Capítulo 5
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As duas passaram a manhã inteira ensaiando, até a música estar perfeita. Thaís cantava sozinha e Duda entrava junto com ela no refrão, as duas tocavam violão, sendo Thaís dedilhando, e a irmã nos acordes. Estava realmente linda a versão de 'Where we are now’ feita pelas meninas. Já estava de tarde quando, mais uma vez, o telefone de Duda tocou. Ela começou a falar em inglês, de novo, deixando Thaís bastante curiosa; embora ela fosse fluente em inglês, não conseguia entender o que a irmã estava planejando.
O dia do show de Tokio Hotel havia chegado, e Thaís estava uma pilha de nervos. Não que Duda não estivesse, mas esta não estava tão nervosa quanto a irmã. Mesmo assim, Duda parecia mais nervosa do que realmente ficaria para um show, falava mais ao telefone, e Thaís começava a desconfiar. As duas foram se arrumar. Duda vestiu uma calça azul escura, com uma camiseta preta com capuz, prendeu o cabelo num coque bagunçado no meio da cabeça, com as franjas soltas, e calçou seu inseparável Nike shox. Thaís vestiu um macacão verde curtinho, um tanto colado no busto, com os braços à mostra, e, por tabela, o pulso também, onde ela tinha uma tatuagem do símbolo da banda; deixou os cabelos curtos e lisos com um meio-coque no meio da cabeça, e as franjas soltas também, maquiou os olhos de preto e calçou seu Adidas skatista. As duas estavam até mais parecidas assim, mas, ao mesmo tempo, eram visíveis as diferenças. O rosto mais redondo de Duda, menor do que o rosto oval de Thaís, o sorriso largo inconfundível de Thaís, mais chamativo que o sorriso pequeno de Duda. Só uma coisa as ligava diretamente como irmãs: os olhos. As duas tinham olhos expressivos e brilhantes, pareciam duas bolas de gude a brilhar no escuro. Mesmo de cores diferentes, os olhos de Thaís eram cor-de-mel e os de Duda, castanhos, os dois se assemelhavam muito.
– Vamos, Thaís, precisamos chegar cedo, droga! – disse Duda, apressando a irmã.
– ‘Tô pronta! – respondeu Thaís, aparecendo na porta do banheiro. – Tá com os violões por quê?
– Pra gente ir se acalmando na espera pro show, eu ‘tô numa expectativa danada! – exclamou Duda, olhando para baixo.
– Hum, beleza então... – respondeu Thaís.
Foram para o Pavilhão Atlântico, e como ainda estava muitíssimo cedo, não havia nem dez pessoas lá. As irmãs chegaram, chamando logo a atenção de uns garotos por causa das roupas que estavam vestindo e por causa dos violões nas costas de cada uma. De fato, eram as únicas a não vestirem totalmente preto. Os garotos até tentaram se aproximar.
– Olá, garotas. Que roupas giras! – falou o mais alto, de cabelos pretos espetados e olhos muito azuis.
– Valeu, broto! – respondeu Thaís, rindo.
– Vocês são portuguesas? – perguntou o outro, um garoto também alto, só que loiro e de olhos também azuis.
– Não, não, somos brasileiras. Por quê? – respondeu Duda.
– Ah, vocês não têm sotaque português. Que fixe, conhecemos brasileiras! – riu-se o loiro. – Aliás, eu sou o Nuno, e este é o Felipe. E vocês, como se chamam?
– Eu sou Thaís, esta é Duda, minha irmã gêmea. Muito prazer, rapazes. – respondeu Thaís, apertando a mão estendida de Nuno.
Os quatro ficaram conversando um pouco, até que o telefone de Duda começou a tocar novamente, e ela afastou-se um pouco, voltando a falar em inglês.