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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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E se for ele?

Escrita porKelsea
Revisada por Lelen

Capítulo 14

Tempo estimado de leitura: 14 minutos

As mãos  de Matteo e de Rosana se encontravam já conectadas de forma superficial  devido a dança anterior, o que por se tratar de uma quadrilha não havia tanto peso, afinal era um ritmo com o qual se pode dançar com qualquer um, não necessariamente para casais, contudo, no momento em que o DJ  decidiu trocar por conta própria o som tradicional de uma festa junina para Perfect do Ed Sheeran, tudo mudou.
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  O coração de Rosana em seu peito, mais uma vez, se encontrava disparado, à medida que seus dedos se entrelaçaram em ritmo lento aos do italiano, como se tivessem sido feitos para se encaixarem. O jovem acionista estrangeiro, aproveitando que Rosana havia abaixado a guarda, a puxou para mais perto de si, deixando claro sua intenção de tirá-la para aquela dança. Outra vez percebendo que os outros acionistas estavam ocupados lidando com o exagero na bebida ou dançando com suas esposas, a herdeira de Gumercindo novamente deixou, por um raro momento, que seu coração falasse mais alto e se permitiu ser conduzida por Matteo a passos sincronizados pelo jardim.
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  Seus pés se moviam de forma idêntica, como se já se conhecessem e estivessem esperando o momento certo de se encontrarem. De certa forma, era como ambos se sentiam naquele momento. Por mais que negassem, sabiam ter muito em comum, pais ausentes, dramas familiares e uma pressão excessiva para se tornarem algo que talvez sacrificasse sua essência.
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  Enquanto pela primeira vez se permitiu ser hipnotizada pelos olhos de Matteo, a garota de cabelos castanhos e ondulados refletia sobre o motivo por ansiar tão desesperadamente pela aprovação de seu pai. Por que ela se importava tanto com a opinião de alguém com o pensamento tão retrógrado? Mesmo que este a tivesse ajudado a colocar no mundo. Talvez por querer atenção, algo recorrente em seus dias quando Maria do Socorro ainda se encontrava neste mundo. A carinhosa mãe sempre acariciava seus cabelos, contava histórias da melhor forma possível, mesmo que Rosana já tivesse certo interesse pelo café e já tivesse começado a trabalhar na empresa do pai devido a sua ambição de assumir seu lugar algum dia, tudo era muito mais leve.
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  Toda vez que a jovem se encontrava com a testa franzida em preocupação pelo que o pai dizia, a voz consoladora da mãe sempre sabia o que dizer.  Porém, de repente, tudo se acabou, sua vida ficou escura com sua partida e Gumercindo ainda mais frio e distante, dessa forma, Rosana se empenhou ainda mais nos negócios da família, na tentativa de chamar a atenção do pai que parecia enxergar somente números e negócios à sua frente. Claro que com Angélica recém-nascida ele deu uma certa atenção, contudo, logo deixou a pequena nas mãos de babás e mesmo que estas fossem as melhores possíveis, afinal dinheiro não era um problema, Rosana não queria que a irmãzinha passasse pelo mesmo, assumiu o posto de figura materna da irmã caçula, enquanto, todavia, ela mesma necessitava de um colo.
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  Agora, no entanto, ali, seguindo os comandos do italiano e movimentando o corpo junto ao dele no ritmo da música, finalmente sentia seu coração verdadeiramente confortado. Essa era uma sensação pela qual ela vinha ansiando por anos, contudo, veio na pior forma possível, a forma de um jovem estrangeiro charmoso, filho de um ex-amigo de seu pai, capaz e disposto a destruir seu maior objetivo.
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  Desde o momento em que teve a ideia para o projeto, a jovem não pensava em mais nada, se decaindo dia e noite, passando madrugadas em claro, envolta nas pesquisas, tudo para alcançar a glória e ver um sorriso sincero de orgulho no rosto de Gumercindo, que nunca a olhou da mesma forma que olharia se ela tivesse nascido homem. A aspirante a empresária havia colocado em sua mente que só se sentiria completa depois que os acionistas a aplaudissem de pé. Contudo, naquele instante, com Matteo, ela se sentia exatamente assim, plena, realizada, como se nada mais faltasse, e pela primeira vez ela questionou se aquele projeto era mesmo tão importante comparada a felicidade que ela poderia ter e estava à sua disposição de uma forma tão simples. 
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  Seu coração gritava desejando jogar tudo para o alto e permanecer ali, naquela música e naquela dança para todo o sempre.
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  — Até que em outras danças você não deixa a desejar — Rosana soltou o elogio, dessa vez não se preocupando em disfarçar o quanto estava alegre.
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  — Gratze Io digo o mesmo, ma Io não foi ido tan male en la quadrlia ha?
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  A jovem soltou uma risada leve.
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  — É melhor baixar a bola italiano, mas, para ser sincera, eu não queria dançar com nenhum outro parceiro.
