Wine

  — Por que está usando óculos em plena madrugada? Da primeira vez que fez isso na sua primeira ida comigo, não me respondeu, mas também não fez mais isso... Você apanhou ou algo do tipo?

  %Taehyung% perguntou direto enquanto estendia a ela uma cerveja no mirante onde costumavam parar de vez em quando apenas para observar a noite da cidade, ou passar um tempo juntos e sem dar o braço a torcer que aquele fosse o motivo. %V% sabia que Chan e ela vinham discutindo com mais frequência do que o habitual, e %Jennie% estava estranha nas últimas semanas, supor que ela havia apanhado era algo possível para ele.

  — Meu pai nunca me bateria. – ela respondeu com certeza, ao virar uma boa quantidade de cerveja no gargalo.

  — Ah é? – %Taehyung% perguntou desconfiado e imediatamente puxou os óculos do rosto dela, e a mulher o encarou com raiva: — Hm... Passou a noite chorando, então. Por isso.

  — É foi sim, mas não vou ter essa conversa com você, %V%. Esquece.

  — Eu não disse que queria ouvir suas lamúrias. Mas, na boa? Não precisa fazer isso, esconder de mim. Até porque fica ridículo você igual ao Steve Wonder no meio da madrugada.

  — Vai se ferrar. – ela não conseguiu evitar a risada pela piada dele.

  Mais uma vez, bebiam calados. Desesperados para se entregarem aos desejos do corpo um do outro, mas extremamente medrosos de que aquilo os fizesse depender um do outro. Sem terem tocado a boa um do outro, %Taehyung% e %Jennie% já sentiam algo especial um pelo outro, simplesmente por serem idênticos um ao outro, imagina então se se envolvessem.

  — Eu quero... Ir embora, mas ele não deixa... – %Jennie% falou finalmente.

  — Está contando suas lamúrias agora? – %V% a encarou debochado com um sorriso de lado.

  — Eu sei que você não se importa %Taehyung%, então... Só escuta, por favor. Eu não tenho amigos nesta merda de vida, e antes que você diga qualquer coisa, eu não estou reivindicando isso de você.

  %Taehyung% se surpreendeu. Não imaginava que era aquilo que %Jennie% pensava sobre ele ou sobre os dois. Com certeza aquilo era bem diferente do que ele pensava. Ficou em silêncio indicando-a com um olhar que ela poderia continuar.

  — Eu tenho juntado uma grana há algum tempo, para comprar umas terras no interior... Seoul não é compatível com meu sonho.

  — A vinícola?

  — É... Primeiro eu tenho que ter um vinhedo, não é? Então preciso ir para o campo e produzir e...

  %V% a interrompeu com uma gargalhada, cuspindo um pouco da cerveja e %Jennie% não entendeu nada e apenas ficou o encarando irritada.

  — Qual foi, %Taehyung%?! – ela gritou com ele.

  — Cara... %Jennie%... Você bancando a camponesa... Vamos combinar vai, é engraçado! – sorriu debochado para ela.

  — Eu acho a coisa mais bizarra do mundo você ser um nerd engenheiro com falso tipo de badboy e nem por isso fico rindo da sua cara!

  — Yá, yá... Relaxa um pouco garota... – ele riu batendo nos ombros dela com os seus — Eu só acho que você vai ficar... – %V% deu uma encarada nela de cima a baixo: — Fofa com um vestidinho de camponesa pisando em uvas...

  — Eu posso continuar?

  %Jennie% perguntou segurando o riso, fingindo seriedade e ignorando o flerte, então %V% jogou o casco da garrafa de cerveja num canto e se abaixou para pegar outro atrás da mureta e ela continuou:

  — O fato é que eu já tenho o suficiente para começar, então eu queria ir embora... Mas o Chan insiste que eu vou ficar com a oficina no lugar dele até que ele tenha condições de cair fora desse negócio e passar para... – ela olhou %Taehyung% de uma forma misteriosa: — Outro.

  — Ele sempre disse mesmo que a oficina era sua.

  — Como é que é?

  — Não achou que seu pai deixaria você como contrabandista de peças e de carros adulterados não é?

  %Jennie% pensou um pouco a respeito, um pouco surpresa pelo pai ter pensado em manter ela “limpa” de alguma forma.

  — Aproveitando que você está me contando isso... O que fazem com os carros que você desenha, monta e adultera?

  — Os customers?

  Customers era como eles chamavam os carros que %Taehyung% estilizava em réplicas desde os projetos desenhados até a montagem.

  — Com tudo na verdade... Como é o esquema? Eu tô nessa há meses te ajudando e nem sei no quê.

  — Se eu te contar... – %V% a encarou bem humorado: – Eu vou ter que te matar.

  — Vai se foder, %V%. Conta logo!

  Ele adorava o jeitinho irritado dela.

  — Nós vamos nos foder daqui a pouco, sem pressa. – ele murmurou a surpreendendo e a deixando, ruborizada — Mas bem, vendemos os customers para uma galera dos rachas e alguns colecionadores... É um trabalho artístico sabe? E eu aproveito cada peça que dá dos carros mais fodidinhos.

  — Como ninguém descobre que os customers são carros roubados?

