Karasuno Girl

  — Estou saindo primeiro. — Disse ao abrir a porta.

  — Minnie-ah, me espere, eu vou te levar. — Gritou meu irmão do quarto.

  — Não, não vou chegar atrasada no meu primeiro dia por sua causa. — Gritei de volta já saindo.

  — Ahhhhh… — ele apareceu da janela do segundo andar. — Eu quero te acompanhar no seu primeiro dia, se tivesse ido para o Aoba Josai não iria ter que sair mais cedo.

  — Eu escolhi o Karasuno, viva com essa realidade. — Ri de leve ajeitando a mochila nas costas e segui em direção à rua.

  Meu irmão era um bobo em alguns momentos, mas seu instinto de proteção para comigo me fazia sentir segurança, além de me orgulhar de seu talento no esporte, resolvi seguir seu exemplo e entrar para o time da minha nova escola. Assim que cheguei fui recebida pela vice-diretora, que se mostrava contente por eu ter aceitado o convite para a Karasuno, ela me mostrou toda a escola até que chegamos às quadras de esportes.

  Como a quadra feminina estava fechada, seguimos para a masculina, não era tão grande quando a da Aoba Josai, mas era um bom lugar para treinos, como eu não teria aula no momento – pois minha matrícula ainda estava sendo efetuada –, pedi para ficar ali treinando um pouco. Prontamente a senhora Kwang assentiu e me mostrou onde ficavam as coisas.

  Esperei até que ela saísse e caminhei até a primeira haste para colocar a rede. Após tudo em seu devido lugar, iniciei minha prática diária. Inegavelmente meus arremessos eram meu ponto forte, porém estava começando a aperfeiçoar os levantamentos e recepções, meu sonho era orgulhar meu irmão, assim como ele me orgulhava.

  Passados vários arremessos considerados razoáveis, fechei os olhos e me concentrei, respirando suavemente enquanto transportava toda a minha força e precisão para a ponta dos meus dedos. Abri os olhos novamente e lançando a bola no ar com o impulso certo, fiz uma breve troca de pés para iniciar a corrida, totalmente concentrada ao menor dos meus movimentos. Ao pular, bati com a força necessária na bola, indicando a direção que eu queria para ela, eram raras as vezes em que me concentrava tanto assim em um único arremesso.

  Respirei fundo me despertando para o mundo à minha volta e logo percebi que não estava mais sozinha. Virando minha face para o lado me deparei com o que parecia ser o time de vôlei masculino da escola, acompanhado de algumas garotas. No olhar de todos estava um certo espanto, misturado com admiração.

  — Quem é você? — perguntou um garoto ruivo.

  — Hinata, isso é jeito de falar? — um outro garoto, aparentemente mais velho, o repreendeu. — Eu sou Daichi, capitão do time masculino, você é uma aluna?!

  — Sim. — Me retraí de forma tímida. — Hoje é meu primeiro dia, me desculpem, não sabia que usariam a quadra, o feminino estava fechado.

  — Ah, isso eu resolvo. — Uma das garotas veio até mim e segurou em meu braço. — Vamos, eu vou te mostrar como é a quadra feminina.

  A garota estava tão empolgada comigo que quase não conseguiu dizer com clareza seu nome. Michimya era capitã do time feminino e estava no terceiro ano, o que significava que a temporada passada havia sido a última dela no colegial. Algo começou a me preocupar, como e qual era o nível do time feminino do Karasuno.

  Se era sorte ou destino não sabia, mas coincidentemente estava na mesma sala que o ruivo Hinata e o outro jogador mal-humorado do time masculino, acho que seu nome era Kageyama Tobio. Eu o havia visto treinando algumas vezes, seu talento para o vôlei era nato e de causar inveja a qualquer pessoa, ele tinha um estilo próprio de levantamento que me lembrava meu irmão, mas seus arremessos ainda eram fracos e nada precisos.

