Capítulo 18
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Bill ficou pensando naquilo que Duda disse e chegou a conclusão que talvez ela estivesse certa. Talvez ele estivesse confundindo o que sentia por ela, uma amizade, com algo mais que isso.
- Bill, você não vai descer, não? Tá todo mundo te esperando lá embaixo. – Falou Gustav, entrando no quarto.
- Ah! Eu tava distraído aqui, pensando numas coisas... Tinha esquecido... – Falou Bill levantando-se.
- Hum... Você e seu irmão a fim da mesma garota, né? Isso não tem futuro não. - Você percebeu, foi? – E ao receber um aceno positivo do amigo continuou. – Mas ela me disse uma coisa agora, que me fez pensar... Talvez eu esteja realmente enganado em relação ao que sinto por ela...
- Tá achando que gosta dela apenas como uma amiga?
- Eu não sei... Não tenho mais certeza de nada. Só o tempo poderá me dizer. A única coisa que eu realmente sei é que eu não quero que ela fique com o meu irmão.
- Medo que ela se machuque?
- Também. Mas principalmente porque ela é muito pra ele. Ele realmente não a merece. Ele não merece ter o prazer de ficar com alguém como ela, não. Não mesmo.
- Vocês vão ficar batendo papo aí ou vão descer? – Perguntou Tom chegando ao quarto.
- A gente já estava descendo. – Disse Gustav.
- Eita! Esse daqui que é o quarto dela... O que será que eu posso descobrir mexendo aqui nas coisas...? – Disse Tom já andando em direção ao armário da menina.
- Nada que lhe interesse! – Falou Bill segurando a blusa do irmão e puxando-o para fora do quarto com a ajuda de Gustav.
- Poxa! Como vocês são maus! – Disse Tom descendo a escada junto com os outros.
- Por que vocês demoraram tanto, hein?! – Perguntou Thaís.
- A gente tava dando uma de detetive. – Disse Tom com um sorrisinho malicioso no rosto.
- É o quê?! Vocês não estavam mexendo nas minhas coisas, estavam?! – Perguntou Duda, levantando-se de sobressalto do sofá.
- Não, não. É o babaca do meu irmão que fica inventando história. – Disse Bill olhando com cara feia pra Tom.
- Ah bom...
- Por quê? Se a gente tivesse mexido nas suas coisas, o que você faria? – Perguntou Tom caminhando até Duda.
- Eu...
- CHEGA! – Gritou Thaís interrompendo a irmã. – A gente pode sair logo, por favor?
- É! Vamos logo! Não vejo a hora de conhecer mais algumas portuguesas... – Falou Georg se encaminhando a porta.
- Eu vou ficar. – Disse Duda de repente.
- Eu também. – Disse Tom fazendo com que a garota olhasse pra ele fulminando-o com os olhos.
- Então eu vou ficar também. – Falou Bill.
- Ah, não! Você vai sim, Bill! Você que começou com essa história de sair! Então você vai! – Falou Thaís puxando o menino pelo braço.
- É Bill... Pode ir, eu vou ficar bem. – Disse Duda rindo pra ele.
- É Bill! Vai de uma vez. –Disse Tom praticamente empurrando o irmão pela porta.
Finalmente todos saíram então Tom sorriu pra Duda maliciosamente e falou:
- Agora somos só nós dois.
- Ham ham – Alguém pigarreou no meio da sala.
- Ah não! O que você tá fazendo aqui, hein?! – Falou Tom olhando pra Maurren, irritado.
- Ela ficou aqui pra cuidar da gente, né, criança?! – Falou Duda rindo da cara de Tom.
- Exato. – Disse Maurren.
- Por que você não vai procurar o que fazer, hein, garota?!- Disse Tom se segurando pra não matar Maurren.
- Bem, se vocês quiserem se matar aí, fiquem a vontade. Eu vou ler. – Disse Duda deitando-se no sofá.
- Não acredito que você vai ler. – Disse Tom olhando incrédulo pra cara de Duda.
Sem receber resposta, decidiu ir ver televisão. “Não acredito que fiquei aqui pra não conseguir nada” pensou ele ligando a televisão. E virando-se pra Duda chamou:
- Ei...
Duda estava pensando no que tinha acontecido no quarto àquela noite entre ela e o Bill. Ela sabia que a sua vontade era de tê-lo beijado. Mas não se arrependia de não ter seguido o seu coração. Ela estaria com um peso na consciência agora se assim tivesse feito. Sabia que no final, mesmo que a irmã não presenciasse o beijo, ela lhe contaria tudo. Não aguentaria guardar aquilo apenas pra ela, escondendo da irmã, que alguns dias antes tinha lhe confessado que era apaixonada pelo Bill. E pior, tinha pedido sua ajuda pra ficar com ele. E ela tinha concordado. Não podia agora simplesmente voltar atrás por um simples desejo. Por uma paixão. Sabia que a irmã lhe perdoaria depois de um tempo, mas conhecia Thaís, sabia que a irmã era do tipo que guardava uma mágoa. E levaria aquilo pro resto da vida. Ela não estava disposta a estragar sua amizade com a irmã por um caso incerto. Um relacionamento que ela não sabia quanto tempo iria durar.
- Ei... – Tentou Tom novamente, fazendo Duda se mexer desconfortável no sofá.
Ela queria poder dizer ao Bill tudo aquilo que estava sentindo. Mas achava melhor esquecê-lo. E era melhor fazer isso o mais rápido que pudesse.
- Ei, Duda... – Disse Tom sentando-se ao lado da garota, fazendo com que ela mudasse de sofá.
E era melhor ela deixar mais espaço pra irmã se aproximar do Bill. Aliás, ela tinha prometido ajudá-la. E era melhor também ela se livrar do Tom. Não aguentava mais a insistência daquele garoto, nem estava mais com paciência pra ficar dando fora nele.
- Ei! Tô falando com você, sabia?! – Falou Tom fitando Duda.
“Não aguento mais esse menino” pensou ela. Fechou então o livro que estava lendo soltando um longo suspiro. Levantou a cabeça, olhou bem fundo nos olhos de Tom e disse:
- “Feliz é o homem capaz de evitar a maioria de seus semelhantes”.
- Han? – Falou Tom sem entender nada.
- Schopenhauer... Procura no Google – Disse, levantando-se.
Então eles ouviram uma risada. Tom e Duda viraram-se na mesma hora para ver quem estava gargalhando, e por incrível que parecesse, era Maurren. “Maurren? Rindo?”, pensou Tom, que por alguma razão, tinha se irritado com a moça. Duda, ao perceber a irritação de Tom, pensou “Ela pode me ajudar...”, com um sorriso malicioso no canto dos lábios.