esbarrarmos pelos corredores vazios, termos saudações mais calorosas e bobas. A sensação que dá é que o posto de melhor amigo foi tomado pelo futuro visconde e creio que a recíproca seja verdadeira. As instruções foram finalizadas e optamos por iniciar o treino por exercícios que o ajudariam em suas dificuldades.
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  - Ethan, os seus movimentos são bons, você precisa apenas aperfeiçoá-los. Se o seu adversário abrir uma brecha desse jeito, é fácil golpear tanto com um chute ou um soco.
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  - Não sei se captei muito bem – LeBlanc coçou a nuca um pouco confuso.
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  - É só repetir a demonstração, pode vir pra cima de mim.
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  - Pra valer? Tem certeza?
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  - Claro, você não vai conseguir me acertar de qualquer maneira – sorri atrevidamente.
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  O rapaz se pôs em posição novamente, vindo na minha direção e tentando acertar o meu rosto, porém, abaixei rapidamente a cabeça, desviando de seu golpe e empurrei o meu punho contra sua barriga, assistindo a sua reação de surpresa e talvez de dor. Peguei a garrafa de água e lhe entreguei, sentando ao seu lado e apoiei as mãos na grama.
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  - Pausa?
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  - Sim, obrigado. Estamos treinando há duas horas sem parar, senhorita.
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  - Nem reparei que já tinha passado isso tudo, mas devo expor que você é um ótimo aluno – dei um tapinha orgulhoso em seu ombro. – Só precisa parar de me chamar de senhorita, temos a mesma idade, LeBlanc.
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  - É porque eu tenho uma ótima professora, não? E sobre isso, é o costume. Nos últimos meses meu pai tentou me apresentar algumas moças para que eu talvez corteje alguma, meio que sai a formalidade sem eu perceber – ele suspirou irritadamente, rolando os olhos ao citar os encontros.
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  - Foi o visconde que te incentivou a me escrever?
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  - Oh – aparentava ter sido pego desprevenido com a minha pergunta, no entanto, logo sua feição voltou ao normal. – Na verdade, meu pai só soube por ser fofoqueiro e acidentalmente ouviu uma das empregas dizendo que uma carta da residência Fiore havia sido designada a mim. Nem queira imaginar as inúmeras indagações que o homem fez.
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  - Pobre Ethan – passei os dedos em seu cabelo, em uma tentativa de consolo que o fez gargalhar –, parentes e suas manias de casarem seus filhos cedo.
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  - Você pensa em casamento, Arabella? Ou conhecer alguma pessoa que possivelmente poderia vir ter algo no futuro?
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  - Quer se candidatar a vaga, Ethan LeBlanc?
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  - Talvez? – Empinou o nariz, deixando claro que não diria suas verdadeiras intenções por trás de suas palavras.
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  - Sinceramente? Não sei, nunca foi exatamente o meu foco.
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  Apoiei meu queixo nos meus joelhos, sem saber como me sentir realmente. Duas vidas que viraram uma e em todas a sobrevivência sempre foi a questão principal, não sobrando espaço para dar a alguém. Não serei hipócrita e afirmar que nunca me imaginei namorando, entretanto, é um fator que eu julgava que se ocorresse durante o percurso dos meus dias, eu poderia conciliar com os meus afazeres. Acho que essa é a primeira vez que flerto com um indivíduo que corresponde na mesma intensidade, por mais que uma parte de mim viva em alerta por causa do plot original. Killian e a heroína são destinados a se conhecerem e se apaixonarem à primeira vista, não tendo lugar para Arabella nesse ninho de amor, o que me faz repensar se eu deveria ou não manter esse grande e frequente contato com Lian. De qualquer maneira, quando a heroína aparecer e eles começarem a namorar, sairei de cena e assumirei o posto de amiga do casal, provavelmente.
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  - Há momentos que questiono se é algo que eu realmente queira. Com a pressão que recebo, acabei por criar um certo rancor ao ler as cartas de amor – ele respirou fundo e se virou um pouco para mim, com a expressão aliviada. – A sua, entretanto, encarei de uma forma mais leve pela primeira vez em meio a várias outras. Não sei se foi por ficar te observando de longe quando éramos crianças ou por você ter feito questão de encher o papel com corações como se estivesse perdidamente apaixonada por mim… O motivo não importa, mas Arabella é a segunda pessoa que me fez sentir assim.
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  - Se importa de compartilhar a primeira? – Correspondi o seu sorriso, curiosa para saber de quem o rapaz falava.
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  - Sendo honesto, não tenho ideia de quem seja – o encarei confusa –, os bilhetes desse admirador secreto vinham semanalmente; conversamos bastante e nos conhecemos melhor por meses, porém, quando estávamos ajeitando os detalhes para nos conhecermos, suas cartas pararam. O endereço deu em uma pensão próxima à fronteira do oeste, e a única informação que obtive é que muitas pessoas com pseudônimos passavam por lá. Imaginei que talvez fosse um cavalheiro de alguma outra parte, ou uma alquimista viajante. Naquela época, eu não me importava se era homem ou mulher, só queria encontrar a pessoa que eu gostava… – LeBlanc deu um sorriso fraco e coçou a nuca, tomando um ar antes de continuar. – Na verdade, continuo sem me importar se é uma mulher ou um homem, cheguei à conclusão que eu gosto de ambos.
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  - Ethan – pus minha mão sobre a sua ao chamá-lo –, obrigada por compartilhar comigo. Se você estiver disposto, podemos tentar achar sua pessoa misteriosa juntos.
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  - Sério? – O brilho em seu olhar dizia absolutamente tudo: ele não tinha deixado de ter sentimentos por quem quer que fosse, e isso é bastante adorável. – Arabella é a minha pessoa favorita de todo o reino!
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  - Será que continuarei sendo até terminarmos o treino? – Arqueei uma sobrancelha, estendendo a mão em sua direção para ajudá-lo a levantar. – Vem, teremos tempo o suficiente para pôr em prática meus poderes de investigação mais tarde – até que enfim as horas gastas em programas de investigações criminais viriam a calhar!