  Propositalmente havia me aproximado dele. Já que suas notas eram um desastre, me ofereci para ajudá-lo nas aulas, em troca ele treinaria comigo. Uma troca justa já que Hinata tomava toda a atenção da Hitoka-chan.

  — Estou pronta! — disse ao entrar na quadra e me aproximar a Michimya-chan.

  — Que bom que chegou, o jogo já vai começar.

  De início a ideia de fazer um jogo do time masculino contra o feminino sem os alunos do terceiro ano, parecia legal e super empolgante, até que eu entrei na quadra e fiquei frente a frente com Kageyama. Uma sensação boa e ao mesmo tempo intimidadora veio sobre mim, dando um frio na barriga e uma vontade leve de vomitar.

  Assim que o treinador Ukai-san apitou o início da partida, Tanaka senpai sacou. Pelo que havia ouvido, ele iria testar uma nova formação sem os titulares do terceiro ano, enquanto nós do time feminino iríamos trabalhar nossa sincronia. Nika recebeu com precisão, assim como eu, ela havia chegado recentemente por um convite da vice-diretora para estudar na Karasuno.

  Esperei até o último segundo para decidir a direção do meu levantamento, quando Kageyama achou que cortaria de segunda e tomou impulso para pular no bloqueio, virei minha mão esquerda e direcionei o levantamento para a linha de fundo, onde Sakura faria o ataque. O primeiro ponto estava garantido e eu iria me concentrar ainda mais naquele jogo.

  — Uah… %Nalla%-chan você é incrível jogando, mais incrível que o rei e o grande rei. — Elogiou Hinata.

  Eu não entendia de quem ele estava falando, mas sabia que seu elogio era sincero, porém meu olhar estava em outra pessoa.

  — Não vai dizer nada? — perguntei a Kageyama assim que Hinata se afastou com sua bicicleta.

  — O que teria para dizer? — o mal-humorado Tobio de sempre.

  — Que eu venci. — Afirmei em resposta.

  — O time masculino venceu. — Corrigiu ele.

  — Empate, o terceiro set foi de 35 a 37. — Desdenhei. — Não importa, eu venci como levantadora.

  Ele me olhou com cara feia e depois voltou seu olhar para frente.

  — Como aprendeu a jogar?

  — Com meu irmão, mas ele diz que eu tenho talento nato para o esporte.

  — Quem é seu irmão?! — perguntou interessado.

  — Hum… Que tal conhecê-lo pessoalmente? Quer ir na minha casa? Ainda está cedo e acho que ele já chegou em casa. — Eu sorri de leve. — Tenho certeza que vai gostar de conhecê-lo, ao contrário de você, ele não é mal-humorado.

  — Eu não sou mal-humorado. — Retrucou, fechando a cara.

  Eu ri um pouco e depois de muito insistir ele acabou concordando em ir. Estranhei meu irmão não estar me esperando na janela, aquele escandaloso adorava gritar meu nome sem nenhum propósito. Deixei Kageyama na sala e fui até a cozinha preparar um lanche para nós enquanto meu irmão não aparecia, ele parecia faminto depois do treino puxado que o time masculino estava enfrentando todas as tardes.

  Em meio ao preparo, concentrada em montar os sanduíches, ouvi um grito estridente vindo da sala que me fez sair correndo para ver o que era. Quando cheguei, estavam os dois parados no meio da sala, cada um com cara de espanto. O que me levou a ligar os pontos e referências sobre o garoto prodígio que meu irmão tanto detestava, mas nunca dizia de que escola era.

  — Oikawa senpai. — Kageyama se segurou para não gaguejar, então me olhou. — É ele seu irmão?!

  — Ahhh… %Nalla%-chan, por que trouxe ele para a nossa casa? — perguntou Oikawa com cara de zangado e curioso ao mesmo tempo.

  Segurei o riso, mesmo surpresa, estava feliz por ter os dois levantadores que mais admirava reunidos em um mesmo lugar…

  Meu irmão Oikawa e quem sabe…

  Meu futuro namorado Kageyama!