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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Weak

Escrita porNatashia Kitamura
Revisada por Natashia Kitamura

Capítulo 9

Tempo estimado de leitura: 36 minutos

  O dia seguinte começou com o pé esquerdo. Assim que acordei, vi %Victoria% sentada em uma poltrona próxima à janela, observando a movimentação do dia no lado de fora. Seu olhar parecia longe, como se estivesse se lembrando de algo em seu passado. Me peguei pensando que pagaria milhões para saber o que exatamente eram aqueles pensamentos e quão afetariam na maneira como ela encararia sua vida atual. Eu sabia que era uma questão de tempo. Ninguém nasceu para ficar presa em quartos de hotéis.
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  Eu só precisava cumprir com meus deveres e pensar na melhor maneira de fazê-la ter uma vida melhor que essa que estava vivendo. Porém, atualmente, minha preocupação era fazê-la viver.
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  Me levantei em um impulso e caminhei até ela, encostando meus lábios no topo de sua cabeça. Senti o cheiro de shampoo de hotel, misturado com seu aroma natural. Fechei meus olhos ao perceber que trazia um efeito como se fosse camomila; relaxava meus ombros e clareava minha mente.
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  Sem dizer nada, fui tomar um banho. Nele, pude ver o meu reflexo no espelho da pia. Apesar de fisicamente continuar o mesmo, era como se fosse ali um outro homem. O que estava acontecendo comigo? Por que eu fizera aquilo? Por que estava me importando com o que ela pensa ou acha de mim? Por que fico com raiva em vê-la plena, e não miserável ou louca por mim?
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  Assim que as primeiras letras da paixão surgiram em minha mente, as repeli como se tivesse tocado em uma superfície quente. Lords não se apaixonam. Nós não sentimos.
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  – O que quer comer? – olhei o cardápio que o hotel oferecia e ela respondeu suas preferências. A seu pedido, assistimos um filme enquanto comemos. Durante ele, recebi mensagens já aguardadas e outras novas, algumas respondendo de imediato, outras pensando antes de retorná-las ao remetente.
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  – Podemos sair? – sua voz surgiu de repente ao meu lado.
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  – Aonde quer ir? – virei meu rosto em sua direção a tempo de vê-la erguer os ombros antes de me responder.
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  – Algum lugar onde eu possa andar.
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  A levei até um parque que havia na área menos cheia da cidade. Ainda não havia escurecido, então era bem agradável de se caminhar por lá. Ela andava na frente inspirando o ar de Dublin. De vez em quando, parava para observar algo por um tempo maior. Permaneci atrás, atento aos nossos arredores, ao mesmo tempo que a admirava.
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  Por estarmos já fora do hotel, decidi leva-la para comer em um restaurante. Ela disse estar com vontade de comer algo leve e nutritivo, por isso, não havia muitas opções saudáveis, se não os restaurantes caros da cidade.
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  – Opte por sair durante o dia – disse, durante o jantar.
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  Enquanto ela levava os legumes à boca, ergueu as sobrancelhas, demonstrando surpresa.
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  – Dia? Achei que o seguro fosse à noite.
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  – Você não tem treinamento o suficiente para lidar com as coisas à noite. Gritar não é o suficiente para pessoas profissionais.
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  – E estar de dia é?
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  Abri um pequeno sorriso com sua esperteza.
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  – Não, mas será mais fácil para mim encontrá-la.
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  – Eu ainda corro perigo?
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  Não respondi, pois minha viagem era exatamente para confirmar a resposta para aquela pergunta. Eu havia enviado na noite anterior, o relatório que Martin havia pedido. Como sempre, ele não me respondeu; sempre deixava para fazer quaisquer observação pessoalmente. Não houve nada além do comum em nossos protocolos. Marc me perguntou o que eu fazia em Dublin e eu apenas respondi o que sempre respondia quando ele insistia em se intrometer em minha vida: nada do que fosse da conta dele.
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  A ausência na resposta foi o suficiente para fazê-la ficar quieta durante todo o restante do jantar e do trajeto até de volta ao hotel. No quarto, disse que seria melhor se ela saísse do quarto nos momentos em que ouvisse algum hóspede vizinho sair, e não pedisse serviço de quarto.