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  - Arabella?
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  - Sim? – Virei meu rosto para encará-lo.
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  - Caso a senhorita precise de uma companhia para o festival ou uma ida na cidade, estou disponível. Se a nossa vida romântica não der certo – notei que ele olhou de relance para Killian –, passar os dias da minha vida na sua presença não seriam ruins.
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  - É uma honra receber uma proposta vinda do futuro visconde – o reverenciei de brincadeira. – Manterei em mente o seu convite com prazer.
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  Com o treino intenso, quase não consegui tomar banho no horário predestinado e estava por um fio de me atrasar; felizmente, agora íamos para a sala de jantar e, como sempre, as crianças estavam animadas e comunicativas. A presença de Rin facilitou as arrumações para o jantar, tendo ela me ajudado com a preparação dos mais novos e com o meu cabelo, além de ter escolhido nossas roupas.
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  Como imaginado, os comentários sobre o “incidente” matinal já rodava todas as áreas do castelo e os cochichos e olhares só confirmavam, o que me causava certa… indiferença? A ignorância é uma benção, pensei. Minha empregada havia informado que assim que pôs seu pé no dormitório, foi recebida com uma enxurrada de perguntas sobre “qual é o tipo de relacionamento entre eles?” e coisas desse estilo. Soube também que há pessoas a favor e contra, mas, como ninguém paga as minhas contas, por qual motivo eu me importaria?
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  A nossa atenção foi chamada ao adentrarmos o cômodo: Kira e Kieran aguardavam os meus irmãos inquietamente, acompanhados de Serene e sua cesta, provavelmente recheada de gostosuras para seus jantares ao ar livre. Os assuntos que tínhamos a discutir não era recomendável para os menores, então a babá deu a ideia de levá-los para comer nos jardins e depois vão observar os vaga-lumes com Rin, Cliff e Noel – os últimos são os nossos cavaleiros e os dos filhos do duque, respectivamente. Eles se retiraram e eu me sentei ao lado de Lian, que me cumprimentou com um sorriso.
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  - Arabella, querida, fico feliz que tenha se juntado a nós – Viviene sempre dizia o quão alegre ficava por me ver, e aos gêmeos também.
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  - O prazer é meu, duquesa.
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  - Antes de conversarmos sobre o assunto mais sério – Giovanni engoliu a seco, trazendo um toque de suspense à tona –, gostaria de saber os detalhes sobre a fofoca mais quente do norte: Killian Bellerose e a sua adorável amante estariam juntos nessa manhã e na ida ao alfaiate?
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  - Pai – o primogênito usou um tom reprovador, todavia, ao reparar na reação que fiz, ele descansou os ombros. – Não é culpa nossa que as ocorrências interessantes desse reino são escassas.
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  - Era só uma questão de tempo até começarem a falar – comentei despreocupada, enchendo minha boca com carne e salada. – As pessoas não sabem quem realmente sou, por enquanto.
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  - Aproveitando que citou esse fator – a duquesa bebericou o seu vinho delicadamente, voltando seu rosto para mim –, quando achar necessário, prepararemos o seu debute, como solicitado anteriormente.
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  Claro! Em um de nossos almoços, pedi que, na hora certa do meu plano, o meu debute fosse realizado, e para tal festividade, seria preciso ter duas semanas, no mínimo, para acertarmos os detalhes. Os três estão cientes da minha história e dos meus requisitos e todos concordaram em ajudar no que podem, tendo eu mantendo eles atualizados sobre o baile.
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  - Agradeço pela gentileza, duquesa. Gostaria de anunciar que a partir de meados do próximo mês, as minhas visitas ao centro serão frequentes para confirmar as suspeitas que levantei na primeira semana.
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  - E a vinda da sua melhor amiga? – Lian questionou.
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  - Assim que o marquês tiver conhecimento do meu paradeiro, não deixará de mandar alguém para me espionar. De acordo com a carta de Anna, os preparativos para ela induzir a Perci enviar a ex-babá das crianças está seguindo conforme planejado; com ele atrás de mim, sua melhor jogada será mandar Giovanna e Letícia para tal trabalho – suspirei, percebendo o quão previsível o homem seria.
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  - Certeza que o novo informante não trairá as senhoritas? – o duque perguntou apreensivo.
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  - Sim, de certo modo, os colegas de Anna sempre parecem dever algo a ela. Ah, além de terem medo dela também – dei de ombros, tentando imaginar o que minha amiga sabia de podre dessas pessoas.
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  A carta dela havia chegado mais cedo e todo o seu conteúdo trazia algumas suspeitas a mais do que já imaginávamos, além de contar as novidades sobre o espião e suas outras amizades. De acordo com ela, o marquês estava lidando bem com as perguntas de nossos desaparecimentos, inventando suas desculpas de sempre, entretanto, ele sabia que a corda estava apertando e que era só uma questão de tempo até descobrirem que não morávamos mais lá. Dito isso, o seu plano para ocupar o lugar de vítima da sua tão amada filha que acabou se tornando uma vilã, começou a percorrer toda a casa, para que os empregados estejam em consenso quando forem espalhar os primeiros rumores. Coincidentemente com o meu baile, os boatos se espalharão quando eu começar com as minhas aparições públicas, o que beneficiará a minha imagem em certos lugares. A minha ideia é disseminar o benefício da dúvida em cima de mim: será Arabella Fiore a vilã ou não da história? Os dois lados da moeda serão cruciais para eu dar prosseguimento a narrativa que venho criando juntamente de Giovanna em nossas cartas, e nada melhor que dar início nos eventos da nobreza, os quais fui convidada antes de sair da casa Fiore e que Anna me enviou os convites – e outros como acompanhante de alguém do castelo. Mas, ignorando um pouco essa parte da minha imagem, há um detalhe me incomodando nesses últimos dias, envolvendo a ex-babá dos meus irmãos.
