You're Free, But Not Mine
Escrita por Lady B. | Revisada por Natashia Kitamura
Ela caminhava com pressa até a casa de Harry. Por mais insegura que estivesse sobre a situação, a adrenalina parecia falar mais alto que qualquer coisa.
A conversa com Nick havia feito com que abrisse os olhos para o que realmente estava passando. Seus sentimentos eram fortes e intensos demais para serem apenas amizade; a quantidade de vezes que se pegava pensando nele não podia ser apenas amizade; o modo como gostava de admirá-lo, nada daquilo poderia ser apenas amizade e, por mais óbvio que parecesse, ela não havia se permitido perceber antes, mas agora que conseguira assumir para si mesma, necessitava declarar-se o mais rápido possível antes que sua coragem sumisse. Não sabia o que poderia acontecer quando contasse, em partes fantasiava com a reciprocidade e poderiam quem sabe namorar ou qualquer coisa do tipo, mas outra parte de si era pessimista e conseguia visualizar perfeitamente a rejeição e o quanto poderia estragar a amizade dos dois que levara tantos anos para ser construída.
Sim, tinha muito medo de estragar tudo, mas naquele momento só queria se livrar de todos aqueles sentimentos acumulados. Se depois de contar, Harry nem mesmo quisesse mais falar com ela, doeria, mas ela teria de lidar. A única coisa que não conseguiria suportar mais era continuar com tudo aquilo guardado, sentindo-se triste quando o amigo vinha lhe contar que havia ficado com uma nova garota ou que achava estar apaixonado por um novo alguém. Antes Demetria conseguia convencer a si mesma de que era apenas um ciúme bobo de amigos, mas agora enxergava tudo de modo diferente.
Suspirou tentando controlar a própria ansiedade ao finalmente chegar em seu destino. Passou as mãos pelos jeans, já que devido ao nervosismo elas haviam ficado suadas e só então tocou a campainha mais vezes do que poderia ser considerado correto.
- Demi, por favor, me diz que sabe o que aconteceu com o meu filho! –Anne parecia estar a ponto do desespero e Demetria nada entendeu da situação. – Está falando sério? Tem certeza que nem sabe do que estou falando?! Por favor, não mente pra mim! – A mais velha segurou-a pelos ombros ao dizer isso, causando um susto.
- Estou falando sério, só me explica o que aconteceu com ele, eu ‘tô preocupada. – disse e sentiu um repentinamente um pressentimento ruim tomar conta de si.
- Meu filho sumiu e eu nem mesmo posso falar com a polícia porque não fazem quarenta e oito horas ainda, mas eu o conheço, ele não sai sem dar notícias, você sabe como ele é, ele não faria isso comigo! – Demetria não sabia exatamente como reagir à situação, principalmente quando Anne começou a chorar em seu ombro.
Estava chocada demais para conseguir consolar alguém, sua cabeça dava voltas e mais voltas. Harry realmente não fazia aquele tipo de coisa e também eles dois não possuíam segredos um com o outro.
Deixou que Anne chorasse um pouco mais, porém depois foi embora dali com a garantia de que ela seria informada de qualquer novidade.
Fez o caminho de casa literalmente correndo, nem mesmo tinha ideia do que faria a seguir, mas não queria perder tempo, precisava saber alguma notícia de Harry, ligou diversas vezes para o amigo, mas sem resultado algum, deixando-a mais apreensiva.
Quando entrou, não teve a chance de ir direto para o quarto, pois foi parada pela mãe no meio do caminho:
- Harry esteve aqui mais cedo.
- E você deixou ele ir embora?! – exaltou-se, sabia que a mãe não tinha culpa de nada, porém foi um ato automático. – Me desculpa, só... o que ele queria? Ele estava bem? – perguntou ansiosa. – Algo parecia errado ou qualquer coisa? Mãe, diz alguma coisa!
- Eu vou falar se você me deixar! Ele parecia bem, só um pouco mais agitado que o normal e deixou uma carta pra você, agora, me explica o que está acontecendo.
- Depois, cadê a carta? – pediu com pressa e seguiu para o quarto após a mãe garantir que havia deixado naquele local.
Como Dianna havia informado, o pequeno pedaço de papel estava sobre sua cama.
Hey Dems,
Eu sei que deve estar chocada com o que eu fiz e cheia de perguntas, e talvez com raiva de mim. Eu entendo tudo isso, pode acreditar, mas eu queria que primeiro soubesse que estou bem e que tudo que estou fazendo é por vontade própria. Eu não me encaixo nessa cidade, na minha família, não é o meu lugar, não é a vida que eu quero. Nada disso sou eu! Eu preciso ir embora e não sei por quanto tempo ou mesmo se vou voltar, realmente não sei. Mas eu não quero partir sem falar com você uma última vez, preciso te explicar tudo pessoalmente porque eu me importo tanto com você. Por favor, não fique decepcionada comigo, eu não suportaria.