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  – Há muitas regras – comecei a falar –, mas você logo se acostuma.
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  – Cresci em um mundo regido por muito mais regras do que isso. Você vai me dar uma arma?
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  Dei uma risada.
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  – Você sabe usar uma?
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  – Não é só ativar e atirar?
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  – Vai me dar mais trabalho, se atirar “sem querer” em alguém. Minhas armas têm identificação especial.
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  %Victoria% suspirou, um suspiro de tédio. Me aproximei dela, sabendo que não era fácil não poder fazer o que queria. Só que, diferente da vida com seus familiares, agora era uma questão de vida ou morte. Mesmo que ela não temesse por sua vida, eu temia.
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  – Pedi um cartão de crédito em seu nome. Seu novo nome. Lembre-se sempre de usá-lo. Você não é mais quem era.
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  – Sim, sim. Sarah Louise Evans, canadense, órfã de pai, mãe fazendeira, blábláblá... – ela disse, entediada. ­– Sabe, eu esperava que fosse haver mais momentos de ação.
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  Ergui uma sobrancelha. Era comum mulheres fazerem esse tipo de comentário quando sabiam sobre meu trabalho. Haviam algumas, claro, que assim como eu, faziam um bom trabalho. No mundo do poder, os homens se ditam os donos de tudo, mas não resistem a um belo par de pernas e peitos para se perderem. As que sobreviviam, então eram muito boas no que faziam. No entanto, principalmente as mais novas no ramo, acabavam por comentar que esperavam algo como em filmes.
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  – Você quer mais ação?
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  Vê-la erguer os ombros, como não se importasse em ter um pouco mais de risco em sua vida, me deixou excitado. Aquela mulher... aquela mulher era de outro mundo.
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  – Tire sua roupa. 
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  – Faça você o trabalho. – ela mandou. Abri um sorriso.
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  Se fosse qualquer outra mulher em seu lugar, haveria uma bala no meio de sua testa.
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  Senhores passageiros com destino a Normandia, por favor, desliguem seus aparelhos eletrônicos e se certifiquem de que sua poltrona está na posição correta. Em nome de nossa equipe, esperamos que tenham tido voo agradável e desejamos uma viagem. Obrigado por escolherem a Airline.
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  Olho para fora do avião com um desânimo pesando em meu peito e uma ansiedade em embarcar novamente para voltar ao lugar de onde saí há algumas horas.
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  Meia–hora depois e eu já me encontrava dentro de um táxi, pronto para ir para casa. Uma enorme mansão no meio de um quase nada, para apenas cinco pessoas. Cinco pessoas e dezenas de empregados. Obviamente, não tínhamos ninguém ao nosso redor para nos gabar da imensa casa que tínhamos, exceto pelos sócios de meu pai. O local, mais parecido com um castelo, do que com uma residência moderna, abrigava a maior parte de nossa equipe principal, quando não estávamos em missão.
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  Entro no hall com o pé direito alto e repleto de estátuas de pedra com a função de dar um ar de arrogância ao ambiente. Martin sempre foi um homem que gosta de obstáculos e acredita que os melhores são feitos de pedra. Possíveis de moldar, mas muito difícil de quebrar.
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  Automaticamente me dirijo até a escadaria que levava ao segundo andar, onde se encontra meus aposentos. Ao entrar no lugar, exatamente da maneira como o deixei há semanas, jogo minha mala em qualquer canto para o funcionário da limpeza, que não faz ideia do que se vive nossa enorme família, organize mais tarde. Fui até um armário, humilde para uma moradia daquelas, e tirei roupas novas para vestir.
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  Aquela não era minha residência principal. Eu morava em outro país, em um local remoto e muito mais humilde do que aquele armário, pois não gostava de chamar atenção com o luxo. O dinheiro sempre atraía as pessoas erradas, e essas geralmente estavam ligadas a algum serviço presente, passado ou futuro, o que nunca era uma coisa boa.