  — Porque não tem chassi... São réplicas, que saem mais baratas para nós de produzir e mais caras para eles comprarem. Entendeu?

  %V% falava sobre tudo com um absurdo orgulho na voz e %Jennie% ainda estava impressionada. Observá-la ali com aqueles olhos fixos nele a tentarem desvendar o que havia por trás de %Taehyung%, estava deixando-o ainda mais desejoso de beijá-la. Então sua expressão de orgulho e sorriso deu espaço para uma respirada profunda, um fechar de olhos como se lutasse contra si, e a sua voz acompanhou seu corpo no que ele chamaria de “tentativa de não ser impulsivo”:

  — Termina logo sua história.

  — Ahn? – %Jennie% despertou de seus devaneios, confusa, e observou o corpo tenso de %Taehyung% ao seu lado

  Assim como ele, %Jennie% também estava se controlando para não sentar no colo daquele homem extremamente misterioso e singular, sexy e com cara de bom fodedor e mandar à merda todos os seus sonhos, apenas para viver uma vida sem regras com ele.

  — O vinhedo... – ele pronunciou e ela continuou:

  — Ah... É isso! Ele não quer me deixar ir, eu não encontrei ainda um motivo que me prenda aqui e me faça desistir e nós temos discutido muito por isso. Meu pai tenta encontrar uma forma de me fazer ficar, e eu uma forma de ir...

  — Entendi... – %V% concordou terminando de virar sua cerveja de uma vez e olhando o horizonte iluminado da cidade pelo mirante em que estavam sentados: — Acabou?

  — Sim, por quê? Vai sair correndo para algum lugar? – %Jennie% debochou com um sorriso sarcástico e impaciente.

  — Não, mas eu vou te foder agora.

  %Taehyung% saltou da mureta ficando em pé atrás de %Jennie%, a mulher estava confusa ainda olhando para o lugar em que ele estava sentado, quando sentiu as mãos dele na cintura dela a girando para ficar sentada de frente para ele. Com medo de cair no abismo do mirante e surpreendida por ele, %Jennie% imediatamente largou a garrafa que caiu montanha abaixo, fazendo um barulho de estilhaço e segurou firme ao pescoço dele.

  Encarou %V% assustada, e antes que pudesse lhe perguntar se ele era louco ou coisa assim, ela vislumbrou o sorriso de luxúria de %Taehyung% e o sentiu invadir sua boca num beijo que nem precisaria de permissão. Tanto quanto ele, %Jennie% queria sentir a língua dele em sua boca e sugá-la de forma a %Taehyung% nunca mais desejar a boca de nenhuma outra mulher.

  %Jennie% puxava a gola da camisa dele cada vez mais para si como se pudesse se fundir ao corpo dele, e inclinava-se sobre ele sentindo as mãos de %Taehyung% puxando-a e apertando sua bunda. Sem muita demora, afinal estavam se segurando há muito tempo, %Taehyung% ergueu %Jennie% em seu colo e carregou-a até o carro, onde ela desceu de seu colo e se escorou na lateral ainda beijando voraz a boca um do outro. %Taehyung% abriu a porta traseira do carro, e interrompeu o beijo encarando maliciosamente o rosto de %Jennie%. Deslizou seu polegar pelos lábios dela com um olhar tão intenso em seus olhos, que %Jennie% sentiu-se molhada.

  — Alguma objeção? – ele perguntou olhando profundamente nos olhos dela.

  — Só se você quiser parar. – ela respondeu e puxou o lábio de %Taehyung% entre seus dentes.

  Ele sorriu e puxou a própria blusa para cima e %Jennie% pôde ver o abdômen que tanto flagrou vez ou outra, em um %Taehyung% sujo de graxa no desmanche de algum carro. Ela sorriu de modo safado ao vê-lo jogar a própria blusa pela janela do motorista e abrir a porta traseira para ela entrar, como um cavalheiro. %Jennie% caminhou risonha e sensual até o banco de trás, mas quando %V% ia entrar, ela sentou-se à porta e o impediu.

  — Qual é? – ele perguntou confuso.

  Ela sorriu e levou as mãos ao cinto da calça dele, e %V% olhou ao redor tendo certeza que estavam sós, e excitado pela ideia da mulher. Sorriu de canto mordendo aos próprios lábios, vendo e sentindo %Jennie% lhe proporcionar um prazer preliminar.

  — Já deu para o começo... – ele murmurou quando sentiu que estava quase lá, e afastou-se da boca da mulher que riu sacana entrando mais ao carro e se deitando no banco traseiro: — Tem muita roupa nesse corpo, princesinha...

  Ela odiava que %Taehyung% a chamasse daquela forma, mas sabia que ele estava só provocando. %Jennie% tirou sua blusa enquanto %Taehyung% tirava as calças dela percebendo-a somente de lingerie. %Taehyung% retirou também sua calça e fechou a porta traseira do carro, os dois já sentindo o quão abafado ficaria ali dentro. Então com seus corpos seminus, ele se posicionou sobre o corpo dela distribuindo beijos em seu pescoço perfumado, e apalpando toda parte do corpo dela que ele desejou.

  Aquele realmente era o melhor trabalho em equipe de %Taehyung%, %Jennie% não poderia negar nem se quisesse.