Zelo

Escrito por Ana Braga e Vitória Berçot | Revisado por Pepper

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Capítulo 1

  - Essa roupa ficou boa? - apontava para si mesma com uma expressão confusa. Eu apenas ri e balancei a cabeça afirmativamente.
  Estávamos nos arrumando há trinta minutos para um luau que teria mais tarde. Eu já estava pronta, mas ela não decidia se ia de vestido ou de saia. Estamos de férias há um mês, curtindo numa colônia de férias em Fernando de Noronha. A paisagem mais linda que já vi em toda minha vida. Passamos o ano todo juntando dinheiro pra essa viagem, prometemos que seria uma das melhores férias das nossas vidas. E cá estou eu, esperando minha amiga escolher a roupa.
  - Pronto, achei! - me mostrou orgulhosa o vestido azul claro.
  - Ótimo, agora vamos! - Segurei sua mão e corri para fora do alojamento. O luau seria na praia, que não era tão longe, sete minutos de caminhada.
  A praia estava lotada. Algumas pessoas sentadas na areia em volta da fogueira, outras em pé conversando. O barulho do mar era só um detalhe, já que um violão tomava conta do ambiente. Cinco meninos estavam no meio da roda, tocando e cantando, mas não reparei muito.
  - Onde vamos ficar? - me perguntou enquanto fitava as pessoas.
  - Vamos lá pro meião - Ri comigo mesma - Sentar na roda e acompanhar a cantoria…
  Dito isso, me puxou pela mão e foi passando no meio das pessoas. Achamos um espacinho na tal roda, mas mal conseguíamos sentar.
  - Minha bunda não cabe aqui - apontava para a areia.
  - Também né? Olha o tamanho do popô da criança - Rimos.
  Pedimos para algumas meninas irem para o lado, e mesmo nos encarando, elas fizeram o favor. A música era contagiante, apesar de eu não conhecer. Então só acompanhei o ritmo batendo palmas. Vi que não parava de encarar os cinco garotos e então comecei a observar, eles eram familiares pra mim.
  - , acho que conheço esses meninos - coçava o queixo.
  - Eu também, não são estranhos - Externei meu pensamento.
  - OH MEU DEUS - Ela praticamente berrou - JÁ SEI, JÁ SEI, JÁ SEEEEEEEEI.
  - Ok criatura, agora fala - Eu a sacudia.
  - São os meninos da Cine, dã - Ela bateu na própria testa, como se fosse óbvio.
  - Verdade, agora lembrei - Falei. Imagens de alguns clipes deles me vieram à mente. Como eu não tinha reparado antes? Por isso que eles estavam cercados de vadias, agora tudo está explicado.
  - Depois vamos falar com eles - suspirou.
  - O QUE? - Gritei e ela me olhou com reprovação - Tá louca? - Terminei a frase cochichando.
  - Nunca desperdiçaria essa chance - Ela jogou o cabelo para o lado, fazendo pose. Fiquei pensando em como ela pode ser perigosa quando quer.
  Os meninos tocaram mais algumas músicas próprias e covers. Eu sabia a maioria das músicas, culpa da minha prima que é louca por Cine. Bom, pelo menos os dias que ela me fez ouvir os dois cd’s deles serviram pra alguma coisa. As músicas eram ótimas, eu podia ficar ali, os ouvindoeles tocando por uns bons anos. Mas tudo acaba, certo? Eles terminaram de tocar e avisaram que outra banda continuaria o luau, pra ser sincera eu não queria outra banda. Então, resolvi chamar pra ir tomar algo, ela podia esquecer a ideia maluca de ir conversar com eles. Um pouco afastada da fogueira, ficava uma bancada de madeira improvisada com algumas bebidas. Refrigerante, cerveja, suco, batidas e coisas do gênero. Resolvemos começar a noite com uma dose de caipirinha. Prometi a mim mesma que não iria exagerar, já que sempre que bebo muito, passo mal depois. Estávamos conversando sobre possíveis ataques de tubarões na praia, quando a mudou de assunto.
  - Sem querer estragar sua paixão por tubarões - Ela riu - Você reparou que eles não tiram os olhos de nós?
  - Eles quem? - Perguntei e levei um tapa no braço - Ai! Ah… Os cineboys? - Conclui procurando os cinco garotos com o olhar. Até que os encontrei. Eles estavam há alguns metros de nós. apontava para nós, enquanto ria e tentava se esconder atrás de , que conversava com o .
  - Desculpa, eu vou ter que tomar medidas drásticas - rolou os olhos e acenou timidamente para eles, que acenaram e sorriram para nós.
  - Sua podre, você não presta - Falei sorrindo para eles.
  - Você ainda vai me agradecer por isso - Ela riu maleficamente.
  Ficamos mais algumas horas no luau, até que resolvemos voltar para o alojamento. Fomos caminhando calmamente: eu ia me equilibrando numa mureta, me imaginando numa corda bamba e brincava de não pisar na linha do chão.
  - Estou me sentindo ridícula - Ouvi ela rindo. Continuei caminhando até que senti alguém segurar a minha mão, eu quase cai, mas esse alguém me segurou.
  - , SUA PUTA, NÃO FAÇA MAIS ISSO, QUASE MORRI E… - Quando fui ver não era a , era o - Ah, desculpe, pensei que era minha amiga infame - Ri com essa frase e olhei para os lados procurando ela. A encontrei conversando alegremente com os outros meninos. Não perde tempo…
  - Não tem problema, eu que te devo desculpas, quase te matei, né? - Ele ria enquanto eu me ajeitava.
  - Foi um exagero, confesso - Dei de ombros.
  - Então, como você chama? - Eu estava muito nervosa, para ser sincera.
  - , prazer - Dei um sorriso tímido.
  - Eu me chamo , mas prefiro .
  - Porque você está se apresentando mesmo? - Rimos - Vamos nos juntar ao povo, aposto que a já deve ter dito milhares de besteiras pra eles… - Nos juntamos ao pessoal.
  - Eae molecada, essa é a - se sentindo íntimo.
  - Oi - Eles disseram em coro.
  - E essa é a - abraçou de lado. Lancei um olhar pra ela como quem diz “precisamos conversar, mocinha”.
  - Eu sou o , esse é o , o e o - Sorri para todos.
  - Onde vocês vão agora? - perguntou.
  - Estávamos voltando pro alojamento… - Suspirei.
  - Bom, não queremos atrapalhar duas belas moças, vamos nos retirar cavalheiros - fez uma voz engraçada e nós rimos.
  - Vocês não atrapalham, para com isso - corou e a olhei com reprovação.
  - Vocês têm algum role pra amanhã? - indagou.
  - Na verdade… Não - Confessei.
  - Então agora vocês têm - fez um hi-five com .
  - Que tal amanhã irmos para a piscina? Vai ser divertido - sugeriu.
  - Nós vamos sim e tenho certeza que vai ser divertido - Ri comigo mesma.
  - Então, nos encontramos no quiosque da piscina as 11, pode ser? - perguntou.
  - Ok , então, nos vemos amanhã na piscina yay - fez uma dancinha e os meninos riram.
  - Até amanhã guris - Acenei enquanto acompanhava as cinco silhuetas sumirem no horizonte.
  - Não se atrasem! - Pude ouvir gritar.
   e eu seguimos para o alojamento. Tomamos um banho, colocamos nosso pijama e fizemos uma pipoca. Sentamos no sofá para conversar um pouco.
  - O QUE FOI AQUILO? - falava de boca cheia - Nem precisamos seguir minha ideia genial.
  - E que ideia - Ri sarcasticamente - Não acredito que eles vieram falar com a gente…
  - AGORA MANDA UMA MENSAGEM PRA SUA PRIMA RECALCADA: EU TENHO UM ENCONTRO COM A CINE LALALA - cantarolava.
  - E VOCÊ NÃO, DOIS BEIJOS - Completei rindo.
  Ficamos mais um tempo jogando conversa fora, até que fomos dormir. Não queria aparecer amanhã com uma olheira até o queixo. Sonhei que estava correndo atrás do , mas nunca o alcançava. Acordei com uma luz batendo no meu rosto. Abri os olhos e vi arreganhando a janela.
  - BOM DIA FLOR DO DIA, ACORDAR COM A É UMA ALEGRIA! - Ela saltitava.
  - Mas que merda - Ri - Que horas são?
  - Nove e meia, tempo suficiente pra se trocar, tomar café e ir pra piscina - Ela contava as coisas nos dedos.
  - Ótimo - Ironizei - Eu sonhei com o essa noite - Confessei.
  - SÉRIO? - Ela gritou na minha cara - Vish, não pode nem falar com o guri uma vez que já fica toda iludida - Concluiu. Joguei uma almofada nela. - AGORA LEVANTA ESSE POPÔ DAÍ E VAMOS NOS ARRUMAR - tirou o edredom de mim e eu bati nela mentalmente.
  Me arrastei até a cozinha para comer alguma coisa, estava animada para esse encontro, mas fazer o que se tenho uma preguiça maior que eu? Ri com esse pensamento e abracei , que estava de costas, já de biquíni, bebendo alguma coisa.
  - Tô com preguiça...
  - Ah o bebê ta com preguiça? - Eu ri. - Vem cá mamãe... - Começamos a rir feito hienas loucas e ela me deu um tapa no braço - Vê se vira mulher! - Rimos. - Vai, toma café logo e se troca senão vamos nos atrasar, lerda do jeito que você é…
  Comi algumas torradas e tomei um copo de suco natural que havia feito. Subi ao quarto, separei meu biquíni, meu chinelo, protetor solar e tomei um banho refrescante antes de colocar meu biquíni tomara que caia amarelo. Passei protetor no rosto e no corpo, coloquei meus óculos escuros e fui para a sala, onde esperava “pacientemente” sentada no sofá.
  - Passa nas minhas costas? - Perguntei.
  - Passo bitch! - Ela passou protetor nas minhas costas e fiz o mesmo com ela. Coloquei um shorts jeans e uma camiseta regata soltinha, assim como ela. - Ta pronta a noiva? - Lhe dei um tapinha no braço, ela apenas ria. - Vamos logo, são 10h45 e não gosto de andar correndo, você sabe... - Fomos caminhando lentamente pelo calçadão da praia, conversando, já estávamos chegando no tal quiosque 11. Começamos a falar sobre os meninos.