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  - Bella? – Lian pôs a mão no meu ombro, de pé ao lado da minha cadeira. – Está pronta para a visita?
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  A visita.
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  Nas quatro partes do reino há uma prisão para cada, posicionada ou não em algum castelo dos membros da ordem. A do norte fica afastada do centro da cidade, sendo distante o suficiente para ter que ir de carruagem ou a cavalo e não nas masmorras do castelo do duque, como muitos acham. Não que não há celas, mas é muito trabalho para quem já ajuda a manter a paz no reino, então os antepassados da família Bellerose optaram por um local propício para isso. Ao serem levados para lá, o trio com quem tive uma luta não ligou de pôr a boca no trombone e desembucharam mais do que esperávamos; suas informações eram consistentes e mesmo que não tivessem muito o que compartilhar por serem novos na organização, partilharam o suficiente para que a investigação do duque andasse para frente. E a minha também.
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  “Dois dias após ser aceita no castelo, apressei meus passos para as celas de forma que fiz o trajeto em poucos minutos. A pedido de Viviene, eu, Killian e Lion estávamos indo interrogá-los; não sei o que se passou em sua cabeça, contudo, vejo como uma oportunidade me enviar junto dos dois para que eu possa mostrar que sou útil.
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  A escadaria que dava o acesso as masmorras era extensa e iluminadas por velas, já que sua localidade é no subsolo. Estranhamente, o silêncio nos acompanhou durante todo o trajeto, me fazendo pensar se há realmente uso dessa área. Cumprimentamos os guardas que nos encaminharam para a cela, e os homens chamaram a atenção do trio para se levantarem e fazer suas reverências. Decidimos ficar do lado de fora e eles só perceberam a minha presença quando um dos guardas trouxe uma cadeira para mim, e eu pude vê-los um tanto acanhados. Ótimo, isso facilitaria o processo!
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  – Boa noite, meninos – cruzei as pernas e inclinei o meu tronco para frente, descansando meu queixo na minha mão –, acho que sabem o motivo de estarmos aqui, certo?
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  – Para nos dar a nossa sentença?
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  – Isso depende do que vocês têm a oferecer. O que me dizem de falar um pouco sobre seus trabalhos e eu te conto um fato? Os observei estáticos, sem pretensão de falarem algo. Hum… tímidos? Está bem, lá vai: vocês três foram enganados e estão com vergonha de admitir que foram derrotados por conta do orgulho!
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  – Não é que a senhorita não tenha razão… o primeiro que nocauteei comentou. – Mas chegamos à conclusão que responderíamos todas as suas perguntas se a senhorita concordar em nos manter fora da visão dessa organização.
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  – Uma boa negociação é sempre empolgante! Percebi que os homens atrás de mim seguraram o riso por causa da minha fala. – Primeiro, desembuchem. Depois veremos as suas condições, entendidos? Assentiram.
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  – Nós saímos da nossa região por causa das pequenas guerras que vêm acontecendo e que não caiu ainda nos olhos do público. O exército do leste estava reunindo pessoas interessadas a ingressarem nas novas turmas, mas a verdade é que havia vários soldados forçando e ameaçando os jovens a entrarem, alegando falta de pessoas. Nossa vontade nunca foi de servir, e crescemos vendo o rei falar que não é algo obrigatório, então, como somos acostumados a trabalhar desde novos, pensamos em sair da nossa região e vir para o norte, onde alguns colegas tinham passado um tempo e elogiado bastante. Chegamos aqui com quase nenhuma moeda e, ao vermos no jornal a oferta de trabalho com o valor tão abundante, corremos para garantir nossa vaga.
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  – Ingênuos.
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  – Killian – Lion o advertiu.
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  – Nós fomos muito ingênuos, reconhecemos. No momento que adentramos uma de suas sedes, nossos documentos foram confiscados e ficamos esperando receber o trabalho manual que prometeram. Fomos mandados com mais alguns rapazes da nossa idade a dar um “susto” em algumas pessoas que deviam dinheiro ao chefe, e só chegando no local que outros homens mais velhos nos separaram e designaram uma missão. A nossa era assustar e pegar o dinheiro de uma família de nobres que fomos informados de deixarem suas moedas com as crianças.
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  – Então, no momento que cheguei, vocês…
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  – Estávamos tentando pegar a moeda das crianças, sim. Os capangas disseram que se voltássemos sem dinheiro, estaríamos mortos, literalmente. E sem nossos documentos, não tínhamos para onde correr sem ter medo de sermos pegos. Isso não tira a nossa culpa em ameaçar crianças e seus parentes, claro.
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  – O que foi estranho é que esbarramos com as crianças erradas – o do meio falou.
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  – Como assim?
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  – Antes de sairmos do galpão, uma mulher veio até o chefe e fez a sua solicitação. Durante nosso caminho, ela apareceu novamente, como se quisesse ter certeza que seu pedido seria vitorioso. Não entendemos a razão, mas estava clara a sua intenção: ela queria que a organização sumisse com duas crianças. Calhamos de escutar a discussão e saímos correndo antes que notassem, entretanto, acabamos na rua sem saída e esbarramos com as crianças. Pensamos que para pegarmos nossos documentos, precisávamos pegar o dinheiro delas, por isso ameaçamos os que pareciam ser nobres. E aí a senhorita apareceu.
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  – Tem mais alguma informação sobre quem é a mulher ou quem ela queria que a organização sequestrasse? Lian se aproximou das grades, encostando seu corpo nelas ao cruzar os braços.
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  – Não sabemos o seu nome, o que ouvimos foi que a recompensa que seu mestre tinha separado seria grande. As características informadas foram rasas, podendo ser de qualquer nobre: crianças de seis anos, cabelos castanhos e alguns sinais.
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  – Tentamos espiar mais também! O único detalhe que temos é que além de ser uma mulher, ela tinha um broche preso em sua capa. O formato parecia ser de uma serpente? A coloração era dourada e o tamanho era semelhante ao do homem ao seu lado – o rapaz apontou para Lion.