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  Como um hábito sempre que saio de um avião e chego em algum lugar, tomo um banho para tirar o odor das pessoas que encostaram em mim, principalmente durante o voo. Apesar de voar na classe executiva, ainda assim acontecia.
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  Ao sair da ducha, vejo um corpo esbelto e cheio de curvas sensuais esparramado em minha cama. Stacy, a filha de um dos funcionários mais antigos da mansão, mexia em seu celular, tão à vontade que parecia estar em seu próprio quarto.
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  – Achei que fosse demorar menos. – ela diz e abre um sorriso cheio de malícia. Sua expressão se torna ainda pior quando percebe que eu avaliava seu físico. Ela, como sempre, mantinha a forma. As pernas não eram finas, mas na medida certa, a cintura fina e a barriga negativa, os seios enormes e os braços finos. Tinha os lábios preenchidos por algum procedimento estético, assim como o nariz fora concertado, de quando era mais nova. Os cabelos, no entanto, não tinha nenhuma alteração, eram naturais. Um louro que parecia  de mentira, mas com fios macios e fortes. – Então... Trouxe alguma lembrança para mim?
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  – Não.
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  – Hum... Que pena – ela não parecia estar nada ofendida com minha resposta. Stacy era o tipo de mulher que não ligava em ser usada, desde que conseguisse o que queria. – Ficará aqui por quanto tempo?
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  – Não é da sua conta.
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  – Me parece que você está precisando mais do que uma ducha para relaxar. – apoiou-se em seu braço, inclinando o busto para frente, me dando uma boa visão de seus seios.
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  – Você não deveria agir assim com seu patrão. – dou-lhe as costas enquanto coloco a calça.
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  – Também não deveria dormir com ele, não é, senhor. – ela retruca, provocativa.
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  Percebi uma leve semelhança entre ela e %Victoria%, na maneira de ambas gostavam de testar minha paciência. Talvez eu estivesse certo, sou um tipo de homem com inclinação ao sadomasoquismo. Quanto mais a mulher judia de mim, mais gosto.
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  – Durmo com quem quiser.
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  – Não é verdade e você sabe disso. – ela se levanta e vem em minha direção. – Você dorme com quem lhe convém a dormir.
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  Fecho meus olhos, clamando por paciência. O fato de me conhecer há anos faz com que Stacy saiba exatamente o tipo de respostas que gosto de receber. Apesar de eu não ser um homem que se abre com qualquer pessoa, ela é uma mulher que sabe observar muito bem. É por isso que é assim, cheia de certezas. Porque arrisca-se da maneira certa e consegue tudo o que quer.
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  – Porque não deixa de ser tão duro consigo mesmo e faz o que quer fazer? – em instantes, está parada em frente a mim, suas mãos tocando meu tórax e brincando por cima do tecido da camiseta. – Sabe, os dias sem você aqui não são tão bons. Não tenho pra quem me arrumar.
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  – Sebastian é um bom partido. – me afasto, jogando a toalha em um canto para que fosse recolhida mais tarde. Ouço uma agitação atrás de mim.
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  – Você não falou no Sebastian. Ele é um idiota.
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  – Você dorme com esse idiota. – respondo sarcasticamente enquanto tentava dar um jeito em meu cabelo no espelho.
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  – Durmo porque você não está aqui para mim. – ela me abraça pelas minhas costas e deposita um pequeno beijo. – Mas agora você está.
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  Dou uma pequena risada.
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  – Estou, mas não vou dormir com você.
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  Após alguns segundos de silêncio em que eu terminava de arrumar meus cabelos, Stacy pareceu entender que eu não estava para brincadeira, por isso, reagiu de forma indignada.
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  – E por que não?
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  – Porque você não me convém. – falo abertamente indo até a porta de meu quarto e a abrindo. – Não mais. – digo antes de fechá-la com um sorriso, a vendo furiosa.
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  Sigo rapidamente até o escritório de Martin, que murmura um breve “entre” segundos depois de me ouvir bater em sua porta.
