Capítulo 40
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“Calma... Respira fundo e solta... O que uma pessoa normal faria numa hora dessas? Gritar? Bem, isso eu já fiz...Ah! Já sei! Ligar para alguém!”, ela pensou feliz, procurando o celular no bolso. Quando finalmente o achou, ligou rapidamente para a irmã. “Por que não está chamando?”, ela se perguntou e, quando olhou para o visor, percebeu que o celular estava sem área. “Ow merda! Pra que serve celular se nessas horas ou você nunca está com ele ou ele está fora de área ou ainda...” e, antes de completar esse pensamento, apareceu ‘bye’ no visor, e o celular desligou-se. “ou ainda ele está descarregado.”, ela completou com uma cara de decepção. “Ok, minha última opção é... Arrombar essa porta! Eu que não vou ficar presa aqui a noite inteira!”, Duda pensou por fim.
A garota então se preparou para chutar a porta, mas, antes que pudesse fazer qualquer movimento, escutou gritarem seu nome.
– Eu tô aqui! – ela gritou em reposta.
– No banheiro? – Tom indagou sem entender. – E a gente pensando que poderia ter acontecido algo mais interessante...
– Ow, seu burro! A Maurren me trancou por fora, não dá pra abrir por dentro...
– Ei! Eu não sou burro! – ele exclamou, irritado.
– Tudo bem, você é apenas desprovido de inteligência... Melhorou? – ela revidou.
– Ah, é?! Vou deixar você trancada aí então... – Tom falou, provocando-a.
– Abre logo essa merda dessa porta senão a Maurren não vai ser a única a ir parar no hospital hoje! Escute o que eu estou falando! – a garota gritou.
– Tom, abre logo essa merda dessa porta! – disse Thaís, irritada.
– Mas a chave não tá aqui! – replicou ele, nervoso.
– Ô seu retardado! Pra que você acha que tem mãos e pés?! Vai, se prepara! – exclamou Thaís, e depois gritou para Duda. – Irmã, se agasta!
Então Thaís e Tom se posicionaram de frente para a porta e, com um impulso, os dois chutaram-na com força. A força do chute fez a maçaneta quebrar, soltando-se da porta, de onde saiu uma Eduarda profundamente irritada.
– Onde está aquela vaca leiteira?! Eu vou matar ela! – a garota exclamou, com os punhos cerrados, passado pelos que a ajudaram.
– Ei! Cadê o agradecimento ao seu salvador? Tem que ser que nem naqueles filmes em que o mocinho salva a mocinha da vilã e depois de um longo beijo, eles vão pra cama fazer sexo! – Tom falou sorrindo.
– Desculpe, querido, mas isso aqui não é filme e o máximo que você pode ver acontecer é uma vaca sair voando. – Duda disse séria.
– Er, Tom, desculpe decepcioná-lo, mas EU salvei a minha irmã, você só entrou com 0.1% do trabalho braçal. – interrompeu Thaís. – E, irmãzinha, agora aquela cadela sarnenta me deu um motivo MUITO BOM pra dar uma SURRA nela! Ninguém mexe com a MINHA IRMÃ e sai ilesa!
– Er... 0.1% de trabalho braçal?! Primeiro, a gente CHUTOU a porta e não ESMURROU ela! – disse Tom, rindo.
– Vamos combinar também que se a gente fosse depender da sua inteligência eu ainda estaria lá, porque você ainda estaria procurando a bendita chave! – Duda exclamou saindo do Hall. – E outra irmãzinha, não pense que eu vou deixar você ter todo o prazer sozinha.
– Agora vamos lá, cunhadinho, pegue sua câmera e filme tudo, o show vai começar! – exclamou Thaís, batendo palmas e saindo do Hall atrás da irmã.
– E aí? Acharam a Duda? – Bill segurou Thaís assim que a garota passou pela porta. Ao lado dele estava Georg e Gustav e Tom alguns segundos depois já estava atrás dela.
– Você não a viu?! Ela passou agorinha por aqui! – Thaís afirmou.
– Ah! Era aquela doida que passou correndo, esbarrando em todo mundo? – Indagou Georg.
– É óbvio! Vamos matar a Maurren, portanto, abram alas! –exclamou Thaís, soltando de Bill, afobada, e voltando a correr.
