Will You Find Me?
Escrito por Paula Medeiros | Revisado por Natashia Kitamura
Parte do Projeto Songfics - 4ª Temporada // Música: Find Me, por Boyce Avenue
Nova York – Apartamento – 20h30.
O cheio de tinta fresca ainda estava por todo o cômodo, caixas e caixas estavam espalhadas e eu estava sentada no meio de algumas delas.
- Só isso? – o senhor bem vestido disso colocando a última caixa perto da porta.
- Sim, obrigada. – sorri e então o vi fechando a porta.
Respirei fundo, e lá estava eu sozinha mais um vez... Parecia que tudo estava se repetindo... Tudo voltando... Bom, quase tudo. Comecei a desempacotar as coisas, tinha que arrumar meu novo lar, é, nada mal. Bem vinda a Nova York, .
Não estava aqui por vontade própria, tive que voltar para “casa”, deixei minha vida lá em Manchester, na Inglaterra, e corri para cá, e não pense que foi fácil. Foram dois anos, dois melhores anos da minha vida, dois anos de risadas, choros e amores.
Tudo bem, que eu tinha apenas 15 anos quando o conheci, mas não consigo esquecer de um segundo sequer ao seu lado, de como eu o vi pela primeira vez ou da primeira vez que conseguimos ficar sozinhos e principalmente, não consigo esquecer do nosso primeiro beijo.
Quando dei por mim, grande parte das coisas já estavam desempacotadas, mas eu estou muito cansada, é melhor dormir e amanhã eu arrumo tudo em seu devido lugar.
Starbucks – 10h45
- . – a atendente disse alto. – Aqui.
- Obrigada. – peguei meu copo de café e sai de lá em direção ao meu apartamento.
Alguns minutos e já estava no elevador, apertei o 10.
Ao entrar, encarei as coisas jogadas e as caixas de papelão num canto, é hora de começar a arrumar... Era, se o telefone não tivesse tocado.
- Sim? – disse assim que peguei.
- Senhorita , aqui é o Eugênio da recepção. Vieram aqui atrás de você, mas como a senhorita não estava, disse que não podia entrar, então ele se retirou.
- Quem era? Deixou algum recado?
- Não. Não sei o nome, era um moço novo.
- Provavelmente alguém já sabe que eu voltei. Enfim, obrigada Eugênio.
- De nada, bom dia.
Voltei minha atenção as coisas, guardar umas aqui e outras lá, era a única coisa que se passava na minha cabeça. Uma caixa, ainda fechada escrito “quarto” estava num canto, era a última.
A peguei e fui em direção ao quarto, ainda todo branco, com certeza precisa de outras cores! Coloquei a caixa em cima da mesa e então comecei a retirar as coisas de lá. Abajures, caixinhas de bijuteria, bichinhos para decorar e então, caiu algumas fotos no chão.
- Droga. – disse recolhendo-as, e então as encarei.
Soltei um suspiro pesado, era as coisas que eu mais temia ver agora... Só não estava preparada. Era ele.
Aquele sorriso, aqueles olhos que me hipnotizaram desde a primeira vez que o vi. Três fotos nossa, sorrindo, fazendo careta e sérios. Éramos assim.... Éramos.
Respirei fundo mais uma vez, não ia chorar. Coloquei as fotos dentro do guarda-roupas. Não era necessário isso agora.
Times Square – 21h15.
Em meio a tantas pessoas, eu me sentia sozinha ali. Pessoas de todos os lados do mundo, câmeras, luzes, gente! Era incrível, mas não hoje. Comprei meus eletrônicos e corri para um táxi, queria cama, queria sossego.
Apartamento – 10h30.
Acordei com o telefone tocando, mas não quis atender. Voltei a dormir.
12h30.
Levantei. Estava quente aqui em NY, era melhor eu ficar em casa, desacostumei com o calor.
O interfone tocou. Estranho.
- Sim? – atendi.
- ! Tem um cara subindo aí. – Eugênio disse desesperado. – Ele disse que não ia esperar mais nada e subiu! Eu já chamei a segurança!
Fiquei chocada.
Como assim?
Bateram em minha porta. Gelei.
- Eugênio, ele já está aqui! Quem é?
- O mesmo daquele dia! Tô subindo aí.
Desligou.
Bateu mais uma vez e então me chamou.
Meu coração parou.
Mas não era mais medo, era outra coisa que eu não sei explicar.
- ... Abre por favor, sou eu.
Eu não pensei duas vezes, voei até a porta e a destranquei rapidamente.
Como se respira mesmo?
- ! Mas... Como? – foi a única coisa que eu disse.
- Você acha que eu não iria te procurar? Bom, te achei. – ele sorriu.
Pulei em seus braços, ele me apertou como se estivéssemos longe um do outro por tanto tempo! Beijou minha testa assim que nos afastamos e sorriu, ele me encarava com aqueles olhos ... Ah, malditos olhos que fizeram com que eu me apaixonasse.
- Senti sua falta. – ele disse baixinho.
- Foram três dias...