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  O escritório, quase todo coberto em madeira polida, tinha cheiro de pinha, charuto e whisky. Sentado atrás da mesa, tinha os olhos perdidos em um bolo de papel em mãos. Caminhei o curto caminho entre a porta e a poltrona à frente da mesa, para seus convidados.
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  – Fez boa viagem? – sua voz é serena, como se fosse um ser humano bom que tinha todo o tempo do mundo para fazer o bem.
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  – Sim.
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  – E já pensou onde pretende ficar na sua primeira folga?
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  – Não quero férias.
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  Finalmente vejo seu olhar se erguer dos papéis, em minha direção. Os óculos de grau estavam apoiados na ponta do nariz, um hábito que começara no último ano, quando o oftalmologista disse não ser possível mais retardar o uso do objeto, caso ele quisesse continuar saindo em campo.
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  – Não vou discutir sobre isso.
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  O observo voltar sua atenção à ação interior e solto o ar, impaciente. Nós já havíamos tido aquela conversa diversas vezes. Porém, nelas, eu havia vencido.
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  – Aconteceu alguma coisa. – afirmei.
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  Seus olhos voltaram-se para mim, como em uma ordem para eu continuar falando.
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  – Eu nunca sou mandado tirar férias. E se sou, sempre ganho essa discussão. Não sou burro, Martin. Você deveria saber melhor do que ninguém. Essa última missão – ergui a mão preguiçosamente –, você jamais teria mandado eu terminar o serviço causado por um erro de outra pessoa. Existem agentes piores do que eu que conseguiriam fazer o trabalho com sucesso. Por que está querendo me afastar?
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  Silêncio. Era um silêncio ensurdecedor. Vi nos olhos do atual líder da família os pensamentos se deveria ou não dividir os fatos com seu herdeiro. Apesar de eu provavelmente ser a pessoa a quem ele mais confia em sua vida, Elizabeth, minha avó, era exemplo vivo de que não se deveria confiar em absolutamente ninguém.
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  – Não, %Lucas%, você não é burro. É por isso que continua vivo. – sua voz sai da maneira como sempre saiu, calma e controlada. Sua mão esquerda solta as folhas e se dirige ao charuto ainda aceso. Dá uma tragada enquanto me observa. – Você está certo. Algo aconteceu.
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  Ergo a sobrancelha. Nosso clã sempre fora alvo de inimigos. Isso era um fato. Era também o nosso marketing. Todas as pessoas poderosas queriam se conectar a nós, o que nos tornava ainda mais invencíveis. Porém, em todo esse tempo, Martin nunca admitiu estar em um impasse. Acontecer algo significa que alguma coisa que não deveria estar acontecendo, estava lhe causando uma dor de cabeça desnecessária.
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  Vejo-o suspirar e se levantar, indo até a única parede que não estava coberta de madeira, sendo de vidro, com a vista para o imenso jardim infinito, e passa a fumar seu charuto silenciosamente.
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  Foi apenas após alguns minutos que comecei a ouvir sua explicação.
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  – Aparentemente, a família %Yard% teve a mesma ideia que a família Morgan. – ele começou – Porém, fomos mais hábeis e os matamos antes que eles pudessem efetuar o pagamento dos contratados.
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  Não demonstro reação, mas sinto meus neurônios começarem a agir dentro de minha cabeça, conectando as informações.
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  – Quem eles contrataram?
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  – Borninghan.
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  – Porra.
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  Os Borninghan são outra máfia de assassinos, considerados nossos principais inimigos. Nossos serviços sempre se interligavam e, por esta razão, acabávamos em uma rixa que resultava na morte de alguns deles, ou alguns nossos. Mas nada demais. Nada que fosse acabar com o outro. Ambos não abríamos uma batalha por uma razão óbvia: o público poderia nos descobrir e acabar com os negócios.
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  No entanto, havia um jogo dentro dos %Lord%, e aposto que também dentro dos Bornighan, de que quando mais o outro se extinguir, melhor. Por isso, principalmente quando éramos contratados para trabalharmos juntos, havia um déficit maior para ambos os clãs, em relação ao número de membros.
