Capítulo 34
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Duda se remexeu na cama, incomodada com um raio de sol, que adentrava pela fresta da janela, e brincava em seu rosto. Mexeu o pescoço tentando desviá-lo e sentiu uma pontada de dor.
– Ai... Meu pescoço... Acho que dormi de mau jeito. – Resmungou ela baixinho, pondo a mão no pescoço. Sem conseguir se desvencilhar da luminosidade, abriu com dificuldade os olhos. – Meu Deus! O que eu estou fazendo aqui?!
Duda ainda estava deitada na cama, ao lado de Victória, que dormia tranquilamente. Levantou-se da cama e deu uma olhada na irmã, que também dormia, e depois fitou o relógio. Ele marcava apenas 8 horas, ela nunca acordaria se não fosse a claridade que pairara em seu rosto. “É melhor ir embora daqui antes que alguém acorde e queira explicações para eu estar aqui.”
A garota começou então a caminhar para a saída do quarto, tentando não fazer nenhum barulho, com medo de acordar Thaís e Victória. Conseguiu chegar ao lado de fora com sucesso, fechando cuidadosamente a porta do quarto. Deu um suspiro e voltou a caminhar, agora normalmente, foi quando escorregou no próprio rastro de água que tinha deixado aquela madrugada, por causa do tipo de piso, ele ainda não havia secado. Soltou um grito fino que foi rapidamente abafado pelas suas mãos, quando o seu corpo atingiu o chão.
“Merda!” – Exclamou em pensamento e esperou uns dez segundos para ver se alguém aparecia. Como ninguém chegou, levantou-se rapidamente e rumou para a saída da casa, dessa vez correndo, mas tomando cuidado para não cair novamente.
– Ei! – Escutou chamarem-na e congelou com a mão na maçaneta da porta. “Ai... É o Tom...”, pensou enquanto ouvia passos aproximando-se dela. Virou-se e deu de cara com o Tom a fitá-la, curioso. – O que você está fazendo aqui?
– Na verdade, eu já estava indo embora. – “Nem eu sei muito bem o que estou fazendo aqui... Como eu vim parar aqui mesmo?”, perguntou-se Duda ainda um pouco sonolenta.
– Hum... Não aguentou esperar e já veio me ver foi? – Perguntou Tom, maliciosamente.
“Tá, já lembrei como eu vim parar aqui...”, pensou Duda lembrando-se do que tinha acontecido aquela noite.
– Foi exatamente isso! Como você conseguiu adivinhar? – Perguntou Duda, ironicamente, revirando os olhos.
Tom riu e aproximou-se mais de Duda. Essa deu um leve empurrão nele dizendo que precisava ir embora. Ele tentou segurar-lhe, mas ela soltou-se dele e abriu a porta da casa. Quando pôs um pé para fora, um sorriso malicioso curvou seus lábios e ela virou-se rapidamente e foi até Tom, deu-lhe um selinho e mordeu o lábio inferior do garoto, saindo da casa em seguida, deixando Tom paralisado olhando para a porta.
“Droga, por que ela sempre faz isso? Sempre me deixa inerte olhando ela ir embora...”, pensou Tom, chateado. Não costumava acordar àquela hora, mas, na verdade, ainda não tinha conseguido dormir desde que chegara a casa.
Duda não tardou em chegar ao Hotel. Pegou um táxi na frente da casa dos gêmeos e logo chegou ao seu destino. Subiu direto para o quarto, apesar de ter perdido um pouco o sono que sentia, ainda tinha vontade de deitar confortavelmente naquela cama macia, sendo aquecida do frio do quarto pelo calor das cobertas. E foi isso o que fez assim que chegou nele, jogou-se na cama e cobriu-se. Ficou fitando o teto por certo tempo. Pensou em Tom e no que tinha acontecido entre eles. E lembrou-se também do beijo que dera em Bill, diferentemente do primeiro, esse lhe dava um tremendo mal estar. Não pelo beijo em si, mas pelas consequências que ele poderia vir a ter. Esperava que sua irmã nunca soubesse do ocorrido. Balançou a cabeça de modo a afastar aqueles pensamentos e Tom lhe veio à mente novamente. “Como você consegue me deixar assim?”, perguntava-se sentindo seu coração bater desregulado, só em pensar nele. Agora um filme passava em sua cabeça desde a viagem para Portugal. Lembrou-se primeiramente de Bill, e do que pensava sentir por ele.