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  Meu corpo estremeceu ao escutar o relato, sendo invadido pela raiva que ainda estava acumulada durante todos esses dias. Levantei abruptamente da cadeira, chutando as grades sem pensar nas consequências para o meu pé e cobri o meu rosto com as mãos, sentindo que a gargalhada que saía dos meus lábios era uma das mais sombrias dessas duas vidas que já vivi. Encarei os cinco e sorri abertamente; trouxe a cadeira pesadamente para o local anterior, voltando a me acomodar confortavelmente no assento.
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  – Sinto muito, rapazes, pelo meu comportamento. Mas, temo que não poderei deixá-los fora da vista da organização… Não enquanto vocês têm utilidade para mim, entende? Ao contrário do meu achismo, suas expressões eram como se fossem três interrogações ao invés de relutância. – Parece que para o meu próximo passo, terei que lidar com um dos peões mais rápido do que calculei.”
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  Com meu pé fora de perigo e os ânimos acalmados, adicionei a mais nova informação no meu plano e tracei a linha temporal dos acontecimentos, planejando o meu próximo passo. Ter plena consciência de que o marquês não dava a mínima aos seus três filhos é algo óbvio, mas é nojento saber que ele gostaria de dar um sumiço nas crianças, como forma de usar a situação em seu favor e se pôr em local de vítima.
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  Na história original, há uma situação semelhante em que o homem se utiliza dessa imagem de santo para incriminar mais ainda Arabella, usufruindo dos gêmeos e pondo toda a culpa em cima dela. A lembrança desse fato faz o meu estômago revirar; ao escutar claramente o depoimento do trio, não foi difícil ligar os pontos: a única casa que tem uma serpente como símbolo é a casa Fiore, e as pessoas que usam esse broche são as que o marquês considera como confiáveis, ou seja, aqueles os quais ele sabe muito bem que não o trairiam – sendo os que mais maltratam os seus filhos.
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  Por mais que o ódio esteja instalado em todas as fechaduras daquele local, há o grupo seleto que estampa o objeto no peito com orgulho, consistindo em: a empregada chefe, o chofer e a babá, Letícia. A última mulher é um pouco mais nova que a empregada chefe e começou a trabalhar na casa por indicação da outra, além de agir como se a residência fosse da própria. Sua egocentricidade e maldade estavam na mesma medida; nem uma gota a mais, nem uma a menos. A paciência que tinha era usada somente para o seu tão amado marquês – o que eu julgava ser um amor unilateral – e com qualquer pessoa fora de sua bolha, os seus olhos se tornavam frios e suas palavras extremamente ríspidas. Por ter um certo poder, ela sempre fazia questão de extrapolar, agindo de acordo com sua vontade e descontando suas irritações e estresses na pequena Arabella e, mais tarde, nos gêmeos.
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  Foram diversas situações que eu e Giovanna tivemos que criar maneiras para tirar os meus irmãos de seu foco, os trazendo para o nosso esconderijo e esperando a poeira abaixar. Até eu ser expulsa, Letícia se limitava a mostrar o seu desagrado com a minha presença com o seu olhar, completamente correspondida por mim, o que a fazia sair do cômodo irritadamente.
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  A mudança no meu comportamento naqueles quinze dias fizeram uma certa diferença, principalmente ao levar os meus irmãos para saírem quase a semana inteira; e quando não íamos para a cidade, eu os mantinha comigo em meus aposentos. Não houve reclamação da parte dela, claro, mas não foi complicado reparar nos momentos que a mulher queria descontar a raiva nas crianças e se sentia ainda mais enfurecida ao ver a presença de Anna informando que os pequenos precisavam se arrumar para sairmos. Assim como o marquês, eu sabia que o seu estresse acumulado a faria juntar muito mais forças com o seu querido chefe, de modo que almejasse causar sofrimento em nós três.
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  - Bella, se Lily não fosse tão bem treinada, você já teria caído dela umas quatro vezes.
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  Pisquei algumas vezes, voltando a atenção para o caminho e percebendo que Lily relinchava orgulhosamente por ter recebido um elogio vindo de seu pai. Após colocar Nelli e Thoni na cama, aguardei eles dormirem para encontrar Lian e Lion nos estábulos, prontos para irmos para a prisão. Optamos ir a cavalo por ser mais discreto, afinal, é normal ter cavaleiros patrulhando a cidade durante a noite. Os rapazes falaram para eu escolher um dos animais e, de acordo com eles, o cavalo que gostasse de mim seria fiel até voltarmos para casa. Traduzindo: mesmo que eu não soubesse andar em um, o bichano se asseguraria da minha segurança. Pela minha sorte, Arabella sabia como montar, o que me trouxe um alívio; ao adentrar mais a fundo no estábulo, avistei um par de olhos brilhantes e sua crina branca perfeitamente penteada. Estiquei minha mão em sua direção, vendo que ela também tinha despertado um interesse em mim. Com sua proximidade, meus dedos tocaram o seu rosto delicadamente e eu avisei para os dois com quem eu cavalgaria.
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  - A Lily é a melhor garota do mundo! Não é, meu amor? – Afaguei sua crina.
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  - É esplêndido vocês terem se dado tão bem, não é, Lion?
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  - Realmente. É a primeira vez que Lily permite que alguém cavalgue com ela além de Killian.
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  - É verdade isso, Lily? Então quando chegarmos no nosso destino, te darei mais petiscos! – A escutei relinchar animadamente, aumentando a sua velocidade. – Se vocês não se apressarem, ficaremos impacientes!
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  Entre murmúrios e relinchos, avistamos a prisão de longe e em cinco minutos estaríamos lá, com o trio a nossa espera para receber as ordens.
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  A segunda parte do meu plano se iniciaria, finalmente!
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Capítulo 11

  - Boa noite, rapazes!