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  Sabemos de tudo sobre o clã Bornighan, assim como eles sabem de tudo sobre nós. A única coisa que ambos os clãs não sabem, é que Jennifer Bornighan era uma ótima companheira de cama e que eu definitivamente era o melhor objeto de diversão dela.
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  – E quem anunciou guerra? – pergunto, não muito interessado.
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  – Eles foram os desfalcados. De qualquer maneira, sabemos que estamos em vantagem, isto é apenas uma precaução.
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  – E qual o motivo de não me querer por perto?
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  – Sei vai querer matar mais do que deve.
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  – O que falando em Bornighan é uma boa coisa.
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  Martin não responde. Ele estava, é claro, de acordo. Mas antes de ser um assassino, ele era um homem de negócios. Por isso recebeu a herança do clã tão jovem. Elizabeth teve certeza de que faria um bom trabalho, e poderia então aproveitar da própria vida com Drew em qualquer lugar do mundo que os dois quisessem.
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  – Os Bornighan estão em acordo com os Neggel, da Alemanha. – ele diz, pela primeira vez parecendo exausto. – E os Strudel, na Áustria, deixaram claro que não têm interesse nessa briga. Porém, os Louvre, da França, estão começando a se sentir tentados a ir para o lado deles. Sabe como são, os melhores estrategistas e Bornighan estão oferecendo a ilha de Galápagos como agradecimento.
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  – Os Louvre não vão nos trair.
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  Vejo o olhar de Martin me encarar com surpresa.
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  – Como tem certeza?
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  – Jared.
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  Vejo seus olhos se moverem de um lado para o outro. Sua mente estava trabalhando, unindo as peças, as dividindo, chegando à conclusão que precisava chegar. Além de Marc, eu e Jared Louvre éramos bons companheiros. E sabia que nossa relação era forte. Talvez até mais forte do que a nossa, com nossos clãs.
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  – Não podemos deixar de nos precaver. – ele diz. – Não estamos mais jovens como antigamente, nosso clã não tem conquistado novos assassinos e os Bornighan têm a vantagem de terem mais filhos do que nós.
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  – A quantidade não significa nada para mim.
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  – %Lucas%. Apenas faça o que mando. – sua voz autoritária se mostra e sinto um leve comichão para enfrenta-lo. Porém, me lembro que eu havia outras coisas com que me preocupar. Coisas que estavam em Dublin, me esperando. – Vou pedir para que mantenha contato com Louvre e Connor. É importante mantê-los conosco. Perkins já prometeu fidelidade e estou para acabar com a raça de Sulivan caso ele vacile mais uma vez. Kamilla garantiu a América.
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  Assinto. Meu jogo de cintura vem da parte materna, é claro. Kamilla sempre foi muito melhor em negociar e vender o nosso peixe, do que Martin. No entanto, é óbvio que ele era um melhor estrategista que ela, por isso ela não hesitava em se calar e ouvir o que o líder do clã havia para dizer. Antes do orgulho, o importante em nosso treinamento, era saber a quem ouvir. Missão não cumprida, não há dinheiro.
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  E nós amamos dinheiro.
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  – Tente não aparecer muito. Não duvido que Bornighan perca a oportunidade de mata-lo ao vê-lo despreparado e sozinho.
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  – Até parece que não me conhece.
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  – Não estamos mais de brincadeira, %Lucas%. Isso está valendo nossas vidas.
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  – E desde quando o que fazemos já não vale nossas vidas?
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  – Desde que quem matamos não sabe nossos truques e desavenças. – foi o suficiente para me calar. – Terá no mínimo três meses, é o tempo em que eles estarão demorando para arquitetar um plano contra nós. Caso veja algum deles, não hesite em matar.
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  Me silencio, um sinal de minha obediência. Aquilo pareceu tranquiliza-lo.
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  – Manterei contato com você para informar o que acontece. Faça o mesmo. – ele diz, voltando a se sentar na cadeira. – Está dispensado.
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  Me levanto e, sem mais nenhuma palavra, saio do escritório. No meio do caminho para meu quarto, encontro com Kamilla.
