Worldwide
Escrito por Júlia Oliveira | Revisado por Natashia Kitamura
Música: Worldwide, por Big Time Rush
- A gente... – tentou começar, sentindo as lágrimas começarem a nascer em seus olhos. – a gente deveria dar um tempo.
Assistiu o sorriso de se desfazer de seu rosto, ele engoliu o seco, sentindo o peito se contrair com uma força imensa enquanto a assistia levantar da mesa, com os olhos fechados, tentando não chorar.
- Você tem suas coisas pra fazer pelo mundo a fora. – sussurrou, sem coragem de encará-lo. – e eu tenho a faculdade, as minhas coisas pra fazer por aqui.
- , eu fiz algo...
- Não. – ela o interrompeu, já de pé, enquanto sentia-o segurar sua mão, impedindo-a de ir embora. – você é perfeito, . Apenas não posso mais.
Fez um pouco de mais força, conseguindo fazer com que o rapaz largasse sua mão, e caminhando, a passos largos para fora do restaurante.
acabava de abandonar sua felicidade naquela mesa, deixando para trás todos os seus sonhos; mas, se aquilo significasse a felicidade de , ela poderia suportar.
O problema era que não significava.
Ele a observou sair do restaurante, incrédulo: ela tinha pensado muito bem no lugar. Público. Mal conseguia se mover para chamar o garçom, desculpar-se e ir embora. Muito menos tinha forças para sair caminhando em direção à e impedi-la.
Mas a encontrou: em algum lugar de seu corpo. Levantou-se, arrastando a cadeira e caminhando a passos largos até o lado de fora do restaurante, onde o tempo não cooperava, o vento fazia com que a poeira lhe entrasse nos olhos, os cabelos voassem descontroladamente enquanto ele tentava encontrá-la. Mas não estava mais lá.
Era o fim. O fim do que fora a melhor época de sua vida. E o começo da dor, enquanto seu peito doía com tanta força que parecia dobrar-lhe os ossos, arrancando-lhe os órgãos e pisoteando-lhe o coração.
Cambaleou até o carro, onde entrou, jogando-se sobre o banco do motorista a tempo o suficiente para que as lágrimas começassem a jorrar, incontroláveis, não podia perdê-la, não no momento mais feliz de sua vida: a turnê estava pra começar, daria a notícia a ela essa noite, além de convidá-la para ser a fotógrafa oficial, aquilo não podia estar acontecendo.
Era uma turnê de dois anos. Bastante tempo. Tempo de mais pra ficarem separados. Então fizera de tudo, implorara aos empresários que ela pudesse ir também, dinheiro não era problema: o CD vendia o suficiente para sustentá-los por toda a vida, e o dinheiro que ganhariam com shows os garantiam uma vida boa e confortável. A resposta fora até melhor, podia ir como fotógrafa, fazer parte da equipe.
Mas por que, por que deixá-lo agora? Dois anos de namoro, de fidelidade, amor, carinho... Onde havia errado?
Suspirou, arrancando o carro e saindo o mais rápido que conseguia dali.
/ / /
Não conseguia dormir, pensando descontroladamente em . Já faziam dois dias e mal conseguia andar pelo apartamento, inundando com o cheiro da moça e com memórias aquecidas de suas vidas. Mas levantou-se, mais uma vez, caminhando até a sala: talvez um pouco de TV.
Encostou-se na mesinha de cabeceira, encontrando o contrato: quatro anos em turnê, só faltava assinar. As passagens já estavam compradas, e todas as possibilidades de levar com ele estavam confirmadas, só faltava ela voltar pros braços dele.
Encarou o papel, desejando poder ser apenas uma letra; não sentir, apenas ajudar a expressar sentimentos.
Mas não se lembrou de ter aberto o envelope: já sabia o que era, e planejava entregá-lo a com o convite de se tornar fotografa oficial da turnê.
E então tomou conta do que estava acontecendo:
Ela tinha descoberto tudo, e enciumada, tomado a decisão errada. Levantou-se correndo, indo para o quarto em busca do telefone, enquanto digitava o telefone de um amigo, precisava descobrir o paradeiro da menina e pensar em alguma coisa.
Vestiu qualquer coisa enquanto saia do apartamento, calçando o tênis enquanto abotoava a camisa, sem tempo o suficiente para que pensasse em qualquer outra coisa. Pegou o violão atrás da porta e trancou o apartamento, descendo as escadas à pulos: se tinha alguma chance era aquela.
O caminho até o apartamento da moça pareceu uma eternidade enquanto guiava o carro, costurando entre os outros carros.
Parou em frente ao prédio branco de , suspirando profundamente três vezes, enquanto criava coragem para encará-la. Subiu as escadas, um pouco trêmulo.
Tocou a campainha, ouvindo-a gritar um “já vai!” entre os dentes, como se estivesse incomodada com alguma coisa.
Ela abriu a porta, com os olhos inchados e uma blusa surrada do Fall Out Boy, o cabelo despenteado em um coque mal feito, os óculos que lhe entregavam o fato de estar dormindo e o resto sem nenhuma maquiagem.
Encararam um ao outro durante um milésimo de segundo, matando a saudade do rosto um do outro enquanto as respirações se tornavam ainda mais irregulares, ofegantes, doloridas.
