Uma Viagem Pode Mudar Um Destino


Escrita porThatzFer
Revisada por Carol S.


Capítulo 35

Tempo estimado de leitura: 17 minutos

  – Pode falar, Tha. – disse Duda, depois de se afastarem um pouco do lugar onde os outros estavam.
  – Posso saber por que você beijou o Bill? – perguntou Thaís, sendo direta.
  Duda olhou para a mesa onde os outros estavam, e Bill desviou o olhar.
  – O Bill te falou, né? – perguntou e sorriu logo depois.
  – Foi. E eu sei que você teve um ótimo motivo para fazer isso. – disse Thaís, reparando no sorriso da irmã.
  – Bem, não posso dizer que foi uma coisa que eu tenha feito plenamente consciente, mas... Eu fiz. Desculpa, Tha, mas eu precisava entender o que eu estava sentindo.
  – Huum... Isso tem a ver com o Tom, não é? – Perguntou Thaís, com um sorriso sugestivo.
  – Eu precisava saber se eu gostava do Bill. – Respondeu Duda, desviando o olhar.
  – Isso realmente tem a ver com o Tom! – gritou Thaís, rindo.
  – Cala a boca! – exclamou Duda, olhando para ver se alguém tinha escutado.
  –Você não vai me contar não, é?!
  – Não aconteceu nada demais, ok? E você que não me conta mais nada também?! – perguntou Duda, fingindo irritação.
  – Não enrole, não... E não aconteceu nada demais, é? Só se “nada demais” significar beijos, amassos e afins. Então, o que exatamente aconteceu?
  – A gente se beijou algumas vezes... Só isso.
  – Hum... Sei...
  – É verdade! Agora já você e o Bill... Eu não sei de nada.
  – Eu também não sei de nada. – falou Thaís, rindo.
  – AI MEU DEUS! EU NÃO ACREDITO! – gritava Duda, espantada. – MAS JÁ?!
  – Se você falasse um pouco mais baixo, eu agradeceria - comentou Thaís, reparando nos olhares que se lançaram para elas.
  Duda começou a rir e Thaís se perguntava se as pessoas estavam achando que elas eram loucas.
  – Ai, ai... Essa minha irmãzinha mais nova, hein?! Aposto como a primeira coisa que você fez foi olhar aquela tatuagem, hum?!
  – Só olhar? – perguntou Thaís, olhando maliciosamente pra irmã.
  – QUE SAFADA! – exclamou Duda e começou a rir sendo acompanhada por Thaís logo depois.

  – Elas não estavam brigando? – perguntou Georg, apontando para as garotas que não paravam de rir e falar.
  – Parece que não... – Bill falou, e logo depois abriu um sorriso. “Que bom que deu tudo certo.”
  – Alguém sabe por que elas estariam brigando? – indagou Tom curioso.
  – Bem que eu queria saber. – disse Gê.
  Bill apenas ficou calado e fingiu estar observando a batata frita de Tom.
  – Você sabe de alguma coisa, não é? – Tom baixou a voz para que apenas o irmão o escutasse.
  – Não... – respondeu Bill sem desviar o olhar da batatinha.
  – Me diga a v...
  – Eu não sei de nada está bem?! – exclamou Bill e depois se levantou. – Vamos chamá-las para irmos embora.
  “Ele realmente sabe de alguma coisa...”, pensou Tom antes de seguir o irmão.

  As meninas insistiram para que voltassem a pé para casa, para que elas pudessem ir fazendo umas comprinhas. Só não conseguiram se livrar dos seguranças, que os seguiam para todo o lado, tentando evitar que ocorresse uma aglomeração de fãs.
  Duda saiu da quinta loja que entrara com algumas sacolas na mão. Antes de rumar para a próxima, Tom segurou seu braço.
  – Por favor... Tá bom de compras por hoje. – implorou ele à garota.
  Duda sorriu e lhe deu um selinho, abrindo as mãos dele e colocando as alças das sacolas nelas, para que ele as segurasse. Ele a olhou irritado, mas ela não ligou e continuou andando pela rua. Parou por um momento e olhou para um homem que tocava sax na calçada, era mais um daqueles artistas de rua. “Ei! Essa música não me é estranha!”, exclamou ela em pensamento.
  – Tha, vem aqui! – gritou, chamando a irmã.
  – Que foi, Du? – Thaís perguntou, se aproximando da garota.
  – Escuta só isso. – e levou Thaís para perto do homem que tocava. As duas franziram um pouco a testa, atentas a música, e depois sorriram e começaram a cantar.