  - Eu sei muito bem que você tem uma tara pelo ! - Falei e comecei a rir descontroladamente, ela me deu um tapa na bunda e riu.
  - Pior que é verdade, ainda bem que consigo disfarçar isso perto dele né? - Pelo que eu sabia do (Minha prima não parava de falar deles um minuto sequer), e pelo que conheci dele ontem, estava começando a me interessar. Afinal, que mal tem um Amor de Verão? Nenhum.
  - Sinto que ele simpatizou com você! - Rimos - Logo estão ai, aproveitando...
  - o mesmo sobre o né querida? Logo logo vocês também estão se divertindo...
  - Nem me fale, vou confessar que me interessei por ele e...
  - WHAT? - Rimos - Você confessando que está interessada por um garoto? É o fim do mundo!
  - Besta! - Lhe dei um tapinha e finalmente conseguimos avistar o quiosque 11. - Chegamos, aleluia. - Nos aproximamos e vimos cinco silhuetas conversando animadamente. Reparei em e Deus! O que era aquilo? Usava uma bermuda com uma regata branca, lindo. Olhei para , que olhou para mim,como se quisesse dizer: “Segura na mão de Deus e vai...” Rimos e eles perceberam nossa presença. Um sorriso se abriu no rosto de ao ver . sorriu caloroso para mim e os outros meninos acenaram timidamente.
  - Eae meninas! - falou e nos cumprimentou com um beijo na bochecha.
  - Eae menino ! - falou e rimos. Cumprimentamos os outros meninos e pude sentir as mãos de na minha cintura quando nos abraçamos, e ele me deu um beijo digamos que “demorado” na bochecha. Entramos no quiosque e fomos para a piscina. Os meninos pediram bebidas para eles e refrigerantes para nós, já que queríamos começar com calma. Confesso que estava com vergonha de ficar de biquíni ali. Olhei para e percebi que ela sentia o mesmo. já nadava animadamente na piscina.
  - Vem , a água ta uma delícia!
  - C-claro… - Sim, ela ficou envergonhada com aquele corpo todo a sua frente. Então tirou a camiseta e o shorts, percebendo os olhares de sobre ela e se jogou na piscina. , e conversavam no pequeno barzinho, se sentou ao meu lado.
  - Eai, ta curtindo?
  - Tô sim! Acho que vou entrar na piscina daqui a pouco! - Comentei.
  - Também vou! Esse sol ta fritando! - Rimos. - Acho que eles estão se entendendo bem né? - Falou e apontou com a cabeça para e que se abraçavam na piscina, ela sorria enquanto ele falava algo no ouvido dela.
  - Parece mesmo, olha só! - Rimos.
  - e sua lábia... - Rimos. Um silêncio se instalou no ambiente até que ele o quebrou.
  - Quer dar uma volta na praia? Por aqui mesmo, daqui a pouco a gente volta…
  - Quero sim, tô afim de dar uma volta mesmo… - Tirei minha regata e ele fez o mesmo com a dele.
  Caminhamos na praia conversando sobre vários assuntos, ele me contou sobre como eles haviam formado o Cine e sobre vários fatos engraçados da banda. Alguns eu já sabia, por causa de minha prima. Lhe contei sobre algumas experiências engraçadas da minha vida e sobre como havia conhecido . Nos sentamos em uma rocha e ficamos olhando o mar.
  - O mar é tão lindo né? - Falei.
  - É mesmo, ainda mais com esse sol… - Posso fazer uma coisa?
  - Clar... - Nem mesmo terminei de completar a frase quando seus lábios se chocaram com os meus. Logo cedi passagem e nos beijávamos calma e lentamente. Suas mãos passeavam pelos meu cabelos e cintura e as minhas acariciavam seu pescoço. Paramos apenas para tomar ar e logo voltamos, parando novamente alguns segundos depois.
  - Meu Deus que loucura é essa? – disse com a voz afetada me fazendo rir.
  - Que loucura você, não deixa nem eu terminar de falar! - Rimos.
  - Não é culpa minha se sua boca tava me chamando…
  - Ah claro! - Rimos. - Vamos voltar? Tô a fim de pegar uma piscina.
  - Vamos! - Um silêncio se instalou enquanto caminhávamos de volta. - Mas então, gostou do beijo? - Perguntou, que abusado! Ri com esse pensamento.
  - Gostei! - Pude vê-lo sorrir ao meu lado. - Mas e você, gostou?
  - Claro que gostei gata! - Rimos. Logo chegamos e encontramos e se beijando na piscina. Caminhamos até o bar onde os outros três garotos conversavam.
  - Ficaram nesse love o tempo todo! - comentou.
  - Ai , ai ! - imitou, virando de costas e abraçando a si mesmo, não me aguentei e explodi em gargalhadas.
  - Você imitou igualzinho, meu Deus! - Rimos mais ainda.
  - Esses dois ai ó, tempo perdido - comentou e rimos. - Mas e ai, quer beber algo pequena ?
  - Sim, quero uma caipirinha, mas não muito forte...
  - Uh! Ela vai beber! - comentou e fazendo uma dancinha esquisita enquanto pedia a bebida.
  - Besta! - Lhe dei um tapa e rimos. - Vamos na piscina enquanto a caipirinha não chega?
  - Opa, vamos... - Ele respondeu.
  - Querem ir meninos? - Perguntei.
  - Não vão vocês, daqui a pouco vamos, estamos bem bebendo entre amigos! - fez uma joinha e rimos. Tirei meu shorts e podia perceber os olhares de em mim. Ele me pegou no colo.
  - NÃO! , NÃO! - Ele apenas ria.
  - Tarde de mais princesa! - Falou e se jogou comigo na piscina, como resistir?
  Logo , , e eu brincávamos de briga de galo. e sempre ganhavam e faziam uma dancinha bizarra para comemorar. , e entraram na piscina com uma bola e começamos a jogar vôlei.
  - Cansei de jogar - sentou na borda da piscina alguns minutos depois.
  - Também - Concordei ofegante e me juntei a ela.
  - Amadoras - brincou.
  - Mas e aí rapaziada, prontos para hoje à noite? - se apoiou na borda.
  - Mais do que prontos! - afirmou.
  - Prontos pra quê? - estava com um ponto de interrogação no rosto.
  - Vamos tocar na festa daqui da colônia, vocês não ficaram sabendo? - pareceu surpreso e balançamos a cabeça negativamente - Bom, agora já sabem e estão intimadas a ir!
  - Ui, falou o mandão né? - Ri.
  - Mas vocês vão mesmo - falou em tom ameaçador.
  - Ok garotos, nós vamos - se deu por vencida.
  - Ótimo, passamos para buscar vocês às 20h em ponto - deu a entender que não gostava de atrasos.
  - Combinado, mas agora vamos bater um rango porque to com fome - passava as mãos na barriga.
  Saímos da piscina. Eu estava pingando, óbvio, mas tinha esquecido minha toalha. Já passavam das 16h e meus dentes batiam de frio. Parecia que os meninos não se importaram, pois continuavam apenas de calção, rindo como se ainda estivessem os quarenta graus.
  - Não sei se é psicológico, mas estou com frio - Cochichei para .
  - Eu também estou um pouco arrepiada - Ela me mostrou seu braço.
  Pegamos nossas coisas e caminhamos em direção ao restaurante mais próximo. tinha dado sua camiseta a e eles andavam na nossa frente de mãos dadas. me abraçou de lado e percebeu que eu tava tremendo.
  - Acho que alguém aqui está com frio - Ela me encarou e eu ri sem graça - Sei como resolver isso - Ele pegou uma toalha que estava na mão do e colocou sobre meus ombros - Tá melhor assim?
  - Muito - Ri - Obrigada! Santo !
  - Alguém tem que pensar nas coisas nessa banda! - Ele me abraçou de lado e ficamos assim até chegarmos ao restaurante.
  O lugar não estava muito lotado, mas parece que as fãs deles sabiam sobre a estadia na colônia. Foi só chegarmos ao restaurante que algumas meninas vieram pedir fotos e autógrafos. Muitas encaravam eu e . Depois que o tumulto dispersou, fizemos o pedido. Não demorou muito que chegasse e eu me surpreendi com a quantidade de comida que o comeu. Aliás, todos eles comeram bastante. Saímos do restaurante e eles nos acompanharam até o alojamento. deu um selinho em , um beijo na bochecha dos meninos e entrou. Eu me despedi dos meninos primeiro e eles foram saindo. e eu ficamos sozinhos.
  - É aqui que a gente se despede - Coloquei as mãos em volta do seu pescoço.
  - Sim, mas a boa notícia é que em breve nos veremos novamente - Ele deu um beijo longo na minha bochecha.
  - Até mais tarde - Fui me afastando dele, mas ele me puxou pela cintura e nos beijamos. Foi bem intenso e confesso que não queria mais sair dali, poderia ficar assim pra sempre. Ele se afastou, ainda com a mão em meu rosto.
  - Até mais tarde princesa - Me deu um selinho demorado e saiu. Entrei no alojamento, e me encostei na porta. Passei os dedos sobre os lábios, ainda podia sentir a boca dele roçar a minha.
  - PARECE QUE ALGUÉM TA APAIXONADA - gritou, acabando com meu momento.
  - Cala boca, quenga - Ri comigo mesma - Além do mais, você e o também estão sem freio.
  - SEM FREIO? - Ela gargalhava - Ok, mas agora vamos nos arrumar, porque temos party mais tarde.
  Tomamos banho e secamos o cabelo uma da outra. Fiquei um bom tempo para escolher a roupa, acabei ficando com um vestido preto e um salto. Um pouco antes do horário fizemos a maquiagem. usava uma saia preta, uma camisa branca e um salto. Nos encaramos no espelho.
  - Será que estamos apresentáveis? - Perguntei. Ouvimos batidas na porta.
  - Não sei, sei que temos que ir - me puxou pelo braço e abriu a porta.

