Whoever She Is

Escrito por Eva Mohn | Revisado por Natashia Kitamura

Tamanho da fonte: |


  - Você está... Se demitindo?
  - Exatamente. Qual parte está difícil de entender?
  - Ah que você está cometendo o maior erro da sua vida! , você nunca vai conseguir com emprego como esse. - a mulher insistia.
  - Primeiramente, esse emprego não me fazia feliz e dinheiro nenhum no mundo poderia comprar minha felicidade. Segundo, eu já tenho uma entrevista de emprego para daqui a meia hora.
  - Mas...
  - Passar bem, Elisa. Foi bom trabalhar com você.
  - Espere, !

  Ignorando o grito de Elisa, continuou andando para fora do grande prédio onde ele trabalhou durante dois longos anos. Ele sabia quem iria se dar mal com sua demissão era a revista e não ele.
  Começou então a procurar seu carro, que havia estacionado há pouco em frente ao prédio. Ou pelo menos achava que tinha, já que não havia nenhum sinal do carro por ali. Ele procurou de novo, sem sucesso. Pegou a chave do carro e apertou o alarme, tentando ouvir o barulho. Nada novamente. Irritado, foi até um senhor sentando em um banco ali perto, questionando sobre o paradeiro de seu carro.

  - Com licença, por acaso o senhor não viu um carro preto estacionado bem na sua frente?
  - Carro preto? - disse confuso.
  - Sim, um carro preto.
  - Na verdade sim, mas o motorista acabou de sair daqui.
  - O QUÊ?
  - O motorista acabou de tirar o carro daqui... Qual é o problema?
  - Aquele era o meu carro... Era a minha porra de carro. - ele disse passando as mãos pelo cabelo, nervoso - Eu não acredito nisso! Como vou chegar do outro lado de Londres em meia hora sem meu carro?
  - Sinto muito garoto. - o senhor disse apenas.
  - Obrigada, de qualquer jeito.

   saiu andando com muita raiva, tentando telefonar para seu amigo Matt. Depois de três ligações, continuava caindo na secretária eletrônica. Então se lembrou de que naquela noite seria o grande show da banda do amigo, onde haveria a gravação do primeiro DVD da banda. Sentia-se feliz por eles, mas no momento seu carro e sua entrevista eram sua única preocupação.
  Olhou seu relógio e constatou que eram exatamente cinco da tarde. Em toda aquela confusão atrás de seu carro, havia perdido quinze minutos. Ele nunca conseguiria chegar a tempo para a entrevista, então desistiu de tentar. andou cerca de três quarteirões até chegar à delegacia da cidade.

  xx

  - Deixe-me entender, roubaram o seu carro enquanto você se demitia? - o policial disse.
  - Basicamente foi isso. Olha, dá pra andar rápido com isso? Só preciso prestar uma queixa, já são oito da noite.
  - Essas coisas levam tempo, garoto.
  - Tempo demais, coisa que eu não tenho.
  - Ok, o formulário já está pronto. Só preciso que você assine aqui e entre em contato com o seguro do carro amanhã.
  - Tudo bem. - ele assinou e se levantou - Obrigado.
  - É o meu trabalho.

   saiu da delegacia com mais raiva do que quando entrou.
  Passou mais três horas ali simplesmente para dar um queixa. Esperou um longo tempo até ser chamado, e logo depois mais um bocado de tempo dando detalhes - que ele mal sabia - do que havia acontecido. Havia perdido sua entrevista, o show e sem esquecer o fato de que no dia anterior sua namorada havia lhe dado um fora. Sua vida era completamente bela.
  Ele caminhou pela calçada, olhando para o céu escuro e nublado. Ele se sentia um merda. Passou em frente a um bar de aspecto velho e copo sujo, mas não se importou com a aparência, apenas entrou e foi até o balcão.
   pediu uma garrafa de cerveja e sentou sozinho em uma mesinha no fundo do bar, enchendo seu copo e começando a beber. É, era isso que devia fazer: Beber.
  Como em menos de vinte e quatro horas sua vida havia virado aquele caos? , o amor de sua vida, havia o deixado. Seu carro novo em folha havia sido roubado. Havia perdido a entrevista para seu emprego dos sonhos e se despedido do antigo por ter certeza de que passaria na entrevista. Seu melhor amigo jamais o perdoaria por perder seu show. É, ele estava ferrado de todas as maneiras possíveis.
  De repente olhou para o lado e viu um homem desconhecido se sentar ao seu lado e encher seu copo com a cerveja de . Ele olhou para o homem, confuso e esperou que o mesmo falasse algo.