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  – Sugiro que vá para Grécia ou a Indonésia. Evite a América Latina e a Europa Ocidental principalmente Itália e Inglaterra. São as sedes principais deles.
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  Assinto, como sempre, não dirigindo muito da palavra a ela. Era assim que nos dávamos. Kamilla nunca precisou ser uma mãe, apesar de, às vezes, agir como uma. O pouco de humanidade que havia nela era o que mantinha nosso clã fiel e unido.
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  Ao dar-lhe as costas para voltar ao meu quarto, percebi o quanto %Victoria% era parecida com ela. Sem medo da morte, com foco em seus objetivos. Fazia o que era preciso e pronto.
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  No quarto, vejo que Stacy ainda se encontrava no lugar. A mala havia sido aberta, e suspeito que não por um funcionário. Ainda assim, ignoro seus olhares e volto a fazer minhas malas, agora com as roupas limpas.
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  – Quem é a vadia? – sua voz surge tempo depois.
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  – Não é da sua conta.
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  – Então existe uma vadia... Vamos, me diga, %Lord%. Quem é ela? Onde ela está?
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  – Não fale como se eu fosse seu.
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  – Você é me...
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  – Não sou de ninguém. – a corto rispidamente e a vejo ficar furiosa, se levantando e vindo até mim, pegando em meu braço e me virando, encarando fundo em meus olhos.
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  – Você já se esqueceu, não é? Você é meu, sempre foi e sempre vai ser. Tenho certeza de que se lembra de quando tínhamos 13 anos, quando...
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  – Cale a boca.
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  Vejo sua fúria se transformar em força. Ela gostava de voltar nesse ponto. Sempre que estava brava ou achava que estava para me perder, usava dele como se fosse um ponto fraco, quando, na verdade, era apenas um gatilho para meu ódio.
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  – Sabia que não iria se esquecer. Você me prometeu naquela noite...
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  Flashback

  – Me prometa. – ela dizia abraçada em meu corpo magro. Olhávamos para o céu estrelado, limpo e negro. A lua cheia iluminando mais do que as luzes fracas que existiam ali.
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  Estávamos deitados na grama na antiga residência base dos %Lord%, nus, em cima de uma toalha qualquer.
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  – Me prometa que mesmo eu não sendo rica, que vamos ficar juntos para sempre.
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  Olho para ela. Meu coração ainda batendo rápido pela ação que acabávamos de ter. Era nossa primeira vez. E por mais que não tenha sido especial, para nós, naquele momento, estava sendo.
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  – Eu prometo – falo sério sentindo logo em seguida os lábios carnudos dela grudados nos meus.
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  Fim do Flashback

  – Não tínhamos nem 13 anos. – falo em tom de tédio e volto a tacar coisas dentro de minha mala. A verdade é que odeio promessas, porque quando elas acontecem, arquivo-as em uma parte de mim que não gosta da desonestidade. É por isso jamais prometo nada a ninguém. E por mais que aquilo não tenha tido importância para mim – e continua não fazendo –, o fato de eu haver dito que prometia me perturbava profundamente.
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  – Mas você prometeu. E promessa é dívida, %Lord%. – ela agora parecia mais carinhosa. – Sabe que te amo.
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  – Não diga besteira.
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  – Não estou. – ela diz rapidamente. Segura novamente em meu braço. – %Lucas%...
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  – Escuta – a corto antes de ter de ouvir mais baboseiras melosas. A encaro sério –, aquilo é passado. Éramos crianças e não sabíamos o significado das palavras.
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  – Eu sabia. Você sabia. Você sabe que sabia!
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  – Não, eu não sabia. Stacey, somos de mundos diferentes. Eu não amo você e nunca vou amar.
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  – Não é verdade.
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  – Isso é um aviso. – ergo um dedo, mostrando que não voltaria no assunto. Não tinha tempo para lidar com uma louca que se prendeu ao passado, quando o meu futuro me aguardava a algumas horas de voo dali.
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  – Achei que..
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  – Pois achou errado. – a corto, fechando a mala. – Caia na real. Sugiro que comece levar Sebastian a sério, pois ele é o único que irá te amar. – e sem paciência para continuar qualquer conversa além daquela, saio do quarto e fecho a porta atrás de mim, certa de que ela havia entendido o recado.
