Capítulo 20
Tempo estimado de leitura: 7 minutos
Bill olhava para o seu reflexo no espelho do banheiro tentando reconhecer-se. Estava espantado com o que tinha acabado de fazer. Beijar Thaís logo depois de ter levado um fora de Duda era, no mínimo, estranho. E Bill sentia-se estranho mesmo, tinha sido rápido demais, levado pelo momento.
- Ei Bill, o que foi aquilo? – Perguntou Gustav, que tinha seguido Bill até o banheiro.
- Eu não sei, Gustav. Eu simplesmente não sei. Eu estava lá e o jeito como ela ria pra mim, a música, o ambiente... Tudo me levou a fazer aquilo. Eu agi por impulso... Eu não sei. Estou realmente muito confuso.
- Mas você se arrepende?
- Não. Talvez por ter agido por impulso, por não saber como a gente vai ficar, nem a reação dela diante a situação. Mas não me arrependi, não de todo.
- Então tudo bem, cara. Continue a tratar ela da mesma maneira que tratava antes e provavelmente ela não vai mudar em nada com você.
- É verdade... Mas eu estava pensando na Duda... E o que eu sinto em relação a ela?
- Não estou dizendo pra você ficar com Thaís e sim para você não mudar o jeito que trata ela. Com o tempo você vai ver de quem realmente gosta.
- Você está certo. É melhor deixar o tempo me mostrar os meus verdadeiros sentimentos e enquanto isso, deixar as coisas acontecerem naturalmente.
- Você está certo. – Disse Gustav sorrindo e dando uma leve batida no ombro de Bill.
Voltaram então à mesa, onde Thaís conversava animadamente com Georg, que não tinha tido sucesso com a garota da outra mesa. Bill ainda estava um pouco apreensivo quanto à reação da garota, mas ela, ao vê-lo, apenas sorriu.
- Ei, vocês dois, a gente já pagou a conta! – Disse Georg logo que Bill e Gustav se juntaram a ele e Thaís na mesa.
- Pois é, já que vocês demoraram que só! – Complementou Thaís.
- Vamos pra casa então? – Perguntou Gustav.
- Aham! Tô com sono... – Disse Bill, tentando não ficar sem graça na frente de Thaís.
- Também tô, então vamos?! –Perguntou Thaís, levantando-se.
- Simbora! – Respondeu Georg, fazendo a menina rir.
Todos então foram pra casa, cheios de macarronada e Coca-Cola no estômago.
Enquanto isso, Duda descia as escadas de sua casa, cansada de ler. Chegando à sala, viu Tom dormindo serenamente no sofá, sendo um tanto apaixonadamente observado por Maurren, que não percebeu a presença de Duda. “Humm... Ah, ela vai me ajudar MESMO! Haha...” pensou a menina, que notava o modo como Maurren olhava para Tom.
Então a porta da casa abriu e por ela entraram Bill, Thaís, Gustav e Georg, barulhentos.
- Shhh!! Tem gente dormindo! – Disse Duda sorrindo, apontando pra Tom. Maurren já havia retomado sua expressão dura e ácida.
- Tem problema não, a gente vai embora e vai ter que acordar ele mesmo. – Disse Bill.
- Não, precisa não, deixa ele aí, mesmo. – Falou Duda, o que deixo Bill confuso. “Por que ela quer que Tom fique?”
- Besteira Duda, a gente acorda ele. – Replicou Bill.
- Já disse que não precisa, né, Bill? – Disse Duda.
- Ok, então. – Falou Bill, um pouco envergonhado.
- Bem, eu vou dormir. – Disse Thaís, entrando na conversa, o que fez Bill olhar para ela.
- Esperem! – Disse ele - Queria fazer um convite a vocês!
- Han? – Perguntaram as gêmeas e os G’s.
- Er... Quero que vocês voltem com a gente pra Alemanha! – Disse Bill, sorrindo.
- É o quê?! – Exclamaram as gêmeas juntas, chocadas.
- Qual o problema? – Perguntou Bill.
- É que a gente só veio passar as férias aqui, lembra? A gente não pode ir do nada pra Alemanha. – Falou Duda, recuperando-se do choque da proposta.