Eu quero que me encontre na estação de trem abandonada ao pôr do sol, por favor, eu preciso falar com você.
Com amor, Hazz.
Deixou que o objeto caísse da suas mãos sem acreditar no que havia acabado de ler, então era isso? Ele iria embora? E talvez para sempre? Isso só podia ser algum tipo de piada do universo, finalmente admitia para si que sentia algo por ele e estava preparada para se declarar e então isso acontecia, era ridículo!
Não era justo!
- Imbecil egoísta! – gritou para qualquer um que quisesse ouvir, estava irritada, frustrada, triste. Ele não podia fazer isso e na cabeça dele aquela carta havia explicado alguma coisa? Porque para ela não havia conseguido nem de longe.
Antes que tivesse a chance de controlar sentiu uma lágrima escapar e logo várias e várias em seguida.
...
- Harry? – Chamou incerta, com medo de que ele não estivesse ali.
- Obrigado por vir, eu tive medo que me ignorasse. – ele ameaçou se aproximar, mas ela fez sinal para que não o fizesse, estava verdadeiramente magoada, além de abandoná-la, ele havia planejado tudo pelas suas costas, aquilo era traição, não existia uma forma de não ficar magoada.
- Eu só quero entender isso que quer fazer, só vim por isso. – disse tentando usar o tom mais indiferente possível.
- Não faz isso, por favor – sentiu um aperto no coração ao notar lágrimas brilharem nos olhos verdes, porém se manteve firme no mesmo lugar. Queria explicações antes de qualquer coisa, ele devia isso.
- Dems, eu cansei, estava cansado há muito tempo na verdade, as cobranças da minha mãe, toda a falsidade que existe naquela casa, ninguém se importa verdadeiramente com ninguém e essa cidade... não consigo ver meu futuro aqui, simplesmente não dá! Parece que enquanto eu estiver aqui sempre vai parecer que falta alguma coisa.
- E se for embora vai se sentir completo? Nada vai faltar? – o interrompeu.
- Eu espero que sim, porque eu estou aqui pedindo que venha comigo, você é a única coisa que me prende a esse lugar, a única pessoa que vale a pena e eu não consigo me imaginar sem você!
- Hazz, eu te amo! – admitiu de uma vez e viu ele sorrir. – Mas eu não posso ir, sinto muito.
E ali se encontravam os dois em um impasse, nenhum dos dois prontos para dizer um adeus, mas nenhum disposto a ceder.
- Vai mesmo fazer isso comigo? – ele disse triste e ela soltou um riso com sarcástico de modo involuntário, agora ela estava errada?
- Foi você que fez, achou mesmo que eu iria abandonar tudo só porque você quer? – rebateu.
- Então isso é um adeus?
- Acho que sim. – respondeu brevemente.
- Posso pelo menos te dar um último abraço? – ele perguntou com um meio sorriso e se Demetria já estava mal, depois disso se encontrava em cacos, mas mesmo assim deixou que ele se aproximasse.
Apesar de toda a situação estar ali naquele abraço, era tão reconfortante para ela. Ainda soava irreal demais que aquela seria a última vez, não era possível.
“Não pode continuar escondendo isso, o que quer que aconteça depois, pelo menos vai estar tranquila sabendo que está bem resolvida com seus sentimentos.”
Afrouxou um pouco o abraço apenas para conseguir encara-lo tendo e antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa, colou seus lábios com pressa. Ao contrário do que imaginou, ele não a afastou e sim correspondeu, o que a deixou verdadeiramente surpresa, permaneceram daquele modo por todo o tempo que conseguiram, havia muito sentimento ali, um sentimento reprimido de anos. Demetria não saberia dizer se Harry sentia o mesmo que ela, mas com certeza aquele beijo significava muito mais que uma amizade.
Ao encerrarem o beijo, não fizeram questão de se afastar, entretanto, não havia qualquer expressão de felicidade no rosto de ambos e sim sinais de um choro recente.
You were red and you liked me 'cause I was blue
(Você era vermelho e você gostou de mim porque eu era azul)
You touched me and suddenly I was a lilac sky
(Você me tocou e de repente eu era um céu lilás)
And you decided purple just wasn't for you
(E você decidiu que roxo simplesmente não era para você)
- Eu vou sentir sua falta. – confessou.
- Desculpa por te fazer sofrer, eu só estou tentando fazer o que é melhor pra mim.
- Eu entendo. – mentiu, ela nunca conseguiria entender, mas poderia fingir.
FIM
Nota:Se alguém estiver lendo isso aqui eu espero sinceramente que gosta
e um fato curioso: quando eu comecei a escrever a fic eu imaginava como uma fic semi ( Demi e Selena) porém quando eu fui reparar bem direitinho na letra (da música) eu percebi que ela sempre usava pronome masculino então a história virou DarryRelou, relou! Espero que gostem! <3