“- Bill, você ainda não percebeu que a gente é só amigo? Se você está confuso, pense nisso. E não se preocupe, nada vai mudar entre a gente. Você nunca vai me perder.”
E ela estava certa. Eles realmente eram só amigos. Ele era como um amigo de infância, como um irmão pra ela, mas ela custou a perceber isso. Naquele dia ela só esteve errada em uma coisa, e foi quando disse que nada iria mudar entre eles, pois desde aquele dia, eles nunca mais foram os mesmos. Duda afastou-se de Bill, tudo para dar uma chance da irmã se aproximar dele, e deu certo. Agora ela sentia falta da amizade dele, de como o assunto parecia fluir naturalmente. Mas sabia que era por uma boa causa. Agora ele estava feliz e a irmã também, e ela sentia-se feliz pelos dois e por ela mesma. Para ela sempre foi difícil entender seus próprios sentimentos e tinha se assustado por gostar de Bill tão rapidamente. Mas o que aconteceu foi que ela se deu bem com ele logo de cara. E talvez o desejo de ser amada por alguém diferente tivesse feito com que ela pensasse que gostava dele. E Tom? Bem, começava a achar que gostou dele esse tempo todo, mas nunca percebeu. E talvez nunca tivesse percebido se ele não a tivesse beijado. Então o inconsciente alertou-a novamente. Tom não se apaixonava por ninguém que não fosse ele mesmo. E amar? Piorou. Só se fosse sua família mesmo. “Mas ele não precisa gostar de mim, afinal... Falta pouco tempo para eu ir embora. E eu só estou apaixonada por ele. E paixão passa...”, e acabou dormindo com essa resolução.
– Ei, acorda. – Duda escutava aquela voz distante chamar-lhe. Tentou se mexer, mas não conseguiu, foi aí que abriu um pouco os olhos.
– Hum... Ah, é você... – Falou ela, sonolenta.
– É, sou eu... – Falou Tom baixinho em seu ouvido. Ele estava deitado por cima dela, por isso que ela não tinha conseguido se mexer.
– Meu Deus! É você! Mas o que você está fazendo aqui?! – Perguntou Duda, abrindo os olhos, agora totalmente desperta.
– Bem, já são quatro horas da tarde e nada de você aparecer, então eu resolvi vir te procurar.
– E como você entrou no meu quarto? Quem te deu esse direito? – Perguntou Duda, um pouco assustada.
– E por acaso eu preciso de permissão pra entrar aqui? – Perguntou Tom, sorrindo.
– E se eu estivesse com alguém aqui? – Perguntou Duda, sorrindo maliciosamente.
– Até parece que depois de ficar comigo você iria se quer pensar em algum outro. – Respondeu Tom, correspondendo ao sorriso de Duda.
– E se eu dissesse que eu estou com alguém aqui? Nesse quarto? – Tentou ela.
– Eu diria que você está mentindo. – Disse Tom, com um sorriso no canto da boca.
Duda então fitou Tom com um sorriso desafiador. E ele correspondeu. Duda queria saber se a certeza dele poderia ser abalada, e quanto tempo isso demoraria. Mas depois de uns três minutos fitando-se, Tom não vacilou nenhuma vez, nem desviou o olhar. Duda então começou a desistir, sentia que aos poucos Tom deixava seu peso cair mais sobre ela, e seus corpos juntarem-se mais. Seu coração batia forte e o olhar incisivo de Tom começou a lhe incomodar. Tom perguntava-se por quanto tempo aguentaria aquela sensação sem beijar Duda e tomá-la em seus braços. Era difícil manter o olhar sem desviar, pois parecia que ela conseguia penetrar-lhe através dele. Ele perdia-se nele e tinha medo de não conseguir mais voltar. Seu coração batia apressado e quando pensou que vacilaria a qualquer segundo, que a beijaria ou desviaria o olhar, escutou aquela voz que parecia tão distante, exclamar:
– Tá, realmente não tem ninguém aqui. – E Duda empurrou-lhe de cima dela em seguida, fazendo com que ele caísse no chão.
“Ela desistiu primeiro!”, exclamou ele em pensamento enquanto via ela passar por ele indo em direção ao banheiro.
– Sabia que você não iria conseguir por muito tempo. – Riu-se ele.