   “... Moça do corpo dourado
  Do sol de Ipanema
  O seu balançado é mais que um poema
  É a coisa mais linda que eu já vi passar... ”

  Ainda sorrindo uma para a outra, começaram a dançar.

  “... Ah, porque estou tão sozinho
  Ah, porque tudo é tão triste
  Ah, a beleza que existe
  A beleza que não é só minha
  Que também passa sozinha... ”

  Os garotos apenas observavam e riam, olhando uns para os outros, sem perceberem que começava a juntar gente ao redor, inclusive alguns fotógrafos.

  “... Ah, se ela soubesse
  Que quando ela passa
  O mundo sorrindo se enche de graça
  E fica mais lindo
  Por causa do amor... “

  O moço parou de tocar e olhou para as garotas sorrindo.
  – Danke, viele danke! – exclamou ele, quando viu a capa do seu sax, que estava deitada aberta no chão, se encher rapidamente de euros.
  As garotas acenaram para ele em resposta e, enquanto Thaís correu até Bill exclamando que era uma música brasileira, que ela adorava, e o abraçou, Duda foi até Tom.
  – Gostou do show? – perguntou ela, sorrindo.
  – Prefiro um showzinho particular... – falou ele maliciosamente e, quando ela começou a rir, ele puxou-a pela cintura, colando seu corpo com o dela.
  – Ai, Tom... Você e suas piadinhas... – Disse, e passou os braços pelo pescoço do garoto. Ele riu e a beijou.
  Só sentiram-se sendo puxados segundos depois, por uma Thaís que falava sem parar algo que eles não estavam conseguindo entender.
  Bill corria um pouco mais na frente, puxando Tha pela mão, que segurava a irmã pela camisa, Tom corria ao seu lado. Mais atrás vinha Gustav sendo seguindo por apenas um segurança, os outros tinham ficado pelo caminho.
  Mais uma vez foram puxados, mas dessa vez por uma rua mais deserta, que era a da casa dos gêmeos. Os portões abriram-se logo que eles se aproximaram dele, e todos entraram na casa quase ao mesmo tempo.
  Ficaram alguns minutos arfando, olhando uns para os outros, até que se explodiram em uma gargalhada.
  – Tha, pode soltar minha blusa agora. – disse Duda, com um sorriso estampado no rosto, olhando para a irmã que ainda segurava firmemente sua blusa.
  – Eita! Nem percebi! – exclamou Tha, desculpando-se e soltando a blusa de Duda.
  – Agora alguém quer me explicar o que foi aquilo?! – falou Tom, sentando-se no sofá. As gêmeas fizeram o mesmo, deixando Tom no meio delas.
  – Mas eu expliquei a vocês assim que a gente começou a correr! – exclamou Thaís, com certa irritação. – E eu ainda não acredito que vocês não perceberam nada... Ficaram lá parados se beijando que nem dois idiotas!
  – Ei! Mas... – começou Tom, mas foi interrompido por Bill que pareceu não querer estender muito aquele assunto.
  – Quando vocês se beijaram, uma multidão de fotógrafos começou a tirar fotos, e uma fã maluca lá ameaçou matar a Duda, porque o Tom era dela e num sei o que, acabou que ela tirou uma arma de não sei de onde... – relatou Bill.
  – E o resto vocês já sabem. – encerrou Georg.
  – Realmente, a melhor explicação, 'tirou uma arma de num sei onde, o Tom era dela e num sei o que... '! - falou Thaís, gargalhando.
  Todos riram do comentário de Thaís e Bill ficou um pouco envergonhado, mas depois passou a rir junto com os outros.
  – Viram?! Eu sou foda! Todas me querem... Todas me desejam... Todas acham que eu sou delas... – comentou Tom, sorrindo.
  – Ai, Tom, me mata de vergonha... – riu-se Thaís.
  – Mas não precisam ficar com ciúmes, garotas. Eu sou de todas! – falou Tom, passando os braços pelos ombros das gêmeas.
  – Sai dessa! – falou Thaís.
  – Que é isso, Tom?! Ciúmes pra que? Aliás, enquanto você é de todas... Todos são meus! – disse Duda, rindo.
  – Ai meu Deus, Duda, tá convivendo demais com o Tom... - disse Thaís, revirando os olhos e rindo.