Capítulo 2

  Ele estava lá parado na minha frente. Pude ver cumprimentando todos. Eu devia estar parecendo uma ridícula, porque não parava de olhar pra ele. Calça jeans, camiseta estampada e um boné. Mas isso era só detalhe, ele estava incrível e absurdamente lindo.
  - ? - Ouvi dizer enquanto eu ainda o admirava.
  - MORREU CRIATURA? - me chacoalhou e só aí saí do meu transe.
  - Oi galera - Finalmente disse. Cumprimentei todos os meninos e quando cheguei em lhe dei um beijo demorado. pigarreou.
  - Você está linda - Ele sussurrou em meu ouvido e eu corei imediatamente.
  - Façam isso na intimidade, por favor - rolou os olhos.
  - Partiu role galera, senão vamos chegar atrasados - nos apressou.
  Fomos caminhando calmamente até o lugar da festa. Dessa vez e eu fomos na frente, podia ouvir rindo de uma piada tosca que fez. O lugar estava lotado. Luzes piscavam e pela janela podia ver o povo dançando. Fomos bem discretos, o que eu menos queria eram fãs loucas atrás de nós. e foram pegar algumas bebidas, e foram dançar, disse que não queria segurar vela e saiu.
  - Me concede o prazer dessa dança? - fez uma reverência e beijou minha mão.
  - Claro Sir - Respondi e ri.
  Fomos até o meio da galera. Tocava Feel So Close. A princípio estávamos meio tímidos, mas logo nossos corpos estavam colados. Nós dançávamos numa harmonia perfeita. Ele se aproximou de tal forma que nossos rostos estavam a milímetros de distância, até que nos beijamos. Eu segurava em sua nuca e ele me puxava para mais perto, mesmo sendo quase impossível.
  - Vamos tomar alguma coisa? - Sugeri.
  - Claro - Ele me puxou pela mão e seguimos até o bar. Pegamos dois drinks e fomos para a mesa que estávamos com a galera. Todos estavam lá.
  - Nossa aleluia, pensei que iam ficar de pegando pra sempre - fez uma careta e todos riram.
  - Logo mais vamos tocar, precisamos estar concentrados - fingiu meditar.
  - Já deve estar travado de bêbado e taí falando e concentração - rolou os olhos e começou a rir descontroladamente.
  - Taí outra bêbada, vocês não deram bebida pra ela né? - Olhei diretamente para que balançou a cabeça negativamente - Que ótimo, porque senão ela fica impossível…
  - EU ESTOU SÓBRIA TÁ? É que achei engraçado mesmo - deu de ombros.
  Um homem de roupa preta chegou, cochichou algo no ouvido de e saiu. Eu e nos olhamos confusas.
  - É AGORA MOLECADA - Ele finalmente anunciou.
  - Vamos ter que nos separar um pouco, mas já voltamos! - me deu selinho.
  - Só me promete uma coisa? - perguntou e assentiu - Você vai assistir ao show, né?
  - NÃO, TO INDO EMBORA, FALOU GALERA - Ela pegou a bolsa, mas logo começou a rir - Claro que vou seu bobo, vou estar bem na frente - Ela concluiu e eles de beijaram.
  - Depois é o e a que se pegam desesperadamente - brincou e levou um tapa de .
  Eles se despediram e entraram numa portinha ao lado do palco. Como tinha prometido ao , fomos caminhando até a frente. Estava completamente lotado. As fãs gritavam sem parar, era incrível. Não me surpreenderia se visse minha prima alucinada no meio delas. Não conseguimos ficar na grade, mas chegamos o mais perto possível. O show começou e estava muito animado. As fãs gritavam muito e eu e cantávamos algumas músicas. Eu nunca tinha parado para ouvir as músicas direito, mas estava curtindo bastante. Durante algumas músicas, pegava olhando para mim e e se encarando descaradamente. Após alguns minutos o show acabou e os meninos foram para uma espécie de camarim.
  - Vamos esperá-los na mesa? - perguntou e eu assenti. Voltamos para a mesa e nos sentamos.
  - Meu Deus, ainda bem que sentamos, esses saltos estavam matando meus pés... - Falei e ela concordou.
  - Nem me fale... E que show foi esse? - Ele falou e começamos a rir.
  - Adorei o show, vamos em mais né? - Perguntei.
  - Claro que vamos filha, eu não prometo largar do tão cedo, desculpa! - Ela jogou o cabelo e começamos a rir.
  - E nem eu do , mas será que eles vão querer algo sério mesmo ou é só um caso de verão?
  - Não sei, no começo eu pensava só em ser um caso de verão... To começando a me apegar e isso não é nada bom.
  - Nem me fale, só espero que as coisas continuem bem. - Continuamos ali conversando e rindo, até que vimos os meninos conversando com umas fãs, tirando fotos, dando autógrafos e tudo mais. Vi que uma garotinha chorava ao se aproximar de , ele a abraçou forte e falou: “Não chore linda...” Aquilo foi tão fofo! Ri vendo a cena. Eu e ficamos observando eles tirarem fotos, conversarem e tudo mais. Depois de terem atendido todas as fãs voltaram para a mesa.
  - E ai minas! - sentou entre eu e , colocando o braço direito sobre o meu ombro e o braço esquerdo sobre o ombro de . - Curtiram o show?
  - Claro! Curtimos bastante - Falei. - Foi ótimo - Ficamos mais um tempinho falando sobre o show.
  - Mas e ai, vocês já querem ir embora? - perguntou.
  - Por mim ta suave, e por você ?
  - Por mim ta suave também, vocês levando a gente no alojamento depois... - Rimos.
  - Nós levamos, de boas! - comentou.
  - Mas então, vamos dançar? - falou me puxando e sorrindo.
  - Claro! - Sorri de volta e fomos dançar. Bebemos mais um pouco e continuamos dançando, as mãos de passeavam pela minha cintura e costas. Nos olhamos por um segundo e logo estávamos nos beijando ferozmente. Minhas mãos puxavam seus cabelos e passeavam pelo seu pescoço, o deixando arrepiado. Paramos o beijo quando ouvimos alguém gritando.
  - Cadê aquela cadela? - A voz denunciava que aquela pessoa estava completamente bêbada. - Cadê aquela garota? Cadê! - Espera, eu conheço essa voz. Um arrepio subiu pelas minhas costas quando vi a silhueta se aproximar.
  - Achei você. - Ele falou olhando para mim e sorrindo malicioso. - Vêm, vamos embora dessa merda! - Ia me puxar pela mão, mas eu me esquivei. Algumas pessoas já paravam para olhar, estava completamente confuso ao meu lado, e os meninos já vinham em nossa direção. - Quem é esse otário com você? Então é com ele que você ta me traindo? - O quê? Ele estava louco!
  - Cala a boca! - Disparei - Quem você pensa que é pra falar desse jeito? - As pessoas já se aproximavam, apenas segurava meu braço, confuso. A mão esquerda fechada em um punho indicava como ele estava bravo, MUITO bravo. - Some da minha vida.
  - Quem é ele? - sussurrou no meu ouvido.
  - É o meu ex. Não sabia que ele ainda estava vivo, não aceita o término do namoro e fica me perseguindo, ele havia parado, achei que isso ia parar! - Falei controlando as lágrimas.
  - Vêm, vamos embora! - Ele falava completamente bêbado. - Tô morrendo de saudades… - Sorriu malicioso. Como eu consegui amar aquele ser um dia? Pois é, não sei.
  - Não vou embora com você, não sou mais sua namorada e você não tem nada a ver com a minha vida. Vamos embora ? - Perguntei e ele assentiu, me dando a mão e saindo comigo.
  - NÃO! Você não vai embora com ele, você é MINHA! - Ele gritou e puxou meu braço, o apertando com força, quase caí. Ele me empurrou e eu caí nos braços de , que me segurou. Ouvi apenas um baque e o imbecil caído no chão. havia lhe dado um soco, muito bem dado por sinal.
  - NUNCA MAIS toque nela desse jeito entendeu? NUNCA MAIS! Ela merece respeito! - Ele estava vermelho, explodindo de raiva. Percebi algumas fãs em volta do cerco todo, chocadas. - Ta tudo bem com você? - Ele se aproximou de mim e passou o dedo em minha bochecha, limpando uma lágrima que insistia em rolar. - Vêm, vamos embora…
  Eu só conseguia pensar naquilo e chorar. me abraçava de lado. Fomos o caminho todo em silêncio. Chegamos no alojamento e eu me despedi dos meninos, assim como .
  - Podemos conversar um pouquinho? - Perguntei pra que assentiu. Nos sentamos num banquinho ali perto. - Olha, me desculpa por hoje... Eu, eu não o que aconteceu com ele! Ele havia parado de me perseguir e nem sabia que estava aqui. Não queria causar todo esse sofrimento e me desculpa por te fazer passar vergonha naquela boate, me desculpe mesmo.
  - Ei! Não fica assim, ta tudo bem… Não é culpa sua ele ser um mal amado! - Soltei um risinho fraco. - Mas enfim, eu tô bem e fiz aquilo pra te proteger, então estou com a consciência limpa. Além do mais aquele palhaço merecia mesmo levar um soco, onde já se viu tratar uma mulher daquele jeito? Mesmo bêbado! - Ficamos mais um tempo sentados no banquinho, até que nos despedimos com um beijo demorado. - Fica bem viu! Nos vemos amanhã né? - Fiz sinal de que sim com a cabeça e ele foi embora com os meninos.
  Entrei no alojamento e encontrei tirando a maquiagem no banheiro. Lembrei que precisava fazer isso com urgência, já que estava parecendo um panda.
  - Você tá melhor? - Ela perguntou me dando um algodão com removedor.
  - Na medida do possível, não ligo pro idiota do Rafael, mas fiquei envergonhada por causa do vexame… O não tinha que se envolver, você viu como as fãs ficaram olhando? - Confessei.
  - Claro que elas ficaram olhando feio, até eu olharia! Mas sobre o , ele se envolveu porque quis, ninguém o obrigou a fazer nada… Ele provou que está gostando de você, ele te defendeu e foi lindo da parte dele! - rebateu.
  - Espero que ele não me odeie por isso e espero que isso não afete nada ao nosso redor - Suspirei.
  - Isso eu não sei, mas o tempo dirá - riu fraco - Agora vamos descansar, amanhã quero ir à praia.
  Terminei de tirar a minha maquiagem, coloquei um pijama e dormi. Sonhei que Rafael me perseguia num campo escuro, eu corria, mas nunca era o suficiente, até que ele me alcançou. Acordei assustada e vi que já tinha levantado. Lavei meu rosto e me encarei no espelho. Só esperava que aquele doido me deixasse em paz para que eu pudesse terminar de aproveitar minhas férias.
  - Põe seu biquíni aí, vamos tomar café no quiosque ok? - se encarava no espelho. Apenas assenti.
  Escolhi um biquíni tomara-que-caia estampado, coloquei um shorts jeans e peguei uma bolsa com o básico: protetor solar, celular e afins. usava um biquíni vermelho e uma saia curta. Fomos conversando enquanto caminhávamos até o quiosque. Pedimos uma salada de fruta, torradas e suco de pêssego.
  - Natural porque não posso engordar muito - brincou.
  - Sim, não podemos descuidar do corpitcho - Fiz pose e ela riu.
  - Descuidar do corpitcho - Ouvi uma voz masculina repetir: .
  - Como se já não fosse perfeita - ria.
  - Oi meninas! - nos cumprimentou.
  - Oi - e eu dissemos juntas.
  - Que bom que estão comendo, porque eu estou com fome! - passava as mãos na barriga.
  Ficamos conversando um pouco, enquanto comíamos. Não deu pra conversar direito com sobre o ocorrido, mas ele pareceu não se importar, até me deu um beijo de ‘bom dia’. Os meninos me animaram bastante, por alguns instantes consegui esquecer o que tinha acontecido.
  - Eu quero nadar - fez bico.
  - Não pode, você acabou de comer - a beijou e fingiu vomitar.
  - Vamos para a areia então? Quero tomar sol, aí daqui meia hora entramos na água - Sugeri e todos concordaram.
  Pegamos nossas coisas e caminhamos até a praia. Escolhemos um bom lugar e eu e jogamos as cangas. Os meninos pegaram cadeiras e guarda-sóis em um quiosque. passava protetor nas costas de .
  - Passa nas minhas também? - pediu. Como eu podia negar?
  - Claro! - Peguei o protetor na minha bolsa e comecei a passar. Não simplesmente passar, fiz uma massagem também.
  - MAS QUE PUTA, NÃO BASTA O ESCÂNDALO DE ONTEM, AINDA FICA SE ESFREGANDO NELE - Ouvi uma voz feminina dizer.
  - É assim amiga, vadia é assim - A outra concordou. Elas estavam paradas olhando diretamente para onde nós estávamos.
  - COLEGA, PORQUE VOCÊ NÃO PROCURA O QUE FAZER? - levantou - Eu não me responsabilizarei pelos meus atos!
  - Calma - segurou a mão dela e logo as duas desocupadas de foram.
  - Eu sabia que isso ia acontecer - Sussurrei.
  - Não fica assim - me abraçou - Algumas pessoas são assim, mas a maioria das fãs estão conosco, não importa o que aconteça.
  - Estão com vocês e não comigo!
  - Mas agora você está comigo, então… - Ele sorriu e eu o abracei mais forte.
  - Vamos nadar? Deu meia hora já - anunciou.
  - Bem criança esse , contando os minutos pra ir na aguinha - riu e o olhou com reprovação.