Duda parou na porta do banheiro e sorriu. Foi até Tom, que ainda estava estirado no chão, e sentou-se em seu abdômen. Tom olhou-a tentando adivinhar o que ela pretendia com aquilo. Duda sorriu com a reação dele. Foi aproximando-se do rosto do garoto lentamente e ele começou a levantar um pouco a cabeça tentando alcançar sua boca. Duda riu de Tom mais uma vez, e o garoto, vendo que ela estava apenas brincando com ele, segurou-lhe o rosto e puxou-o para ele. Duda deixou que Tom a beijasse, era o que ela queria mesmo. Ele a beijava delicadamente, puxando levemente o lábio da garota algumas vezes. Duda sentia o contato do piercing frio com seu lábio e seu coração que batia rapidamente, perguntava-se se ele sentia algo parecido e uma de suas mãos pousou sobre o peito do garoto, e o coração dele também batia descontroladamente. Quando pararam de se beijar, ficaram se olhando rindo e Duda sentia o coração de Tom ir se acalmando lentamente. Deu um selinho nele e levantou-se.
– Daqui a pouco eu venho, vou me arrumar rapidinho. – Disse Duda, entrando no banheiro.
Tom ficou olhando para o nada durante um bom tempo e depois se levantou e foi olhar as coisas da garota. Olhou um livro que estava aberto em cima da cabeceira da cama, leu algumas estrofes e depois sua atenção foi desviada para uns apitos altos. Ele começou a procurar de onde vinha e abriu a mala da garota, que ainda tinha umas roupas dentro. Pegou a primeira peça que chamou sua atenção, uma calcinha branca de renda e sorriu maliciosamente, depois escutou mais uma vez o apito e voltou a procurar pelo emissor daquele barulho insuportável. Achou o celular da garota e olhou para o visor. Era um aviso de uma nova mensagem de Felipe. Sem pensar duas vezes leu-a. “Estou com saudades de ti. É uma pena que tu não estejas mais aqui em Portugal. Queria mostrar-te mais alguns lugares que tinha certeza como tu irias amar! Mas deixa para outra vez. Beijos.”. Tom fechou a cara ao ler aquela mensagem.
– Pois que esse imbecil trate de esquecê-la rapidinho. Ela é minha. – Disse Tom com ciúmes.
Tom escutou a porta sendo destrancada e jogou o celular de Duda dentro da mala e sentou-se na cama. Ela saiu do banheiro ainda enxugando os cabelos e sorriu desconfiada ao ver a cara de Tom.
– Então, vamos? O pessoal tá esperando a gente na galeria de artes. – Disse Tom assim que Duda lhe sorriu.
– A gente não vai para um parque? Graças a Deus. Então vamos. – Disse ela, sem esconder sua alegria, já abrindo a porta do quarto do Hotel.
Na galeria de arte estava Bill, Tha, Georg e Maurren, esta última de intrometida, segundo Thaís. A garota ainda olhava feio para ela, que nem se alterava. Gustav tinha levado Vick à praia, a pedido dela, que, como boa pernambucana, não dispensava uma boa olhada no mar.
– Essa mulher me dá nos nervos, amor. – comentou Tha olhando para Maurren, baixinho, no ouvido de Bill, que deu um risinho.
– Vamos dar uma volta? – perguntou ele, com os dedos entrelaçados nos dela.
– Bora! – exclamou Tha, com um sorriso, aquele que Bill mais amava. – Mas e o Ge? Vou ficar com pena dele, sozinho com essa mocréia azeda... Se bem que ele podia dar uns pegas nela pra amansar, né?
Bill riu do comentário de Tha, ela realmente não conseguia gostar de Maurren, mas quem conseguia?! Nem ele sabia o porquê de David tê-la contratado, mas preferia não se preocupar.
– Eita, é mesmo...! – disse Bill, tentando achar uma solução.
– Bom, Maurren, querida, será que você podia ficar com o Georg aqui, cuidando dele, enquanto eu e o Bill vamos comprar sorvete?! – perguntou Thaís, com falsa cordialidade, fazendo Bill olhar para ela espantado.
– Está bem. – respondeu Maurren, com o azedume de sempre.
– Ótimo. Daqui a pouco voltaremos, Ge, não vou deixar você sofrer tanto tempo na companhia dela! – disse Thaís, piscando para Georg, e, ao ver um vestígio de irritação no rosto de Maurren, soltou uma gargalhada de contentamento.
Tha e Bill então saíram para olhar algumas obras da galeria, mas realmente gostaram da sala de música, onde havia várias guitarras e relíquias de músicos famosos, como os óculos redondos de John Lennon e a primeira guitarra do Slash.