  - Então, qual o seu problema, garoto?
  - O que te faz pensar que eu tenho um problema?
  - Você está em um bar cheio de velhos bêbados em plena sexta à noite, além disso, ninguém da sua idade vem aqui a menos que seja alcoólatra ou esteja com um grande problema. E a julgar pelas suas roupas, você não parece nada dependente de álcool.
  - Eu só tive um dia de merda, só isso. - ele disse, ignorando o fato de que o homem bebia da sua cerveja.
  - Vamos lá garoto, pode se abrir com o Billy aqui.
  - ?Garoto? não, meu nome é .
  - Ok, garoto . Agora pode me contar o que aconteceu.
  - Eu não sei...
  - Prometo que vai ajudar. Compartilhar sempre ajuda.
  - Ok. Eu estava cansado do meu trabalho, exigia muito de mim e eu não achava que me valorizava o suficiente. Então eu recebi um pedido para uma entrevista em um lugar que me pagaria mais que o dobro, e é claro, aceitei. Demiti-me do meu trabalho, mas... De repente percebi que haviam roubado meu carro! Eu o deixei na porra da porta do prédio, mas quando voltei não havia nada! Eu perdi minha entrevista, passei três horas na delegacia dando queixa do roubo e ainda por cima perdi o Show da banda do meu melhor amigo... Em resumo, estou fodido.
  - Parece tudo terrível, mas... Não parece que é isso que te aflige... Qual é o nome dela?
  - O nome de quem?
  - Da garota que está bagunçando seu jovem coração.
  - ... - ele suspirou - Nós namoramos durante oito anos, desde o colegial até... Ontem. Ela me deu um fora, disse que eu nunca tinha tempo para ela e que precisava de alguém que a amasse, estivesse sempre ao lado dela e se lembrasse dela. Eu a perdi, para sempre.
  - Você a ama?
  - Muito.
  - E ela... Ama você?
  - Eu sei que sim. Ela chorava tanto... Eu chorei, ela chorou. Mas ela foi embora, mesmo assim. Eu suportaria a falta do carro, de emprego, qualquer coisa se ela estivesse aqui. Acho que isso me incomodou o dia inteiro, mas eu pensava que eram todas as outras coisas... Não queria pensar nisso.
  - Vou lhe contar uma coisa, garoto . Olha para mim... Olhe bem para mim. Eu tenho quarenta anos, sabe, fiz faculdade e era engenheiro. Tenho uma filha linda, ela tem dezesseis anos. Minha mulher, ou melhor, ex-mulher, é a pessoa mais linda do mundo inteiro. Eu a amo mais do que qualquer coisa... Mas assim como você, eu pus tudo a perder. Dei valor para as coisas erradas e agora perdi tudo. Estou condenado a viver de bar em bar, pensando em como seriam as coisas se eu tivesse feito tudo diferente... Mas você, não, não você garoto. Você ainda tem tempo.
  - Não, é tarde demais.
  - Vou te contar um pequeno segredo que a vida me contou: Existem dois modos de obter conhecimento: Aprendendo com o seu erro ou com os erros dos outros. A segunda opção será sempre melhor, mas no meu caso, acabei aprendendo com a primeira. Aprenda com o meu erro rapaz: Não deixa que as coisas importantes da sua vida se percam. Jamais desista, lute até o último segundo por elas. Todos nós temos uma ?ela? em nossas vidas, garoto . Ela pode ser um emprego, dinheiro, carros, ou até mesmo medo do escuro. Mas quem quer que ela seja e onde quer que ela esteja você jamais deve desistir de lutar por ela. Ela iluminará sempre sua vida, se for à escolha certa.
  - Realmente acha que ainda é tempo?
  - Eu realmente acho que você deveria pegar o primeiro táxi e correr para esse show. Algo me diz que ela estará lá... E que ela não desistiu de você. Não desista garoto, não cometa o mesmo erro que todos nós aqui nesse bar cometemos.
  - Muito obrigado, Billy. De verdade, obrigado! Eu já sei exatamente o que fazer. Como posso lhe agradecer?
  - Bem, já que você vai colocar o pé na estrada, acho que eu não reclamaria em ficar com essa garrafa. - sorriu.
  - É toda sua, Billy.
  - Ah, aqui. - ele disse entregando-o uma nota - Dinheiro para o táxi.
  - Como você...?
  - Eu não perdi meu emprego... Só minha felicidade. - ele sorriu e tomou um gole da cerveja.
  - Obrigado.
  - Corra! - ele riu.

   pegou o primeiro táxi que passou e deu o endereço da casa de shows onde o amigo se apresentaria. Billy estava certo, não era tarde demais, nunca seria tarde demais quando se tratava de . Ele a amava, jamais poderia desistir dela.
  Ele havia pisado na bola, sim, ele sabia. Mas ele também sabia que poderia melhorar, que poderia ser o cara que ela queria que ele fosse. Na verdade, era a única coisa que sabia fazer direito: Ser o cara dela.
  O táxi parou em frente à casa de shows e pagou o motorista, deixando o troco como gorjeta. Procurou freneticamente em seus bolsos a pulseira que lhe garantiria a entrada no lugar, apresentando-a ao segurança. Ele o olhou desconfiado, provavelmente por que o show já havia começado, mas ao perceber o olhar de desespero do rapaz o deixou entrar.
   subiu pelas escadas na lateral da entrada e procurou com os olhos por todo o lugar. Quando já estava perdendo a esperança de encontrá-la naquele mar de pessoas, avistou-a não muito longe dali ao lado de sua melhor amiga Lola. Ele correu até ela, que se virou ao o ouvir gritar seu nome. Eles pararam frente a frente e ela suspirou.

