Capítulo 2
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"Eu te amo de um jeito bagunçado, isso torna difícil encontrar as palavras para dizer. Não há melhor hora ou lugar..."
%Jeonghan% estava sentado em uma das mesas do fundo da cafeteria, absorto nos próprios pensamentos, quando a porta se abriu. O som do sino tocou suavemente, e ele levantou os olhos, sem esperar encontrar ninguém em particular.
Mas, ao vê-la, seu coração deu um salto no peito.
%Yeonji% entrou com um sorriso largo no rosto, rindo de algo que sua amiga havia acabado de comentar. A luz suave do fim da tarde iluminava seu rosto de maneira quase etérea, e a visão dela, tão natural e tão cheia de vida, fez algo em %Jeonghan% se mexer de forma desconcertante. Ele mal se deu conta, mas o ambiente ao seu redor parecia desaparecer, como se tudo o que ele conseguisse focar fosse ela.
%Yeonji% e sua amiga se aproximaram do balcão, conversando animadamente enquanto faziam seus pedidos. O barista, um jovem com um sorriso simpático, estava claramente tentando acompanhar o ritmo da conversa, mas os olhos de %Jeonghan% permaneciam fixos nela, como se fosse impossível desviar o olhar.
Ele não sabia por que estava tão nervoso. Não era como se fosse a primeira vez que a visse depois daquele encontro tenso, mas havia algo diferente no ar. Algo que ele não conseguia decifrar.
Ela parecia à vontade, como sempre, mas ele podia ver as pequenas hesitações, os gestos que traíam uma inquietação interna. Talvez ela estivesse, assim como ele, tentando encontrar uma maneira de lidar com o que não foi dito entre eles.
Quando %Yeonji% e a amiga se sentaram em uma mesa perto da janela, %Jeonghan% se viu sem saber o que fazer. Ele queria levantar, ir até lá e conversar com ela, mas o medo de parecer invasivo o segurava no lugar. O que ele diria? O que eles diriam?
Ele se perguntava se ela ainda sentia o mesmo…
E então, como se o universo tivesse decidido por ele, a amiga de %Yeonji% olhou para o lado, percebeu sua presença e deu-lhe um sorriso simpático. %Yeonji% a seguiu com o olhar e, ao vê-lo, congelou por um breve instante. Seus olhos se encontraram, e por um segundo, %Jeonghan% pensou que ela fosse simplesmente desviar o olhar, mas ela não o fez.
Ela sorriu, aquele sorriso que sempre conseguia derreter qualquer parede que ele tentava erguer ao redor de seu coração. Foi o sorriso dela que sempre o fazia sentir que, de alguma forma, as coisas entre eles poderiam se ajeitar, mesmo quando tudo parecia perdido.
A visão dela ali, diante dele, fez seu peito apertar. Ela o estava olhando com uma intensidade que ele não sabia como lidar, e de repente, todas as palavras que ele havia ensaiado em sua mente pareciam insuficientes.
A amiga de %Yeonji% comentou algo e a tirou da momentânea imersão, mas o olhar que ela trocou com ele foi o suficiente para fazer seu coração acelerar. Ela ainda estava ali, ainda estava presente, e isso era tudo o que ele conseguia processar naquele momento.
%Jeonghan% levou a mão ao peito, tentando acalmar a respiração. Sentir sua presença depois de tudo parecia quase surreal. Ele ainda não sabia o que fazer com os sentimentos que estavam aflorando dentro dele. A única coisa que sabia era que, ao vê-la novamente, ele se sentia perdido em algo que não conseguia controlar.
Com um esforço visível, ele se levantou e se aproximou da mesa delas, sentindo uma mistura de ansiedade e esperança.
O que ele diria? Seria tarde demais? Quando chegou mais perto, a amiga de %Yeonji% sorriu e fez um gesto amigável para que ele se sentasse. %Yeonji% o observava, os olhos carregados de algo que %Jeonghan% não sabia identificar, mas que parecia ter a ver com algo inacabado entre eles.
– Posso me juntar a vocês? – perguntou, a voz mais rouca do que ele gostaria, mas suficiente para romper o silêncio.