  Até que a água não estava tão gelada. Os meninos entraram de uma vez, já e eu ficamos naquela de molhar os pés primeiro, depois o corpo e depois mergulhar. Senti algo no meu pé e antes que pudesse gritar, emergiu da água. Deixei um sorriso escapar e ele percebeu. Ele me agarrou e eu não fiz nada para evitar. Logo estávamos nos beijando intensamente. Quase engoli um pouco de água, mas não me importava. Eu estava ali com ele, isso que era importante. Sorrimos um para o outro quando o beijo terminou.
  - Eu quero você, porque ninguém é como você - Ele sussurrou em meu ouvido.
  - Que coincidência, porque eu também te quero! - Ri e nos beijamos. Senti uma pancada em minha cabeça e resmunguei. Ouvi as risadas dos outros. Eles tinham jogado uma bola em mim. - , EU TE PEGO GAROTA!
  - GAROTA SE EU TE PEGO, TE ENVERGO - e começaram a cantar.
   saiu correndo da água e eu fui atrás dela. Ela tropeçou num buraco e caiu na areia. Sentei ao seu lado e comecei a fazer cócegas. Ela ria descontroladamente.
  - NÃO VALE CÓCEGAS, VOCÊ SABE QUE É MEU PONTO FRACO - Ela estava ofegante.
  - Por isso né tchonga - Dei um tapa na testa dela.
  - Vamos jogar futebol à tarde? - sugeriu. Os meninos já tinham saído da água. estava abraçado com e ao meu lado.
  - Vamos! E as meninas são as bandeirinhas e juízas - deu dois tapinhas em meu ombro.
  - Ok, mas antes tenho que tomar um banho pra tirar esse sal de mim - falou e eu concordei.
  - Então faz assim: cada um vai pro seu alojamento e em uma hora vamos buscar vocês - nos encarou - Sem atrasos!
  - Sem atrasos? Você me dá uma hora pra eu me arrumar e não quer atrasos? - Ri comigo mesma - Uma hora e meia, e não se fala mais nisso!
   e eu seguimos para o nosso alojamento. Escolhemos uma roupa confortável: shots, camiseta e Vans. Quando ia tomar banho, ligou o notebook e me chamou.
  - Que tal ouvirmos algumas músicas dos cineboys? - Ela começou - Vamos começar pelo primeiro CD, que é o Flashback!
  - Mas eles quase não tocam mais essas músicas - Fiz uma careta.
  - E daí? Estamos num relacionamento quase sério com dois deles, colega! Temos que saber tudo! - Nós rimos.
  Aceitei, porque sabia que querendo ou não, escutaria as tais músicas. Começou a tocar uma música que a minha prima ouvia muito: Garota Radical. Eu até sabia a letra. Tomei um banho rápido e em seguida a . Me troquei e esperei ela se trocar.
  - Tava vendo as letras aqui e essa é bem você - Ela colocou na faixa três: Dance e Não Se Canse.
  - O que que tem, poia? - Dei de ombros.
  - Escuta, idiota - Ela acompanhava as batidas com estalos - Agora: PARA DE PENSAR SE O PASSADO TE ENGANOU, O FUTURO ME ENCONTROU - Ela fingia que a escova de cabelo era o microfone. - Imagina o cantando isso pra você, que fofo!
  - A música tem a ver mesmo - Concordei - Mas gosto mais dessa: ATÉ ENTÃO, NÃO TINHA NADA AQUI - Comecei a cantar Vem Aqui.
  Quando vi, cantávamos loucamente todas as músicas do álbum. Combinamos de ouvir o Boombox Arcade no dia seguinte. “COM A GRANA DO PAPAI, COM O CARRINHO DO PAPAI, CHEIO DE TCHUTCHUTCHURU”, estávamos no auge de Flashback, quando a campainha tocou. e eu nos encaramos. Abrimos a porta e começou:
  - SE AJEITE NO BANCO DE TRÁS, DO MEU LADO NUNCA MAIS! - a eu estávamos vermelhas.
  - Ér… Oi? - Ela falou e rimos.
  - Elas estavam ouvindo nosso primeiro CD, que fofas - apertou nossas bochechas.
  - Tá, chega - Afastei ele - Vamos ou não, afinal?
  - Claro - entrelaçou nossas mãos e seguimos para o campo.
  Chegamos lá e eles começaram a jogar. Até que não eram tão ruins. Eles revezavam os times. e eu mais torcíamos do que apitávamos. Outros meninos chegaram, aí ficou um time do cineboys e outro dos estranhos (ninguém se apresentou). Depois de algumas horas, eles pareceram cansados.
  - Valeu molecada! - se despediu dos outros garotos e eles vieram em nossa direção.
  - QUEM TA COM FOMEEE? - cantarolou e ergueu os braços na hora.
  - Minha barriga está gritando aqui - Nós rimos.
  Resolvemos pegar a comida pra viagem e comer no alojamento dos meninos, não me pergunte o por quê.
  , e foram discutindo o caminho inteiro o que poderíamos comer. , , e eu fomos conversando sobre onde morávamos. Eles eram de São Paulo, e eu de Curitiba. Um pouco longe.
  - Por favor, queremos frango a parmegiana, com batata frita! - pediu.
  - E salada, por favor! - deu um cutucão nele.
  - Quantos pratos? - A moça perguntou.
  - Sete! - não hesitou em falar, mas depois pensou um pouco - Não, oito! - A moça nos olhou assustada.
  Estávamos esperando os pedidos (oito marmitex não é nada fácil), quando três garotas entraram nos encarando.
  - Se elas falarem alguma coisa, eu quebro as três - cerrou os punhos e nós rimos - Que foi? Tô falando sério! - Rimos mais ainda.
  - Relaxa, elas não vão falar nad… - foi interrompido:
  - Olha só, a ariranha não largou a presa - Uma debochou.
  - Ela quebrou o coração do Rafael, e agora vai usar o , coitado - A outra concordou.
  - PEDIDO 48 - Um homem gritou da cozinha. Os meninos foram buscar os pedidos.
  - Moça, você tem suco de uva aí? - perguntou tirando a carteira da bolsa. A mulher assentiu. - Me vê um, por favor! - Ela pagou e pegou o suco - Cansei dessa palhaçada, espera aí! - Ela vai aprontar!
   começou a tomar o suco e andava na direção das meninas. Ficou na espreita por alguns instantes. Foi tudo bem rápido: ela fingiu tropeçar, sussurrou um “ops!” e o suco derramou na blusa de uma das garotas. Eu não aguentava mais de tanto rir.
  - SUA LOUCA!
  - Ai queridinha, mil perdões - pegou um guardanapo com a intenção de limpar a camiseta da infeliz - Foi sem querer, não tive a intenção! - A menina a olhava com raiva - Desculpa!
  Saímos do restaurante e esperamos os meninos do lado de fora. Fomos para o alojamento e o caminho todo ficávamos zoando as meninas. Eu podia estar rindo, mas sabia que aquilo tudo só ia piorar. me disse que as fãs verdadeiras nos apoiariam, mas sempre tem as invejosas. Será que tudo isso valeria a pena? Valeria a pena me sacrificar por algo que podia não dar certo? Porque tem que ser tão complicado? Essas perguntas não me abandonavam. Entramos no alojamento dos meninos e até que estava bem organizado para um quarto que vivem cinco homens.
  - Eu imaginava esse alojamento com cuecas e meias espalhadas - Externei meu pensamento.
  - E com a clássica caixa de pizza com um pedaço dentro, eca - fez cara de nojo.
  - VAMOS COMER - anunciou e em algum tempo cada um estava com um prato na mão se servindo. Só aí entendi o porquê de oito pedidos. Eles eram como pedreiros.
  - Como cabe tanta comida aí dentro? - Dei batidinhas na barriga de e os meninos riram.
  - Precisamos manter a forma - falou de boca cheia.
  - Estou vendo - o olhou com reprovação.
  Terminamos de comer e os guris ficaram numa preguiça só. Também, depois de tudo que comeram, era compreensível. Eles decidiram jogar vídeo-game. , e sentaram no chão para jogar. deitou com a cabeça no colo de em um sofá. e eu sentamos no outro. Depois de alguns minutos, e dormiram; e parecia que os três não largariam o jogo tão cedo. Sempre quando pontuava, fazia uma dança estranha e nós ríamos.
  - Tá um tédio aqui, vamos lá fora? - sugeriu.
  - Claro! - Não hesitei e concordei. Todos estavam tão concentrados que não perceberam quando nós saímos.
  - Ficar muito tempo parado não é pra mim - Ele se espreguiçou e começamos a andar sem rumo.
  - Nós almoçamos tarde né? - Notei o quase pôr do sol - São 16h, credo - Rimos.
  - O bom das férias é não ter horário pra seguir, no dia-a-dia já tem muita neura - Ele colocou o braço em volta dos meus ombros e eu abracei sua cintura de lado.
  - Vamos ver o pôr do sol? Por favor, por favor - Puxei-o pela mão e sentamos numa pedra. O céu estava dividido em camadas levemente coloridas de vermelho, laranja e azul. O sol estava no meio de tudo, encantando meus olhos - Que coisa linda!
  - Só não mais lindo que você - tirou minha atenção do sol e fez com que eu olhasse diretamente pra ele. Ele me olhava profundamente, eu sorria sem graça. acariciou minha bochecha e eu fechei os olhos, como se ansiasse por aquele toque. Fui me aproximando dele, até que selei nossos lábios. Estávamos em perfeita harmonia. Parecia que éramos feitos um para o outro. Aí me lembrei da festa e das fãs. Flashes do Rafael fazendo escândalo e das meninas me xingando não saíam da minha cabeça. Parei o beijo.
  - Fiz alguma coisa de errado? - parecia surpreso.
  - Não, claro que não - Tranquilizei-o - Você é maravilhoso - Ri fraco - Só estava pensando no que aconteceu… - Fitei o chão.
  - Não pense! Tudo vai se resolver; confie em mim! - Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha - E eu vou estar aqui com você!
  - Obrigada por tudo - O abracei o mais forte possível.
  O sol tinha se posto, resolvemos voltar para encontrar o pessoal.
  - Eae galero! - se jogou no sofá e eu me sentei ao seu lado.
  - Cansamos de jogar vídeo-game! - falou, deitado no chão.
  - O que vamos fazer agora galerinha? - perguntou.
  - Não sei, que tal ficarmos aqui apenas conversando?
  - Pode ser, querem falar sobre o que? - indagou.
  - Vocês são de Curitiba não são? Contem para nós! - fez pose e rimos. Ficamos um bom tempo conversando sobre costumes variados, cidades, pessoas, músicas e comidas típicas.
  - Nossa! Ta tarde, vamos ? - Perguntei e me levantei do sofá.
  - Vamos sim! - Ela se levantando também.
  - Poxa, mas já? - me puxou de volta para o sofá e começou a distribuir beijos pelo meu rosto.
  - Desse jeito eu não vou embora... - Falei e rimos.
  - Vamos ! - falou me puxando - Deixa esse chato! - Rimos. Ficamos mais um tempo ali tentando nos despedir até que saímos do alojamento.
  - Tchau amor! - falou em meu ouvido, me fazendo arrepiar.
  - Tchau mozão! - Rimos e nos despedimos com um beijo calmo.
  - Querem que a gente leve vocês? - perguntou.
  - Não precisa não né? - olhou para mim e eu assenti. - É rapidinho!
  - Nos avisem quando chegarem! - gritou do portão e nós acenamos da rua.
  - Esses meninos hein? Que isso! - comentou.
  - Nem me fale , nem me fale… - Rimos. Caminhamos mais um pouco até que chegamos no alojamento. Entramos e eu me joguei no sofá.
  - Vou tomar um banho… - falou pegando a toalha.
  - E eu vou ligar o note! - Falei em meio as almofadas.
  - Viciada! - Me deu um tapa na bunda e subiu rápido antes que eu revidasse. Peguei o note no armário e senti no sofá. Enquanto carregava fiquei pensando em como seria quando voltássemos para Curitiba e eles para São Paulo. Por isso que tenho que encarar isso como um caso de verão. A internet carregou e eu dei uma olhada no Facebook e no Twitter. Aproveitei para mandar uma mensagem para minha mãe falando que estava tudo bem e tudo mais. Já no twitter, algumas pessoas me xingavam e postavam fotos do incidente na boate. Nem abri nada, para não me magoar mais. Continuei a ler as replys que me mandavam, até que uma me chamou a atenção:
  “Olha isso! Saiu até na Capricho”
  O que? Na Capricho? Não acreditando muito cliquei no link. E era verdade. O título da notícia era o seguinte:
  “BAPHÔ! Membro da Banda Cine se envolve em escândalo em boate!”
  Na noite passada, se envolveu num escândalo em uma boate em Fernando de Noronha. estava com uma garota misteriosa, que descobrimos ser .
  - Os dois dançavam quando um homem chegou furioso, gritando e xingando a garota... - Relatou uma fonte anônima que presenciou o ocorrido.
  O homem se identificou para nós como Rafael Pontes e disse ser o namorado da garota.
  - Ela é minha namorada! Namoramos há anos e ela me trai com qualquer um que passar na frente. era sua próxima vítima. Se lhe perguntarem algo, ela vai dizer que somos ex-namorados, vai desmentir tudo!
  - Ele tentava tirar a garota da boate quando deu um soco em Rafael e ele caiu no chão. Após isso, e foram embora e ninguém soube mais de nada... - Revelou outra fonte anônima.
  O que será que realmente aconteceu com o nosso gatinho? Aguardamos novas informações e assim que soubermos de algo comunicamos a vocês. Lembramos que os relatos podem ser distorcidos.”