– Deus do céu, a guitarra do Slash! – exclamou Thaís, como uma criança ao ganhar doce.
– O Tom é louco por ela, acho que se desse, ele compraria! – comentou Bill, rindo.
– Eu também compraria se desse, imagine só, ter uma guitarra do Slash! – falou Thaís, rindo também. – Se bem que só de ter uma guitarra já tava bom...
– Ué, você não tem?! – perguntou Bill, surpreso.
– Não, amor, eu e Duda temos violões, e eu tenho um teclado, você sabe, família de músicos e tal, mas guitarra? Não, não, só tio Bemmer tem! – disse Thaís, dando uma ótima ideia a Bill.
– Ah... Ei, amor, vamos comprar sorvete? O Georg já deve estar saturado da Maurren, e eu não o culpo... – disse Bill, puxando Thaís pela mão.
– Eita, é verdade, vamos, então! Ai, eu quero um Häagen Dazs, faz tempo que não tomo! – disse Thaís, com olhinhos brilhando.
– Boa ideia! – disse Bill, já chegando à sorveteria da galeria de arte.
Os dois compraram sorvete e se empanturraram, quando Bill se levantou e disse:
– Amor, volte pra ficar com o Georg e a Maurren, eu já chego lá, certo? Vou só fazer uma coisinha ali!
– Hum... Você e suas coisinhas... Certo, vou lá fazer companhia ao Ge, coitado dele, haha! – disse Tha, levantando-se também, quando ia saindo, sentiu uma mão puxá-la pelo braço e outra segurá-la pela cintura. Virou-se e viu que Bill olhava profundamente em seus olhos.
– Ei, eu te amo, minha princesa. Muito. – e beijou-a delicadamente, passando a ponta da língua nos lábios dela e dando leves mordidas, as quais a garota retribuía – e como retribuía! Bill sentiu os cabelos de sua nuca se arrepiarem, e achou melhor parar, antes que não conseguisse se controlar. Terminou o beijo com um selinho, este seguido de um sorriso e um abraço de Tha, que sussurrou no ouvido do rapaz.
– Também te amo, amor, nunca duvide disto.
Então ela voltou para onde Maurren e Georg estavam, e, para sua surpresa, eles estavam conversando! Ok, Maurren conversava em monossílabos, enquanto Georg ria e falava pelos cotovelos.
– Ei! Parece que nem foi tanto sofrimento assim ficar perto dela, hein, Ge? – comentou Thaís, ao chegar, como se Maurren não estivesse ali.
– Err, ela é até sociável, Tha! Mas cadê o Bill? E a Duda? E o Tom? – perguntou Georg.
– Duda e Tom... Bem, esses dois eu não faço a mínima ideia. E Bill foi fazer alguma coisa e volta daqui a pouco! – respondeu Thaís, parando para pensar em Tom e Duda. Estariam juntos àquela hora? Ela sentia que sim, não sabia a razão, mas algo dizia que aqueles dois estavam se entendendo, mesmo que Duda não falasse nada, assim como Tom. Thaís era gêmea de Duda, sentia o que acontecia com a irmã, as duas se entendiam sem o uso de palavras, mesmo que fossem tão diferentes. E Tom? Tom já era um irmão para Tha, ela sentia um carinho enorme por ele, na verdade, agia como se fosse irmã mais velha dele, ao invés do contrário. Thaís conseguia captar o que as pessoas ao seu redor sentiam, só de observá-las, conviver com elas, talvez por ser extremamente sensitiva. Mas isso a deixava confusa também, às vezes os sentimentos dos outros pareciam tão indecifráveis, tão amplos para serem resumidos em palavras, e por mais que Tha tentasse tirá-los da cabeça, não conseguia. A garota finalmente acordou do transe quando ouviu a voz de Bill, que se aproximava.
– Tha, trouxe uma coisa pra você... – disse Bill, escondendo um pacote enorme atrás de si.
– Uma coisa gigante, né? O que é?! – comentou Thaís, pulando da cadeira, curiosa.
– Abra. – disse Bill, abrindo espaço para Thaís.
Ela então foi até o pacote, abriu lentamente a embalagem, e então deu de cara com uma capa de couro preto, que parecia ser a capa de uma...