- Oush, eu vou! Só precisamos falar com Tio Carlos, Duda! – Disse Thaís, animada.
- Tha, a gente não pode fazer isso com os nossos tios. Eles prepararam tudo pra nos receber, tão super felizes que vão passar esse tempo com a gente, estavam até reclamando que seria pouco tempo! Como a gente pode fazer isso com eles?
- Vocês podem abrir nossos shows. – Disse Gustav, se intrometendo na conversa.
Os olhos de Thaís brilharam nessa hora.
- Bem, a gente conversa com eles. Eu, pelo menos, digo que é algo muito importante para mim, Duda, eu não iria se não fosse! Mas, se não for para você, aí você decide se vai ou fica. – Falou Thaís, enquanto os rapazes assistiam a discussão das duas.
- Thaís! Eu não estou pensando em mim! Eu estou pensando neles!
- Ok! Então enquanto você pensa aí, eu vou falar com eles!
- Você não vai acordar ninguém agora! Amanhã você fala com eles! É incrível como você sempre pensa em você, só em você! E ta na cara que eles não vão dizer não! Você sabe disso! É claro que eles vão deixar a gente ir! Eu estou pensando é em como eles vão se sentir, e não se eles vão deixar a gente ir.
- Ah! É Claro! Eu penso SEMPRE em mim, né?! Tá certo, só porque é uma coisa pela qual eu luto a VIDA TODA, agora que eu tenho a chance, eu NÃO VOU desistir! Se você quiser ficar, fique. Eu vou! Meus tios não vão deixar de gostar de mim por causa disso, ou você esqueceu que tio Carlos deixou os pais e irmãos pra tentar a vida em Portugal?!
- Parece que você esqueceu que ele já era adulto e só fez isso para ajudar a nossa família! Para tentar salvar a vida da nossa avó! Essa era a única chance dela! E foi só por isso que ele veio para cá... Agora, você faça o que quiser Thaís... – Continuava Duda quando foi interrompida por Tom que acordara com a discussão das garotas.
- Que gritaria é essa? Vocês tão ficando doidas, é?!– Perguntou um sonolento Tom.
- E você, volte a dormir, AGORA! – Gritou Duda com o dedo na cara de Tom.
- Tá certo, não queria saber o que estava acontecendo mesmo... – Falou Tom deitando no sofá e logo caindo no sono.
- Continuando Thaís, você faça o que você quiser, certo? Eu não mando na sua vida e eu entendo o seu lado. Eu não quero mais discutir. Vou dormir. – Disse Duda, que estava com muita raiva ainda, apesar de não aparentar.
- Eu vou dormir também. Boa noite. E Bill, depois a gente te avisa se vai ou não, porque hoje não dá. Tchau. – Disse Thaís, virando-se para a escada, com uma lágrima brotando no canto do olho.
Thaís passou pela irmã sem olhá-la e seguiu correndo para o quarto, deixando Duda sozinha na sala com os meninos.
- Olha gente, desculpa pela cena, ta? – Falou Duda com uma voz triste.
- A culpa foi minha, não devia ter chamado vocês assim... – Falou Bill.
- Não, Bill. A culpa não foi sua. E não se preocupe, viu? Eu vou resolver tudo. Vai ficar tudo bem.
- Acho melhor a gente ir agora. – Disse Gustav.
- É verdade. Bem, até amanhã. Boa noite meninos. Boa noite Maurren.
- Eu vou ficar. – Falou Maurren.
- Não, você vai embora. Aqui só vai ficar o Tom. E porque ele já ta no maior sono. Tchau gente! Boa noite! – Falou Duda praticamente colocando Maurren para fora de sua casa.
Depois que todos finalmente saíram, Duda foi buscar um travesseiro e um cobertor para Tom. “Parece até outra pessoa dormindo” pensou Duda levantando levemente a cabeça do garoto para colocar o travesseiro. “Que será que levou ele a fazer essa coisa nojenta no cabelo hein...?” pensou ela, enquanto segurava os dreads do rapaz, que se moveu, assustando Duda. Ela, então, apressou-se em cobri-lo com o lençol e subiu para o quarto, encontrando a irmã deitada na cama, embora não estivesse dormindo.