  - PLAYBOY FILHO DA PUTA! - Gritei e joguei uma almofada na parede, tentando me acalmar, não sabia se gritava, chorava, xingava ou apenas me excluía do mundo por algum tempo.
  - Que foi? Ta tudo bem? - saiu do banheiro com um vestido e uma toalha enrolada no cabelo.
  - NÃO, NÃO TA NADA BEM! OLHA ISSO - Falei exaltada apontando para o note.
  - Fica calma! Deixa eu ver, calma! - Ela pegou o note e se sentou ao meu lado no chão. Sua boca se abriu em um pequeno ‘o’ e após uns 2 minutos ela terminou de ler. - Não acredito que ele foi capaz de fazer uma merda dessas! , ele passou dos limites, isso é sério! A gente tem que fazer alguma coisa! - Eu não conseguia mais pensar - Olha, e ainda tem fotos, filhos da puta! - Havia fotos de eu e abraçados, do momento em que Rafael surgiu, do soco, do meu desespero, de tudo.
  - Ele acabou com a minha vida ! - Falei chorando e ela me abraçou. Eu não aguentava mais! Não aguentava mais ele me perseguindo, me ameaçando.
  - Calma, vai ficar tudo bem... Vamos achar um jeito de sair dessa! - Ela falou.
  - Mas e o ? - Falei limpando as lágrimas. - Eu vou acabar destruindo a carreira dele! - Comentei começando a chorar novamente.
  - Não vai não! Quem é fã de verdade vai continuar com ele e com a banda! - Ela me abraçou mais forte enquanto eu tentava me acalmar.

Capítulo 3

  Não consegui dormir bem naquela noite, acordei umas quatro vezes tendo pesadelos ou algo do tipo. me deu um calmante e só assim eu dormi. Acordei às 11h e meus olhos estavam inchados. estava fazendo o café da manhã e já estava de biquíni. Eu pensei na possibilidade de ir à praia com os garotos, mas com que cara eu ia olhar pro ? Melhor ficar em casa mesmo!
  - Bom dia coisa linda! - estava sorridente - Se troca que daqui quarenta minutos os meninos passam aqui!
  - Eu não vou com vocês - Dei de ombros.
  - AH VOCÊ VAI SIM! - Ela praticamente jogou a frigideira na pia - Para de ficar com cara de derrotada, é isso que esses cretinos querem, agora ergue esse nariz, põe uma biquíni que te deixe bem gostosa e vamos sim!
  - E como eu vou olhar pra ele? Vou chegar e falar: “Nossa , você viu que nós saímos na Capricho? Eles pegaram seu melhor ângulo dando um soco na cara do Rafael”
  - Para de ser idiota, chama ele e conversa ué! Pergunta se ele gosta mesmo de você, se ele disser que sim, que mal tem nisso tudo?
  - E se ele disser que não? - Estava insegura.
  - Aí você me chama que eu bato naquele idiota - Nós rimos.
  Tentei me animar e achei um biquíni legal. Tomei café da manhã e logo a campainha tocou. me lançou um olhar com quem diz “fique calma”. Ela abriu a porta e cumprimentou os meninos. Eu tentei não tremer e não parecer nervosa. Dei um selinho em e acenei para os meninos.
  - Partiu praia molecada? - abriu a porta.
  Fomos caminhando mais rápido que o normal. Eu não conseguia ficar perto do sozinha, e conversar com qualquer um deles era incômodo; então fiquei com e . Eu prometi a mim mesma que conversaria com na praia, mas antes disso era quase impossível. Chegamos na praia, estendemos duas cangas no chão e os meninos pegaram cadeiras no quiosque. Eu não tive coragem de ir falar com ele, a princípio, ficou um silêncio constrangedor.
  - VAMOS NADAR GALERINHA? - praticamente berrou e assustou todo mundo - Me perdoem - Ela riu.
  - Vamos sim! - tirou a camisa e eu me contive para não desmaiar ali mesmo.
  - Não mocinho, você fica! Vai deixar a sozinha aí? - Ela me encarou - Nada disso!
  - Eu não tô com vontade de me molhar - suspirou.
  - AH VOCÊ TÁ SIM, A ÁGUA DEVE ESTAR UMA DELÍCIA, E VOCÊ VEM PEDRO - quase arrastou os quatro meninos pra lá, tava na cara que ela queria que eu e ficássemos sozinhos.
  Mesmo assim, eu continuava desconfortável, até que ele fez o favor de falar:
  - Ta quente hoje, né? - O clássico papo de elevador. Quando eu vi que ele tinha falado, tomei coragem.
  - Preciso te falar uma coisa - Me sentei na frente dele, para que pudesse olhar em seus olhos - Eu estou me sentindo péssima.
  - Você está me evitando - Ele me interrompeu, seco.
  - Me desculpe, não era a intenção - Segurei suas mãos - Mas olha, tudo está sendo bem difícil desde aquela confusão! Meninas me xingam na rua, me mandam frases ofensivas nas minhas redes sociais, não é fácil… Sabe, o problema nem é as pessoas me julgarem e sim isso atrapalhar sua carreira...
  - Ei! Eu sei que é difícil e isso não vai atrapalhar minha carreira... Como eu disse, as verdadeiras fãs continuarão conosco e tenho certeza que elas gostarão muito de você quando te conhecerem, e além do mais tudo está dando certo para nós!
  - Vocês têm muito talento! Tenho certeza que tudo irá dar certo, só fiquei com medo de atrapalhar isso de algum modo...
  - Você não atrapalha, só me motiva a crescer ainda mais. - Esse ainda me mata.
  - Não sei como vou ficar quando voltarmos para Curitiba e vocês para São Paulo!
  - Nem eu... Mas esquece isso agora! Vamos aproveitar o momento, aproveitar que estamos juntos agora, o resto a gente pensa depois! - Soltei um risinho assustado quando ele me pegou no colo e saiu correndo comigo até o mar.
  - ! Socorro! - Gritei e ele começou a rir. Logo estávamos no mar jogando água um no outro.
  Ficamos alguns minutos curtindo o mar com a galera. e estavam num love só e não parava de fazer palhaçadas. Em uma piada (que foi muito tosca por sinal), eu ri tanto que me engasguei com a água. Comecei a tossir desesperadamente e quando vi meus pés não alcançavam mais o chão. Entrei em desespero e me debati. Gritei, mas minha voz parecia estar presa na garganta. Senti algo agarrar meu braço e tudo ficou escuro.

