You were always there
Escrito por Rayanni Motta | Revisado por Mariana
FlashBack on
- Isso é tão errado... – Eu falei para ele, porém era da boca para fora.
- Se você quiser nós podemos parar... – Ele falou receoso.
- Não. Se tem que acontecer quero que a primeira vez seja com você... – Eu disse envergonhada, ele sorriu para mim, começou a me beijar e passado alguns minutos eu já não era virgem.
FlashBack off
- Foi um loucura, mas valeu a pena. – Eu falava enquanto alisava o cabelo do , que estava deitado no meu colo.
- A culpa não foi minha, você disse que queria estar “preparada para o seu marido”. – Ele falou ironicamente.
- Eu tinha 14 anos, não sabia o que queria, você sendo o mais velho devia ter me impedido... – Eu fiz uma cara feia.
- Eu não! – Ele riu.
- Além disso, você sabe que eu sempre tive um preconceito com o meu corpo, se era para alguém ver ele num momento tão íntimo, tinha que ser alguém que eu confiasse. – Eu fiz uma careta e ele sorriu.
- Tenho um segredo para te contar... – Vi ele ficar envergonhado.
- Conte. – Eu sorri, afim de confortá-lo.
- Também foi a minha primeira vez... – Não podia acreditar no que estava ouvindo e aposto que ele também não podia acreditar que estava me contando.
- Não acredito, você sempre disse que tinha tido várias.
- Eu menti. Queria parecer mais... Homem. – Ele deu um sorriso de canto e eu dei um beijo na testa dele.
- Tenho que ir, meu “homem”. Vou me encontrar com o Kyle.
- Quando que você vai largar esse babaca, ele não te merece, . – Vi ele ficar sério.
- Ele não é tão mal assim, às vezes, só tem os seus maus dias. – Eu sorri fraco.
- Por incrível que pareça esses maus dias são sempre quando ele está com você. – se levantou e sentou do meu lado. – Você devia procurar alguém melhor, ele só te machuca.
- , não fala isso, eu gosto dele... – Eu acariciei o rosto dele.
- Você quem sabe... – Provavelmente ele disse isso para não brigármos.
Dei um beijo na bochecha do , me levantei e fui me encontrar com o Kyle.
Infelizmente, como sempre, o tinha razão. O Kyle veio com mais uma desculpa idiota só para discutir comigo, me humilhar e me deixar em prantos.
’s POV
Estava vendo TV, depois da ter ido se encontrar com o idiota, até me assustar com um trovão. Eu odiava trovões, não porque eu tinha medo, mas sim pelo barulho. Passado alguns minutos acabei pegando no sono e só voltei a acordar quando ouvi a campainha tocar. Levantei furioso para abrir a porta, reparei que agora além de trovões existia uma guerra de relâmpagos lá fora e a chuva caía sem dó. Abri a porta e encontrei uma encharcada, seu rosto estava molhado, mas não era da chuva, ela tinha os olhos inchados de tanto chorar.
Eu passei o braço a volta dos seus ombros e a trouxe para dentro. Como eu já imaginava, ele tinha machucado ela, de novo, e eu mais uma vez não passaria do bom amigo que a iria consolar.
Sentei com ela no sofá, abracei-a e deixei-a chorar tudo o que tinha a chorar.
Nós funcionavámos assim, não eram preciso palavras para nos comunicármos, bastava um toque, um olhar ou um suspiro para sabermos o que o outro estava passado.
- Pronto, princesa? – Eu perguntei enquanto a olhava e tirava o cabelo do seu rosto. – Me conta o que aconteceu dessa vez?
- Ele veio me comparar a uma das amiguinhas dele. Loira, alta, com um corpão, mais magra que um palito, mais bonita que eu, enfim, uma modelo. Ficou falando que eu devia me arrumar mais, emagrecer, ser mais feminina, entre outras coisas. – Ela não aguentou e voltou a chorar.