- Pareciam séculos... Não sei viver mais sem você. – ele estava sério. – Eu estou apaixonado por você! Esse calor de Nova York está me matando, nove horas em um avião me matou, dois dias sem rumo te procurando.... Eu estou apaixonado por você.
- ... – sorri.
Mas logo fiquei assustada, dois seguranças enormes apareceram atrás dele.
- Não! – gritei. – Não, ele é conhecido. Tudo bem!
- Como assim? – Eugênio disse suando.
- Eu o conheço. – disse tentando tranquiliza-los.
- Na verdade, – disse tirando a mão do bolso entrelaçando nossos dedos. – me conhece muito bem.
- Ah! – Eugênio respondeu sorrindo. – Ok. Os deixarei aproveitarem. – ele piscou. – Passar bem.
Eu estava vermelha, se virou para mim e então entrou no apartamento me puxando com ele.
- Sabe, – ele disse se sentando no sofá e me colando no seu colo. – eu te apresentei uma boa parte da Inglaterra quando você estava lá.
- Aonde você quer chegar? – ri.
- Tem uns lugares que eu tenho muita vontade de conhecer aqui! – ele sorriu. – Tipo o Central Park!
- Ah, de táxi fica uns dez minutos daqui... Quer ir?
- Uhum.
- Ok, então... – me levantei, mas logo fui puxada para trás caindo em cima do sofá.
- Não agora... Agora quero matar a saudade! – ele sorriu.
Gentilmente começou o beijo, tranquilo e carinhoso, suas mãos estavam ao lado do meu corpo e as vezes ele passava o polegar na minha cintura, fazendo carinho. Ficamos assim, matando a saudade um bom tempo.
Central Park – 17h30.
- Nossa, isso realmente é lindo! – ele disse olhando para os lados, como criança.
- Ainda prefiro Londres. – dei ombros.
- Não. Londres é sim linda, mas Nova York é tipo, mágico. Parece que estamos em um filme clichê americano, onde dois namorados caminham no fim da tarde juntos e tal. – ele riu.
Eu também ri, mas não disse nada.
Apesar dos apesares, e eu nunca tínhamos assumido um namoro sério, até pelo fato dele ser um pouco mais velho e eu nunca tocar no assunto.
- Vem, vamos comprar algodão doce! – ele disse indo na direção de uma senhora com uma barraquinha no parque vendendo algodão doces. – Um azul e um rosa, por favor. – ele tirou o dinheiro do bolso e então os pegou. – O seu. – me entregou o rosa.
Sentamos em um banco, conversamos, rimos e então já era tarde, as luzes do parque se acenderam o sol foi embora. O calor foi junto, um vento gelado batia na gente e as vezes me fazia encolher. Ele percebeu.
- É melhor a gente ir embora né?
- Não, tudo bem! – abanei o ar.
- Não, vamos.
- Não, vamos ficar mais um pouco.
- Então vamos andar ali. – ele apontou pra frente.
- Ok.
Ele colocou as mãos no bolso, e andou um pouco na frente, eu o segui, ainda achando isso estranho.
parou perto de umas arvores coloridas por causa das flores, olhou para os lados e então sorriu quando eu cheguei perto.
- Vamos? – eu sorri e me virei para continuar a andar.
Ele me puxou pelo braço.
- Não, espera.
O olhei sem entender, mas ele continuou falando.
- Eu sei que eu fiz burrada no passado, sei que não deveria ter feito muita coisa, ter te magoado por muita coisa. – a mão que estava no meu braço, escorregou para minha mão. – Eu deveria ter aproveitado bem mais nosso tempo juntos! Quando você falou que ia embora, eu senti meu mundo desmoronando! Eu tenho que cuidar de você, você é a minha pequena, minha única razão. Eu irei te procurar em todos os cantos do mundo se for necessário! Meu lugar é ao seu lado, quando eu te vi, eu não te achei! Eu me achei, porque o meu lugar é aqui, do seu lado, em seus braços!
- ....
- Não! Mas agora, com você aqui... Tudo fica bem. Mesmo esse calor horrível! – ele riu. – ... Preciso de uma resposta.
- ...
- Você... Você aceita namorar comigo? Namorar de verdade, não isso que estávamos tendo! – ele soltou minha mão e tirou do bolso uma caixinha vermelha, a abriu e eu pude ver um par de alianças prata, as bonitas que eu já vi. – Me responde pelo amor de Deus... – ele mordeu os lábios, nervoso.
Sorri.
- Claro! Claro que sim!
Ele pegou minha mão, colocou a aliança e então me deu um selinho.
- Mas e agora, você mora na Inglaterra, e eu aqui...
- Morava.
- Hãn?
- Morava. Aluguei um apartamento perto do seu.
- Mentira? – estava quase chorando.
- Verdade! – ele sorriu e então eu o abracei.
Fomos abraçados até o meu apartamento.
Tudo estava em seu lugar, ele tinha me encontrado, eu tinha me encontrado. Nosso lugar não era Inglaterra ou Nova York, era um ao outro.