Capítulo 26
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Ao fechar da porta, as meninas entreolharam-se incrédulas. Duda sentou-se na cama encostando-se à parede, gesto acompanhado por Thaís, Vick sentou-se na beira da cama. Depois de alguns segundos caladas, Victória quebrou aquele silêncio.
- Gente, eu só tenho uma coisa a dizer. Quanto maior a pressão...
- Maior a velocidade da reação!¹ – Completaram as gêmeas e todas começaram a rir.
- Olhe, vocês dois ainda vão se entender... – Disse Thaís para Duda.
- É, realmente. Um dia eu ainda vou mandá-lo pro lugar que ele merece... O inferno. – Falou Duda, irônica.
- Ou pra sua cama. – Completou Vick, abafando um risinho.
- Há, há, há. Só se fosse pra eu cometer um homicídio doloso. Apesar de que eu acho que não chegaria tão longe por um garoto tão ridículo quanto ele. – Disse Duda.
- Ô menina, por que você acha o Tom tão ridículo? Ele é gente boa. – Disse Tha.
- Gente boa se você quiser agarrar ele e depois jogar fora. Porque tirando isso, não consigo ver nada de “gente boa” nele. Ele não presta. – Finalizou Duda.
- Bom, eu agarrei ele e não joguei fora se quer saber. Aliás, a gente ficou mais amigo depois de ter ficado. Mana, só digo isso: eu recomendo. – Falou Tha rindo e dando uma piscadinha pra irmã.
- Pois eu passo a recomendação para Victória. Até porque, quem ele tá esperando no quarto é ela e não eu. – Falou Duda, com um sorriso estampado no rosto.
- É, né. Já que você não quis. E então Vick, você vai? – Perguntou Tha, sorrindo maliciosamente.
- Claro, meninas! Vou lá mostrar a ele o que é uma mulher de verdade. – Disse Victória.
- Lembre-se da camisinha, hein? Ou melhor, no bom português de Portugal, lembre-se do “durex”. – Comentou Thaís.
As meninas riram do comentário de Thaís até que Duda falou:
- Portugal... Portugal me faz lembrar Felipe. - Falou ela, pensativa.
- Que carinha sonhadora é essa? Tá parecendo comigo... – Disse Tha.
- Tá longe de eu parecer contigo, viu? – Disse Duda, brincando. – É que ele é diferente, sabe? Fora que eu nem sequer lembrei-me de falar que eu viria pra Alemanha. Espero que ele não procure por mim. – Concluiu ela.
- É claro, e você acha bem que depois de vocês terem visto o nascer do sol, ele não vai te procurar? Sinceramente, ele tá afim, Du. – Falou Thaís.
- Tu devias ter pegado ele, doido! – Disse Vick com uma careta.
Duda riu e depois falou:
- Eu acho que não era a hora certa. Acho que ficar ali com ele... Bem, acho que não era o momento certo, só isso. Só espero que se ele me procure, não fique com raiva de mim ao não me achar.
-Manda uma mensagem para ele. Só para avisar. – Sugeriu Thaís.
- Ou então manda um e-mail! – Completou Vick.
- É verdade! Usa a internet do teu iPhone uma vez na vida. – Disse Tha, rindo.
- Eita bossal! – Disse Vick, também rindo.
- Há,há. Mas, voltando ao assunto, você vai avisar ao Felipe que tá aqui? – Perguntou Tha.
- Bem, vou sim. Vou ligar pra ele. – Falou Duda, levantando-se da cama. – Daqui a pouco eu volto.
- Ok. – Disseram Vick e Tha.
- Mas eu ainda acho que ela combina com o Tom. – Disse Tha, dando um sorriso e levantando-se.
- Eu também. Mas Felipe é um fofo! Eu vou beber água, você quer? – Perguntou Victória.
- Não... Acho que já vou dormir.
- Tá certo. Já, já eu volto. – Disse Victória.
Duda seguiu pelo corredor que já tinha caminhado mais cedo e entrou em outro, desconhecido. Não sabia muito bem onde ele iria dar, mas pelo que conhecia de casas, só poderia ser na cozinha ou no terraço. Chegou ao fim constatando que sua suposição estava correta. Na sua frente havia uma sala enorme com portas de vidro que davam para o terraço.