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  – Veja só quem decidiu voltar de Bora-Bora! – Marc abria a porta de sua cobertura para mim. Vejo seu estilo boêmio e mulherengo, a camisa de linho semi-aberta e a calça no mesmo tecido; os pés descalços e um baseado entre os dedos da mão direita. – Ou devo dizer, Dublin?
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  Ignoro sua recepção e entro sem ser exatamente convidado.
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  – Tudo bem também. – ele brinca, fechando a imensa porta atrás de mim. – Acabei de voltar de um trabalho. – se dirigiu até o bar enquanto eu me sentava no sofá e aguardava por uma dose de whisky. – Foi uma merda cara, na China. Sabe como acho as chinesas horríveis. Elas e aquela forma de falar e me bater, e eu odeio o mandarim. Não consigo entender direito, não importa o quanto estude.
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  Nada digo, apenas o observo servir dois copos com o líquido âmbar, acrescentar um ou dois cubos de gelo e vir até mim, entregando um dos copos.
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  – Preciso urgente ver novos rostos, se é que me entende. – ele diz malicioso e eu abro um pequeno sorriso. – Mas me fala, você não veio aqui pra me ouvir falar sobre minha missão.
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  – Não.
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  – Então?
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  Respiro fundo e bebo um gole do whisky, olhando ao redor.
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  – Não há ninguém. Eu disse, acabei de chegar.
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  – Você já deve estar a par dos acontecimentos entre nós e os Bornighan.
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  Marc fechou a expressão ao ouvir o nome de nosso inimigo. Sentou-se à minha frente e colocou o copo na mesa, atento às minhas palavras.
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  – Sei. Estou do seu lado. Já tive um papo com a Oceania e eles se mostraram bem certos de que nossa aliança está bem selada. Sei que não precisam de provas para isso, mas se quiser...
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  – Tenho sua palavra.
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  Ele ergue o copo com a bebida em minha direção. Em nosso mundo, ter a palavra significava mais do que um contrato assinado. Contratos poderiam ser anulados. As palavras, no entanto, jamais seriam esquecidas.
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  – Louvre parece estar enfraquecendo – digo rapidamente e ele arregala os olhos.
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  – Como?
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  – Parece que Victor está mesmo querendo nos extinguir. – dou outro gole na bebida. Victor, assim como eu, é o herdeiro do clã Borninghan e irmão gêmeo de Jenniffer. Ele era pior do que eu em questão de assassinado e frieza. Torturou a irmã porque lhe mandaram, quando tinha 15 anos. – Ofereceu Galápagos a Jared.
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  – Galápagos? – Marc se engasga. Concordo com a cabeça. – Mas que porra é essa? Eles brigaram por anos por essa ilha e agora que os Bornighan conseguem, eles oferecem de mãos abanando para os Louvre?
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  – Parece que sim.
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  – Filhos da puta. Jared não vai aceitar.
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  – Como tem certeza?
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  – Encontrei com ele semana passada. – Marc encostou-se no sofá em que havia sentado, a bebida ainda em mãos. – Parecia estar puto com aquela garota Bornighan que se envolveu na nossa última missão juntos. Falou algo em mata-la.
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  – Preciso ter certeza de que ele não vai vacilar.
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  O vejo concordar com a cabeça.
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  – Vou atrás dele. Tenho um tempo até a próxima missão e sei que ele estará na Espanha. Aquele filho da puta ama Ibiza.
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  – Não, eu vou. Ordem de Martin.
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  Marc não me retrucou, já que era uma ordem vinda de cima.
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  – Ouvi dizer que vai tirar umas férias. – as notícias corriam rápido. – Para onde vai?
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  Fico calado.