- Ele é um idiota, não sei como ele tem coragem de te fazer chorar, de tirar o lindo sorriso do seu rosto. – Eu acariciei o rosto dela e limpei a lágrima que caía. A única coisa que queria fazer era beija-lá e dizer que tudo ia ficar bem.
- Me leva para casa?
- Não quer dormir aqui hoje? – Eu quase implorei.
- Não, prefiro ir para casa, mas obrigada. – Ela sorriu fraco.
Nos levantamos, eu peguei um casaco, me calcei, peguei um guarda-chuva e fomos para o meu carro.
Não falámos nada o caminho todo. Ao chegar a casa dela, desliguei o carro e ficámos por momentos calados, até que ela acabou por quebrar o silêncio.
- Obrigada por estar lá sempre para mim, por me aturar com os meus problemas e choros, por todas as noites que você passou em branco comigo, resumindo, obrigada por ser meu amigo.
- Você não tem que agradecer. – Amigo, eu não passaria disso.
Ela deu um beijo no meu rosto e saiu do carro, foi correndo até a porta de casa, por momentos eu podia jurar que tinha voltado a nossa infância, quando ainda éramos só nós os dois, não havia namorados idiotas ou “peguetes”, como ela dizia.
Eu queria ficar ali, observando ela através da janela do seu quarto, mas seria um pouco absurdo, além de estranho, por isso estacionei o carro um pouco mais a frente, na esquina da casa dela, de forma que eu conseguisse ver ela, mas ela não me visse.
’s POV
Não quis saber de ninguém, entrei em casa e fui diretamente para o quarto.
A única coisa que eu conseguia fazer era chorar, parecia que a dor era maior do que das outras vezes. Eu não entendia como eu ainda podia estar com o canalha do Kyle, o tinha razão, como sempre. Eu não mereço ser feliz? Por que eu não encontro alguém que me dê valor, que esteja sempre lá para mim, que me faça rir nos momentos mais inoportunos?
Quando saí dos meus devaneios reparei que estava vendo as minhas fotos com o .
Limpei as lágrimas e olhei em volta. Em cada cantinho do meu quarto tinha algo que me fazia lembrar o , se não era um presente, era uma foto. Sorri involuntariamente, seria possível que eu já tinha encontrado o rapaz ideal e nunca tinha reparado?
- Você é louca! – Me assustei ao ver minha irmã entrar no meu quarto.
- Por que, retardada?
- Antes estava chorando, agora está rindo igual uma boba. – Ela explicou gesticulando no ar.
- Vai embora, peste. – Eu fui empurrando ela para fora do quarto.
Tomei um banho e fui dormir, fiquei pensando se era possível eu gostar do meu melhor amigo.
Uma semana depois
- Você já falou com ele? - Minha irmã perguntou mostrando uma foto minha com .
- Não. No início estava com medo da reação dele, depois criei coragem, mas sempre que eu ia falar com ele alguém atrapalhava. – Eu falei um pouco cabisbaixa.
- Você não pode desistir... Vocês se conhecem desde sempre. Com certeza ele é o rapaz certo para você. Lute por ele, não deixe a sua felicidade ir embora.
- Pirralha, onde você aprendeu a dar conselhos?
- Não sou tão pirralha assim, sou só um ano mais nova que você. – Ela fez uma careta de tédio e desceu para a sala.
Eu não aguentava mais esconder o meu sentimento. Eu pensava que era ilusão da minha cabeça, mas depois de uma semana eu já não conseguia deixar de pensar no , sentia ciúmes das meninas que antes eu tentava juntar com ele, sentia mais saudades do que o normal, o sorriso dele fazia eu tremer, a sua voz me dava um arrepio na espinha, eu simplesmente estava apaixonada pelo meu melhor amigo.
Ligação On
- Hey, Heartbreaker. – Não resistir e acabei ligando para ele.
- Sup, Trouble girl? – Ele me respondeu do outro lado da linha.