  – Contanto que ela não fique chata igual a ele... – falou Bill, olhando para cima.
  – Olha aqui,... – começou Tom, mas foi interrompido por Georg.
  – Não é por nada não, mas alguém sabe onde está a Maurren? – perguntou ele.
  – Sei lá, vai que ela morreu por aí... – disse Thaís, descontraidamente, assustando os outros, menos a irmã, que já estava acostumada com esses comentários vindo da garota.
  Nesse momento, ouviram a porta sendo aberta e fechada logo em seguida. Olharam para vê quem chegara e, algumas pessoas, pela primeira vez, ficaram aliviadas em ver Maurren caminhar pela casa.
  – Falando no diabo, a encarnação dele aparece. – comentou Thaís, revirando os olhos.
  Maurren andou em direção ao grupo e parou em frente à Thaís.
  – Se eu quisesse ouvir piadas sem graça, veria aqueles programas ridículos que passam na televisão. – disse ela, olhando feio para a garota.
  – Cara feia pra mim é fome, mulher. - respondeu Thaís friamente.
  Duda e Tom começaram a rir e Maurren, Bill e Georg os fitaram com reprovação.
  – Que foi?! Foi engraçado! – exclamou Tom, olhando para os outros.
  – Sabe, antes que comece mais uma discussão aqui, eu vou tomar um banho. – falou Georg. – E acho que vocês deviam fazer o mesmo.
  Todos concordaram e Duda resolveu tomar banho por ali mesmo, vestiria uma roupa da irmã e mais tarde iria para o Hotel.
  Quando Tom ia subindo, sentiu que alguém segurou seu braço.
  – Você não. Tenho algo que acho que é de seu interesse. – falou Maurren.
  – Você não tem nada que possa ser de meu interesse. – rebateu tom, voltando a andar.
  – É, talvez seja melhor você ver quando sair nas revistas.
  – Do que você está falando? Ah, deve ser das fotos minha com a Duda. Se for isso, não tem problema, é bom mesmo que o mundo saiba que ela é minha. – disse tom, lembrando-se de Felipe.
  – Exato. Talvez você realmente queira que o mundo saiba que você pertence a ela. – esse comentário fez Tom parar de andar. Ele percebeu a ênfase no fato dele pertencer a Duda. – E talvez, você não queira saber o porquê das irmãzinhas quase terem discutido hoje... Motivo esse, que o seu irmão sabe e, você, desconhece. – Dessa vez, Tom virou-se para ela. Ele tinha martelado aquela história a tarde inteira na cabeça. Por algum motivo ele não tinha um bom pressentimento em relação a ela, e, o fato do seu irmão realmente estar envolvido, só atiçava a sua curiosidade.
  – Tudo bem... Fale. – disse ele e sentou-se no sofá.
  Ela concordou e sentou-se ao lado dele. Tinha conseguido o que queria.
  – E então... Você quer começar por onde? – perguntou Maurren.
  – Por onde você quiser. – respondeu ele, inquieto. – Pode ser pelo motivo delas quase terem discutido.
  Maurren riu como se estivessem tendo uma conversa agradável entre amigos íntimos.
  – Não, querido. Vamos deixar a parte mais interessante para o final. – ela disse, e depois dele revirar os olhos, continuou. – Eu, como ótima profissional que sou...
  – Dava pra você cortar esses detalhes insignificantes e mentirosos e ir direto ao assunto? – interrompeu Tom, irritado.
  Maurren olhou para ele e sorriu indiferente. Ela parecia estar se divertindo com a situação. – Como eu ia dizendo... Eu, como ótima profissional que sou, assim que vi os fotógrafo tirarem fotos de vocês, fui atrás deles. Tentei convencê-los a não usarem aquelas fotos e, os que eu não consegui convencer com o meu charme e minha beleza, – Tom se remexeu, irritado, nessa hora. – utilizei outro artifício com o qual também fui abençoada: dinheiro.
  – O nosso dinheiro, você quis dizer. – disse ele, referindo-se ao dinheiro da banda.
