Uma Viagem Pode Mudar Um Destino


Escrita porThatzFer
Revisada por Carol S.


Capítulo 36

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

  – Mas você devia ter falado alguma coisa, sua idiota! – exclamava Thaís, sentada na cama, olhando Duda arrumar suas malas.
  – Sabe Tha, eu realmente ia falar, mas – Duda parou por um momento o que estava fazendo e olhou para a irmã. – o que ele falou não me deixou continuar. “Você fez”. Aquela certeza na voz dele... Sério, eu não estava conseguindo acreditar. Eu não estava conseguindo mais nem pensar! A única coisa que eu conseguia, era repetir a pergunta. Sei que minha voz já estava ficando falha, que meus olhos ardiam na dúvida, na incerteza, mas eu não conseguia parar. Até que aconteceu o contrário, eu não conseguia continuar. Não aguentava escutar mais as mesmas respostas, aquela certeza que ele trazia na voz. O jeito que ele me olhava... – a garota deu de ombros e desviou o olhar da irmã. – Nunca vi tanta raiva no olhar dele.
  – Credo, guria, VOCÊ não conseguir falar alguma coisa?! E o TOM acreditar naquela coisa do outro mundo que é a Maurren?! Putz, algo tá muito errado nesse mundo... E lógico que foi aquela puta nojenta que inventou tudo isso, só precisamos provar... Quanto ao Tom, fique na sua que eu vou falar com meu "cunhadinho" do coração... - disse Tha, quase espumando de raiva.
  Duda riu um pouco e fechou a mala.
  – Não quero que você fale com ele. – disse a garota, decidida.
  – Não tô ligando a mínima pro que você quer. Agora é questão de honra, entre cunhados. - respondeu Tha, igualmente decidida.
  Duda sabia que não adiantaria discutir com a garota, então, apenas deu de ombros e pegou as malas.
  – Tem certeza que quer ir embora? – perguntou Tha à irmã.
  – Tenho. Não vou aguentar ver ele. Passar por ele. Olhar pra ele e ele desviar o olhar. Eu preciso descansar um pouco o meu coração. – respondeu
Duda e sorriu para a irmã. – Vai ficar tudo bem. Eu não vou pro fim do mundo.
  – Eu sei. AI QUE ÓDIO DAQUELA MAL-AMADA DA MAURREN! AIN...! QUE ÓDIO! AQU...
  – Tha, para. Ela falou e tudo mais. Mas o problema não é mais ela. O problema é eu e ele. O problema é a confiança que ele não tem em mim. Porque se ele tivesse um pouquinho que fosse, ele duvidaria. Ele viria até mim tomar satisfações. Mas, mudando de assunto, vai me levar até o aeroporto? – perguntou Duda.
  – Não, Duh. Não vai dar. Eu tenho umas coisinhas pra resolver... – respondeu Thaís, misteriosa.
  – Cuidado com o que você vai fazer. – disse a garota sorrindo, enquanto pegava as malas. – Sabe, eu ainda fiquei com a impressão de que tinha mais coisa nessa história... Mas é melhor esquecer isso. Estou indo pra Ibiza, querida! Quem sabe eu não arranjo alguém lá que me faça esquecer todos os meus problemas?
  – Você não tem jeito mesmo, Eduarda. – Tha falou, abraçando a irmã. – A única pessoa que te faria esquecer esses seus problemas, é o Tom.
  – Maninha... O Tom é os meus problemas. – falou Duda em tom de ironia.
  Thaís riu e, depois de desejar boa viagem para a irmã, foi para casa. Chegando lá, foi direto para o quarto de Tom, quase arrancando a porta ao abri-la.
  – Tom, eu quero falar com você. Agora. – disse Tha, falsamente controlada.
  – Fale. – disse ele sem dar muita atenção à garota.
  – Fale não, olhe para mim e preste atenção. E esqueça essa cara de desinteresse falso que comigo não rola. – falou Thaís, impassível.
  “Ai, lá vem...”, pensou Tom revirando os olhos. Sentou-se então de frente a ela, e fez um gesto indicando que ela continuasse.
  – Olha me diz logo que droga de revista foi essa que a Duda supostamente deu entrevista. – disse Tha, mudando o tom de voz para um mais ameno.
  – Não sei o nome. – Tom limitou-se a dizer.
  – Ai, Tom, não tô falando disso, você entendeu. Foi a Maurren que te mostrou a revista, não foi? Claro que foi, porque nessas coisas que prejudicam a gente SEMPRE tem dedo dela, você sabe. – continuou Thaís.
  – É, foi ela sim. Ela só veio me alertar. E, quer saber? Há males que vem para o bem. Se ela não tivesse falado comigo, eu não teria percebido o quanto a Duda é falsa... “E outras pessoas também”, completou em pensamento.
  – Ah, é a Duda que é falsa, não é? Deixa de ser idiota Tom! Essa mulherzinha só quer que a Duda se ferre porque você gosta dela e ela gosta de você. E foi você mesmo que me alertou que a Maurren não prestava, logo quando nos conhecemos, caso tenha esquecido. – exclamou Thaís, enraivecida.
  – Eu sei o quanto aquela garota é ridícula e falsa. Mas ela estava certa dessa vez. – disse ele, baixando a cabeça.
  – Não, ela não está. Puta que pariu, garoto, você é burro ou se faz?! Você já foi pesquisar as fontes dessa revista? Sabe se ela tem credibilidade na mídia? Você já perguntou pra Duda o que ela tem a dizer sobre isso, Tom? O que ela ganharia dizendo ser sua namorada, hein? Só um par de chifres publicamente, porque você tem a pior fama que homem pode ter: a de raparigueiro. – falou Thaís, lembrando-se do comentário da irmã, e se contendo para não dar um murro em Tom. - Pensa nisso, Tom. Acho que você confiou na pessoa errada dessa vez.
