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#022 Temporada

No Judgement
Niall Horan



Who You Really Are

Escrita por Nicole Manjiro | Revisada por Songfics

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  Click. Click.
  – Perfeito. – disse a si mesma, olhando para a foto que havia acabado de tirar do brunch incrível, na lanchonete que era o point mais famoso do momento na cidade. – Hashtag delicioso… hashtag brunch… hashtag Dani atrasada… hashtag… aprovado pela .
  Olhou a foto enquanto ela era processada para ser postada na rede social e olhou ao redor: pessoas reunidas em grupo por todos os lados, rindo, brincando entre eles ou até mesmo se paquerando. olhou para aquele tanto de comida à sua frente. Disse que estava esperando pela Dani, mas a verdade é que Dani era apenas uma amiga imaginária. Inventou, sem querer, quando sua melhor amiga foi para Los Angeles e mostrou-se tendo a melhor vida do mundo e ela, ainda em Nova Iorque, não teve nada de interessante acontecendo.
  Estava cursando o terceiro ano de administração e queria poder dizer que havia muito o que estudar, como os alunos da turma de medicina ou direito, ou que a turma da sala era unida como as das turmas de comunicação, e todos saíssem juntos a todo o tempo. Talvez houvesse um grupo aqui ou ali dentro da sala dela, mas, durante os três anos desde o início do curso, ela ainda não encontrou ninguém que tivesse um gosto parecido com o dela.
  Suspirou e pegou a bolsa. Não tinha vontade de comer nada do que pediu, então, como sempre, levantou-se e deixou o lugar. Ninguém parecia se importar com o fato de uma garota, sozinha, deixar um enorme brunch intacto e sair do local.
  Acontecia com frequência. Para manter seu Instagram rodando, visitava diversos lugares e às vezes pedia para um colega ou um estranho que passava no local, para tirar sua foto.
  Começou a postar sobre Nova Iorque por hobby, porque sempre foi seu sonho morar lá. Era a cidade de Carrie Bradshaw, Blair Wardolf e Miranda Priestly, suas personagens literárias favoritas. Sabia exatamente a vida que queria levar, e conseguiria, se não fosse o fato de não haver outras garotas dispostas a viver tudo com ela. E Carrie não era nada sem suas três melhores amigas; Blair não era nada sem Serena e Miranda, sem sua assistente Andy.
  Bem, talvez Miranda fosse alguém mesmo sem Andy.
  A questão é que queria uma vida social melhor. Visitava as festas e encontrava algumas pessoas; muitas delas, acabava reencontrando em outras festas. Mas eles pareciam já fazer parte de um grupo de amigos, o que, no fim, colocava um muro à frente de .
  – Eu sabia que estaria aqui.
  Ela olhou para trás ao se dar de cara com . Ele era um cara estranho do curso de fotografia. Havia pedido para ele tirar algumas fotos dela, e apesar dele ser charmoso e tudo mais, não era o tipo de pessoa que poderia ser vista em seu Instagram.
  – Ah.
  – Uau, você poderia mostrar um pouco mais de ânimo. - ele riu, parando ao lado dela. Usava uma camiseta branca e, por cima, sua famosa jaqueta de couro. Uma jeans repleta de cortes e um Allstar preto. As garotas da faculdade caíam de amores por ele, mas não conseguia enxergar a mesma coisa.
  Ele é magro, alto e possui ombros largos. Seu cabelo era só um pouco comprido, o que lhe proporcionava a oportunidade de fazer um penteado mais descolado do que os de sua turma.
   achava que ele estava na mesma situação que ela, por isso, com frequência, ia atrás dela para puxar conversa. As outras pessoas de sua sala não eram tão legais como ele, então ela compreendia a necessidade dele de buscar outras pessoas para andar. Diferente dela, ele era nascido e criado em Nova Iorque, o que a fazia achá-lo ainda mais estranho. Ele não deveria ter amigos?
  – Estava bom o brunch?
  Ela olhou para ele, vendo seu sorriso irônico. Decidiu ignorá-lo e voltar a olhar para a vista do mar. Sempre ia para aquele ponto em específico quando queria se sentir mais… livre. Livre da pressão que as redes sociais lhe causavam.
  Em uma das vezes que conversava com , acabou contando sobre o lugar e agora ele aparecia como se pertencesse a ele.
  – Não comeu, não é?
  Ela ergueu os ombros.
