Capítulo 27
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- Olha, eu vou pro quarto tomar um banho e vestir um pijama quentinho. Daqui a pouco eu volto. Não saiam daí. – Falou Duda veemente ao ver Victória abrir a boca para falar.
Depois que Duda desapareceu pelo corredor, Vick e Gustav permaneceram calados olhando para todos os lados, menos um para o outro. “Já que eu vou ter que ficar aqui esperando a Duda voltar, é melhor eu falar alguma coisa.”, pensou Vick já incomodada com o silêncio.
- Bem... E aí? Tudo bem com você? – Falou ela rindo, percebendo a pergunta ridícula que fez.
- Tudo. E contigo? – Respondeu Gustav.
- Tudo também.
O silêncio tomou conta do local novamente. Victória nunca gostou de estar em um lugar sozinha com alguém e essa pessoa não falar nada. Como acontecia agora.
- Você toca bateria muito bem. – Tentou Victória.
- Obrigado.
Silêncio novamente. “Respostas curtas... Nem tentou ser modesto! Ou ele é muito tímido ou é um imbecil!”, pensou Victória chateada.
- Sim, mas... E aí? Você conhece os gêmeos há muito tempo? – Perguntou Vick, insistente.
- Sim. – Respondeu Gustav.
“Tá. Eu desisto.”, pensou Victória descansando o queixo sobre as mãos.
- Foi Georg que nos apresentou. – Disse Gustav, surpreendendo Vick.
“Ele falou!”, pensou ela animada.
- Ah foi?! E como foi isso?!
- Georg os conheceu em um festival de música quando eles tinham uns doze anos. Um ano depois, ele me apresentou aos gêmeos.
Eles não conseguiam ver, mas Duda e Thaís os espiavam escondidas na sala.
- Nem acredito que ele tá falando! – Exclamou Duda baixinho.
- Nem eu! A gente passou esse tempo todo saindo com eles e acho que ele só pronunciou umas dez palavras. Agora entendo porque você não queria me deixar ir até o jardim. Você quase me matou de susto quando eu tava procurando por Vick. – Falou Tha.
- Desculpa Tha. Foi sem querer. – Disse Duda com um sorrisinho.
- Tudo bem.
- O que vocês estão fazendo abaixadas aí?! – Perguntou Bill chegando à sala.
- SHH! – Exclamaram as gêmeas juntas puxando Bill que caiu desajeitado junto delas.
- O que foi?! – Perguntou Bill, com os olhos arregalados, visivelmente assustado.
As gêmeas riram e depois apontaram para o terraço.
- Hum... Entendo. Nossa como ele tá falando! Só o vejo falando tanto assim com a gente... E olhe lá. – Disse Bill.
- É, isso é estranho mesmo. – Falou Thaís.
- Eu sabia que Vick ia conseguir! – Falou Duda sem tirar os olhos do casal no terraço.
Bill olhou para ela nessa hora e percebeu o quanto ela estava molhada.
- O que... O que aconteceu com você? – Perguntou ele apontando para ela.
- Ah! É uma longa história... – Respondeu Duda em meio aos sorrisinhos da irmã.
- Pergunta ao Tom. Ele também estava todo molhado quando passou por mim. – Falou Thaís, olhando maliciosamente para Duda.
- Tu tinhas que falar isso, né, Thaís?!
- Algum problema? – Perguntou Thaís entre risadas.
- Nenhum, maninha. Vou tomar um banho agora, antes que eu congele nesse frio. – Disse Duda levantando-se e seguindo para o quarto.
- Conta essa história direito, Tha. – Disse Bill, curioso.
- Nem eu sei direito. Só sei que os dois estavam bem molhados, e Tom passou por mim super irritado. – Falou Tha, rindo.
Bill ficou calado, pensando no que teria acontecido entre aqueles dois.
- Sim, mas... Vamos sair daqui? – Perguntou Thaís, despertando Bill de seus pensamentos.
- O quê? Voltar pro quarto?
- Ah! Vou conhecer o quarto do vocal de Tokio Hotel! Fãs, morram de inveja! – Disse Tha, rindo. – Bora lá, então!
- Não foi bem isso que eu quis dizer, mas tudo bem. Hum... Então vamos! Aí você vai poder contar a todos como o Bill Kaulitz é desorganizado!
- Bom, então acho que vou me sentir em casa! – Exclamou Tha, rindo.
- Duvido que você seja tão desorganizada quanto eu! – Disse ele chegando à porta do quarto.
- Há, há. Espere até ver o meu quarto lá no Brasil. – Disse Tha.
Bill riu e abriu a porta do quarto.
- Seja bem-vinda! – Falou ele, sorridente.
-Brigada! – Disse Tha e olhou para a interminável bagunça do quarto.
Começou então a pensar em tudo que estava acontecendo em sua vida. Um ano antes, ela estava fazendo uma tatuagem do logotipo da banda em seu pulso, e agora ela estava no quarto do vocalista dessa banda, por quem sempre teve uma paixão platônica. Era simplesmente incrível. Mas era real. E ela mal podia acreditar nisso.
- Pensando em quê? – Perguntou Bill, quebrando o silêncio.
- Ah, estou pensando nessa loucura toda. – Disse Tha, olhando os pôsteres na parede do quarto do garoto.
- Loucura? Você tá falando do meu quarto? Bem... Eu avisei. – Falou Bill, sem entender.
- Não, Bill. Estou falando dessa loucura toda na minha vida. Sabe, há um ano eu estava lá no Brasil, fazendo uma tatuagem de uma banda desconhecida, contra a vontade de todo mundo, mas que eu amava e que tinha algum significado para mim. Além da paixão platônica que eu tinha pelo vocalista. – Disse Tha, agora sorrindo para Bill.
- E você não tem mais? – Perguntou ele, olhando nos olhos dela.
- Não. Acho que passou para algo maior... – Respondeu Tha, retribuindo o olhar.
Thaís podia ter desconversado, ou até mentido. Mas não conseguia olhar diretamente nos olhos de Bill e não falar aquilo que realmente queria, não demonstrar aquilo que seu coração sentia. Aqueles olhos a conquistaram desde a primeira vez que ela os viu. E agora eles estavam tão perto...
Bill sorriu com a sinceridade da garota. Por um momento pensou que ela mentiria, ou mudaria de assunto, ou até ficaria calada. Mas não. Ela admitiu sem que ele precisasse perguntar uma segunda vez. Sentia seu coração pulsar descompassado devido àquela inesperada declaração. Passou a mão delicadamente pelo rosto de Thaís e ela deixou-se levar por ele. Thaís sorriu timidamente sentindo seu coração disparar. Diante daquele sorriso ele não teve mais dúvidas do que queria e puxou o rosto da garota para mais próximo do dele. Thaís sentiu aquele olhar penetrar-lhe e fechou seus olhos delicadamente, percebendo que Bill fazia o mesmo. Sentiu a respiração ofegante do garoto em seu rosto e finalmente seus lábios se tocaram.
Thaís sentiu seu coração acelerar ainda mais, se é que isso fosse possível.
Beijaram-se até que a necessidade de respirar calmamente falasse mais alto. Era incrível a sensação que aquele beijo lhes proporcionava. Simplesmente eles não necessitavam de nenhuma palavra para entender o que o outro estava sentindo agora.
Ficaram olhando-se sorrindo até que Thaís quebrou o silêncio.
- E aí? Não vai sair correndo dessa vez, não? – Perguntou ela referindo-se ao dia em que Bill a beijou e depois saiu correndo, confuso.
Ele riu e depois falou:
- Não dessa vez.
E puxou-a para ele novamente, começando mais um interminável beijo.