Os meninos entreolharam-se durante um momento e depois saíram atrás das garotas. Duda tentou passar por trás do palco, mas não conseguiu. Pela frente perderia ainda mais tempo tentando, então decidiu ir pelo caminho mais fácil, a essa altura, sua irmã já havia lhe alcançado, assim como os garotos da banda.
Subiu no palco, com os outros logo em seu encalço, e a multidão começou a gritar. As luzes rapidamente e holofotes foram colocados sob eles. Bill parou assustado, sorrindo sem graça, e começou a acenar para o público. Thaís, vendo que o namorado havia parado, voltou e pegou o microfone, exclamando:
– Boa noite, galera! Vamos dar um rápido intervalo e daqui a pouco voltamos! – ela deu um sorriso rápido, e segurou Bill pelo braço, arrastando o rapaz para fora do palco.
Duda olhava para todos os lados, procurando por Maurren, foi aí que Thaís passou por ela correndo, apontando para frente. A garota seguiu-a com o olhar e, finalmente, achou quem procurava. Duda alcançou rapidamente a irmã, que agora não mais corria e sim, andava. Aumentou o passo e chegou rapidamente até Maurren, segurou fortemente o seu braço e virou-a para ela.
– Acho que nós precisamos ter uma outra conversinha... – falou Duda para a garota, que apenas olhou-a dos pés a cabeça e voltou-se novamente para o grupo com o qual antes conversava.
– Ah, sua para desengonçada! Agora você vai saber o que acontece quando alguém mexe com a minha irmã! – Thaís exclamou, agarrando-a pelos cabelos e puxando-a para longe do grupo que a olharam assustados.
– O que é que vocês pensam que estão fazendo?! – Bill perguntou, assustado.
– Treinando para o torneio mundial de vale-tudo com a sua assistente pessoal... O que você acha?! Deixa eu dar um jeito naquilo dali antes que a minha irmã se machuque! – falou Duda e, virou-se procurando sua irmã com os olhos. A garota e Maurren já rolavam pelo chão e, bem nessa hora, Maurren deu um tapa em Tha que lhe arranhou o rosto. Duda então correu até as duas e puxou Maurren para cima, exclamando. - Você é minha! – mas Thaís puxou-a de volta para ela e acabou que as três rolaram pelo chão, acabando por cair na piscina.
– Ai, Meu Deus! Alguém as acuda! Eu não sei nadar! – exclamava Bill, nervoso, andando de um lado para o outro, em uma cena que chegava a ser cômica.
– UOU! Briga de mulher e ainda por cima na piscina?! Ai, senhor, hoje é o meu dia! Que sensual! – exclamou Tom, correndo para ver a cena mais de perto.
Dentro da piscina, Thaís e Duda tentavam transferir golpes na garota, embora a profundidade da piscina dificultasse bastante, assim como a confusão que permanecia dentro d’água que não as deixava ver o que realmente estava acontecendo.
Em um momento de cansaço, a cena clareou para as garotas e Maurren foi mais rápida, alcançando o rosto de Duda com as unhas, cravando-as em suas bochechas, fazendo a garota dar um berro rápido de dor, retirando a mão da garota à força do local.
– Sua lacraia! Agora você vai ver! – gritou Thaís, segurando a cabeça de Maurren com as duas mãos, e fazendo em seguida a primeira coisa que lhe veio à cabeça, atingindo a garota em cheio na boca com uma bela cabeçada, que acabou cortando sua testa e deixando um estrago ainda pior em Maurren, que gritou imediatamente, sentindo um gosto de sangue na boca.
– Sua idiota! Você cortou minha boca! – ela exclamou, nervosa.
– Hum, acho que não, queridinha. Só quebrei o seu dente. – respondeu Tha, tentando esconder o riso ao ver que o dente da frente da garota havia quebrado na base.
O tempo que Thaís levou para rir, foi o mesmo que Maurren levou para juntar toda a sua raiva e abandonar os tapas, arranhões e puxadas de cabelo para algo mais eficiente, o soco. Thaís gritou na hora, levando o dedo ao lábio, que sangrava. Antes que ela pudesse revidar, Maurren aproveitou-se da diferença de altura que havia entre ambas e agarrou a cabeça de Thaís com toda a força, afundando-a na água. Tha desferia socos debaixo d’água, mas eles perdiam todo o seu efeito. Duda, percebendo a situação em que sua irmã se encontrava, gritou:
– Você ainda tem um assunto pendente comigo, esqueceu?! Deixa para levar da minha irmã depois! – e pulou em cima da garota, tirando a vantagem que ainda havia.