– UMA GUITARRA! AI MEU DEUS, BILL, EU NÃO ACREDITO! AMOOOR, OBRIGADA, REALMENTE, MUUUITO OBRIGADA! – gritou Thaís, pulando de felicidade. Ela praticamente pulou em cima de Bill para abraçá-lo, e por pouco os dois não caíram no chão. Bill ria da alegria da namorada, havia comprado uma guitarra Gibson Les Paul vermelha e preta para ela, com detalhes em strass, um verdadeiro achado!
– Ah meu Deus! É uma Les Paul?! – Alguém exclamou atrás de Thaís. – É linda! Linda, linda, linda!
Tha se virou e viu Duda olhando a guitarra sobre o seu ombro. De repente a garota arrancou-a das mãos de Thaís e ficou admirando-a.
– Ah! Eu quero! – Exclamou Duda com os olhinhos brilhando.
– Bora, passa! É minha! – Falou Thaís dando uma risada maléfica.
– Aff, toma. É toda sua. – Falou Duda sorrindo, devolvendo a guitarra. – Então, vamos passear?
Todos aceitaram, apesar de já terem andado bastante sem a presença de Duda e Tom. Deixaram-se demorar bastante na ala de música, onde Bill e Tha estiveram mais cedo. Thaís sentia que desde que Duda chegara, Bill estava mais quieto. Não falava muito, e estava meio estranho. Ria pouco das piadas e não olhava muito para Duda, a não ser que fosse para desviar o olhar logo depois. Thaís queria saber o que estava acontecendo ali, mas achou melhor esperar quando estivesse sozinha com o Bill.
Quando estava saindo da sala de música, Duda foi puxada repentinamente para o lado oposto ao que os outros seguiam.
– Ah! – Duda gritou, mas seu grito foi abafado por alguém que cobria sua boca com a mão.
– Cala a boca. – Falou baixinho em seu ouvido.
– O que você tá fazendo, garoto? – Duda perguntou a Tom, tentando virar-se para ele.
– Vamos fazer nosso tour particular. – Disse Tom, maliciosamente.
Nessa hora, Duda conseguiu virar-se para ele e fez uma careta.
– Vamos voltar para lá. Agora, entendeu? Antes que comecem a nos procurar. – Disse Duda, séria.
– Ei... – Tom segurou seu braço. – Vem comigo, por favor...
Duda ficou parada olhando para Tom. Era difícil resistir olhando para a carinha que ele fazia. Mordeu o lábio inferior tentando decidir o que seria melhor. Fugir com Tom por um tempo indeterminado ou ir com os outros. Sabia que opção preferia, mas ainda achava melhor ficar com os outros. Sorriu indecisa e Tom a beijou. “Assim fica ainda mais difícil decidir...”, pensou ela quando sentiu Tom morder levemente seu lábio.
– Duda! – Gritou Thaís. – Cadê você?
Duda afastou rapidamente Tom dela e esperou a irmã aparecer, bem a tempo.
– Huum... Resolveram ficar por aqui foi?! – Perguntou Thaís com um sorriso intencional.
– Nós já estávamos indo na verdade. Paramos só pra ver uma coisinha aqui. – Disse Duda, calmamente.
– Sei... – Afirmou Thaís, olhando significativamente para a irmã. Essa apenas correspondeu a seu olhar com um fulminante.
Thaís riu e voltou a andar com Tom e Duda logo atrás.
Resolveram ir lanchar e quando todos já estavam sentados comendo e conversando alegremente Thaís fitou Bill, e este continuava com a mesma expressão de antes. Resolveu não esperar mais.
– Bill... Está acontecendo alguma coisa? – Perguntou ela.
– Não... Er... Está tudo bem, Tha.
– Bill... Me conte. – Disse Thaís, tentando lhe passar confiança.
Bill hesitou por um momento. Thaís viu seu olhar passar dela para Duda e depois para ela novamente.
– Olha Tha, acho que você deveria saber. Eu e a Duda, bem... Nós nos... Nós nos beijamos ontem.
Bill viu Thaís passar de um olhar de confusão para raiva momentaneamente. Ela se levantou, Bill tentou impedi-la, mas ela caminhou até chegar ao lugar onde Duda estava sentada, parou e olhou para a garota.
– Preciso falar com você. – Disse Tha, séria.
– Tha, precisa ser agora é que... – Mas Duda interrompeu-se quando olhou para a irmã e viu que aquilo não poderia ser deixado para outra hora. Momentaneamente entendeu tudo e seu olhar parou em Bill por alguns segundos e depois voltou a fitar a irmã calmamente. – Tudo bem. Vamos.