  - O que você está fazendo aqui ? Não acha que é tarde demais?
  - Eu não posso desistir, .
  - Eu estava falando do show, ele já começou a meia hora. Mas sim, isso também vale para o nosso relacionamento... Se posso chamar assim. Cai fora, .
  - Por favor, só me escuta!
  - Eu não quero perder o show, o Matt está incrível. Ele conta com o nosso apoio.
  - Me dê dois minutos, por favor! Eu lhe imploro , dois minutos.
  - Ok... - ela revirou os olhos, impaciente - Comece.
  - Olha, pode não parecer muito, mas eu te amo. Eu sempre amei e sempre vou amar. Sim, eu fui um idiota por não ter te dado atenção suficiente e ter me importado com coisas sem importância. Eu assumo que errei, e quero concertar isso. Eu acordei me sentindo a pior pessoa do mundo hoje, . Eu me demiti, meu carro foi roubado, perdi minha entrevista de emprego e o horário do show. Eu fiquei puto, passei horas na delegacia e andei mais do que nunca. Mas nada dessas coisas realmente importam, a única coisa importante que eu perdi foi você. Foda-se o emprego, foda-se o carro, e foda-se minha cerveja. A única coisa que eu sei fazer direito é te amar. Eu não sou só o e você não é só a . Somos e , é assim que todos nos conhecem, é assim que existimos, é isso que sabemos fazer direito. Eu não posso jogar esse oito anos no lixo... Eu não posso deixar você ir.
  - Eu já fui, . Eu sinto muito.
  - Não , você não foi. Eu posso ver nos seus olhos que você está e continuará aqui. Sabe por quê? Nós nunca nos encaixamos em nenhum lugar. Na escola, em casa, no trabalho... Nunca nos ajustamos. Até que um dia ambos percebemos que sim, nós nos encaixávamos em um lugar: Nos braços um do outro. Por o que seu lugar , é e sempre será nos meus braços. Sendo amada, respeitada e me completando.
  - , eu...
  - Não, não fala, me deixa acabar. Eu vou mudar , eu mudei. Eu agora enxergo perfeitamente o que eu não conseguia ver antes. Eu sei que essa não é a hora nem o lugar ideal para isso, sei que não é como nós imaginamos que seria, mas... - ele respirou fundo e sorriu - , aceita se casar comigo?
  - O quê? - ela gaguejou.
  - Se não fizermos isso agora, jamais faremos. É a nossa hora.
  - Eu... - ela olhou para os lados, a procura de Lola, que havia sumido. Olhou para o seu lado, vendo vários equipamentos filmando o show e por fim olhou para , sorrindo torto - Sim, eu me caso com você .

   sorriu mais abertamente ainda e a puxou pela cintura, encaixando-a perfeitamente em seus braços. Ele encostou os lábios suavemente nos dela, sentido ela sorrir sob seus lábios. Ele apertou sua cintura e contornou seus lábios com a língua, logo após deixando-a se misturar com a dela. A poucos metros deles, as câmeras filmavam todo o momento e eles nem se davam conta de que a música mais romântica do show tocava ao fundo.

  - Eu amo você. E prometo que não vai se arrepender.
  - Eu também amo você, . E eu sei que não vou me arrepender... Eu confio em você.
  - Eu vou te provar que mudei.
  - Você não precisa provar nada. Seus olhos estão brilhando de um modo diferente... Você está mudado. Você aprendeu a dar valor às coisas.
  - Eu sinto muito por não ter um anel, mas isso não estava exatamente nos meus planos. - ele disse enquanto ela encaixava seu rosto na curva do pescoço dele.
  - ?
  - O quê?
  - Eu quero meu anel. - os dois riram
  - Eu vou te comprar o mais belo anel de toda a Londres amanhã.
  - E, ...
  - Sim?
  - Quando você disse ?Foda-se o emprego, foda-se o carro, e foda-se minha cerveja?, o que a cerveja tinha haver com o momento.
  - Oh, eu tive que dar minha garrafa cheia para o Billy.
  - Quem é Billy? - ela sorriu enquanto eles se viravam para o palco e deixava sua mão delicadamente pousada na cintura dela.
  - Só um cara que eu conheci hoje. - ele beijou a testa dela - Obrigada por confiar em mim e me dar uma chance.
  - É isso o que nós fazemos . Somos e , a única coisa descente que sabemos fazer é nos completar. - os dois sorriram e uniram seus lábios de novo.

?She could be rainy days, minimum wage,
A book that ends with no last page
Whoever she is, whoever she may be
One thing's for sure, you don't have to worry?



Comentários da autora