You Believe?

Escrito por Luana | Revisado por Natashia Kitamura

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  Olá vocês, meu nome é Alisha, tenho 19 anos, olhos pretos, cabelos ruivos cheios, sardinhas na bochecha, uma típica garota do sul.
  Hoje estou aqui para contar a minha historia, pode parecer loucura, meio sem noção e deprimente, mas é a historia de como eu virei a garota rebelde de um homem descuidado.


  A primeira vez que eu o vi foi em uma lanchonete da minha pacata cidade, seu nome é Aron, ele é garçom, têm cabelos loiros curtinhos, olhos verdes, alto e atlético, o cara que toda menina gostaria de ter, mas nenhuma nunca teve.
  - Alisha, pare de babar!
  Balanço a cabeça do meu estado de admiração e olho para minha melhor amiga, que é linda de babar, com seus olhos azuis, cabelos pretos alisados em um chanel e corpo cheio de curvas, tudo o que eu não tenho, claro.
  - O quê? O que foi?
  - Você está encarando Aron como se fosse uma perseguidora.
  Suspiro.
  - Eu sei, mas ele é tão lindo.
  - E por que você não pede logo a droga do número de telefone dele?
  Porque eu não acredito no amor.
  Porque eu tenho medo.
  Porque decepção é a única coisa que eu conheci até hoje.

  - Porque... Ele já deve ser cheio dessas mulheres pulando em seu pescoço. Qualé, já estamos na faculdade e eu estou agindo como uma psicopata. – Penso em várias verdades para dizer, mas no momento a mentira é algo mais aceitável.
  Taylor suspira.
  - Certo, mas se eu já não estivesse namorado, também estaria atrás dele, ele é um pedaço de mau caminho. Acho que está na hora de te dar um empurrãozinho. – Antes que eu pergunte o que ela quer dizer com isso, ela grita: - Aron! Vem aqui, por favor.
  Aron vira cabeça para nós e caminha em direção a nossa mesa.
  - Qual é novidade agora, Taylor?
  - Minha amiga aqui, Alisha, você conhece ela, não é?
  Abro a boca chocada, o que diabos Taylor está tramando?
  Aron vira seu olhar para mim e eu juro que fica mais quente, mas pode apenas ser a minha mente tentando me provocar com coisas que não existem.
  - Ah, claro. Ela sempre vem aqui.
  - Bom, ela quer seu número de celular e talvez um encontro.
  Aron balança a cabeça e sorri.
  - Pensei que você nunca fosse pedir.
  Fico parada um momento tentando processar o que ele diz... Ele queria que eu pedisse seu número? Ele...
  - Alisha? – Taylor bate em meu ombro. – Eu vou ajudar Aron com o turno dele enquanto ele senta aqui e conversa com você. Até mais.
  Ela pisca para mim e sai, deixando Aron sentando em seu lugar.
  - Alisha, não é? – Aron pergunta.
  Balanço a minha cabeça e travo meu maxilar.
  Homens não são confiáveis.
  Homens causam dor.
  Alisha, nunca deixe ser magoada por nenhum homem.

  - Sim. Desculpe pela minha amiga. – Lembrar o que a minha mãe sempre me disse sobre o meu pai, me faz finalmente clarear a minha mente.
  - Sem problemas, eu sempre quis conversar com você, mas você parece tão distante.
  Pisco os olhos surpresa.
  - Distante?
  - Sim, como se estivesse tentando afastar os caras antes deles se quer se aproximar.
  Engulo em seco.
  - Bom... E suas namoradas?
  Ele ri suavemente e um tremor me leva.
  - Eu não namoro muito. As maiorias das mulheres daqui só me querem por causa da minha aparência. Elas não... Veem abaixo da camada, sabe?
  Encaro seus lindos olhos verdes e percebo que está dizendo a verdade.
  - Você não me parece só um rostinho bonito.
  - Por isso eu escolhi tentar com você. Porque quando olho nos seus olhos, vejo esse olhar cansado de quem já viveu o suficiente e não acredita mais em nada.
  Perplexa com as suas palavras, me viro para o lado e com os olhos marejados finalmente sorrio um sorriso verdadeiro.


  Sim, depois disso, o que aconteceu, você me pergunta.
  Viramos amigos, ele foi capaz de enxergar através da casca que ninguém enxergou.
  Porém, dois meses depois de amizade, ele me pediu em namoro, o que eu aceitei prontamente, já que não aguentava mais vê-lo passeando de toalha pelo meu apartamento.
  Quando completou 8 meses de relacionamento, ele vendeu o apartamento dele no interior e agora está morando comigo na cidade.
  E pela primeira vez na minha vida eu ignorei tudo o que a minha mãe disse e me joguei nesse amor que não tenho certeza se vai durar, porque amor não é feito para durar, não é? Pelo menos estou arriscando.
  Então quando completamos um ano juntos, vem à cena da minha vida que muda tudo o que eu já fui um dia.


