Winter Lover

Escrito por Annelise Stengel | Revisado por Pepper

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  A caneca exalava uma fumaça quente, que aquecia meu rosto. O líquido quente dentro dela também aquecia a cerâmica, que consequentemente deixava minhas mãos numa temperatura boa. Eu não sentia frio, dentro de casa, enrolada em cobertas e vários casacos, além de um gorro e uma caneca cheia de chocolate quente. O aquecedor estava ligado. Tudo estava funcionando para que eu não sentisse frio. Lancei outro olhar para a janela. Nevava. Devia estar muito frio lá fora. Mas eu não podia sentir frio. Se eu sentisse frio, a única coisa - a única pessoa - que ia conseguir me aquecer de verdade, não estaria aqui.
  Nós passamos dois invernos juntos. Esse seria o terceiro.

  No primeiro, foi quando eu me apaixonei por ele. O jeito desastrado jeito, e a delicadeza de um sorriso inesperado. Nós passeamos na cidade e eu podia vê-la brilhante desenhada em seus olhos enquanto ele me olhava. Meus dedos estavam dormentes de frio, porque eu havia esquecido minhas luvas. Nós rimos e corremos, e fumacinha branca saiu de nossos lábios enquanto respirávamos. Eu me perdi dele. Mas dentre todas aquelas pessoas que estavam de pé no centro, eu pude reconhecer seu perfil. Eu sabia que era ele.
  Eu percebia que ele sentia um pouco de frio também, e eu tinha vontade de aquecer seus lábios com os meus.
  Mesmo quando o inverno acabou, o amor que eu senti por ele continuou. Não estava mais frio, mas eu ainda podia sentir minha mão no bolso dele, se aquecendo, enquanto sua mão apertava a minha.

  Levantei-me. Olhei pela janela. Mal dava para ver o resto da rua, por causa de uma breve tempestade de neve anunciada mais cedo. A neve era tão linda...
  No nosso segundo inverno, estava nevando bastante também. Estávamos os dois embaixo de um guarda-chuva pequeno, mas mesmo assim ríamos e nos divertíamos juntos. Eu tive que me espremer contra ele e ele passou seu braço pela minha cintura.
  Ele é o único. Só ele. Qualquer coisa que ele fazia era como bater na porta dos meus sentimentos e arrancá-los de onde quer que eles estivessem escondidos. Quando se atrasava para nossos passeios, encostava sua testa na minha e me dava um sorriso, e eu não tinha como não sorrir junto ou ficar brava com ele.
  Dizem que o inverno é cruel, mas quando me lembro de nossas mãos entrelaçadas no bolso de seu casaco, enquanto andávamos, ele parece muito dócil pra mim.

  Mas agora ele não estava aqui comigo.
  No nosso terceiro inverno, não estaríamos juntos. Não riríamos na neve, não nos espremeríamos embaixo de um guarda-chuva ou trocaríamos sorrisos. Dessa vez, o que aquecia minha mão era uma caneca de chocolate quente, e não sua mão segurando a minha em seu bolso.
  Mesmo que ele tenha dito que hoje, e amanhã, e mesmo depois de um ano, não importa qual estação, ele queria estar comigo, ele não estava agora.

  Voltei a sentar no meio das cobertas bagunçadas e olhei o calendário que estava na minha mesinha ao lado do sofá. Ele só voltaria depois do inverno ter acabado. Pelo menos ele voltaria. Em algum momento. Não importa qual estação, não era isso que ele havia dito? Nós não seríamos, nunca fomos, amantes de inverno, e sim do ano todo. Então qualquer estação que eu estivesse com ele, estaria bem. Eu só precisava estar com ele.
  Ouvi uma trovoada e a luz fraquejou. Encolhi-me um pouco. Por que ele não estava aqui?
  A caneca estava fria, e eu não havia tomado o chocolate quente. Minhas mãos começaram a gelar, apesar de tudo, e eu também pude sentir meus lábios gelados. Decidi que ia esquentar o chocolate quente para dessa vez tomá-lo, ao invés de me perder em pensamentos tristes, e levantei-me mais uma vez.
  A caminho da cozinha, ouvi batidas na porta. Parei, franzindo as sobrancelhas. Podia estar imaginando coisas? Ele não estava por aqui. Minha família também não. Seriam aqueles corais natalinos? As batidas voltaram e eu, hesitante, andei até a porta. Fiquei na ponta dos pés, espiando pelo olho mágico, mas não pude ver nada. Respirei fundo, criando coragem, e deixei a caneca em cima da mesinha das chaves, abrindo a porta.
  Meus olhos não puderam deixar de se arregalar quando vi aquele sorriso dócil e completamente inesperado na minha frente.
  - ? - perguntei, pensando se eu podia estar tendo miragens na neve.
  - Oi. - ele disse apenas, parado na soleira da minha porta. Os ombros do sobretudo preto estavam cobertos de neve, e seu cabelo estava com pequenos flocos brancos, que caíam rapidamente por causa do vento que o bagunçava. Ele estava lindo. Ele era lindo.
  - Vo-você... - eu estava perdida. Ele estava aqui? Estava mesmo?
  - Eu falei pra você, não falei? - disse, passando os olhos por mim. Eu não sabia qual era meu estado e essa não era ainda minha maior preocupação, mas com a porta aberta eu estava começando a sentir frio. deve ter percebido. Esticou as mãos - sem luvas - em minha direção e segurou as minhas nas dele.
  Ele era real! Ele estava aqui!
  Devo ter ofegado, porque ele riu, e me puxou, quase me fazendo perder o equilíbrio. escondeu nossas mãos no bolso de seu sobretudo, e eu estava encostada em seu peito. Levantei meus olhos para seu rosto, sentindo meu rosto corado e a alegria me encher pouco a pouco.
  - Eu disse que hoje, amanhã, sempre. Qualquer estação, mas principalmente o inverno. Eu quero estar com você. Sempre. - ele sussurrou.
  - Eu também. Também quero estar com você. - disse, rápido, como se fosse perder a chance de deixá-lo saber daquilo. voltou a sorrir. Analisou meu rosto, eu podia sentir sua respiração calma e quente em minha pele. Sua mão, dentro do bolso, segurando a minha, acariciou-a suavemente.
  - Você está com frio. - ele murmurou, se tocando de que estávamos no meio de uma nevasca, na porta de casa, enquanto tudo estava iluminado e quente lá dentro. Mas eu sorri e neguei com a cabeça.
  - Não estou. Estou com você. - eu não precisava de mais nada pra me aquecer. Só aquilo bastava.
  - Seus lábios parecem gelados. - ele deu um sorriso de canto. - Você me permitiria aquecê-los para você?
  Antes que eu pudesse responder, ele já havia se permitido àquilo, e eu não me importei.
  Não importa quantos invernos viessem, nós estaríamos ali. O inverno poderia acabar, mas o amor continuaria. Porque eu podia sentir nossas mãos entrelaçadas dentro de seu bolso.



Comentários da autora


  n/a: Fanfic escrita num rush pro AS da Equipe, já que uma das participantes saiu e não enviou a fanfic   Gostaria de ter desenvolvido mais ou ter tido uma ideia mais profunda, mas tudo que consegui fazer foi abrir a tradução da música Winter Lover do Kis-My-Ft2 e basear-me um pouco nela.
  Espero que tenha gostado, mesmo sendo curtinha ;3;
  Feliz Natal ~*
  xx Anne