%Yeonji% olhou para ele, e por um breve momento, o que quer que houvesse entre eles parecia tão perto, tão palpável. Ela assentiu lentamente, um sorriso tímido surgindo em seus lábios. %Jeonghan% sentou-se, sentindo a tensão crescente, mas ao mesmo tempo, uma estranha sensação de alívio, como se finalmente estivesse começando a enfrentar aquilo que sempre teve medo de encarar.
%Jeonghan% puxou a cadeira e se sentou ao lado da amiga de %Yeonji%, sentindo o peso do momento se dissipar ligeiramente com o som das risadas delas. Por um instante, ele apenas observou, absorvendo o clima leve e descontraído que parecia rodeá-las.
– Então, %Jeonghan%, semana passada você sumiu daqui, hein? – comentou a amiga, Eunha, com um sorriso curioso e um olhar astuto, como quem estava testando o terreno.
%Jeonghan% piscou, pego de surpresa, mas logo suavizou a expressão, inclinando-se para trás na cadeira.
– Precisava de um tempo longe das distrações. Às vezes, é bom mudar de cenário. – Respondeu, com um tom casual, embora soubesse que ela queria mais do que aquilo.
– Distrações? Esse café é um refúgio, não uma distração – retrucou Eunha, brincalhona, mas com uma pontada de provocação. – Você e a %Yeonji% praticamente descobriram este lugar juntos, não foi?
%Yeonji%, que até então estava em silêncio, olhou para Eunha, sentindo a tensão aumentar ligeiramente. Ela sabia que a amiga estava tentando arrancar alguma verdade, mas não tinha certeza se queria ouvir a resposta naquele momento.
%Jeonghan% desviou o olhar para %Yeonji%, seus olhos encontrando os dela por um breve instante antes de responder.
– Sim, foi aqui que tudo começou – disse ele, sua voz mais baixa agora, quase como uma confissão. – Mas às vezes, é bom dar um passo para trás e… pensar.
Eunha arqueou uma sobrancelha, mas antes que pudesse responder, %Yeonji% interrompeu, com um tom que era ao mesmo tempo leve e decisivo.
– Está tudo bem, Eunha. Nem todo mundo precisa estar aqui o tempo todo.
Eunha olhou entre os dois, percebendo a troca de olhares que dizia muito mais do que qualquer palavra. Ela deu de ombros e sorriu.
– Certo, certo. Só achei curioso, já que você parecia ser um cliente tão fiel, %Jeonghan%.
– Fiel eu sou… – respondeu ele, com um sorriso de lado. – Apenas precisei de uma pausa.
A conversa se dissipou em tópicos mais leves, mas o subtexto do que não foi dito pairava entre ele e %Yeonji%. Ambos sabiam que havia muito mais a ser discutido, mas aquele momento não era o lugar para isso – pelo menos, não enquanto Eunha estivesse por perto.
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O garçom se aproximou da mesa com as canecas fumegantes de cappuccino e o prato de bolo de cenoura coberto com uma generosa camada de chocolate. Eunha rapidamente agradeceu com um sorriso caloroso e começou a organizar o espaço na mesa para acomodar os pedidos.
%Jeonghan% aproveitou a oportunidade para sinalizar ao garçom.
– Pode trazer mais um espresso para mim, por favor. Sem açúcar, como sempre.
O garçom assentiu, desaparecendo entre as mesas. Enquanto isso, Eunha cortava um pedaço do bolo com entusiasmo, e %Yeonji% pegou sua caneca, soprando levemente o líquido quente antes de tomar um gole.
Por alguns instantes, ninguém falou nada. O som de talheres contra o prato e as conversas distantes das outras mesas preenchiam o ambiente. %Jeonghan% observava %Yeonji% de soslaio enquanto ela saboreava seu cappuccino, os lábios curvados em um pequeno sorriso distraído.
– O bolo está ótimo, você devia provar – %Yeonji% disse Eunha, oferecendo um pedaço com o garfo.
%Yeonji% riu, balançando a cabeça.
– Eu já comi antes. Sei que é bom.
%Jeonghan%, com as mãos apoiadas nos joelhos, pigarreou suavemente, atraindo a atenção das duas.