  Sentados no sofá, eu e Aron vemos um jogo na televisão.
  - Você acredita? - Digo.
  - No quê? – Ele pergunta.
  - Eu me lembro de quando você me abraçou pela primeira vez quando estávamos sentados perto da água, eu me lembro daquele sentimento, daquela tristeza misturada com alegria, você acredita nesse sentimento?
  Ele me encara e diz:
  - Eu acredito, você não?
  - Também. – Minto. Porque eu não acredito, ainda não, culpo ao relacionamento dos meus pais, pela minha desconfiança total.
  Ele balança a cabeça não acreditando em mim. Porque Aron me conhece, não sei como, mas ele me conhece.
  - Eu preciso ir trabalhar, você vai ficar bem?
  Eu contei? Não? Nós dois estamos trabalhando seriamente agora. Eu trabalho numa agência de manhã e volto de tarde. Aron trabalha de segurança no final da tarde e volta de madrugada.
  - Sim. Pode ir.
  Depois que ele sai, eu me vou para o meu quarto de lembranças, olhar as nossas fotos juntos.
  Ele foi a melhor coisa que já foi minha.
  Eu preciso segurar.
  Fazer isso durar.

  Mas eu não sei como, eu vejo as nossas contas, números e mais números para pagarmos, quando não temos dinheiro para isso. E agora eu tenho que contar para ele que estou grávida há algumas semanas, o que eu não fiz ainda, por medo dele me deixar.
  Estou seriamente pirando aqui.
  Deito no sofá e com lagrimas nos olhos e me deixo levar pelo sono turbulento que sempre tenho.

  ALGUMAS HORAS DEPOIS...
  - Cheguei!
  Pisco os olhos marejados e olho para o relógio.
  2h30 AM
  - Você tem que sempre chegar tão tarde? – Pergunto me levantando.
  Ele pisca surpreso e diz:
  - Estou trabalhando para o nosso sustento.
  - E mesmo assim sempre temos mais dividas se formando.
  - Bom, já que você está reclamando tanto, acho que vai ficar feliz com a notícia que me demitiram porque o empregado anterior a mim voltou.
  Arregalo os olhos.
  - N-não poderiam fazer isso logo agora!
  Ele franze o cenho, bravo.
  - Mas não é isso que você queria? Uma vida a dois na cidade? Essa merda de vida!
  - Essa merda de vida? É tão ruim assim? – Lagrimas enchem os meus olhos.
  - Olhe ao redor, Alisha! Esse não é o nosso estilo de vida, porra! Nós nascemos em um rancho, no sul, não precisamos disso para ser felizes!
  - M-mas... Eu achei que você queria... – E assim as lágrimas escorrem. As lágrimas que eu jurei nunca derramar por um homem. – E-eu estou grávida, você sabe.
  Ele arregala os olhos e fica parado.
  - E você me diz isso logo quando eu estou desempregado? Qual é a porra do seu problema?
  Soluço incontrolavelmente e saio correndo para a praia que se encontra perto do nosso prédio.
  Fungo o nariz na manga da minha blusa e empurro o barco em que ele me pediu em namoro para a praia, a água vai me acalmar agora... E olho para trás... E vejo-o correndo atrás de mim.
  - Alisha!
  Ele... Veio atrás de mim? Por que ele veio atrás de mim? Para brigar mais comigo? Só pode ser por isso. Ninguém nunca viria atrás de mim, isso é o que eu conheço.
  Empurro o barco para água desesperadamente e pulo dentro... No mesmo momento em que ele pula dentro também... E então somos os dois arrastados pela correnteza.
  Minutos, horas, se passam, não sei, nenhum de nós dois diz nada.
  - Alisha... Nós não somos seus pais.
  Viro-me para olhá-lo.
  - Você veio atrás de mim.
  - Eu nunca vou te deixar sozinha.
  Arregalo os olhos surpresa.
  - Ainda mais agora que você espera meu filho, Alisha. Nosso filho.
  - M-mas você... Você brigou comigo...
  Ele balança a cabeça, mexe no bolso, tira uma caixinha de veludo e a abre...
  Ofego surpresa.
  Um anel.
  - Eu me lembro de como nos sentimos sentados na água e toda vez que te olho é como a primeira vez. Eu me apaixonei pela filha cuidadosa de um pai descuidado. Você é a melhor coisa que já foi minha. Casa comigo?
  Começo a chorar e ele vem e me abraça.
  - Eu nunca vou te deixar, Alisha, estamos fugindo de quem nós somos estando com roupas chiques e vivendo na cidade, é isso que eu queria dizer. Eu peguei aquele emprego para arrumar dinheiro para comprar o seu anel de casamento. E fico tão... Mas tão feliz que vamos ter um filho.
  Levanto minha cabeça do seu ombro e digo:
  - Você fez uma filha de um homem descuidado virar rebelde. Você é a melhor coisa que já foi minha. Eu me caso com você, meu amor.
  Ele me encara com seus olhos marejados e coloca a aliança no meu dedo.
  E com isso sorrimos um para o outro.
  É, o destino não poderia ter me feito mais feliz.
  Eu finalmente vou agarrar esse momento e nunca mais largar.
  Posso ver que nós vamos conseguir agora.
  Pois agora... Confio nele plenamente, porque ele não me deixou sozinha, ele nunca vai me deixar.


  E é aqui que terminamos a história da minha vida, pessoal.
  Quer saber o que aconteceu depois daquilo?
  Nós vendemos a nossa casa na cidade e nos mudamos de volta para aquela cidadezinha. Ele virou dono do restaurante que era garçom e eu sócia dele.
  Tivemos um lindo menino.
  Desapeguei-me do passado dos meus pais.
  E sou a mulher mais feliz que existe nessa cidadezinha.
  Você acredita nisso?
  Pois eu posso ver agora... Que ele é a melhor a coisa que já foi minha.

FIM



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