– O que vocês estão fazendo inertes que nem merda aí?! Vocês têm um show para fazer! – gritou David chegando ao local.
– Desculpe, David, mas tem algo mais interessante acontecendo no momento. – falou Georg sem tirar os olhos da piscina.
– E o que é?! Porque, pela cara de Bill, deve ser algo terrível. – Ele falou, apontando meio de lado para o garoto que segurava os cabelos arrepiados e trazia os olhos arregalados, numa típica expressão de pânico.
– É porque o Bill é muito mamão, não sabe apreciar as coisas boas da vida. Como agora, por exemplo, ao invés dele ficar com essa cara de cú, deveria estar pulando de emoção com a briga! – falou Tom entusiasmado.
Só aí David virou-se na direção da piscina e entendeu o que todos estavam observando.
– Quem é que está brigando? – perguntou ele sem conseguir distinguir as pessoas que estavam na piscina.
– Gêmeas contra Maurren! Isso aqui vale ouro! – exclamou Tom, mostrando a filmagem que estava fazendo com o celular.
– OPA! Contra a Maurren?! Já gostei! – falou David, sorrindo. – Que bom que eu não liberei pra imprensa, nem deixei que ninguém entrasse com eletrônico aqui, senão elas estariam ferradas agora, e vocês também.
Nessa hora as gêmeas estavam saindo da piscina ao som dos gritos e aplausos das pessoas que acompanhavam a briga. As garotas se olharam sorrindo e bateram as mãos, como se tivessem feito um bom trabalho.
– Carai! Olha o estado de Maurren! – Tom gritou, correndo até onde as meninas estavam e abraçando Duda, que se deixou descansar naqueles braços.
Maurren boiava na piscina, com várias marcas vermelhas pelo corpo e sangue escorrendo por alguns lugares. As gêmeas também estavam bastante machucadas, a garota era bem maior que elas e, como a piscina era bastante funda, tinha essa vantagem.
– Será que ela tá morta? – Georg perguntou, parecendo um pouco assustado.
– Que nada! Daqui a pouco ela tá pronta pra outra! – Duda respondeu sorrindo.
As amigas tiraram a garota da piscina nesse momento, e Maurren já parecia recuperada, pois quando passou pelas gêmeas, lhes lançou um olhar de ódio e falou algumas coisas em alemão que as meninas não entenderam.
– Cadê o Bill? – Thaís perguntou, ignorando as prováveis ofensas de Maurren.
Os quatro então se viraram, deparando-se com uma figura pálida, aproximando-se deles junto a David e Gustav.
– Meu amor, o que aconteceu? – perguntou Thaís, andando até Bill e dando uns tapinhas em seu rosto.
– O que aconteceu? Você quase leva uma surra da Maurren, fica toda machucada, e ME pergunta o que aconteceu?! – respondeu Bill, incrédulo. Thaís, então, começou a rir, e deu um selinho em Bill.
– Ah, amor, acredite, a Maurren está bem pior que eu! Eu estou ótima! – e, apalpando a bochecha, deu um gemido de dor. – Bom, talvez tenha quebrado algum dente, ou tenha algumas luxações aqui ou ali, mas... Quem se importa? Eu pagava pra dar outra surra naquela pata!
– Quem se importa?! Talvez a polícia! Ela provavelmente irá dar queixa amanhã... Isso se não vierem prendê-las ainda hoje! – falou Bill, estressado.
– Hum, eu pagava mesmo assim. – bufou Tha, indiferente.
– Calma, Bill. Vai dar tudo certo. Qualquer coisa a gente alega legítima defesa. – falou Duda, tentando acalmar o garoto. – E, eu garanto, ela não irá dar queixa.
– Bem, gente, acho que de show por hoje tá bom. Podem ir para casa descansar, eu ajeito tudo por aqui. – disse David e, depois de se despedir dos garotos, saiu andando.
– Ai, ai... Depois de toda essa loucura, eu só penso em duas coisas: chuveiro e cama! – falou Duda, cansada.
– Adorei as duas opções, amor... – disse Tom, maliciosamente.
– Er... Esqueci de dizer: sozinha! – e saiu, junto com os outros, loucos para chegar em casa.