  – Olha aqui ela poderia ganhar muito mais que isso dizendo ser minha namorada, ok? - disse ele.
  – Você nem parece meu irmão. – alguém falou, fazendo os dois olharem para a porta. Bill estava lá, observando-os discutirem. - Acho que nos trocaram na maternidade, não é possível. Se não fosse pela aparência física, nunca diria que você é meu irmão. Por isso que eu não queria que você ficasse com ela. Porque você não a merece.
  – É isso mesmo, você não a merece, Tom. Você estava conseguindo, e estragou tudo, seu grande imbecil. Ela não teria vantagem alguma publicando ser sua namorada, além de ter fãs loucas querendo matá-la a cada canto que fosse. - disse Thaís.
  – Olha aqui, quem são vocês pra julgarem se eu mereço ou não ela?! Por que vocês não olham e procuram perceber se ela me merece?!
  Bill ficou tão surpreso com a indagação que não conseguiu responder nada. Apenas olhava o irmão boquiaberto.
  – Ah, faça-me o favor, Tom. Você é o cara mais galinha da Alemanha. Odeia namoros, ama ficadas de uma noite só e é quase um ninfomaníaco. Quem acreditaria que você mudou por causa da Duda?
  – Quem está dizendo que mudou aqui?! Eu não mudei e nunca vou mudar! Nem por ela, nem por ninguém! Principalmente ela! Faça-me rir, depois do que ela fez, ela não merece nada vindo de mim. - riu ele, mas de raiva.
  – Agora eu já estou entendendo tudo! O problema não é a entrevista, não é, Tom?! Nunca foi! O problema foi o beijo meu com a Duda! - exclamou Bill. - Como eu não pude perceber isso antes?
  – Ai meu Deus, vai começar... - sussurrou Tha.
  – E se for?! E se o problema for o beijo de vocês?! Você acha que foi uma atitude sincera e sensata da parte dela? Ela estava ficando comigo! Me beijou na mesma noite que beijou você! Isso é coisa por acaso de uma mulher direita e certinha pra vocês estarem me esculhambando aí?!
  – Tom, ela beijou o Bill sabendo que ele é o MEU namorado, claro que ela tinha um ótimo motivo pra isso! Poxa, Tom, ela queria ter certeza de que gostava de você, porque ela ficou confusa em relação aos sentimentos dela! Será que você é tão cego a ponto de não perceber isso?! Ela quase comprou uma briga com a própria irmã por causa de um cara que agora acredita numa puta de uma vaca-louca que só quer destruir a felicidade dos outros! - exclamou Thaís, deixando Tom pensativo e surpreso com o que acabara de ouvir.
  – Bem, mas esse não era o único jeito dela descobrir sobre os seus sentimentos... Por que... Por que beijar o Bill? – perguntou ele, mais para si próprio do que para os que estavam no local.
  – Olha Tom, nem a Duda sabe direito porque agiu assim. Ela provavelmente agiu por impulso. E pronto. Ela beijou? Beijou. Nada que a gente faça pode mudar isso. – falou Thaís.
  – Pois é, seu imbecil! Se a Duda quisesse me beijar, ela já teria feito isso há tempos! Oportunidades não faltaram! - explodiu Bill.
  – Oportunidades não faltaram, Bill? - repetiu Thaís, olhando-o surpresa.
  – É! Como assim oportunidades não faltaram, irmãozinho?!
  Bill percebeu a merda que tinha falado e mordeu o lábio inferior, tentando arranjar uma desculpa decente. Sem conseguir, resolveu contar a verdade.
  – Bem, a gente já esteve perto disso várias vezes. Mas sempre acontecia alguma coisa ou ela desviava. Mas isso foi antes de eu e a Tha nos envolvermos e de vocês dois ficarem. - explicou-se ele.
  Thaís olhava para Bill, incrédula. Sua irmã nunca tinha lhe contado nada disso. Mas resolveu que agora não era hora para tirar essa história a limpo. Ela precisava terminar sua conversa com o Tom.
  – Tom, pense no que eu falei. Uma vez na sua vida, tente não ser egoísta.
  – Bem, vamos considerar a hipótese que eu tenha errado. E agora?! O que eu posso fazer?
  – Aff, meu irmão é um incompetente mesmo... - falou Bill, baixinho.
  – Vá atrás dela, porque caso você não saiba, ela tá indo pra Ibiza. E... Preste atenção nos olhos dela, eles dizem muito. - disse Tha, saindo do quarto.
  – É isso aí irmãozinho, ponha esse seu cérebro pra funcionar. Se é que você tem um... - terminou Bill, também saindo do quarto.
  Bill foi até a sala, onde Thaís encontrava-se sentada no sofá. Ele sentou-se ao lado dela e passou a mão por seu ombro, trazendo-a para mais perto dele.
  – Tha, aposto como o Tom vai querer ir pra Ibiza agora. Nós vamos também, certo?
  – Tudo bem. – respondeu Thaís, sem o tom típico de animação na voz. – Vou arrumar minhas coisas então.
  – Olha, vocês já arrumaram suas malas?! – perguntou Tom, chegando à sala.
  – Não. – respondeu Bill, olhando para as malas na mão do irmão.
  –E o que vocês estão esperando?! Tem um avião saindo pra Ibiza daqui a meia hora! – exclamou ele.
  – E você já arrumou as suas?! – perguntou Thaís, chocada.
  – Claro! Eu sou rápido em tudo, querida. – respondeu Tom, maliciosamente.
  – Claro que não. – falou Bill, revirando os olhos. – Ele não desfez as malas desde que a gente chegou de Portugal.
  Tom fez uma careta e Thaís riu do comentário de Bill. Depois foram falar com Georg para saber se ele iria junto com eles e o garoto decidiu ficar na cidade.
  – Vamos chegar pouco tempo depois da Duda. – comentou Thaís, quando todos já estavam no avião.
  – É verdade. – concordaram os garotos.