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  – Bom, parece que, de alguma maneira, isso está virando moda. Martin selecionou alguns de nós para observar Victor. Alguns infiltrados informaram que ele está confiante demais que herdará logo o clã. O velho Bornighan já não quer mais pensar em estratégias. Parece que a única decisão que quer tomar, é qual mulher comerá primeiro. – ele termina com o whisky de seu copo em um gole. – Me disse que não queria que eu fizesse esse trabalho. Me enviaria um daqui a algumas semanas, ou quem sabe um mês. Me deu férias também.
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  Fiquei calado. Martin afastar seus melhores não era de seu perfil.
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  – Eu sei. – Marc disse, mexendo no cabelo semi-molhado. – Também não achei típico do líder, mas ele às vezes dá uma dessas. Talvez ele queira mostrar um ponto fraco nosso, para fazê-los morder a isca.
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  Connor até que poderia ter razão, mas eu não esperaria a bomba explodir, para saber que esse não era um bom plano.
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  – Para onde vai? – pergunto.
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  – Estava pensando Dubai, mas então me lembrei que Victor tem contato. Não quero servir de isca para ninguém, muito menos alvo fácil. Tenho uma vida pela frente. – ele sorri se encostando no sofá.
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  – Louvre está com uma garota nova.
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  Connor ri e se levanta para se servir mais de bebida.
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  – E ainda acham que eu sou o pior. Ele sempre está com uma garota nova. Mas não me importo com ele e as putinhas que arranja... – então ele cruza as mãos e apoia os cotovelos nos joelhos – mas você, por outro lado... Michael Hunger andou falando por aí que você vacilou.
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  Eu já sabia que havia mudado desde %Victoria%, mas não imaginava que fosse estar virando um marica. Hunger passou dos limites. Ele era um homem morto.
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  – Deixe o coitado em paz, eu e Louvre já o fazemos sofrer demais. Que tal dar um susto? Posso fazer isso na volta da Espanha. Gosto de judiar daquele verme. Diremos que você mandou e que eda próxima vez você irá pessoalmente.
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  Ergo o restante da bebida que eu tinha e termino em um gole, em um sinal de que aprovara o plano dele. Na maioria das vezes, não deixo que ele faça esse tipo de serviço para mim, porque gosto de mostrar que sei fazer o trabalho sujo, mas de vez em quando, como meio de mostrar que têm minha confiança, deixo que os meus subordinados tomem frente à situações importantes para mim.
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  – Mas qual o problema de vacilar, cara? Sabe que eu e Jared fazemos isso toda hora.
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  – Eu não sou você e Jared. – olho para ele sério, vendo-o fazer uma mímica de como se passasse um zíper em sua boca.
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  No entanto, não durou mais do que alguns segundos.
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  – Onde está a garota?
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  – Dublin.
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  – Dublin? Você está louco? Lá é uma das sedes...
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  – Eu sei. – respondo. – Michael vive em Dublin, precisava da identidade.
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  Ele concorda com a cabeça e dá uma risada.
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  – A garota deve ser um partidão, afinal – ele me olha divertido –, para fazer %Lucas% %Lord% se arriscar, deve ser mesmo um grande pecado.
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  Não respondo. A imagem de %Victoria% em nossa cama me vem à cabeça. Fecho meus olhos e respiro fundo, pensando nas coisas que farei com ela quando encontra-la. Mas antes, preciso definir o local aonde ficaremos. Talvez eu siga as sugestões de Kamilla e a leve para a Grécia. Ou talvez para a Oceania.
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  – E aí? Se importa de eu passar as férias com vocês? – ele diz, me servindo outra dose da bebida.
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  – Não.
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  – Para onde vai?
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  – Não decidi.
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  – Decidiu quando vai?
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  – Depois que falar com Jared.
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  Marc concordou com a cabeça e terminou o segundo copo da bebida, enchendo-a novamente.
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  – Não vai demorar muito, ele está na França esses dias, consertando umas cagadas que fez, acho que deixou a atual dele na Espanha. Não dou uma semana para ele despachá-la para a Austrália.
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  Não respondo. Seria bom manter os dois por perto, Marc e Jared. Assim como eu e Victor, Jared era o sucessor do clã dele e Marc era a patente mais alta depois de mim. Com eles próximos a mim, seria mais fácil saber se iriam ou não mudar de lado.
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