  Repentinamente, sentiu uma tristeza bater forte em seu âmago. Queria amigas. Queria sair com elas pelas ruas de Manhattan rindo e falando sobre o último cara com quem saiu. Sabia que parecia ser como uma cena de filme, mas sabia que isso existia. Viu garotas fazendo isso. Viu sua melhor amiga fazendo isso em Los Angeles.
  – Que tal um restaurante? - ele perguntou a ela, que virou o rosto. – Você sempre me dá atenção quando falo de comida.
  – Porque você me leva a lugares legais. - ela disse, olhando para o celular. acompanhou seus olhos.
  – O que está faltando? Viagens? Festas no rooftop?
  – Amigas.
  – Ah. - ele parou de pensar, entendendo melhor o motivo pela qual estava ali. Ela sempre visitava aquele lugar quando estava triste. Infelizmente, ele não podia fazer muito por ela nessa questão. – Vamos lá, vou te levar para comer em um restaurante da moda.
  – Quão da moda?
  – Gigi Hadid e Kendall Jenner foram comer lá semana passada. Conheço o chef, ele vai nos achar uma mesa.
  Ouvir o nome das modelos e socialites foi o suficiente para se levantar. Tinha, mesmo, de mostrar que estava em uma programação na sexta à noite. Não havia planejado nada, porque esperava ir a uma festa, mas ela acabou sendo cancelada. A época de provas havia acabado e todo mundo pareceu querer celebrar saindo da cidade. Por que ela não pensou nisso antes?
   estava de carro. Ele costumava se transportar por meios públicos, mas desde que começou a fazer trabalhos mais importantes, decidiu comprar um carro para chegar mais rápido nos lugares. Manhattan é muito grande e ele não era grande o suficiente para atravessar a ilha em apenas alguns passos.
  Com uma única ligação, estava sentada em um ótimo lugar no restaurante, com pessoas do lado de fora olhando como se fosse injusto ela passar à frente deles, que estavam a tanto tempo esperando por uma oportunidade. No entanto, quando algumas meninas reconheceram , ninguém ousou dizer nada. Mal saberiam eles que a entrada dela ali não era por conta de si, mas por causa de , que passou um pouco despercebido - ele, inclusive, era mestre em se fazer de invisível. Seria essa uma característica dos fotógrafos?
  – O que achou?
  – Demais - ela olhava ao redor, onde todas as mesas estavam cheias. O chef veio cumprimentar , que pediu o menu para os dois. A comida que chegou em abundância era mais do que jamais pediria, a não ser que fosse necessário para as fotos. – nunca tinha ouvido falar nesse lugar.
  – Essa é uma novidade - ele sorriu.
  – Como você conhece todos esses lugares?
   ergueu os ombros, como se não fosse nada demais. Ele sempre fazia isso. Os dois se conheciam há três anos, e pode ser ou não que tenham se envolvido amorosamente. não se lembra, foi a única vez que estava absurdamente bêbada, a ponto de passar dois inteiros mal pela ressaca. No entanto, acordou na cama de , que brincou com ela do quão selvagem estava na noite anterior. Ela decidiu nunca mais falar sobre aquele dia.
  – Vem, vou te levar em uma festa. - ele colocou duas notas de cem dólares na mesa, muito mais do que os dois poderiam consumir, e pegou na mão dela.
  Foram em um lugar afastado, mas, ao chegar perto de um prédio de vidro, vários carros se alinhavam, estacionados. deixou o dele com o manobrista e apenas se deixou levar.
  – Estou no dress code? - ela perguntou, preocupada.
  Ele a olhou e sorriu.
  – Você nunca está fora dele.
  O elevador fez um pin indicando que havia chegado ao andar solicitado. A cobertura. abriu a boca ao ver pessoas bonitas e jovens ao redor. Cumprimentavam com animação e olhavam para com simpatia e curiosidade.
  Era a primeira vez que ele a levava em uma festa. estava surpresa. Achava que ele era um indivíduo solitário, mas agora, parecia que todo conceito que ela criou em torno dele mudou. Desde quando ele era conhecido por tanta gente? Seria por causa do trabalho?
  – Oi, - uma moça com os olhos mais bonitos que tinha visto se aproximou dele.
  – Claire. - ele deixou-se ser beijado na bochecha pela jovem. – Essa é .
  – Oi, . - Claire disse, olhando para . Esta se perguntou se os dois estavam envolvidos e se devia dar um passo para trás, mas Claire logo a abraçou. – Você é nova na cidade?