– Eu não quero atrapalhar vocês… – começou ele, sua voz baixa e carregada de sinceridade. – Se preferirem, posso mudar de mesa e deixar vocês à vontade.
%Yeonji% ergueu os olhos, encontrando os dele. Sua expressão era serena, mas havia algo nos olhos dela que o fez hesitar.
– Não está atrapalhando, %Jeonghan% – respondeu %Yeonji% calmamente, colocando sua caneca de volta no pires. – A menos que você ache que não quer estar aqui.
Ele prendeu a respiração por um momento, refletindo sobre as palavras dela, antes de balançar a cabeça.
– Não, eu quero. Só não quero ser um incômodo.
Eunha, percebendo o clima mais denso entre os dois, tomou um gole longo do próprio cappuccino, decidindo não intervir.
– Então fique! – disse %Yeonji% com firmeza, mas sem hostilidade. – Se você quer estar aqui, %Jeonghan%, então apenas... fique.
O garçom voltou naquele momento, depositando o espresso de %Jeonghan% na mesa, interrompendo a troca de olhares intensa entre ele e %Yeonji%. %Jeonghan% agradeceu brevemente, pegou a xícara e tomou um gole, sentindo o calor do café atravessar sua garganta enquanto tentava ignorar a aceleração em seu peito.
A conversa voltou de forma tímida e espaçada, mas havia algo no ar que nem o cappuccino doce, nem o espresso forte podiam mascarar: o peso das palavras não ditas.
%Jeonghan% levou a xícara de espresso aos lábios mais uma vez, mas, em vez de se concentrar no sabor amargo e familiar, seu olhar vagueou em direção a %Yeonji%. Ela estava inclinada ligeiramente para frente, mexendo distraidamente no cappuccino com a colher, enquanto Eunha falava sobre alguma anedota do trabalho.
Por mais que tentasse, ele não conseguia afastar os olhos dela por muito tempo. Cada pequeno gesto, cada curva de seus lábios quando ela sorria ou franzia a testa em pensamento, parecia magnetizar sua atenção.
Havia algo de incrivelmente reconfortante e, ao mesmo tempo, inquietante em tê-la tão perto novamente. Ele sentia o calor familiar no peito, aquele que sempre surgia quando estava ao lado dela, como se ela tivesse a habilidade de acender algo dentro dele que ele nunca soube nomear.
%Yeonji% percebeu o olhar dele por um breve momento e ergueu os olhos, encontrando os dele. Foi apenas um instante, mas parecia carregar o peso de dias sem se verem. Ela desviou rapidamente, voltando sua atenção para o cappuccino, mas a ponta de suas orelhas ficou levemente avermelhada.
%Jeonghan% soltou um suspiro silencioso e pousou a xícara no pires com cuidado. Ele sabia que não deveria olhar tanto, mas era como se algo dentro dele insistisse em absorver cada detalhe, como se temesse que aquela proximidade fosse passageira demais.
Eunha, ainda falando, parecia alheia ao que acontecia entre eles, mas %Yeonji% claramente não estava. Ela continuava mexendo no cappuccino, sem realmente bebê-lo, como se aquele simples ato fosse uma forma de esconder o leve desconforto que sentia sob o olhar de %Jeonghan%.
Ele decidiu desviar o olhar por um momento, fixando-o no anel de espuma que sobrara na borda de sua xícara de espresso. Mas, inevitavelmente, seus olhos voltaram para ela. Ele sabia que deveria dizer algo, quebrar aquela tensão silenciosa que se instalara entre eles, mas não tinha certeza de como começar.
Quando Eunha fez uma pausa na conversa para cortar mais um pedaço do bolo, %Yeonji% finalmente ergueu o rosto, encarando %Jeonghan% de novo. Desta vez, ela manteve o olhar, os olhos carregando uma mistura de questionamento e algo que ele não conseguiu decifrar.
Ele sentiu o calor subir ao rosto e desviou rapidamente, fingindo ajeitar o relógio em seu pulso. Porém, o efeito dela já estava completo. Ele não precisava de palavras para saber: %Yeonji% ainda tinha o poder de deixá-lo completamente vulnerável.
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