  – Não interessa de onde vem o dinheiro. O que interessa, é que eu não consegui convencer uma revista a não utilizar as fotos... E isso porque eles tinham um material que eu desconhecia...
  – E esse material é...? – perguntou tom, com um pouco de curiosidade.
  – Veja você mesmo. – disse, e lhe entregou algumas folhas dobradas. – Foi tudo que eu consegui.
  Tom olhou-a desconfiado e depois abriu os papéis. Havia algumas coisas escritas a mão, outras digitadas, e recortadas de alguma outra folha, e coladas ali. Parecia o rascunho de alguma coisa. Leu a primeira frase.
  “O guitarrista da banda Tokio Hotel está amarrado.”
  “Amarrado?”, ele pensou. Continuou lendo.
  “Tom Kaulitz, guitarrista da banda Tokio Hotel, está namorando. Nossas suspeitas foram confirmadas essa tarde quando [...]”. Ele não conseguia acreditar no que estava lendo. Como assim namorando? Aquelas pessoas pareciam gostar de especular tudo... “Fora apenas um beijo! E eles já vêm dizer que a gente está namorando... Tão achando que a Tha e o Bill também, mas esses aí estão mesmo.”, pensou Tom sem ler até o fim da reportagem, parando e olhando pra Maurren.
  – Especulações. Nada demais. Já estou acostumado, e você deveria estar também. – Disse ele prestes a levantar-se.
  – Você não viu até o fim, né? - ela retirou os papéis de sua mão e entregou-lhe apenas um de volta. – Veja isso.
  Ele olhou sem entusiasmo, mas logo seus olhos arregalaram-se com o que leu.
  – Como assim entrevista com a Duda?! – ele olhou para Maurren, esperando que ela pudesse explicar o que ele estava vendo ali, mas esta apenas deu de ombros. Tom então se voltou para a reportagem e, dessa vez, leu com atenção até o fim.
  – Eu não estou acreditando que ela fez isso! Como pôde dizer que a gente está... Namorando?! Como ela pôde mentir em tantas coisas assim?! – Tom gritava. “Como... Como ela pôde me enganar assim? Parecer uma pessoa e na verdade ser outra?! Eu não entendo... Como fui burro! Ela só queria se aproveitar de mim!”, ele pensava agitado.
  – Agora que você já leu a entrevista... Vamos ao grand finale. O motivo das irmãzinhas quase terem brigado.
  – Fala de uma vez. – ele disse, tentando juntar alguma paciência para o que estaria por vir. – Bem, eu acabei ouvindo quando o Bill contou para Thaís. Coitado, ele não estava aguentando esconder aquilo da namoradinha. Acho que estava confuso também, tadinho...
  – Quer falar logo?! – Tom levantou-se e começou a andar de um lado pro outro.
  – Tudo bem. Se você quer assim, querido. – Tom a olhou feio nessa hora. – O Bill e a Duda... Bem, eles se beijaram.
  Tom parou de andar pela sala nesse momento.
  – ELES O QUÊ?! – gritou Tom, tentando acreditar que tinha escutado errado.
  – Pois é isso mesmo que você escutou. Eles se beijaram. Sabe como é. Beijaram-se. Não foi nada planejado pelo que eu escutei... Aconteceu. Naturalmente. – ela relatou, cinicamente.
  Tom não conseguia se conformar com aquela notícia. Então ela estava mesmo enganando ele, pensou. Sentiu a raiva tomar seu corpo. Não gostava de ser enganado. Não daquela maneira. Não por... Ela. Apesar dele não querer admitir, o maior motivo de toda aquela raiva era ter sido ela. Ela o enganou e o traiu com o seu irmão. Tudo bem que eles não eram namorados, nem tinham algum tipo de relacionamento fixo. Mas mesmo assim sentia-se como se tivesse sido traído. “Como ela pôde ter feito isso? Comigo...?”, ele não parava de se perguntar.
  – Tom, não fica assim. Aquela garota não te merece. – Maurren falou aproximando-se do garoto.
  Ele apenas fuzilou-a com os olhos e seguiu pelo corredor a caminho de seu quarto.
  – Tom... Tom! Volta aqui! – Maurren tentou, mas o garoto fingiu não escutá-la e continuou andando.