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  Cumprimentei os três a minha frente, ainda montada em Lily, e pude ver as suas reverências desajeitadas para Killian. O guarda que os estava acompanhando se retirou ao falar brevemente com Lion e deixamos que sua imagem sumisse completamente para darmos alguns passos em direção às árvores que cercavam a prisão, a fim de termos mais privacidade. Lian pôs as suas mãos na minha cintura e me levantou, me ajudando a descer e eu o agradeci com um sorriso, achando uma graça a sua preocupação comigo. Bati na capa para tirar as folhas e respirei fundo, voltando a atenção para os homens que me observavam com uma feição interrogativa. Desde a nossa conversa dois dias após eu começar a morar no castelo, se passou uma semana até que conseguíssemos de fato ajeitar todos os detalhes para o início da investigação. Com Viviene e Giovanni informados sobre o planejamento, o duque aproveitou a oportunidade e prosseguiu a sua investigação – mencionada na história original –, enviando o seu filho e Lion para o trabalho. Entre afazeres e treinos, nos dividimos nas tarefas e arquitetamos vários esboços, chegando no plano mais eficiente das opções.
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  - Então, alguma dúvida?
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  Perguntei assim que terminei as explicações; decidimos que os três voltariam ao galpão onde foram empregados, usando a desculpa de que precisaram escapar de alguns oficiais que os perseguiram na multidão no centro. O dinheiro que lhe entregamos é o suficiente para que seus chefes ignorem suas faltas, atraindo uma certa atenção para cima dos homens e, consequentemente, eles receberiam mais trabalhos. Se os acontecimentos da história original se manterem, em três semanas a organização tentaria uma tentativa de sequestro perto da fronteira com o reino vizinho. Como o duque já suspeitava, esse grupo não trabalha somente no norte, mas está se expandindo para outros lugares e isso é preocupante, ainda mais quando sabemos que há nobres que os financiam. Até lá, vai ser o bastante para o trio subir de cargo e colher as informações que precisamos – agora, iríamos escoltá-los para o tal lugar e espionarmos a movimentação.
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  Eles negaram a pergunta com a cabeça e subiram nos cavalos disponíveis, todos prontos para seguirem para o galpão. O trajeto foi preenchido pelo som das cavalgadas e não demorou muito para avistarmos o estabelecimento, que tinha a sua localização próxima a saída do centro. Sendo discreta, nas manhãs a loja é conhecida por comprar e vender pedras preciosas e a noite, é uma das sedes da organização, que não atraem olhares curiosos por se passarem por um bar. Afastada dos olhos do público, nos fundos, há uma entrada em uma elevação no chão que dá espaço ao lance de escadas e no final, pode-se achar os participantes com seus cigarros e bebidas. Desfrutando do pânico alheio, os integrantes recebem as ordens e transmitem aos seus subordinados, sempre deixando claro que suas recompensas dependeriam do quanto conseguiriam roubar; para participar dos sequestros, é necessário que prove que é adepto ao cargo – mesmo que os superiores os descartassem sem piedade ao verem que algo deu errado. Basicamente, é ganhar suas confianças e encher seus bolsos de moedas para ser promovido.
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  - A partir daqui vocês irão sozinhos. Não se esqueçam que sempre que quiserem se comunicar conosco, é só escrever um bilhete com a frase escolhida e pedir para que um de nossos balconistas nos entregue – Killian os analisou seriamente, repassando os últimos detalhes.
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  - Ninguém suspeitará dos rapazes, que fique claro – Lion continuou. – Os atendentes entregarão as informações necessárias, seja do local de nosso encontro ou do que queremos que vocês procurem.
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  - Ah, rapazes! Não esqueçam que a proteção dos três depende se irão ou não nos trair. Espero que possamos manter o nosso acordo – falei despretensiosamente e sorri para eles com a mão estendida.
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  - Entendido, chefe. – Lohan, o mais forte entre eles, assentiu com a cabeça.
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  A senhorita não ficará desapontada conosco, chefe! – Moose correspondeu o meu aperto, balançando nossas mãos enquanto falava entusiasmado.
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  - Chefe? – Killian sussurrou no meu ouvido, um tanto curioso com esse tratamento.
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  - Ciúmes?
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  Respondi aos risos ao acenar para o trio que se afastava, esperando suas silhuetas sumirem para iniciarmos as nossas espionagens. Nos despedimos brevemente de Lion – que ficaria aguardando com os cavalos – e demos a volta no lugar, parando em um outro bar quase ao lado. A visão é privilegiada e a cerveja é bem gelada, o que ajudou a acalmar a ansiedade que estava me incomodando por um tempo. Entre uma golada e outra, a minha atenção continuava presa nas pessoas que frequentam a organização, e observei alguns rostos conhecidos adentrando o espaço. Anotei mentalmente os nomes dos que eu sabia, os demais eu precisaria olhar os arquivos dos integrantes da nobreza na biblioteca real para adicioná-los a lista.
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  - Não me surpreende ver os membros dessa organização – levei a caneca aos lábios, sentindo o gosto amargo da bebida. – Quatro deles frequentam a casa Fiore e dois já tentaram casar os seus filhos comigo.
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  - Quais? – Lian soltou o copo na mesa, mudando a expressão completamente.
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  - Hum, dois estão com garrafas na mão e…
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  - Quais quiseram casar os filhos com a senhorita?
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  - Ah, os que estão fumando – apontei. – É inacreditável a autoestima desses homens, certo? Eles realmente acharam que eu me casaria com pessoas tão desprezíveis?
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  - Realmente – Bellerose suspirou mais despreocupado e deu vários goles de sua cerveja, pedindo a conta em seguida.
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  - Será que alguém ficou inquieto por saber dos meus pedidos de casamento?
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  Estalei a língua satisfeita com a sua reação e bebi o restante da cerveja, descendo do banco rapidamente. Puxei a mão de Lian, segurando-a contra a minha bochecha e sorri para ele, sentindo o seu polegar fazer um carinho no local. A intenção inicial era provocar um pouquinho, mas, pega na própria peça, me vi com o coração acelerado ao observar as suas bochechas corarem.