- Pode passar aqui? Preciso falar com você.
- Vou só terminar umas coisas aqui em casa e já estou indo.
- Okay. Double kiss. – Eu me despedi.
- Triple kiss. – Ele me respondeu do jeito que só nós entendíamos.
Vesti uma roupa apresentável e fiquei esperando o .
Estava deitada na minha cama esperando, já há meia hora, quando de repente começo a ouvir o som de um violão, vindo do lado de fora da porta do meu quarto.
Abri a porta e nem queria acreditar, o estava cantando a minha música preferida dos Maroon 5, não sei qual era a melhor parte, ele estar cantando na minha frente ou ele estar cantando a minha música preferida.
Enquanto ele tocava e cantava para mim ele caminhava para o interior do meu quarto, andava à minha volta, indicava as nossas fotos na parede, os ursos, colares e outros presentes que ele tinha me dado.
Durante a sua atuação eu olhava para ele como se perguntasse, “você está mesmo fazendo isso?”, ele retribuia com uma careta e um jogar de ombros, que com certeza significavam, “estou e nem ligo...”.
Depois dele acabar eu estava sem palavras, ele também não dizia nada.
- Você é doido. Por que fez isso? – Eu quebrei o silêncio.
- Não gostou? – Ele me olhou preocupado.
- Gostei, foi perfeito! – Sorri timidamente.
- Eu sei que é a sua música preferida. Antes eu não entendia ela, mas depois de muito ouvir percebi que, de certa forma, a música conta quase toda a sua vida. – Ele sorriu e colocou o violão sobre a minha cama.
- Finalmente entendeu a minha paixão. – Eu ri e ele me acompanhou.
- E você entendeu a minha? – Vi ele ficar envergonhado.
- Eu sempre soube que a sua paixão era a música.
- Não estou falando dessa paixão... – Ele sorriu de lado.
Eu tinha medo do que ele ia dizer, porém ele virou de costas e foi até a porta, não acreditava que ele ia me deixar sem explicação. Olhei para o chão instintivamente, a fim de não demonstrar a minha tristeza e ouvi a porta fechar.
- Eu estou falando da paixão que tenho pela garota que sabe todos os meus segredos, que aceita fazer qualquer coisa comigo, que perdeu tempo precioso da vida dela correndo atrás de um idiota, a garota que é linda mais não sabe, porque nunca lhe disseram vezes suficientes. Estou falando da garota que muitas vezes chorou no meu ombro e abriu completamente o coração comigo e, quando eu não estava presente ela ficava no carro ou no parque chorando, não importava se estava fazendo sol ou chovendo. Essa garota magnífica que nunca olhará para mim, mas que eu não aguento mais ficar guardando esse sentimento para mim, ficar fingindo que estou feliz com as pessoas que ela me arrumar, enquanto nenhuma se compara a ela.
- , você é a minha paixão. – Depois de acabar ele me entregou um colar com a minha inicial.
Eu estava estupefata, eu pretendia me declarar a ele, mas ele foi mais rápido.
- Fala alguma coisa, por favor. – Ele praticamente me implorava.
- Você é horrível! – Dito isso vi a sua expressão facial mudar. – Era para eu me declarar a você, – Eu gesticulava e andava pelo quarto. – aí você chega aqui com o violão, cantando minha música preferida e com esse colar lindo. – Fiquei de frente para ele e simplesmente o beijei. Não foi um beijo exagerado, não teve língua, não nos tocámos, nem nada do gênero. Foi exatamente como o nosso primeiro beijo, que demos quando eu tinha 10 anos, um selinho demorado e sem jeito.
Eu me afastei dele e instantaneamente sorrimos um para o outro.
- Ser namorada quer minha? – Ele praticamente cuspiu as palavras e eu ri.
- Só se você, ser namorado querer meu. – Ele riu ao entender a piada, colocou o colar em mim e selamos o início do namoro com um beijo, agora um beijo de jovens adultos.