  – Ela estava nos lugares errados. Você deve ter ouvido falar nela. . - olhou para Claire, que logo fez uma expressão de quem a havia reconhecido.
  – Ah! Da Tiffanny’s! Ótimo post, garota! - ela sorriu para , que lhe perguntou se ela já havia ido tomar um café no lugar. – Ainda não. Na verdade, estou esperando um motivo para ir, que tal irmos juntas?
  , por dentro, arregalava os olhos e gritava um FINALMENTE, quando, por fora, sorria e dizia um curto:
  – Claro, que tal trocarmos número para combinarmos um dia?
  – Perfeito. Sua namorada é muito simpática, ! - Claire disse, sorrindo para o homem, que não respondeu nada, mesmo o olhando assustada.
  – Nós não…
  – Que tal um drink? - ele perguntou. – Vou buscar para vocês.
  – Ótimo! Vou levar para conhecer a galera! Nos encontre lá fora.
  O caminho até fora foi cheio de paradas para cumprimentar novas pessoas, que foram tão simpáticas com , quanto ela esperava. Nunca esperaria que a levaria para a melhor noite de sua vida! Tiraram fotos e gravaram stories nas redes sociais, e então, em um horário que alguns começaram a sair, achou melhor não ser a última a sair, ou pareceria desesperada.
  – Eu acho que já vou. – disse a , que conversava com algumas pessoas.
  – Eu te levo.
  – Tudo bem, eu peço um Uber.
  – Não… eu levo. - ele imediatamente se despediu do grupo, que não se mostrou chateado pela ida dele.
  No caminho para o apartamento de , permaneceram calados a maior parte do tempo. Em um momento, olhou para ela e lhe perguntou:
  – Gostou?
  – Foi perfeito. - ela sorriu. – Obrigada.
  – Não há de quê.
  – Como você conhece todos eles?
  Ele ergueu os ombros, enquanto diria, e disse:
  – Colegas de infância.
  – Colegas? Você não tem amigos?
  – Tenho. Eles não estão em Manhattan.
  – Eu nunca vi vocês com eles.
   riu.
  – Você andou me observando?
  – Eu só achei… - ela olhou pra janela. – Que você estivesse carente de amizade, por isso ficava me perseguindo.
  – Você achou que eu estava te perseguindo? - ele perguntou, rindo. – Desculpe te desapontar.
  – Estou mais aliviada. - ela riu sem graça. – O que seus amigos fazem?
  – Viajam.
  Ela queria perguntar mais, mas entendia uma mensagem quando ela era passada. não queria falar sobre os amigos.
  – Pronto. - ele disse, ao parar em frente à porta do prédio que morava. Os pais fizeram questão de alugar um local para ela, para que tornasse a vida da única filha mais fácil; nunca deu problema algum para os pais, o que facilitou a decisão dela morar sozinha quando, no ano anterior, ela disse que não queria mais morar no dormitório da faculdade. As pessoas lá eram esquisitas e ela tinha uma colega de quarto que trouxe um hamster fedorento para dentro.
  Agora, podia viver em um pequeno apartamento limpo e bem localizado.
  – Quer entrar?
   desligou o carro e sorriu.
  – Adoraria um café.
  – Às… três da manhã? - ela riu. – Bem, tudo bem.
  , que já havia ido algumas vezes no apartamento de , estava acostumado com o local e foi direto se sentar na poltrona perto da janela.
  – Café para você, chá para mim. - ela lhe entregou a xícara e sentou-se perto do homem.
  – Por que você tenta tanto? - ele perguntou de repente.
  – Tenta o quê?
  – Manter essa vida perfeita. - ele apontou para o celular que ela tinha em mãos. Por força do hábito, ela estava no Instagram observando o feed.
  – Começou do nada - ela disse – e acabei continuando. Estou começando a ficar famosa! - ela sorriu, animada.
  Percebeu, quando parou de falar, que a olhava com um sorriso tranquilo no rosto.
  – O que foi? - ela lhe perguntou. O jovem suspirou e movimentou os ombros mais uma vez.
  – Eu só acho você mais legal quando é você mesma.
  – Eu sou eu mesma o tempo todo, .
  – Você sabe que não é. - ele disse, fazendo-a se calar.
   tinha razão. era duas pessoas diferentes na frente da câmera e fora. Para todas as pessoas, inclusive seus pais, sua vida estava perfeita. Ela tinha tudo. Dinheiro, comodidade e morava em uma das cidades mais legais do mundo. Agora, tinha amizades com quem sair e se divertir.