  – Dú! Duda! Sai desse banheiro agora! – Thaís gritava, batendo na porta do banheiro.   – O que foi? – perguntou a garota, debaixo do chuveiro.
  – Abre! Agora! – insistiu a irmã.
  – O que foi?! – perguntou Duda mais uma vez, agora abrindo uma faixa da porta e olhando através dela.
  – Eu escutei a Maurren conversando com o Tom. Uma parte da conversa só. Mas já foi o bastante. Eu sabia! Eu sabia que aquela mulher era uma potranca mal-amada! Uma... – Thaís continuaria xingando Maurren por muito tempo, mas Duda a interrompeu.
  – O que ela falou pro Tom?
  – Ela mostrou umas folhas a ele lá. E nessas folhas estava dizendo que vocês estavam namorando. E, atenção, tinha uma entrevista sua falando sobre isso.
  – Eu estou o quê?! Com quem?! – Duda perguntou assustada.
  – Namorando. Com o Tom. – Thaís confirmou o que a irmã tinha escutado.
  – Tá louca?! Como se eu fosse querer ser uma corna pública!
  – Isso não é hora pra brincar, Eduarda. – disse Thaís, séria.
  – É, eu sei. Desculpa, não consegui resistir. – falou a menina pegando um roupão no banheiro e vestindo-o. – Ele acreditou?
  – Sim. – Thaís limitou-se a dizer.
  – Que cara imbecil. – Duda suspirou. – Tudo bem, vou lá falar com ele.
  Duda saiu do quarto sem esperar resposta da irmã e dirigiu-se ao quarto do garoto. Esperava que ele estivesse lá. Chegou lá rapidamente e colocou a mão na maçaneta. Hesitou por um instante, depois bateu na porta.
  – Morri! – Ouviu uma voz gritar lá de dentro.
  – Tom, sou eu. – falou ela.
  – Você não ouviu? Eu morri! Pena que você não morreu também. – ele respondeu.
  Ela revirou os olhos e girou a maçaneta. Para sua surpresa, a porta estava destrancada.
  O quarto estava uma bagunça, com roupas jogadas pelo chão e algumas coisas quebradas e outras rasgadas se misturavam com elas. Tom estava jogado na cama, e não a encarou quando ela entrou no quarto.
  – Quando você não quiser ser incomodado, tranque a porta. – ela disse, sentando-se ao lado dele.
  Ele não respondeu, continuou a olhar para o teto.
  – Tom... Soube daquela entrevista... Você acha mesmo que eu faria aquilo? – Duda perguntou.
  Por um momento a garota pensou que ele ficaria calado, ou a dúvida estaria estampada em seu rosto. Mas ele a surpreendeu com sua resposta.
  – Eu não acho. Você fez. – foi o que ele disse.
  – Tom, você acha mesmo que eu faria aquilo com você? – ela voltou a perguntar. Seu coração havia acelerado, e ela temia que ele realmente achasse que ela seria capaz daquilo.
  – Eu não acho. – e a olhou. – Você fez.
  O coração dela gelou. Não conseguia acreditar naquilo que escutara. Ele realmente achava que ela tinha feito aquilo? Refez a pergunta mais algumas vezes, até que não aguentou mais ouvir a mesma resposta. Não aguentou ver aquela certeza que ele trazia nos olhos. Aquela dor, aquela raiva. Levantou-se e antes de sair pela porta falou:
  – Tudo bem, Tom. Acredito no que quiser. É um direito seu. Se você tem tanta certeza disso, não vou perder meu tempo contestando. – e saiu.
  Ele suspirou tentando com aquilo esquecer a dor que sentia. E como tinha sido difícil dizer aquilo para ela. Na verdade, estava respondendo a uma pergunta mais completa do que a que Duda fizera. Ela perguntou apenas da entrevista. Mas ele respondia a da entrevista e do beijo.

  – Vick? Que praia você e o Gustav escolheram pra se esconder do mundo? – Duda perguntou assim que a garota atendeu ao telefone.
  – Ibiza. Por quê?!
  – Estou indo praí. Vê se consegue uma vaga em algum canto, tá?
  – Tudo bem, quase todos os chalés aqui estão desocupados. Só vem... Você? – a amiga estava preocupada com a resposta.
  – Sim... – confirmou Duda. – Logo, logo estarei chegando aí.
  – O que aconteceu?
  – É melhor falarmos disso quando eu estiver aí, certo?
  – Certo. Estarei te esperando. Beijos!
  Duda não respondeu. Desligou o telefone e suspirou, olhando pela janela do táxi.

Capítulo 35
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