Epílogo
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Solto o ar pesadamente pelo nariz, em desaprovação, enquanto encaro meu reflexo.
Me aproximo mais do grande espelho e inclino meu rosto para frente, examinando com cuidado a marca que permaneceu por todos esses anos no meu pescoço.
– Isso aqui não vai sumir nunca? – Pergunto frustrada para mim mesma.
Não importa o que eu passe ou o que faça, essa maldita e irritante marca de presas não saía da minha pele.
Suspiro, soltando a gola da minha blusa, deixando que ela tampe a marca.
Continuo parada de frente para o espelho, até encarar a mesinha posta ao lado dele. Sobre ela, haviam dois porta-retratos, um com uma foto em que eu estava com Meg, Lilu e Sally, nos tempos em que nos tornamos uma equipe; e a outra, uma foto onde Lilu, Sally, Wendy e eu tiramos um tempo depois, quando minha irmã assumiu o novo lugar de exorcista da minha equipe.
Já se passaram quatro anos desde que Meg e muitos outros humanos morreram tentando salvar a nossa espécie das infernais criaturas. Nem posso acreditar que quatro anos se passaram... e eu sobrevivi.
Eu tinha certeza que morreria durante aquela queda, mas, por carregar o sangue de um Van Helsing, acordei três dias depois, sentindo meu corpo um pouco dolorido, como se tivesse acabado de treinar com Lilu. Mas apenas isso, nenhum osso quebrado ou machucado, nada, eu estava em perfeito estado.
Há quatro anos atrás, na lua de sangue, eu morri e nasci outra vez.
Essa noite parece um sonho louco e turbulento na minha cabeça, mas eu sei que aconteceu e que eu estive lá, porque as perdas foram reais. Minha avó foi uma dessas pessoas, depois de incendiar a mansão Dracul, misteriosamente, ela acabou entre as labaredas de fogo. E sendo sincera comigo mesma, depois de tudo que ela me fez passar, Morgana Van Helsing não é alguém que tenho saudades todos os dias... mas Meg, ela com certeza deveria estar viva.
Suspiro de novo, sabendo que isso já havia virado um hábito.
– Elena, estou entrando! – Escuto Wendy gritar do lado de fora do meu quarto, e quando olho sobre os ombros, a vejo entrando, seguida de Lilu e Sally.
– O que foi? Aconteceu alguma coisa? – Pergunto, me virando para elas que me encaram com feições sérias. – Pelo visto, pra vocês três estarem aqui de uma vez, aconteceu mesmo.
Wendy se aproxima de mim, e me estende um envelope branco que ela segurava.
Sem entender bem o que estava acontecendo, pego o envelope de suas mãos, vendo o endereço do remetente marcar "Transilvânia, Romênia". Isso é o bastante para fazer meu corpo inteiro ficar tenso. Viro o envelope do outro lado, e o dizeres "Para minha doce Elena", fazem meu sangue correr gelado nas veias.
Espantada, olho para as três garotas no meu quarto.
– Todas nós recebemos um também. – Wendy diz, e dá alguns passos para trás, se juntando a Sally e Lilu.
Disfarçadamente, respiro fundo, e abro o envelope que continha uma carta e um anel no fundo dele. Pego o anel com uma delicada pedra vermelha e o encaro por alguns segundos, antes de ler o que estava escrito na carta.
"Venha ao nosso baile de máscaras daqui três dias, às 22h00 horas. Sua presença é muito importante."
Tenho a impressão de que meus joelhos tremem quanto incontáveis besteiras atingem minha mente.
Isso era impossível, não faz sentido o que estou pensando nesse momento.
– Então, o que vamos fazer agora? – Sally pergunta, me fazendo olhá-las de maneira espantada devido ao pequeno susto que tomo quando sou puxada para fora dos meus pensamentos confusos.
Fico em silêncio e volto a encarar a carta e o anel que veio com ela.
– Nós vamos para Transilvânia.

CONTINUA NA PARTE II
Drácus Dementer: Lycanthrope
>Sinopse: ❝Uma figura para o encerramento do tempo, a divina antagonista, vazia da palavra vazia.❞
Lycanthrope.
❝Às vezes, você acorda e seu mundo foi engolido. Às vezes, o mundo muda durante a noite. Às vezes, aqueles que você ama, te traem. Mas uma coisa é garantida, você sempre morre sozinho.❞
Se proliferando como uma praga silenciosa, esperando o momento certo para mostrar suas garras afiadas e seus dentes manchados com o sangue. Maldita seja a lua que o liberta. Nosferatu e Van Helsing, condeno-tes, exilem esse maldito lobo para os confins do inferno.
❝Até o meu último dia... até o meu último suspiro.❞
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