  E era isso.
  Terminaria a faculdade no próximo ano e, quem sabe, encontraria antes um lugar legal e incrível para trabalhar. Qualquer um que lhe pagasse bem e pudesse trabalhar de segunda a sexta estava bom. Precisaria dos finais de semana, pelo menos, para manter sua vida nas redes sociais.
  Mas nunca tinha pensado em viver a sua própria vida. Ninguém nunca havia lhe falado que ela era mais legal pessoalmente. Ou que preferiam a versão da realidade. Achava que todos preferiam a que, aparentemente, tinha a vida perfeita.
  – Por que você fica atrás de mim?
  – Por que mais? - ele sorriu. – Gosto de você.
  Ela revirou os olhos. Em plena madrugada, ele queria brincar?
  – Estou falando sério.
  – Eu também. - ele se inclinou para frente, colocando a xícara na mesa, até se encontrar próximo de e lhe beijar os lábios rapidamente. – Você se preocupa tanto em olhar para os lados a procura de pessoas que possam se encaixar na sua vida perfeita, que se esquece de olhar para as pessoas que estão aqui.
  O coração de batia em uma frequência que ela nunca havia experimentado antes. Olhou nos olhos de e ela podia apostar que eles brilhavam mais do que os enfeites da vitrine da Tiffanny’s.
  – Quem é você? - ela sussurrou e ele sorriu, voltando a beijá-la, dessa vez com mais intensidade.

  – Por mim tudo bem. - ele disse, na manhã seguinte, quando acordava com aos seus braços.
  – Bom dia para você também. - ela murmurou. Como ele sabia que ela havia acordado? – O que você está dizendo?
  – Se você quer ter duas Jessicas, por mim tudo bem. Não me importo de você ser quem quer que seja fora, desde que continue assim quando estiver comigo. - ele a puxou para perto, a fazendo corar.
  Os dois permaneceram em silêncio, ouvindo o som dos carros passar do lado de fora. achou que estava louca. Dormiu com , um cara que até então ela mal considerava sequer paquerar.
  – Se você conhece a minha verdadeira pessoa, nada mais justo do que ser recíproco. - ela se sentou, trazendo junto de si o lençol branco. – Como você conhece todas as pessoas e os melhores lugares?
  Ele ergueu a sobrancelha e levou um braço para atrás da cabeça.
  – Meu pai é Brad .
   abriu a boca.
  Brad era somente um dos diretores de cinema mais famosos do mundo. Havia feito dezenas de filmes, muitos deles indicados aos prêmios mais consagrados do mundo.  Mas o que mais chocava , era o fato de nunca ter perguntado a seu sobrenome.
  – Pareço mais bonito para você? - ele perguntou, com o sorriso irônico de volta no rosto.
   fez bico.
  – Talvez mais convencido?
  Ele sorriu.
  – É por isso que você nunca tem ninguém do seu lado? Acha que todos estão com você por interesse?
  – Eu não acho. - suspirou. – Eles estão.
  Ela não sabia o que era que ele tinha passado em sua vida até então. Talvez tenha se decepcionado com várias pessoas. Se fosse assim, fazia sentido viver na defensiva.
  – E então você decidiu correr atrás da garota que não te reconheceria?
  – Talvez - ele manteve o sorriso no rosto. – Está chateada?
  – Não. -  pendeu a cabeça para o lado. – Se eu te conhecesse, você não tiraria minhas fotos de graça.
   soltou uma alta gargalhada e então se ergueu apenas para puxá-la de volta para ele.
  – Faça o que quiser, mas não mude. - ele encostou sua testa à dela.
  – Não posso garantir se um dia eu ficar muito famosa.
  O jovem manteve-se calado olhando cada parte do rosto de . Ela era bonita. Não só aos olhos dele, mas de vários outros, como já havia percebido antes. Ainda assim, levou três anos para decidir sobre seus sentimentos por ela. Talvez não se importasse tanto se ela mudasse.
  – Não mude comigo. - ele a beijou várias vezes. – Sua outra personalidade brilha, porque tem essa escondida por trás.
  – Bem, me lembre disso sempre então. - ela sorriu.
   abriu um pequeno sorriso ao mesmo tempo que acariciava as costas nuas da garota.
  – Seu pedido é uma ordem.