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  Matteo sentiu as bochechas queimarem com a declaração, enquanto seu coração parecia querer sair por ali pulando de alegria, era bom demais para ser verdade. Contudo, no momento em que ele ia tomar coragem para beijá-la, um grito vindo de dentro do chalé chamou atenção de todos.
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  — Fogo! Precisamos evacuar!
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  A herdeira franziu a testa sem entender o que estava acontecendo, porém percebeu seu erro quando viu uma chama na janela do quarto onde estava dormindo. A lareira, ela havia ficado tão ansiosa com a ideia de encontrar Matteo na quadrilha que nem se lembrou de seu perfume esparramado no chão, o líquido provavelmente havia chegado até a lareira.
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  “Ai que droga”, pensou consigo mesma, enquanto observava paralisada as chamas tomarem conta do chalé.
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  O transe só se desfez quando sentiu a mão de Matteo a puxando.
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  — Andiamo!
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  Todos se encaminharam para o mais longe possível do local, enquanto a jovem, sem graça, já em segurança, procurava coragem para reaproximar do  acionista mais antigo, este não saía do celular.
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  — O que foi que eu fiz? — sussurrou para si mesma.
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  Matteo, percebendo a preocupação da garota, se aproximou devagar lhe tocando os cabelos de forma carinhosa.
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  — Ei, Rosana, estai bien.
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  Por algum motivo, ela sentia que podia se abrir com o italiano.
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  — Não, Matteo, foi culpa minha, eu deixei um perfume cair e não limpei, além de  ter esquecido de apagar a lareira.
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  O acionista estrangeiro a encarou não com julgamento, mas com compreensão e, sem que ela pedisse, segurou sua mão de forma acolhedora.  No meio daquele caos ela sorriu e apesar de tudo se sentiu em paz.
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  Rosana respirou fundo, enquanto seus dedos trêmulos giravam a maçaneta. 
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  Calma, talvez seu pai será compreensivo, talvez ele entenda que tenha sido apenas uma pequena distração, talvez ele fosse pela primeira a confortar e dizer que estava tudo bem se errasse que não importa o que acontecesse ele estaria ali. Contudo, todas as suas esperanças foram por água abaixo quando, ao abrir a porta, se deparou com um Gumercindo de braços cruzados e uma testa franzida, visivelmente furioso.
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  De algum lugar dentro de si mesma ela encontrou coragem para cumprimentá-lo.
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  — Oi, pai. — Sua voz saiu fraca.
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  — É tudo que tem para me dizer depois de destruir o chalé da empresa, Rosana? — A jovem, por mais que tentasse, não encontrou nenhuma brecha de ternura na voz de Gumercindo.
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  — Foi um acidente! — conseguiu dizer com a voz baixa.
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  — Um acidente? Não limpar um vidro de perfume caído porque estava ansiosa para encontrar o seu italiano não é um acidente, Rosana, é pura irresponsabilidade. Foi isso que você fez? Você aprendeu em Harvard.
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  Apesar de estar acostumada às ofensas do empresário, a garota de cabelos marrons dessa vez não iria aceitar que Matteo também fosse ofendido.
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  — Deixa o Matteo fora disso, pai, ele não teve nada a ver. O erro foi completamente meu — afirmou, engolindo em seco, pelo menos somente a sua carreira seria prejudicada.
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  — Não foi o que me contaram, pelo que eu soube vocês dois estavam dançando juntinhos no meio da festa. Isso não é postura de uma presidente.
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  — Era só um momento de descontração, pai, não entendo qual o problema.
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  Gumercindo colocou as mãos na cabeça, suspirando como se estivesse falando com uma pessoa sem neurônios.
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  — Esse é o papel mais bonito das mulheres, vocês sempre acham que não tem problema misturar as suas bobagens e suas fantasias com os negócios. Bem feito para mim por ter cogitado a possibilidade de passar o meu império para uma… — Cruzou os braços zombando.
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  Rosana conhecia bem o lado machista do pai e estava careca de saber o quanto ele preferiria que ela fosse um homem, porém nunca o tinha visto cuspir esse preconceito de forma tão descarada. Era a gota d’água.  Pela primeira vez a garota estava disposta a colocar para fora o que estava entalado em sua garganta por anos, finalmente estava disposta a se fazer ouvir e ninguém, nem mesmo o seu pai, a calaria.