Antes que pudesse tomar qualquer atitude contra, tomou conta do que estava acontecendo e fechou a porta em um banque, jogando as costas contra ela enquanto fechava os olhos com força, tentando segurar as lágrimas enquanto sentava-se no chão, começando a sentir novamente a dor no peito, da qual tentava se livrar havia alguns dias.
- VAI EMBORA. – gritou, sem voz, enquanto tentava criar forças e não chorar. O que era em vão, já que já estava abraçando seus joelhos e secando as lágrimas com a camiseta. – POR FAVOR, VÁ. EMBORA. – falou, pausadamente.
- Não vou. – respondeu, virando-se de costas e sentando no chão, de costas para a porta. – não posso.
- CLARO QUE PODE. – ela disse, ainda chorando. – vai viver a sua vida, McGuiness, conhecer as meninas que matam por você, agradar as suas fãs, viver o seu sonho...
- EU VIVIA O MEU SONHO. – ele interrompeu-a, gritando. – você estava comigo o tempo todo, nós éramos como um só.
- Não, . – ela sussurrou, sem forças. – seu sonho era fazer sucesso, era gravar o CD, ter a sua turnê mundial...
- E ter sempre você. – ele disse, virando-se um pouco de lado e colocando uma das mãos na porta, delicadamente, como se tocasse . – nenhum desses sonhos fazem sentido se você não for a minha garota.
Ela chorou mais, segurando-se nos joelhos com tanta força que as unhas deixaram marcas, não queria ouvir aquilo, não tinha forças.
- Eu sei que você viu o contrato. – ele suspirou, sentindo o peito contrair-se de dor. A garganta se fechava enquanto cada milímetro de seu corpo parecia arder. – só não sei o que você pensou que ia acontecer.
“Que você ia me largar. Me trocar por todas as suas lindas fãs.”
- Só sei que todo aquele tempo seria insuportável sem você...
- Mas aquilo era o seu sonho...
- É UM DOS, meus sonhos. – ele a interrompeu novamente, frisando bem o “é um dos”. – mas, séria horrível passar dois anos sem você. E a primeira coisa que pensei quando eu vi aquele calendário foi: “tenho que recusar, é tempo demais.” E, acredite, eu pensei em você recebendo a notícia que eu tinha recusado e brigando comigo... – parou por uns instante, rindo sozinho. – então aceitei.
Aquilo doeu no coração de , insegura. Então aquilo era um adeus: suas previsões eram verdade, ele ia embora. Visitar todos os países que sonhara em visitar, conhecer milhões de meninas atraentes que dariam tudo por uma noite com ele. Abraçou-se com mais força, dolorida, o coração parecia se transformar em uma fina camada espremida de sangue enquanto ela ouvia a própria respiração ofegante e desesperada: estava perdendo-o pouco a pouco.
- Mas antes, eu fui falar com os empresários. – ele suspirou, tentando ter certeza que não falava apenas com o nada, mas com . – eu não ia se você não fosse.
E dizendo aquilo, suas costas se aliviaram contra a porta, ao ouvir um gemido do outro lado.
A dor começara a cessar no peito de , enquanto ela parava de apertar a si mesma, um pouco mais aliviada: como fora estúpida.
- E sabe, corri atrás de todos os meios de te levar junto. Eu consigo suportar dois anos longe de qualquer um, mas de você, querida, é impossível. – ele sorriu, um pouco mais feliz. – levei alguns “Não.” E fiquei imaginando. , eu te ligaria todos os dias só pra ouvir a sua voz. – ela sorriu amorosa. – te perguntaria como foi o seu dia, e só então notaria que talvez eu tivesse te acordado. Não conseguiria dormir, sem você pra me acalmar por um milésimo de segundo.
Ele levantou-se, gemendo de dor e desconforto: não dormia desde aquela ultima noite.
- Vamos continuar de onde paramos, por favor? – ele pediu, escorando a testa sobre a porta. – é tudo que eu te peço.
- , eu... – ela respondeu, sem se levantar, ainda chorando. – eu não posso correr o risco de te assistir tão longe conhecendo...
- Sim. – a interrompeu. – eu posso conhecer um milhão de meninas bonitas que sabem o meu nome, mas você não tem que se preocupar: meu coração ficaria aqui com você. – ela suspirou, desejando abraçá-lo e reconfortá-lo – Paris, Londres, Tóquio... De qualquer lugar do mundo: eu sou seu. Sempre serei. Penso em você o tempo todo, independente de qual país estou, . O Show tem que continuar, só preciso que você seja forte. Então, por favor... – sua voz falhou enquanto secava uma última lágrima. – vem comigo.
arregalou os olhos, encarando os dedos dos pés enquanto ouvia o discurso: então ele a levaria com ele.
- Eu preciso que vá comigo. – ele disse, - então abre essa porta, e me diz que vou poder voltar pro hotel e te encontrar...
- Dizendo que o show foi maravilhoso? – ela perguntou, sussurrando.
- E que eu sou o melhor. – ele riu, aliviado em ouvir a voz da moça novamente, calma, serena, maravilhosa.
- Você é o melhor em tudo que faz. – ela riu pelo nariz, criando a força necessária pra se erguer.
- Então vem comigo. – ele sorriu. – seja a minha garota de volta.
- Eu sempre serei. – ela sorriu, abrindo a porta a tempo de vê-lo, sorrir aliviado. – por todo o sempre.
- Por todo o mundo. – ele completou, a abraçando.