  Uma brisa soprou contra meu rosto. Abri os olhos lentamente, mas o sol forte impediu que o processo se agilizasse. Ouvia murmurar coisas, ela parecia estar chorando. Logo os borrões tomaram forma. Vi na minha frente, com uma feição preocupada. , e estavam logo atrás dele, me encarando também.
  - Minha cabeça… Dói - Foi o que consegui dizer. veio correndo em minha direção e me abraçou tão forte que pensei que fosse sufocar.
  - NUNCA MAIS FAÇA ISSO COMIGO OK? SE ACONTECESSE ALGUMA COISA COM VOCÊ, AI JESUS - Ela não me largava.
  - Vai matar a menina, deixa ela respirar - advertiu e se separou de mim.
  - Você está bem? Tá sentindo algo de diferente? - perguntava enquanto tateava meu corpo em busca de algo incomum.
  - Estou bem - Me sentei na areia - O que houve?
  - Você se afogou - relatou - Quando percebemos você já estava se debatendo feito louca, só deu tempo do nadar para te salvar.
  - Você me salvou? - Perguntei a que só assentiu - Eu tenho tanta sorte! Preciso agradecer todos os dias porque a vida me trouxe você - O abracei.
  - Acho que vou vomitar - revirou os olhos e nós rimos.
  - Que tal levarmos a pra casa e dar algo pra ela comer? Ela precisa descansar - sugeriu e todos concordaram.
  Insisti muito e só assim deixou que eu fosse andando. Chegamos ao nosso alojamento e o espaço era relativamente pequeno. fez uma canja, e mesmo eu alegando que estava um calor do Senegal, ela fez com que prometesse que faria com que eu tomasse tudo.
  - vai me fazer tomar? Você não vai ficar aqui? - Perguntei confusa.
  - Não, eu e os meninos vamos ver o campeonato de skate que vai ter… É melhor assim, se todos nós ficarmos aqui, você vai morrer sem oxigênio… - explicou.
  - Verdade, não entra nem mais um fio de cabelo aqui dentro - riu.
  - Além do mais, você está em ótima companhia - Ela sorriu para - Se acontecer algo com ela, eu te quebro - fez uma voz ameaçadora e nós rimos.
  - Pode confiar, Capitão - rebateu.
  Ela e os meninos saíram e eu fiquei sozinha com . Ele me encarou e me mostrou a tigela com a canja. Revirei os olhos e peguei a colher da mão dele. Ele não deixou que eu tomasse sozinha e deu toda canja na minha boca. Não consegui tomar tudo, porque tinha feito muito.
  - Tô cheia - Passei as costas da mão na boca. Rimos.
  - Ok, por enquanto está ótimo - Ele falou convencido e deixou a tigela na pia.
  - Quero fazer alguma coisa - Murmurei.
  - Vamos assistir um filme? - sugeriu.
  - Vamos! E como eu tenho preferências hoje, eu escolho - Ri e ele ergueu uma sobrancelha - Harry Potter, por favor!
  - Qual dos filmes?
  - Qualquer um, como sou boazinha, deixo você escolher isso - Falei irônica.
  - Vamos ver o Cálice de Fogo porque gosto da ação - Ele riu.
  - Todos os filmes têm ação seu bobo, mas tudo bem.
  Eu, particularmente, amo Harry Potter e o Cálice de Fogo, porque além do Rupert e do Daniel lindos, podemos contar com a participação o Robert. Quando eles foram para o desafio do labirinto, eu já sabia o que aconteceria. Aliás, todos sabem.
  - O Cedrico vai morrer, que triste - Reclamei.
  - Vai mesmo, mas porque triste? - me olhou confuso.
  - Porque o Cedrico é um lindo, dã - Respondi como se fosse óbvio.
  - AH É? ENTÃO CHAMA O CEDRICO PRA CUIDAR DE VOCÊ - Ele riu e fingiu ir embora.
  - FICA, POR FAVOR - Corri até a porta e o impedi de sair - E não tenha mais crise de ciúme…
  - Eu sou um cara ciumento, acostume-se com os fatos - Ele fingiu estar bravo.
  - Não precisa ter ciúme, você sabe que eu… - Parei a frase involuntariamente. Dizer ‘eu te amo’ tão cedo assim podia ser precipitado. Além do mais, não sei o que vai acontecer depois que o verão acabar. Eu voltarei para Curitiba e ele para São Paulo. Muitos quilômetros nos separando. Eu não podia amá-lo. A intenção era ser um caso de verão e acabar sem sentimentos que me prendessem a ele. Eu não sabia se o amava, mas tinha certeza que era algo diferente. Eu sentia todas aquelas coisas clichês de apaixonados e isso me assustava.
  - Você o que? - perguntou.
  - Você sabe que eu gosto de você - Desconversei.
  - Você também é especial para mim - Ele confessou.
  Olhei no fundo dos seus olhos. Esqueci de tudo, das férias, da , dos meninos, da banda e me esqueci que o verão acabaria. Parecia que o que importava era nós dois. Ele acabou com a distância que havia entre nós e me beijou. Respondi ao beijo e logo estávamos deitados no sofá nos beijando como se não houvesse amanhã. Ouvi o barulho da maçaneta e a risada desengonçada da , mas não deu tempo de fazer nada. Em segundos, e os meninos entraram no alojamento e nos encararam. pigarreou. e eu nos olhamos assustados. Eu estava deitada no sofá e ele em cima de mim; pelo menos estávamos de roupa.
  - É ISSO QUE VOCÊS FAZEM NA INDISPOSIÇÃO DA ? - perguntou e todos começaram a gargalhar.
  - Ér, estávamos vendo Harry Potter - Apontei para a televisão, o filme tinha acabado e passavam os créditos.
  - Estou vendo, o filme acabou e vocês nem perceberam - deu de ombros - AGORA VAMOS COMER PORQUE ESTOU COM FOME!
  - Eu também - a abraçou por atrás a rolou os olhos.
  Os dias se passaram rápidos. Nós não seguíamos uma rotina. Íamos jogar futebol, surfar, tomar banho de sol e de mar, comer no quiosque ou no restaurante, brincar de guerra de água na quadra de tênis e coisas do gênero. Uma vez foi inventar de andar de skate e quase quebrou a perna, ele ficou se contorcendo de dor o dia todo. A promessa que e eu fizemos para nós mesmas no começo das férias estava sendo devidamente cumprida. “Que essas férias sejam uma das melhores das nossas vidas”. E isso tudo graças aos meninos. Claro que os problemas não desapareceram, mas sempre me apoiava em tudo, ele sempre estava ao meu lado, independente de tudo. As férias acabariam em uma semana e o clima ficava cada vez mais triste e pegajoso. Pegajoso porque nós queríamos aproveitar cada minuto. Decidimos ir jantar num restaurante japonês para variar um pouco. reclamou um pouco, alegou que não gostava de comer peixe cru, mas acabou sendo convencida.
  - Não sei o que pedir - encarava o cardápio indeciso.
  - Eu vou querer Sushi mesmo - Comentei.
  - Eu também - concordou.
  - Eu vou querer Sunomono - falou e o olhou confuso - É um pepino com vinagre e polvo, - Ele riu.
  O garçom chegou e fez os pedidos.
  - Vamos querer dois sushis, um Sunomono, um Rolinho Primavera, um Sashimi e… O que vocês vão querer? - Ele encarou e .
  - E dois Torás, por favor - pediu.
  - Bebida e sobremesa?
  - Cinco Blues Sakes e dois Tropicais - disse - E a sobremesa?
  - Algo com sorvete, por favor - bufou e o garçom riu fraco. Ele anotou os pedidos e saiu.
  - Podem traduzir o que o pediu? - Ri sem graça.
  - Bom; o sushi e o Sunomono vocês já sabem - fez uma pausa - O Rolinho Primavera é recheado com carne, repolho e queijo. Sashimi vocês também sabem!
  - E a gororoba que você pediu pra gente? - olhou para .
  - Torá é um rolinho de frango com molhos orientais, você vai gostar - Ele a abraçou.
  - E as bebidas? - Perguntei.
  - Blue Sake para os homens porque tem álcool - riu - E Tropical para as mulheres porque é feito de suco natural.
  - Que machistas - Resmunguei. Ficamos conversando até que o pedido chegasse. Conversávamos e ríamos bastante. fazia caras e bocas experimentando alguns dos pratos. Ríamos das reações dela.
  - Ah parem de rir de mim, gosto de carne, sustância! Não desse peixe cru. - Parecia indignada. estava ao seu lado e fazia comentários desnecessários, fazendo com que ela se irritasse e desse tapinhas nele. - Para !
  - Não, não paro. - Rimos, inclusive ela. Quando quase terminávamos a comida,um grupo com mais ou menos cinco garotas se aproximou.
  - Olá meninos, lembram da gente? - A loira enrolava um dos cachos do cabelo com os dedos. Percebi que os meninos adquiriram uma expressão tensa, eu e trocamos uma expressão de dúvida. Elas se prontificaram a dar beijinhos nas bochechas deles e os abraçarem como se o fim do mundo estivesse próximo. - Que saudades ! - Ela se aproximou dando pequenos pulinhos e o abraçou forte. se sentia incomodado, não retribuía o abraço. - Não ta com saudades de mim? - Ela “sussurrou” provocante em sua orelha. Eu deveria estar vermelha, pois os meninos olhavam para mim como se temessem o pior. - Ah, esqueci que você tá com esse peixe fora d’água agora... - Falou olhando para mim como se eu fosse um monte de lixo. fechava as mãos em punhos e sussurrou em seu ouvido algo como “Se acalme, eles que tem que resolver isso...”
  - Se você não percebeu, ele prefere o peixe fora d’água aqui do que você, loira de farmácia! - Falei abraçando de lado, que me olhou encorajador, porém assustado.
  - Não se dirija a mim garota!
  - Eu falo com quem eu quiser, do jeito que eu quiser, quando eu quiser! Se você não quer ouvir umas verdades, tampe os ouvidos querida. - Ela queria provocar.
  - Lembra ? No verão passado, quando eu era o seu caso de verão? - ficou branco. - Você dizia que quando eu voltasse pra Porto Alegre e você pra São Paulo nada mudaria... Que continuaríamos juntos, que você nutriu um sentimento especial sobre mim... Não se lembra? Ah, pois é, você deve falar a mesma coisa pra ela. Olha a carinha dela, coitada. Quer acreditar que é um caso de verão, mas no fundo está completamente apaixonada por você. Quer dizer “eu te amo” mas acha que é precipitado, quer dividir uma cama com você…
  Uma lágrima escorreu pela minha bochecha e não aguentei. Dei um tapa na cara daquela vadia, puxei alguns fios de cabelo e sai correndo feito louca pela porta do restaurante. , vamos conversar, não acredite nela” “, espera! Espera!” Chorava desesperadamente, não conseguia distinguir as vozes. Isso realmente mexeu com os meus sentimentos. Quer dizer que enquanto eu penso em dizer “eu te amo” ele pensa que eu sou apenas mais uma? Sei que ele não tem a obrigação de me amar, mas isso doeu muito. Parei no calçadão e me sentei em alguns dos bancos, tentando me acalmar. Respirar estava difícil. A vontade de socar alguém era maior a cada momento. Apoiei os cotovelos nos joelhos e tampei meu rosto, chorando. Senti braços me envolverem e depois percebi que era , também muito ofegante.
  - Calma, calma...
  - Ele brincou comigo, brincou com os meus sentimentos, enquanto eu sofria ataques das fãs ele só pensava em outras coisas, não se importava comigo. - Falei rápido demais, o que me causou dor no peito e falta de ar.
  - Se acalme, depois conversamos direito... Vem! Vamos pro alojamento - Ela me abraçou de lado e fui o caminho todo revendo esse verão.
  Cheguei no alojamento, tomei um banho e fui dormir. Ou tentar dormir. Eu não queria acreditar, mas aqui era verdade. Ainda faltava uma semana para acabar o verão e depois do que tinha ouvido não estava com a menor vontade de continuar nessa colônia de férias. Decidida a ir embora no dia seguinte, levantei bruscamente e comecei a arrumar minhas malas.
  - Mas o que você pensa que está fazendo? - estava com a mão na cintura, batendo o pé, impaciente.
  - Vamos embora amanhã, ou pelo menos eu vou! - Falei rápido. Não queria estragar o romance dela com o , só porque o meu foi um desastre. Se ela quisesse ficar, eu não me importaria.
  - Eu vou com você, acha mesmo que iria deixar você ir sozinha? - Ela riu, mas podia ver que não queria fazer isso - Adoro saídas dramáticas - Nós rimos.
  - Eu não vou ficar triturando meu coração por causa daquele canalha - Enquanto desabafava, ia colocando as roupas na mala - Não vou chorar por ele, nem me importar… Afinal, os curitibanos são bem mais bonitos - Dei de ombros.
  - Ok, vou fingir que acredito na sua ceninha - me encarou - Agora vamos comprar as passagens pela internet!