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  - Você já sabe a resposta, Bella – Killian beijou a minha testa gentilmente. – Nosso trabalho por aqui já acabou, vamos para casa?
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  Assenti com a cabeça, tendo uma sensação estranha ao ouvir a palavra “casa”. Até encontrarmos Lion, andamos com os dedos entrelaçados e em silêncio, aproveitando a presença unicamente de nós dois.
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*

  Ao abrir os olhos, percebi que estava em companhia de cinco pessoas: dois pares de gêmeos e da minha empregada, Rin. Sentei na cama e descansei as costas na parede, vendo as crianças trazendo o carrinho com o café da manhã animadas. Caminhei até os sofás e chamei todos para se acomodarem, inclusive Rin, que recusou, mas acabou cedendo ao receber o nosso ultimato.
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  - Posso saber o motivo de ter a companhia das quatro crianças mais fofas de todo o reino?
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  - Hoje é o dia que a irmã mais velha lutará com a sua inimiga! – Kira socou o ar, sendo imitada pelos três.
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  - Isso! Estaremos na primeira fileira para assistirmos a Bella! – Thoni comentou alegremente.
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  - Senhorita – a mulher sussurrou –, esse é um dos assuntos mais falados no castelo nos últimos dias. Parece que quem lhe desafiou espalhou o rumor para todos, já garantindo vantagem.
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  - Rumor?
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  - Sim, que a senhorita não é boa com a espada e que perderia no primeiro round.
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  - Certamente, essa notícia é interessante… – mordisquei o pão doce, me deliciando do suco de frutas vermelhas e do que mais tinha no carrinho. – Obrigada, Rin!
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  Uma risada escapou assim que terminei de mastigar, lembrando do que havia acabado de escutar; além das aulas normais de espada, Ethan decidiu me treinar antes e depois de finalizarmos os treinos obrigatórios, de modo que eu ganhasse a habilidade mais rapidamente. Não é como se eu fosse a mestra espadachim, ainda há muito o que aprender, contudo, agora eu conseguia manusear a minha espada sem problemas e o básico para essa luta foi revisado em todas as nossas sessões.
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  Estou com um certo nervosismo, não tanto pelo desafio em si, entretanto, isso tudo me faz lembrar de mamãe e me pego pensando no que ela acharia. As limitadas memórias que possuo dela mostram uma mulher extremamente talentosa com a espada; é como se a mulher dançasse em suas lutas, hipnotizando quem quer que a estivesse assistindo. Não sinto pressão em ser como a mesma, tampouco almejo me especializar em espadas – o meu forte sempre será o combate –, mas seria legal saber a sua opinião sobre o meu modo de luta e receber algumas dicas.
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*

  As lutas teriam início na parte da tarde, então a minha manhã estava livre até eu descobrir que a duquesa já tinha outros planos para mim. A encontrei em seu escritório e, para a minha surpresa, nossas roupas combinavam e antes que eu falasse algo, recebemos a visita do restante das famílias, os seis devidamente combinando com nós duas.
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  - O que está havendo? – indaguei ao olhá-los com certa suspeita.
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  - Queríamos apoiá-la e nada melhor que mostrarmos discretamente para quem torcemos – o duque deu uma piscadela, recebendo a confirmação dos demais.
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  - Arabella – Viviene se aproximou e juntou nossas mãos –, gostaríamos de dizer que, independente do resultado, apoiaremos a senhorita. Queremos que aproveite o máximo dessa experiência, e caso não se sinta confortável em participar, não nos importamos se desistir – só percebi que eu estava chorando ao ser abraçada por todos. Tentei controlar o choro – sendo uma tentativa falha por sentir o calor deles nesse abraço –, me permitindo a aproveitar esse ato de carinho.
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  - Agradeço imensamente por tudo o que fizeram e estão fazendo por mim e pelos meus irmãos – limpei as lágrimas com o lenço que Lian me entregou. – É por isso que não posso cogitar desistir ou perder. Afinal, mesmo que indiretamente, eu estou representando o castelo Bellerose, não é?
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  Sorri confiante e eles me acompanharam; descobri também que os planos da manhã eram passar um tempo em família, o que nos levou à enorme estufa com diversas mudas de plantas e a uma mesa com chá e chocolate nos esperando.
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*

  As arquibancadas estavam repletas dos alunos das três turmas e de alguns empregados, e os que iam “batalhar” durante a tarde se encontravam na primeira fileira, aguardando o momento de serem chamados. Alguns espectadores se abanam com seus leques, querendo se livrar do calor que não dava trégua e todos conversam animadamente sobre suas expectativas para o treino conjunto. Antes de me sentar ao lado dos meus colegas, troquei olhares com Ash e recebi um aceno com a cabeça. Nosso instrutor se vestiu a caráter por mais que não pretendesse participar, mas caso alguma luta saísse do controle, ele conseguiria entrar no meio sem se preocupar de rasgar suas roupas do dia a dia – servindo também como juiz das partidas. Ethan me esperava ansiosamente de pé, logo desejando que tudo ocorresse bem assim que parei a sua frente. O rapaz se despediu e o vi indo para o seu lugar perto de seu melhor amigo, se unindo com as crianças e mandando vários acenos para mim.
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  - Ei, perceberam que os Bellerose estão com roupas combinando? – Uma das competidoras comentou.
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  - Sim! Essa família é tão elegante!
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  - Mas… não são as mesmas cores do uniforme da Arabella? – Reparei em seus olhares curiosos em cima de mim.
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  - Agora que você comentou…
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  - As lutas vão começar!
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  Salva pelo anúncio, fingi não escutar os seus cochichos e tratei de focar somente na competição, independente de sentir as bochechas vermelhas por terem reparado em nossas roupas. Ash repassou as regras e anunciou os nomes de quem abriria a tarde, dando o start assim que os competidores trocaram apertos de mão.