Passou pela porta, que estava aberta, e deu uma olhada no lugar. Parecia mais um jardim do que propriamente um terraço, com as mais diversas flores plantadas em todos os lugares. Havia alguns banquinhos e no fundo estava a piscina. Ela estava um pouco iluminada, diferente do resto que estava no mais absoluto escuro.
Duda foi até ela e sentou-se na beira. Ligou então para Felipe pensando no que diria a ele quando atendesse. Para sua triste surpresa, o celular caiu na caixa postal. “Droga” pensou, mas ao escutar a voz com aquele sotaque já tão conhecido, dizendo para depois do bip deixar sua mensagem, acabou rindo e deixando uma na qual se desculpava por não tê-lo avisado que iria para a Alemanha.
Desligou o telefone e ficou a olhar para seu reflexo na água da piscina. “Será que as meninas estão certas? Será que eu deveria ter ficado com ele? E Tom? Que Tom que nada, por que é que eu estou pensando nesse garoto?!”, jogou os pés na água, fazendo com que o seu reflexo se esvaísse, tentando afastar aqueles pensamentos.
- Merda! – Exclamou baixinho ao sentir aquela água gelada tocar-lhe o corpo.
- Um ato de extrema inteligência, mergulhar os pés na água com um tempo como esse. – Falou Tom sentando-se junto dela.
- Ah! Cala a boca, garoto! – Disse Duda que não conseguiu pensar em mais nada pra dizer, tentando enxugar seus pés com a camisa.
- Faria mais efeito você tirá-la, apesar de que você não iria poder colocá-la depois, já que ela estaria molhada. – Falou Tom com um sorrisinho no rosto.
Duda apenas fez uma careta para ele e continuou tentando enxugar os pés com a barra da camisa. Ela poderia ter saído dali e ter ido pegar uma toalha. Mas algo a impedia, ela só não sabia o quê. Sentiu algo quente encostando aos seus pés que a distraiu dos seus pensamentos. Abaixou seu olhar para eles e notou que o casaco de Tom os cobria. Levantou então seu olhar para o garoto, que se encontrava de cabeça baixa, e ficou a encará-lo.
- Não precisa agradecer. – Falou ele ainda de cabeça baixa.
- Eu não ia agradecer. – Disse Duda, fazendo com que ele levantasse a cabeça para olhar para ela.
Tom já pensava em milhões de coisas para dizer a Duda e arrancar-lhe o casaco que agora esquentava os seus pés. Foi quando percebeu que a garota olhava-o a sorrir. Diante daquilo, esqueceu os desaforos que pensava em dizer para ela, e quando pôde perceber, estava a sorrir também.
Tom passou a mão pelo rosto de Duda e começou a se aproximar dele.
- Ah! Aqui estão vocês! – Gritou Vick chegando ao terraço com Gustav.
Duda, assustada com o grito da amiga, levantou-se de sobressalto pisando em falso na borda da piscina, desequilibrando-se. Tom tentou ajudá-la, segurando-lhe a mão, mas a menina segurou-lhe o outro braço e antes de puxá-lo com ela para a água, Tom visualizou um rápido sorriso no rosto da garota. “Isso... Isso é de propósito!”, pensou ele antes de cair por cima dela na piscina.
- Puta que pariu! – Xingava Tom, levantando-se na piscina, coberto até o pescoço por aquela água que congelava seu corpo.
Duda saiu da piscina com a ajuda de Vick, logo após ela, Tom saiu também.
- Você fez isso de propósito! Você não tem noção do quanto àquela água está gelada, não?! – Gritava Tom com Duda.
A garota, apesar de tentar, não conseguia falar nada, apenas ria da cara de Tom.
- V-você... Você é muito irritante, sabia?! – Disse Tom antes de seguir pelo corredor, derrubando tudo por onde passava.
O lábio de Duda tremia freneticamente devido ao frio que sentia, mas isso era imperceptível aos outros que só a viam sorrir sem parar.
- S-sério?! E-eu n-não f-fazia id-d-deia d-disso. – Disse Duda imitando Tom e rindo ainda mais junto com Gustav e Vick.