Capítulo 4

  Passei o resto da noite tentando comprar duas passagens de volta para Curitiba. Falei para ir se despedir do e explicar pra ele o que houve. Só espero que ele entenda. A minha sorte foi que havia três assentos e dois deles eu comprei. O voo estava marcado para as 14h. Comi alguns biscoitos e tomei um copo de leite gelado. Tentei dormir, mas não conseguia. Pensamentos ruins me infernizavam e eu tentava expulsá-los. Ouvi o barulho da porta e a voz da e do .
  - Como nós vamos fazer agora? - Ele perguntou.
  - Não sei, mas não quero te perder!
  - Nem eu, amanhã venho me despedir de verdade, ok? Tenta descansar - Ouvi passos e o barulho da porta novamente - ? - Ela falou depois de uma longa pausa - Eu te amo!   - Eu também te amo - Ela não hesitou em responder - Agora vai, antes que pensem que eu te sequestrei - Eles riram e a porta se fechou.
  Eles já estavam nesse ponto? Ri comigo mesma. entrou no quarto e eu fingi estar dormindo. “Espero que você melhore”, ela murmurou e saiu. Logo voltaria, pois nossas camas estão no mesmo quarto, mas precisava de um tempinho. Estava me sentindo estranha, como se um vazio ocupasse meu peito. Eu sabia que ele podia preencher, mas não queria ser só mais uma. Varri esses pensamentos da minha mente, mesmo porque, amanhã tudo acabaria: eu voltaria para casa e ele ficaria mais uns dias aqui, provavelmente aproveitando minha ausência. Estava pensando em maneiras de evitá-lo amanhã, quando caí no sono.

  - Vai guria, levanta! - Ouvi a voz da e senti meu corpo sacudindo. Não contente com isso, ela abriu a janela e tirou meu edredom. - Levanta preguiça, temos que ir pro aeroporto, tá lembrada?
  Levantei murmurando alguns xingamentos. Na realidade, eu não queria ir embora, mas não tinha escolha. Ou tinha? Fui para cozinha, fiz um café da manhã reforçado e troquei de roupa. Não sabia que clima encontraria na minha querida região Sul, então vesti uma calça jeans e uma camiseta básica, além do que, não estava no clima de ficar escolhendo roupa. Minha mala já estava arrumada, então e eu só demos uma geral no alojamento para ver se não esquecemos nada.
  - Tudo ok? Podemos ir? - me encarou.
  - Sim - Disse com indiferença.
  Carregamos as malas para fora e trancamos a porta. Teríamos que devolver a chave na gerência da colônia e fomos andando até lá.
  - Você não vai se despedir do ? - Perguntei curiosa.
  - Vou, mas vamos nos despedir enquanto você devolve a chave, para não ocorrer problemas - explicou.
  - Ah ta… Mas quero me despedir dos outros meninos - Bufei.
  - Ai você complica viu! Mas, darei um jeito! - Rimos.
  Claro que eu me despediria dos outros meninos. Eles fizeram parte do meu verão e foram verdadeiros comigo - assim espero. Eles não me usaram ao algo do tipo. Chegamos ao prédio da gerência, se assim podia ser chamado. Era só um sobrado que transformaram em escritório. ficou me esperando do lado de fora, enquanto fui devolver a chave. Foi um processo rápido, tive que assinar uns papéis afirmando que o alojamento estava nas condições que eu havia encontrado. Assinei tudo direitnho, respirei fundo e saí de lá. Quando cheguei do lado de fora, somente , , e estavam lá.
  - Pensou que não iríamos nos despedir? - me deu um abraço apertado.
  Abracei os quatro e logo comecei a chorar. fez uma piadinha e começamos a rir, como sempre.
  - Ok meninos, vou ter que ir! Sei que a tirou o traste daqui pra eu me despedir de vocês - Ri sem graça - Obrigada por esse verão, foi o melhor de todos! Nunca me esqueçam ok? Eu amo vocês - Demos um abraço em grupo.
  - Não vamos te esquecer - me tranquilizou.
  - E vamos nos ver em breve - limpou uma lágrima.
  - Em breve? - Repeti.
  - Sim, mas agora você precisa ir - me lembrou - A vai te esperar do lado de fora da colônia. E NÃO vamos te esquecer, viu?
  - Se cuida pirralha - berrou enquanto eu saia da colônia.
  Depois de alguns minutos, apareceu toda destrambelhada com as malas. gritou por ela na portaria da colônia e ela mandou um beijo e berrou um ‘eu te amo’.
  - Vamos embora logo antes que eu me arrependa - Ela estava com lágrimas nos olhos.
  O táxi que chamamos chegou e entramos. “Pro aeroporto” foi o que dissemos. Chegamos no aeroporto e fizemos todo o procedimentos necessários para o embarque, entramos no avião e nos sentamos em nossas poltronas. O avião decolou e ficamos em silêncio por um tempo. Só conseguia pensar em e em como ele devia dizer tudo disse para mim pra varias garotas diferentes, a cada ano. Cretino! Fiz uma careta ao pensar nisso e percebeu.
  - Que foi? - Riu.
  - Ah nada... Tava pensando em como deve ser fácil falar a mesma coisa pra várias garotas, iludi-las! - Ela murchou os ombros e pegou na minha mão.
  - , desencana... Olha, já passou! Eu sei que é difícil esquecer e tal. - Ia abrir a boca pra falar, mas ela não permitiu - Eu sei que você vai falar que tô falando isso porque to com o e tal, mas nada a ver. Sei que você se sente chateada e tudo mais, mas bola pra frente né, não adiantar ficar a vida toda pensando nisso! - Ela tinha razão, eu sabia que tinha.
  - Vou tentar! - Falei e ela sorriu - Mas você como minha melhor amiga vai ter que aguentar um pouco mais, não estou totalmente recuperada… - Falei e ela riu.
  - Fazer o que né? - Rimos - Vou ouvir música, quer ouvir comigo?
  - Não, vou tirar um cochilo.
  - Novidade né querida? - Rimos. Fechei os olhos e em alguns minutos caí no sono. Acordei com me sacudindo. - Acorda, estamos quase chegando! Te acordei antes pra gente colocar uma blusa de frio porque aqui sabe como é né? - Esfreguei meus olhos tentando abri-los com um certo esforço. - Hello! Terra chamando ! - Cantarolou me dando um tapa na testa.
  - Para sua tapada, to acordando!
  - Ai ficou nervosinha, é? - Não aguentei e soltei um risinho. Coloquei a blusa de frio e voltei a me sentar. Alguns minutos depois aterrissamos na tão conhecida Curitiba.
  Já no saguão, pegamos nossas malas e pedimos um táxi, que demorou consideravelmente, pois todos que estavam em nosso voo tiveram a mesma ideia. Após cerca de uma hora e meia conseguimos um táxi. Nossa família não sabia que já havíamos voltado, o que seria uma grande surpresa… Falamos dessa viagem praticamente o ano todo. O que eu falaria para minha mãe? “Voltei porque quebraram o meu coração novamente e não sou forte o bastante para encará-lo nos olhos.” Não, essa não é uma boa opção. Ta certo que eu não deixei nem que se “explicasse”, mas não foi culpa minha. desceu primeiro, me entregando um pouco de dinheiro para ajudar a pagar a corrida... Prometeu me ligar mais tarde para conversarmos mais, já que dormi praticamente a viagem inteira. Toquei a campainha e minha mãe, com os cabelos bagunçados e uma roupa qualquer abriu a porta. Seu rosto se iluminou e um sorriso se formou em seus lábios quando me viu. Não pude deixar de sorrir. Nos abraçamos fortemente.
  - Filha! Que saudades! Como foi a viagem? Porque voltou mais cedo? Aconteceu alguma coisa? - Ri.
  - Calma mãe, vou te contar tudo! Deixa apenas eu entrar em casa e tomar um bom banho! - Ela riu, dando espaço para que eu entrasse junto com as malas. Provavelmente meu pai não havia chegado do trabalho ainda. Já no meu quarto, larguei as malas em qualquer canto e peguei um shorts e uma camiseta qualquer e entrei no banheiro. Relaxada após tomar um banho, desci e encontrei minha mãe na cozinha, fazendo o jantar.
  - Anda, me conta tudo que aconteceu, te conheço muito bem e sei que você está triste com algo...
  Eu definitivamente não consigo esconder nada da minha mãe. Contei tudo, tudo mesmo. Contei sobre as paisagens lindas, sobre o alojamento, sobre a praia e sobre . Falei que ele era o vocalista da banda que Carla, minha prima, não parava de falar nenhum minuto sequer. Que nos conhecemos num luau e logo estávamos íntimos. Relatei que ficamos algumas vezes e que ele me fez promessas de nos encontrarmos depois daquelas férias.Também contei sobre o último ocorrido e sobre como ele devia falar tudo aquilo para várias mulheres.
  - Mas você não deixou nem com que ele se explicasse?
  - Explicar para que mãe? Eu estava muito nervosa, não tinha condições de ter uma conversa civilizada com ele, além do mais, se ele quiser que me procure, fiquei realmente chateada… - Me controlei, mas as lágrimas insistiram em cair. Minha mãe me abraçou e me reconfortou, me dando alguns conselhos.
  - Agora já passou... Mas se for pra ser será! O melhor a fazer agora é seguir a vida, conhecer pessoas novas, fazer novos amigos… Você voltou mais cedo por isso então? Ah filha, você tinha que ter aproveitado mais!
  - Voltei mãe, mas aproveitamos bastante! Até que to bem queimada! - Ela riu - Lá é tudo muito lindo, quem sabe não vamos de novo ano que vem! - Ficamos mais um tempo conversando até que meu pai chegou, matamos a saudade e também lhe contei sobre tudo... Ou quase tudo... Claro que não falei sobre , me sentia desconfortável conversando esse tipo de coisa com ele e combinei com a minha mãe desse assunto ser um segredo nosso e de . Mais tarde subi para o meu quarto e fiquei conversando por horas com no telefone, como de costume. Nos despedimos e acabei dormindo logo em seguida.