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  O tempo foi passando e o brilho no meu olhar continuou, eu sempre gostei de assistir a todos os tipos de luta e poder assistir as diversas técnicas que eu conhecia sendo usadas assim, tão de pertinho, era o máximo. Não demorou para que um grupo entrasse no meu campo de visão e me fizesse revirar os olhos, invadindo o campo de treinamento sem serem formalmente chamados. Molly Price e sua trupe estavam convictos de sua vitória, distribuindo sorrisos triunfantes para os espectadores, e isso se devia a um motivo: o seu irmão mais velho é um dos prodígios do exército do norte, e Molly parecia seguir os seus passos, sempre elogiada mesmo que estivesse na turma iniciante. E por falar no rapaz, ele não parava de me encarar fixamente do seu assento, e eu simplesmente ignorei, voltando a atenção para a outra:
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  - Pronta para perder?
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  - Eu não assumiria uma vitória tão facilmente assim, senhorita Price.
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  Observei a minha adversária e caminhei para o centro, sentindo a adrenalina surgindo gradativamente e o meu corpo começava a borbulhar não só de irritação, mas também, de raiva; o meu problema principal em não perder não é somente por ser considerada a “representante” dos Bellerose, é pela garota em questão que foi uma das que ajudaram a tornar a vida de Bella nos eventos sociais um inferno, espalhando os falsos rumores apenas pelo prazer de ser maldosa.
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  Molly é a típica mean girl, mimada e que tem o seu ego massageado por seus amigos inseparáveis – farinhas do mesmo saco. Ela é filha de um casal de nobres e possui uma certa influência com as meninas da nossa idade, trazendo todas para o seu lado e as moldando como bem entender, sem ligar para as consequências de seus atos. O menor erro que alguma amiga sua cometesse era suficiente para Price abandonar e humilhá-la na frente dos convidados, além de usar o medo de suas amizades para mantê-las em sua teia. Arabella, em sua única aparição em um evento, obteve vários comentários sobre sua beleza e educação, o que fez com que Molly ficasse indignada por não ser o tópico mais comentado da festividade. Aproveitando a onda de rumores que apareceram logo depois, a garota inventou outros boatos em relação a Bella, insinuando que ela era vulgar e não tinha modos, que tinha dormido com diversos homens e que a perseguia sem motivos. Arabella não era somente a vilã, mas sim uma stalker e prostituta, como foi chamada por todo o reino; as pessoas não ligavam se era verdade ou não, o importante para elas é o quanto conseguiam destruir o status de alguém por menor que fosse, criando um espetáculo maior do que desejavam.
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  Molly Price é uma dessas pessoas.
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  E se tem uma coisa que eu aprendi é a colocar esse tipo em seu devido lugar.
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  - Cumprimentos feitos e não se esqueçam: truques são permitidos portanto que não ponha a segurança do outro em risco; qualquer uso de armas sem ser a espada resultará na sua desclassificação e punição, entendidas? Ótimo, que a luta comece!
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  Posicionei a espada perfeitamente e firmei o meu polegar, apontando a mira para Molly e permaneci um pouco afastada, estudando o seu próximo passo. Com ideias semelhantes, ficamos na expectativa de quem se moveria primeiro, ambas com as pontas das espadas cruzadas e pude sentir a inquietação dos espectadores em cima de nós. Sua feição se tornou irritadiça ao entender que eu continuaria imóvel, então, no próximo segundo, a garota veio em minha direção e tentou me golpear. Mostrando que não levaria a competição amigavelmente, Price balançava sua longa espada desnecessariamente, apenas me dando a vantagem de prosseguir com o nosso distanciamento. Pelas lâminas serem grandes, os ataques podem ser feitos de onde estou e às vezes tenho que inclinar o meu corpo, voltando a posição inicial em seguida. Molly sabe manusear a sua arma e não facilita, entretanto, o fato de parecer querer me esfaquear a todo segundo está começando a me incomodar; é como se o seu objetivo fosse unicamente me tirar de jogo, sem se importar se eu saísse com vida ou não desse campo, visto que os seus ataques vinham diretamente no meu pescoço e barriga – além de querer que eu girasse com seus golpes na lateral, para provavelmente atingir as minhas costas. Respirei fundo, não permitindo que o meu sangue fervesse mais do que já estava, e reparei que ela não desistiria de seu modus operandi, o que me fez lembrar de um dos conselhos de Ethan:
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  “Uma das formas de vencer é trazer o seu adversário para o seu domínio, envolvendo ele na sua dança: o faça acreditar que está no controle e o golpeie com a sua própria ilusão.”
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  O som das lâminas é audível pelo perímetro e nenhum dos presentes ousava abrir suas bocas, fosse para torcer ou vaiar. A tensão estava sendo literalmente cortada pelas nossas espadas, e agindo de acordo com o meu querido professor particular – eu podia imaginar a sua reação no momento – dei-lhe vantagem sobre mim, fazendo da garota a minha presa nesse baile a dois. Continuei com o ritmo da luta desse modo: esquivando com um tanto de dificuldade de certos ataques e contra-atacando sempre que via a abertura. A plateia recuperou o seu espírito esportivo, gritando os seus pulmões para fora em sinal de entretenimento e isso me deu um gás a mais, sem ligar se torciam por mim ou não. A vi correr com o intuito de diminuir a nossa distância e fui ao seu encontro, bloqueando a sua espada que está na altura de nossas cabeças e apontada para baixo. Com a sua tentativa de afastar a minha lâmina, seu corpo foi para frente, me dando a abertura para pôr a minha mão em seu braço e chutei a sua perna, finalizando com uma rasteira no seu calcanhar. Molly perdeu totalmente o equilíbrio e foi de encontro ao chão, perdendo a sua espada na queda; não havia dúvidas que os berros animados dos Bellerose são para a minha vitória, e logo observei a ausência das crianças e de Rin da arquibancada, me perguntando onde eles tinham ido. Antes que eu pudesse receber as congratulações dos meus colegas e dos demais, alguém gritou o meu nome preocupadamente e quando me virei, nem me surpreendi com a cena.