  – E foi isso. – Duda terminou o relato para uma Vick boquiaberta.
  – Tem mais coisa aí. Não é possível que ele fosse ficar com raiva daquele jeito por causa de uma entrevista que, ainda por cima, você não deu. – disse Victória.
  – Bem, eu também acho. E queria muito ter conseguido falar alguma coisa. Mas sei lá o que me deu na hora.
  – Eu sei... Amor! – falou Victória, sorridente, levando água na cara por causa do comentário.
  As duas riram e sentaram-se na beira do mar, deixando a água alcançar seus pés.
  – Vick, mudando de assunto, a gente vai embora daqui a uma semana... Você tá lembrada? – perguntou Duda.
  – Sim, sim. – respondeu a garota, tristemente.
  – Já falou com o Gust?
  – Sim... E ele parece bem mais entusiasmado pra fazer esses últimos dias valerem super a pena! – Riu-se a garota.
  – Sem comentários! – falou Duda alegremente. – Olha vou deitar um pouco. Enquanto isso, vai aproveitar com o Gust. Você já o deixou muito tempo sozinho. – terminou a garota piscando pra amiga.
  – É! Vou sim! Há,há,há.
  As garotas então se separaram. Vick foi para o seu chalé, onde Gustav a esperava, e Duda seguiu para o seu. Abriu a porta e olhou para as malas ainda prontas ao lado da cama. Pensou em desfazê-las, mas depois desistiu. Deitou na cama e fechou os olhos, deixando finalmente que as imagens que tentou ignorar o dia todo invadissem sua mente.
  Aquele desentendimento entre ela e o Tom a fez perceber algumas coisas. E talvez, o fizesse perceber algumas coisas também. Agora, repassando tudo aquilo na cabeça, ela achava que fez certo em não tentar contestá-lo, em não insistir no assunto. Ela deixaria que ele descobrisse sua própria verdade.
  Escutou a porta sendo aberta lentamente, dois passos e depois ela sendo fechada, mas ninguém se mexeu. “Vick? Não, não é ela. Mas... O que ele está fazendo aqui...?”, perguntou-se Duda, sem se mover na cama. Então ouviu mais alguns passos e alguém se deitou ao seu lado. Ela sentiu seu coração acelerar e sua respiração falhar. Sabia que era ele que estava ali. Conseguia sentir sua respiração, seu cheiro, o calor que emanava do seu corpo. Depois de alguns minutos parados, Duda virou-se e seus olhos se encontraram.
  – Tom... – ela falou baixinho.
  – Não diga nada. – ele disse pousando o dedo sobre a boca da garota, silenciando-a. – Já passou...
  Pegou a mão de Duda entre as suas e as levou até seu peito. Então se aproximou dela e a beijou. Beijou-a como se tivesse ficado longe muito mais do que as poucas horas que se passaram desde o último beijo. Beijou-a com calor, com pressa, com amor. Seus corpos se envolviam entre os lençóis e assim que Tom tirou sua blusa e jogou-a em qualquer direção, o barulho da porta sendo escancarada surpreendeu-os. Tom levantou-se de um salto da cama, hesitante, e Duda deixou seu corpo pender sob ela assim que viu que era a irmã.
  – Ops! – exclamou Thaís, fazendo uma careta indefinível. – Finjam que eu nunca entrei aqui.
  – Que nada, Tha. Vem aqui. – disse Duda, impedindo a irmã de sair.
  – É. Entra aí, Tha. Eu preciso tomar um banho... Frio. – concluiu ele, entrando no banheiro.

Capítulo 36
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