  O mês passou rápido, muito rápido. Passou voando, na verdade… Começaria minha faculdade esse ano, mas ainda bem que era depois do Carnaval, aliás, faltava pouco mais de uma semana. sempre arrumava um jeito de passar aqui em casa ou vice-versa. Nós realmente não nos desgrudávamos. Ela ainda mantinha contato com o e eles estavam namorando sério. Depois do acontecido, sempre me mandava mensagens de desculpas ou tentava ligar no meu celular. Acho que recebi umas duzentas mensagens, sem nenhum exagero. Mas de uma semana pra cá ele parou de mandar, acho que finalmente achou outra garota pra enganar. e eu faríamos faculdade no mesmo lugar, só que eu faria Jornalismo e ela Direito. Não sei o que leva uma pessoa a fazer Direito, mas era o sonho dela. Era uma sexta-feira e estávamos conversando sobre nossa futura faculdade que começaria depois do carnaval, quando o celular da tocou.
  - Amor? - Era o , com certeza - Tudo ótimo e aí?… Os meninos estão bem?… Também estou com saudades, muitas saudades - Namorar o tinha um preço caro, sempre que podiam, os dois se encontravam, mas já não faziam isso há duas semanas - O QUE? ISSO É SÉRIO?… CLARO QUE EU VOU, VAI SER AMANHÃ?… Ótimo, eu vou sim ta bom? Beijo, te amo!
  - Desembucha filha de Deus - Ri.
  - VAI TER SHOW DA CINE AMANHÃ E DEPOIS DE AMANHÃ AQUI EM CURITIBA, MEU DEUS - berrava.
  - E você vai? - Perguntei já sabendo a resposta.
  - Claro que vou e você vai comigo! - Ela rebateu.
  - Eu o que? O vai estar lá e com certeza não quero encontrá-lo - Bufei.
  - Para de ser assim! Um mês foi tempo suficiente pra você pensar e é a chance dele explicar o acontecido, ele te mandou mensagens esse tempo todo!
  - Mas dessa semana pra cá ele não mandou mais - Fiz uma careta.
  - Também né, com a bota que ele levou sem nem ao menos saber o porquê - riu fraco - Dê uma chance pra ele! Ele zelou por você o verão inteiro!
  - Ok, eu vou! Mas não vou falar com ele, vou pelos meninos - Mostrei a língua.
  - Você realmente é difícil viu? - Nós rimos.
  Passamos o restante do dia procurando roupas ‘decentes’ para ir ao show. Eu não sabia se estava pronta para vê-lo novamente. Disse que estava indo pelos garotos, mas a verdade era que não me aguentava de saudades dele. Escolhi um vestido soltinho azul turquesa e um salto preto. O dia passou a fio, eu fazia coisas para passar o tempo, mas não passava. Finalmente chegou: sábado. Eu ainda estava magoada com . Passei o dia todo com e quando a tarde caiu, começamos a nos arrumar. Ela fez uma maquiagem leve em nós duas, marcando bem os olhos. Fomos de ônibus mesmo, pois o lugar era perto. O show estava marcado para as 21h e chegamos bem mais cedo.
  - Vamos vê-los agora? - Perguntei praticamente gritando para .
  - Não, só depois do show! Isso tá cheio né? - Ela riu.
  Assistimos ao show da Volk antes deles, os caras realmente agitaram e nos empolgamos ao som de All Nite e Hoje Não Tem Perdão. Ria sem parar quando cantava “desce, relaxa, mexe que encaixa”. Depois foi a vez dos nossos meninos subirem ao palco. Meu coração bateu descompassado quando vi , ele continuava o mesmo. sorriu ao ver e ela colocou as mãos no coração e suspirou, apaixonada. não tinha me visto ainda, pois a casa estava lotada. Quando eles cantaram As Cores todas as fãs ergueram os celulares e isso fez uma linda iluminação no lugar. Eu quase chorei, mas quando ia fazer isso me lembrei dos quilos de lápis de olho que a passou em mim, se eu chorasse ia parecer um panda. Ri fraco com esse pensamento. O show acabou e sem pestanejar, me puxou para o camarim. Tivemos que esperar mais um tempo, porque as fãs estavam lá. Enquanto esperávamos, conversamos com os meninos da Volk, que já tinham terminado o camarim.
  - Então vocês são as famosas e ? - Rafinha falou e rimos - Pegaram os meninos de jeito mesmo hein? - me olhou e coramos.
  Ficamos conversando sobre o nosso lindo verão, só ocultamos os motivos de termos voltado. Depois de uns minutos, ouvi uma voz preguiçosa:
  - FINALMENTE ACABOU - bocejou - Esse show foi pegada molecada, valeu mesmo!
  - Amanhã tem mais - riu.
  - BRUNO - gritou e correu para abraçá-lo - Nunca mais faça isso comigo - Ela intercalava cada palavra com um selinho.
  - O que eu faço com essa mulher? - Ele perguntou e nós rimos.
  - ! - falou e veio me abraçar - Que saudade!
  - Saudade também! Senti falta de vocês - Fiz bico.
  - Nossa, tá linda hein? - fez eu dar uma ‘voltinha’. Ri sem graça.
  - Continua a mesma chata de sempre - brincou e eu dei um soquinho no braço dele.
  - Oi - colocou as mãos no bolso, acanhado - Você tá bem? - Eu não conseguia responder. Eu estava bem? Minha mente não conseguia montar a frase, estava preocupada demais em admirar ele ali, perto de mim. Então não respondi e por impulso o abracei o mais forte que pude. No início ele não correspondeu, acho que estava surpreso. Mas logo me abraçou forte também. Eu afundei meu rosto em seu peito, me contendo para não chorar - Acho que isso é um sim? - Rimos - Acho que a gente precisa conversar… - Simplesmente assenti, sem dizer nada.
   me levou para uma sala e de canto de olho vi fazer um hi-five com os meninos. Ri comigo mesma. Sentei num sofá e ele pegou uma cadeira e sentou na minha frente, olhando diretamente em meus olhos.
  - Senti sua falta - Ele sussurrou.
  - Eu também - Confessei, meu orgulho criou um muro enorme, mas com um simples toque, fez esse muro esfarelar, e eu estava totalmente desprotegida.
  - Você foi embora e eu nem pude me explicar… - começou - Portanto, queria fazer isso agora.
  - Estou te ouvindo - Foi o que consegui dizer.
  - Bom, aquela menina foi sim ‘meu amor no verão’, mas não só isso! Nós namorávamos há um tempo e passamos as férias juntos num hotel em Natal - Ele fitava o chão, parece que se lembrava de tudo perfeitamente - Foi um verão feliz até um certo tempo, e ela esta certa quando afirmou que eu disse que iríamos ficar juntos… - Queria interromper, mas ele não deixou - Então, fomos numa balada perto do hotel e depois desse dia ela ficou estranha comigo, me evitando sempre! Depois de uma semana, descobri que ela tinha me traído com outro cara.
  - ELA O QUE? - Explodi de raiva. Eu tinha voltado achando que seria mais uma como a ‘pobre’ garota, mas ela que era a vadia da história. O que? - Ela te traiu com outro cara, que vadia - Externei meus pensamentos.
  - Era isso que eu queria te explicar, mas você me deixou - Depois dessa frase, a culpa tomou conta de mim. Eu deveria ter deixado que ele se explicasse, deveria ter dado uma chance a ele. Nós estaríamos felizes hoje.
  - Me perdoe, por favor! - Supliquei - Eu pensei que ela tinha sido enganada por você… Eu estava completamente insegura com tudo aquilo! Me apaixonei perdidamente por você e não queria ser mais uma qualquer na sua vida, não queria que você me deixasse… Estava com medo de te perder pra outra pessoa.
  - Aí você vai embora e deixa o terreno livre - Ele riu fraco.
  - Tente me entender, eu estava tomada pela raiva e não respondi nenhuma mensagem tua por orgulho, pode parecer infantil, mas eu não queria atrapalhar sua vida também!
  - Você não atrapalha minha vida, você é a minha vida! Nunca mais faça isso ok? - limpou uma lágrima minha.
  - O lado bom disso tudo foi que eu comprovei minha hipótese… Eu não vivo sem você! - Ele sorriu convencido quando disse aquilo.
  Depois de tudo esclarecido, eu conseguia encará-lo nos olhos. Aqueles olhos lindos e profundos. Senti a respiração dele e sabia que nossos corações batiam no mesmo compasso. Finalmente ele acabou com o espaço entre nós e nos beijamos. Foi um beijo um tanto quanto molhado, porque eu estava chorando, mas foi o melhor de todos. Eu podia senti-lo e era isso que importava. Depois de tudo que passamos, ele estava li, bem na minha frente. Sorri.
  - Devo estar parecendo um panda com a maquiagem borrada - Ri.
  - Você sabe que eu amo pandas - Corei e ele colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. - ?
  - Pode falar! - Sorri.
  - Eu tenho certeza que é isso que eu quero, você quer namorar comigo? - Agora eu sabia qual era a sensação de fogos de artifício explodindo no estômago.
  - Sim, sim, sim - Beijei como se não houvesse amanhã. Eu me sentia completa. - Mas, como vamos fazer para manter isso?
  - Você vai se mudar para São Paulo comigo, pode fazer sua faculdade lá - Ele sugeriu.
  - OH MEU DEUS - Gritei - Mas você vai ter que falar com meus pais! - Fiz uma careta.
  - Eu faço o que foi necessário - Ele se levantou - Agora vamos contar para os meninos, aposto que o já fez o convite para .
  - Isso tudo foi armado, eu sabia - Fiz bico e ele riu. Antes de abrir a porta. segurou meu pulso.
  - ?
  - Fala!
  - Eu te amo - Estava esperando aquela frase desde o momento que o conheci e finalmente consegui responder:
  - Eu também te amo, pra sempre!

FIM



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