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  — Quer saber pai, se o senhor pensa assim. Eu estou fora. Estou cansada, cansada de dar o sangue naquela empresa e só receber migalhas de reconhecimento.  Estou farta de ter que provar meu valor dia e noite para o senhor, que mesmo não sendo o filho homem que tanto queria, eu sou extremamente competente. Não aguento mais ter que implorar pela sua atenção para as minhas ideias ou ter que passar por inúmeros testes sendo que se eu tivesse o cabelo curto ganharia de bandeja. Eu cometi um erro? Sim, admito. Eu me sinto atraída pelo Matteo e me permitir ter uma noite de diversão com ele? Sim, mas enquanto eu danço com um italiano em uma festa de descontração da empresa, viro assunto e sou taxada de incompetente, o senhor faz vista grossa quando os seus assessores recebem mulheres no escritório, não é?
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  — Abaixa o seu tom, Rosana.
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  — Não, não abaixo porque a partir de hoje o senhor não conta mais comigo, eu vou para um hotel e pode cancelar essa maldita reunião de segunda. Não tem por que eu me matar pela aprovação de alguém tão fútil. Passar bem.
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  Gumercindo fitava a filha de cima a baixo como se estivesse encarando uma aberração.
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  — É bom mesmo, nunca mais apareça na empresa, a reunião está cancelada, marcarei no lugar um jantar de negócios no restaurante de sempre e espero que não apareça por lá.
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  — Ótimo!
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  Sem se preocupar em pegar seus pertences, Rosana saiu da casa de cabeça erguida e no lado de fora abriu um sorriso, afinal, apesar de ter perdido tudo, o emprego dos seus sonhos e a admiração do pai, nunca havia se sentido tão livre. Era hora de parar de ansiar e se esforçar tanto pela aprovação de alguém que não a valorizava e começar a seguir seu próprio caminho.
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  Ela estava prestes a entrar no uber, quando foi interrompido por duas mãos pequeninas que conhecia muito bem.
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  — Angélica.
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  A pré-adolescente exibia lágrimas nos olhos
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  — Por favor, Rosana, você não pode me deixar aqui sozinha com o papai, nós duas sabemos que ele não liga para mim, você é minha única família de verdade, não me abandone.
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  Tocada pelas palavras da caçula, a herdeira mais velha a tomou nos braços e acariciou seus fios negros.
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  — Ah, docinho, eu sei que é doloroso, mas eu precisava fazer isso. Você é muito forte e preciso que fique aqui, pelo menos por enquanto, mas eu prometo que volto para te buscar, nunca vou te deixar sozinha.
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  — Jura que volta para me buscar?
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  — Eu juro, meu amor. Eu fico tão feliz de ver a jovem que está se tornando, tenho certeza que vai tirar de letra e logo, estaremos juntas. Mas agora preciso que me prometa que vai ficar bem.
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  Angélica enxugou as lágrimas.
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  — Eu vou tentar.
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  — Tudo bem, já é alguma coisa, assim que eu estiver no hotel te mando mensagem com o número do meu quarto, aí você vai poder ir me ver sem o papai saber.
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  — Tudo bem.
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  — Ótimo, agora me dá um abraço porque vou precisar de forças.
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  As duas irmãs se despediram, sem conter as lágrimas. Desde pequenas uma era tudo que a outra tinha para se apoiar, agora, o destino lhes impunha uma separação temporária, porém dolorosa. Tempo nenhum no mundo seria o suficiente para Angélica deixar sua figura materna partir, porém foi obrigada a soltá-la pelo motorista de Uber apressado. Rosana, ainda entre lágrimas, jogou um último beijo e entrou no carro em direção a sua nova vida, sem o sucesso profissional que tanto almejava, mas com muita liberdade.
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Lelen

Mas que pai! Ninguém merece, senhor Gumercindo. A hora que perder a filha brilhante o senhor vai se arrepender amargamente, espero que entenda isso antes de ela realmente sair da sua vida e decidir ser feliz.
E OLHA AÍ, O SEGUNDO BEIJO VEIO, apesar de ter sido um grande “cala a boca”, a gente finge que não percebeu e tá tudo bem.

Kelsea

kkkkk pois é, Gumercindo merece o prémio de pior pai, tanto para a Rosana quanto para a Angélica. Siiim o segundo beijo veio, tudo bem que o Matteo queria que ela parasse de gritar, mas no fundo ele queria beijar ela de novo também kkkkkk

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