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  - Escolha errada – segurei o seu punho com a adaga, a forçando soltar a pequena arma. – Assuma com dignidade que a senhorita perdeu o nosso amigável duelo e saia do campo de maneira honesta.
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  - Molly Price! – Ash parou atrás de mim, com a sua feição séria e de poucos amigos. – Pensei que havia sido claro quando avisei as regras, mas, entendo que seja difícil para certas pessoas manterem os valores que são ensinados no castelo Bellerose. A senhorita receberá uma suspensão de todas as atividades por duas semanas, além de avaliarmos se a manteremos em sua posição atual.
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  - Isso não é justo! – A garota revidou.
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  - Pensasse antes de agir, Molly – outra figura apareceu, revelando ser o seu irmão. – Senhorita Arabella, peço desculpas em nome da minha irmã e te parabenizo pela excelente competição.
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  - Não há necessidade de se curvar, Sir Raphael. Quem precisa se desculpar é a senhorita Molly, caso contrário, dispenso o seu pedido e agradeço pelos parabéns.
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  Dei as costas para os três e andei para os bancos, sendo interceptada pelas quatro crianças eufóricas que me abraçaram e me congratularam animadamente. Rin sorriu brevemente e me elogiou, entregando uma toalha para que eu secasse o meu rosto e eles deram espaço para Giovanni e Viviene falarem comigo, visivelmente orgulhosos.
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  - Arabella – a duquesa segurou minha mão carinhosamente –, a senhorita foi esplêndida! O seu potencial é tão grande!
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  - Ao assisti-la, a imagem de Celine veio a minha mente – Giovanni ponderou. – Os seus estilos são parecidos e, ainda assim, conseguem ser diferentes e únicos.
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  - Muitíssimo obrigada, vossas altezas – os reverenciei.
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  - Por favor, pare com a formalidade – Viviene abanou a mão em negação, rindo com o meu ato. – Se quiser se divertir com os seus colegas, sinta-se à vontade. Podemos comemorar a sua vitória outro dia. Killian e Ethan estarão à sua espera assim que a senhorita terminar de se arrumar, tudo bem?
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  Sem chance de opinar, me despedi das crianças que ficaram com o casal e fui acompanhada por Rin para o meu quarto, a fim de tomar um banho refrescante e me aprontar para a “comemoração”.
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*

  Ao terminar de me vestir, a noite já caía no norte e as estrelas ocupavam os seus lugares no céu limpo. Desci o lance de escadas segurando nas laterais do meu vestido, recebendo cumprimentos breves dos empregados que mantinham a ordem no castelo. Assim que pus meus pés no caminho de pedras rodeado pela grama recém-cortada, senti o vento contra o meu corpo e levei minhas mãos cobertas pela luva rendada a puxarem as aberturas do meu casaco para se juntarem. Passei os dedos pelo colar, gostando da sensação do presente do meu até então admirador secreto; após a competição, Rin me informou que eu havia ganhado uma caixa misteriosa e que devíamos averiguar ao chegarmos nos meus aposentos. Quando a abrimos, ficamos boquiabertas ao ver o conteúdo: um longo vestido vermelho com todos os seus acompanhamentos combinando entre si. As colorações variavam entre o vermelho e preto, com exceção das joias – todas douradas – e o salto fino possui um brilho diferente dos que já vi anteriormente. Não sei se a comemoração seria como imaginei, com alguns colegas em um bar próximo e bebidas até o amanhecer, entretanto, tenho a sensação de que estou indo para um dos melhores restaurantes do reino com o príncipe herdeiro. Alheia em meus pensamentos, minha atenção voltou completamente para o presente ao enxergar com clareza o rapaz na minha frente, mais especificamente, Killian Bellerose. O seu cabelo estava semipreso, com uma trança na lateral e por debaixo da sua capa, ele vestia uma camisa social branca e uma calça preta. Comecei a correr em sua direção, pulando em seus braços assim que o rapaz me percebeu.
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  - Parabéns por ter ganhado a competição, Bella! – Lian apertou as suas mãos em volta das minhas costas. – Peço perdão por ter saído antes de te cumprimentar, eu e Ethan queríamos te surpreender com a comemoração.
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  - Vejo que ele está atrasado? – Segurei o seu rosto e aproximei o meu, tocando os nossos narizes. – Mereço uma recompensa por ter ganhado, não?
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  - Quantas desejar, meu sol – ele beijou o meu queixo, sussurrando em seguida. – Não há palavras para descrever o quão bela você está. Espero que tenha gostado do meu presente.
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  - Hum… Por que não demonstra de outro jeito, Lian?
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  Uma de suas mãos que apoiavam as minhas costas deslizou lentamente até o meu quadril, apertando a região para garantir que eu não caísse. Passei o meu dedo no seu lábio inferior, imaginando como seria o seu gosto quando nossas línguas se tocassem. Nossos rostos estavam próximos o suficiente para eu sentir a sua respiração contra a minha; o seu olhar demonstrava o quão sedento ele estava por mim, e tenho certeza que o meu transmite o mesmo desejo desde o dia que nos conhecemos: ser capaz de experimentar o seu sabor até que eu ficasse completamente bêbada. Sua boca avermelhada clamava por mim, vindo ao encontro dos meus lábios umedecidos assim que puxei o seu cabelo e murmurei satisfeita com a sua reação. Mas, antes que pudéssemos selar nossas vontades, escutamos nossos nomes sendo chamados aos gritos por Lion, que tinha um envelope em seus braços. Suspiramos com pesar, soltando risos abafados pelo timing ruim e aguardamos que o mordomo viesse para mais perto. Quando folheei as papeladas, um sorriso maligno brotou em meu rosto, trazendo uma adrenalina que eu não imaginava que chegaria tão cedo.
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  É, usar aquele trio para o trabalho não parece ter sido uma escolha ruim no final.
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